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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESENTAQÁO
DA EDIpÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanga a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanca e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questdes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abencoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
ANO XXXV

NOVEMBRO

1994

V) SUMARIO

<

UJ "Nao morro, entro na vida" (S. Teresinha)


O
v> Fantasmas e Assombragóes
UJ

Reencarnapáo ou Ressurreipáo?

Apariqoes de Nossa Senhora: Sim ou Nao?


<

UJ A conversao de Afonso Ratisbonne


m
o "Eu fui Testemunha de Jeová", por Antonio Carrera

Q.

390

"1

1 i]
r

1.
J
PERGUNTE E RESPONDEREMOS NOVEMBRO1994
Publicarlo mensal N? 390

Diretor-Responsável
SUMARIO
Estévao Bettencourt QSB
Autor e Redator de toda a materia
"Nao morro, entro na vida"
publicada neste periódico
(S. Teresinha) 481

Diretor-Administrador:
A novela "A VIAGEM":
D. Hildebrando P. Martins OSB
Fantasmas e Assombracoes 482

Administracao e distribuicao:
O dilema:
Edicoes "Lumen Christi"
Reencarnacao ou Ressurreicao? 494
Rúa Dom Gerardo, 40 — 5? andar — sala 501
Tel.:{021> 291-7122
Na Ordem do Dia:
Fax (021) 263-5679
Aparicóes de Nossa Senhora:
Sim ou Nao? 505
Endereco para correspondencia:
Ed. "Lumen Christi"
Caso significativo:
Caixa Postal 2666
A conversao de Afonso
Cep 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ
Ratisbonne 511
Impressao e Encadernafao
Depoimento pessoal:
"Eu fui Testemunha de Jeová",
por Antonio Carrera 516
"MA RQUES SA RAI VA "
GRÁFICOS E EDITORES S.A.
Tels.: 1021) 2739498 /273-9447

NO PRÓXIMO NÚMERO:

"Povo Santo e Pecador" (Alvaro Barreiro). - Esterilizado Feminina (Documento


da S. Sé). - Aborto e Reencarnacao. - Tempo, Evo e Eternidade. - "Vocé sabe
quando...?". - Os Milagres de Lourdes. - "A Igreja fala sozinha"?

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA


Para renovacao de PR: ANO 1995: R$ 13,00
Para NOVA assinatura: Novembro 94 a Dezembro 95: R$ 16,00 - Número avulso: R$ 1,30
ColecaoPR (12 números 1993 sem encadernacao): R$ 13,00

-O pagamento poderá será sua escolha:*.


1. Enviar EM CARTA cheque nominal ao Mosteiro de Sao Bento do Rio de Janeiro, cruza
do, anotando no verso: "VÁLIDO SOMEIMTE PARA DEPÓSITO na conta do favoreci
do" e, onde consta "C6d. da Ag. e o N? da C/C", anotar: 0229 - 02011469-5.
2. Depósito no BANCO DO BRASIL, Ag.0435-9 Rio C/C0031-304-1 do MosteirodeS. Ben
to do Rio de Janeiro, enviando a seguir xerox da guia de depósito para nosso controle.
3. VALE POSTAL pagável na Ag. Central 52004 - Cep 20001-970 - Rio.
Sendo novo Assinante. é favor enviar carta com nome e endereco legíveis.
Sendo renovacao, anotar no VP nome e endereco em que está recebendo a Revista.
tieti ctííc a ¡
c a k "• »? a t.

Í MÁO MORRO, ENTRO NA VIDA'


A-ss.
(Sta. Teresinha de Lisieux}

0 mes de novembro lembra ao cristáo a consumapao ou a meta á qual ele tende


através da sua peregrinado terrestre: a plenitude da vida (1?/11) com a eventual puri-
f¡cacao previa (2/11). Na verdade, Sao Paulo diria que a existencia do cristao na térra é
morte cotidiana ao velho homem. para que se possa desenvolver no cristao a nova cria
tura, iniciada pelo Batismo e alimentada pela Eucaristía. Há uma troca diaria do velho
pelo novo; sim, cada vez que o cristao diz Nao ao pecado e renuncia a um prazer des re
grado, está abrindo espaco para o novo homem, que nele se vai formando. A chamada
"morte" nao é mais do que a última renuncia ao "corpo marcado pelo pecado" (cf.
Rm 8,3), para que chegue ao completo desabrochamento a nova criatura. É o que o
Apostólo sugere quando diz: "Embora em nos o homem exterior vá caminhando para
a sua ruina, o homem interior se renova dia-a-d¡a" (2Cor 4,16).

É a consciéncia disto que leva os justos nao só a nao temer a morte, mas a consi-
derá-la com santo anseio, ... anseio de quem sabe que a vida nao Ihes é tirada, mas
transfigurada. Um dos textos mais expressivos a respeito é o do mártir S. Inácio de
Antioquia (t 107), que escrevia:

"É bom para mim morrer em Cristo Jesús, melhor do que reinar até as extremi
dades da térra. É a Ele que procuro. Ele que morreu por nos; é Ele que eu quero. Ele
que ressuscitou por nos. Meu nascimento aproximase... Deixai-me receber a pura luz;
quando tiver chegado lá, serei homem" (Aos Romanos 6.1$).

"Meu desojo terrestre foi crucificado... Há em mim uma agua viva, que murmura
e que diz dentro de mim: 'Vem para o Pai' " (Ib., 7,2).

A agua viva que chama para a Casa do Pai, é o símbolo do Espi'rito Santo, con
forme Jo 7,35-37.

Sta. Teresinha do Menino Jesús, por sua vez, afirmava: "Nao é a morte que me
vira buscar, mas, sim, o Bom Deus"... "Nao morro, entro na vida... Vossa irmazinha
vos diz: 'Até breve... no céu' " (Novissima Verba).

Assim a morte nao é algo de estranho para o cristao, mas torna-se-lhe familiar pe
lo fato mesmo de que ele a vivencia todos os dias... Ele a vivencia nao como mera per-
da, pois todo Nao dito ao vetusto é simultáneamente um Sim á novidade de vida. Im
porta, pois, ao cristao tomar consciéncia de que a vida terrestre é o preámbulo da celes
te; é a semeadura da qual dependerá uma colheita mais farta ou menos'farta, de acordó
com a generosidade do semeador; é o estado de casulo, do qual sairá a borboleta já for
mada, quando o Pai julgar chegada a hora.

Desta maneira a recordado da morte, longe de entristecer, deve abrir os horizon


tes e despertar o ánimo de todos aqueles que dizem Nao á única morte que é realmen
te morte. ou seja, ao pecado.

E.B.

481
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
Ano XXXV - N? 390 - Novembro de 1994

Anovela"AVIAGEM":

FANTASMAS E ASSOMBRAQOES

Em síntese. A novela "A VÍA GEM" tem chamado a atencao para fe


nómenos mediúnicos: assombracSo, movimentacSo espontánea de carros,
motos... e reencarnacao. O presente artigo considera a assombracao do
ponto de vista da parapsicología, mostrando que nao se deve a espfritos
desencarnados nem ao demonio, mas a um traumatismo existente dentro
de urna pessoa que mora na casa "mal-assombrada" ou a freqüenta. Esse
traumatismo pode exteriorizarse mediante telergia e psicocinésia, susci
tando o tumulto e a tempestade do ambiente; o organismo humano, ao
conceber suas emocoes, emite energía; esta, em pessoas "dotadas", é tao
forte que ela se pode traduzir em movimentacSo de cadeiras, mesas e qua-
dros em torno da pessoa sensitiva.

* * *

A novela "A VIAGEM" lancou mais urna vez á consideracao do pú


blico fenómenos mediúnicos e reencarnacSo. O personagem Alexandre re-
solve "reericamar-se no filho de Raúl e Andrezza"; "enfurece caes, faz mo
tos e carros andarem sozinhos, assustando Lisa, Teo e Tato" (revista CON
TIGO! de 9/8/94, p. 37). As cenas da novela tém suscitado numerosas in-
terrogacdes. Sobre a reencarnaca*o já foram publicados varios artigos em
PR; cf. 321/1989, pp. 91-95. Neste número abordaremos a questao do
Poltergeist1 ou da casa mal-assombrada ou, ainda, dos objetos que se mo-
vem por si próprios, dando a impressSo de que um espirito do além os
im&ulsiona.

1 Em alemao, Polter significa barulho, e Geist, espirito. Donde Poltergeist


é o espirito barulhento.

482
FANTASMAS E ASSOMBRAgÓES

1. A NOVELA

A revista CONTIGO! de 9/8/94, p. 37, expde o problema nos seguin-


tes termos:

"Em 1982, o diretor Tobe Hooper assustou meio-mundo com as fortes cenas do
filme Poltergeist — O Fenómeno. A historia, repleta de efeitos especiáis, mostrava urna
menina possui'da pelas tarcas do mal, provocando as mais impressionantes situacoes.
Pedras e objetos voando. incendios espontáneos, portas e janelas batendo sem motivo
aparente sao exemplos das conseqüéncias dessa diabólica obsessao.

Alguns espiritas e especialistas em Poltergeist garantem que a novela A Viagem é


extremamente eficiente quando mostra como se manifestam essas energías do mal que
ocasionam fenómenos fi'sicos.

Desde que morreu e foi para o Vale dos Suicidas, o espirito de Alexandre (Gui-
Iherme Fontes) vem usando recursos desse tipo para se vingar dos inimigos. Urna das
primeiras vi'timas foi Dudu (Daniel Ávila), filho de Otávio Jordao (Antonio Fagundes).
Recentemente, o garoto comecou a se sentir mal e caiu da cama. No mesmo instarnte,
a palavra VINGANCA surgiu na tela de seu computador.

Em outra ocasiao, Alexandre fez com que urna moto andasse sozinha e voasse
sobre Tato (Felipe Martins) e Bia (Fernanda Rodrigues), quase atropelando os dois.
Nao satisfeito, o espirito maligno de Alexandre fez com que Téo (Mauricio Mattar)
fosse mordido por um cao enfurecido. Capítulos depois, o personagem levou outro sus
to: Téo «tava conversando com Lisa (Andrea Be 11 rao) no carro, quando os vidros su
bí ram sozinhos e as portas foram travadas. Como se nao bastasse, ele acelerou involun
tariamente o automóvel e por pouco nao sofreu um acídente.

A jornal¡sta Elsie Dubugras, redatorachefe da revista Planeta, há52anosestuda


os casos de Poltergeist no Brasil. E garante que, na vida real, esse fenómeno é muito
mais comum do que se imagina.

Segundo a especialista, em 1973 urna dessasocorrénciassinistras tomou conta dos


noticiarlos. Em urna casa do bairro do Ipiranga, em Sao Paulo, surgiram focos de incen
dio e todas as facas desapareceram. Tempos depois elas foram adiadas dentro de um
vaso. Além disso, varias roupas foram encontradas queimadas em armarios.

Anos depois, no municipio de Mogi-das-Cruzes, também em Sao Paulo, a casa de


urna familia de protestantes foi tomada por espirites obsessores:

- Eles estavam lendo um trecho da Bibliae, inesperadamente, o livro foi atirado


ao chao e destruido. O telhado da residencia comecou a voar e os sofás foram todos,
rasgados — lembra a joma lista.

Antonio Geraldo de Pádua, um dos médiuns de cura e desobsessao mais respeita-


dos do pais, cita outro caso de repercussao nacional: o de urna garotinha gaucha que,
devido á presenca de espiritos em sua casa, fazia colchóes, lencóis e objetos levitarem"

483
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

Poder-se-iam multiplicar os relatos de Poltergeist ou de corpos que se


movem "diabólicamente", como se uma entidade do além os impelisse. —
Pergunta-se: será de fato um espirito desencarnado ou um anjo mau que
intervém na Térra, assustando os homens dessa maneira?

Para responder a tais perguntas, consideraremos: .1) a psicocinésia e a


telergia; 2) o exerci'cio destas torcas no caso das casas "mal-assombradas".

2. A TELECINESIA

A movimentacá~o de corpos distantes do respectivo movente é chama


da telecinesia (tele = longe; kinéo = mover, em grego). Faz-se mediante fa-
culdades psíquicas ou ondas eletromagnéticas emitidas pelo sujeito; donde
o nome de psicocinésia que também se I he dá, usando-se entao a sigla PK
(psikapa).1

A psicocinésia pode ocorrer de maneira consciente, como veremos lo


go a seguir, ou de modo inconsciente, como se dá ñas casas "mal-assom
bradas", de que trataremos depois.

Examinemos mais atentamente o que seja a telecinesia ou psico


cinésia.

2.1. Telecinesia: que é?

A telecinesia é a movimentacao de objetos por telergta, istoé, por


uma torca tísica projetada pelo organismo de um vívente. Telecinesia é o
fenómeno como tal; telergia é a torca guiada pela mente, através da qual se
realiza a telecinesia. Hoje em dia julga-se que as nossas atividades nervosas
e musculares, assim como as emocSes, sá*o acompanhadas por atividades
elétricas. Ora a Física ensina que toda corrente elétrica produz um campo
magnético, é lógico pensar que, numa pessoa normal, esse magnetismo ti
ca imperceptfvel, mas que, em estado de transe ou de forte excitacSo, cer
tas pessoas dotadas do ponto de vista parapsicología) manifestam esse
magnetismo e a correspondente telergia.

A telergia é dirigida pelo psiquismo (consciente ou inconsciente). O


psiquismo, em cada caso, escolhe uma forma ou outra de telergia, urna

1 PK designa a mocao por faculdades psíquicas, ao passo que Psi-gama


(PG) designa o conhecimento (gnosis) por vias diferentes das costumeiras
(sensoriais);pode ser também chamado "percepcao extra-sensoria/".

484
FANTASMAS E ASSOMBRAQÓES

transformado ou outra de energía. Assim verifica-se que a telergia se apre-


senta semelhante a um fluido magnético, como dito; mas ela se apresenta
também sob a forma de um prolongamento do corpo do operador ou co
mo urna especie de pseudomembro, que se pode diversificar enormemente,
resultando no que se chama "ectoplasmia"; em tais casos, o observadora
induzido a crer que urna entidade do além se materializa e aparece neste
mundo, como afirma o espiritismo, contraditado pelas pesquisas modernas
da parapsicología.

A existencia da telergia e da telecinesia é comprovada por numerosas


experiencias, que os manuais de parapsicologia relatam; explicam científi
camente fenómenos surpreendentes que, á primeira vista, parecem resultar
de intervencoes do além. Eis alguns desses casos mais notaveis:

O Dr. Crawford submeteu a Sta. Kathleen Goligher a varias experien


cias e verificou que, mediante con cent racSo de sua mente, era capaz de le
vantar mesinhas de 4 quilos e 700 gramas ou de 2 quilos e 700 gramas, as
sim como um tamborete de um quilo e 150 gramas. Fazia-o com desem
barace rapidez e seguranca. A altitude do erguimento variava entre
20 e 30 centímetros no caso das mesinhas; o tamborete ia tao alto que al-
guém poderla passar por baixo se ¡nelinasse a cabeca. — Há, porém, casos
em que a telergia é ta~o poderosa'que consegue levantar movéis pesados a
alturas consideráveis. Assim Sta i nton M oses conseguiu levantar urna mesa
que dois homens com difículdade conseguiriam deslocar; Douglas Home
provocou o erguímento de um piano; Ochorowícz e Lehiedzinski vjram,
em pleno dia, um harmonio, que pesava mais de 100 quilos, desusar sobre
um tapete.

Conta-se também o caso do poeta francés Alfred Mussét (1810-1857);


estava gravemente enfermo e precisava de chamar alguém, mas seritiá-sé
tao fraco que nem se podia levantar, embora muito quisesse chegar pertó
da campainha para tocar. Olhava entá"o muito aflito para'a "campáihKá;
ora eis que, de repente, esta tocou... As senhoras Martillét é Clauaét'iíoñ-
firmaram o fato, pois ouviram o sinal e, pouco dépois, ob'serváram'cfije'ia
enfermeira entrava no quarto para atender ao paciente. i!' -o'-twm

Outra experiencia típica de telecinesia voluntaria deu-se em 1967 na


cidade de Leningrado, hoje Petrogrado (Rússia)iUnia mulherfoi sub'meti-
da a experiencias meticulosas, após teremos médicosaveriguado, até'me-
diante radiografías, que ela nada trazia escondido debaixo da roupa'ou'
dentro do seu corpo. A seguir, fizeram-na sentar diante de urna mesa com
as m§os estendidas, os dedos abertos em cima de urna bússola colocada no
meio da mesa; os seus músculos estavam retesados. A mulher pós-se a
olhar fixamente a bússola; o seu semblante se franzíu profundamente, dan-

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"PERGONTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

do provasnd&';quertodo.o5eu ser estava fortemente tenso. Os minutos fo-


ram passando^atsua.testaccorriam gotas de suor intenso, indicando que a
pessoa cont¡nuava>a lutar interiormente; aos poucos, a aguiha da bússola
estremeceuie-.comecou a deslocar-se numa di regio diferente. A mulher foi
dirigindo suas, mSos.num movimento circular e a aguiha foi girando com
elas, fazendo a mesma rotáceo que um ponte i ro de relógio. Em certos ca
sos, parece que o campo de atracao produzido pelo corpo humano pode
ser mais forte que o da própria Térra.

^r.OsJenórnenosda psicocinésia foram estudados com especial interesse


pelosidentistas russos, entre os quais se tornou famosa a jovem Nelya
MikhailovaoEsta, aos quatorze anos de idade, combatía no exército russo
contra os alemSes; Ferida, foi hospitalizada — o que Ihe deu a ocasiao de
manifestar as suas estranhas faculdades. Declarou ela: "Um dia eu estava
muito irritada e transtornada. Caminhava na directo de um armario, quan-
do derrapente um jarro se deslocou, caiu e se quebrou em mil pedacos".
Depois deste primeiro fato, outros muitos ocorreram: os objetos se deslo-
cavam espontáneamente, as portas se abriam e fechavam, as luzes se acen-
diam e apagavam. Todavía Nelya diferia das pessoas que provocavam tais
fenómenos em casas mal-assombradas; estas ignoram que sao causadoras
dos disturbios de assombracSo, ao passo que Nelya tinha consciéncia de
que era ela a responsável pelas alteracSes do seu ambiente; ela podia exci
tar e comandar conscientemente a sua energía, que atuava em torno déla.

Um dos primeiros estudiosos dos talentos de Nelya foi o biólogo rus-


so Eduardo Naumov, da Universidade de Moscou. Por ocasiao de um teste
realizado em seu laboratorio, Naumov espalhou por cima de'uma mesa o
conteúdo de urna caixa de fósforos; Nelya pos suas maos a girar por cima
dos fósforos, trémula pelo esforco de concentracSo que fazia; finalmente
os fósforos todos se deslocaram para urna das margens da mesa e foram
caindo sucessivamente por térra. A fim de evitar correntezas de ár e outras
interferencias, Naumov recomecou a experiencia colocando um involucro
de vidro sobre os fósforos; nao obstante, os fósforos se moveram como
dantes.-Naumov colocou ainda cinco cigarros debaixo do vidro; Nelya
mostrou que ela podia escolher entre os cinco, de modo a só por em movi
mento um dos cigarros.

Vadim Marine, que jantou com Nelya, narra o seguinte: "Achava-se


um pedaco de pío sobre a mesa, a certa distancia de Mikhailova. Concen-
trando-se, ela o olhou atentamente. Passou-se um minuto... depois ou-
tro... e o pedaco de pao comecou a deslocar-se. Chegando á margem da
mesa, moveu-se de mane ira mais rápida e regular. Mikhailova baixou a ca-
beca, abriu a boca e, como nos contos de fadas, o pao mesmo (desculpem-
me nSo ter outras palavras) Ihe saltou para dentro da boca" (o relato se

486
FANTASMAS E ASSOMBRAQÓES

acha no livro de S. Ostander e L. Schreder: "Psychic Discoveries Behind


the Iron Curtain. Englewood Cliffs, N.J. 1971).

A mais impressionante das experiencias realizadas com Mikhailova


consistiu em quebrar um ovo cru numa solucao de agua e sal a 1m80cm
de Nelya. Esta concentrou-se heroicamente sobre o ovo e, finalmente,
após meia-hora, conseguiu até mesmo separar, urna da outrá, a clara e a
gema do ovo.

Tal pessoa foi submetida a minuciosos exames médicos: verificou-se


que tinha em torno do corpo um campo magnético tao intenso que era
apenas dez vezes menos potente que o da própria Térra, emitía ondas cere-
braisdetipo singular, pois a voltagem produzida na parte de tras da cabeca
era cinqüenta vezes mais forte que a da frente. Durante a experiencia com
o ovo, o eletroencefalograma de Nelya revelou intensa excitacSo emocio
nal; o eletrocardiograma apresentou graves irregularidades, sinal de grande
inquietude; o pulso se elevou a 240 batidas por minuto, ou seja, urna cota
quatro vezes superior á normal; registraram-se elevadas porcentagens de
acucar no sangue, além de outras perturbares endocrinas, que todas ca-
racterizam a estafa. Durante os trinta minutos de experiencia, Nelya per-
deu mais de um quilo: no fim do dia, estava fraca e temporariamente cega,
sentía dores nos bracos e ñas pernas, além de tonteiras.

Ora os fenómenos ocorridos com Nelya Mikhailova supoem a acá*o da


forca de vontade da heroína a mover as faculdades psícocinéticas (o PK) da
mesma pessoa.

Tornou-se famoso no Brasil o caso de Uri Geller, israelita, que se


apresentou na televisSo a dobrar pecas de metal (por exemplo, urna chave,
urna colher...) á distancia mediante a forca do seu pensamento. Estas exi-
bicSes foram discutidas; a televisSo ná*ó fornece bases seguras para se po
der investigar o fenómeno com exatida*o; sería preciso que Uri Geller ten-
tasse reproduzir suas facanhas sob controle médico, com a exclusao de
qualquer possibilidade de truque ou interferencia estranha. Depois disto é
que se podería proferir um juízo sobre o caso.

A psicocinésia é realidade amplamente estudada por Joseph Rhine


nos Estados Unidos. Após vinte e cinco anos de testes e experiencias reali
zadas ñas mais diversas circunstancias, concluiu que "o espirito possui
realmente urna forca capaz de afetar diretamente a materia física". Rhine
julga que o número de pravas em favor da psicocinésia é tao grande que
"o simples fato de repetir os testes PK com o meropbjetivo de encontrar
mais provas do efeito PK seria inconcebível perda dé'tempo".

487
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

Oeve-se acreditar que a telergia de urna pessoa pode ser reforjada pe


ta de outras pessoas acompanhantes; dá-se entao o polipsiquismo ou polifi-
sismo. Quanto maior é o número de pessoas que assístem a um individuo
dotado, tanto mais retumbante pode ser o resultado obtido.

Passemos agora ao exame dos casos de telecinesia inconsciente e in


voluntaria.

3. AS ASSOMBRACOES

3.1. O Problema

A telecinesia inconsciente costuma ocorrer ñas casas ditas mal-assom-


bradas. Nestas muitos supoem haver um espirito desencamado perturban
do os moradores, porque está descontente com eles ou Ihes quer pedir al-
guma coisa. Até mesmo autoridades públicas aceitam esta hipótese ou, ao
menos, a divulgam. A fim de ilustrar o problema, vai aquí citada urna noti
cia extraída do JORNAL DO BRASIL de 21/8/94 e redigida por Da-
niela Matta:

CACA-FANTASMAS NO RIO

Roteiro turístico mostrará locáis de visSes misteriosas

"Portas.batendo, espectros de freirás sem cabeca e barulho de correntes sendo


arrastadas pelo chao — os cariocas nao precisam mais ir á Escocia ou Inglaterra para vi-
ver experiencias de arrepiar os cábelos. A partir de setembro, um rotjeiro criado pelo
historiador Milton Teixeira mostrará a céticos e curiosos em geral os pontos mais fan
tasmagóricos do Rio.

O roteiro, segundo Milton Teixeira - um dos maiores especialistas em historia


da cidade - inclui mais de 20 predios assombrados por 'almas desencarnadas, como o
Teatro Municipal, a Fortaleza de Santa Cruz e o Museu Histórico Nacional'. Nestes lu
gares, garante ele, é comum se escutar gritos, sussurros e pedidos de socorro. A Fortale
za de Santa Cruz, em Niterói, serviu como presidio até o Golpe de 64. Ñas celas vazias
do subterráneo, afirma ele, ouvem-se gemidos e choros.

Tiradentes - Outro predio rico em misterios é o do Museu Histórico Nacional,


antigo Arsenal da Marinha, no Centro. A atual diregao nao confirma a existencia de al
mas penadas rondando o predio, mas admite que há motivos que justificariam assom-
bracSes, lembrando que numa das celas do calabouco foi esquartejado o corpo de Ti
radentes.

Na Cihelándia está a maior concentracao de fantasmas por metro quadrado do


Rio. Quem garante é Milton Teixeira, que incluiunoseu roteiro sobrenatural o Teatro
Municipal, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes, a Cámara dos Ve-
readores e o antigo predio do Supremo Tribunal Federal (STF). A explicacao para isso

488
FANTASMAS E ASSOMBRACÓES 9

vem do sáculo 18, quando no local ocupado pela Cámara dos Vereadores existiam ruí-
ñas de urna cápela onde eram realizados cultos satánicos.

Mas que nao se pense, diz Milton Teixeira, que fantasmas so habitam construcoes
antigás. Com a palavra os funcionarios do moderno predio da Faculdade Cándido Men-
des, no Centro: muitos garantem que já ouviram gritos e barulho de areia sendo logada
no chao. A Riotur, instalada no oitavo andar, já teve um bom número de fantasmas
em seu quadro".

Entre os predios mal-assombrados do Rio de Janeiro, a noticia do


jornal menciona o Mosteiro de SSo Bento.

Que dizer a propósito?

1) Vé-se que há falta de espirito crítico em tal noticia, poiso autor


deste artigo mora no Mosteiro de Sá*o Bento do Rio e'pode assegurarque
lá nao se ouvem vozes, gemidos ou clamores misteriosos; nenhum sintoma
de assombracSfo, nem no passado, foi alguma vez registrado nessa casa. O
mesmo se deverá dizer a respeito de outros predios indicados como "as-
sombrados";

2) A fantasía popular se compraz em imaginar estórias oü lendas, es


pecialmente a propósito de casas antigás; nao é raro ouvirem-se tais rela
tos, que, na verdade, carecem de fundamento ou talvez se baseiem num fe
nómeno científicamente explicável, mas indevidamente ornamentado pela
¡maginacao dos pósteros. Há em todo ser humano o gosto latente de estó
rias maravílhosas, mais belas e ¡nteressantes do que a realidade cha ou insí
pida de cada día. "Vulgus vult decipi", já díziam os romanos; "a massa
quer ser engañada"..., ela o quer inconscientemente, levada pelo atrativo
do mundo mágico e mítico, atrativo que paradoxalmente sobrevive em nos-
sa época de racionalismo e sofisticada tecnología.

3.2. A Expl¡cacao Científica

Está averiguado que os fenómenos de casas mal-assombradas nao se


devem a fatores transcendentais, mas, sim, ao psiquismo de urna ou mais
pessoas que moram em tais casas ou as freqüentam. Tais pessoas trazem
dentro de si um problema que as agita interiormente: sa~o adolescentes ou
jovens rejeitados por seus pais ou mal-sucedidos em seus estudos, em seu
namoro, em seu trabalho... Tal situacáfo gera em seu íntimo urna tempesta-
de de sentimentos e afetos, tempestade que se exterioriza mediante a teler-
gia, provocando a tempestade do respectivo ambiente (movéis que se des-
locam, quadros que caem, lámpadas que estouram...). Explica o Pe. Edví-
no Friederichs:

"A telergia é, como todo fenómeno parapsicológico, um efeito de


psicorragia. Quando há urna dissociacSo dos tecidos, o corpo cornaca a

489
JO "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

sangrar. Temos entao a hemorragia. Quando há urna dissocíagao psíquica e


escapam indevidamente nossas foreas psíquicas, dizemos por analogía que
há urna psicorragia. A telergia é um -fenómeno de desagregacüo e liberagao
de torcas motoras, plásticas... dirigidas pe/o psiquismo" (Casas Mal-Assom-
bradas, p. 15).

Urna vez retiradas da casa "infestada" essas pessoas angustiadas, a


paz volta ao ambiente e cessa a "assombracSo". Esta explicacSo resulta da
observacSo de numerosos casos que, entre outros, o parapsicólogo Pe.
Edvino Friederichs colecionou em seu livro "Casas Mal-Assombradas. Fe
nómenos de Telergia" (Ed. Loyola). De tal obra extrai'mos os seguintes
episodios:

INCENDIOS MISTERIOSOS

"A 7 de outubro de 1974 fui atender a um caso notável de termogé-


nese, que se transformou em pirogénese. Em determinada casa da Rúa Pru
dente de Moráis, na cidade de Jundiaí, SP., originaram-se pequeños incen
dios em nove pontos diferentes. Tudo ocorreu no espago de meia-semana,
entre 30 de setembro e3de outubro, e por via misteriosa, isto é, ninguém
pos fogo em parte nenhuma. Todos os inquilinos da residencia, unanimen-
te o asseveram... Ninguém conscientemente tem a mínima recordacao de
algum ato de leviandade, desleixo ou má-¡nteng§o em relagSo a fogo. E tu
do se deu exclusivamente durante o dia, quando as empregadas estavam
presentes, e sempre de surpresa.

Dentro da residencia houve tres pequeños incendios. No. aposento das


criangas queimou parte de urna colcha. Quando deram pelo fato, conseguí-
ram apagar o fogo logo. Na cama de urna das meninas o fogo carbonizou
urna superficie de 46 centímetros sobre 33 cm do colchSo. A chama alean-
gou cerca de um metro de altura, queimando a roupa da cama, em parte.
Essa labareda já foi mais difícil de dominar, mas conseguiu-se, jogando
bastante agua em cima. Em outra ocasiao, a borda de urna cama foi car
bonizada numa faixa de 36 cm de comprímento por 35 cm de largura. Os
demais casos sucederam na garagem, ñas adjacéncias e no quartínho de
despejos.

Um armario com material de cozinha, panos, talheres, ardeu ñaparte


inferior, dañineando muitos utensilios. O curioso, porém, foi que numa
prétéleira ¡mediatamente em cima, onde, entre outras coisas, se achava
também um litro inteiro de gasolina, nada aconteceu. Verdade é que a ga
solina estava dentro de urna garrafa fechada. Urna pequeña caixa de metal,
contendo jomáis, foi duas vezes atingida pelo fogo, que se apagou sozinho,
após ter consumido o conteúdo. Urna cortina, de tres metros de compri

mo
FANTASMAS E ASSOMBRAQÓES 11

mentó por dois metros de altura, foi totalmente destruida pelas chamas. O
fenómeno mais singular, entretanto, é o de urna grande estante de notas
fiscais, atacada, por vía misteriosa, por um fogo mais violento. O fogo car-
bonizou a madeira das prateleiras, tanto do lado, como embaixo délas e,
por incrivel que pareca, apenas chamuscou os papéis...

Eis a relacao dos principáis fenómenos sucedidos naque/a casa. É bem


compreensi'vel que o casal lá residente e seus filhos estivessem preocupa
dos com tao estranhos acontecimentos.

Um Feitiqo ou os Maus Espi'ritos?

Nem urna nem outra coisa. Trata-se de um caso parapsicológico de te-


lergia, chamado termogénese ou pirogénese. Termogénese, quando produz
somente calor; pirogénese, quando produz fogo. Pelas descricóes o leitor
percebe, á primeira vista, tratar-se de um fogo dirigido, como se fora co
mandado por alguém, manejando um macaneo. Queimou em determinado
ponto, e, logo em cima, ao lado ou embaixo, permaneceu tudo intato, sem
sinal de queimadura. fncontestavelmente, um fogo diferente.. Nao é urna
queima normal. A que fator atribuir, pois, tao estranhos efeitos?

Na pesquisa por mim realizada, no intuito de desvendar o misterio,


verifiquei ser o fenómeno produzido por urna das duas empregadas da fa
milia. Antes de proceder ao re/axamento neuromuscular com as duas, in
dague/' de cada urna, em particular, se estava contente com o seu emprego,
com os donos da casa, se na familia délas, com os pais, parentes, vizinhos
ou namorados tudo ia bem, tudo em paz e harmonía...

Fiquei entao cíente de que urna délas andava muito revoltada^pm


sua situacao, muitíssímo descontente e inconformada, sumamente preocu
pada, porque nSo se dava com os pais, que a tratavam com bruialidade,e,
havia pouco, brígara e romperá com seu namorado e mil ou tros problemas
daí decorrentes. Acrescentou ainda que vivia chorando em consegüéncia
de tudo isso. Compreende-se que, para ela, havia desabado Ormundq.¿¡(Os
testes de sensibilidade que, em seguida, realizei, também reyelaramxsejhe\a
urna sensivel no mais alto grau, urna grande médium, como diriam, qs^s-
piritas. O xdo problema estava, pois, descoberto. Era ela que emitíaurna
forca física, dirigida pelo inconsciente, chamada telergia, Jorca essaftrans-
formada em calor, e por a problemática ser grande e intensa, o calorase
transformou em fogo através de um organismo em forte desequi/íbrig
físico-psíquico... .

Pois bem. Tratei de orientar e acalmar científica e religiosamente


aquela dotada, que eu identifique'! como sendo a causadora dos incendios;

491
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

dei as devidas instrucdes também a todos os membros da familia, e retirei-


me.

Como prova de que meu diagnóstico estava certo, os incendios, a par


tir daquela hora, cessaram definitivamente" (pp. 81-83).

Eis outro caso significativo (obra citada, p. 46):

Um casal foi certa vez procurar o Pe. Edvino, o marido A. com 37


anos de idade, e a esposa E. com 33 anos.

Contaram que ouviam principalmente á noite, e com freqüéncia, ba


rulhos estranhos no guarda-roupa do seu quarto de dormir. O filho peque-
no do casal também percebia os rui'dos e perguntava aos pais por que ocor-
riam. Estes davam uma resposta simples, que acalmava a enanca.

Tais barulhos comecaram quando a esposa A. conheceu um homem


que, a todo custo, se queria casar com ela, garantindo que renunciaría a
tudo para a possuir. Todavía, A., fiel ao compromisso conjugal, sempre re
cusara as propostas do pretendente. Este, porém, nao desistia: mandava
cartas, telefonava... mesmo consciente de que A. era casada. Depois de
certo tempo cessou de incomodar, vendo frustrados os seus esforcos.

Profundamente perturbado, o casal pedia uma solucao para o proble


ma, imaginando alguma ¡nfestacao diabólica ou ¡ntervencao de espirito de
sencamado:
i

Na verdade, nao foi difícil ao parapsicólogo explicar os barulhos im


pertinentes. Com efeito; comecaram desde que A. se viu assediada por um
homem importuno, que Ihe causava grande aflicao e angustia. Ora essa
problemática interior foi:se traduzindo em tempestade do ambiente, ou
seja, nos ruidos que assustavam o casal; era de notar que eles se produziam
geralmente á noite, quando o inconsciente da esposa se podia manifestar
mais livremente, sem o controle do seu consciente. Embora o pretendente
importuno tivesse desistido de sua insistencia, A. ficoú traumatizada e ex-
teriorizava sua crise mediante a telergia e a psicocinésia. — O remedio, no
caso, nao estava em aplicar exorcismo nem em pedir passes espiritas, mas,
sim, em tentar esquecer a causa do traumatismo que exercia sua influencia
sobre o psiquismo e o físico de A. Uma vez removida a imagem do passado
angustiante, cessariam os efeitos causados portal reminiscencia (conscien
te ou inconsciente).

Estas consideracoes podem bastar para dissipar qualquer ilusao a res-


peito dos fenómenos de assombrac§o. Diante do maravilhoso, o primeiro

492
FANTASMAS E ASSOMBRAQÓES 13

i'mpeto do observador é su por a intervengo de algum fator transcenden


tal; todavía a reflexao serena e aprofundada evidencia que muitas dasex-
plicacSes "místicas" dadas ao maravilhoso sSo fantasiosas e devem ceder á
elucidaba o racional dos fatos analisados.

APÉNDICE

A influencia da novela "A VIAGEM" parece nftida no caso da pessoa


que escreveu, do interior da Amazonia, urna carta á RedacSo de PR, carta
da qual v3o, a seguir, extraídos os segmentos mais interessantes:

"Eu tenho 27 anos. Sou casada há sete anos, e tenho dois filhos e um
marido, que amo muito; enfim, somos urna familia unida. Eu venho tendo
sonhos, há mu¡tos anos, que estao me deixando preocupada; sempre sonho
com alguém querendo matar-me de algum modo; nao é sempre o mesmo
sonho. Mas tem uns que conseguem me matar no sonho. É impresionante
como sao verdadeiros. Eu sinto morrendo, saindo do meu corpo em deta-
Ihes; no sonho eu vejo o meu corpo mono e no sonho meu marido está
sempre na hora da minha morte, e isto me deixa desesperada, e todas as
vezes eu acordó chorando.

Meu pai me disse que fui muito doente quando renascida. Será
que isto explica alguma coisa?

Me alembrei de um detalhe importante. Depois que eu morro, eu vejo


o meu corpo e, ¡unto de meu marido, há sempre pessoas próximas, como
minhas irmSs e cunhadas. Eu estou tao peno e, ao mesmo tempo, estou
numa vida diferente, como a gente vé na teíevisSo os artistas, mas nao con
seguimos comunicar; assim no sonho eu ve/o tSo pertinho e nao consigo
comunicar com ninguém". . .

Note-se, nesta carta, quanto segué:

1) A missivista deve ter sido doente na infancia, conforme o depoi-


mento do pai. Terá sido doenca nervosa? Doenca que explicaría a angustia
da senhora casada e dada a pesadelos?

2) A missivista fala de "renascida". Acredita el a ter vivido em outra


encarnacSo, segundo o pensamento espirita? Terá sofrido influencia es
pirita?

3) A missivista se refere explícitamente aos artistas da televisado e á


morte de alguém que julga sair do corpo e contemplar o$ sobreviventes,
como ocorre nos relatos espiritas e esotéricos, aos quais a novela "A VIA-
GEM" faz eco.

493
O dilema:

REENCARNADO OU RESSURREIQÁO?

Em síntese: A fé crista nao aceita a reencamacao, pois 1) nao há pro-


vas empíricas da mesma (ninguém sabe onde e quando levou vida pregres
sa); 2) a S. Escritura e a Tradicáío da Igreja professam a ressurreicao e nao
a reencamacao; cf. Hb 9,27.

A ressurreicao e temas conexos foram objeto de urna Declaracao da


Santa Sé datada de 17/5/79. Afirma, entre outras coisas, a ressurreicao no
fim dos tempos, e nao logo após a morte do individuo; por ocasiao desta,
a alma espiritual e ¡mortal se separa do corpo e entra em sua sorte definiti
va, aguardando a ressurreicio na consumacao da historia, por ocasiao da
segunda vinda de Cristo. A vida postuma das criaturas nao é regida pelos
criterios da etemidade (pois a eternidade só convém a quem nao tenha ti-
do comeco e nao terá fim, ou a Deus só), mas pelos criterios do evo (dura-
cao de quem teve comeco, mas nao terá fim, como é a alma humana); há,
pois, no além, urna sucessSo de atos de conhecimento e amornSo regidos
pelo tempo astronómico, mas, sim, pelo evo ou pelo tempo psicológico.

* * *

A fé crísti nao aceita a reencarnacao, pois 1) nao existem pravas em


píricas da mesma (ninguém sabe onde e quando levou vida pregressa) e 2)
a S. Escritura e a TradicSo da Igreja professam a ressurreicao e nao a reen
carnacao; cf. Hb 9,27.

A ressurreicao supSe um Deus bom, que fez a materia e o corpo hu


mano, e chama o homem a gozar da sua sorte definitiva na qualidade de
ser. psicossomático ou espiritual e corpóreo (o homem nao é um espirito
que, por castigo ou em expiacao de seus pecados, vive no corpo); Deus dá
ao homem todas as gracas necessárias para que, no decorrer desta vida, se
possa preparar para a visSo face-a-face da Beleza Infinita.

. Ao contrarío, a reencarnacSo supSe ser a materia ou o corpo cárcere


ou sepulcro (soma = sema, sepulcro, em grego), do qual o homem se deve
libertar por seus própríos esforcos (se nao o faz numa existencia terrestre,

494
REENCARNADO OU RESSURREICÁO? 16

deverá fazé-lo em outras); no caso da reencarnado fala-se de auto-soterfa,


em vez de hétero-soterfa. A reencarnacSo está muitas vezes associada aó
panteísmo (o homem seria urna centelha da Divindade envolvida na mate
ria má e tendente a se desprender da corporeidades.

A doutrina da ressurreicSo foi, mais urna vez, afirmada pelo magiste


rio da Igreja mediante urna Declaracao da Congregacao para a Doutrina da
Fé datada de 17/5/79. A fim de tornar clara a noció de ressurreicSo e as
questoes conexas, vamos, a seguir, transcrever os pontos decisivos desse
documento, aos quais se proporá breve comentario.

1. O TEXTO DOS ARTIGOS DA DECLARACÁO

Eis os sete pontos doutrinais contidos no citado documento:

"Esta Sagrada Congregado, que tem a responsabilidade de promover


e de defender a doutrina da fé, propoe-se hoj'e recordar aqui/o que a Igre/a
ensina, em nome de Cristo, especialmente quanto ao que sobrevertí entre a
morte do cristao e a ressurreicao universal:

1) A Igreja eré numa ressurreicSo dos morios (cf. Símbolo dos Apos
tólos).

2) A Igre/a entende esta ressurreicao referida ao homem todo; esta,


para os eleitos, nao é outra coisa senSo a extensao, aos homens, da própría
fíessurreicio de Cristo.

3) A Igre/a afirma a sobrevivencia e a subsistencia, depois da morte


de um elemento espiritual, dotado de consciencia e de vontade, de taima
do que o 'eu humano' subsista, embora entrementes careca do comple
mento do^ seu corpo. Para designar esse elemento, a Igre/a emprega a pala-
vra'alma', consagrada pelo uso que déla fazem a Sagrada Escritura e a Tra-
digao. Sem ignorar que este termo é tomado na Biblia em diversos signifi
cados, Ela julga, nao obstante, que nao existe qualquer razao seria para o
re/eitar e considera mesmo ser absolutamente indispensável um instrumen
to verbal para sustentara fé dos crístaos.

4) A Igreja excluí todas as formas de pensamento e de expressao


que, se adotadas, tomariam absurdos ou ininteligíveis a sua oracao, os
seus ritos fúnebres e o seu culto dos mortos, realidades que, na sua subs
tancia, constituem lugares teológicos.

5) A Igreja, em conformidade com a Sagrada Escritura, espera 'a glo


riosa manifestacSo de nosso Senhor Jesús Cristo' (cf. Constituicao 'Dei

495
"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

Verbum' I, 4), que Ela considera como distinta e diferida em relacao áque-
la condicao própría ao homem ¡mediatamente depois da morte.

6) A igre/a, ao expor a sua doutrina sobre a sorte do homem após a


morte, excluí qualquer explicacao que tirasse o sentido á Assuncao de
Nossa Senhora naquilo que ela tem de único, ou se/a, o fato de ser a glorí-
ficacSo corporal da Virgem Santfssima urna antecipacao da gloríficacao
que está destinada a todos os outros eleitos.

7) A igreja, em adesao fiel ao Novo Testamento e á Tradicao, acredi


ta na felicidade dos justos que estarSo um dia com Cristo. Ao mesmo tem-
po E/a eré numa pena que há de castigar para sempre o pecador que for
privado da visao de Deus, e aínda na repercussao desta pena em todo o
ser do mesmo pecador. E, por fim, Ele eré existir para os eleitos urna even
tual purificacSo previa á visao de Deus, a qual no entanto é absolutamente
diversa da pena dos condenados. E isto que a Igreja entende quando Ela
fala de inferno e de purgatorio".

O leitor percebe que o assunto em pauta {ressurreicao dos corpos)


nao é de ordem filosófico-racional, nem é de ordem experimental, mas se
sitúa estritamente no plano da fé.

Isto quer dizer que qualquer dúvida a respeito há de ser dirimida nao
por recurso a princi'pios filosóficos, mas por consulta ao depósito da fé,
que é. a Palavra de Deus transmitida pela Tradicao oral e pela Tradicao
escrita.

Ora a Escritura insinúa a tese da ressurreiclo dos corpos por ocasiao


da segunda vinda do Senhor ou da consumacSo dos tempos. Tenham-se em
vista os dizeres de

1Cor 15,22-24: "Assim como todos morrem em Adió, em Cristo to


dos receberao a vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primicias,
Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasiao da sua vinda. A
seguir, haverá o fim, quando Ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter
destruido todo Principado, toda Autoridade, todo Poder".

Jo 5,25.28s: "Em verdade, em verdade, eu vos digo: vem a hora -eé


agora — em que os morios ouvirSo a voz do Filho de Deus, e os que a ouvi-
rem, viverao... Nao vos admiréis com isto: vem a hora em que todos os que
repousam nos sepulcros, ouvirao a voz do Filho do homem e sairao: os que
tiverem feito o bem, para urna ressurreicao de vida, os que tiverem cometi
do o mal, para urna ressurreicao de condenacSo".

496
REENCARNAQÁO OU RESSURREICÁO? V7

ITs 4,16s: "Quando o Senhor, ao sinal dado, á voz do arcan/o e ao


som da trombeta divina, descer do céu, entao os morios em Cristo ressus-
citarao prímeiro; em seguida, nos, os vivos que estivermos lá, seremos arre
batados com e/es ñas nuvens para o encontró com o Senhor nos ares".

Quanto á Tradicá"o oral ou á Palavra de Deus viva, que bercou e


acompanha a Escritura através dos séculos, possuindo seu órgao auténtico
no magisterio da Igreja, tem professado a ressurreicao tao somente por
ocasiao da parusia. A Declaragao que estamos analisando, é precisamente a
expressSo da consciéncia que a Igreja tem desta verdade; o magisterio quis
reafirmar tal consciéncia precisamente num momento em que vinha sendo
contraditada por teorías estranhas.

2. RELENDO O DOCUMENTO. ¿.

Como dito, a Declaragao compreende sete artigos decisivos, que pas-


samos a aprofundar.

2.1. A ressurreicao dos mortos (art. 1 e 2)

Os artigos 1 e 2 reafirmam a ressurreicao dos mortos, professada por


Sao Paulo (1Cor 15) e pelo Símbolo da Fé desde as suas mais antigás for-
mulacoes.

O cristao nao é dualista nem reencamacionista. Julga que a materia


é criatura de Deus, de tal modo que ela integra a realidade do homem.este
é psicossomático, a tal ponto que nao se consuma como anjo není como
espi'rito desencarnado, mas como ser composto de espirito e materia ou de
almaecorpo.1

1 Como se compreende, o espirito nao deve ser concebido como fluido


energético ou corrente elétrica, mas, sim, como ser incorpóreo, inextenso
(sem figura, sem dimensdes, sem peso), dotado de inteligencia e vontade;
nao morre ou nao se dissolve, porque nSo é composto: Distinguimos tres
tipos de espirito:
incríado: Deus

Espirito para viver sem corpo: anjo


criado para se realizar plenamente no
corpo óu na materia: alma humana.

Vé-se, pois, que o conceito de espirito é mais ampio que o de alma.


A alma humana é espirito ou espiritual, mas nem todo espirito é alma
humana.

497
18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

A teoria da reencarnacao, afirmando que o espirito humano volta ao


corpo em sucessivas reencarnares para se purificar, é dualista; supSe ser o
corpo um cárcere ou um instrumento de punicSo. Apregoa como ideal a
definitiva desencarnacao. Ora isto nSo é cristao, nem se pode fundamentar
sobre provas objetivas.

2.2. A sobrevivencia postuma (art. 3)

Que acontece logo após a morte ou o desenlace terrestre do ser


humano?

1. O art. 39 "afirma a sobrevivencia, depois da morte, de um elemen


to espiritual, dotado de consciéncia e de vontade, de tal modo que o eu
humano subsista, embora entrementes careca do complemento do seu
corpo".

Esta afirmacSo supoe que o homem seja um composto de corpo e al


ma. Aquele, sendo material, desgasta-se. Quando já nao tem condicoes
de ser sede da vida humana, a alma se separa dele e continua a viver (so
brevive), enquanto o corpo é sepultado. A alma traz em si os constitutivos
do eu humano, isto é, consciéncia e vontade.

Esta afirmacSo da Igreja exclui diretamente a tese segundo a qual


após a morte a alma humana entra em estado de inconsciencia ou sonó,
como pensavam os israelitas de outrora e alguns autores protestantes (cf.
O. Culi man e Ph. H. Menoud...). Na verdade, a morte nao extingue a luci
dez consciente do ser humano nem a sua capacidade de aderir voluntaria
mente ao fim supremo que ele tenha escolhido.

A mesma afirmaca"o exclui também a tese da ressurreicao logo após a


morte, muito propalada em nossos dias. O texto menciona apenas a sobre
vivencia de um elemento espiritual chamado alma, sem mencionar a ¡me
diata re-uniao de alma e corpo. Esta é diferida para o fim dos tempos, co
mo se verá pouco adiante ao estudarmos os artigos 5 e 6.

A tese da ressurreicao logo após a morte carece de fundamentacSo


bíblica. As Escrituras do Novo Testamento prevéem a ressurreicSo para o
fim dos tempos; cf. 1Cor 15,22:

"Assim como todos morrem em Adao, em Cristo todos receberao a


vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primicias. Cristo; depois,
aqueles que pertencem a Cristo, por ocasiao da sua vinda". Cf. JTs 4,16.

498
REENCARNADO OU RESSURREIQÁO? 1£

2. Há quem queira defender a tese da ressurreicSo logo a pos a morte


referindo-se á antropología semita. Esta nao conhece vida consciente sem
corpo; nao admitiría a possibilidade de existencia lúcida para a alma sepa
rada do corpo. Ora, dizem, tal é a concepcao bíbiicá. A idéia de "alma se
parada do corpo" seria oriunda da filosofía grega platónica, dualista, nao
bíblica. Por conseguinte, nao poderia ser defendida numa genufna teolo
gía bíblica.

A isto respondemos:

1) A S. Escritura nao tenciona adotar determinado sistema filosófico


com exclusao de outros. Se a antropología do Antigo Testamento freqüen-
temente acentúa a corporeidade do homem, a do livro da Sabedoria admi
te alma sem corpo (cf. Sb 4 e 5) e a do Novo Testamento é assaz variada;
Sao Paulo chega a propor diversas concepcoes antropológicas, que ele n§o
procura conciliar entre si; cf. 1Ts 5,23; Gl 5,16s; 1Cor 2,11-15. Por isto é
inconsistente o argumento segundo o qual a fidelidade á S. Escritura ¡m-
poe determinada concepcao antropológica ou excluí a tese de alma separa
da do corpo.

2) Algumas correntes de pensamento gregas eram dualistas (a pitagó


rica, a órfica, a platónica...), isto é, admitiam oposicSo ontológica entre al
ma e corpo. Todavía o pensamento de Aristóteles propunha a distincSo
entre corpo e alma sem dualismo, ou seja, afirmando a uniao harmoniosa*
de corpo e alma no homem.

Alias, faz-se mister nao confundir dualismo e dualidade. O pensamen


to bíblico e cristá'o nSo é dualista (ná"o admite oposicao ontológica entre
corpo e alma), mas é dual, isto é, admite a real distincao e separabilidade
de corpo e alma, embora afirme que ambos sa"o partes complementares do
composto humano. A dualidade (que nao é dualismo) é fato obvio na
natureza: homem e mulher, dia e noite, frío e calor, verSo e invernó... '

2.3. Ressurreicao dos mortos e consumacao universal (art. 5 e 6)

1. A tese de que a ressurreicSo dos mortos nSo ocorrejogo após a


morte, mas é diferida para o momento da consumaca*o universal, vem insi
nuada pelos artigos 5 e 6 da mencionada Instrucao:

1) O artigo 6 "excluí qualquer explicacao que tire á Assuncao de


Nossa Senhora o que ela tem de único e singular" ou "o fato de ser a ante-
cipacao da glorificacSo que tocará a todos os outros eleitos".

499
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

Em conseqüéncia, se a glorificado de María é algo de único e anteci-


pativo, deve-se dizer que os outros eleitos nSo s3o glorificados, como Ma
ría, logo depois da morte, mas só o serao no fim dos tempos.

2) O artigo 5 ensina que "a gloriosa manifestacao de Nosso Senhor


Jesús Cristo é distinta e diferida em relacao áquela condicáo própria do
homem ¡mediatamente depois da morte".

Distinta... Esta afirmado opoe-se á tese que propSe a identidade do


jui'zo particular e do jufzo universal.

Diferida, isto é, postergada, adiada... Estes dizeres enfatizam a exis


tencia da chamada "escatologiá intermediaria" e afirmam que, mesmo de
pois da morte, há urna expectativa da parte do ser humano. Com outras
palavras: a morte nao dá ao ser humano a fruicao da eternidade, mas, sim,
a da imortalidade em sua forma definitiva. Tal afirmacao op6e-se á tese dé
Karl Barth e Emil Brunner, protestantes, bem como á de autores católicos,
segundo os quais a morte poe o homem fora do tempo; por conseguirte!
nao haveria distancia temporal entre a morte do indivi'duo e a consumacSo'
da historia ou a segunda vinda de Cristo.

2. Faz-se mister esclarecer nítidamente a concepcao de escatologiá


intermediaria:

1) Somente Deus é eterno e frui da eternidade. Com efeito, a eterni


dade nao é urna duracao indefinidamente longa, mas é a posse simultánea
de todo o respectivo ser ou da respectiva existencia. Ora somente Deus é
tal; só Deus nao tem passado nem futuro: só Deus possui simultáneamen
te toda a sua existencia. Nenhuma criatura goza deste privilegio, pois toda
criatura, pelo fato mesmo de ser criatura, teve comeco; urna porcao da
existencia de cada homem já passou e ná"o vpltará a ser presente (nem mes
mo depois da morte) e outra porcSo da existencia de cada homem é futura
e ficará sendo futura.

2) Com outras palavras: o ser humano, depois da morte, emancipase


do tempo ou da sucessao de dia e noite imposta pelo movimento dos as
tros, mas nem por isto entra na posse simultánea de toda a sua existencia
(peculiarídade exclusiva do Eterno ou de Deus); a existencia da criatura
emancipada do tempo é chamada o evo ou a evitemidade. No evo há su
cessao... ná"o, porém, de dias e noites ou de momentos cronológicos, mas
de atos de maior ou menor intensidade. Pódese dizer que, contemplando
a Deus face-a-face, o justo descobre sempre algo de novo; Deus só nao é
novo para si mesmo.

500
REENCARNADO OU RESSURREIQÁO? 21

Nao se deve, portanto, crer que, morrendo, o ser humano já experi


menta o que ainda deverá acontecer no fim dos tempos ou já toca a paru-
sia (a gloriosa manifestacSo de Nosso Senhor Jesús Cristo); ele a aguarda,
solidario com os irmaos que ainda realizam a historia do mundo; ele vivera
a consumacao da historia juntamente com seus irmaos que aindá s3o pere
grinos.

Alias, nao se entende que alguém, morrendo em 1994, já atinja a


consumacSo da humanidade que ocorrerá em época incerta para nos, com
a provável participaca*o de geracSes humanas que ainda nao vieramá exis
tencia real.

2.4. Céu, inferno e purgatorio (art. 7)

A morte vem a ser a passagem ou o acesso do ser humano á sua sorte


definitiva. Esta pode ser a bem-aventuránca plena ou a visao de Oeus face-
a-face ou a frustracao definitiva, chamada "inferno". O purgatorio é con
cebido como estágio previo á bem-aventuranca final para quem ainda nSo
esteja purificado de todo resqui'cio de pecado.

Vejamos de per si cada qual destes estados postumos:

1) Céu... É o encontró com o Senhor Deus sem intermediario nem


símbolo; é a contemplacao face-a-face da Beleza Infinita. O documento
em pauta chama a atencao do cristao para dois pontos importantes:

— há continuidade entre a vida presente e a postuma; a visao de Deus


face-a-face ocorrerá na proporcao do grau de amor a Deus com que cada
qual morrer; colheremos no além o que tivermos semeado no aquém;

- há também urna ruptura radical entre a realidade presente e a pos


tuma, pois o regime da fé será substituido pelo da plena luz. A visao ¡me
diata do misterio de Deus é algo que "o olho jamáis viu, o ouvido jamáis
ouviu e o coracao do homem jamáis percebeu" (1 Cor 2,9). A S. Escritura
insinúa essa realidade postuma mediante figuras, que merecem todo o res-
peito, mas devem ser tidas como tais, evitando-se a propósito os devánelos
da fantasía.

2) Inferno... O inferno nada tem a ver com imagens populares de tan


que de enxofre fumegante, nem é algo criado por Deus. Vem a sera frus-
tracSo total ou a separacSo de Deus resultante de livre opc3o da criatura
na térra.

Com outras palavras: todo ser humano foi naturalmente feito para o
Bem Infinito; este, explicita ou implicitamente, exerce um tropismo sobre

501
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

todo homem, á semelhanca do Norte que atrai a agulha magnética da bús-


sola. Se alguém, usando da sua livre vontade, diz Sim a esse Norte
(= Deus), encontra repouso e plenitude... Se, porém, voluntariamente Ihe
diz Nao e é encontrado pelo Senhor numa atitude final de repulsa consci
ente e voluntaría, terá o definitivo distanciamento de Deus. É isto que se
chama inferno; a própria criatura a ele se condena, sem que o Senhor Deus
necessite de proferir alguma sentenca.

Esse estado é definitivo e sem fim, porque a alma humana é, por si


mesma, ¡mortal. O seu estado infernal so terminaría

— se o Senhor aniquilasse a criatura (o que seria contrario á sabedo-


ria do Criador);

— se o Senhor forcasse a vontade da criatura a dizer-lhe um Sim pos


tumo, contrario á livre opcao da mesma (ora o Senhor, que deu a liberda-
de ao homem, nao Iha retira);

— se o Senhor cessassé de amar a criatura e deixasse de Ihe aparecer


como o Sumo Bem; entao o pecador se fecharía em si mesmo ou no seu
egoísmo sem experimentar a atracao de Deus. Todavía o Senhor nao pode
deixar de amar o homem, porque Ele é incapaz de se contradizer; Ele nao
pode dizer Nao após ter dito Sim; o seu amor é irreversível.

Eis o que se entende por inferno numa lúcida concepcao teológica.


Vé-se que tal estado, longe de ser incompatível com a santidade de Deus,
resulta precisamente do fato de que Deus ama a criatura,... é a ama divina
mente, isto é, sem se poder desdizer e sem poder retirar-1 he o seu amor*
cf. 2Tm 2,11-13.

3) Purgatorio... Este n3o há de ser concebido como condeñacao ou á


semelhanca do inferno. Entende-se do seguinte modo:

Se alguém ama fundamentalmente a Deus, mas é incoe rente, alimen


tando negligentemente falhas e imperfeicdes porque nao tem a coragem de
extirpá-las, urna tal pessoa, ao morrer, nao é rejeitada pelo Senhor Deus;
está voltada para Ele, embora portadora de covardia e certa tibieza. Toda
vía nao poderá passar diretamente para a visao face-a-face de Deus, pois na
presenca do Santo ná*o subsiste a mínima sombra de falha. Terá, pois, que
se purificar das escorias do pecado, fazendo na vida postuma o que por
negligencia deixou de fazer na vida presente.

Essa purif¡cacao postuma nada tem que ver com fogo. Ela se realiza
mediante arrependimento sincero, que faz o amor de Deus penetrar em to-

502
REENCARNAQÁO OU RESSURREIQÁO? 23

das as camadas da personalidade ñas quais subsistía o amor próprio desre-


grado. Pode ser ilustrada por urna lenda hindú, que assim reza:1

Certo mendigo, sentado á margem da estrada, viu certa vez a carrua-


gem do reí aproximar-se. I mediatamente pós-se a pensar que chegara o seu
grande dia, pois o monarca haveria de tirá-lo da sua miseria e Ihe daría ri
cos presentes. Aconteceu, porém, que, descendo da carruagem, o reí se Ihe
chegou e pediu-lhe um pouco de trigo! O mendigo sentiu terrível decep-
cao, mas nao se pode furtar ao soberano; catou, pois, entre os graos comi
dos na sua bolsa, o menor de todos, e o entregou ao monarca... Todavía,
quando o pobrezinho, no fim do dia, abriu a sacóla para fazer o bataneo
da jornada, verifícou que, entre seus gritos de trigo, havia um de ouro; era
o menor de todos... Compreendeu entao que fora mesquinho e que, se
ele tudo tivesse dado ao rei, estaría rico de ouro e livre de apuros. I media
tamente entao pós-se a repudiar o egoísmo e a incompreens5o; purificou-
se dos mesmos, prometendo a si nunca mais ceder aos maus sentímentos...

Esta imagem elucida, ao menos á distancia, o que se pode entender


por purif¡cacao postuma: é o repudio decido e radical de toda incoeréncia
alimentada, mais ou menos conscientemente, no decorrer da vida terrestre.
Deve-se á misericordia divina, que oferece á criatura urna ocasiao postuma
de fazer o que devia ter feito no momento oportuno, ou seja, enquanto
peregrina neste mundo. É durante a vida presente que toca á criatura pre
parar a veste nupcial, de modo a passar diretamente deste mundo á "ceia
da vida eterna".

Vé-se assim também que o conceito de purgatorio é algo de lógico e


harmonioso no contexto do sabio plano de Deus.

2.5. Sufragios pelos mortos (art. 4)

Eis o teor do artigo:

"A Igreja excluí todas as formas de pensamento e de expressSo que,


adotadas, tornarían} absurdos ou ininteligíveis a sua oracao, os seus ritos
fúnebres e o seu culto dos mortos, realidades que, na sua substancia, cons~
tituem lugares teológicos".

Com outras palavras: a Liturgia é um "lugar teológico", isto é, um


documentário que atesta a fé da Igreja e serve de referencial ao teólogo pa-

1 Temos consciéncia de que tal estória tem suas ambigüidades, mas eremos
que pode ilustrar o que seja o arrependimento postumo.

503
24 "PERPUNTE E RESPONDEREMQS" 390/1994

ra elaborar suas teses. Ora a Liturgia, desde remotas épocas, supoe a purifi-
capáo postuma, o céu e o inferno; além disto, ela professa, com a S. Escri
tura, a ressurreicao universal no fim dos tempos. Os sufragios realizados
pelos defuntos nao pretendem pedir, sem mais, ao Senhor que abrevie a esta
da dos fiéis no purgatorio (este nao é um lugar, mas um estado do qual nao se
contam días nem anos), mas rogam a Deus que o amor tibio e covarde pos-
sa penetrar até o ámago da persónalidade de quem já passou para a outra
vida. Esses sufragios podem ter efeito retroativo, aplicando-se aos fiéis
que deles necessitem e na medida em que necessitem.

De resto, a respeito do purgatorio, como também no tocante á vida


postuma em geral, a S. Igreja recomenda sobriedade de concepcoes e afir-
macoes. A fé revela o essencial e suficiente para a orientacao do cristao;
abstenham-se os fiéis e os teólogos de devaneios imaginosos.

3. CONCLUSAO

Eis, em poucas palavras, o conteúdo do documento da Congregacao


para a Ooutrina da Fé sobre a escatologia. Tenciona dirimir dúvidas e fir
mar a fé dos crístaos em pontos de importancia capital. O cristao vive mais
em funcao do futuro do que do passado. É a expectativa dos valores defi
nitivos (já presentes em germen na vida terrestre) que norteia o comporta-
mentó diario do disci'pulo de Cristo.

A S. Igreja insiste em que os teólogos, pregadores e catequistas trans-


mitam com fidelidade os ensi ñamentos da reta fé. Os teólogos nao de pes
quisar, sem dúvida, em espirito de comunhao com a S. Igreja. Quanto aos
catequistas e pregadores, abstenham-se de novidades que nao condigam
com as verdades atrás expostas.

A propósito:

BETTENCOURT, E., Curso de Novfssimos ou Escatologia, Escola


"Mater Ecclesiae", Caixa Postal 1362,20001-970 - Rio de Janeiro (RJ).

BOROS, L, Mysterium Mortis. Olten 1962.


CULLMANN, O., Immortalité de l'áme ou Résurrection des morts?
- Neuchátel - París 1956.

POZO, C, Teología del más allá. Colecao BAC n? 282. - La Edito


rial Católica, Madrid 1968.

504
Na Ordem do Oia:

APARIQOES DE NOSSA SENHORA:


SIM OU NAO?

Em símese: A Igreja sabe que a revelacao das verdades da fé séencer-


rou com a geracSo dos Apostólos. De entao por diante nenhum artigo de
fé pode ser acrescentado ao Credo. Todavía a Igreja admite a possibí/idade
de revefacoes particulares do Sagrado CoracSo de Jesús, da Virgem Maria
ou de outros Santos; tais aparícoestém por objetivo lembraraos homens a
mensagem do Evangelho, principalmente o deverde orar e cqnverter-se. —
Ao examinar tais reve/acdes, as autoridades eclesiásticas sao muito cautelo
sas, a fim de nao confundir fenómenos meramente psicológicos e parapsi-
cológicos com intervencoes do Céu. Sobre muitos casos tidos como genuí-
ñas aparicdes a Igreja tem proferido juízo negativo, desaprovando-os; so
bre outros nao se tem manifestado por nao ver razoes favoráveis oudesfa-
voráveis; em alguns poucos casos tem autorizado e fomentado a devocao
ao S. CoracSo de Jesús ou á Virgem SS., fundamentada nos frutos espiritu-
ais e nos sinais decorrentes das alegadas apangues; tal é o que se dáem Pa-
ray-Le-Monial, Lourdes e Fátima...

* * *

Tém-se multiplicado as noticias de aparicQes da Virgem SS. com reve


lagoes, mensagens e também com lágrimas, em varias partes do mundo. Al-
gumas estati'sticas revelam a freqüéncia do fenómeno: assim Bernard Billot
O.S.B. contou 232 casos entre 1928 e 1975 ocorridos em 32 países, sendo
que só na Italia 78 casos. — De 1975 a nossos días poder-se-¡am enumerar
muitos outros casos, inclusive no Brasil. Quanto aos casos de;lágrimas de
María SS., contam-se treze entre 1952 e 1972. .i

Dai' a pergunta: que atitude deve tomar um fiel católico diante de tao
dilatada onda de extraordinario? É'recomendável.dizeNhe.Sjm? Um Nao
seria falta de fé? — É o que vamos considerar ñas páginas subseqüentes.

1. A ATITUDE OFICIAL DA IGREJA

Antes do mais, convém lembrar que. se distinguem revelacao pública


e revelacoes particulares. A primeira se destina a toda a Igreja de todos os

505
26 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

tempos e lugares e é transmitida pelos Profetas, pelo Senhor Jesús e pelos


Apostólos. Ao contrario, as revelares particulares se destinam a urna pes-
soa.ou um grupo de pessoas para corroborar a fé e suscitar um reafervora-
mento dos fiéis; s3o transmitidas por homens e mulheres especialmente
agraciados; nao se ¡mpoem á fé dos católicos, mas podem merecer respeito
na medida em que a Igreja permita a sua propagacao.

A necessidade de estabelecer criterios para avahar as revelacoes parti


culares impós-se á Igreja a partir do século XV. O Concilio de Basiléia
(1431) viu-se obrigado a abordar o assunto quando tratou da canonizacao
dos Santos.

A Igreja quer ser cautelosa diante dos fenómenos extraordinarios,


pois estes se apresentam muitas vezes como algo de ambi'guo: tanto podem
ser sinais oriundos de Deus como podem ser expressSes do psiquismo hu
mano sugestionado ou doentio. Por isto a Igreja manda examinar com pre-
cisao cada caso. O resultado da pesquisa pode ser triplo:

declaracao de que, no caso, nada de transcendental pode ser apura


do, havendo mesmo indicios de sugestao ou talvez morbidez da parte dos
"videntes". Na hipótese de morbidez e elementos antiéticos (exploracao
financeira, vaidade, fraude...), a Igreja desabona a "revelacao"] Exemplo
de desabono é o Aviso ou Advertencia do S. Oficio datada de 29/1/1954,
declarando que nao consta, em absoluto, terem origem sobrenatural as
promessas que o Senhor Deus teria feito a Santa Brígida;

— reticencias ou silencio devido á falta de indicios que levem a abo


nar ou desabonar a "revelacSo"; o exame das ocorréncias nada conclui em
tais casos. Em conseqüéncia, a Igreja pede que nao haja culto público ins
pirado pelas pretensas aparicSes;

- permissao para que se divulguem a "revelacSo" e sua mensagem.


Nunca, porém, a Igreja incorpora o conteúdo de tal revelacao ao patrimo
nio da fé transmitido por Jesús Cristo e pelos Apostólos; alias, toda autén
tica reveíacSo nao pode ser mais do que a explicitacao do que já está conti-
do no deposito da revelacao pública ou nosartigos do Credo oficial. Como
dito, a revelacao pública ou das verdades de fé se encerrou com a geracao
apostólica. A fórmula exata da atitude da Igreja diante de urna revelacao
aceitável é, por exemplo, a resposta da S. CongregacSo dos Ritos ao arce-
bispo de Santiago do Chile datada de 6/2/1875; este prelado, tendo pedi
do o parecer da Santa Sé a respeito de urna aparicao ocorrida em seu país,
recebeu a seguinte resposta:

"Embora a mencionada aparícSo nao tenha sido aprovada pela Sé


Apostólica, todavía nao foi reprovada nem condenada pela mesma, mas,

506
APARICÓES DE NOSSA SENHORA: SIM OU NAO? 27

sim, permitida como objeto de fé piedosa,... fé humana1, depositada em


piedosa tradicSo (como nos referem) e confirmada por testemunhas e do
cumentos válidos" (Decreta authentica Congregationis S. Rituum t III
Romae 1900, n? 3336, p. 48).

A mesma fórmula fo¡ repetida pela Congregado dos Ritos em


12/5/1877, quando tres Bispos Ihe perguntaram se a Santa Sé havia apro-
vado as aparicSes de Lourdes e La Salette (ibidem, n? 3419, p. 79).

Por sua vez, Pió X, na enci'clica Pascendi (1907), querendo promul


gar normas em materia de culto, de reliquias e de tradicoes piedosas, ci-
tou as decisoes atrás mencionadas e as comentou brevemente.
Como se vé, na melhor das hipóteses a Igreja declara nada haver con
tra tal ou tal fenómeno de aparicSo. É claro, porém, que esta Declaracao
mesma tem peso e valor, pois sup5e um exame doutrinário serio e cau
teloso.

A título de complementacSo, observamos, que, segundo alguns teó


logos, a Igreja chegou a dar um laudo de reconhecimento positivo as apa-
ric5es do Sagrado CorapSo de Jesús a S. Margarida-Maria Alacoque em Pa-
ray-Le-Monial (ano de 1673). Com efeito; alguns documentos oficiáis da
Igreja aludem a essas aparicSes - o que parece tributar-lhes reconhecimen-
. to público; vejam-se o Breve de BeatificacSo de S. Margarida-Maria, o De
creto da CongregacSo dos Ritos datado de 1875, a encíclica Annum Sa
crum de Leao XIII sobre a ConsagracSo do género humano ao S. CoracSo
de Jesús (15/5/1899) e a encíclica Miserentissimus Redemptor de Pió XI
(8/5/1928). Pódese opinar livremente a respeito do parecer de tais teólo
gos.

Em certos casos a Igreja pode ir além de urna aprovacao negativa.


Com outras palavras: além de reconhecer que tal ou tal revelacao ná"o fere
a fé e a Moral, a Igreja pode permitir que se construa alguma cápela ou
santuario relacionado com a revelacao em foco; pode permitir que se insti-
túa urna festa litúrgica ligada aos fatos... ou que se publiquem livros e es-
tampem imagens ilustrativas; numa palavra:... pode permitir o culto pú
blico decorrente de tal aparicSo; foi o que se deu, por exemplo, com as
aparicoes de La Salette na Franca (1846), com as de Beauring (1932) e
Banneux (1933) na Bélgica, de Lourdes (1858) e Fátima (1917).

2. A RESERVA DA IGREJA

Importa registrar algumas expressoes da atitude reservada da Igreja


frente aos fenómenos de aparicSo.

1 Fé humana é o assentímento que se presta a testemunhas humanas dig


nas de crédito. Fé divina é o Sim dito a Deus que nos fala.

507
28 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

Aos 4/2/1954, Mons. Alfredo Ottaviani, entao AssessordoS. Oficio


(do qual foi posteriormente Cardeal Pró-Prefeito), escreveu um artigo no
jornal L'Osservatore Romano, no qual ponderava:

"Já há alguns anos, assistimos a um recrudescimento da paixao popu


lar pelo maravilhoso, inclusive em materia religiosa. Multidoes de fiéis se
dirigem a lugares de presumidas visoes e pretensos prodigios e abandonam,
em troca, a fgre/'a, os sacramentos, a pregagSo.

Pessoas que ignoram asprimeiras pa/avras do Credo, convertem-se em


apostólos de arden te religiosidade. Atrevem-se a falar do Papa, dos Bispos,
do clero em tom de evidente reprovagao, e se enfurecem porque os prela
dos e clérigos nao participan) das manifestares arden tes de certos moví-
mentos populares-

Nao julguemos que podemos ser religiosos de qualquer modo, é preci


so que saibamos ser corretamente religiosos. Podem existir, e existem, des
víos do senso religioso como dos demais sentimentos nossos. O senso reli
gioso há de ser orientado pela razio, alimentado pela graga, governado pe
la Igreja, como toda a nossa vida, e mais- severamente aínda. Existe urna
instrugao, urna educagao, urna formacSo religiosa. Quem combateu, com
" tanta leviandade, a autorídade da Igreja e o sentimento religioso, encontra
se atúalmente diante de explosoes impressionantes de sentimento reli
gioso instintivo, sem luz a/guma de racionalidade, sem consciéncia da gra
ca, sem controle, sem governo, isto é tao verídico que terminam em deplo-
rávef desobediencia á autorídade eclesiástica, que interveio para por o de-
vido freio. Assim aconteceu na Italia, em conseqüéncia das chamadas apa-
ricoes dé Voltago; na Franga, perante os feitos deAlpis e Bouxiéres, com
ramificagoes em Ham-sur-Sambre (Bélgica); na Alemanha, com as visoes de
Heroldsbach; nos Estados Unidos, com as manifestacoes de Necedah (La
Crosse), e poderia continuar citando exemplos em outros países, próximos
e distantes".

.Estás observantes conservam sua plena atualidade em nossos dias,


quando novos e novos exemplos de fenómenos extraordinarios se podem
apontar.

Para ilustrar a cautela necessária perante apregoadas aparicSes de


Nossa Senhora, segue-se urna lista de 26 dos casos ocorridos entre 1931 e
1950, atentamente estudados pela autorídade da Igreja:

• Ano Local - Videntes Resultado

1931 Esquizoga (Espanha) Dois meninos; Decisao negativa


depois 1 SO pessoas

508
APARICOES DE NOSSA SENHORA: SIM OU NAO? 29

Ano Local Videntes Resultado

1932 Beauring (Bélgica) Oois rapazes; tres meninas Recontiecida pelo


Bispo de Namur
(Bélgica) em 1943
1933 Banneux (Bélgica) Urna menina de 12 anos; Reconhecida pelo
oito aparicoes Bispo de Liége '
(Bélgica) ém 1949

1945 Codosera (Espanha) Urna menina de 10 anos; Sem decisao


depois IQOpessoas

1937 Heede (Alemanha) Quatro meninas de 12 a Sem decisao


14 anos;ma¡$ de 100
aparicoes

1937 Voltago-Belluno Urna jovem e algumas Decisao negativa


(Italia) meninas; varias aparicoes

1944 Bonate (Italia) Urna menina de 7 anos; Decisao negativa


12 aparicoes

1946 Pfaffenhofen Urna jovem: Sem decisao


{Alemanha) tres aparicoes

1947 He Bouchard (Franca) Varios meninos Sem decisao

1947 Bouxiéres (Franca) Um grupo de meninos Decisao negativa

1947 Tre Fontane (Roma) Um homem de 34 anos; Sem decisao


3 meninos. Varias aparicoes

1947 Fortsweiler (Alemanha) Urna muiher; oitb aparicoes Sem decisao

1947 Urucaina (Brasil) Um sacerdote Decisao negativa - '

1948 Assis (Italia) Urna multidao: Decisao negativa


"a Virgem que se move"

1948 Gimigliano. Ascoli Urna menina de 13 anos Decisao negativa


Piceno (Italia)

1948 Lipa (Filipinas) Urna postulante de 19 anos Decisao negativa

1948 Marta. Viterbo Um menino de 10 anos; Decisao'negativa


(Italia) depois, jovens e adultos;
muitas aparicóes

1948 Aspang (Austria) Um homem de 61 anos Sem decisao •

1948 Cluj (Roménia) Urna multidao Decisao negativa

509
30 "PERGUNTEE RESPONDEREMOS" 390/1994

Ano Local Videntes Resultado

1949 Fehrbach (Alemanha) Uma menina de 12 anos Decisao negativa

1949 Lublin (Polonia) Uma multidao: "a Virgem Decisao negativa


que chora"

1949 Hasznos (Hungría) Uma multidao Decisao negativa

1949 Heroldsbach (Alemanha) Quatro meninas; Decisao negativa


depois oito pessoas

1950 Acquaviva Pía tan i Uma menina de 12 anos; Decisao negativa


Caltanisetta (Italia) sete aparigóes

1950 AthisMons (Franca) Varios adultos Decisao negativa

1950 Necedah (La Crosse, Um homem Decisao negativa


Estados Unidos)

Como se depreende, em vinte anos houve 26 casos; muito significati


vo é o grande número dos mesmos ocorrídos nos cinco primeiros anos
após a segunda guerra mundial (1945-1950). Em onze desses casos, trata-
va-se de meninas de 7 a 14 anos; em seis, de meninos e rapazes; duas vezes
ocorreu um sacerdote, uma vez uma jovem postulante de CongregacSo Re-
ligosa; sete vezes, adultos; sete vezes, um grupo numeroso de videntes.

Em dezessete casos, a Igreja formulou uma decisSo negativa; em sete


casos nao chegou a se pronunciar definitivamente (o que parece pouco
abonador da autenticidade das aparicoes respectivas).

Somente em dois casos os Bispos das respectivas dioceses se exprimi-


ram favoravelmente e autorizaram o culto a Nossa Senhora no lugar das
aparicSes, com os títulos de Nossa Senhora de Beauring e de Banheux
respectivamente.

Tal listagem comprova a cautela da Igreja, que procura distinguir cui


dadosamente fatos de origem transcendental e fenómenos psicológicos me
ramente humanos.

No artigo seguinte a este, é apresentado um caso de aparicSo de


Nossa Senhora, que, após criterioso exame, mereceu reconhecimento das
autoridades eclesiásticas. Tratase de uma historia pouco conhecida, mas
muito significativa pelos frutos espirituais que ocasionou.

510
Caso significativo:

A CONVERSAO DE AFONSO RATISBONNE

Em símese: Aos 20/01/1842 deu-se um fato tido como aparicao de


Nossa Senhora que foi examinado meticulosamente pelas autoridades da
Igre/'a e mereceu reconhecimento de autenticidade. Tratase da conversao
repentina do judeu incrédulo Afonso Ratisbonne, que diz ter visto a SS.
Virgem María, em conseqüéncia do que resolveu abracar a fé católica. Pe-
diu o Batismo; fezse sacerdote jesuíta e, depois, com seu irrnao Pe. Teo
doro Ratisbonne, também judeu convertido, fundou a Congregacao dos
Padres de Nossa Senhora de Sion fo Pe. Teodoro já fundara a Congregacao
das Irmas de Sion).

0 Vicariato de Roma colheu depoimentos relativos a essa conversao


pouco depois do fato, e, após ponderaros testemunhos unánimes e as cir
cunstancias do acontecimento, declarou tratarse de urna conversao mila
grosa, devida á intercessao de María SS. 0 texto da declaracSo nao falade
aparicao da Virgem SS., mas também nSo contesta as alegacoes de Afonso
Ratisbonne, que diz ter sido agraciado pela visao de María SS. '.
■k * •

Entre as apregoadas aparipSes da Virgem SS.. existe urna que é pouco


conhecida, mas que mereceu o reconhecimento das autoridades eclesiásti
cas e até hoje tem produzido ricos frutos de espi ritualidadé e sántidáde.
Trata-se do caso de um judeu — Alphonse Charles Tobie. Ratisbonne —,
que, agraciado pela Santa MSe de Deus, se converteu ao Catolicismo e,
com seu irmá"o Teodoro (também judeu convertido e feito sacerdote), é
fundador da Congregado dos Padres de Nossa Senhora de,Sipn (a Congre
gacao das IrmSs de Sion já fora fundada pelo Pe. Teodoro). " •'

Eis, em poucas páginas, a historia dessa conversSo descrita, em parte,


pelo próprio Afonso Ratisbonne (PéreMarie).

1. OS ANTECEDENTES

Alphonse Charles Tobie Ratisbonne nasceu a 1? de maio de 1814


em Estrasburgo (Franca) como penúltimo filho de numerosa familia ju-

511
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

daica. Com a ¡dade de quatro anos, perdeu a mae, e tornou-se o "menino-


reí", cercado de carinho por todos, distinguindo-se pela espontaneidade
e a vivacidade de seus gestos. A famflia gozava de boa situacao financeira,
que Ihe proporcionava educacao esmerada, mas pouco religiosa; o judais
mo da fami'lia se reduzia a certa filantropía e generosidade para com os
ma i s carentes.

Aos dezesseís anos, perdeu seu pai e se tornou senhor do patrimonio.


Seu tío Luís, muito rico e sem filhos, o escolheu para suceder-lhe um dia
á frente de seu Banco. Só fazia urna censura a Afonso, devida ás suas fre-
qüentes viagens a Paris. Afonso mesmo reconheceu-o mais tarde:

"Ele tinha razio; eu só amava os prazeres; os negocios me impacien


ta vam, o ar dos escritorios me sufocava; eu pensava que estamos no mun
do para gozar... Nao sonhava senao com festas e distracoes e a e/as me en-
tregava com paixao" (Carta de Afonso Ratisbonne ao Sr. Dufriche-Dege-
nettes, 12/4/1842).

Em 1841 tornou-se noívo de sua sobrínha Flora Ratisbonne, judía de


fé convicta. Nao podendo casar-se de ¡mediato, dada a pouca idade da noí-
va, Afonso resolveu empreender urna viagem a Ñapóles e á ilha de Malta,
onde passaría o invernó de 1841-1842. Por engaño providencial, em vez de
se dirigir á Agencia de Viagens correspondente, foi procurar o escritorio
de víagens para Roma. A esta cidade chegou aos 6 de Janeiro de 1842.

Havia algum tempo, urna lenta evolucao se realizava em Afonso. A


incredulidade ia cedendo a urna vaga crenca em Deus, suscitada, em grande
parte, pelo convivio com a noiva. Diz ele: "A presenca de minha noiva des-
pertava em mím nao seí que sentimento de dignidade humaría; eu come-
pava a crer na ¡mortal¡dade da alma e, mais do que isso, comecei instintiva
mente a rezar. A lembranca de minha noiva elevava o meu coracSo para
um Deus que eu nao conhecia, que nunca tinha amado nem invocado"
(ibd.).

Eis aínda como Afonso mesmo descreveu seu estado de alma na épo
ca de sua conversao:

"Viví até a idade de 14 a 15 anos na religiSo hebraica, que me tinha


sido ensinada, e, a partir desta data até os 23 anos aproximadamente, viví
sem religiao alguma e mesmo sem crerem Deus, embora seguindo os senti-
mentos da moral natural, especialmente de caridade e compaixao que sen
tía em mim mesmo. Há cerca de cinco anos, comecei a me aproximar de
Deus e a trabalhar pela moralizacSo da juventude israelita, tendo inscrito
meu nome numa sociedade constituida para este fim. Há um ano, celebrei

Si 2
A CONVERSÁO DE AFONSO RATISBONNE 33

meu noivado com urna jovem israelita chamada Flore Ratísbonne, minha
sobrinha, e, como se tratasse de urna pessoa irrepreensível, senti-me incli
nado mais fortemente para a religiao judaica, que ela professava. Entretan
to as cerimónias da sinagoga nao produziam em mim nenhuma impressao
e, pelo contrario, me aborreciam. Eu sentía, cada vez mais, urna aversao
real contra o cristianismo, que considerava como idolatría, e esses sentí-
mentos aumentaram durante minha permanencia em Ñapóles".

A permanencia de Afonso em Roma excitou nele um preconceito


contra o Cristianismo, preconceito que ja despontara aos treze anos de
¡dade, quando Afonso descobriu que seu irmSo Teodoro recebera o Batis-
mo e se preparava para a ordenacSo sacerdotal.

Passamos agora a palavra ao próprio Afonso Ratisbonne; valer-nos-


emos dos depoimentos que ele prestou por ocasiao do inquérito instituido
pelas autoridades religiosas de Roma no intuito de averiguar as circunstan
cias e a autenticidade da alegada aparicao da Virgem SS.

2. A CONVERSÁO SOB 0 SINAL DA VIRGEM SS.

Em Roma, Janeiro de 1842, Afonso foi visitar um amigo católico, o


Barao Teodoro de Bussierre:

'Talamos do meu irmSo padre, de quem eu me queixei amargamente


por ele, ter batizado meu sobrinho que estava á morte. Conversamos sobre
religiao e eu manifestei minha oposigSo ás conversoes, declarando que nao
aprovava o abandono da religiao onde Deus nos tinha feito nascer e que,
alias, todas as religioes sao boas. Comuniquei-lhe o efeito que me tinha
causado o gueto e a opressao contra meus correligionarios judeus, assim
como a aversao pelas superstic&es católicas, como eu as chamava.

.'Poisbem, respondeu o Senhor de Bussierre, como vocé é um espirito


forte, nao recusará usar urna medalha que eu vou-lhe dar'. 'Eu vou usá-la,
respondí, por pura complacencia, a fim de provar que os judeus nao sao
tao obstinados quanto se diz'. As enancas comegaram a procurar um cor-
dao para colocar a medalha em meu pescogo e eu disse brincando: 'Com
isso, jé sou cató/icol...'

'Como voceé sincero, replicou o barSo de Bussierre, vou pedir-Ihe ou-


tro favor: recitar urna curta oracao a Nossa Senhora, composta por Sao
Bernardo, que comega com essas palavras: Lembrai-vos'. Consentí como
se fosse urna brincadeira que forneceria materia para o meu diario de via-
gem. Como o Senhor de Bussierre dissesse que nao possuia senao um

513
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

exemplar da oracSo, respondi-lhe que Ihe daría uma copia feita por mim e
guardaría a sua.

Ele nao quis acreditar; em prometí e guardei a oracao como prova da


supersticao católica. Quando cheguei ao hotel, copieí-a com efeito, e nada
encontrei nela de extraordinario. Mas tomei a relé-la muitas vezes, de mo
do que, sem querer, a decore!.

E/a me voltava sempre á memoria e eu nao podía deixar de repeti-la


interiormente, sem experimentar contudo uma emocao religiosa".

Eis agora o momento importante: Aos 20/01/1842 Afonso foi convi


dado para dar um passeio em Roma na companhia de Teodoro de Bussier-
re. Este, porém, Ihe pediu autorizacao para parar brevemente na ¡greja de
Santo André delle Fratte, onde Teodoro tinha que se avistar com um dos
padres da paróquia.

"Eu ihe respondí que fizesse o necessário, porque eu o esperaría. Ao


andar pela igreja, eu me senti súbitamente agitado e como que cercado de
um véu. A igreja se tornou obscura, exceto uma cápela luminosa; eu vi de
pé, sobre o altar, viva, grande, majestosa, cheia de beleza e misericordia, a
Santíssima Virgem María, como está representada na medalha milagrosa da
Imaculada Conceicao.

A esta visao, caí de joelhos, no lugar em que me encontrava, tentei


varías vezes levantar os olhos para a Santíssima Virgem, mas seu fulgor e o
respeito me fizeram abaixá-los, sem me impedir, entretanto, de sentir a
evidencia da aparicao. Fixei os olhos sobre suas mSos e netas percebi a ex-
pressao do perdao e da misericordia. Em presenca da Santíssima Virgem,
embora Efa nao me tenha dito uma única paiavra, compreendi o horror do
estado em que me encontrava, a deformidade do pecado, a beleza da re/i-
giao católica; numa paiavra, compreendi tudo.

u. 'Quandoo Sénhor de Bussierre voltou, encontrou-me de joelhos, a


cabeca apoiada na balaustrada da cápela, onde tinha aparecido a Santíssi
ma"' Virgem, banhado em lágrimas. Eu nao pude entender como, tendo
caído de-joelhos do outro lado da nave.eu me encontrava peno da balaus
trada. Acrescentarei que minhas lágrimas eram acompanhadas de um sen-
timento de gratidSo para com a Santíssima Virgem María e de compaixao
para* com a minha familia mergulhada ñas trevas do judaismo. O Senhor
Teodoro de Bussierre me levantou quase, de tal modo eu estava prostra-
do; eu Ihedisse entao chorando e tazando a/usSo ao falecido Senhor de La
Ferrónays: 'Oh\ como este senhor rezou por mim'.' O barSo de Bussierre
me interrogou diversas vezes, mas eu estava comovido e abatido demais

514
A CONVERSAO DE AFONSO RATISBONNE 35

para poder responder. Quando, sustentando-me com os bracos, efe me


conduziu para fora da igreja e me ajudou a subir no carro, perguntou-me
para onde eu desejava ir: 'Leve-me para onde quiser, respondí; depois do
que eu vi, obedeco'. 'Mas o que foi que vocé viu?'perguntou-me. 'Eu nao
posso dizer; leve-me a um confessor eeuo direi de joelhos, se ele permitir.'

■ Levou-me ao Gesü, onde contei o acontecimento ao P. de Villefort,


jesuíta, em presenca do barSo Teodoro de Bussierre. Em seguida, vimos
dois outros Padres jesuítas: o superior gerai e o Padre Rozaven...

Depois da aparicao, fui instruido concisamente sobre o batismo e a


religiao pelo Reverendo Padre de Villefort, da Companhia de Jesús. Afém
disso, l¡ um pequeño catecismo e fiz um retiro de oito dias na casa aben-
coada do Gesú. Quanto á Sagrada Eucaristía, tive um vivo sentimento (mas
nao urna visSo) da presenca real de Jesús Cristo; e, quando a recebi, precisei
ser ajudado para conseguir voltar do altar ateo meu lugar.

Passaram-se onze dias, do día 20aodia31 deJaneiro.quandorecebi


o batismo das mSos do Eminentíssimo Cardeal Vigário, na Igreja do
Gesú".

3. O INQUÉRITO E SEU RESULTADO

Aos 11 de fevereiro, o Vicariato de Roma abriu um inquérito sobre


os acontecimentos. Até o dia 12 de abril de 1842 foram ouvidas nove tes-
temunhas, que depuseram com unanimidade em favor da saúde física e
mental de Afonso Ratisbonne e da sinceridade de sua conversao instantá
nea. Aos 3 de junho de 1842 foi publicado o Decreto que reconhece a au-
tenticidade desse "admirável acontecimento"; o texto alude, por duás ve-
ves, á intercessSo da Virgem María e nao á sua aparicüo, o que nio significa
que a negué ou conteste, mas, sim, que vai de maneira realista e direta ao
cerne do que ocorreu no dia 20/01/1842. Enfatuando a "unanimidade
maravilhosa" dos depoimentos, afirma "que nada tem -mais a desejar para
reconhecer aqui a marca de um verdadeiro milagre". E concluí: "O Emi
nentíssimo Cardeal Vigário da Cidade de Romadisse, pronuncioue definiti
vamente declarou que dá testemunho pleno do verdadeiro e insigne milagre
operado por Deus infinitamente bom e onipotente, mediante a intercessSo
da Bem-aventurada Virgem María, na conversao instantánea e perfeita, de
Afonso Ratisbonne, do judaismo ao Catolicismo... 'Convertí revelar e pu
blicar as obras de Deus' (Tobias 12,7)' ".

Sem ulteriores comentarios...

515
Depoimento pessoal:

'EÜ FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ'

por Antonio Carrera

Em sfrítese: As Testemunhas de Jeová constituem urna corréate reli


giosa extremamente proselitista e autoritaria. O Sr. Antonio Carrera foi
Testemunha durante treze anos na Espanha, chegando a ocupar altos car
gos de direcSo na Congregacao. Tendo deixando a seita, narra suas experi
encias no livro "Yo fui Testigo de Jeová", do qual vSo abaixo extraídos
alguns tragos de relevo. 0 autor mostra como o autoritarismo dos dirigen
tes da CongregacSo, que se dizem inspirados por Deus, é falso, pois caem
em contradicoes freqüentes, sempre no intuito de indicar a data da vinda
visível de Cristo é Térra e da inauguracao do Reino milenar neste mundo.
Além disto, Antonio Carrera arrola numerosas proibicoes e prescricdes que
as Testemunhas de Jeová devem aceitar e cumprir, deixando assim que a
sua vida pessoal, familiar, profissionai e cívica sej'a cerceada em larga escala
para atender ás concepcoes e atividades da seita.

* * *

A Congregado das Testemunhas de Jeová (TdJ) é das mais proselitis-


tas e radicáis que existem no cenário religioso da atualidade: visitam as ca
sas, procurando "catequizar" ás familias e vender livros ou revistas. Sabem
ser insistentes e prontos para enfrentar qualguer objecao que sé Ihes faca;
tém resposta pronta ou "pré-fabricada" para resolver as dificuldades...
Já expusemos em PR 157/1973, pp. 25-42 a origem de tal Congrega-
cao; outros artigos sobre a mesma foram publicados em PR 376/1993
pp. 426-432; 344/1991, pp. 2-15; 355/1991, pp 556-562. Nesté número
proporemos o testemunho do Sr. Antonio Carrera, espanhol de Bilbao,
que escreveu o livro "Yo fui Testigo de Jeová" (Editorial Caminho, Chi
huahua, Chin, México 1992).

Apenas para introduzir o assunto, é de lembrar que as TdJ foram fun


dadas por Charles-Taze-Russell(1852-1916), nascido em Pittsburg (USA),
de familia presbiteriana. Em 1870 tornou-se adventista. Como tal, refez os
cálculos referentes á segunda vinda de Cristo, que ele assinalou para 1874
(ano em que Russell se separou do Adventismo oficial); depois, indicou-a

S16
"EÜ FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ" 37

para 1914 e finalmente para 1918. Infelizmente, porém, Russell faleceu


em 1916.

O seu sucessor foi o juiz Rutherford, que, tendo ido á Europa em


1920, ai anunciou o inicio da idade de ouro para 1925. Esse novo líder
da seita, até entSo dita "dos Estudiosos da Biblia", fez que tomasse o no-
me de "Testemunhas de Jeová". Rutherford morreu em 1942. Atualmen-
te as Testemunhas tém seu centro principal em Brookiyn (Nova lorque),
onde sao editados dois jomáis, também traduzidos para o portugués: "Tor
re de Vigia" e "Despertai-vos!".

Como dito, a seguir, extrairemos do livro de Antonio Carrera alguns


dos dados mais relevantes.

1. TRAQOS AUTOBIOGRÁFICOS

1.1. Minha desilusao como Testemunha de Jeová ■

"Meus caros leitores, pego a Deus que nunca tenham de sofrer a desi
lusao religiosa que experimentei, ao descobrir a falsidade das TdJ.Dou
grapas a Deus' por sua bondade e misericordia, pois me salvou de me
afundar no ateísmo, como costuma acontecer a quase todos os que aban-
donam a seita da 'Torre de Vigia'. Eu, que vivi na Igreja Católica durante
vinte e oito anos e depois me tornei inimigo déla, retornei ao seio da mes.
ma. Sou católico, e desejo reparar, de algum modo, o mal que fiz, escre-
vendo para alertar as ovelhas de Cristo contra os falsos profetas chamados
Testemunhas de Jeová.

Permanecí treze anos na seita, e ocupei na mesma altos cargos, cómo


dirigente. Entre outros, fui membro do Comité da Congregacao, Superin
tendente do Campo, Ministro da Escola, Conferencista em Bilbao, Duran-
go, Munguia, Guernica, Barcelona, Eibar, San Sebastian, Irun, Pamplona,
Burgos, Santander..., Organizador de assembléias e Orador ñas mesmas.

Em virtude do meu caráter entusiasta e do meu zelo propagandista,


visitei milhares de lares pregando os falsos ensinamentos da seita é fazendo
' -proselitismo: Praticamente dediquei todo o meu tempo, 'durante bs1 treze
anos passados com eles, pois só á tarefa de pregar apliquei 3.542 horas,
vendi 570 livros, 580 folhetos e 3.700 revistas. E quantas pessoas leyei
para a seita?! * " '""

1.2. Como se faz urna TdJ

Meu caso é semelhante ao de mil outras pessoas que se fizeram Tes


temunhas'. Eu vivia minha existencia normal como católico, com esposa
e meu primeiro filho. Em 1961 eu tinha 28 anos, a idade das inquietudes

517
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

religiosas. Dessa data em diante as TdJ tornaram-se novidade e noti'cia na


Espanha, e como tais atraem a curiosidade, especialmente a de pessoas
simples e carentes de formacSo religiosa e intelectual.

O anzol da 'Torre de Vigía' apanha tres tipos de pessoas: os muito


ignorantes, que sao a maioria; outras, que nao sao tao ignorantes e tém o
gosto das coisas espirituais. O terceiro grupo, o dos chamados 'pangas', é
o dos que entram na Organizacao com a esperanca de receber algum be
neficio.

O primeiro contato com as Testemunhas costuma ser deslumbrante.


Propoem o ingresso num grupo, em que, segundo eles, todas as pessoas s§o
excelentes, bondosas e amorosas em grau máximo. Ñas prime ¡ras reuniSes
atordoam o candidato com saudacoes e gentilezas; mas isto dura pouco;
depois ninguém se ocupa com ninguém a nSo ser para observar se falta ás
reunioes ou se sai com freqüéncia para visitar as casas, vendendo a literatu
ra respectiva. Oferecem a salvacSo e a vida eterna na Térra, feita paraíso
após o fim do mundo, que deve acontecer de um dia para o outro, embora
já haja mais de cem anos que o anunciam. Entao a Térra gozará de paz;
nao haverá doencas nem cemitérios, pois ninguém morrerá. Todavía, é cla
ro, ninguém se poderá salvar a menos que seja TdJ.

Desde a primeira visita ao lar, enchem a casa de livros, folhetos e revis


tas — pagos, sem dúvida — portadores da mensagem da seita. Um rnembro
desta vai instruir semanalmente o candidato, e nao o solta mais. A lavagem
de cránio que ele realiza, leva o individuo a aceitar disparates, como o de
deixar morrer um familiar, de preferencia a Ihe darem urna transfusao de
sangue. Incutem o odio contra toda religiSo e todo Governo — o que nao
deixa de acarretar urna serie de problemas. Também levam a romper com
amigos e familiares - o que resulta em mais estreita adesSo ao grupo e em
fanatismo.

Em cinco horas de reuniao semanal, além das de estudo particular, irí-


citam o candidato a pregar mais e mais e a vender livros, já que o fim do
mundo está perto. E, para que a pessoa acredite em tudo isso, dao-lhe a
Biblia das TdJ, traducSo adaptada ao modo de pensar jeovísta.

Passei treze anos escravo dessa OrganizacSo diabólica, sem vontade de


ver ou querer outra coisa senSo o que vinha das Testemunhas.

1.3. Como descobri a falsidade..

Após estar treze anos de posse daquilo que, em minha cegueira, eu jul-
gava ser um diamante valioso — a verdade das TdJ —, fiz a experiencia de
dolorosa desilusSo. Fiquei vazio espirítualmente. e passei quatro meses do-

518
"EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ" 39

ente. Entre os que viram o erro e abandonaram a seita comigo, estSo mi-
nha esposa, meus tres filhos, meu irmao Abel com sua familia, e outros.

Eis o que acónteceu:numa conversa amiga com uma Testemunha anti-


ga na seita, ela críticou os ensinamentos da mesma. Disse-me que, se eu
conseguisse ler livros antigos da OrganizacSo (nao mais editados), eu veri
ficaría uma multidao de mudancas e erras ñas suas doutrinas — embora es
tas, segundo as TdJ, sejam inspiradas por Deus. Esta conversa me deixou
cheio de dúvidas, dúvidas que se confirmaram quando pude examinar sete
livros antigos, de ano de 1918, que casualmente cairam em minhas maos.

Decidido a abandonar a CongregapSo, quis comunicar as razSes disto


a quem competía, mas nao me deixaram falar. E, sem me conceder opor-
tunidade de explicar-me, expulsaram-me, acusando-me de sectarismo. Proi-
biram a todos os membros que me falassem, sob ameaca de serem também
eles expulsos. Na verdade, já excomungaram dois, pelo único motivo de
terem falado comigo".

2. OS FALSOS PROFETAS

As TdJ próclamam ser profetas. Sao, porém, falsos profetas, porque


varias das predicSes, feitas por eles em nome de Deus, nao se cumpriram,
como se verá adiante. Apesar do desmentido dos fatos, os escritos da seita
afirmam que seus dirigentes sao "iluminados por Deus e véem a verdade
com exata harmonía"; "Deus Ihes permite entender a verdade"; as páginas
das revistas "Torre de Vigía" seriam escritas sob revelacao divina: "Jeová
escolheu a revista 'Torre de Vigía' como canal por meio do qual Elequer
levar aos homens a revelacao da vontade divina; sao reveladas as pajavras
de suas páginas". Conscientes disto, as Testemunhas afirmam que nao se
pode entender a Biblia sem, antes, ter lido os livros da Congregacao. Sá"o
dizeres de Cari Taze Russell:

"Oí seis tomos de 'Estudos das Escrituras' nSo sao meros comenta
rios das Escrituras, mas sao praticamente a própria Biblia... Aquele que se
volta para a Biblia apenas, dentro de alguns anos torna és trevas. Ao con
trarío, se lé os 'Estudos das Escrituras'com suas citacoes e nao leu nenhu-
ma página da Biblia como tal, estará na luz ao cabo de dois anos" fTorre
de Vigía, 15/9/1910).

Desta declaracao se deduz que a leitura da Biblia, sem mais, leva ás


trevas, ao passo que a leitura dos escritos de um homem leva á luz.

Diante dos evidentes erros de suas predicSes, as TdJ tentam justifi*


car-se. NSo dizem: "Equivocamo-nos", pois isto implicaría que Deus se
teria equivocado. Afirmam, porém, que Deus Ihes está dando luz e enten-

519
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

dimento progressivos, como sugere o livro dos Proverbios 4,18: "A senda
dos justos é como a luz da aurora, que día por día se torna mais clara".
Tal alegacáo, porém, nada explica, pois urna coisa é "revelacSo progressi-
va" e outra "revelacao contraditória"; urna coisa é ter aumento de luz, e
outra é trocar o foco de luz.

Vejamos alguns espécimens de falsas profecías das Testemunhas:

2.1. Fim do Mundo e Segunda Vinda de Cristo

0 primeiro cálculo das TdJ referente a tais eventos indicava o mes de


outubro do ano de 1874. Como nada aconteceu naquele ano, as TdJ afir-
maram, nao obstante, que Cristo veio, mas de modo invisi'vel; deveria apa
recer visivelmente ou corporalmente sobre a Térra em 1914. Já que tam-
bém nesse ano a predicao nao se cumpriu, as TdJ voltaram a dizer que
Cristo veio, sim, mas de modo espiritual ou ¡nvisível. O cálculo foi refeito
outras vezes, sendo entao indicados os anos de 1925 e, mais tarde, com
probabilidade, o de 1975... Todavía tém sido sempre frustradas as expecta
tivas.

O fim do Papado foi previsto para 1914...!

2.2. Ressurreicao dos Patriarcas em 1925

Em 1925 deviam aparecer, ressuscitados, os príncipes do povo de


Deus, ou seja, os Patriarcas Abraao, (saque, Jaco e outros justos. Para rece-
ber esses Príncipes, as TdJ construiram bel a mansSo, chamada "Casa dos
Príncipes" (Beth-Sarim) em San Diego (California), obra que custou
US $ 75.000, quantia fabulosa na época respectiva. A existencia dessa
mansao,nunca foi mencionada nos escritos das TdJ. Quando J. F. Ruther-
ford, o segundo presidente da Congregacao, morreu em 1942, quiseram se-
pultá-lo em tal palacio, que se tomaría um Santuario Internacional; toda
vía as autoridades municipais de San Diego nao o permitirán); por isto as
TdJ.o venderam em 1948.

2.3. O Regresso dos Judeus á Palestina

Em 1879 as TdJ afirmavam que os judeus retornariam, sim. Mas em


1932 negaram-no: nunca mais os judeus se reuniriam como nacao na Pales
tina! — A historia desmentiu a previsSo...

2.4. "O Espirito Santo nao atua mais desde 1918"

Notemos de ¡mediato que, para as TdJ, o Espirito Santo nao é a ter-


ceira Pessoa da SS. Trindade, mas é a forca de Deus personificada.

520
"EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ" 41

Eis que as TdJ afirmaram, na primeira metade do século XX, que o


Espirito Santo, antes da vinda de Jesús ao Templo em 1918, atuou como
Paráclito, Confortador, Advogado (cf. Jo 14,16s; 15,26). Todavía em
1918 o Espi'rito Santo deixou de atuar ou encerrou sua missao. Eis, po-
rém, que em 1955 a revista "Torre de Vigía" anunriou: "Assim como no
dia de Pentecostés dos tempos antigos o espirito santo foi derramado so
bre o resto judeu para reavivar o testemunho,... da mesma forma na prima
vera de 1919 houve urna efusao do espirito santo de Jeová sobre o resto
cristao como Organizacao". A mesma revista em 1968 noticiava: "Diremos
que o espirito santo nao atua em nosso favor? Nao... Desde Pentecostés de
33 o espirito santo de Jeová tem sido um auxiliar, um recordador, um
mestre, urna testemunha".

2.5. Quando foi criado Adao?

Entre 1946 e 1972, as TdJ mudaram quatro vezes a data da criacüo


de Adao. Com efeito,

Em 1947 o livro "A Verdade vos tornará livres" ensina que Adao foi
criado em 4028 a.C.

Em 1947 no livro "O Reino" indica-se a data de 4027 a.C.

Em 1956 o livro "Novos Céus" afirma que a data foi a de 4025 a.C.
(outono).

Finalmente em 1972 o livro "Babilonia a Grande" retorna á data de


4026 a.C. (outono).

Ná"o somente essas oscilacoes depSem contra a autenticidade dos


"oráculos"; o próprio fato de querer datar a criacSo do primeiro hbmem
mediante a Biblia é erróneo, pois n5o há dúvida de que a Biblia nao foi
escrita para ensinar ciencias naturais ou o saber profano.

A oscilacao da data da criacá"o de Adao está ligada ao fato de que as


TdJ esperavam para a década de 1970-80 a vinda visível de Jesús sobre a
Térra e a ¡nauguracao do reino milenar de Jesús neste mundo em toda paz
e bonanca. NSo ousavam, porém, admitir urna data precisa, visto que as
datacSes anteriores foram desmentidas pelos fatos. Imaginavam que Cristo
instauraría seu reino visivel na Térra quando se completassem 6.000 anos
após a criacSo de AdSo; o sétimo milenio da historia correspondería ao
sétimo dia da semana da criacá"o, que foi o shabbath, dia de repouso e paz
(o género humano na década de 1970-80 celebraría 6.000 anos de existen
cia correspondentes aos seis dias da criacSo!). — Ficou, porém, na consci-
éncia das TdJ a hipótese de que o ano de 1975 seria o do grande desfecho.
Eis o que se lé em "Torre de Vigía" de 1967:

S21
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"390/1994

"Que se pode dizer a respeito do ano de 1975?... Significa que o


Harmagedon se concluirá, estando Satanás preso, em 1975. É possiveñ E
possíve/l Para Deus tudo épossfvel. Devemos crerque Babilonia a Grande
será destruida em 1975? Épossfvel... mas nao é isto que estamos dizendo".
Em "Torre de Vigía" 1972 lé-se:

"Há muitas razoes para crer que em nossos tempos, provavelmente


nesta decada mesma (1970-80) se realizará o alivio permanente1. Nossa
geracSo verá o fim da atual ordem ferida por tensoes. De fato, há boas ra
zoes para esperar que urna nova ordem feita por Deus comecará dentro da
década atual (1970-80)... Por que há razoes para isto?... Ao aproximarmo-
nos do fim dos 6.000 anos da futura historia humana em meados dos anos
de 1970, existe a comovedora esperanca de um magnifico alivio".

2.6. Os 1260 dias de Daniel 12,7


EmDn 12,7 lé-se:

"Será por um tempo, tempos e metade de um tempo. E, quando se


completar o esmagamento da forca do povo santo, essas coisas todas hao
de consumarse".

A que equivalem os tres tempos e meio de Daniel?

Em 1921 Rutherford, presidente da Congregacao, ensinava que se


tratava de 1260 anos; estes devefiam ser contados a partir de 539 d.C. até
1799 d.C; sim, pois, segundo Rutherford, o ano de 539 foi o ano em que
o Papado se firmou e o de 1799 foi aquele em que NapoleSo levou o Papa
prisioneiro para a Franca e recusou ser coroado por ele — o que equivalía
a urna ferida mortal para o Papado. Assim Daniel terá previsto tal período
da historia da Igreja.

Eis, porém, que em 1961 a explicacáfo de Dn 12,7 era outra: os tres


tempos e meio significariam tres anos e meio. Equival¡am ao período que
ia da primeira metade de novembro 1914 até o mes de maio de 1918.
Outras explicantes se encontram: 1260 dias {tres anos e meio) ocor-
rentes desde 1919 até 1922 ("Torre de Vigía" 1925). Ou também: 1260
dias desde 19/10/1914 até 19/4/1918 ("Torre de Vigía" 1951).
Pódese observar que 1260 anos sSo também o espago que va¡ desde a
Hegira de Maomé em 622 (inicio da era maometana) até o surto de Moha-
med Ahmed ibu Seyyd, "o Guia Esperado", em 1882!
tt Outros varios exemplos de contradica*o podem ser apontados ñas
profecías" das TdJ. Donde se depreende que nSo tém valor, embora os
respectivos autores se dígam inspirados díretamente por Deus.

522
"EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ" 43

3. ORGANIZAQÁO DAS TESTEMUNHAS

Antonio Carrera é muito veemente ao abordar a organizacSo das


TdJ. Eis os seus dizeres em traducSo portuguesa:

3.1. Reunioes

"Os lugares de reuniao chamados 'SalSes do Reino' ná"o sSo templos


onde naja o recolhimento propi'cio á oracSo particular ou comunitaria.
Sao, antes, auditorios em que se léem e estudam nao as páginas bíblicas
diretamente, mas as revistas e os livros publicados pela Organizacao, por
tadores de citacSes tiradas da Biblia 'do Novo Mundo' (traducio própria
das TdJ)" (Yo fui Testigo de Jehová, p. 15).

"Asseguro-lhes que nessas reunioes nao age o Espirito Santo, mas


ouve-se o espirito tanto, pois se fala principalmente dos diversos métodos
para vender a enorme producao bibliográfica; para escravizar os ouvintes a
essa tarefa de vendedores a domicilio e de proselitismo desenfreado, la-
vam-lhes o cerebro nessas reunioes com a musiquinha do espirito tanto:
tantas revistas vendidas no mes, tantos livros, tantos folhetos, aumento de
vendedores, horas aplicadas a visitas domiciliares, ... tantas máquinas no
vas, novos edificios..." (ib. p. 15).

3.2. Assembléias

Periódicamente durante cada ano realizam-se grandes concentrares


de TdJ por distrito ou por país, destinadas a corroborar a fé dos mesmos.
As assembléias intemacionais ocorrem de tres em tres ou de quatro em
quatro anos.

Os participantes sao convocados pelo correio alguns meses antes da


próxima assembléia e incentivados a comparecer (ás próprias custas),
promete-se-lhes a revelacao de algo de muito importante (a data do fim do
mundo está sempre presente nos discursos das TdJ); a quem nSo participe;
se prevé o castigo de Deus ("Torre de Vigía" 1954/150 é 1958/204). Ó
fanatismo da obediencia é tal que muitos deixam seu trabaiho (sofrendo as
conseqüéncias da falta) para poder assistir ás assembléias; também aconte
ce que certas mulheres, contrariando seus esposos, partem para a assem
bléia, deixando marido e filhos em casa. "'

Em quase todas as assembléias é apresentado um livro novo, que cau


sa delirante impacto de aplausos e regozijo; a bibliografía e muitos outros
objetos (cartoes postais, frutas, pastéis, sorvetes, refrescos, café/..) sao ven
didos em grande escala. Eis um espécimen do que ocorre neste particular
segundo a revista "Torre de Vigía" 1956: em Nova lorque realizou-se urna

523
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

assembléia internacional de 19 a 26/7/1953, com a participacao de


165.829 TdJ; nesses dias foram apresentados tres livros e tres folhetos no-
vos e venderam-se 3.073.657 impressos (urna media de quase vinte por
pessoa!).

Cada participante de assembléia deve pagar seu crachá e outros docu


mentos de identificacao. Se durante um ano se reúne em diversas partes do
mundo um mi I nao de pessoas, resulta daí elevada cota de arrecadacSo.

William J. Schnell foi Testemunha de Jeová durante trinta anos; de-


pois abandonou a Sociedade e escreveu o livro "Escravo por trinta anos
na 'Torre de Vigía' ", em que narra o seguinte: á assembléia de Magdebur-
go (Alemanha) compareceu o segundo presidente, J. Franklin Rutherford;
este generosamente ofereceu o a I moco aos participantes no último día: sal-
sicha e salada de batatas. Isto valeu para Rutherford a fama de benfeitor,
e durante muito tempo as Testemunhas guardaram a recordacao do "gran
de banquete de Rutherford"; todavía os membros da assembléia esquece-
ram que nessa mesma ocasiao pagaram pelas insignias de identificacao cin-
qüenta marcos, em vez do preco normal de cinco marcos.

Conta-se ainda que na assembléia de Milao em 1963 os participantes,


ao voltarem para casa, receberam de graca urna merenda. Esta, porém, aca-
bou custando-lhes caro, porque todos se intoxicaram!

3.3. Pregacaoe Proselitismo

O grande zelo das TdJ pela propagacao de suas idéias provém do fato
de que Ihes dao a crer que o fim do mundo está i mínente e, por isto, é pre
ciso dedicar tudo o que a pessoa tem (energías, saúde, tempo e dinheiro)
para apregoá-lo ao mundo. Ñas reuniSes das TdJ pratica-se auténtica lava-
gem cerebral, que consiste em repetir as mesmas frases: "Estamos no fim
dos tempos, é preciso anunciá-lo e, principalmente, vender livros!". Na
verdade, este anuncio é falso, pois já foi algumas vezes desmentido, mas
dá bons resultados.

A pregacáo da mensagem e a venda de livros sao controladas. Cada


TdJ recebe mensalmente urna cédula, na qual registra o número de horas
aplicadas á pregacSo, o número de livros e revistas vendidas, o número de
re-visitas feitas a um(a) candidato(a). Assim podem os dirigentes averiguar
quem trábalha pouco ou com pouco empenho e estimular essa pessoa. Se
alguém deixa de sair a pregar durante algumas semanas, os servidores da
Congregacao o visitam e oferecem-se para ir com tal Testemunha; em con-
seqüéncia, a liberdade do crente é cerceada; há os que acabam aceitando a
¡ntimacSo para ir pregar, a fim de se verem livres das injuncoes da Congre-

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"EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ" 45

gacao. Esta propSe, como cota mínima, dez horas de pregacao, venda de
seis revistas, seis re-visitas e urna hora de estudo por mes. O ideal é: pregar
por cem horas ao mes ou 1.200 horas ao ano, vender cem revistas, fazer 33
re-visitas e sete tempos de estudo por mes. Todos os meios de comunica-
cao vém a ser utilizados; recomenda-se ás mulheres que tenham sempre al-
guns impressos á disposicSo para os vender ao primeiro que bata á porta de
casa (carteiro, padeiro, leiteiro, cobrador...). Se alguém alega que chega
cansado á casa no fim do dia, diz-se-lhe que vá pregar após o jantar, pois
entao é que mais provavelmente se encontram os homens em casa.

3.4. Estrutura Governante

Toda a CongregacSo das TdJ é dirigida a partir de Nova lorque, por


norte-americanos. O escritorio central tem sucursais em duzentos países; á
frente de cada urna está um norte-americano, embora oficialmente seja o
dirigente local um nativo. A hierarquia é a seguinte: 1) Jeová Deus; 2) Je
sús Cristo; 3) Classe do Escravo Fiel e Discreto; 4) Corpo Govemante;
5) Servo de Zona; 6) Servo de Sucursal; 7) Servo de Distrito; 8) Servo de
Circuito; 9) Superintendente ou AnciSo da Congregacao; 10) Servo Minis
terial; 11) Publicador.

Os Servos de Circuito visitam cada Congregacao ou grupo de quatro


em quatro meses e, numa semana de permanencia, inspecionam os arqui-
vos, as contas, os registros de reunioes, a ficha de cada pregador {em que
está assinalado o respectivo trabalho realizado mes por mes). Ao deixar
a Congregacao, está a par de tudo o que ai se faz e se deixa de fazer, de
modo que o Corpo Governante em Nova lorque pode tomar as providen
cias necessárias para estimular cada pequeña célula da Organizacao.

Em tempo de persegu¡cao, como acontecía na Espanha até 1971, as


TdJ sabem viver clandestinamente; ninguém é chamado por seu nome,
mas, sim, por um número-chave.

4. "É PROIBIDO.. ."-

A maioria dos membros da seita sao pessoas simples,, modestas, que


fácilmente podem ser di racionadas. A fim de as explorar aó máximo, a Or
ganizado I hes impSe urna disciplina férrea, marcada por proibicSes é irn-
posicoes. Estas normas tém o efeito psicológico de fazer crer ás TdJ que
sao diferentes dos demais homens e, assim, se caracterizam como os únicos'
é verdadeiros adoradores de Deus na única religiao verdádeira.

Sá"o mais de cinqüenta as proibicSes que cerceiam urna TdJ. Sejam


aqui citadas as principáis:

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46 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 390/1994

1) A TdJ nao pode ser cantor(a), jogador de futebol ou praticante de


atletismo. — Por isto o famoso tenor de ópera, chamado V.A., teve que
abandonar a carreirá para ser Testemunha.

É preciso renunciar também á música popular, pois esta leva a "ado


rar astros ou estrelas", além do qué tem letra "Bossa Nova" ou semelhante
ou talvez esteja relacionada com algum Credo religioso falso.

2) Nao é permitido vender ou comprar bilhetes de lotería. - O jogo


por dinheiro é condenado. Por isto nem os deficientes físicos recebem
autorizado para ser vendedores de bilhetes, se querem ser TdJ.

3) É proibido fumar. Quem fuma, está sujeito á excomunhao.


4) É proibido celebrar aniversario natalicio. — Na Biblia osdois úni
cos aniversariantes mencionados tornaram-se homicidas no dia do seu ani
versario; assim o Faraó do Egito (cf. Gn 40, 20-22) e Herodes o Grande
<cf. Me 6,17-29).

5) Nao se deve celebrar aniversario de casamento.

6) Nao se deve brindar alguém levantando urna taca de vinho ou


champagne, pois isto lembra as oferendas feitas a deuses pagaos.

7) Nao se deve celebrar o Natal, pois este é tido como festa paga.

8) As TdJ nao devem casar-se "fora do Senhor" ou com quem n5o


seja Testemunha.

9) As TdJ nSo devem assistir a cerimónia de casamento que nSo seja


de Testemunhas, mesrno que se trate de familiares seus.

10) Também os bailes sao proibidos, por terem origem pagS.

11) NSo é lícito apoiar Olimpíadas ou délas participar, porque estSo


relacionadas com as antigás celebracSes gregas pagSs.

12) Nao jogar xadrez, pois este é um jogo de guerra, que teve origem
há 1.400 anos. O tablado do xadrez foi a arena para batalhas entre cortes
de reís e exércitos.

13) Nao se deve dar esmola aos mendigos. Motivo: há bandos de men
digos "profissionais" que recorrem a todos os artificios para parecer ca
rentes e suscitar a compaixSo. A generosidade crista" se deixa orientar por
2Ts 3,10: "Se alguém nao quer trabalhar, também nao coma".

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"EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ" 47

14) Nao usar trajes de luto quando morre um ente querido. — 0 cris-
tío nao se deve afligir pelo falecimento de pessoas amadas.

15) As crianzas ñas escolas nao devem saudar a bandeira nem partici
par de competieses esportivas. Quando se canta o hiño nacional, nao se
devem levantar em sinal de respeito. - A reverencia ás insi'gnias da patria
(bandeira, hiño) é homenagem ao Estado. Ora todo Estado se acha sob a
influencia do Maligno.

16) É proibido tomar parte ativa ou passiva em eleicoes civis ou polí


ticas, pois a política também está sob o signo do Maligno.

17) Nao se devem apoiar campanhas caritativas, pois estas geralmente


estao ligadas a urna falsa religiao, parte da Grande Babilonia.

18) Nao se pode aceitar transfusao de sangue, nem quando a recusa


ameaca de morte. — Com efeito, dizem, o sangue é a vida, e a vida pertence
a Deus so; cf. Gn 9,4; Dt 12, 16-23; SI 30,10.

19) Nao se deve trabalhar em prol de alguma outra religiao. — Al-


guém que aceita um emprego em alguma organizacao religiosa nao jeovis-
ta, passa a fazer parte déla; adere á Grande Babilonia e deve ser expulso da
Organizacao das TdJ.

20) Nao é lícito praticar a caga ou a pesca por mero amadorismo. —


O prototipo do cacador é Nemrod (cf. Gn 10,9), que cacava para passar o
tempo, conforme urna lenda popular.

21) Nao é permitido alimentar arnizades muito estreitas por causa do


perigo de favoritismos e sectarismo.

22) Quanto a presentes, sao proibidos no Natal e no aniversario na


talicio. Se urna TdJ recebe presente em alguma dessas datas, nao o deve
retribuir.

Ñas outras datas em que seja lícito oferecer presentes, nao se deve re
velar o nome do doador do presente.

23) Ná*o é lícito romper um compromisso de casamento, ou seja, um


noivado. Isto significaría falta de matüridade.

24) Novelas de radio e televisao vém a ser desaconselhadas, pois, na


maioria, sao moralmente más.

527
:PERÓÜÑJ!EjE^ESPONDEREiyiOS" 390/1994

25) Éfpro¡bldb aos homens-servidores usar bigode ou barba.


¿Bbsf, c«iO;:HvC, • ■ - r-,: "' -'■■ .- .. .,..:■•;■
26) As mulheres nao devem usar caigas compridas.

■ 27) Naose leía o que é publicado fora da Organizado. O leitor pode-


ría ser contaminado por ¡déias religiosas heterogéneas, confiando em pen
sadores mundanos.

28) É proibido procurar hospitais confessionais religiosos para tratar


da saúde. Com efeito. tais instituicSes fazem parte da Grande Babilonia, o
imperio mundial da falsa religiao.

29) A yeneracao de imagens é idolatría. Por isto quem tem o dom de


pintar ou desenhar, deve abster-se de produzir quadros religiosos, como,
por exemplo, o do retorno do filho pródigo, pois isto poderia dar ensejo á
que alguém tropecasse e caisse na idolatría.

30) É obrigatório aos pais ensinar a Biblia aos filhos, ainda que o fa-
cam com o chicote na mSo. Por isto há casáis que possuem em sua casa
urna vara que aplicam aos filhos quando o julgam necessário.

31) É obrigatório assistir as reunioes da Congregacao; quem a elas


falta, sofrerá castigo. Lé-se na revista "Torre de Vigía" 1964/658,22 o se-
guintedepoimento:

"Ás vezes, quando me preparo para ir ás reunioes, chegam visitas


inesperadas. Se fícarmos em casa e as recébennos, deixaremos de assistir
ás reunioes, em que está o espirito de Jeová. Para nao acontecer isto, po
demos explicar que estamos ocupados nessa noite... Se nao nos desejam
acompanhar, vocé pode explicar-lhes e pedir-lhes que esperem até que vol-
ié ou, se isto nao convém, pode convidá-las para outra ocasiSo. Nao se in
timide fácilmente pela chegada de parentes ou conhecidos".

32) É obrigatório receber o Batismo das Testemunhas, sem o qual


■nao há possibilidade de salvacao.

33) A Organizacao incita seus membros a sair para pregar, mesmo


que nao o queiram ou estejam cansados. — Se o trabalho profissional é
executado por alguém mesmo a contragosto e debaixo de chuva, quanto
mais o trabalho em prol do Reino de Jeová...?!

N9o é necessário acrescentar outros itens para ilustrar o espirito pro-


sel itista e fanático das TdJ. - Por suas concepcSes, tém suscitado proble
mas e conflitos varios em familias e na sociedade civil.

Estévao Bettencourt O.S.B.

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já anunciado em números anteriores. acaba de sair dopre-
lo o índice de "pergunte e responderemos" de 1978 a 1993. apre-
senta. por ordem alfabética. os verbetes relativos aos diver
sos temas abordados pela revista. com a indicacáo do número
do fascículo e das páginas respectivas, ao mesmo tempo, é pro-
posto AOS INTERESSADOS UM SER VICO DE COPIAS: PODERÁO SER SOLICI
TADAS COPIAS DE ARTIGOS DE NÚMEROS ATRASADOS DESDE 1957. ENCO-
MENDAS E PEDIDOS SEJAM ENDEREQADOS Á EDITORA LUMEN CHRISTI,
CAIXA POSTAL 2666. 20001-970 RIO DE JANEIRO (RJ).

A REDACÁO DE PR VÁLESE DESTE ENSEJO PARA EXPRIMIR SUA PRO


FUNDA GRATIDÁO AOS COLABORADORES QUE, COM GRANDE ZELO E
ABNEGACÁO, POSSIBILITARAM A PUBLICAQÁO DO NOVO ÍNDICE DE PR.
VEM CONTINUAR A SERIE DOS ÍNDICES DE 1957 A 1977.

PRECO UNITARIO DO ÍNDICE. R$ 5.00.

INTRODUCÁO
D.-Lourengo A - SO. SOB O OLHAR DE DEUS

'de Almeida Prado 1 - Sao Bento e Sua Obra


2 - Sao Bento e sua mensagem
3 ■ A Primazia do Espiritual
4 - Hospitalidade e Apostolado
5 - Sao Bento, o trabalho e a Construcáo

Sao Bento
da Cidade Medieval
6 ■ Ensinando peta Experiencia
7 - Sao Bento e o Zelo de Amargura
8 - Feliz o que caminha na Lei do Senhor

0 EJEP B- SAO BENTO E A EDUCACÁO

9 - Sa*o Bento e o Livro

NO fEMpO
10 ■ 14 Sáculos de EducacSo
11 - O Ensino na Ordem de Sao Bento
12 - Um Educador Beneditino

C - APÉNDICE
13 ■ A ExcomunhSo na Construcáb da
RS 15,00 Unidade Monástica

Edipóes "Lumen Christi"


Pedidos pelo Reembolso postal ou conforme ¡ndicacáo na 2a capa
Novidade

■flh

TEOLOGÍA
DO EVANGELHO

BENTO SILVA SANTOS

"D. Bento Silva Santos elaborou neste livro, de maneira sistemática e, por
assim dizer, exaustiva, o sentido teológico dos grandes temas do Evangelho se
gundo Sao Joao. (...) Fundamentando-se nos subsidios da ciencia contemporá
nea, O. Bento ultrapassa os dados da exegese erudita, meramente racional, para
procurar penetrar no sentido profundo das páginas de Sao Joao. As conclusoes
teológicas a que chega sao respaldadas por vasta bibliografia, que Ihes confere so
lidez, á djferenca de elucubrares mais inspiradas pela piedade do que pela com-
preensao objetiva do texto sagrado..." (Apresentacao de O. Estévao Bettencourt,
O.S.B.).
Bento SILVA SANTOS. O.S.B. TEOLOGÍA DO EVANGELHO DE SAO
JOÁO. Aparecida (SP), Santuario, 1994,424p. Os temas tratados na obra sao os
seguintes: 1. O Amor; 2. O Antigo Testamento; 3. Eu Sou; 4. A Escatologia;
5. A "Exaltacáo" de Jesús; 6. A Humanidade de Jesús; 7. A Igreja; 8. María: Vir-
gem e Míe; 9. A Missao; 10. O Paráclito; 11. O Pecado; 12. A "Realidade" do
Juízo"; 13. Ressurreicao e Fé pascal; 14. O Simbolismo.

Edicoes "Lumen Christi"


Pedidos pelo Reembolso postal ou conforme indicacao na 2a capa ■

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