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PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE
UJ
O Os Silencios de Deus
t-
<s>
Ul Envelhecer Fracasso?... Sabedoria?
O
Pedro Jorge Frassati
v>
03
O
Livro em Estante
CC
O.
SUMARIO
DiretorRwponsável:
Estevao Bettencourt OSB
Autor e Redator de toda a materia
"Sei em quem acreditei" 337
publicada neste periódico
Verificacáo crucial:
Diretor-Adminisirador:
Os Silencios de Oeus 336
D. Hildebrando P. Martins OSB
Problema? Plenitude?
Administraca~o e distribuicao:
Envelhecer: Fracasso?... Sabedoría? . 352
Edicoes Lumen Christi
Dom Gerardo. 40 - 5? andar, S/501
A santidade entre os jovens:
Tel.:(021) 291-7122
Pedro Jorge Frassati 361
Caixa Postal 2666
20001 - Rio de Janeiro RJ
Livro revolucionario:
"Urna Igreja de Batizados: Para
ImpressSo e Eneadern&cSo
Superar a Oposicáo Clérigos/Leigos",
por Réml Parent 373
NO PRÓXIMO NÚMERO:
Reencarnacfo e Cristianismo. - Castidade e Medicina. — Os teólogos e o Ma
gisterio da Igreja. - "A Cura pela Imposicao das Máos" (H. Back e P. Grisa).
- A Mística do Santo Oaime.
. Pagamento (á escolhal .
1. VALE POSTAL á agencia central dos Correios do Rio de Janeiro em nome de Edicoes
"Lumen Christi" Caixa Postal 2666 20001 Rio de Janeiro - RJ.
"Eis por qua tofro estas coisas. Todavía... sei em-quem acreditei, e es-
tou certo de que Ele é capaz de guardar o meu depósito até aquele Día"
(2Tm1,12).
"Sei em quem acreditei (pepíiteuka)". A forma do verbo perfeito gre-
go indica algo de estável e imutável; o Apostólo acreditou confiante em Cris
to, e continua a acreditar inabalavelmente. Ele se entregara nao a mero ho-
mem, nem a urna faccao poderosa, mas a Jesús Cristo. Sabia que nao seria
decepcionado, mas, ao contrario, o seu depósito Ihe seria guardado e entre
gue naquele Dia, no Dia do Juízo Final.
337
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
Verificagáo crucial:
Os Silencios de Deus
338
OS SILENCIOS DE DEUS
e propensos a "fazer como todo o mundo faz", visto que ser reto e digno pa
rece custar muito caro e nao trazer proveito. — É obvio que tais conclusoes
nao podem ser verídicas. É preciso, porém, refletir sobre o problema. É o
que faremos ñas páginas subseqüentes.
1. A perplexidade
Para nao nos estender demais, partiremos das "queixas" dos homens
de Deus no Antigo Testamento.
E qual a resposta?
339
4 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
"Vos cansáis o Senhor com vossas palavrasl — Mas vos dizeis: 'Em que
o cansamos?' - Quando dizeis: 'Quem pratica o mal, é bom aos olhos do
Senhor;nestes ele se comprazV Ou entSo: 'Onde está o Deus da Justica?"".
Refleti para compreender, e que fadiga era isto aos meus olhos1. Até
que entrei nos santuarios divinos: entendí entio o destino deles1. De fato, tu
os pdes em ladeíras, tu os fazes cair em rumas. Ei-los num instante reduzidos
ao terror, deixam de existir, perecem por causa do pavorl.. Sim, os que se
afastam de ti se perdem... Quanto a mim, estar junto de Deus é o meu
beml" (SI 72, 2-5.16-19.27s).
Como se vé, o Antigo Testamento faz eco vivo aos sentimentos dos
homens de bem desconcertados pelo silencio de Deus perante os desafios
dos impíos.
340
OSSILÉNCIOSDEDEUS
"Eu te digo, patrio, tudo o que acontece neste mundo é injusto, injus
to*. Bu, o verme da térra, a lesma Zorba, eu nSo o aprovo. Por que é preciso
que os jovens morram e que fiquem os velhos destroces? Por que as crian-
cinhas morrem? Eu tinha um menino, um pequeño Dimitrí, eu operdicom
tres anos e nunca, nunca (tu me ouves?) eu perdoarei isto ao bom Deusl No
dia da minha morte, se ele tiver a ousadia de se apresentar diante de mim, e
se é um Deus para vaier, efe tere vergonhal Sim, sim, ele terá vergonha dian
te de mim, a lesma Zorba1." (Alexis Zorba, Plon 1954, p. 272).
341
6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
O menino calava-se.
— 'Cubram-seY
Por mais de meia-hora, ficou assim a lutar entre a vida e a morte, ago-
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OSSILÉNCIOS'DEDEUS
nizando diante dos nossos olhares. E nos tfnhamos que considerá-lo bem de
frente. Aínda estava vivo quando passei na frente dele. A sua li'ngua aínda
estava vermalha, seus olhosnSo se tínbam apagado.
—'Bendizeio Eterno...'
Ele parava a cada momento, como se nSo th/esse a forea para dar aos
nomes o seu conteúdo. A melodía se estrangulava na sua garganta.
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8 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
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OS SILENCIOS DE DEUS
Deus nunca se mostrou, embora o rneu coracio todo gritasse por ele. As ca
sas estavam arrazadas, os colegas eram tSo corajosos ou tSo covardes como
eu... Na térra só reinavam morticinio e fome; do céu derramavam-se bom
bas e fogo;somente Deusestavaausente1....
NSo, pa¡\ Deus nSo existe'.... Ou entSo, se existe um Deus, existe para
vos, nos Missais e nos cánticos, nossermSes cheios de devocSo dos Vigários e
dos pastores; Ele existe tatvez no ressoar dos sinos e nos vapores de incensó,
mas nSo existe em Stalingrado'." fLettres de Stalingrad, Ed. Buchet-Chastel,
Lettre 17, pp. 67-68).
2. Refletindo cristamente...
Por isto a sá raza o e a fé afirmam que Deus nao está ausente aos pro
blemas dos homens, nem pode pactuar com o mal. Os avancos da malvadeza
no mundo Ihe sao conhecidos; Ele os repudia (nao pode deixar de os repu
diar). Se, porém. Ele os permite, só o faz porque quer deixar que os homens
- criaturas Hvres - exercam a liberdade, com os seus possíveis desatinos.
Contudo a Providencia Divina jamáis permitirla os tropeóos da liberdade hu
mana se nao tivesse recursos para daf tirar algum bem ou mesmo bens maio-
res. Estas afirmacoes sao absolutamente certas ou verídicas nao só aos
olhos da fé, mas também aos da raza o humana.
Nao é possível ao homem explicar cada qual das desgracas que afetam
345
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
a historia. Mas nem por isto o cristáo é obrigado a calar-se por completo
diante do problema.
O Senhor disse a Moisés: 'Por que clamas por mim? Dize aos filhos de
Israel que marchem. E tu levanta a tua vara, estende a mSo sobre o mar e di-
vide-o, para que os filhos de Israel caminhem em seco pelo meio do mar" ".
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OS SILENCIOS DE DEUS 11
sao partes integrantes de uma melodia na qual, além das notas altamente so
noras, há os intervalos, que também contribuem para a beteza da música. É
preciso saber entender esses intervalos no contexto da melodia que se desen-
volve. Paralelamente é preciso que o cristáo nao se deixe submergir pela in
clemencia do momento, mas o considere no contexto da Providencia Divina
em sua vida.
Nao basta ref letir sobre o sentido das disposicoes de Deus sobre o ho-
mem. É necessário que o cristao nao pare na caminhada da vida por razoes
de surpresa e perplexidade. Caminhe "como se visse o Invisto!" (Hb 11,
27). Uma imagem ajuda a compreender esse caminhar:
O cristao tem que so letra r a Palavra de Deus letra por letra; ninguém
sabe qual a letra que se seguirá áquelas que já foram li'das. Ninguém sabe qual
palavra as letras formarao. Mas é preciso fazer o jogo, tentar juntar as letras
e ir lendo... Nao espere o cristao que a Palavra esteja completa para comecar
a caminhar, sabendo para onde vai; quem assim espera, jamáis se pde a cami-
nho ou entra em acáo. Gustaríamos de encontrar o discurso de Deus pronto
e nítido ou um cami nho claramente t rapado. Todavía nao é este o designio
de Deus. É caminhando no claro-escuro que "fazemos Deus falar"; descubri
mos o discurso de Deus na medida em que progredimos.
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12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
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OS SILENCIOS DE DEUS 13
a sua prece Ihe pareca mal alinhavada ou descosida. Fo¡ o próprio Senhor
quem incitou a rezar sempre e nunca desfalecer (cf. Le 18, 1); foi Ele quem
prometeu que toda oragáo feita em seu nome seria atendida (cf. Jo 16, 23s).
Ele nao falta, todavía a hora de Deus nem sempre é a hora que os homens
Ihe querem predefinir: "Ele diz: 'No tempo favorável eu te ouvi. E no dia da
salvacao vim em teu auxilio' " (2Cor 6, 2; cf. Is 49, 8).
Até aquí consideramos o silencio de Oeus que ocorre sem culpa do no-
mem. 0 Senhor Jesús, porém, e a Tradicao apontam casos em que Deus fala,
sim, mas a criatura nao Ihe dá ouvidos; é leviana, superficial ou mesmo... co-
varde. Ela entao queixa-se de Deus, quando deveria acusar a si mesma.
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14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
"Um irmSo foi procurar o abade Teodoro de Fermé e durante tres días
suplicou-lhe que Ihe dissesse urna palavra. Mas Teodoro nao Ihe responden.
O irmSo entao foi-se muito triste. O discípulo de Teodoro disse entao: 'Pai,
por que nada Ihe disseste? Ele se foi muito triste'. Respondeu o anciao:
'Acredita-me. Eu nada Ihe disse, porque é um traficante, que se quergloriar
com as palavras dos outros' ".
"Alguns irmaos foram procurar o abade Félix e Ihe pediram urna pala
vra. 0 anciSo se calava. Repetiram varias vezes o seu pedido. 0 anciio res-
pondeu-lhes: 'Agora já nao há palavras. Outrora, quando os irmSos interro-
gavam os anciSos e faziam o que estes mandavam, Deus ¡nspirava aos an-
ciSos a maneira de falar. Agora perguntam e nao poem em prática o que se
Ihes diz; por isto Deus retirou aos anciSos a graca da palavra e já nao sabem
o que dizer, porque nSo há quem o cumpra'. Ao ouvir tal resposta, os irmaos
puseram-se a chorar e disseram: 'Pai, reza por nos'" (Le% sentences de» Peres
du désert. Solesmes 1966. p. 177).
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OS SILENCIOS DE DEUS 15
Cónclusáfo
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Problema? Plenitude?
Envelhecer: Fracasso?...
Sabedoria?
Todavía, para que a idade provecta possa ser assim serena e fecunda,
requer-se que a pessoa se prepare para ela precisamente nos anos em que ela
parece distante; é ñas fases de lucidez e plena maturidade que o cristSo deve
armazenar o cabedal espiritual de que ele desfrutará na reta final de sua exis
tencia terrestre; querer comecar a encarar o fim da vida quando se este se faz
sensivelmente presente, com seus achaques físicos ou mentáis, é tarefa difí
cil o de pouco éxito.
352
ENVELHECER: FRACASSO? ... SABEDORIA? 17
"A velhice é urna fase da vida muito especial. Nela é elevado ao termo
e consumado tudo o que urna tonga vida tenha realizado. A velhice faz a co-
Iheita de tudo que foi aprendido, vivenciado e conseguido..., como também
a colheita de tudo o que foi sofrido e superado".
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18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
dos num saudosismo que nao seja capaz de compreender o momento pre
sente. A tendencia dos andaos a reviver o passado, dando por vezes a ¡m-
pressáo de que o presente é simplesmente decadencia, contribuí para ¡sola-
los e impedir-lhes o exerci'cio da importante funcao de acompanhar os mais
jovens. Ora tal funcao é indispensável, como nota o S. Padre Joao Paulo II:
"Os mais Jovens e os mais velhos..., aqueles que hoje sSo velhos e os
que amanhS serao velhos, ... os sadios e os doentes, nos todos realizamos
¡untos a plenitude do Corpo de Cristo, e amadurecemos ¡untos em diregSo
dessa plenitude".
Embora o anciao nao possa aprovar tudo o que vé, ele nao deve ser um
mero arauto de críticas e contradicoes, mas, antes, procure ser um pacifica
dor e reconciliador; a sua idade, já isenta de certas paixoes, deve ajudá-lo a
atenuar os ánimos exaltados e amainar os afetos acalorados dos mais jovens,
sem detrimento da Verdade e do Bem.
2. Aceitar a idade
"O ¡ovem é um ser livre; está sempre pronto para partir; o velho de es
pirito envelhecido necessita de um número cada vez maior de pontos de
apoio, nSo só nos seus movimentos físicos, mas da alma. E esses pontos de
apoio sao outras tantas amarras que o prendem e podem amesquinhar. É cu
rioso como, contrariando as leis da lógica, quanto mais perto o homem está
de ter que deixar as coisas desta vida, mais costuma agarrarse a e/as. Faz
lembrar aquele que se queixava, Já perto do fim: 'E as minhas barras de ou-
ro, padre? - NSo vale a pena, meu filho, se vocé nSo se arrepender. NSo vale
a pena, porque se derreterSo todas' " (Posfácio do livro de Romano Guardi-
ni, As Idadesda Vida.p. 105).
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ENVELHECER: FRACASSO? ... SABEDORIA? 19
vecta; esta já nao é obnubilada pelo anseio de conseguir títulos, honras e vi-
tórias; isto tudo, que tanto solicita o jovem, impede-o por vezes de olhar
para os valores definitivos, que ficam além de todos os títulos e honras da
térra. O anciáo já nao tem o olhar embacado pela cortina de conquistas de
sua carreira terrestre; já nao é perturbado pelas paixoes que as competicoes,
as rivalidades, as rixas..., freqüentes nos decenios profissionais, suscitam em
muitos homens. Assim com o olhar mais perspicaz ou liberto do colorido
das metas terrestres ou ¡mediatas, o anciao tem o coracao mais livre para
considerar os valores definitivos e encaminhar-se para eles sem tantos entra-
ves; a mensagem da fe* pode falar-lhe mais eloqüente e persuasivamente do
que em outras fases da vida. Sao palavras de Emérico da Gama:
"Os andaos sabem muito bem que nao se aproximam do fim de tudo,
mas da definitiva rampa de lancamento. e por isto véem sentido em aumen
tar o caudal de sua prontídSo armazenada. Ou seja, percebem que tém muito
a fazer, talvez mais - e, sem dúvida, mais importante - do que tudo o que
já fizeram. Por isto se compreende que Sao Paulo tenha dito: 'Esquecendo o
que fica para tras, e avancando para o que me está adianto, corro em direcSo
á meta...' (Fl 3, 13s). O velho, segundo Sao Paulo, é alguém para quem o
passado nSo conta. exatamente como o jovem. E. como o jovem, corre, é
um ser que tem pressa" (ib., pp. 103s).
3. O testemunho do Apostólo
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20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
var a existencia; numa palavra: vivem nao mais para o be lo, mas para o útil,
o ¡nteresse pessoal.
O fato é que, tres sáculos mais tarde, um outro pensador, que tomara
conhecimentó profundo do Evangelho e da sua mensagem de ressurreigao e
vida ¡mortal, Sao Paulo, manifestava um modo de ver bem diferente. Para o
percebermos, basta dizer que o Apostólo escreveu treze epístolas, sendo as
tres últimas, ditas "Pastora¡s" (1/2 Tm, Tt), devidas a Paulo quase septuage
nario e, no caso da 2Tm, encarcerado em Roma, consciente de que estava
prestes a ser condenado á morte. Pois bem; ao passo que ñas dez epístolas
anteriores o Apostólo empregara vinte vezes o termo kalón (belo e bem mo
ral), ñas tres Pastorais ele o usou vinte e quatro vezes, e geralmente como
adjetivo aposto aos diversos substantivos com que delineava a vida crista. A
mente de Sao Paulo aparece assim impregnada pelo ideal da beleza, pelas as
piracoes supremas, na idade decrépita muito mais ainda do que no vigor dos
anos. Que contraste com o quadro anterior proposto pelo homem pré-cris-
tao, por muito sensato que este fosse! E qual a razio de ser deste contraste?
É que justamente Sao Paulo percebia o sentido que a morte tomou após
Cristo, sentido que o homem antes de Cristo nao podia perceber: enquanto
este a julgava termo da existencia humana, Paulo a vi a qual etapa ou passa-
gem para outra vida, muito mais rica e fecunda do que a terrestre; por isto
também, quanto mais próximo se achava da morte, tanto mais afirma va os
valores da mente humana, pois sabia que o seu definhar na vida terrestre era,
na realidade, um rejuvenescimentó para a vida verdadeira, eterna.
1 Sá~o Pauto fala de urna bala luta (2Tm4,7), bela milicia (1Tm1, 18). bela
doutrina <1Tm 4, 67, belo testemunho (ITm 3,7), bela leí (ITm 1, 8), belo
fundamento (ÍTm 6, 19);belo ministro (de Cristo) (ITm4, 67...
356
ENVELHECER: FRACASSO? ... SABEDOR I A? 21
Com outras palavras: nao envelhece tío fácilmente aquele que pensa
em servir mais do que em ser servido,... aquele que se mantém na atitude de
disponibilidade que tinha em suas primeiras décadas de vida. Essa disponi-
bilidade duradoura está ancorada no amor de Deus e no amor a Deus que
cada cristao deve trazer dentro de si. Diz S. Agostinho: "Quem é amado por
Deus, nao envelhece, pois traz dentro de si Aquele que é mais jovem do que
todos".
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22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
A propósito recomendase
APÉNDICE
PERMANECERJOVEM
Anónimo
Ser jovem á guardar aos 40, 50, 60,70 e mais anos o amor ao maravi-
Ihoso, a admiracffo pelas coisas extraordinarias e os pensamentosbrilhantes,
o desafio intrépido lajicado aos acontecimentos, o apetite insactdvel da
crian ca (para quem tudo ó novo), o senso do lado feliz e alegre da existSncia.
358
ENVELHECER: FRACASSO? ..'. SABEDORIA? 23
És tafo jovem quanto tua confianca, tifa valho quanto tua desconfían-
ca. Tafo jovem quanto tua seguranca, tío valho quanto teu temor. Táb jovem
quanto tua esperanca, tSo valho quanto teu desespero. És tío jovem quanto
tua f é, tffo valho quanto tua dúvida.
A continuidade da vida
nunca se rompe:
359
24 "PERGUNTÉ E RESPONDEREMOS" 339/1990
_ _^_t ;
O importante á saber
se está contribuindo
para tornar o mundo mais feliz
ao seu redor!
360
A santidade entre os jovens:
Há quem pense que ser leigo (nao clérigo nem Religioso) ou ser jovem
sao situapoes pouco propicias á santidade. Com efeito; o leigo vive no mun
do, lidando com afazeres profanos, e o jovem senté em si ardente fogo de
paixoes - o que parece criar obstáculo á fidelidade á Lei de Deus e ao cresci-
mentó espiritual. Por isto é com prazer que lemos noticias referentes a jo
vens leigos que deram testemunho de santidade no seu próprio ambiente se
cular. Tal é o caso de Pedro Jorge (Pier Giorgio) Frassati, falecido com 24
anos de idade em 1925 e beatificado pe lo Papa Joao Paulo II em 20/05/1990.
361
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
1. Trapos biográficos
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PEDRO JORGE FRASSATI 27
muito doente; olhavam para o seu lugar vazio, quando um dos presentes
perguntou:
"Eu poderla desposá-la contra a vontade dos meus. Mas destruir urna
familia para constituir outra parece-me absurdo e coisa em que nem se deve
pensar. Serei eu o sacrificado; já que Deus assim o quer, se/a feita a sua von-
tadel"
Pelas suas condicoes financeiras e por seus dotes físicos, teria podido
fazer alpinismo "académico", entrando em grupos de privilegiados e procu
rando a gloria que nao Ihe faltaria. Mas preferiu um alpinismo mais modesto:
quería iniciar companheiros inexperientes, guiando-os e sustentando-os ñas
primeiras escaladas,-pois seguia a norma ditada pelo Senhor Jesús: "É mais
feliz dar do que receber!" (At 20, 35).
364
PEDRO JORGE F.RASSATI 29
mes antes da sua morte. Quis subir ao monte Luneile pela face mais abrupta,
isto é, pela Placea Santi, onde no ano anterior se tinha despencado o estu-
dante Royere. Foi feliz em seu empreendimento e, com os colegas de aseen-
sao, rezou pelo falecido.
Isto, porém, nao quer dizer que fosse um jovem retraído ou tímido.
Muito ao contrario; tomava parte nos movimentos estudantis que Ihe pare-
cessem justos e de boa inspiracao. Assim, por exemplo, entrou numa cam-
panha para a protecao do título de engenheiro, tendente a extirpar abusos e
diminuir o desemprego. Houve passeata pelas rúas de Turim; a policía ínter-
veio e prendeu um estudante; Pedro Jorge, tendo procurado defendS-lo,
também foi preso; protestou com palavras veementes contra a violencia dos
policiais... Finalmente foi soltó; mas, antes de voltar para casa, foi á redacto
do jornal La Stampa, onde formulou um protesto contra o procedimento
dos guardas.
Muito mais grave foi o confuto no qual Pedro Jorge se envolveu ñas
rúas de Roma em setembro de 1921, por ocasiao do Congresso Nacional da
Juventude Católica Italiana. O Governo italiano resolveu proibir as funcoes
religiosas programadas para o Col ¡seu assim como outras manifestacos pú
blicas. Os 50.000 rapazes da JUC nao se conformaram com isso e enfrenta-
ram a cavalaria e os guardas, enfurecidos. Um jovem que nao quería largar a
bandeira que ele trazia, foi ameacado á baioneta; Pedro Jorge foi procurar o
tenente e gritou-lhe o nome do seu pai Embaíxador Alfredo Frassati; o ofi
cial entao repreendeu o guarda agressor e disse á Pedro Jorge que poderia
ir-se em liberdade; Pedro Jorge, porém, nao quis serv¡r-se deste privilegio
enquanto nao foi posto em liberdade o colega portador da controvertida
bandeira.
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30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
queno sua máe o educara para suportar a dor com valentía, sem lamentacoes
de um temperamento amolecido.
366
PEDRO JORGE FRASSATI 31
"Creio que o dia da morte há de ser o dia mais belo da minha vida",
dizia e repetía Pedro Jorge aos seus amigos.
Na sexta-feira, dia que Pedro Jorge dedicava aos pobres, estando ele
incapacitado de se mover, mandou chamar a irmá* Luciana: pediu-lhe
que fosse ao seu escritorio e Ihe trouxesse o casaco. Tirou do bolso a cartei-
ra, e desta tirou urna apólice; pediu á irma que Ihe desse urna caixa de inje-
coes e sobre um cartáo escreveu ao confrade Grimaldi, indicando o destino
desses objetos!
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32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
"NSo pode ser, fí/ho. Faz-te mal. Oferece a Deus o sofrímento de nio
poder dormir pelos teus pecados, se os tens;se nSo, pelos dos teus país".
A fama das virtudes heroicas de Pedro Jorge persisttu através dos anos.
Por isto aos 2/7/1932, sete anos após a morte do jovem, o Cardeal Maurilio
Fossati, de Turim, mandou abrir o processo informativo ordinario, ou seja, o
exame dos escritos de Pedro Jorge e a ausculta das testemunhas.
368
PEDRO JORGE FRASSATI 33
Roma, para ser ulteriormente analisado. Entre 1937 e 1939 seis Cardeais,
numerosos Bispos, Superiores de Institutos Religiosos, Reitores de Universi
dades, simples fiéis, homens e mulheres escreveram á Santa Sé pedindo a ca
nonizado de Pedro Jorge: seria um exemplo a propor aos jovens do sé-
culo XX.
369
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
O processo ficou estacionario até 1965, quando, a pedido dos PP. Sa-
lesianos, o Cardeal Arcadio Larraona, Prefeito de Congregado dos Ritos, en-
carregou o jesuíta Pe. Paulo Molinari de fazer nova pesquisa do assunto; esta
conctuiu-se aos 17/4/1967, quando o Pe. Molinari apresentou ampia docu-
mentacao, que nao só desfazia todo impasse, mas ainda evidenciava a
riqueza espiritual e crista" de P.J. Frassati. Ficou averiguado que as suspeitas
levantadas provinham de porta-vozes malévolos e inexplicáveis, que, além do
mais, se estribavam na falsa alegacáo de que o cadáver de Frassati fora en
contrado em atitude de desordem e desespero dentro do seu caixáo.
370
PEDRO JORGE FRASSATI' 35
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36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
372
Livro revolucionario:
373
38 "PERGUNTEE RESPONDEREMOS" 339/1990
1. O conteúdo do livro
Papa
Bispos
Padres
Leigos
DEUS PAI
JESÚS CRISTO
CLÉRIGOS
LEIGOS
374
"UMAIGREJADEBATIZADOS..." 39
"No próprio processo onde os leigos vSo... deixar de ser leigos, vio
forear os padres, os bispos e o papa a deixar de ser e de se comportar como
clérigos" (p. 1201.
A frase final do livro é: "Nao há mais clérigos nem leigos" (p. 186).
375
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
Por isto Joao Paulo II escreveu um "infeliz texto", no qual afirma que
o sacerdote exerce a sua funcao ministerial na pessoa de Cristo (cf. p. 10)!
O contato com táo estranho livro suscita, sem dúvida, numerosas pon-
deracoes na mente do leitor, ponderacoes das quais se seguem alguns trapos.
2. Comentando...
376
"UMAIGREJADEBATIZADOS..." 41
Se, pois, na Igreja nem todos seguem o mesmo caminho, todos, no en-
tanto, sao chamados á santidade e receberam a mesma fé pela justica de
Deus (cf. 2Pd 1,1¡. E, aínda que alguns por vontade de Cristo sejam consti
tuidos mestres, dispensadores dos misterios e pastores, em beneficio dos de-
mais, reina entre todos verdadeira igualdade quanto á dignidade e é acSo co
mum a todos os fiéis na edificacSo do Corpo de Cristo. Porquanto a distin
go que o Senhor estabeleceu entre os ministros sagrados e o restante Povo
de Deus, traz em si certa uniSo, pois os Pastores e os dentáis fiéis estío Inti
mamente relacionados entre si. Os pastores da Igreja, seguindo o exemplo do
Senhor, sirvam-se mutuamente a si e aos outros fiéis. Estes, porém, oferecam
com alegría sua colaborado aos Pastores e mestres. Assim na varíedade to
dos dio testemunho da admirável unidade existente no Corpo de Cristo.
Pois a própria diversidade das gracas, dos ministerios e trabalhos unifica os
filhos de Deus, porque 'tudo isso é obra de um só e mesmo Espirito' (1Cor
12, 11).
Os leigos, pois, assim como pela condescendencia divina tém como ir-
mSo a Cristo, que, sendo Senhor de tudo, veto nSo para ser servido, mas para
servir (cf. Mt 20, 28), assim também tém como irmSos os que, postos no sa
grado ministerio, ensinando, santificando e regando, pela autoridade de Cris-
to, apascentam a familia de Deus, de tal modo que seja cumpridopor todos
o mandamento novo da earidade. A estarespeito disse bolamente Santo Agos
tinho: 'Atemoriza-me o que sou para vos; consola-me o que sou convosco.
Pois para vos sou bispo; convosco sou cristSo. Aquilo é um dever;isto é urna
graca. O primeiro é um perigo; o segundo, salvacSo'" fLumen Gentium 32).
377
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
Ora seria preciso que R. Parent citasse o documento onde ele terá lido
tal declaracáo de Joao Paulo II. Por certo nao o encontraría. Ademáis o ori
ginal francés da obra de Parent data de 1987; 6, pois, anterior á Exortacá"o
Apostólica Chrlitlfldalai Laiel sobre a vocacío e missáo dos Leigos na Igre
ja e no Mundo, datada de 30/12/1988; nem a traducá~o brasiteira do livro de
Parent, publicada em 1990, faz a mínima referencia a este documento — o
que é urna falha, pois significa repeticao desatualizada por parte da Editora
brasileira.
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"UMAIGREJADEBATIZAOOS..." 43
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"Em verdade eu vos digo: todo o que ligardes sobre a térra, será ligado
no céu. E todo o que desligardes sobre a térra, será desligado no céu".
Isto quer dizer que a Igreja é mais do que urna sociedade de fiéis uni
dos entre si pelo mesmo ideal. Ela é um Corpo cuja cabeca é Cristo, que, por
meío de seus membros visfveis, vive e transmite urna vida que nao é simples-
mente a dos homens, mas a do próprio Cristo; cf. 1Cor 12, 12-27. é o que
ensina também a imagem da videira: a seiva do tronco Jesús Cristo passa por
cada um dos seus ramos e dá os frutos da graca ou da vida de Cristo existen
te em cada ramo ou em cada cristao; cf. Jo 15,1-9.
"Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem
me rejeita, re/eita Aque/e que me enviou" (Le 10, 16).
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"UMA IGREJA DE BATEADOS... " 45
"NSo pode o olho dizeré mió: 'NSo preciso de ti', nem tampoueopo
de a cabera dizer aos pés: 'NSo preciso de vos'. Pelo contrario, os membros
do corpo que parecem mais fráeos, sá~o os mais necessários;e aqueles que pa-
recem menos dignos de honra, sio os que cercamos de maior honra" (ICor
12, 21-23a}.
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46 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 339/1990
to, para ser cristffo, deve antes de tudo reconhecer o mundo, seus limites e
mesmo seu pecado, como uma de suas condicoes de possibilidade, ¡sto é,
aquilo sem o qual o culto deixa de set vistamente possi'vel.
3. ConclusSo
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"UMA IGREJA DE BATIZADOS..." 47
Livros em Estante
Falar com Deus. Meditac3es para cada día do ano,por Francisco Fer
nández Carvajal. Vol. I (Advento, Natal, Epifanía) e vol. II (Cuaresma Se
mana Santa, Páscoa). - Ed. Quadrante, SSo Paulo 1989 (vol. I) e 1990 (vol
II), 130 x 200 mm, 269 pp. (vol. I) e 499 pp. (vol. II).
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RENOVÉ QUANTO ANTES SUA ASSINATURA PARA 1990
Cr$ 800,00
NOVIDADES:
Este livro contém 16 estudos sobre os mais diversos ramos do saber (His
toria, Biblia, Teología Dogmática, Teología Ecuménica, Liturgia, Direito
Canónico, Pedagogía e Literatura). Os temas desta obra tém por autores
varios professores de Teología, entre ex-alunos e admiradores, publicados em
homenagem a D. Esteváio Bettencourt por ocasiao de seus 70 anos de vida. A
obra apresenta tambám urna lista completa dos livros e artigos de D. Esté-
vao. - 332 págs.
IV Centenario de fundagao