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Chavões e bengalas linguísticas Usos não recomendáveis:

Hoje passámos praticamente todo o dia em torno do trabalho de


José António Rocha
grupo.
Passo férias no Algarve praticamente todos os anos.

Possíveis alternativas ao seu uso:


Hoje passámos o dia em torno do trabalho de grupo.
Passo férias no Algarve quase todos os anos.

Grande maioria 
É um modismo no qual o adjectivo grande, ao ser combinado
com o nome maioria, se torna redundante e desnecessário, porque a
semântica deste último pouco beneficia do adjectivo, visto que já se
1. Chavões  refere a uma grande proporção de, isto é, a maioria. 
Grande maioria pode também ser considerada uma expressão
Os chavões que abaixo se identificam são expressões que, gra- que, servindo para caracterizar quantidades, é usada para reforçar
maticalmente consideradas, são redundantes, denunciam falta de a diferença e a especificidade semânticas (em relação ao conceito
imaginação semântica e pobreza de estilo. Embora com algumas maioria que lhe é próximo e incorpora) daquilo que com ela se quer
diferenças, a todas subjaz, no seu uso, a intenção de especificar e dizer. Na verdade, talvez não seja fácil encontrar alternativas com o
reforçar sentidos que se teme não serem evidentes pelo uso de outras mesmo valor semântico. Será o mesmo dizer grande maioria, maio-
expressões gramaticalmente mais convencionais. Registam-se com ria ou quase todos?
mais frequência na oralidade do que na escrita. Outras expressões, esmagadora maioria, maioria expressiva,
maioria considerável, também bastante vulgarizadas, podem ser
Praticamente todo consideradas variantes de grande maioria.
É um modismo cuja origem se compreende facilmente: prati-
camente significa, quando se usa nesta expressão, na prática, em Usos não recomendáveis:
concreto. Mas nem por isso se justifica, pois o correcto seria dizer A grande maioria dos eleitores votou durante a manhã. 
todos, quase todos, a maioria, ou, simplesmente, omitir a expressão. Os adeptos benfiquistas estavam em grande maioria. 
Pode ser considerada uma expressão que, servindo para caracterizar
quantidades, é usada para reforçar a diferença e a especificidade Possíveis alternativas ao seu uso:
semânticas (em relação ao conceito todo que lhe é próximo e incor- A maioria dos eleitores votou durante a manhã. 
pora) daquilo que com ela se quer dizer. Mas, ao contrário do caso Uma larga maioria dos adeptos presentes era benfiquista. 
de grande maioria, tem, por exemplo, na expressão quase todos uma
alternativa semântica válida e preferível.

 
Certo e determinado  Usos não recomendáveis:
É uma expressão, enquanto tal, redundante e vazia. Os adjectivos A ASAE é uma espécie de PIDE dos tempos da democracia.
que a formam são sinónimos. Muito vulgarizada em alguns ambien- Ao teu lado, sinto-me como se estivesse numa espécie de Céu.
tes populares, sobretudo em discurso oral, mas que, pela intensidade
com que se usa, pode ir contaminando o discurso escrito. Ao seu uso Possíveis alternativas ao seu uso:
deve ser preferível a sua supressão ou a opção por certo. A sua classi- A ASAE parece-se com uma PIDE dos tempos da democracia.
ficação como modismo não deve confundir-se com situações em que o Ao teu lado, sinto-me como se estivesse no Céu.
uso desta expressão é legítimo: se dissermos «eis um homem com um
percurso certo e determinado!»; ou se «determinado» for usado como
particípio. De resto, são sinónimos e usados redundantemente. 2. Bengalas linguísticas 

Usos não recomendáveis: As expressões abaixo apresentadas tipificam o fenómeno ape-


Nem pensar! Ele disse-me certas determinadas coisas que jamais lidado de bengalas linguísticas. São expressões enxertadas no
perdoarei! discurso, mas que nada lhe acrescentam, servindo apenas para
Espero não encontrar lá certa e determinada pessoa. suportá-lo, sendo, na maioria dos casos, dispensáveis. Nalguns
casos, são expressões ou palavras que noutros contextos são bem
Possíveis alternativas ao seu uso: utilizadas, mas que tomadas de empréstimo sem atender à desa-
Nem pensar! Ele disse-me coisas que jamais perdoarei! dequação semântica se convertem em modismos. A sua repetição
Espero não encontrar lá certa pessoa. frequente, muito automatizada, torna-as elementos de ligação que
encadeiam diferentes períodos do discurso. São assimiladas pela lin-
guagem, conforme as regiões, épocas e grupos em que vivem aqueles
Uma espécie de  que as usam.
É uma expressão omnipresente no discurso dos portugueses.
Emprestada do discurso científico? O seu mau uso faz-se habitual-
mente com o objectivo de iniciar a definição de um conceito com uma Basicamente | É assim | Não [usado como bengala] | Quer dizer |
comparação, que está implícita. Neste caso, a expressão uma espé- Portanto
cie de substitui o elemento comparativo (por exemplo: semelhante a, São expressões cujo uso se regista principalmente no início de
parecido com, como se fosse, quase como, etc.), que, correctamente, afirmações que transmitem opiniões em diálogos e que, embora nada
deveria ser usado. Embora, pela vulgarização que atingiu, o seu uso acrescentem às afirmações que se lhes seguem, têm uma função
não suscite equívocos, se interpretada à letra, pode provocar enten- argumentativa e justificativa; são como escoras a reforçar a verdade
dimentos muito diferentes daqueles que o seu uso pretende, pois e a razoabilidade daquilo que se vai afirmar. A sua supressão poderá
deixa entender que aquilo cuja definição quer introduzir é um grupo retirar força ao discurso, mas recupera-lhe elegância e polidez, con-
(isto é, uma espécie) dentro de um grupo mais largo. Há uma expres- forme se pode verificar nos casos enunciados abaixo.
são, fazer espécie, também incorrecta, que tem sentidos diferentes
daquela em questão. Exemplos da sua utilização:
Basicamente, estou aqui para ganhar dinheiro.

 
É assim, ou gostas de mim ou não gostas de mim! Fogo | ok? | pá | tipo | não é? [n’é?] 
– Tu achas mesmo que fiz mau negócio? – Não, eu acho que sim, São interjeições usadas na oralidade, para tecer o discurso. É me­­
porque dantes estavas muito mais confortável. nos habitual encontrá-las na escrita, para além das situações nas
Quer dizer, se eu não te tivesse ajudado, ainda hoje lá estarias. quais se quer ser fiel à oralidade.
[Há casos em que, em vez de quer dizer, se regista a expressão
quer-se dizer] Exemplos da sua utilização:
– Ok! Eu não devia ter feito aquilo. Pá, mas o gajo era mais velho
Os portugueses escrevem pouco. Portanto, compreende-se que
que eu, não é? Não tinha hipótese, tipo, se eu fugisse, ok, não
haja poucos textos para rever.
se passava nada, e voltava tudo ao mesmo, não é? Fogo, o pro-
blema é que a minha imagem ficava destruída, pá. Tipo, que
Possíveis alternativas ao seu uso: é que se ia dizer de mim na escola, não é? Tipo, que era um
Na verdade, eu estou aqui para ganhar dinheiro. cobardolas, e tal. Pá, e eu não quero isso. Pá, não quero.
Ou gostas de mim ou não gostas de mim!
– Tu achas mesmo que fiz mau negócio? – Acho, porque dantes
estavas muito mais confortável.
Pois é, se eu não te tivesse ajudado, ainda hoje lá estarias.
Os portugueses escrevem pouco. Compreende-se, por isso, que
haja poucos textos para rever.

Altamente | exactamente 
São advérbios cujo uso é inadequado nas circunstâncias que
abaixo se referem, nas quais se usam, repetitivamente, em lugar
de outros que lhes podem ser sinónimos. Uma das suas funções é
introduzir precisões.

Exemplos da sua utilização:


As casas de luxo têm sido altamente procuradas.
Ele parecia estar exactamente à espera de ser descoberto.

Possíveis alternativas ao seu uso:


As casas de luxo têm sido intensamente procuradas.
Ele parecia estar mesmo à espera de ser descoberto.

 

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