Se7e

CAPÍTULO UM

Eu não estava falando sério quando enviei minha inscrição. Inferno, eu nem queria me inscrever no concurso. Minha amiga Mia me obrigou.

Mesmo quando cheguei à segunda rodada, onde fizeram uma entrevista face a face, fiz um esforço desanimado, porque nunca, em um milhão de anos, esperava ser selecionada para essa oportunidade única na vida. Claro, eu me encaixo nos critérios: uma virgem entre as idades de dezoito e vinte e um anos, disposta a se submeter a uma triagem médica completa e teste de drogas. Mas eu definitivamente não me acho atraente o suficiente para ser uma modelo de qualquer tipo.

Agora uma mulher está me dizendo que passarei uma semana inteira sozinha com o artista de renome mundial Chandler Lexington. Ele é um dos pintores mais talentosos da face do planeta. E é um tesão.

Eu tento prestar atenção aos detalhes enquanto ela os desfia. Eu só posso supor que esta é uma exposição super-importante para Chandler já que ele foi tão longe como construir uma casa personalizada no meio do nada para o cenário. A julgar pelo pedido, ele está tentando capturar algum tipo de inocência que apenas uma garota casta pode oferecer. Não posso deixar de me perguntar o que ele espera de mim. Nada foi esclarecido. A única informação em seu site era que ele estava procurando por um modelo para sua exposição especial. Uma garota. Uma semana. Sem perguntas.

Estou cheio de perguntas, mas suponho que vou descobrir o que é quando chegar lá.

Nos dias seguintes, flutuo pela vida como se fosse um sonho estranho. Visito o ginecologista designado e faço meu primeiro exame de Papanicolau, o que é estranho, para dizer o mínimo, mas valeu totalmente a pena para ter meu futuro como modelo de uma das pinturas de Chandler. Não que ser modelo fizesse parte do meu plano de vida. Eu quero ser uma artista como Chandler. Bem, mais ou menos como Chandler. Eu desenho mangás, quadrinhos para adultos com um estilo japonês. É um mercado difícil de conquistar na América, então eu provavelmente terei que me mudar.

Eu me pergunto o que Chandler pensa sobre mangás. Será que ele vai me desprezar por ter uma abordagem mais caricatural da arte? Talvez eu não deva mencionar isso a ele. Afinal, o questionário não tinha nada sobre detalhes pessoais. Tudo o que precisei para me incluir foram algumas fotos e me ajustar aos seus critérios. Ele provavelmente vai esperar que eu fique em silêncio enquanto ele me pinta, e tudo bem. Seja qual for o seu processo de trabalho, eu vou nessa. Eu não deveria esperar me tornar amiga dele. Ele é um cara ocupado. Ele viaja pelo mundo para criar obras de arte e exibi-las para a apreciação de todos. Ele provavelmente não pode se dar ao luxo de conhecer um de seus assuntos.

Esses pensamentos são confirmados quando sou chamada para assinar o termo de renúncia. São várias páginas, e aproveito para ler a coisa toda. Chandler exige sete dias de minha absoluta obediência. Não posso dizer não a nenhum de seus pedidos, por mais pessoal que seja. Ele vai me expulsar ao primeiro sinal de resistência e iniciar o projeto com uma modelo diferente. É deixado claro que sou substituível e, embora eu seja sua primeira escolha, há outras que esperam atrás de mim se eu falhar.

Ler todo o contrato deixa um gosto amargo na minha boca. Eu não sei por que, no entanto. Eu esperava metade disso. Além disso, não foi apenas uma competição. Este é o trabalho de Chandler. Eu não deveria ter duvidado que ele colocaria uma cláusula lá que ele poderia me expulsar se eu não trabalhasse para ele como modelo. No final das contas, sua arte é tudo que importa.

O advogado me dá um sorriso de serpente, tentando acalmar meus medos, dizendo-me que tudo no contrato é jargão jurídico padrão. Aparentemente, apesar de estar sentado em frente a mim pacientemente o tempo todo enquanto eu lia, ele deve pensar que eu apenas passei por cima. Eu não perdi nada, incluindo a parte em que diz que não posso tomar medidas legais contra Chandler, não importa o que ele faça. Como os contratos legais são, isso é um pouco irritante, mas cheguei longe demais para desistir agora. E apesar de eu inicialmente não me importar em fazer parte disso, agora eu quero, apenas para ver como o Chandler funciona.

E assim eu assino minha vida por sete dias.

***

Isolamento nem sequer começa a descrever onde fica o local. Não me disseram nada enquanto fui levada a um jato particular. Minha única pista sobre onde estamos indo é a direção em que o avião está indo e olhar a paisagem abaixo. Para ser sincera, estou surpresa que eles até me deixem ficar perto de uma janela.

O vôo é dolorosamente longo. Tempo suficiente para que eu veja o oceano e saiba que não estou mais nos Estados Unidos. O sol se põe. Não consigo dormir porque estou muito nervosa. Então o sol nasce novamente e finalmente pousamos. Ainda não tenho ideia de onde estamos.

Eu mal desço as escadas do avião antes de entrar em uma van com vidros escuros que me lembra algo que aconteceria em um filme de terror antes de você ser assassinada em solo estrangeiro. Há um ataque de pânico rodando dentro de mim, sempre ameaçando emergir. Eu sei que é uma mistura de nervosismo, medo e falta de sono. Apesar do que meu cérebro ilógico está me dizendo, eu estou segura aqui. Meus pais podem não saber onde eu estou, mas sabem quem entregar à polícia se eu acabar desaparecida. Tudo vai ficar bem. Eu só preciso ir aonde estou indo e tirar um cochilo. Se me permitirem. Chandler pode querer começar a me pintar imediatamente. O pensamento é totalmente exaustivo, mas eu teria que suportar isso.

Dirigem comigo por uma hora de distância e, em seguida, subo a bordo de um helicóptero. Daquele ponto, nós voamos sobre o oceano novamente para o que eu só posso assumir que é uma ilha privada. Não há local de pouso. Apenas grama.

Nós andamos o resto do caminho, um homem em um terno preto me diz quando os rotores pararam de girar o suficiente para eu ouvi-lo sobre o barulho. Parece que ele deveria estar trabalhando para a CIA.

Saio do helicóptero, me sentindo idiota por ter usado um vestido. Então, novamente, ninguém me disse que iríamos fazer caminhadas, o que obviamente é o caso, já que não há um prédio à vista. Felizmente, há pelo menos uma trilha de caça que podemos aproveitar para evitar caminhar pela densa vegetação que nos rodeia. Ou talvez seja uma trilha que Chandler fez; posso ver marcas de pneus na terra.

Aproveito a paisagem ao nosso redor, grata por não ser eu quem está carregando minha mala porque é uma caminhada e tanto. Para o leste de nós é uma maravilhosa cordilheira com neve nos picos. Além dos sons de pássaros cantando e insetos zumbindo, posso ouvir um rio em algum lugar por perto. Não demora muito para rompermos a floresta e ele fica visível. Este lugar é absolutamente lindo. Não é de admirar que Chandler quisesse pintar aqui. O cenário é definitivamente inspirador.

Envolvo meus braços em volta de mim, silenciosamente me amaldiçoando por não ter pensado em trazer um casaco, embora eu não tenha previsto viajar para algum lugar com um clima mais frio. Não é muito frio o suficiente para ver minha respiração congelar, mas quase.

Estou prestes a perguntar ao cara do terno quanto mais longe é quando vejo a borda de um deck quando dobramos uma curva no rio. Um novo som se junta à pressa da água: batidas fortes em rápida sucessão. E quanto mais a casa se torna visível, vejo meu primeiro vislumbre de Chandler Lexington, e ele é tão deslumbrante quanto o cenário ao nosso redor.

A dor em meus pés por andar na floresta em saltos anabela desaparece, e meu corpo aquece até um nível desconfortável enquanto olho para Chandler, que parece alheio à nossa presença. Ele está de pé no deck sem camisa, batendo em um saco de pancadas. Parece algo de um filme com o rio passando sob as pernas de pau do deck e um pano de fundo inteiramente de vidro para a parte da casa que está de frente para nós.

Não tenho certeza qual é o melhor, passar uma semana neste lugar fantástico ou passar um tempo sozinha com um dos homens mais bonitos que já vi. Em um sentido profissional, claro. Não há como eu me masturbar com pensamentos dele todas as noites. Não. Não vou fazer isso. Não vou sentir vontade de saber que ele está a apenas alguns quartos de distância, provavelmente sem camisa, deitado na cama com aquele corpo pecaminoso e perfeito. Meu Deus, ele é todo rasgado. Quanto mais nos aproximamos, mais definição muscular eu vejo. Quando ele finalmente nos percebe e se vira com um sorriso, meu coração para.

Santo inferno. Alguém deveria estar pintando ele porque ele é a perfeição da carne.

Ah, aí está ela, ele diz quando nos aproximamos do lado do deck. Minha musa.

CAPÍTULO DOIS

Quando chegamos à frente da casa (que fica do lado oposto do deck), e Chandler vem para nos deixar entrar, ele está com uma camisa. Eu não posso dizer que estou insatisfeita com isso. Eu já sou com uma bagunça corada, e seria difícil não cobiçar seu torso nu se eu tivesse a chance de ver de perto.

Mas o resto dele é tão impressionante, também. Sua cor de cabelo combina com seus olhos. Castanho escuro. Ele é alto, provavelmente um pouco mais de 1,95m. Eu me sinto como um hobbit em comparação, uns insignificantes 1,70. Ele ainda me supera apesar de meus saltos me darem alguns centímetros extras de altura. A camiseta que ele está usando é tão apertada que se estica ao redor do seu bíceps. Eles devem ser tão grandes quanto minhas coxas. Os shorts que ele usa o abraçam grosseiramente. Há uma protuberância definitiva entre suas pernas, e eu nem acho que ele está ereto. Eu olho para aquilo na minha visão periférica, imaginando se ele sabe que posso ver tanto dele.

Você deve ser Emma, ele me cumprimenta.

Hum hum. Agarro minha bolsa na minha frente. Meu nervosismo está brilhando com força total.

Obrigado por trazê-la para mim, Joffrey. Eu pego isso. Ele passa por mim para pegar minha mala do Sr. CIA. Você pode ir agora.

O homem de terno acena e faz uma reviravolta, nem mesmo me dizendo adeus antes de voltar na direção do helicóptero esperando.

Você gostaria de entrar? Chandler se afasta para permitir minha entrada.

Olho para a floresta, pensando que é um convite estranho quando não há outra opção. Quer eu goste ou não, não importa o que aconteça, estou presa aqui agora. Logo o helicóptero decolará. Não há como dizer se há ainda outro ser humano nesta ilha além de nós dois.

Dou alguns passos apreensivos para dentro antes de me virar esperando por Chandler. Há uma esterilidade em toda a casa que é um pouco decepcionante. Enquanto o lado voltado para o rio era convidativo, assim que chegamos à frente da casa, a vista era muito diferente. Um caixote é o melhor para descrevê-la. Superfícies de madeira plana com uma parede de vidro ocasional. As paredes que não são feitas inteiramente de vidro não têm janelas. E agora que estou dentro, vejo um tema contínuo. Apenas paredes. Paredes planas, marrons. Não há arte em lugar algum. Nenhum sinal de que este lugar foi habitado.

Você acabou de construir isso? Pergunto enquanto Chandler fecha a porta atrás de nós. Há um painel ao lado da porta. Assim que a porta se fecha, ouço uma trava se encaixar no lugar. A luz verde no painel fica vermelha.

Está aqui há um tempo, ele me diz. Há um calor reconfortante em sua voz. Eu gostaria que isso me deixasse mais à vontade. Eu imagino que foi um voo mais longo do que você esperava. Você conseguiu dormir no avião? Ele toma a dianteira, seus passos lentos e casuais.

Infelizmente não, eu confesso, seguindo-o.

Então, eu provavelmente devo te mostrar seu quarto primeiro para que você possa dormir um pouco. Eu quero que minha modelo esteja bem e revigorada antes de começarmos.

Graças a Deus. Estou tão cansada agora que estou praticamente maluca. Do modo como as coisas estão, estou correndo com pura adrenalina - a empolgação de estar aqui com ele.

Quanto mais avançamos no prédio, mais ele me lembra uma instalação secreta. Cada quarto tem um painel ao lado da porta. Eles estão todos vermelhos. Todos trancados. Os pisos são de mármore cinza escuro. Não há janelas. Se as luzes se apagassem, seríamos lançados na escuridão total; é um pensamento assustador. Não sei por que alguém que cria quadros tão vibrantes construiria um lugar como este.

Chandler pára em frente a um dos quartos e tira um cartão-chave do bolso, passando-o pelo painel antes que a porta se destranque e ele consiga abrir. Ele empurra a porta e acende o interruptor de luz antes de dar um passo atrás para que eu possa entrar.

Coloco minha cabeça dentro antes do meu