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P rojeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(¡n memoriam)
APRESENTAQÁO
DAEDipÁOON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanca a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanca e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
'." visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste site Pergunte e
Responderemos propoe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortalega
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abencoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.


Pe. Estevao Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Estevao Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.
A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaga
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
ANO XXXVI JANEIRO 1995 392

"Mostra-me a tua beleza!" (Ex 33,18)

"O momento de Cristo. A trilha da Meditacao", por John Main

"Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei", por Paulo Coelho

Relacoes Pré-Matrimoniais: Válidas?

Cursos para noivos: Que dizer?

Narcóticos Anónimos (NA)


PERGUNTE E RESPONDEREMOS JANEIRO DE 1995 i
Publicacáo mensal N? 392

Diretor-Responsável
SUMARIO
Estévao Bettencourt OSB
Autor e Redator de toda a materia
publicada neste periódico
"Mostra-me a tua beleza!" (Ex 33,18). . 1
Diretor-Administrador:
Hindui'smo-Cristianismo:
D. Hildebrando P. Martins OSB
"O momento de Cristo. A trilha da
Meditacao", por John Main 2
Administracao e distribuicao:
Edicoes "Lumen Christi"
Ecleticismo irreverente:
Rúa Dom Gerardo, 40 - 5? andar - sala 501
"Na margem do rio Piedra eu sentei e
Tel.: (0211 291-7122
chorei", por Paulo Coelho 16
Fax (021) 263-5679

Falao médico:
Endereco para correspondencia:
Relacoes Pré-Matrimoniais: Válidas? ... 25
Ed. "Lumen Christi"
Caixa Postal 2666
Reflexoes e Sugestoes:
Cep 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ
Cursos para noivos: Que dizer? 30
ImpressSo e EncadernafSo
Grupo Anónimo de Ajuda Mutua:
Narcóticos Anónimos (NA) 36

"MARQUES SA RAIVA "


GRÁFICOS E EDITORES Uda. Nova capa da autoria de Claudio Pastro,
Tels.: (021) 273-9498/273-9447 a quem PR agradece.

NO PRÓXIMO NÚMERO:

"Urna nova luz na viagem do homem". — Homem é macaco aperfeicoado?. —


"Documentos confidenciais de Joao Paulo III". - "O Sím e o Sangue". - As reve-
a María Valtorta. - Os País de Santa Teresinha de Lisieux.

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA


Para renovacáo de PR: ANO 1995: RS 13,00
Colecao PR (12 números 1993 sem encadernacao): R$ 13,00

.O pagamento poderá ser á sua escolha:.


i Enviar EM CARTA cheque nominal ao Mosteiro de Sao Bento do Rio de Janeiro, cruza
do, anotando no verso: "VÁLIDO SOMENTE PARA DEPÓSITO na conta do favoreci
do" e, onde consta "Cód. da Ag. e o N? da C/C"; anotar: 0229 - 02011469-5.
2. Depósito no BANCO DO BRASIL, Ag.0435-9 Rio C/C0031-304-1 do Mosteiro de S. Ben
to do Rio de Janeiro, enviando, a seguir, xerox da guia de depósito para nosso controle.
3. VALE POSTAL pagável na Ag. Central 52004 - Cep 20001-970 - Rio.
Sendo novo Assinante, é favor enviar carta com nome e endereco legíveis.
Sendo renovacáo, anotar no VP nome e endereco em que está recebendo a Revista.
•r '■■ v

~ "MOSTRA-ME A TUA BELEZA!" iEx 33.18)



erta vez Moisés, num gesto muito audaz, pediu a Deus que Ihe mos-
o seu kabod (cf. Ex 33,18). O termo hebraico kabod diz originaria
mente peso, densidade; este peso ou essa densidade é que fazem o valor,
a gloria e a beleza de alguém, segundo os semitas. Moisés quis ver a face
befa e fulgurante de Deus. Percebia que, afinal de contas. Ele n§o é um
Deus terrível, que afugenta, mas, sim, um Deus que atrai, porque, sendo a
Suma PerfeicSo, há de preencher as aspiracSes mais profundas do ser hu
mano. Alias, n3o é raro encontrar-se ñas literaturas extra-bíblicas antigás
a expressao dessa procura de ver a Deus.
A Moisés Deus respondeu que nao é possível ao homem contemplar
a face gloriosa de Deus e ainda permanecer em vida (cf.. Ex 33,20). Tal é
a distancia entre a santidade de Deus e a pequenez do homem que este
morreria se visse a Deus neste mundo.
Todavia o anseio natural da criatura ná"o deixará de encontrar satisfa-
cSo depois que ela se tiver purificado de todo resquicio de pecado. O pró-
prio Cristo o prometeu: "Bem-aventurados os que tém unrcoracao puro,
porque verSo a Deus" (Mrt 5,8). SSo Paulo insiste nesta verdade: "Agora
vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face.
Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou
conhecido" (1Cor 13,12). O mesmo se lé em S3o Joao: "Nos O veremos
tal como Ele é" (Uo 3,2).
É este encontró com Deus face-a-face que chamamos o céu; é portan-
to algo bem diferente do que comumente se imagina; a bem-aventuranea
celeste ná*o é urna edicSo revista, melhorada e ampliada da vida presente;
nao é parque luminoso, com fontes de agua, córregos, plantas e amigos,
mas é algo que ultrapassa longe essas concepedes materiais. O Apostólo
diz: "O que os olhos nao viram, os ouvidos nSo ouviram e o coracSo do
homem jamáis percebeu, eis o que Deus preparou para aqueles que O
amam" (1Cor2,9).
Ver a face da Beleza Infinita significa ser "insaciayelmente saciado",
como afirma S. Agostinho, isto é,... plenamente satisfeito, sem que haja o
mínimo fastio, pois Deus só nao é novo para Si; Ele será sempre novo e be-
lo para qualquer criatura.
No céu veremosrtambém os familiares e amigos que estimamos, mas...
em Deus e mediante. Deus. Dar-se-á o contrario do que ocorre na ierra;
aqui conhecemos primeiramente as criaturas, e délas passamos ao conheci
mento de Deus. Na vida celeste veremos Deus... e tudo mais á luz de Deus
ou á luz da Verdade.
Com outras palavras podemos dizer: o céu é a participacio da criatu
ra no coloquio que Pai e Fllho, no Espirito Santo (Amor), entretém entre
si. O ritmo da vida trinitaria se torna o ritmo da vida dos bem-aventurados.
Um novo ano se abre como nova oportunidade concedida pela bene
volencia do Senhor, para que os cristlos e todos os homens de boa yonta-
de se voltem, ainda mais certeiramente, para o Grande Encontró. Seja este
o referencial permanente da caminhada de todos nos em 1995!
E.B.
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
ANO XXXVI - N? 392 - Janeiro de 1995

Hindú ísmo-Cristianismo:

"O MOMENTO DE CRISTO.


A TRILHA DA MEDITAQÁO"

por John Main

Em síntese: O livro de John Main propoe aos cristaos um método de


meditagSo que mais se assemelha és técnicas de oracao hinduístas do que
aos métodos cristaos de oracao mental. Supoe, de certo modo, o panteís
mo: Deus seria atingfvel físicamente mediante a concentracao mental; o
orante, meditando, se poria na onda de Deus, e entraría em contato com o
centro do mundo que é também o centro do homem. O autor recomenda
a repeticao do mantra Maranathé; proferidas lentamente, estas sílabas des-
prendem energía, que propicia o estreito contato com a Divindade. Toda
a explanacao de John Main é acompanhada de textos bíblicos (entendidos
dentro do contexto próprio do autor) — o que dé ao leitor a impressao de
ter em maos um livro genuinamente cristao; ora isto é falso. No corpo des-
te artigo, após publicar breve comentario do livro de J. Main, transmitire
mos algumas declaracoes da Congregacao para a Doutrína da Fé relativas
á autén tica oracao crista.

* * *

John Main é um mohge beneditino que fundou o Priorado Bened¡ti


no de Montreal (Canadá). A sua comunidade de monges e leigos cultiva a
meditacao em pleno centro urbano, procurando irradiar espiritualidade.
John Main escreveu um guia simples e prático de meditacao intitulado
"Moment of Christ. The path of meditation" (Nova lorque 1986) ;1o¡ tra-
duzido para o portugués1 e tem deixado interrogacSes err. seus leitores.
Daf a oportunidade do comentario que se segué.

1 John Main, O Momento de Cristo. A Trilha da Meditacao. Traducio de


I.F.L Ferreira. - Ed. Paulinas, Sao Paulo 1992, 120x200mm, 162 pp. -
Prefacio de Laurence Freeman O.S.B., monge beneditino de Montreal
(Canadá).
"O MOMENTO DE CRISTO. A TRILHA DA MEDITACÁO" 3

1. O CONTEÜDO DO LIVRO

Pode-se dizer que John Main ensina a prática da meditacSo baseada


na repeticSo de um mantra, que deve ocorrer em circunstancias topográfi
cas e corpóreas adequadas. Eis o roteiro proposto:

"Antes de voces meditaren), ás vezes é bom escutar um pouco de mú


sica. A música nos aj'uda a esquecer as palavras, as idéias e as imagens que
antes ocupavam a nossa mente. Quando a música terminar, tentem ficar o
mais quietos possível. Sentem-se em posicao bem ereta, fechem os olhos
suavemente e em seguida, comecem a dizer a sua palavra, o seu mantra,
Maranatha, quatro sílabas igualmente acentuadas. Eis tudo o que devemos
fazer durante os vinte e cinco ou trinta minutos de nossa meditacao.

Nao pensem em Deus, nem tentem imaginar Deus, mas simplesmente


se/'am e este/am na sua presenca... Este é o caminho da meditacao: ficar-
mos quietos, concentrados num só ponto, enraizados em Deus" (p.74).

A palavra-mantra Maranatha é assim explicada:

"Aconselho que voces fechem os olhos cuidadosamente e, em segui


da, comecem a dizer a sua palavra. A palavra que sugerí que voces digam, é
a palavra Maranatha. É uma palavra aramaica e sua importancia reside no
fato de que ela é uma das mais antigás oracoes cristas que existem, e pos-
sui o som correto para introduzir-nos no silencio e na quietude necessários
para a meditacao. A f está tudo. Sentem-se em posicao ereta e permanecam
assim sentados. Depois, em meio a uma quietude crescente do corpo e do
espirito, digam sua palavra: Ma-ra-na-tha" (p. 20).

Levem-se em conta ainda as seguintes instrucSes:

"A esséncia da meditacao e a arte da meditacao consistem simples-


mente em aprender a dizer essa palavra, recitá-la, repeti-la desde o comeco
até ofim da meditacao. £ muito simples dizé-la assim: Ma-ra-na-tha. Qua
tro sílabas igualmente acentuadas. A maioria das pessoas dizem a palavra
em combinacao com sua respiracao; isto, porém, nSo é essencial. A.essén
cia requer que vocé diga a palavra do principio ao fim e continué a dizé-
la direto ao longo de seu tempo de meditacao. A pronuncia deveria ser
convenientemente lenta, convenientemente rítmica: Ma-ra-na-tha. E isto
é tudo o que é preciso saber para meditar. Vocé tem uma palavra, vqcé
diz a sua palavra e permanece quieto" (pp. 15s).

0 afeito da repeticao do mantra é por o individuo em harmonía con


sigo mesmo, com o mundo exterior e com o próprio Deus. Veremos adi-
ante que tal concepcSo é derivada do panteísmo hindúísta.
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

O mantra tem um efeito físico semelhante ao do quartzo, que é ca


paz de captar os sinais de urna emissora de radio; ele nos pSe "na freqüén-
cia de Deus". Veja-se a explanado desta concepcao ás pp. 159s do livro:

"Em urna 'encarnacSo' anterior — isto é, antes de eu me tornar mon-


ge — trabalhei no Servico Regional da Inteligencia; e urna das tarefas que
tive de desempenhar, foi a de loca/izar estacoes de radio mantídas pelo ini-
migo. E nos queríamos sintonizar nossos receptores com e/es, mas o ini-
migo era muito esperto e, se eles estivessem operando com urna freqüén-
cía de noventa metros, aos oitenta e nove metros emitiam urna.onda,
um sinal; aos noventa e um enviavam outro. Assim sendo, para sintonizar
exatamente com a estacao deles, voces teriam que ter urna capacidade de
captacao extremamente aguda no seu radio. Mas nos gostávamos de pensar
que éramos tao espertos quanto o inimigo e, quando descubríamos as fre-
qüéncias em que eles estavam operando, apanhávamos cristais de quartzo
e introduzfamos o cristal em nosso receptor.^Nosso receptor iría entao
captar o sinal deles no momento exato e nenhum dos artificios por eles
usados nele poderia interferir.

Eu estava justamente pensando nisto no outro dia, quando me veto a


idéia de que o mantra é muito parecido com o cristal de quartzo. O ini
migo que todos nos temos que enfrentar, nosso ego, está enviando todos
os tipos de sinais contrarios sobre a amplitude da onda de Deus e o que
nos temos que fazer é captar exatamente a 'freqüéncia de Deus', ou, pelo
menos, o mais exatamente possfvel.

Como todos voces sabem por experiencia própria, o mantra nao é


mágico. Nao é um truque nem um passe de mágica; e aprender a dizer o
seu mantra significa aprender a seguir urna maneira de vida em que tudo
em sua vida fica sintonizado com Deus. E por isso, em certo sentido, tudo
em sua vida fica sintonizado com o mantra".

Quem sintoniza com Deus, pode.chegar á unidade com o Absoluto


ou á divinizado;cf.p.69.

0 autor usa freqüentes expressQes que sugerem o panteísmo, ou seja,


a doutrina de que a Divindade, o mundo e o homem sao urna só realidade:

"Trata-se da realidade da presenca de Jesús dentro de nos. É a reali


dade da presenca do seu Espirito, que habita em nos. A maravilha real da
vida crista é que cada um de nos é chamado a viver desta realidade, a viver
da parte eterna do nosso ser. As duas grandes paiavras cristas que se refe-
rem a este viver do eterno, sao meditajcao e contemplacao...
"O MOMENTO DE CRISTO. A TRILHA DA MEDITAgÁO" 5

Temos que tentar proclamar ao mundo que nosso destino éo de ser-


mos assim divinizados, tornando-nos um só com o Espirito de Deus. A di-
vinizacao é algo que supera totalmente a nossa imaginacao e todas as nos-
sas po téncias de inteligencia para compreender" (pp. 68s).

"Na meditacao encontramos nosso ponto, nossa posicSo no cosmo.


E, na tradigao e na visao crista da meditacao, cada um denos temseu lu
gar único. Podemos descrever este lugar de varias maneiras. Agora quero
apenas sugerir que este lugar é encontrado quando um de nos está enraiza
do em Deus, enraizado no centro de toda a criacao, de toda a energía e de
todo o poder" (p. 73).

"... percepcao que sugere em voces pelo fato de se acharem em har


monía com voces mesmos e, gradualmente, em harmonía com toda a cría-
cao. A experiencia da meditacao coloca-os em ressonáncia com a vida"
(p. 137).

"0 homem ou a mulher verdaderamente espiritual é a pessoa que se


acha enraizada em si mesma de modo tal que se acha apta a entrar em sin
tonía com tudo e com todos. A finalidade plena da peregrinacao espiritual
consiste em entrar em profunda sintonía consigo mesmo, com o próximo,
com o universo e com Deus" (p. 138).

A meditacao efetuada de maneira perseverante e sistemática desenca-


deia no individuo urna "energía divina", que o autor caracteriza com am
bigú idade:

"As conseqüéncias ou resultados da meditacao sao exatamente esta


plenitude de vida: harmonía, unidade e energía, urna energía divina que en
contramos em nosso coracao, em nosso1 espirito. Esta energía é a energía
de toda a criacao. Como Jesús nos diz, tratase da energía que é amor"
(p.28).

0 livro inteiro de John Main discorre sobre tal temática, repetindo


com sinónimos e frases equivalentes as mesmas idéias. Vejamos o que pen
sar a propósito.

2. QUE DIZER?

2.1. Mantra .

1. Mantra é vocábulo sánscrito usual na filosofía religiosa e no tantra


(uso, trama) do hindú femó. Etimológicamente, man-tra é "instrumento
para pensar". Vem a ser urna palavra ou urna fórmula sagrada que provoca
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

urna vibracSo interna do individuo e o p6e em contato com a energia es-


parsa pelo cosmo; produz efeitos de sintonía com o universo. Diz-se que
tem poder mágico; é divino como a Divindade que o mantra exprime. A
concepcao subjacente é que o homem, o mundo e a Divindade constituem
urna grande rede de energia; a pessoa deve procurar sintonizar ou colocar
se na onda de Deus para se encontrar com Deus e atingir o seu grande
centro: Deus (a Divindade), o centro do universo e o centro da pessoa
humana. Já que o mantra confere beneficios e poderes a quem o profere,
o mestre sopra no ouvido do discípulo que se inicia, o mantra secreto;
assim ele despena as energías latentes ou shakti do discípulo. O mantra
era tido como todo-poderoso em certos grupos hindúfstas, como se de-
duz dos dizeres abaixo:

"O universo está sob o poder dos deuses; os deuses estao sob o
poder dos mantras; os manirás estao sob o poder dos Brahmanes; por isto
os Brahmanes sa"o nossos deuses" (Dubois, Hindú Manners and Customs,
Oxford 1906, p. 139).

Os mantras acompanham todos os ritos religiosos hinduístas; safo par


te integrante de toda cerimdnia doméstica. Assumem variadas formas: ás
vezes sa*o fórmulas para conjurar a Divindade em que a pessoa acredita ou
que é tida como competente para resolver o problema do orante; ás vezes
tém valor profilático frente a ameacas de males e apotropaico (afugentam
calamidades).

Como se vé, o mantra está relacionado com energia física, energia


cósmica e com concepcSes panteístas (verdade é que também há resqui
cios de politeísmo nos livros sagrados do hinduísmo).

0 mantra iríais famoso sa*o as sílabas om ou aum. Este som é o sím


bolo, por excelencia, da realidade ¡ndiferenciada que está subjacente aos
fenómenos.ou as aparéncias deste mundo. Dizem os Upanishad ou livros
sagrados do hindufsmo: "Esta sílaba é a coisa suprema" (Katha Upanishad
2,16) ou ainda: "Como as folhas se enfileiram ao longo de um caule, que
as perpassa todas, assim também toda palavra se funde no som OM. 0
som OM é todo este universo" (Chandogya Upanishad 6,23,4).

2. Ora quem le o livro de John Main reconhece, sem dificuldade, que


adota as técnicas de meditacao hinduístas, centradas sobre o mantra, re-
vestindo-as de vocabulario cristSo. Assim o mantra recomendado é Mará-
nathá ("Senhor, vem"; cf. 1Cor 16,22; Ap 22,20), pronunciado distinta e
lentamente, estando o corpo na postura exata para que os efeitos físicos
correlativos se possam desencadear. O autor cita com certa freqüéncia a
"O MOMENTO DE CRISTO. A TRILHA DA MEDITACÁO" 7

Biblia, numa tentativa de mostrar a harmonía da sua teoría com o texto


sagrado.

Assim no prefacio do livro o monge Laurence Freeman O.S.B. obser


va: "Há sempre uma citacSo do Novo Testamento ora no comeco ora no
fim da palestra" (p. 6). De fato, no comeco ou no fim de quase cada capí
tulo do livro en contra-se uma citacao do Novo Testamento: assim á p.24,
2Cor 5,14s; á p.29, Fl 3,8.10s.21-4,1; á p.35. Jo 8,31s; á p.42, Ef 2,17s...
Isto dá um colorido cristao ás explanares do autor. Ó prefacio do livro
descreve o roteiro de uma sessao de meditacSo orientada por John Main;
a afluencia de pessoas interessadas é grande e os resultados sao satisfató-
rios, como dizem os participantes. Todavia a filosofía subjacente a essas téc
nicas de oracao nao é crista, mas panteísta; ela pode produzir pazebem-
estar, porque utiliza recursos (posturas corporais, esvaziamento da mente,
repeticao de sílabas...) que favorecem o ritmo harmonioso do organismo;
também é importante ai o papel da sugestao, que leva o orante a crer que
ele "mergulha na infinitude de Deus" (p.140), "sintonizado com o man-
tra, sintonizado com Deus" (p.160), "captando exatamente a amplitude
da onda de Deus ou a freqüéncia de Deus" (p.159).

Na verdade, a fé crista ensina que Deus ná*o tem onda, nem precisa
de ser captado mediante recursos físicos, pois Deus é incorpóreo ou ¡mate
rial. Toda a montagem da meditacao de J. Main supSe o conceito panteís
ta ou hindúfsta-budista da Divindade. Falta, no livro deste autor, oem-
basamento sacramental (Batismo, Eucaristia) para a vida de oracSo; falta a
referencia á Páscoa de Cristo como fonte de toda a espiritualidade; falta
também a referencia ao Espirito Santo, que, como Mestre interior, vai
ensinando ao cristao as vias da orac3o; falta a referencia á Igreja como sa
cramento através do qual Jesús Cristo continua sua obra redentora... Em
suma, quem lé o escrito de Main e uma obra clássica de meditacSo cristS
(seja de Sao JoSo da Cruz, seja de S. Inácio de Loiola, seja de Bérulle,
seja de S. Afonso...), nao pode deixar de perceber ¡mediatamente a grande
diferenca de fundo ou de base existente entre aquele e estas. Todavia
acontecerá talvez que o leitor, impressionado pelas citacSes bíblicas e pelo
tom religioso das instrucSes de John Main, nSo perceba a distancia destas
frente ao genuino pensamento cristao. Muito a propósito escreve André
Dodin na enciclopedia "Dictionnaire des Religions", coordenada por Paúl
Poupard, París 1984, p. 1081:

"A oracSo interior exige sempre a pobreza e a humildade de espirito


e de coracSo. Sem essas disposicdes, o Espirito de Deus, o Mestre miste
rioso que age quando quer e como quer, /amáis poderá orientarnossa ora-
cao, que é também a sua oracSo (cf. Rm 8,26s). Somente Ele pode permi-
8 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

tir que oucamos o misterioso apelo que sobe do fundo da aima regenerada:
'Vamospara o PaiV".

Para melhor se perceber a diferenca entre a meditacao proposta por


John Main e a clássica meditac3o crista*, digamos em que esta consiste pro-
priamente.

2.2. A Meditacao Crista (Católica)

A meditacao crista é a ref lexao sobre algum ponto do patrimonio da


fé, reflexáb que mobiliza em certo grau.a inteligencia (e pode valer-se da
memoria e da ¡maginació); tem por objetivo avaliar mais profundamente o
significado precioso das verdades reveladas, a fim de que o fiel chegue á
oracao e á mais íntima uniao cpm Deus. Para obter este resultado, o cris-
tcfo conta com a graca do Senhor, que Ihe é concedida sem especiáis arti
ficios de ordem física; compreende-se, porém, que o silencio exterior e o
silencio interior (no íntimo do orante) sejam condicoes oportunas para
que possa haver reflexSo ou meditacSo e oracSo. Ná*o há postura física re
comendada em particular no roteiro da meditacSo.

O exercício assim concebido é dito no Antigo Testamento "rumi-


nar"; cf. SI 1,2. Entre os cristSos, este "ruminar"é praticado de preferen
cia sobre o Evangelho e os feitos da RedencSo. S. Agostinho (t430) o ex-
p5e nos seguintes termos:

"Quando tu ouves ou tés, tu comes; quando meditas o que acabas de


ouvir ou ler, tu ruminas a fim de ser um animal puro e nao um impuro"
(Enarratio in Psalmum 36, sermo 3).

Este texto supóe que Jesús Cristo seja o alimento da alma, alimento
oferecido nao só pela Eucaristía, mas também pela palavra bíblica. A r'efle-
sao assídua sobre essa Palavra é tida como "ruminacao", ruminacSo que
caracteriza os animáis puros conforme Lv 11,3e Dt 14,6. O cristSo, tendo
lido ou ouvido a Palavra de Deus, quer saboreá-la e assimilá-la interiormen
te para que frutifique em sua vida.

AtradicSodos monges desenvolveu esta prática, assinalando quatro


etapas para a oracao crista:

1) a leitura do texto sagrado, leitura pausada, feita na presenca de


Deus, até que o leitor encontré urna frase ou um versículo que o impressio-
ne por sua densidade; pare entao e passe para

2) a meditacao, procurando aprofundar o que o texto quer dizer; po


de usar todas as facuidades da mente (intelecto, imaginacao, memoria...)

8
"O MOMENTO DE CRISTO. A TRILHA DA MEDITAgÁO" 9

para ir ao ámago do que o texto quer dizer; considere quem é Deus que
fala e age..., quem é a criatura, objeto da ac3o de Deus, ... quais as cir
cunstancias em que tal ou tal acao ocorre segundo o texto sagrado... Estas
ref lexSes devem suscitar o desejo de

3} óracao ou coloquio com Deus... a fim de adorá-Lo, agradecer-Lhe,


pedir-Lhe perdá*o e suplicar-Lhe as grapas necessárias para corresponder
exatamente á mensagem do Senhor. Por último, o orante se entrega á

4) contemplacao: deixa-se ficar tranquilo, em silencio interior, na


presenca de Deus, saboreando espiritual mente as verdades recordadas e
procurando ouyir o que o Senhor tenha a lhe dizer...

Estas quatro etapas de oracSo constituem o que também se chama


lectio divina; fbram e sá"o muito usuais em ambientes monásticos católi
cos. Do sáculo XVI em diante, novos métodos de oracSo, inspirados por
escolas de espiritualidade modernas, tém-se propagado entre os fiéis cató
licos; guardam todos a mesma atitude de pobreza interior, humildade, con-
fianpa na graca de Deus, expansSo da vida sacramental... Sá*o, entre outras,

— a escola inaciana, de S. Inácio de Loiola (t 1556); os "Exercfcios


Espirituais" propoem o método das tres facuidades da alma, a aplicacSo
dos sentidos, a contemplacao dos misterios (ou da vida terrestre) de Cristo;

— a escola carmelitana e sua prática de meditacao;

— a escola dominicana e seus exercícios de oraca*o;

— a escola de S. Francisco de Sales e seu estilo de meditacao adapta


da á vida do cristao no mundo;

— a escola oratoriana, com seus mestres J.J. Oliere Sao Joao Eudes;

— a escola de Sao Joao Batista de La Salle, voltada para Religiosos


nSo sacerdotes. • . .

Tal é a riqueza da meditacSo crista" católica, fiel aos grandes princi


pios da fé e isenta de concepcdes panteístas.

3. UMA DECLARACÁO OFICIAL DA IGREJA

Em vista da tendencia de alguns mestres cristSos a adotar métodos e


concepcSes hindú fstas de oracao, a CongregacSo para a Doutrina da Fé
publicou uma Carta sobre a MeditacSo Crista" datada de 15/10/1989; analisa

9
10 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

a oracao crista em confronto comaorac3ohinduísta, mostrando as diferen-


cas existentes entre uma e outra. A fim de mais esclarecer o assunto
abordado por John Main, vSo, a seguir, transmitidos alguns dos traeos mais
significativos de tal Carta.

Após a Introducao (nos 1-3), tem-se o título

II. A Ora?ao Crista á Luz da Revelacao (n?s 4-7), onde se léem as


seguintes consideracSes:

No Novo Testamento; a óracSo é ¿presentada como obra do Espi


rito Santo, que ensina aos discípulos toda a verdade,completando a mis-
sao de Jesús (cf. 1Cor2,10; Jo 16,13s). Especialmente o Evangelho segun
do Sa"o Joao se presta a alimentar a contémplacSo do misterio do Verbo
Encamado ou de Deus que se dá ao homem; tai misterio, Sao Paulo deseja
que os fiéis o possam compreender emsuas varias dimensoes (cf. Ef 3,
18s). ' '■:'!-

Vé-se assim que a oracSo crista nao é mero esforco da mente e das fa-
culdades do homem para contemp|ar o Transcendental, mas é dom de
Deus. Ela se fundamenta e abastece na reveíapSo que Deus faz de si ao ho
mem,... revelacao que tem em Cristo seu ponto culminante. Eis porque a
Igreja recomenda a leitura assídua e o aprofundamento da Palavra de
Deus. Guiado por este manantial, o cristSo nao esquecerá que a sua oracSo
decorre sempre dentro dé comunhSo dos Santos e segundo o espirito da
Igreja. O cristao nunca ora isoladamente, mesmo quando está na solidSo,
mas ora sempre em uniao com Cristo, no Espirito e em comunhSo com
todos os Santos, para o bem da Igreja. ■■

Segue-se o titulo III. Maneiras erróneas de rezar (n?s 8-12), que


observa:

Os erras do passado continuam a tentar o homem contemporáneo.


Este por vezes reduz a oracSo a um estado psíquico ou a uma conquista
da mente, que se treina para ampliar as suas.facuidades meramente natu-
rais. Há também, em nossos dias, aqueles cristáosquerseservem de méto
dos orientáis a fim de se preparar para a contemplacSo: identificam o
Absoluto, concebido pelo budismo, com a Majestade de Deus, que ultra-
passa toda realidade finita;:assim tendem a um conceito de Deus totalmen
te desligado das manifestapSes históricas ou das teofanias do Antigo e do
Novo Testamento; negligenciam o misterio da SS. Trindade para "mergu-
Ihar no abismo indefinido da divindade" ou no nirvana, em que as nocSes
de eu, tu e ele desaparecem. — Desta maneira tem origem pernicioso sin-

10
"O MOMENTO DE CRISTO. A TRILHA DA MEDITACÁO" U_

eretismo, pois os seus arautos tendem a fundir o monoteísmo histórico da


revelacüo judeo-cristá* com o panteísmo da filosofía hinduísta.

O título IV. A Via Crista para a uniáb com Deus (nos 13-15) afirma
que a profunda uniao com Deus prometida ao cristao leva a um estado que
os antigos mestres gregos chamavam "divinizacao". Esta, porém, nunca
extingue a diferenca radical existente entre Criador e criatura; o eú huma
no jamáis poderá ser absorvido pelo eu divino, nem mesmo nos estados
místicos mais elevados. O "ser outro" ná*o é um mal, pois que ele ocorre
entre as tres Pesssoas Divinas: o Pai nao é o Filho, nem o Espirito Santo é
o Pai ou o Filho, embora naja urna só Divindade ou urna só natureza divi
na. Assim entre Deus e nos existe diferenca, que nao impossibilita urna ín
tima uniao. Também pela Eucaristía e os de mais sacramentos Cristo nos
faz participar da sua vida divina,1 sem extinguir a nossa natureza criada.

Quem considera estas verdades, descobre com profunda surpresa que,


na concepcSo crista, se cumprem todas as aspiracoes existentes ñas outras
correntes religiosas, sem que o eu pessoal e a sua índole de criatura sejam
aniquilados e desaparecam no océano do Absoluto. A profissSo de que
Deus é Amor (1 Jo 4,8) explica a íntima uniSo ou o intercambio e o diálo
go entre Deus que ama, e a criatura que é amada. O cristSo que recebe o
Espirito Santo (o amor existente entre o Pai e o Filho) é feito "filho no
Filho" e exclama "Aba, Pai!", participando realmente da vida da SS. Trin-
dade;cf. Rm 8,15-17; Gl 4,6.

O título V. Questoes de Método (nos 16-25) refere o seguinte:

A maioria das grandes religiSes propoe métodos ou caminhos para


que o homem chegue a Deus. A Igreja Católica nada rejeita do que haja de
verdadeiro e santo nessas normas. Apenas ensina que esses elementos posi
tivos devem ser enquadrados dentro das linhas doutrinárias da fé católica,
que é monoteísta, e nao panteísta.2 De modo especial, a procura de um

1 £ o Apostólo quem diz: "Vivo eu, nao eu; é Cristo que vive em nim"
(Gl 2,20).

s Praticamente isto quer dizer, entre outras coisas, o seguinte:é oportuno


fazer o silencio interior e praticar a asease corporal. O budista o pratica
para libertar a centelha divina que ele diz-trazer dentro de si, diminuida ou
apoucada pela materia do corpo. O cristSo, ao contrario, o fará para puri
ficar os afetos sensfveis e harmonizá-los com os anseios superiores ou espi-
rituais que ele traz em si.

O budismo professa urna antítese entre materia e espfrito; o Cristia


nismo, ao invés, embora reconheca tendencias diversas da carne e do espi-

11
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

mestre espiritual (gurú, dizem os hindúístas) é algo de comum a todas as


correntes religiosas; o Catolicismo muito preza essa figura, desde que ela
ensine ao discípulo o "sentir com a Igreja" e a descoberta dos dons do
Espirito Santo no seio da S. Mae Igreja...

Por conseguinte, o grande perigo que ameaca o orante concentrado


em si segundo as normas do hindú fsmo, é precisamente o de "permanecer
em si", como se o homem fosse urna centelha da Divindade encerrada na
corporeidade. O grande mestre S. Agostinho diz a propósito: Se queres en
contrar a Deus, abandona o mundo exterior, e entra em ti. Mas nao perma-
ñecas em ti; ultrapassa-te, pois tu nSo es Deus; Ele é maior do que tu;
"Deus intimior intimo meo, et superior summo meo (Deus me é mais ínti
mo do que o que tenho de mais íntimo e está ácima do que tenho de mais
elevado", ConfissSes 3,6,11). Deus está conosco e em nos, mas Ele nos
transcende em seu misterio. Ademáis ninguém se purifica das paixSes nem
se aproxima de. Deus a nao ser por dom do próprio Deus. Este dom se con-
cretiza, por excelencia, em Jesús Cristo, cujo Espirito Santo nos move in
teriormente para participar da vida trinitaria...

Os mestres apresentam a vida unitiva ou a experiencia de Deus decor-


rente da íntima uniao com Ele. É chamada experiencia mística, pois está
associada aos santos misterios ou aos sacramentos como fruto destes no
cristá'o fiel. Trata-se de um conhecimento de Deus derivado nao da aplica-
c§o dos sentidos nem do raciocinio, mas da afinidade ou conaturalidade
do cristá'o com o Senhor Deus. Quem muito ama a Deus, tem o olhar da
mente agucado para intuir a Deus de maneira mais clara e profunda.

O progresso na vida espiritual requer recolhimento e silencio, sem


dúvida; exige api ¡cacao das faculdades (inteligencia, vontade, memoria,
imaginacSo...), mas nao se pode dizer que seja fruto de alguma técnica
ou da arte humana de conquistar o misterio de Deus; é um dom de Deus,
concedido gratuitamente, cujo beneficiario se sentirá sempre indigno.

A benignidade de Deus pode conceder grapas especiáis de oracao e


uniSo a certos fiéis como, por exemplo, os fundadores de Ordens e Con-

rito,.sabe que ambos sao criaturas do mesmo Deus bom e que devem ser
harmonizadas entre si pela renuncia ás patxoes desregladas.

Algo de semelhante se dé com a Yoga: pode ser praticada em perspec


tiva pan teísta (para libertar a centelha divina ou a alma humana encarcera-
daño corpo) ou em atitude crista (para tender á harmonía de corpo e alma
entre si).

12
"O MOMENTO DE CRISTO. A TRILHA DA MEDITACÁO" 13

gregacoes Religiosas dentro da Igreja; SSo Francisco de Assis foi certamen-


te um desses grandes favorecidos, que deixaram um testemunho eloqüente
de vida mística, é de notar, porém, que as grapas de Deus s§o algo de
muito pessoal; nao há necessidade de que as geracSes de fiéis subseqüentes
as reproduzam e ¡mitem estritamente. O Espi'rito Santo age em cada cris-
tao como bem Ihe apraz ou com suma liberdade.

O título VI. Métodos Psicof ísicos e Corporais (n?s 26-28} assim pode
ser sintetizado:

A experiencia ensina que a posicao e as atitudes do corpo tém influ


encia no recolhimento e no funcionamento do espirito. Isto levou autores
cristSos tanto do Ocidente como do Oriente a aconselhar determinadas
posturas corporais que visam a facilitar a meditacSo: sentarse ou prostrar-
se no chao, ritmar a respiracSo, olhar um ponto fixo, acompanhar as pul
sares do coracSo... Tais recursos podem ser válidos, mas sempre terao
utilidade relativa; seria erróneo identificar a uniSo.com Deus com uma
possível euforia resultante de exercícios físicos. A perfeica*o espiritual é,
antes do mais, grapa de Deus, que o homem pede e deve pedir, mas que ele
jamáis conseguirá produzir ou atingir por sua hábilidade ou seu atletismo
espiritual; o empenho fiel e generoso da criatura é indispensável, sim, mas
apenas para criar um clima no qual o Espirito Santo possa agir livre-
mente.1

Em particular, a oracá'o de Jesús ("Sen hor Jesús Cristo, Filho de


Deus, tem piedade de mim"), repetida segundo o ritmo natural da respi-
racSo, pode ser um espécimen de combinacSo proficua da mente e do cor
po. Tal prática é muito cara aos orientáis. É preciso lembrar, porém, que
cada individuo tem sua personalidade própria: uns precisarn mais, outros
menos... do apoio do corpo, dos sentidos e dos símbolos..., de modo que
nSo se devem absolut¡zar esses subsidios corporais para a vida de oracSo.

Merece especial atencSo a advertencia cofitidá Tiónf^*28'da Carta


em pauta: •' *'*■-.'■ -■'- ■v.-^v •. •..

"Certos exercíciosproduzemautomaticamente-sensacdes depaz'ede


distensao, sentimentos gratificantes ou até fenómenos<1e'iü¿''é!taforsemé-
Ihantes ao bem-estar espiritual. Considerá-las como'auténticas cónsolácoes
do Espirito Santo seria uma forma totalmente erroneade concébero pro-
gresso espiritual. NSo devem ser identificadas com a experiencia mística se

1 Falando a rigor, a producao desse clima para que o Espirito Santo possa
agir nSo deixa de ser também ela uma graca do Espirito.
14 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

a vida moral da pessoa interessada nao está á altura devida; tal identifica
do viña a ser urna especie de esquizofrenia mental, que poder¡a levar até
a perturbacBes psíquicas e, por vezes, a aberracdes moráis".

0 texto chama a atencSo para o risco de auto-ilusao ocorrente quan-


do o orante dá excessivo valor a sentimentos, estados psicológicos, ima-
gens mentáis na sua vida de orac3o; pode chegar a confundir síntomas do-
entios ou psicopatológicos com experiencia mística, revelacoes divinas,
aparic5es...; desta maneira entra por um caminho tortuoso em que asdo-
encas mentáis sao alimentadas por falsas concepcSes religiosas.

Entre as práticas corporais classicamente recomendadas pelos mestres


espirituais, está o jejum. Este liberta o cristao de suas paixGes, tornando-o
mais disponfveI para Deus e para o servico do próximo.

Sob o título Vil. "Eu sou o Caminho" (nos 29-31) está dito aguisa
de fecho:

Na rica variedade de maneiras de rezar que a Igreja reconhece, cada


cristao poderá e deverá descobrír o seu modo próprio de caminhar para
Deus. é certo, porém, que todas as vias particulares convergem para esse
grande caminho de acesso ao Pai que é Jesús Cristo. Daf a necessidade de
que cada orante subordine suas preferencias pessoais de oracSo ao Modelo
e á Escola de Jesús Cristo, Escola da qual o Espirito Santo é o Mestre
interior.

Eis as palavras fináis, literalmente transcritas:

"O amor de Deus, único objeto da contemplado crista, é urna rea/i-


dade de que ninguém se pode apoderar por algum método ou técnica; ao
contrarío, devemos ter sempre o olhar fixo sobre Jesús Cristo, através de
quem o amor de Deus chegou até nos... Por conseguinte, havemos de dei-
xar que Deus decida a maneira pela qual Ele nos fará participar do seu
amor. Mas nunca poderemos procurar colocar-nos no mesmo nivel do
objeto contemplado ou do livreamor deDeus,nem mesmoquando nos é
dado gratuitamente em Cristo um ref/exo sensfvel desse amor divino e nos
sentimos como que atraídos pela verdadera bondade eabeleza do Senhor.

Quanto mais é dado a urna criatura aproximarse de Deus, tanto mais


cresce nela a reverencia frente ao Deus tres vezes Santo. Compreendemos
assim a paiavra de S. Agostinho: 'Tu podes chamar-me amigo, mas eu me
reconhecoservidor' (Enarr. in Psalmum 142,6)."
"O MOMENTO DE CRISTO. A TRILHA DA MEDITACÁO" 15

4. CONCLUSÁO
A fé crista é estritamente monoteísta (existe um só Deus, que é dis
tinto do homem e do mundo, pois é o Seu Criador). Todavia as novas cor-
rentes tém em comum a concepcao de que orar é urna questao de métodos
e técnicas: bem aplicados, permitem ao orante obter o que ele quer.

Pois bem. Tal concepcSo é ¡ncompatfvel com a mensagem crista. Esta


diz que a oracao é dom de Deus; ninguém ora únicamente por suas pró-
prias forcas ou habilidade. £ claro, porém, que Deus requer a mobilizacao
das faculdades do homem, o silencio, o'recolhimento, a leitura de livros
sagrados...; mas todo este esforco humano é sustentado pela graca e a sua
eficacia depende tao somente da benignidade de Deus, que nunca pode
ser toreada pelas artes humanas. O*cr¡stá*o ora como filho na presentado
Pai, e nao como arteiro, que se pode gloriar de conseguir maravilhas.

A mística oriental seduz por suas belas fórmulas, por seu ritual e seu
simbolismo; ela aviva no homem a consciéncia do Absoluto... A Psicología
moderna desvenda ao homem possibilidádes de se condicionar, que o habí-
litam a efeitos inesperados.* Mas nada disso se podé confundir.com a men
sagem crista',, que é de humildade e confiancá filiáis diante de Deus. Ne-
nhuma prece é inútil ou perdida se feita por Cristo ou em nome de Jesús
(cf. Jo 15,16; 16,23s), nao, porém, para fazer Deus obedecer ao homem e,
sim, para fazer que o homem colabore com Deus na realizacao do plano
do Senhor sobre a historia e a humanidade.

* * *

Sirácida ou Eclesiástico, por Ney Brasil Pereira. Serie "Comentario


Bíblico do Antigo Testamento". Ed. Vozes (Petrópolis), Editora Sinodal
(Sao Leopoldo), Imprensa Metodista (Sao Bernardo do Campo) 1992,
135x210mm,252 pp.

O Pe. }Ney B. Pereira é conceituado mestre de S. Escritura. Apresenta


IntroducSo e Comentario ao Eclesiástico ou ao Livro da Sabedoria de Je
sús, filho de Sirac, pondo em relevo "a cosmovisao de um sabio judeu no
final do Antigo Testamento e sua relevancia hoje". Procede com multa cla
reza, de modo a tornar ¡nteressante e significativa essa obra pré-crista. O
autor do comentario mostra que o Sirécida soube ser fiel á Lei de Moisés e
ás tradicBes de Israel, mas também reconheceu valores humanos fora do
povo eleito. Em grande parte por causa deste equilibrio, a igrefa desde ce-
do muito estimoutal obra; entregando-a aos catecúmenos como primeiro
manual de introducSo á mensagem revelada; daí o nome de Eclesiástico
(= Livro da Igreia) que tal obra mereceu. — Muito se recomenda a leitura
deste trabalho exegético.

E.B.

15
Ecleticismo irreverente:

"NA MARGEM DO RIO PIEDRA


EU SENTEI E CHOREI"

por Paulo Coelho

Em símese: Paulo Coelho escreve um romance em que o amor de


dois jovens se estreita em torno de valores religiosos ou"místicos". 0 ra
paz é iniciado numa religiio tendente é mitoiogia (venera a MSe Térra, as-
semelhada é Virgem Santíssima, que, por sua vez, é tida como deusa ou
como a face feminina de Deus); é seminarista católico, que realiza mila-
gres, mas renuncia ao Seminario e á faculdade de realizar milagres para se
unir á ¡óvem Pilar, amiga de infancia, queeiereencontra após onze arios de
ausencia, tornando-a adepta de suas crencas religiosas, "místicas" e ec/é-
ticas. ■ ■ •"■■-■■ •■■-■« •■■■ ■■'[<;']■- ■ ' ■• ■

O livro é fantasioso e irreverente, pois joga com conceitos e valores


da fé católica, misturando-os com elementos de mitoiogia e magia.
* * *

Paulo Coelho apresenta mais um de seus livros, sempre no género da


ficcao religiosa esotérica; tendo por título "Na Margem do Rio Piedra eu
sentei e chorei",1 propQe urna mistura de conceitos cristaos com nocSes
de ocultismo e magia. Dir-se-ia que deseja sugerir urna nova etapa do Cris
tianismo, impregnada de feminismo, ao mesmo tempo que explora o na-
moro e a uniffp de um homem "mago" com urna jovem estudante espa-
nhola de familia católica.

Dadas as suas ambigúidades, o livro merece comentarios.

1. O ENREDO

O livro conta a estória de dois jovens que na Espanha se conheceram


durante a infancia. Terminada a adolescencia, o rapaz partiu, dizendo que
ia conhecer o mundo. A moca, chamada Pilar, depois de terminar seus es-

1 Ed. Rocco, Rio de Janeiro 1994, 140x236 pp.

16
"NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E CHORE)" V7

tudos de segundo grau, foi para Saragoca, onde entrou numa Faculdade.
Trocavam cartas, cuja freqüéncia foi-se amiudando da parte do rapaz; ele
falava sempre mais de Deus e de Mística, ao passo que ela ia perdendcva fé.
Finalmente ele a convida para assistir a uma conferencia que ele faria em
Madrid; Pilar vai ao seu encontró, e fica surpresa por perceber que o jovem
é famoso conferencista, realiza milagres e é assediado por muitas pessoas
carentes. Ela comeca a se maravilhar pelo vulto desse homem, que também
se volta para ela com amor. Os dois se poem a viajar juntos, pois ele quer
mostrar á sua amiga o mundo mágico, religioso e místico que ele freqüen-
ta; indica-lhe um Seminario "católico" ao qual está incorporado. Pilar re
siste a essas novas idéias, mas vai sendo fascinada por esse homem, queela
ama cada vez mais. Após diversas peripecias e andancas, que vao de sábado
4 de dezembro a sexta-feira 10 de dezembro de 1993, os dois resolve m
unir-se. A fim de o fazer com a béncao da Grande Máe (a Virgem María), o
rapaz renuncia ao dom das curas que ele exerce:

"Ontem eu pedi á Virgem um mi/agre... Pedí que retírasse meu


dom... Tenho um pouco de dinheiro, e toda a experiencia que anos de
viagem me deram. Compraremos uma casa, arranjarei um emprego, e servi-
rei a Deus como fez Sao José, com a humildade de uma pessoa anónima.
Nao preciso mais de milagres para manter viva a minha fé. Preciso de vo-
ce" (pp. 217s).

Pilar parece nao aceitar a troca. O rapaz desaparece. Ela entSo se pSe
ás margens do Rio Piedra, onde chora, e escreve seu romance. Finalmente
o jovem reaparece: ela se alegra e ele, tomando-a pelas maos, leva-a consigo.
Ela pergunta:

"Vocé acha que seu dom voitará?" Ao que ele responde: "Nao sei.
Mas Deus sempre me deu uma segunda chance na vida. Está me dando
com vocé. E me ajudará a reencontrar o meu caminho" (p. 236).

Assim termina o livro; pode ¡mpressionar pela fluencia da narrativa,


pela descricao vivaz de cenas Ínteressantes de amor entre um jovem e uma
jovem..., cenas ñas quais Pilar aparece hesitante, mas cada vez mais pro
pensa a aceitar o seu parceiro.

Resta agora analisar os conceitos religiosos que o livro veicula, pois


cortamente é obra impregnada de senso místico, embora muito confuso.
Paulo Coelho joga com nocSes e vocábulos do Catolicismo; talvez queira
passar por católico, mas na verdade é eclético, como se depreende da aná-
lise que se segué.

17
18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

2. ASPECTOS RELIGIOSOS

2.1. Os conceitos de Deus, Deusa...

1. O que mais chama a atencáo, no livro, é a ambigüidade do concei-


to de Deus. Paulo Coelho fala de Deus, Deusa, Deusa-Mae:

"O artista conhecia a Grande Mae, a Deusa, a face misericordiosa de


Deus"(p. 111).

A "Deusa" será a "face misericordiosa de Deus"? Trata-se de mera


forca de expressáo?

2. Em outras passagens o autor identifica María e.a própria Divinda-


de. Assim, por exemplo, ao falar da definicSo do dogma da Imaculada
Conceicao por Pió IX (1854), Paulo Coelho se mostra entusiasta do fato e
afirma que é o primeiro passo do caminho,... "do caminho que vai levar
Nossa Senhora a ser considerada a encarnado da face feminina de Deus.
Afinal já aceitamos que Jesús encarnou sua face masculina" (p. 171). E
continua:

"Quanto tempo vai demorar para que aceitemos urna Santíssima


Trindade onde a mulher aparece? A SS. Trindade do Espirito Santo, da
Mae e do Filho?" (p. 171).

Ora aqui há auténtica deturpacSb de urna verdade da fé cara a todos


os cristaos. As afirmacSes s§o levianas; fazem jogo de palavras que ná"o tém
lógica, ou nao resistem ao crivo da razSo. 0 desejo de agradar ao feminis
mo pode ter inspirado tais dizeres. Alias, o livro inteiro revela grande "de-
vocao" a María SS.; todavía a Santfssima Virgem é entendida quasecomo
figura mitológica; o autor usa vocabulario quase católico, mas entende-o
em sentido nao católico; nunca se poderá equiparar María a Jesús, sendo
ambos (cada qual a seu modo) a encarnacSo de Deus, como propSe Paulo
Coelho. SSo inaceitáveis os dizeres:

"As pessoas rezavam, cantavam, dancavam na chuva, adorando a


Deus e a Virgem María..." Mais adiante: "... abencoado por Deus e pela
Deusa" (p. 142).

3. A confusSo se torna mais grave e explícita na seguinte passagem,


em que o jovem conversa com Pilar a respeito de María SS.:

"Ela fot normal Teve outros filhos. A Biblia nos conta que Jesús te-
ve mais dois irmaos.

18
"NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E CHOREI" 19

A virgindade na conceicao de Jesús se deve a outro fato: María inicia


urna nova era de graca. A/i comeca outra etapa. E/a é a noiva cósmica, a
Térra, que se abre para o céu, e se deixa fertilizar,

Neste momento, gracas a sua coragem de aceitar o próprio destino,


e/a permite que Deus venha á Térra. E se transforma na Grande Mae...

E/a é o rosto feminino de Deus. E/a tem sua própria divindade"


(p. 86).

O autor deturpa o conceito de virgindade de María. Veja-se:

a) admite que Maria teve mais de um filho. Ignora o sentido da pala-


vra irmáb (= adelphós, em grego; 'ah, em hebraico) nos livros sagrados.
'Ah pode significar familiar ou párente em sentido ampio, como se depre-
ende de Gn 13,8; 29,12.15; 31,23; 1Cr 23,21-23; 2Cr 36,10..!! É de notar
também que Jesús, ao morrer, entregou sua Mae aos cuidados de Joao, fi
lho de Zebedeu e Salomé (cf. Jo 19, 25-27); por que o teria feito, se Maria
tinha outros filhos? 0 assunto já foi amplamenté considerado em nosso
Curso de Diálogo Ecuménico, Modulo 23 (Caixa postal 1362, 20001-970
Rio, RJ);

b) Maria é dita "a noiva cósmica, a Térra (com maiúscula), que se


abre para o céu e se deixa fertilizar" ... Que significa isto? A afirmacao
tem sabor mitológico; a Terra-MSe sempre fecunda é, sim, figura das mito-
logias antigás;

c) "Maria tem a sua própria divindade". A s§ razá*o pergunta: existe


mais de urna Oivindade? Paulo Coelho recua ao politeísmo eá mitologia?
Será isto condizente com o século das luzes (como se chama o sáculo
XX)? Vé-se que o próprio autor recusa definir-se; o diálogo do jovem com
Pilar é interrompido sem que haja esclarecimentó.

A confusSo ou a falta de lógica é aínda mais pronunciada no trecho


abaixo:

"Ficamos a/i, aos pés da Virgem... E/a nos olhava. A camponesa


adolescente que dissera Sim ao seu destino. A mulher que aceitou levar no
ventre o filho de Deus, e no coracao o amor da Deusa. E/a era capaz de
compreender" (p. 120).

4. Na passagem seguinte a linguagem aproxima-se do panteísmo (tu-


do é Deus ou tudo é a Divindade):

19
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

"Quem parte em busca de Deus, está perdiendo seu tempo. Pode per-
correr muitos caminhos, fí/iar-se a mu¡tas religioes e seitas — mas, desta
maneira, jamáis irá encontrá-Lo.

Deus está aquí, agora, ao nosso fado. Podemos vé-lo nesta bruma, nes-
te chSo, nestas roupas, pestes sapatos. Seus an/os velam enquanto dormi
mos, e nos ajudam enquanto traba/hamos. Para encontrar Deus, basta
olhar á nossa volta" (p. 160).

5. O texto se prolonga na seguinte afirmacSo:

"Para vocé ter uma vida espiritual, nao precisa entrar para um
seminario, nem fazer jejum, abstinencia e castidade.

Basta ter fé e aceitar Deus. A partir daí, cada um se transforma no


Seu caminho, passamos a ser o vefculo de Seus mi/agres" fp. 161).

Tem-se a impressao de que os mi I agres sao um sinal normal, quase


necessário, da vida espiritual,... sinal independente de ascese (jejum, absti
nencia e castidade...). Ora nao há vida mística sem ascese, para o cristao.
A vida mística supSe a purificado do coracao e a ¡sencá"o de paixSes
desregradas; o jejum e a abstinencia sSo os meios clássicos (recomendados
também por ná"o crístSos) para promover a liberdade e a pureza do corá
ceo. Ademáis o dom dos milagres é tido pela Teología como um carisma,
que nao pode ser "institucionalizado" ou nao pode ser reduzido a uma
etapa necessária do desabrochamento espiritual.

6. O texto do livro chega a apresentar urna Oracao-á Lúa, que Paulo


Coelho coloca nos labios de uma das figuras femininas do seu romance:

"Ela abriu os bracos em forma de cruz, virou as palmas das maos para
cima, e ficou contemplando a lúa. ' v > .

1 'Onde fui me meter?, pensei. Vim assistir a uma conferencia, termine/'


no Paseo de Castellana com esta louca, e amanha viajo para Bilbao'.

'Ó espého da Deusa Térra — disse a moga; com os olhos 'fechados —


nos ensina nosso poder, faze com que os homens nos compreendam. Nas-
cendo, brillando, morrendo e ressuscitando no céu; vocé nosmostrou o
ciclo da sementé e do fruto'. A moca estícou os bracos para o céu, e ficou
um longo tempo nesta posicSo. As pessoas que passavam olhavam eriam,
mas-ela nem se dava conta; quem morria de vergonha, era eu, por estar ao
seu lado.

20
"NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E CHOREI" 21

'Eu precisava fazer isto, disse, depois de urna tonga reverencia para a
lúa. Para que a Deusa nos proteja'" (p.31).

Como se vé, o título de deusa passa agora para a Lúa. A Lúa tem co
mo símbolo a agua (p. 33); tocar a agua com os olhos fixos na Lúa cheia
e ao som de urna flauta é algo que faz a mulher reconhecer um pouco mais
a sua natureza de mulher (p. 33). As mulheres aprendem da Grande M2e,
que parece ser a Térra ou até as cavernas (p. 32), sendo que Cibele (figura
das religioes antigás da Grecia) é "urna das manifestacSes da Grande
MSe... governa as colheitas, sustenta as cidades, dévolve á mu Iher o seu pa
pel de sacerdotisa" (p.33). Finalmente a moca que rezou á Lúa e que vene
ra a Grande MSe, confessa:"Faco parte da religia"o da Térra" (p. 34).

Mesmo quem leía com boa vontade as páginas de Paulo Coelho, en-
contra serias dif¡cuidados para concatenar os conceitos do autor, colocan-
do-os em ordem sistemática e lógica. Nao se percebe o que o>autor quer di-
zer propriamente; é certo, porém, que através de suas afirmacSes confusas
e incoerentes há nítida tendencia a favorecer a exaltacao da mulher; o
livro assim está "na crista da onda".1 — Julgamos que Pauío Coelho pode-
ría ter realizado seu propósito, feminista sem recorrer á mitología e a falsas
alegacSes religiosas; a mitología foge da realidade e recua a um estágio ul-
trapassado da historia da humanidade.

2.2. A Nocao de Religiao

Em conseqüéncia de tao confusas concepc6es de Deus, compreende-


se que Paulo Coelho tenha urna nocSo muito relativista de religiao; todas
tém o mesmo valordoutrinário, embora ná"o cdnvirjam entre si, como se
depreende dos dizeres seguintes:

1 Especialmente a figura de María Santíssima é maltratada pelo modismo


contemporáneo. Lé-se na imprensa -.do-. Rio, de Janeiro urna noticia cuja
fonte nSo nos foi possfvel identificar com precisao:

"A forca de Nossa Senhora

Um i dos > títulos rmaisi fortes, na imio da agente /iteraría Lucia Riff,
Mary's message to the .world, de Annie Kirkwood (Putnam), historia de
urna mulhenquese comunica com Nossa Senhora, foi parar com a Record.
Na Bienal, Sergio Machado fez oferta irrecusávei, nao deu nem para Lucia
abrir IeiiSo. Tudo indica que NossaSenhoraé o novo filSo esotérico, prestes
a deshancar a manía dos anjos (o que, alias, só confirma o estupendo ra
dar de Paulo Coelho nessa área, urna vez que Na margem do Rio Piedra é
justamente sobre a imagem feminina de Deus)".

21
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

"A verdade está sempre onde existe fé. Qlhei de nova a igreja a mi-
nha volta — as pedras gastas, tantas vezes derrabadas e recolocadas no lu
gar. O que fazia o homem insistir tanto, trabalhar tanto para reconstruir
aquele pequeño templo — num lugar remoto, encravado em montanhas
tSo altas?

Afé.

— Os budistas estavam com a razio, os hindus estavam com a razSo,


os indios estavam com a razSo, os muculmanos estavam com a razio, es
judeus estavam com a razio. Sempre que o homem seguisse — com sinceri-
dade —o caminho da fé, ele seria capaz de unirse a Deus, e operar mi/a
gres.

Mas nao adiantava apenas saber isto: era preciso fazer urna escolha.
Escolhi a Igre/a Católica porque fui criado nela e minha infancia estava im
pregnada de seus misterios. Se tivesse nascido judeu, teria escolhido o ju
daismo. Deus é o mesmo, emboratenha mil nomes;mas vocé precisa esco-
Iher um nome para chaméhlo" (p. 112).'

Paulo Coelho aprésente o herói do livro como seminarista: "Entrei


para um seminario aqui perto. Durante quatro anos estudei tudo o que po
día. Neste período fiz contato com os Esclarecidos, os Carismáticos, as
diversas correntes que procuravam abrir portas fechadas havia muito tem-
po... Havia um movimento de retorno á inocencia original do Cristianis
mo" (p. 113).

O próprio Superior do Seminario (que o autor confunde erróneamen


te com mosteiro, pp. 113 e 126, e com convento, p. 157) parece cederá
visSo "carismática" de Paulo Coelho (pp. 164s).

3. REFLEXAO FINAL

1. O livro de Paulo Coelho pode exercer atracao sobre o grande pú


blico, porque toca numa fibra delicada do coracSo humano: o senso do
misterio. Deus é,sem dúvida, transcendente, eessa grandeza misteriosa de
Deus parece falar ao coracao de todo homem que procure o sentido da
vida: Deus é fascinante-, comodizemos historiadores da ReligiSo.

Todavía o senso do misterio ou a Mística nSo pode estar desligado da


razad; se nao, perde-se em devaneios fantasiosos, em associacao de con-
ceitos que nSo se combinam entre si e que redundam em vazto jogo de pa-
lavras. A razab tem o direito de examinar a credibilidade das proposic5es

22
"NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E CHOREI" 23

de fé e de Mística que Ihe ocorrem; embora a razao nSo atinja o ámago do


misterio de Deus, que é transcendental, ela pode e deve procurar as cre-
denciais das teorías de fé que Ihe sSo propostas. Nao basta falar "bonito" e
piedosamente para falar de maneira corneta. O grande público que ná"o te-
nha iniciacSo filosófica e o hábito da Lógica, pode talvez ¡mpressionar-se
com as ascensSes místicas de Paulo Coelho; estas, porém, nada significam
quando submetidas ao crivo do raciocinio.

2. As incursdes de Paulo Coelho dentro das proposicdes da fé católi


ca, aludindo á SS. Trindade, á Virgem María, ás aparicSesde Lourdes, aos
carismas do Espirito Santo... ferem o senso religioso dos cristaos em geral,
pois parecem brincar com valores muito preciosos. María nao é deusa,
nem a SS. Trindade pode incluir urna figura humana em seu misterio. As
verdades da fé nSo sSo produtos da mente humana, mas correspondem á
realidade mesma e objetiva de Deus.

3. Vale a pena, sem dúvida, exaltar a mulher e seus predicados, corro


pleiteia o sadio feminismo. Mas, para tanto, nSo é necessário, nem lícito,
voltar á mitología grosseira, que admite deuses e deusas (a Mae Térra, a
deusa Lúa, Cibele...).

4. A auténtica Mística implica o conhecimentó de Deus, distinto do


homem (porque Criador do homem),... conhecimento que se faz por ex
periencia ou por familiaridade com Deus. O crísta*o que se entrega ao Pai
no cumprimento cotidiano e fiel da sua santíssima vontade, cultiva assim
urna certa afinidade com Deus; é a afinidade produzida pelo amor, amor
que abre os olhos da mente e proporciona o conhecimento experimental
ou místico. Na verdade, como diz o próprio Jesús, todo cristao fiel (aquele
que ama a Deus coerentemente) é templo da SS. Trindade (cf. Jo 14,23);
ele pode ignorar este grande dom, vivendo dispersivamente ou sempre fora
de si; mas pode também tornar-se mais e maís consciente desta graca,
vivendo num diálogo constante com Deus mediante urna conduta generosa
e irrestritamente dedicada. Este tipo de comportamento faz a afinidade da
criatura com o Criador e ensina a descobrir o misterio de Deus. é o que se
chama "vida mística" dentro das concepcSes do Cristianismo. Nada tem
que ver com milagres ou dons extraordinarios; alias, estes fenómenos hSo
de ser considerados criteriosamente para que nSo se confundam expressdes
(mórbidas?) do psiquismo humano com a acSo do Espirito Santo.1

1 Os mestres da vida espiritual chamam a atengSo para o caráter ambiguo


que podem ter os fenómenos extraordinarios, tifo almejados por mu ¡tas
pessoas religiosas. NSo raramente (embora nem sempre) provém da fanta-

23
24 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

6. Paulo Coelho tem-se interessado pela magia. Todos sabem aproxi


madamente o que este conceito significa, mas é necessário esclarecé-lo
bem. Com efeito; magia é a arte de dominar as forcas da natureza e da
historia mediante fórmulas ou práticas tidas como capazes de sobrepujar
os próprios deuses; vem a ser urna deturpacSo da religiá*o, pois pretende
atribuir aos magos ou a pessoas privilegiadas poderes divinos. Os povos pri
mitivos, na falta de recursos científicos e tecnológicos, procuravam resol
ver seus problemas pelo uso da magia. Esta pode lograr éxito se ela se ba-
seia (inconscientemente talvez) no aproveitamento de torgas da natureza
ou no sugestionamento que ela incute a quem Ihe dá crédito. Paraenfati-
zar sua autoridade, os magos dos povos primitivos se reuniam em grupos
secretos, que tinham cada qual seu patrono; submétiam-se a um processo
de iniciacSo, que significava a morte ao velho homem e a ressurreicSo de
um novo ser, dotado das facuidades e prerrogativas dos colegas-magos.

Em conclusSo, pode-se dizer que o livro "Na margem do Rio Pie


dra..." joga com valores religiosos muito caros aos cristSos e, por isto, me
recedores de respeito, mesmo da parte de um romancista. O fato de citar
o místico cristao Tomás Merton a p. 11 nSo legitima o conteúdo da obra.

sia do fiel, instigada talvez por alguma tendencia doentia ou pela vaidade,
a curíosidade... Eis o que a propósito escreve Sao Joao da Cruz:

"Importa saber que, nSo obstante poderem ser obra de Deus os efei-
tos extraordinarios que se produzem nos sentidos corporais, é necessário
que as simas nao os queiram admitir nem ter seguranca nefes; antes, é
preciso fiugir inteiramente de tais coisas, sem querer-examinar se sao boas
ou más. Porque quanto mais exteriores e corporais, menos certo é que sSo
de Deus. Com efeito, é maispróprio de Deus comunicarse ao espirito — e
nisto há para a alma mais seguranca e lucro — do que aos sentidos, fonte
de freqüentes erros e numerosos perígos... Há tanta diferenca entre a sensi-
bilidade e a razio como entre o corpo e a alma e, na realidade, o sentido
corporal é tao ignorante das coisas espirituais como um jumento o é das
coisas racionáis, e mais aínda" (A Subida do Monte Carmelo, I. //, cap.
XI, 2).

"£ melhor padecer por Deus do que fazer milagres" (Ditos de Luz e
Amor, n. 181),

24
Fala o médico:

RELAQÓES PRÉ-MATRIMONIAIS: VÁLIDAS?

Em símese: O Dr. Helio Begliomini, pos-graduado pela Escola Paulis-


ta de Medicina, trata, como médico, das relacoes pré-matrimoniais. Mostra
que, em vez de favorecer urna vida conjugal mais sólida e feliz, tém contri
buido para dificultar a convivencia de marido e mulher. Com efeito;
dio a entender subliminarmente que casamento é principalmente vida
sexual; quando na verdade implica um dia-a-dia vivido a doisem atitude de
doacao generosa e paciente. Além disto, as relacoes pré-matrimoniais pro-
piciam a transmissSo da AIDS e de varias doencas venéreas, que podem
perdurar mesmo depois do casamento legítimo, pre/udicando a vida
conjugal. Mais: o aborto decorre, nao raro, desse tipo de relacionamento, e
a vida moral dos dois parceiros tende a se abalar, pois cede a paixoes e até
a eventuais desatinos. - As energías que nSo se gastam ñas relacoes pré-
matrimoniais, serSo canalizadas em beneficio da vida intelectual, esporti
va, profissional e religiosa dos interessados.

* * *

A Redacao de PR pediu ao Dr. Helio Begliomini um artigo sobre re


lacoes pré-matrimoniais, consideradas do ponto de vista médico. Este ami
go respondeu enviando a PR o artigo em vista, acompanhado de outro re
ferente a Cursos de Preparacao de Noivos para o Casamento. Publicamos
neste número de nossa revista os dois estudos, que se complementam mu
tuamente, e agradecemos vivamente ao Dr. Helio Begliomini a sua valiosa
colaborado de Médico do Hospital do Servidor Público do Estado dé Sao
Paulo (HSPE-FMO), pos-graduado pela Escola Paulista de Medicina
(EPM)..

Possam os leitores beneficiarse das ponderales do profissional em


Medicina e perito de Cursos para Noivos que mais urna vez colabora com
PR.

RELACOES SEXUAIS PRé-MATRIMONIAIS

A metamorfose do mundo atual tem favorecido um relacionamento


entre as pessoas mais objetivo, menos formal, mais frío e menos duradou-

25
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

ro. A crise das críses no cenário hodierno é sem dúvida, a crise da ética, a
da moral, que se traduz na maneira desmedida em "levar vantagens sobre
outrem", desacato ás leis, desrespeito ás instituicdes e o relativismo filosó
fico, que esconde varias nuancas entre o bem e o mal, confundindo-os e
fazendo-os assumir a mesma forma.

Entre as ¡nstituicSes que sofrem acentuado abalo, enquadra-se o ma


trimonio, nSo por forcas emanadas de sua raza*o de ser, mas, sim, por veto-
res centrífugos oriundos de seus maiores protagonistas — os consortes.
Sem cónjuges, nao há matrimonio. Se estes estSo mal preparados ou até
mal intencionados, o reflexo é direto no casamento, que terá sua saúde
abalada.

Algumas estatfsticas mostram que cerca de 10% dos casáis que hoje
contraem matrimonio, estarao em um ano separados. Este índice sofre-
rá incremento nos anos subseqüentes. Quais seriam as causas para tal fra-
casso, sobretudo num mundo onde predomina mais abertura, diálogo, co-
nhecimento, liberdade de comunicacSo e compreensao..? Onde os mitos
e a depreciacSo social de ficar solteiro(a) se diluem..?

Os especialistas sempre referem que uma das causas mais em voga na


dissolucSo (fracasso) do casamento (n§o acasalamento) é o desajuste se
xual. Como entender tal fato, uma vez que os noivos desenvolvem "cur
sos" de ¡nstnicSo e educacao sexual ñas mais diversificadas revistas de se
xo, aperfeicoamento prático durante o namoro e pós-graduacSo com par-
ceiras(os) ocasionáis?! A intuicSo indica que deveria ser exatamente o con
trario! Entretanto, tais fatos, aliados a uma sociedade hedonista, expressa
nos seus mais variegados meios de comunicacSo social, contribuem para
frisar que o sexo antes do casamento ou irresponsável coopera ou é a ex-
pressao de uma fragilidade de caráter, pusilanimidade de principios, obnu
bilado de objetivos retos, serios e perenes, que o casal deveria descobrir
e perseguir durante o namoro e o noivado, a fim de. que tenham um ca
samento sol ido e. persistente.

O relacionamento sexual pré-matrimonial, além dessa caracterís


tica de enfraquecimento moral do casal, pode precipitar outros inconveni
entes, tais como:

CONTAGIO DE DOENCAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS

O universo de doencas transmitidas através do coito nSo se restringe


apenas á sífilis e ¿ gonorréia, como em tempos imemoriais. Uma gama
maior de ¡nfeccSes poderá ser adquirida, tais como: uretrites, balan ites,
balanopostites, colpites e vulvovaginites inespecfficas causadas por um ou

26
RELAgÓES PRÉ-MATRIMONIAIS: VÁLIDAS? 27

mais dos seguintes agentes: Gardneretla vaginalis, Trichomonas vaginalis.


Candida albicans, Ureaplasma urealyticum, Chlamydia trachomatis, Her
pes virus hominis e bacterias Gram positivas e negativas. Igualmente, outras
doencas com seus agentes próprios, como condiloma acuminado, cancro
mole, linfogranuloma venéreo, escabiose, pediculose, molusco contagioso
e donovanose, poderá*o ser contraídas, além da AIDS (Síndrome da imu-
nodeficiéncia adquirida) e da hepatite. Algumas dessas doencas podem
ocorrer em circunstancias matrimoniáis de fidelidade. Entretanto, torna-se
percalco no tratamento o fato de um dos parceiros sexuais manter relacio-
namento com outra(s) pessoa(s). Faz-se necessário tratar todas essas mo
lestias conjuntamente, o que acaba acarretando confusSes e mentiras no
relacionamento entre os diversos parceiros e parceiras.

REMINISCENCIAS SEXUAIS DE OUTREM

Trata-se de informapSes visuais, táteis, olfativas e auditivas adquiridas


e armazenadas no subconsciente, que podem vir á tona quando se tem rela
cionamento com o(a) atual parceiro(a). Os termos de comparacao sobre as
técnicas e o desempenho sexual se estabelecem na relacSo; isto podérá
gerar a imagem de que o(a) namorado(a) ná"o étSo bom (boa) quanto
outrem. Neste tipo de situacao se enaltece o componente sensual do rela
cionamento, e afirma-se implícitamente que o sexo deve ser o objetivo pri
mordial do casamento.

Quando nSo existe compromisso assumido social e religiosamente, o


relacionamento sexual se torna mais irracional, mais carnal, mais fugaz,
mais frágil, e conseqüentemente menos responsável, menos abrangente,
menos persistente e menos sólido.

PSEUDO-RELACIONAMENTO CONJUGAL

Muitos advogam que o relacionamento sexual durante o namoroeo


noivado .colabora para o conhecimento entre os futuros cónjuges, evitando
assim casamentes que nSo dariam certo. Se assim fosse, nSo haveria tantas
separacSes ou tanta rotatividade entre os casados ou namorados que parti-
Iham ou partilharam essa idéia, urna vez que nSo faltam motivos, incenti
vos e ambientes para o sexo. Por mais que se queira prever, a vida conju
gal reserva momentos singulares, que slcí ora positivos, ora negativos.
Com certeza, haverá evidenciacSo de intimidades mutuas até entSo desco-
nhecidas.

No relacionamento sexual pré-matrimonial, procura-se valorizar só


os momentos agradáveis e nSo se partíIha o dia-a-dia conjugal. Acentua-se,
desse modo, urna visSo mais libidinosa do relacionamento, esquecendo-se

27
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

que o cónjuge traz consigo muito mais do que esta faceta a ser apreciada
e compartíIhada. Cria-se assim urna falsa ilusao do futuro consorte, de
modo que a distorcSo miope auferida no namoro e noivado poderá causar
separacSo conjugal, pois o cónjuge aprendeu a ver parte da pessoa e ná*o a
encará-la como um todo.

O relacionamento sexual pré-matrimonial, de maneira geral, é festivo


e descompromissado, nSo importando muito aos seus protagonistas urna
visSo mais duradoura e até transcendental.

ENFRAQUECIMENTO DA MORAL

O sexo nSo é o instinto mais forte que o homem possui, mas torna-se
muito exuberante a partir da adolescencia e atinge o.seu cume na fase
de adulto jovem, quando apresénta estabilizacSo de sua pujanea, com pos
terior dech'nio paulatino ñas suas manifestacSes.

0 controle do apetite sexual está muito ligado á razSo e á educacSo.


O autocontrole em termos de continencia sexual nSo causa disturbios psi
cológicos e físicos. Ao contrario, os desajustes na verdadeira educacSo (fal
ta de orientacSo sobre principios éticos seguros e lídimos) refletem-se de
forma negativa ñas relacSes psicológicas.do individuo, precipitando-o em
experiencias sexuais tidas como "necessárias e medicináis", quando, na
verdade, agravam a ansiedade e o vazio que acompanham o individuo, con-
tribuindo para enfraquecé-lo aínda mais psicológica e moralmente. Faz-se
mister quebrar o ciclo vicioso e reverter o quadro. A continencia sexual
pré-matrimonial demanda um continuo exercicio da vontade sobre um
forte impulso físico; torna-o menos cegó e irracional, proporcionando ao
individuo um controle de si mesmo. Ademáis, reordena suas prioridades e
oferece urna forte sensacSo de bem-estar pelo dominio de si mesmo, de
seu ego. Esta energía cortamente hade ser canalizada ermbeneficio de sua
vida profissional, intelectual, esportiva, religiosa e matrimonial, propor
cionando construtivos dividendos. :,,.. ..;■ ■■-, r ■. v - -:;>:,

A selecSo de pessoas bem formadas no rol das amizades, a freqüen-


tacSo de bons ambientes, o hábito de boas leituras e de cursos educativos, a
vivencia religiosa, a prática esportiva, o trabalho e a vida regrada nSo so-
mente colaboram para o autocontrole da sexüalidáde, mas também tor-
nam-se subsidios imprescindíveis na boa formado da personalidade.

PRECIPITACÁO DO ABORTO

Todo relacionamento sexual irresponsável ¡maturo e/ou inoportuno


abre as portas para a fecundacao (mesmo na utilizacSo de recursos anti-
concepcionais artificiáis ela nSo é impossível). A geracSo de um novo ser
fora do contexto do lar, indesejado, fruto de mero hedonismo fortuito e

28
RELAgOES PRÉ-MATRIMONIAIS: VÁLIDAS? 29

frivolo, poderá favorecer um mal ainda maior, que é o aborto provocada


Com ele se atesta que o denominador comum era mesmo o prazer desme
dido e inconseqüente, além de se testificar o despreparo de seus protago
nistas, pois se chega a um crime bárbaro e nefando, onde o desprezo abso
luto e radical pela vida do embribo inocente e desprotegido nem sequer é
cogitado.

CONSIDERAQOES FINÁIS

A vida sexual no matrimonio ná"o é ¡solada; ao contrario, faz parte de


um contexto a dois, cujo constante aprendizado, conjunto e paulatino de
ambos os consortes se fará em plenitude. O casamento serio baseado no
amor sincero é terreno fecundo para este amadurecimento sexual, que
mormente demanda tempo, mensurado pela razao direta do diálogo, pelas
características físicas individuáis, compreensSo, sinceridade, educacSo fa
miliar recebida e pelo respeito mutuo. Esse crescimento sexual será ampio
na vida conjugal, urna vez que, como visto ácima, o coito pré-matrimonial
n3o proporciona urna visSo do(a) parceiro(a) em toda sua globalidade e
em todo o instante. O sexo nao é o objetivo mais importante do matrimo
nio, mas um importante complemento, na razio direta do querer bem de-
sinteressado e sincero que ambos os cónjuges demonstram reciprocamente.
Neste sentido, colaborará para levar o casamento a bom termo.

A dinámica sexual conjugal também conhece momentos felizes edi-


f icéis ao longo da vida a dois. O casal aprenderá a conviver e a su pera-los
quandb houver amor. Este tudo supera. Nada resiste a ele. Se no narro ro
alguém nSo aprendeu a conhecer e a respeitar seu futuro cónjuge, a exer-
citar as virtudes da renuncia e da continencia, será mais difícil fazé-lo após
o casamento; com efeito, o sexo carnal e fugaz num contexto sem amor
e/ou sem compromisos oficiáis, longe de ser remedio para angustias e de-
pressSes, se torna fator agravante de desilusdes presentes ou futuras, urna
vez que o relacionamento se forja numa relapso inconsistente, de interes-
ses circunstanciáis e de duracio efémera.

* * *

QUER CONHECER MELHOR JESÚS CRISTO?

ALÉM DOS ONZE CURSOS POR CORRESPONDENCIA JÁ PU


BLICADOS, ACABA DE SER LANCADO O 12?, QUE VERSA SOBRE
JESÚS CRISTO - SUA PESSOA E SUA OBRA. QUALQUER DOS VO-
LUMES RELATIVOS A TAIS CURSOS PODE SER ADQUIRIDO SEM A
OBRIGACÁO DE PROVAS OU AVALIACÓES. - ENCOMENDAS E
PEDIDOS DE INFORMACOES SEJAM DIRIGIDOS A ESCOLA "MA-
TER ECCLESIAE", CAIXA POSTAL 1362, 20001-970 RIO DE JANEI
RO (RJ).

29
Reflexoes e Sugestoes:

CURSOS PARA NOIVOS: QUE DIZER?

Em sfntese: O Dr. Helio Begliomini, que vem trabalhando há cerca


de doze anos em Cursos de Preparacao de Noivos para o Casamento, fala
de sua experiencia pessoal. Julga que os candidatos ao matrimonio geral-
mente se apresentam muito despreparados para enfrentar certos aspectos
da vida conjugal: desenvolvimento da gravidez, acompanhamento pré-na-
tal, aleitamento, vacinacoes, doencas sexualmente transmissiveis, métodos
de controle da natalidade... • !

Sugere que tais Cursos sejam t§o dinámicos quanto possfvel a fim de
captar a atencao e a simpatía dos cursistas. Ofereca-se aos participantes
urna lista de livros'e eventualmente urna- Biblioteca paroquial, capaz de
Ihes ministrar leíturas adequadas. Visto que sSo de curta duracao tais en-
contros, parece oportuno propiciar aos que o queiram, Cursos mais pro
longados se/a antes, saja depois do casamento.

* * *

Apresentamos o segundo artigo do Dr. Helio Begliomini, complemen


tar do anterior. 0 autor é.pos-graduado pela Escola Paulista de Medicina
(EPM) e Médico do Hospital do Servidor Público do Estado de Sao Paulo
(HSPE-FMO); merece viva gratidao da RedacSo de PR, com a qual tem
colaborado. 1- .......

CURSOS DE,NOIVOS

Tencionamos neste artigo analisar, de forma concisa,-o trabalho reali-


zadotaodongoideaproximadamente doze ranos conrrela93o ao Curso Pre
paratorio para o Casamento,*mais conhecido como 'Curso de Noivos. .■

•■■ ' •' A experiencia- acumulada íoi desenvolvida .nurna< paróquia -xia zona
'Norte da cidade de Sao Paulo. Isto é importante, poisalgumas pondera-
cSes e sugestSes jamáis seriam; adequadas a outras cidades e regiées deste
país-continente, portador de diversas peculiaridades de ordem geográfico-
histórico-económica e culturáis. Entretanto, esperamos que estas sucintas

30
CURSOS PARA NOIVOS: QUE DIZER7

e objetivas considerares fomentem a reflex§o, a fim de que possam pro


porcionar beneficios a quem venha a lé-las.

REFLEXOES

Objetivos do Curso

A designacSo "Curso de Noivos", embora seja a mais usual, é infeliz,


pois nao indica sua finalidade. Talvez.a melhor expressSo que :refletisse o
verdadeiro sentido/ fosse "Curso para Noivos em Preparacao ao Casamerv
to". Todavia nomes similares a estes sSo mu ito extensos e, talvez, pouco
propicios ádivulgacSo eassimilacSo.Daí axonsagracSo/narprática, da
expressSoJ!Curso de Noivos", sendodoravantemencionada comoCN. ¡o
'■■ ■--i',':"r:! '^rüV?-•■: * . ■ "■; •¡.••'.•¡vi'. :-. ■?.-\-\ ,. <, ><jn" '':--■< ¡¡n i odiü1' -.■■>
O-CNKnasceu¡como urna »resposta da;Igreja pós-concilianao:grande
incremento de separac5es conjugáis após o casamento; ao indiferentismo
referente á condigSo sagrada do sacramento do matrimonio, assim corro
ás verdades religiosas reveladas.

•'-"" íPon sua-vez;ia excessiva massificacSoxJa populacho pelos;meios dexo-


municapSo'-social tolhe e/ou usurpa axapacidade de reflexSo edecisao ple
namente 'livre das pessoas; contribuí'para influenciar grande.parte da spcie-
dade, sobretudo os adolescentes e adultos jovens, levando-ossutilmente
a pensare a'fcgir de acordó com padrSes estereotipados.)Em conseqiién-
cia, procura-se>veicular explícita ou subliminarmente (o que é pior) um
sentimento^de repufsa as instituicSes previamente-establecidas {Igreja;;,
matrim6nio.i,pfamnia:!^etc.); e disseminam-se'os conceitos de>quej"tudo
é possível", "tudo é relativo", "tudo é certo", Vse nao der certo, existe o
"^ em ^detrimento de umasordemfe£escala'dei:valor.eSTlógicas,

ibtáaq
^qíDessa^orma^ovGNeteve;quei'enfrentar-íao<longoídosnanosp grandes
dissaboresicóm* varios tcursistas/quef8implesmenteTn§b-£eiqueriamsujettar
a tal situapSo. Paradoxalmente, tais pessoas eramscapazes deepassar.ihoras
lendo gibisou na manicure ou nos botequins, ou em frente a urna televi-
s3o ou no completo ocio em vezJde3sedignarem refletir sobre alguns pon
tos em seu próprio favor referentes a urna vida conjugal sadiaie harmónica.

;1" Felizmente, tais preconceitostém sidos minimizados, pois, hoje em


día, um dos^grándes -divulgadores do CN sSo^ospróprios noivos; que, ao
longo desvarios anos, aprenderam que o maiorobjetivo do evento é a pró-
pria felicidadeJdeles- embasada numa auténtica vida crista. Outrossim, os
temas e os enfoques desenvolvidos durante o CN tém-se tornado mais atra-

31
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

entes, pois, em mu itas situacQes, levam os noivos a pensar, respeitando a l¡-


berdade individual, coisa ignorada pelos meios de comuntcacSo de massa.
Da mesma forma, sentem que Cristo e sua Igreja estSo mais próximos do
que eles erradamente supunham ou aprenderam.

Perfil dos Participantes

Constatamos que, embora nossa populacSo de cursistas seja de classe


media, há um progressivo achatamento (por baixo) do nivel cultural dos
participantes. A maior parte dos noivos nSo se interessa por leitura de
bons livros e um número na"o surpreendente nSo apresenta sede pelo saber.

Igualmente, observamos que na maior.parte dos CNs apenas urna ni •


noria tem nocSes precisas e sólidas sobre educacao sexual nos seus aspec
tos físico e moral, sobre o desenvolvimento da gravidez, o acompanhamen-
to pré-natal, pos-natal, aleitamento, vacinacdes, doencas sexual mente
transmissíveis, métodos de controle da natalidade, quer artificiáis, quer
naturais, etc.

É ¡mpressionante verificar que, de modo geral, 30 a 40% dos noivos


próximos do casamento ainda nioconversaram sobre quantosfilhos pre-
tendem ter. Quando sa"o indagados se já se colocaram na situacao de nSo
poderem ter filhos próprios, a resposta é ainda mais desanimadora, visto
que apenas 30% dos casáis ja se imaginaram em tal situacao. Daí depreen-
de-se que conversas sobre educacSo de filhos sensu lato, adoc§o, planeja-
mento familiar, etc. se tornam inexistentes, ou pouco consistentes entre os
futuros nubentes. Tais entraves poderSo prejüdicar ou mesmo comprome
ter o casamento, caso na*o sejam.superados pelo diálogo e amor sincero.

Um fato alentador é que, hoje em día, diferentemente de outrora, a


maior parte dos participantes se apresenta ao CN com.-boa vontade, nao
prejudicando seu desenvolvimento. Outrossim, verificamos que sSo pou-
cos os que ainda alimentam umpreconceito negativo comrelacao ápro-
gramacSo, ou se julgam pretensiosamente ácima de.tudo e de todos, des-
prezando a sua partí cipacSo.

SUGESTOES

Pedagogía do CN

Quanto mais dinámico fór, melhores serSo o aprendizado e a assimi-


lacSo. Hoje em dia é fundamental, na medida do possível, que recursos
técnicos como diapositivos, retroprojetor, tapes, vídeo sejam associados
aos métodos tradicionais de dinámica de grupo. Todos favorecerao maior

32
CURSOS PARA NOIVOS: QUE DIZER? 33

partid pacao e enriquecí mentó do tempo em que se desenvolvem os tra


balhos. Entretanto, nada terá valor se os protagonistas das palestras ou os
dirigentes e colaboradores nSo forem cristaos que procurem viver a palavra
de Deus. É certo que o teste mu nho de vida fala mais alto, de forma tácita,
porém proficua, do que os maiores recursos tecnológicos hodiernos.

Incentivo á Cultura

A fim de combater a inercia cultural dos participantes, compete aos


dirigentes oferecer e apresentar durante os trabalhos varios livros cristaos
de preco módico, dos mais variados temas, a fim de estimular os noivos a
desenvolverem urna biblioteca domiciliar sadia em seu futuro lar. é opor
tuno que alguém possa apresentar os livros em exposicSo com breves co
mentarios, com a finalidade de incentivar a leitura, demonstrando explíci
tamente assim que já os conhece.

Dinámica do CN

É salutar que o curso seja bem dinámico e que, para cada funcab,
existam pelo menos tres responsáveis que se possam revezar. Isto evita
acertos e correrías de última hora, na tentativa de adaptar o programa acs
dirigentes, e nSo o contrario. Ademáis evita colaboradores que se julguem
¡nsubstituíveis e até imprescindi'veis para o sucesso do evento. A propósi
to, o programa deve ser elaborado de acordó com a realidade cultural dos
participantes bem como com as condipdes de que se dispde.

A distribuicio de questionários para avaliacSo e sugestoes por ocasiao


■do encerramento dos Cursos, perfilando todas asatividadeseseus protago
nistas, contribuí com elementos objetivos para se aprimorar cada vez mais
o trabalho, além de se estabelecer um canal direto e sincero entre os polos
de transmíssSo e recepcSo. NSo raro observamos sugestSes apreciáveis para
a melhoria das atividades. Neste contexto é fundamental trabalhar para
que se tenha urna equipe coesa, harmónica, de formacSo e de vivencia cris
ta', que se possa reciclar em suas funcSes e em sua espi ritual idade.

Tempo do Curso '

O tempo destinado ao CN é exiguo em funcSo da responsabilidade da


vida matrimonial, bem como em comparacao com cursos congéneres, que
antecipam outros sacramentos, tais como Primeira Eucaristía e Crisma,
sem falar do que se refere ao sacerdocio. Por outro lado, a sua sistematiza-
cao na realidade paroquial já é urna vitória, haja vista á correría e aos atró
pelos de última hora, presentes nos. noivos que o procuram realizar. Entre
tanto, para casáis mais interessados, assim como para namorados que ten

33
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

cionam casar bem e com bastante preparo, seria interessante instituir cur
sos mais demorados e mais profundos, onde, ao longo de seis meses ou
mesmo um ano, pudessem participar de varios temas que forzosamente
seriam de grande auxilio. Entre eles, tém-se: economía doméstica, educa-
cSo sexual, paternidade responsável, educacSo dos filhos, aspectos psicoló
gicos do homem, da mulher, relacionamento humano, doencas sexualmen-
te transmissíveis, educacSo para o belo, para o bem, educacao religiosa e
sua importancia no lar, harmonía e dinámica conjugal, sacramentos, Igreja
e suas pastorais, etc, etc.

Cursos mais longos poderiam ser instituidos em nivel diocesano, e


serviriam como opcSo aos casáis mais desejosos de crescimento. Ademáis
poderiam serfreqüentados por aqueles que já tivessem recebido o sacra
mento do matrimonio colaborando na sua vivencia.

Homogeneidade dos Participantes

Embora sej'a difícil contornar este impasse na prática atual, os Cursos


poderiam, na medida do possível, ser ministrados para uma platéia que es-
tivesse num nivel cultural equiparado. A verif¡cacao de desníveis acentua
dos contribui para que os casáis em situacSo inferior á media se acanhem,
evitando perguntas que julgariam ser inoportunas, como também arrefece
a motivacSo de outros casáis que estSo num.grau de conhecimento maior.
Se os participantes pudessem ser previamente alocados em cursos onde se
buscasse maior homogeneidade cultural, o aprendizado, a motivacio e a
participacSo seriam com certeza maiores.

Secretaria Versátil

A presenca de urna Secretaria atuante e dinámica poderia colaborar


de forma marcante no Curso de preparacSo para o matrimonio. O envió
•de um "cartSo personalizado, externando felicitacSes e desejando asbén-
c3os de Deus em nome da equipe do CN por ocasiSo do matrinfonio, deno
taría atencSo e carinho para com os nubentes.

- A promocao de um encontró ou mesmo de palestras após uns seis


meses a um ano de vida conjugal ajudaria os casáis a realizarem uma refle
xivo dirigida, bem como Ihes daría a oportunidade de reviverem e aprofun-
darenvo Curso realizado pré-matrimonialmente. Além disso, a Secretaria
poderia ser um elo de contato que facilitasse o engajamento dos casáis
em outras pastorais da paróquia.

Através da Secretaria poder-se-ia igualmente organizar uma Biblioteca


para a divulgacao de bons livros, assim como a realizacao de uma pesquisa

34
CURSOS PARA NOIVOS: QUE DIZER? 35

entre os participantes por ocasiao do término do evento, avaliando os


temas, palestristas e dinámica empreendida, a fim de trazer subsidios para
a melhoria de cursos ulteriores.

Consideracoes Fináis

0 CN tem-se tornado urna realidade no contexto paroquial. Ele cola


bora nao somente para oferecer um momento descontrai'do e, ao mesmo
tempo, serio de reflexao aos futuros cónjuges á luz do Evangelho, como
também, proporciona urna nocSo de co-responsabilidade dos leigos ñas
atividades pastorais da Igreja.

As conquistas realizadas até o presente momento nao devem deter


os ánimos na busca de urna estrutura mais dinámica de trabalho, objetivan
do maior informacSo humanística e formacSo crista. A crítica construtiva,
assim como a troca de experiencias interparoquiais entre as diversas equi
pes congéneres, contribuirlo para seu devido aperfeicoamento.

* * *

Teología do Evangelho de Sao Joáo, por Bento Silva Santos. Serie Bíblica nV 1.
- Ed. Santuario, R. Pe. Claro Monteiro 342, 12570-000 - Aparecida (SP), 140x210
mm, 421 pp.

O autor é professor de S. Escritura na Escola Teológica da Congregado Benediti


na do Brasil, tendo concluido seus estudos em Roma, onde se licenciou em Teologia
Bíblica. A presente obra é o produto de longos estudos, que consideram o quarto
Evangelho nao somente do ponto de vista lingüístico e erudito (o que é certamente im
portante), mas também em vista da explanacao do pensamento teológico do Evangelis
ta. Sao passados em revista, de maneira muito profunda e com o apoio de vasta biblio
grafía, quatorze temas do Evangelho segundo Sao Joao (amor, pecado, Igreja, a huma-
nidade de Jesús, a "exaltacao" de Jesús, a escatologia...), de modo a evidenciar sempre,
para o leitor, o "misterio" contido dentro da letra sagrada. Desta maneira o autor ofere-
ce urna obra valiosa nao somente para especialistas, mas também para os cristaos que
desejam alimentar sua espiritualidade com o sólido nutrimento das Escrituras.
Em sua Conclusao o autor faz a seguinte ponderacao: "Chegando ao fim desta
obra, poderia perguntar-se o leitor qual parece ser o centro da teologia do quarto Evan
gelho. Ora o estudo dos principáis temas deste Evangelho dissipou qualquer dúvida:a
Cristologia está no centro da Teologia joanina. O quarto evangelista quer transmitir aos
seus leitores o misterio da pessoa de Jesús, ou seja, o fato de que Ele, o Filho de Deus,
vive em urna relacao única com o Pai (10,30.38). No final de sua obra (20,31) Joao
afirma que escreveu seu Evangelho para conduzir os crentes á fé em Jesús, o Cristo, e
para que, crendo, tenham a vida em seu nome" (p.395).

É para desojar que tafo sabio estudo bíblico encontré generosa aceitacáo nos cír
culos de cristaos sequiosos de conhecer melhor a fé que professam.

E.B.

35
Grupo Anónimo de Ajuda Mutua:

NARCÓTICOS ANÓNIMOS (NA)

Em síntese: Os Narcóticos Anónimos constituem grupos que se reú-


nem periódicamente em vista de ajuda mutua na procura da sua recupera-
cSo. Sao dependentes de drogas em geral, que mu¡tas vezes caem no deses
pero por perceberem que sua vida se vai destruindo, sem que e/es tenham
forca para se libertar do vicio. Esses grupos funcionam informa/mente; em
suas sessoes os adictos (= dependentes) trocam experiencias, propósitos e
contam Vitorias obtidas mediante a observancia de Doze Passos de um ro-
teiro bem tragado. Nao estao ligados á política nem a algum Credo religio
so; todavía reconhecem que somente Deus (como cada um O pode conce-
ber) os pode libertar do vicio.

O prímeiro grupo de NA reuniu-se em ¡ulho de 1953 na California;


cresceu e difundiu-se rápidamente. Em 1962 publicou o livreto branco
"Narcóticos Anónimos". Em 1972 foi criado em Los Angeles na Califor
nia um Escritorio Mundial de Servico (\Nor\d Service Office^ cujo ende-
regó atual é: PO Box 9999, Van Nuys, CA 91409, USA. Esse Escritorio
publicou o livro Narcotics Anonymous, que foi traduzido para o portu
gués e do qual extraímos, a seguir, os tópicos principáis.

* * *

0 uso de drogas está cada vez mais difundido, havendo ampia rede de
traficantes a ¡nstigá-lo e beneficiar-se dele. Tém sido propostos tratamen-
tos diversos para coibir ou extinguir a dependencia das pessoas drogadas.
Verifica-se, porém, que em muitos e muitos casos a terapia nio resolve o
problema, pois o vicio está profundamente arraigado. — Como para os de
pendentes do álcool, existe também para os dependentes de drogas a ajuda
mutua e anónima, que se tem revelado altamente eficaz; os adictos (= de
pendentes) se reíinem e ouvem uns aos outros, narrando experiencias, pro
pósitos e também... Vitorias; estas sao obtidas mediante a execucao de
um Programa que consta de Doze Passos e que vai levando a pessoa a se
firmar na abstenpao. Tais Grupos sao ditos de "Narcóticos Anónimos"
(NA); tém feito grande bem e, por isto, merecem ser mais e mais divulga-

36
NARCÓTICOS ANÓNIMOS (NA)

dos, a fim de que as pessoas necessitadas os possam procurar e eventual-


mente chegar á almejada recuperacao.

O primeiro grupo de NA reuniu-se em julho de 1953 na California;


cresceu e difundiu-se rápidamente. Em 1962 publicou o livreto branco
"Narcóticos Anónimos". Em 1972 foi criado em Los Angeles um Escrito
rio Mundial de Servico (World Service Office), cujo endereco atual é-
PO Box 9999, Van Nuys, CA 91409 USA.

Existem impressos que transmitem ao grande público as intencoes e o


modo de proceder dos Grupos de NA. Vamos, a seguir, servir-nos do livro
intitulado "Narcóticos Anónimos", traduzido do inglés e publicado em
portugués por World Service Office. Dessa obra extrairemos as páginas ou
os segmentos que sintetizam os nove primeiros capítulos do livro.

1. QUEM É UM ADICTO?

"A maioria de nos nao precisa de pensar duas vezes sobre esta per-
gunta. NOS SABEMOS! Toda a nossa vida e nossos pensamentos estavam
centrados em drogas, de urna forma ou de outra — obtendo, usando e en
contrando maneiras e meios de conseguir mais. Vivíamos para usare usa-
vamos para viver. Um adicto é simplesmente um homem ou urna mulher
cuja vida é controlada pelas drogas. Estamos ñas garras de urna doenca
progressiva, que termina sempre da mesma maneira: prisoes, instituicSes
psiquiátricas e morte.

Nossa doenca nos isolava das pessoas, a ná"o ser quando estávamos
obtendo, usando e arranjando maneiras e meios de conseguir mais. Hostis,
ressentidos, egocéntricos e egoístas, nos nos ¡solevamos do mundo exte
rior. Qualquer coisa que nao fosse completamente familiar, tornava-se es-
tranha e perigosa. O nosso mundo se estreitava e o isolamento tornou-se
a nossa vida; usávamos para sobreviver. Era a única maneira de viver que
conhecíamos...

Manipulamos pessoas e tentamos controlar tudo á nossa volta. Menti


mos, roubamos, trapaceamos e nos vendemos. Tínhamos que conseguir as
drogas, nao importava o preco. O fracasso e o medo comecaram a invadir
nossa vida...

As funcoes mentáis e emocionáis mais elevadas, como a consciéncia e


a capacidade de amar, foram fortemente atetadas pelo nosso uso de dro
gas. Nossa habilidade de viver ficou reduzida ao nfvel animal. Nosso espíri-

37
38 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

to estava em pedacos. Tínhamos perdido a capacidade de nos sentirmos


humanos...

Adquirimos hábitos estranhos e maneirismos. Esquecemos como se


trabalha; esquecemos como se brinca; esquecemos como nos expressar e
como demonstrar interesse pelos outros. Esquecemos como sentir...

Este ritmo de decadencia varia de adicto para adicto. Seja no espago


de anos, seja no de días, o caminho vai sempre na descendente. Aqueles
de nos que ná*o morrem da doenca, v3o para a prisao, para instituicSes psi
quiátricas ou para a completa desmoralizacüo, a medida que a doenca pro-
gride...

Tivemos que chegar ao fundo do poco antes de estarmos dispostos a


parar. Sentimo-nos, por fim, motivados a procurar ajuda no último estágio
da nossa adicgao...

Quando nos identificamos como adictos, a ajuda tornase possível.


Podemos ver um pouco de nos mesmos em cada adicto e ver um pouco
deles em n6s. Esta compreensao permite que nos ajudemos mutuamente.
Nosso futuro parecia desesperador até que encontramos adictos limpos,
dispostos a partíIhar conosco... Se eles tinham conseguido, nos também
conseguiríamos" (pp. 3-9).

2. QUAL É O PROGRAMA DE NARCÓTICOS ANÓNIMOS?

NA é urna Irmandade ou sociedade sem fins lucrativos, de homens e


mulheres para quem as drogas se tornaram um problema maior. Somos
adictos em recuperado, que nos reunimos regularmente para ajudarmos
uns aos outros a nos man termos limpos. Este é um programa de total abs
tinencia de todas as drogas. Há somente um requisito para ser membro, o
desejo de parar de usar. Sugerimos que vocé mantenha a mente aberta e
dé a si mesmo urna oportunidade. Nosso programa é um conjunto de prin
cipios escritos de urna maneira tao simples que podemos segui-los na nossa
vida diaria. 0 mais importante é que eles funcionam.

NA ná*o tem subterfugios. Nao somos filiados a nenhuma outra orga-


nizacao, nSo temos matrícula nem taxas, nao há compromissos escritos,
nem promessas a fazer a ninguém. NSo estamos ligados a nenhum grupo
político, religioso ou policial e, em nenhum momento, estamos sob vigi
lancia. Qualquer pessoa pode juntar-se a nos, independente da idade, raca,
identidade sexual, crenca, religiSo ou falta de religiao.

38
NARCÓTICOS ANÓNIMOS (NA) 39_

N3o estamos interessados no que ou quanto vocé usou, quais eram os


seus contatos, no que fez no passado, no quanto vocé tem ou deixa de ter;
só nos interessa o que vocé quer fazer a respeito do seu problema e como
podemos ajudar. O recém-chegado é a pessoa mais importante em qual-
quer reuniao, porque só dando podemos manter o que temos. Aprende
mos, com nossa experiencia coletiva, que aqueles que continuam vindo re
gularmente as nossas reunides se mantém limpos.

Usamos as ferramentas que funcionaram para outros adictos em recu


perado, que aprenderam a viver sem drogas em NA. Os Doze Passos sao
ferramentas positivas que possibilitam nossa recuperacao. Nosso propósito
primordial é nos mantermos limpos e levar a mensagem ao adicto que aín
da sofre. Estamos unidos pelo nosso problema comum — a adiccao. Atra-
vés das reuniSes, falando e ajudando outros adictos, somos capazes de nos
mantermos limpos.

Nos nos sentimos totalmente livres para nos expressarmos dentro da


Irmandade, porque nao há nenhum envolvimento de ordem legal. Nossas
reuniSes tém urna atmosfera de empatia. De acordó com os principios de
recuperacao, tentamos nSo nos julgar, estereotipar ou moralizar. Nao somos
recrutados e ná*o custa nada para ser membro. NA na~o oferece aconselha-
mento ou servicos de assisténcia social... Para se fazer urna reuniao, basta
haver dois adictos que se ¡nteressem e se disponham a compartilhar"
(pp. 10-13).

3. POR QUE ESTAMOS AQUÍ?

"Antes de chegarmos á Irmandade de NA, nao podíamos controlar


nossas próprias vidas. Nao podíamos viver e apreciar a vida como as outras
pessoas. Tínhamos que ter algo diferente e pensamos que havíamos en
contrado isso ñas drogas. Colocamos o uso de drogas ácima do bem-estar
de nossas familias, esposas, maridos e filhos. Tfnhamos que ter drogas a
qualquer custo. Prejudicamos muitas pessoas, mas, principalmente, preju-
dicamos a nos mesmos. Através da nossa inabilidade de aceitar responsabi
lidades pessoais, estávamos realmente criando nossos próprios problemas.
Parecíamos incapazes de encarar a vida como ela é.

A maioria de nos percebeu que, em nossa adiccao, estávamos lenta


mente cometendo suicidio; mas a adiccSo é um inimigo ta*o traicoeiro da
vida, que tínhamos perdido o poder de fazer qualquer coisa. Muitos de nos
acabaram na prisSo, ou procuraram ajuda através da medicina, religiao ou
psiquiatría. Nenhum destes métodos foi suficiente para nos. Nossa doenca

39
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

sempre ressurgia ou continuava progredindo até que, em desespero, busca


mos ajuda entre nos em Narcóticos Anónimos.

Depois de chegarmos a NA, descobrimos que éramos doentes. Sofria


mos de urna doenca da qual nao se conhece a cura. Mas que pode ser deti-
da em algum ponto, e a recuperacao entao é possfvel" (pp. 14-17).

4. COMO FUNCIONA

"Se vocé quer o que nos temos a oferecer e está disposto a fazer um
esforco para obté-lo, entao está preparado para dar certos passos. Estes sa*o
os principios que possibilitaram nossa recuperacSo.

1. Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adiccao, que


nossas vidas tinham se tornado incontroláveis.

2. Viemos a acreditar que um Poder maior do que nos poderia devol


ver-nos á sanidade.

3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de


Deus, da maneira como nos O compreendTamos.

4. Fizemos um profundo e destemido inventario moral de nos mes-


mos.

5. Reconhecemos perante Deus, nos mesmos e outros seres humanos


a natureza exata de nossas faltas.

6. Prantificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos


esses defeitos de caráter.

7. Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos.

8. Fizemos urna lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado, e


dispusemo-nos a fazer reparapoes a todas elas.

9. Fizemos reparacSes diretas a tais pessoas, sempre que possível, ex-


ceto quando fazé-lo pudesse prejudicá-las ou a outras.

10. Continuamos fazendo o inventario pessoal e, quando estávamos


errados, nos o admitíamos prontamente.

11. Procuramos, através de prece e meditacao, melhorar o nosso con


tato consciente com Deus, da maneira como nos O compreendíamos, ro-

40
NARCÓTICOS ANÓNIMOS (NA) 41

gando apenas o conhecimento da Sua vonfade em relaclo a nos, e o poder


de realizar essa vontade.

12. Tendo experimentado um despertar espiritual, como resultado


destes passos, procurarnos levar esta mensagem a outros adictos e praticar
estes principios em todas as nossas atividades.

Isto parece ser urna grande tarefa e nao podemos fazer tudo de urna
só vez. Nao nos tornamos adictos num dia, lembre-se — vá com calma.

Mais do que qualquer outra coisa, urna atitude de indiferenca ou in


tolerancia com os principios espirituais irá derrotar nossa recuperacao.
Tres destes principios sao indispensáveis: honestidade, mente aberta e boa
vontade. Com estes principios estamos bem no caminho da recuperacao.

Sentimos que abordamos a doenca da adiccSo de maneira comple


tamente realista, já que o valor terapéutico da ajuda de um adicto a outro
nao tem paralelo. Sentimos que o nosso método é prático, porque um
adicto pode melhor compreender e ajudar outro adicto. Acreditamos que,
quanto mais rápidamente encaramos nossos problemas na sociedade, no
dia-a-dia, mais rápidamente nos tornamos membros aceitaveis, responsá-
veis e produtivos dessa sociedade.

A única maneira de nao voltar á adiccao ativa é nao tomar aquela pri-
meira droga. Se vocé é como nos, entao sabe que urna é demais e mil nao
bastam. Colocamos grande énfase nisto, pois sabemos que, quando usamos
qualquer droga, ou substituimos urna por outra, liberamos nossa adiccSo
novamente.

Pensar que o álcool é diferente das outras drogas fez muitos adictos
recairem. Antes de chegar a NA, muitos de nos encaravam o álcool separa
damente. N3o podemos nos engañar. O álcool é urna droga. Sofremos de
urna doenca chamada adiccSo e temos que nos abster de todas as drogas
para podermos nos recuperar" (pp. 18-56).

5. QUE POSSO FAZER?

"Comece o seu próprio programa dando o Passo Um do capitulo an


terior "Como Funciona". Quando admitimos plenamente no nosso ínti
mo que somos impotentes perante a nossa adiccSo, damos um grande pas
so na nossa recuperacao. Muitos de nos tiveram algumas restricdes neste
ponto, ent§o dé urna oportunidade a si mesmo e seja o mais profundo pos-
sivel desde o inicio. Siga para o Passo Dois e assim por diante; á medida

41
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

que vocé prosseguir, chegará por si próprio a uma compreensao do progra


ma. Se vocé estiver numa instituicao de qualquer tipo e tiver parado de
usar por agora, pode tentar, com a mente clara, esta maneira de viver.

Quando sair, continué o seu programa diario e entre em contato com


um membro de NA. Faca isto por carta, por telefone ou pessoalmente.
Melhor ainda, venha ás nossas reuniSes. Aquí, cortamente encontrará res-
posta para algumas das coisas que possam estar perturbando vocé agora.

O mesmo se aplica se vocé nao estiver numa instituicao. Pare de usar


por hoje. A maioria de nos consegue fazer por oito ou doze horas oque
parece impossível por um período maior de tempo. Se a obsessSo ou com-
pulsao se tornar grande demais, fique sem usar cinco minutos de cada vez.
Os minutos se transformado em horas, as horas em días e, assim, vocé
quebrará o hábito e ganhará alguma paz de espirito. O verdadeiro milagre
acontece quando vocé percebe que foi, de alguma maneira, libertado da
necessidade de drogas. Vocé parou de usar e comecou a viver" (pp. 57-63).

6. AS DOZE TRADICÓES DE NARCÓTICOS ANÓNIMOS

"So conservamos o que temos com vigilancia. Assim como a liberda


de do individuo vem dos Doze Passos, a liberdade colativa tem origem ñas
nossas TradicSes. Tudo estará bem enquanto os lagos que nos unem forem
mais fortes do que aqueles que nos afastariam.

1. O nosso bem-estar comum deve vir em primeiro lugar; a recupera-


cao individual depende da unidade de NA.

2. Para o nosso propósito comum existe apenas uma única autoridade


— um Deus amoroso que se expressa na nossa consciéncia coletiva. Nossos
I íderes sa"o apenas servidores de conf¡anca, eles nao governam.

■ 3. 0 único requisito para ser membro é o desejo de parar de usar.

4. Cada grupo deve ser autónomo, exceto em assuntos que afetem


outros grupos ou NA como um todo.

5. Cada grupo tem apenas um único propósito primordial — levar a


mensagem ao adicto que ainda sofre.

6. Um grupo de NA nunca deverá endossar, financiar ou emprestar o


nome de NA a alguma sociedade relacionada ou empreendimento aiheio,

42
NARCÓTICOS ANÓNIMOS (NA) 43_

para evitar que problemas de dinheiro, propriedade ou prestigio nos des-


viem do nosso propósito primordial.

7. Todo grupo de NA deverá sertotalmente auto-sustentável, recusan


do contribu icoes de fora.

8. Narcóticos Anónimos deverá manter-se sempre na*o profesional,


mas nossos centros de servico podem contratar trabalhadores especializa
dos.

9. NA nunca deverá organizar-se como tal; mas podemos criar qua-


dros de servico ou comités diretamente responsáveis perante aqueles a
quem servem.

10. Narcóticos Anónimos nao tem opiniSo sobre questoes alheias;


portanto o nome de NA nunca deverá aparecer em controversias publicas.

11. Nossa política de relacSes públicas baseia-se na atracao, nao em


promocSo; na imprensa, radio e filmes precisamos sempre manter o anoni
mato pessoal.

12. O anonimato é o alicerce espiritual de todas as nossas Tradicoes,


lembrando-nos sempre de colocar principios ácima de personalidades"
<pp. 64-82).

7. RECUPERACÁO E RECAÍDA

"Muita gente pensa que a recuperacao é apenas urna questao de nao


usar drogas. Consideram a recaída um sinal de fracasso completo, e os lon
gos períodos de abstinencia, um sucesso total. Nos, do programa de recu-
peracSo de Narcóticos Anónimos, achamos essa idéia demasiado simplista.
Depois de um membro tertidoalgumenvolvimentocom nossa Irmandade,
urna recaída pode ser urna experiencia impressionante e provocar urna
aplicacSo mais rigorosa do programa. Da mesma forma, observamos alguns
membros que se mantém abstinentes durante longos períodos, mas cuja
desonestidade e auto-engano os impedem de desfrutar completamente a
recuperacSo e a aceitacüo na sociedade. A melhor baseparaocrescimento,
no entanto, aínda é a completa e continua abstinencia, o trabalho conjun
to e a identificacSo com outros adictos ñas reuniSes de NA.

Embora todos os adictos sejam básicamente do mesmo tipo, o grau


da doenca e o ritmo da recuperacao diferem de individuo para individuo.
As vezes, urna recaída pode estabelecer a base para urna completa liberda-

43
4£ "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

de. Outras vezes, só é possível alcanzar essa liberdade através de urna von-
tade inflexível e obstinada de ficar limpo, aconteca o que acontecer, até
passar a crise. Um adicto que, por qualquer meio, consegue superar, pelo
menos por um tempo, a necessidade ou o desejo de usar, tem livre escolha
sobre seus pensamentos impulsivos e acSes compulsivas. Atingiu um ponto
que pode ser decisivo para sua recuperado. As vezes, esse é o ponto críti
co da sensacao de verdadeira independencia e liberdade. A possibilidade
de sairmos do programa e de voltarmos a controlar nossas próprías vidas é
algo que nos atrai, mas parece que sabemos que o que temos hoje é resul
tado da fé num Poder maior do que nos e do fato de darmos e recebermos
ajuda por empatia. Muitas vezes, em nossa recuperacSo, os velhos fantas
mas ainda nos perseguem. A vida pode voltar a ser monótona, aborrecida
e sem sentido. Podemos nos cansar mentalmente de repetir nossas novas
idéias, e podemos nos cansar físicamente com nossas novas atividades, mas
sabemos que, se n2o as repetirmos, certamente voltaremos aos nossos ve
lhos hábitos. Se nao usarmos o que temos, provavelmente, perderemos.
Freqü ente mente, essas ocasiSes sao os períodos de maior cresci mentó para
nos. Nossas mentes e corpos parecem cansados de tudo. Mesmo assim, as
forcas dinámicas da verdadeira mudanca, bem dentro de nos, podem es
tar agindo para nos dar as respostas que alteram nossas motivacSes inter
nas e rnudam nossas vidas.

A nossa meta é a recuperado através da vivencia dos Doze Passos,


n§o a mera abstinencia física. Nosso crescimento exige esforco e, como
ná*o há maneira de se incutir urna idéia nova numa mente fechada, tem que
haver urna abertura. Como só nos mesmos podemos fazer isso, precisamos
reconhecer dois dos nossos inimigos inerentes:a apatía e a procrastinacSo.
Nossa resistencia á mudanca parece arraigada, e somente urna explosSo nu
clear provocará alguma mudanca, ou iniciará um novo curso de acSo. Se
sobrevivermos a ela, a recaída poderá representar o detonador do processo
de demolícSc Urna recaída ou, as vezes, a morte de algum conhecido ínti
mo podem nos despertar a necessidade de urna vigorosa acao pessoal"
(pp. 83-93).

8. NOS REALMENTE NOS RECUPERAMOS

"Embora 'dois bicudos nao se beijem', como diz o ditado, foi a


adiccSo que nos uniu. Nossas historias pessoais podem variar no padrao
individual, mas no fundo todos temos a mesma coisa em comum. Essa
doenca ou disturbio em comum é a adíccSo.

Conhecemos bem as duas características da verdadeira adiccao:


obsessao e compulsab. A obsessSo é aquela idéia fixa que nos leva sempre

44
NARCÓTICOS ANÓNIMOS (NA) 45

de volta á nossa droga de preferencia ou a algum substituto, na procura


do bem-estar e do conforto que um dia experimentamos.

A compulsao existe quando iniciamos o processo com um pico, um


comprimido ou um drinque e nao conseguimos mais parar apenas com a
nossa própria forca de vontade. Devído á nossa sensibilidade física ás dro
gas, caímos ñas garras de um poder destrutivo maior do que nos.

Todos nos enfrentamos o mesmo dilema quando chegamos no fim


da linha e descobrimos que ná~o conseguimos mais funcionar como ser
humano, com ou sem drogas. 0 que nos resta fazer? Parece haver apenas
esta alternativa: ou continuar, da melhor maneira possível, até o amargo
fim (prisao, instituicSo ou morte), ou encontrar urna nova maneira de vi-
ver. Poucos adictos no passado chegaram a ter esta última opc3o. Os adic
tos de hoje sSo mais afortunados. Pela primeira vez na historia, um cami-
nho simples vem sendo seguido por muitos adictos e encontra-se ao alcan
ce de todos. Trata-se de um simples programa espiritual, ná*o religioso,
conhecido como Narcóticos Anónimos.

N3o existia NA há unsquinze anos atrás1, quando a minha adiccao


me levou ao ponto de total impotencia, inutilidade e prostracao. Encon-
trei AA e, naquela Irmandade, conheci adictos que também achavam que
o programa era a solucSo para o seu problema. Mas nos sabíamos que mui
tos ainda estavam no caminho da desilusSo, degradacSo e morte, pois nao
se identificavam com os alcoólicos de AA. Sua identificado dava-se ape
nas em relapso aos síntomas aparentes e nao no nivel mais profundo das
emocoes ou dos sentimentos, onde a empatia é urna terapia para todos os
adictos. Em julho de 1953, formamos o que ficou conhecido como Narco
ticos Anónimos, com varios outros adictos e alguns membros de AA, que
tinham muita fé em nos e no programa. Sentimos que agora o adicto en
contraría desde o inicio toda a ¡dentificacao necessária para se convencer
de que podía ficar limpo, através do exemplo de outros adictos que vi-
nham se recuperando há varios anos.

Com o passar dos anos, ficou provado que isto foi realmente necessá-
rio. Essa linguagem sem palavras do reconhecimento, da crenca e da fe,
chamada empatia, criou urna atmosfera na qual podíamos sentir o tempo,
tocar a realidade e reconhecer os valores espirituais, há muito perdidos
para a maioria de nos. Nosso programa de recuperacSo está crescendo e se
tornando mais forte. Nunca antes tantos adictos limpos por sua própria
escolha e em livre associacüo puderam encontrar-se, onde quer que fosse,
para manterem a sua recuperado em total liberdade criativa.

1 Escrito em 1965. (Nota da Redagao).

45
46 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

Acreditávamos na divulgaclo de urna lista de reuniSes, sem nos es-


condermos como outros grupos. Havia até adictos que diziam que o que
tínhamos planejado nao era viável. Acreditávamos que nosso método era
diferente de todos os outros, tentados pelos que defendiam um longo afas-
tamento da sociedade.

Achávamos que, quanto mais cedo o adicto encarasse seus problemas


na vida cotidiana, mais rápidamente ele se tornaría um cidadao realmente
produtivo. Mais cedo ou mais tarde, teremos que caminhar com as nossas
próprias pernas e encarar a vida como ela é. Por que nao fazé-lo entao des
de o inicio?

Evidentemente, por causa disso, muitos recaíram e outros se perde-


ram completamente. Mas muitos permaneceram e outros voltaram após a
recaída. 0 importante é o fato de haver muitos de nossos membros com
longos períodos de total abstinencia e em melhores condicQes de ajudar os
recém-chegados. Sua atitude, baseada nos valores espirituais de nossos pas-
sos e tradicBes, 6 a forpa dinámica que traz crescimento e unidade ao pro
grama. Agora, sabemos que a velha mentira 'Urna vez adicto, sempre um
adicto' nSo será mais tolerada, nem pela sociedade nem pelo adicto. Nos
nos recuperamos" (pp. 94-99).

9. SÓ POR HOJE VI VER O PROGRAMA

"Diga para vocé mesmo:

SÓ POR HOJE meus pensamentos estarSo concentrados na minha recupe-


racao, em viver e apreciar a vida sem drogas.

SÓ POR HOJE terei fé em alguém de NA, que acredita em mim e quer


ajudar na minha recuperac2o.

SO POR HOJE terei um programa. Tentarei segui-lo o melhor que puder.

SO POR HOJE tentarei conseguir urna melhor perspectiva da minha vida


através de NA.

SÓ POR HOJE nao terei medo, pensare i nos meus novos companheiros,
pessoas que nao estao usando drogas e que encontraram urna nova
maneira de viver. Enquanto eu seguir este caminho, ná*o terei nada a
temer" (pp. 100-108).

Até aqui os Narcóticos Anónimos.

46
NARCÓTICOS ANÓNIMOS (NA) 47

APÉNDICE

Há situacoes na vida que convém nao tornar públicas, e com boas ra-
zoes. Acontece, porém, que muitos problemas só podem ser devidamente
resolvidos com a colaborado de outras pessoas; somos interdependentes
ou seres sociais; só nos realizamos bem em sociedade; o isolamento pode
ser tentador, mas nao raro, é doentio. Daí a necessidade que o homem
tem, de procurar um grupo que o ajude a solucionar as dif¡culdades; será
um grupo "anónimo", ... anónimo, porque há de proceder em suas reu-
nides com grande discr¡c3o, e profunda compreensSo do próximo sofre-
dor. Os grupos que assim existem, tém operado facanhas maravilhosas;
neles se encontram pessoas que passam todas pela mesma problemática;
ninguém ai é superior a outrem, todos se acham numa atitude de humil-
dade e procura de auxilio. Embora tais grupos nao sejam confessionais ou
explícitamente religiosos, é fácil que neles desponte um tanto de religiosi-
dade, pois o sofrimento faz o homem procurar a Deus; doutro lado, o cli
ma de humildade e expectativa é muito propicio para a grapa de Deus;
Este se comunica aos coracSes contritos e atribulados. Eis por que, a se
guir, vao indicados alguns enderecos de Grupos Anónimos de Ajuda
Mutua localizados no Rio de Janeiro; há ai também a apresentacSo de
sedes centráis de Servicos, que podem fornecer informacSes relativas a
outras regioes do Brasil.

GRUPOS ANÓNIMOS DE AJUDA MUTUA (RJ)

Alcoólicos Anónimos — Central de Servicos de Alcoólicos Anónimos —


Av. Rio Branco, 57/29 - Tel.: 253-9283.
Grupo Rio de Janeiro de A.A. — Av. N.S. de Copacabana, 435/10? andar.
Tel.: (021) 235-3086 - ReuniOes diarias de 10 ás 22 h.
Grupo Cóndor de A.A. - Largo do Machado, 29 Sala 1113 (Galería Cón
dor). Tel.: (021) 285-0244 — Funciona de 10 ás 20h. Quartas-feiras, de
10ás 14h40min.

Al-anon e Al-Ateen — Sen/ico de Informacoes ao Familiar do Alcoólico —


Rúa Santa Luzia, 799/ SI 601 - Cep.:20030-040 - Tel.: (021) 220-5065.

Narcóticos Anónimos — Escritorio de Servicos Gerais de N.A. — Rúa Sao


José, 90/SI. 2102 - Cep: 20010-020 - Tel.: (021) 242-5015.
Grupo Ipanema e Grupo Posto 9 de N.A. — Rúa Visconde de Pirajá, 339
Reunioes de 2a a 6?, ás 19h 30 min.
Grupo Cidade de N.A. - Rúa Sete de Setembro, n. 14 — Igreja Nossa
Senhora do Carmo (antigaSé). Entrada pela Rúa 19 de Marco.

47
48 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 392/1995

Grupo Sereno Reviver — Rúa Carolina Santos, 143 — Igreja Sagrado Co-
racao de Jesús (Méier). Segunda a sexta, ás 19 h 30 min.
Grupo Leme - Rúa General Ribeiro da Costa, 164 — Igreja do Rosarlo.
Sábado, ás 17 e domingo, ás 20 h.

Nar-Anon — Escritorio de Servicos de Nar — Anón — Rúa 19 de Marco,


125/SI 602 - Tel.: (021) 265-6596.

Neuróticos Anónimos — Apoío a pessoas que sofrem de ansiedade, triste


za, solidSo, depressSo e outros problemas semelhantes.
Escritorio RJ de Neuróticos Anónimos — Rúa do Acre, 47/SI. 412. —
Cep: 20081-000 - Tel.: (021) 233-0220 e (021) 233-8898.

Emocionáis Anónimos — Centro de Servicos de E.A. — Tel.: (021)


232-1810.

Comedores Compulsivos Anónimos — Inter-Grupal de C.C.A. — Caixa


Postal 34.055 - Cep: 22462-970

Sexólicos Anónimos (Grupo Solucao de S.A.) — Rúa do Riachuelo


(Santuario de Fátima, 167 — Terca-feira ás 18h.

Sobreviventes de Incesto Anónimos — C. Postal 11766— R. de Janeiro —


RJ - CEP 22022-970.

Dependentes de Amor e Sexo Anónimos - Rúa Senador Dantas, 117/


SI. 2039 - Sexta-feira ás 18h.

Fumantes Anónimos - Rúa Senador Vergueiro, 141 (Flamengo) - Igre


ja Santíssima Trindade — Terca-feira ás 19h 30 min.

Co-Dependentes Anónimos — Rúa da Passagem, 104 — (Botafogo) — Sá


bado, ás 17h.

Estévao Bettencourt O.S.B.

48
NOVIDADES

SALTERIO ILUSTRADO

PARA
CRIANZAS E ADULTOS
COM ALMA DE CRIANCA...
Formato: 21,5x16,00 ... R$ 8,50

OS 150 SALMOS PELAS


MONJAS BENEDITINAS
DE SANTA MARÍA-S.P.
2? edi<?ao- 1994

R$8,50

INTRODUCTO

A ■ SÓ, SOB O OLHAR DE DEUS D. Lonrengo


1 ■ SSo Bento e Sua Obra
2 - SSo Bento e sua mensagem
de Almeida Prado
3 - A Primaria do Espiritual
4 • Hospitalidade e Apostolado
5 • SSo Bento, o Trabal ho e a ConstrucSo
da Cidsda Medieval
6 • Ensinamento pela Experiencia
7 - S3o Bento e o Zelo de Amargura
Sao Bento
8 - Feliz o que caminha na Lei do Senhor

B • SAO BENTO E A EDUCACAO


9 • SSo Bento e o Livro
0 EJEip
NO ppO
10 - 14 Sáculos de EducacSo
11-0 Ensino na Ordem de SSo Bento
12 • Um Educador Beneditino

C - APÉNDICE
13- A Excomunhao na ConstrucSo da RS 15,00
Unidade Monástica

Edicoes "Lumen Christi"


\
J
Pedidos pelo Reembolso postal ou conforme ¡ndicacao na 2a capa
€M COMUNHñO
Revista bimestral (5 números: margo a dezembro)
Editada pelo Mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro,
destina-se a Oblatos beneditinos e pessoas interessadas
em assuntos de espiritualidade bíblica e monástica.
— Além de artigos, contém traducoes e comentarios
bíblicos e monásticos e, ainda, a crónica do Mosteiro.

1995 — assinatura ou renovacSo, R$ 6,00.


Dirija-se ás EdicSes "LUMEN CHRISTI".

Já anunciado em números anteriores, acaba de sair do preloo índice


de "Pergunte e Responderemos" de 1978 a 1993. Apresenta, por ordem
alfabética, os verbetes relativos aos diversos temas abordados pela revista
com a ¡ndicacSo do número do fascículo e das páginas respectivas. Ao
mesmo tempo, é proposto aos interessados um servigo de copias: poderao
ser solicitadas copias de artigos de números atrasados desde 1957. Enco-
mendas e pedidos sejam enderecados a Edicoes "Lumen Christi" — Caixa
Postal 2666,20001-970 - Rio de Janeiro (RJ). R$ 5,00.

RENOVÉ QUANTO ANTES SUA ASSI NATURA PARA 1995:


R$ 13.00.

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" de 1994:


Encadernado em percal ¡na, 590 págs. com índice.
(Número limitado de exemplares) R$ 30,00.
Colecao (sem encadernar) (12 n?s de 1994):
R$ 13.00.

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