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REVISTA TRIMENSAL DE HISTORIA E GEOGRAPHIA, ou JORNAL DO INSTITUTO MISTORICO E.GEOGRAPHICO BRAZILEIRO. FUNDADO NO RIO DE JANEIRO, SOB 08 AUSFICIOR SOCIEDADE AUXILIADORA DA INDUSTRIA NACIONAL, DEBAIXO DA IMMEDIATA PROTECCAO DE S. M. 1. 6 SEERGR B. PEDRO Ef. ~__ TOMO SEXTO. ioe fc, longer dure bene esta peramnon, Sar ote Rio de Janeiro 1844 KRAUS REPRINT Nendeln/Liechtenstein 1973 REVISTA TRIMENSAL DE HISTORIA BE GEOGRAPHIA, JORNAL DO INSTITUTO HISTORICD E GEOGRAPHIC DRAZILEIRO, No@t, ABRIL DE 1844. — ee INSTRUCGAO PARA O VISCONDE DE BARBACENA LUIZ ANTONIO FURTADO DE MENDONCA, Goverxanor » Carrrat’ Genmean pa Caprranta ov Mrxas Grrars. . (Offerecida no Instituto re o Conego Junuario 1. A Capitenin de Minas Gernes, de-que Sua Magestade con. fim a V. 8, 0 governo, 6, pela sua situagfo, ¢ pelas suas produc ‘500s, unnn dos mais importantes de todas as outras Capitanis, de {que se compde os dominios do Brazil e America Portugueza. 2 Acha-se a dita Capitania no centro d'aquelles dominios ; & confinando 30 mesmo tempo com as Capitanias de Peraambuco, Bahia, Rin de Janeiro, eS. Paulo, podem estas receter della, par- ticulnrmente « do Rio de Janciro, es soccorros © nsristencins que hes sito indispensavelmente necessarias nos diversos accidentes & que se achat expastas todas as Coloniss que tem portos de mar ; principalimente em tempo'de guerra. ‘8. Consistem as priacipaes producgBes da referida Capitanin de ‘Minas em oure e dinmantes ; estes, consignados exclusivamente fos reaes colves ; mas extendendo-se aquelle precios metal pelis ‘outras Capitanias, insensivelmente promove n’elins a cultura, © commercio,¢ 0 giro interior @externo, até que © mesmo ouro, dinmantes © ns miais provdieedies de too aquelles dom —— “a ‘ennduzem nos portos deste Reino por meio do um util commer- clo enavegu¢io mcional ; desorte que a Cupitania de Minas, to- mada, como se deve tomar, n’este ponio de vista, € uma Colonia Portuguezn vantajosumente situnda, a qual em tempo de guerru pode contribuir poderosamente para n defensa e seguranga das outras Capitanias, muito particularmente da Capital do Brazil, como ja tem acontecida em algumas occnsides ; e em tempo de aa fertiliza com o seu ouro os campos, o terrax de todo uquelle continente, de que se tiram copiosns [ructos, que vem ultimamen- teenriquecer os vassallos deste Reino, e igualmente o Real Erario. 4. Estas sfio.em parte as grandes vantagens com que a antu: re2a dotou a Capitania de Minas er nosso benvficio, e ellas base tum para se formr uma idéa da stm importancin ; 0 nosso dese cuido porém, e negtigencia, ea reluxagio c abuses que alli dei- ximos, nifo x6 introduzir, mas radieae, nos tem privada, priva, € Privaré de quasi todas ellns,em quanto por meio de um solido, activo, e prudente governo, qual é 6 que Sun Magestadeespera, confia de V. S., se nfo corrigirem os ditos ubusos ¢ relaxngBes, estabelecendo-se em logar d'ellae a ordom, @ reguiaridade tas Partes mais importantes do mesino governo, quaes so os sc- guintes. 5. Primeira :—Que os Heclesiosticos e Ministros da. Igreja ‘cumpram com as obrigagdes que a mesma Igreja hex proserove 5 segunda, que os Ministros de Justica cumpram igualmente com as obrigagdes dos seus logares, administrando justign com prrompti« ao, imporcialidade @ desinteresee ; terccira, que os povos se niio apartem da obedienia e submissito devida @ Sus Magesiade, de quem sio vassullos, nem da inyiolavel obserrancia das sts Jeis; quarts, que se promovam e animem por todos ox modos possi- vels ox hubitantes de Minas ao trabalho & exploragaia das mesmas minus ; e igualmente ao da cultura das terras, facilitando-thes a0 ‘mesino tempo a permutagio dos seus fructos e produccBes, por meio de uni commercio liciio e permitido, interior @ externa; quinta, que se tomem todas as cautelas quo forom praticaveis para se evitarem os contrabandos ¢ descaminhos ; sexta, que se tenha vusn vigilante enidado na conservag@o edisciplina da tropa e for- 5 gas da Capitanin; setinn, emfimy, que hiya 6 maior eudailo © vie vilancin na boa e exueta administragZo © arreeadugdo da Real Fazebda. 6, Estos siio os pontos fimndamientars, que, senila bom diti dos, fario dentro de breves tempos forecer e prosperar aquella important TelaxagDes n'elies introdusides a tein rediraido a maine decnden- cia: epara que V.S. os passa melhor conherer, » bisear os ineios des desterrar, Ihe apontarci nqui pela mesina order nci- tum indienda 08 que se fazom muis dignos do wu cuidado e vigi- lancia 7, Quanto n0 primeira: Everto que n mais indisprnsavel abri- gacdio que a Treja impoz nox seus ministens, p) almentc nos que bom cura de almas, éa de ensinar nos purus oe proveitos da lei cue profixsam, progarlhes o evangelho, odministearthes os sacramentes ¢ conduzi-los com o zlo, desinteresse, ¢ mgular comporiamento de um bor ¢exemplar pastor ao gremio da [zre- ja, de quem sito fills ; os parachos ds Minas Gerues poré-a invertendorsta doutrina, a tem aproprindo em grande parte ans seusreprovados ¢ particulates interesses ; dundn occasiaio & re- petidase multiplicadas queixas, que desde tempos anteriores ate agora tem successivamente chegadu a real prezenga, de insupor- taveis © forgadas contrituigBes, debaixo do protexto de direitos parochiaes, benezes,e pés deultar, com que os mexmos parochos obrigavam cobrigam aos svus freguezes 2 Ihe eontribait 8. Sensivel a estes clamores ardenou o Seohor Rei D. Joao V- em 1718 a0 Bispo do Rio de Jansiro Fr. Francisco de S. Jeruni- mo, que n'aquelle tempo tambem ora de Minas Gerars, que os fizesse cessar; eparaticar aos ditns Parochos todw o pretexto de vexarem os povos, thes conferio da sua real fuzenda a com: grus, ou ordenado de duzentos mil réis por anno a cada um. Em consequencia da sobredita ordem expedioo Bispo do Rio de Janeiro em 18 de fevereiro de 1719» proviso que V. 8. achari junta dobaixo doa," 1.; da qual se vé que sendo as vexa- gBes, de que os povos se queixavam, procedidas dus extorgdes que 0s parochos thes faziam ; nfo 80 com of escriptos de des- obrigngda da quaresma, a que chamevam ¢ vinda channm com m coma os bares, @ 4 colonia pnrtaguezn 5 a ke 6 nheeengas ; mes tambem com as imposigBes extraordinarins, que am pelos cazamentos, baptisms, enterros, sepulturas, acom- panhamentos, foneraes, encommendacdes, missns cantadas ou Fe- zaiins, festivas on de-defuntos, ditas em altar privilegiado, ov no privilegiado sem que houvesse sacramento nem fungfo ou ceri- monia da igreja ;_n/6 ns mesmos toques de sinos ; eobre que no houvesse nma contribuigio taxada a arbitrio dos ditos Parochos, ¢ 1 cargé dos hatitantes de Minas; 0 Bispo do Rio de Janeiro com tudo pnssando em silencio todus estas extorgdes que na mesma provisita sediz. montarem tanto, como os quintos: sémente tra- ta na dita provisiio de occarrer ao imposto sobre as. conhecencas, ou escriptos de confissia taxnilos pelos parschos a uma oltava de ouro ov 1500 rs., e reduzidos pelo Bispo a quinta parte da ‘mesma oitara, ou 300 rx, cada um, indistinciamente pela eomu- nhio cusémente pela confissas. 10. Por este modo ficaram aquelles habitantes muitor mais opprimidos que precedentemente estavam ; porque, além de ser ainda muito oncrosa.a contribuigo de 300 réis por eada Escripto de Communhio, ou s6mente de Confissii, o silencio que 0 Pre- lado guardou a respeito de todas os outras imposicBes e taxas {ai reputado pelos Parochos coms um tacito consontimento ¢ np- provagao sun; ¢ n’estn intelligencia entraram a obrigar os Povos de viva forca a Ihes pagarem asditns imposicBes, como um di- reito, que thes era devido, proferindo, contra os que duvidavam pagar, censarag; e declarando-os publicus excommungados, com ‘que os privavam das suas occupacBes, ¢ da communicagiio das genles; ou Ihes moviam demandax que os arruinavam de todo, pringipalmente com espertulas, © outras exhibigdes no menos onpressivas da Justi¢a Eeclesiestica, Chancellerin, e Camara Episcopal ; além de encontrarem sempre n’aquelle Juizo uma drcidida propen¢Ao a favor das injistas pretengGes dos Parochos. 11. Niesta cansternagao enotinunram as representagies © clamores dos Povos de Minus a subir a Real Presenca; © 0 Se- nhor Rei D. Jodo V., eonhecendo » poueo que podia esperar do Bespo do Rio de Janeiro, em semelhante materia, mandou ao Conde das Gulvdas, ettio Governador © Uapitiio General de Minas Geraes, que convorasse una Junte de Ministros Sevulares 7 com alguns Eeclesiasticas, por Commissao do Bispo, & qval Junta clle Governador assistiria, para se tratar e determinar uma re- forma geral, assim dos emolumentos dos Parochos de Minas, como dos Oficiaes de Justiga Secular ¢ Keclesiastica, com 0 mais que consta da dita Proviso expedida ¢m 20 de Janciro de 1785, que vai debaixo do numero 2. 12, N@o eonsta 0 que resultou da mencionade Juatn, nem o que se determinou em consequencia della, Erigindo-se, porén, © novo Bispado de Minas Gernes, e separando-se oquella Diocewe da do Rio de Janeiro, foi nomeado para Bispo de Marianna Frei Manoel da Cruz, Religioso de Sao Beranrdo. Este novo Prelado, levando, como é natural que levasse, ordens desta Corte para fazer cesar as vexag%es dos Povos de Minas, ¢ aambigio dos Parochos sobre os denominadns Direitos Parochiaes, frz um Re- ¢gimento em 20 de Ovtubro de 1749, que vai debaixo do numero 3, ho qual, ainda que preteade haver diminuido em grande parte os Direitos Parochiaes, em consideragio das reprosontagBes © queixas dos povos, basta a simples inspecedo do dito Reyimento para se ver a exorbitancia dos impostos que ainda ficaram a cargo dos mesmos Povos. 19. Por cada Missa cantada em todas as Festividades do anno, manda que se dé ao Parocho, Diacono, Subdiacono, ¢ Sacristio, Soitavas de ouro, ou 195500 rs., além da cera, Pela Semana ‘Santa manda dar ao Parocho, a dous Accolitos e a0 Sachrist@o, 62 oitavue, ou 928000 rs. ; e além d'isto ao que cantar o Texto, 0 que se ajustar; e « cada Padreassistente, 4 oitavas, ou 68 18.5 além da cere do toda a Semana Santa, que todn deve set do Pa- rocho : havendo Prociss&o manda dar mais ao Parocho e Subdi cono, 2 citavas, ou 35000 rs.; e havendo Vesperas, mais ao Pa- rocho, Diaeono e Subdiacono, 4 citavas e meia, ou 6$750 rs. As mais Funogtes da Igreje sffo taxadas n’esta mesma propora sem que se poss comprehender qual eeja o direito que tem os Bispos ou 0s Parochos para imporem sobre os Povos a seu arbi- trio somelhantes con:ribuigdies; que, ainda que Thea queiram d ‘como dio, o titulo deesmolas, estas slo e devem ser voluntarie € 0 Bispo obrign os Povos no dito Regiments a que as peguem, debsixo da pena de excommunhio maior. 8 14. O que ha de mais si jar no dito Regimento & que, depois dle se haver taxado 0 preg que os Povos deviam dar por cada tuna das sobreritas finegdos da Tyrejn, aiuda 0 Bispo foi ex= cogitar os pnis de fnmilins, ou outros quaesquer freguezes, que falecessem com tesiamento, ou sam ello, tendo bone de que thes fieasse terga, para lhrs impor a obrigagio de se fazerem tres OF- ficios, a16 onde ella chegnss; e so daremm ao Parocho por cada cada um, alem de mais meia oitava pela Missa. © primeiro Regimento da protendida reforma do Bispo de Marianna sobre os abusos dos Direitos Parochiaes; 0 qual sendo apresentado no Senhor Rei D. Jozé I, que Deos tem em Gloria, © vendo n’elle 0 excesso, ¢ exorbitancia com que ‘08 Povos ainda ficavam gravados: Houve por bem mandar que interinamente se observasse o dito Regimento, em quanto ndo te- solvia a final o que se deveria practicar ; reprovando parém desde logo & nova introduceo dos tres Offirios, com que o Bispo queria gravar ainda mais os Vassallos de Sua Magestade ; emo tudo se vé nw Provisita com data de 29 de Margo de 1751, que vai no fim do sobredito Regimento, debaixo do N. 3. 16. Suecedeu _n’este temp? abolir-se a lei da Capitagao, em que « oitava de ouro corria no Vommercio pelo valor de 18500, eestnbelecer-se a lei de quinto em que a oitava de ouro se mandou corter pela valor de1$200 rs., ficando a quinte parte da dita itavn para pagamento do quintoa Real Fazenda ; ¢ depois desta alteragao, continuando os hubitantes a pagar os Direitos Paro- chiges em oitavas, que era ¢ 6 em Minas a moeda corrente, so ‘oppuzeram os Parochos, preiendenclo ser indemnisados pelos po- vos da quinta parte da citava reservada pela lei para a mesma Real Fazenda ; © que n’esta conformidade receberiam cada oitaya de ouro pelo valor corrente de 18200 rs, na forma da lei ; mas quealem d'isto thes deviam dar os Povos mais 300 rs., ou a quinta parte da mesma oitava para supprir a que a Fuzenda Real se reservou. 17. Clamaram os Povos contra esta nova extorclo, mas inu- tilmente; porque recorrendo 20 Bispo, sahiu este com outro Re- 9 iment, que tem a data d 13 de Abril de 1752, e vai delnixo do. N. 4, no qual sends pédo occultar a arte cam que foi feito a favor da perteneio dos Parochos, e em gravissimo prejuizo dos mesmos Povos ; porque repetindo-se no dito pasteriot regimento ©5 mesmos artigas do precedente se faz n’etles. a mudanga de pa- grrem os Povos em réis 09 Direitos Parochiaes, que no antece- dente Regimento se mandayam pagar em oitavas ; estimando.se porém cada oitava, nao a 1$200 rs., como corria depois da lei do quinto, mas a 19500 rs., como valia no tempo da capitagaio bolida; @ por esta forma achando-s0 os Poros taxados no ante- rior Regimento, por exemplo, em 4 oitavas de ouro, que se man- Javam dar a0 Parocho por uma Missa festiva ou cantada, 03 Po- voscom as ditas 4 oitavas, e nada mais satisfaziam a mencionada mpasi¢&o ; no posterior Regimento porém em que o Bispo os sbriga a pagarem ao Parocho pela mesma Missa eantada 0 va- lor de 6$000 rs.; 08 Poros que devem pagar em oitavas por sor © dinheiro corrente pela fei do quinta, ngo lhe bastam as 4 que anteriormente thes eram impostas, mas 6 prociso darem cinco para satisfazer a imposigao dos sobreditos 65000 18., que é 0 mesmo no efleito que os Parochos queriam ; d'onde resulta que 3 habitentes de Minas, em logar do alivio que esperavam do seu Prolado, este og geavou no contrario com ume quinta parte mais dos precedentes impostos, nao s6 a respeito das Missas, mas de todos og mais artigos dos chamados Direitos Parochines, 18, O que porém ha no dito posterior Regiment ainda de mais extmordinatio & que, depois de tér 0 Seohor Rei Dom José reprovado, e prohibido es tres officiog com que o Bispo quiz ainda mais gravar os Povos, como se v6 da Proviso de 20 de Matco de 1751, acima indicada, 0 sobredito Bispo, nto’ obstante o dispasto na ditt Proviso, tornou, no s6 a ercitar outrn vez a obrigagiio de se fazerem os referides tres olficios debaixo de graves penas, inas a impOr, sobre © prego anteriormente taxado n’elles, mais a quinta parte, servindo.sedo mesmo methoda cima reforido. 19. Estes so em fimos meios, e inodos de quoos Parochos de ‘Minas Geraes, auxiliados pelos seus Bispos, se tem servido para fazerem, & custa de repetidas violencias e vexacbes, to rendoxas as suas [grejas, como consta da relagfio aad debaixo dou? 0 e ainda que seja certo que quem trabalin no Altar @ justo que Viva do Altar, que 0 operario deve tirar proveito do seu trabalho, ‘© que 0s povos devem contribuir para a commoda e decente sus- tentacito dos seus Parochos nfo é menos certo que elles ndo de- ‘vom aiusar, nem se Thes deve por modo alum permittir que abu- som W'estes innegaveis principios, para Ihes servirem de pretexto ‘208 seus particulares © roprovados interesses. 20, Nrestas circumstancias, ordena Sua Magestade que V. tratando esta importante materia com o actual Bispo de Mariana, Ihe diga no sea Real Nome que, ainda que a gravidade do nego- cio de quo se trata exigin que elle se examinasse e decidisse em uma Junta, semelhante a que oSenhor Rei Dom Jo&o V mandoa formar em 1735; Sua Mayestnde portanto confin na prudencia, iniogridade e dstinctos conhecimentas delle Bispo, que, de acaor- do. iotelligoncia com V.S., se farms logo um Regimento, no qual desterrando-se as excessivas e intoleraveis contribuipBescom que ‘até agora se tem opprimido e vexado os Poros debaixo do espe- Cciogo pretexto de direitos pnrochiaes, sv reduzam estes a umas jjustas 6 moderadas prestagdvs dos Poros, eom que os Parochos te- inham precisamente © necessario. para a stia commoda e decente sustentagao, ¢ para poderem cumprir com as obrigacder do sen ministerio, sem que scja prociso contribuir a Fazonda Real com dvzentos mil séis por anno a cada Parocho, como até agora term feito, mas reduzindo-os cincoenta mil réis por anno acada um, ¢ ficando os restantes cento e cinccenta mil réis para se consig narem a outras muitas Igrejase Parochins do Brazil, as quacs ‘nfo tendo freguezes, nem parochianos em estado de poder con- tribuir com cousa alguma, é preciso que a Real Fazenda nesista ‘com tudo 0 necessariv,n&o s6 para sustento dos Parochos das re- feridas Tgrejne @ Parochias, mes para a Fabrica, ornamentos ¢ conservacao d'ellas. E logo que odito Regimento se achar con- cluido, serd remettido @ Real Presenga, para que Soa Magestade achando-o conforme com as suas Reaes IntengBes, 0 approve, © ‘mane der a sua devia execueio, ou determine oque the pare- cor minis conveniente. 21. Tambem tem chegado ao conhecimento de Sua Magestado outro genero de contribuieBes, nfo menos violento © oppressive, MW ‘cam que ee tem geavada notavelmente os seus vassalos de Minas, qual € o das excessivas somes que d'elles se exigem, @ com que os fazem contribuir nas occasiBes de_ visitas e diligencias que 4° mandam fazer pelo Bisprdo,e com todas as dependencins dos que aastem oa Camarne Chancellaria Episenpal, ¢ no Juizo Helesinstico do mesmo Bispada, no havendodespachn, ordem, processo, nem diligencia alguma, pra que 0&0 fagam contribuir os Povos, com 1axas consideraveis, por conta das esportulas, emolamentos, pres ¢ procalgos destinados a boneficio da Mitra, © dos Juizes © Offi- ines de cada uina das sobreditns tres repartigdes. 22, Jano anno de 1785 chegaram os abusos n’esia materia & tal excesso, que um dos motives que howve para se mandar for ‘mar a Junta de Ministeos, que se formou n'aquelle anno, foi no ‘86 a reformna geral dos emolumentos dos Parochos, mas dos Off- ‘eines de Justiga Secular @ Eeclesinstica ; e em 1743, 0 Governn dor e Capitio General de Minos Gernes, Gomes Freite de Andra- de, em officio dirigido # esta Corte, tratando da mesma materia, se explica nos termos seguintes ; — '* Os emolumentos de alguns ‘Ministros, como so os dos Ouvidores, e tambem de Officiaes, © benezes, ¢ estnlns de missas, ¢ direitos parochines, levam de Minas taato cabedal ecmo a capitacao.” — E daquelle anno até higje tem os mesmos abusos crescido de sarte, que deram ocessie ‘és muitns ¢ repetidas queixas que os habitantes de Minas puzeram na Real Presenga, para os cohibie. En'esta certeza tambem Sua Magestade ordena que V. 8. 0 declare, essim no seu Real Nome ‘a0 Bispo actual, para que elle fuga cesar as referidas vexagocs ‘com a intcita e geral reforma dos mencionados abusos, dando conta individual e circonstanciada a Sua Magestade, por onde cconate de assim o haver praticado ; confianto Sua Magestede nas virtudes, e exemplar comportamento daquelte Prelado, que Foforman de que presenicmente se trata, oem tudo omnis que Ihe fer concerente, obre elle sempre de accordo com V. S., dester- rando-se de uma e outia parte todas as contestagBes, e confictos de jurisdicgao, e estabslecendo:se entre 0 dito Prelude eV. S. » rolhor intelligencia, ea mais perieitn harmonia, porque este € > unico e suavissimo meio de paerem contribuir reeiprocameuta arn o bem e prosperidade da Igreja ¢ dn Estado, BR 25. Quanto no segundo ponto, como a administragiio da justina se acha inteiramente commettida aos Ministros, a quem Sun Ma- Sestade conferio, ¢ confers os logares de letras, ea autoridade de lger com total independencia dos Governadores, niio devem ostes Por modo algum intrometier-se directa, nem indiregtamente n'esta Parte do Podér Supremo, delegado tio sémente aos referidos Mie nistros para o exercitarem no seu Real Nome. Da mesma sorte nto devern os ditos Governadorés_mandor suspender, prender, ou desterrar, nem procedor por meiosalguns coactivos, violentes, ou de forga contra os referidos Ministros, nemo poderio praticar sem incorrer no Real desagrado, arrogando-se um podér que Sua Magestade Ihes nfo conferio, 24. Devem porém os ditos Mivistros respcitar e reconhecer 0s Governadores como seus legitimos superiores, obedecer @ execu {ar 0 que‘por elles thes for determinado ; e quando as ordens que thes derem forem contrarias as leis, ou involverem outros graves inconvenientes, 08 Ministros o3 dovem representar aos mesos Governadores, com a moderagao e respeito com que os superine ros devem sor tratndos;e no caso que estes, nito obstanie as ditas epresontngcs, insistirem pela execugiio das suas ordens, os Mi- nistros as devem executar, som-entrar com elles em ulteriores ‘lisputas e contestagDes ; dando porém logo conta a Sua Mazesta ‘e, a quem os Governadores so responsaveis do seu bom, ou mau comportamento. 25. Os mesmos Governadores deveu tér um vigilante cuidado fem que os ditos Ministras cumpram com as obrigages dos seus legates ; que administrem prompta justin aos Povos ; que os niio onprimam prolangande ossous proceaeos, ou exiginde d’e!les espor- tulas © contribuigBes que nio sejam as taxsdas pelas leis ; sabre- tudo que nio sejam flexiveis és tentagBes do vil interesse, nem s¢ oixem dominar de uma cogn e sordida ambig%o, que 6 a fonte ule todos cs males, e das maiores injustigas; © os Ministros que infelizmente cahirem em semelhinntes absurdos devem sér com toca a circumspecgiio e severidade admeestados, adveriidos o sinda reprehendides pelos seus respectivos Governadores ; ¢ ‘quando estas corr eg8es no produzam o seu duvido effeito, os mosmos Governadores, no s6 por tina indispensarel obrigacqo dog logaros. que oecuipam, ms porque Sua Magestade assim 0 determina ¢ ordena, the devern logo dar uma individual ecircums- Jn conta, debaixo da pena de incorterem no seu Real desa- ttado os que assim o no praticarem ; para se occorrer aus per- nicioses damnos que resultam de Ministros tnes, que, em logar de administrarem justiga aos Povos com rectidao e integridade, fi- xem della toreedor paro os seus sordidos e particulares interessess devenilo este importante negocio occupar taito mais.o cuidado do ‘V. S..quanto 6 certo que uma grande parte dos abusos ¢ prevari- ‘cagdes que tem pervertidoe perverte a ordem ¢ regularidade do Governo de Minas, tem a sua origem nas violencias e injustigns que os Ministros praticam nas corteigdes, € outras diligencias « que ¥2o no interior da Capitania, de que se fazem pagar, ¢ wos scus Olficiacs gevssos salarios, emolumentes e outras contribui- cs, a8 mais ellas.a seu arbitrio. Nos meios indirectos de que se servem, ou que doixam praticar os mesmos Officiaes, Letrados, Procuradores, ¢ outros individuos que vivemdecontendas forenses, para se multiplicaremos processes por conta da utilidade que d’elles ios resulta, introduzindo no povo oespirito de chicana ede litigio que por todas os Indos 0 conduz a sua total ruina. Na omissio, indiflerenga e nogligencia dos Lntendentes, com as devassas ge- race por conta dos contrabandos ¢ extravios do ouro, a3 quacs téom reduzido a uns procedimentos de forma e de chavao, sem que jit rnais apparegam culpados nas ditas devassas, sendo tantos 63 contrabandistas ¢ extraviadores ; de que se contece a absolu. ta inntilidade dns intendencing para os fine a que foram cren das. Ultimamente nas dilagBes e demoras com que os sabreditos ‘Ministros, por vistas ambiciosas e venaes, eternisam muitas vezes 05 processos, nig sO para thes serem mais rendosos os emolu- ‘meutes eesportulas que d'elles tiram, mas por contemplagBes dos que tom interesse em os tetardar ou suspender, ito sendo isenios d’estas provaricages nom ainda os mesmos processos. ¢ exccugBes pertencentes Real Fazenda, de que adiante ae tra- tora mais amplamente, para que V.S., fuzendo a este respeito todas as exacts e circumspectas averiguagSes, logo que chezar fiquella enpitsaia, ov fig cessar os releridos abusos com aquel- provideneias qua evuberem nos limites da sua jurisdieso, ou conta aS. Magestate para as eohibir. tane wu 26, Quanto 20 terceire ponto: Enntte todos os povos de que se compe as differentes Capitaniss do Brazil, nenhuns talvet custaram mais a subjeitare reduzir a devida obediencia e sub- tmissiio de vassallos a0 ge Soberano, como foram os de Minas Geraes. Os primeiros habitantes daquella Capitania foram uns aventureiros da Capitania. de 8. Paulo, que, penetrando os matos fe sertdes, com o fim de descobrirem minas de ouro, as vieram chat nos siting nondle ee estabeleceram, e em que presentemente existem, conhocidos par Minas Geraes, nome que depois se e: rendou a toda a Copitania. 27. Com a noticia destes descobrimentos. sahiram do Rio de Janviro, ¢ de diversas partes, outtos similhantes aventureitos, & vieram tambem estabelecer-se nos mestno sitios ; houve conten- dus ¢ ataques entro uns e outros, ¢ © mais poderoso era regular. menteo que mis dominava. Os Goyernadores de 8. Paulo, a cu- {jn Capitanin pertencinm os primeiros descobridores, expediam or- dons, que, ou nfo eram obedecidas, ou, pela grande: distancia & dificil passagam, no chegavam aquelles a quem se diriginm. Nomenramn-se Governadores para Minas Geraes, e 0 primeito foi obrigado a retirarse, deixando o Governo ao levantado Manuel Nanes Viena, que, depois de ter com 03 seus sequazes destroga- do os Paulistas de vive forga, se arrogou despoticamente o com: mandamento de eou logares, deu postos, e procedeu a ‘outros actos, no 86 de quem aspirava ao Governo, mis a0 do- ininio. 28, Nomenram-se outros Governadores, que ainda que foram recebidos depois de um perd&o geral, nccordado aos habitantes de Minas pelas desordens passadas, se viram ainda assim obrigndos acondescender eom oa poderosos e regilos, disfargnndo fem umas oceasiBes as suns iniquidades, porque, nfio tendo forgas, ni as podiam reprimir, nom castigar ; e em outras occasides servindo-se delles para os attrahir, e os ter contentes @ progicios, 29. Quiz-se dar mothodo a0 estabelecimento e cobranga des direitos Reaes do quinto na forma determinada no Regimento se 5 de agosto de 1618. Eos habitantes de Minas illudiram as disposicoes daquella.lei-ao ponto que os Paulistas refagiados © estabelecidas em Pitangui, depois de expulsos de outras partes oo) por Manoel Nunes Viens, até chegaram de sua p roprin autert dadee commum accorda a pér pena de morte a quem pagasse- 6 quinto; ¢ effectivamenteum Jeronimo Pedrozo, que 0 pertendeit ‘cubrar, se salvou fuxgindo morialmente ferido ; ¢ a seu irmao Vax Jentim Pedrozo, que veiuem seu soceorro, tiraram cruclmente a vida. 30. Dom Braz da Silveira, ou antes delle Antonio de Albu- querque, com grande trabalho estabeleceu o pagamenio do quin- to pelo methodo. chamado. des batéas, que coosistia em se a ‘garom ce povos na quantia de um numero de arrobas de curo, que em tempa de Dom Braz chegou a vinte cinco arrolas, pa- gando-se pot cada escrave mineiro umas tantas citavas, e @ que faltasse para as vinte e cinco arrobas haver-se por derrama. Clamaram os povos contra este method, chegando a levantar-se por conta delle nas minas do Ouro Preto; ¢ seguirdose de- pois o mesmo methodo com grandes desondens ¢ perturbagDes, com pouen praveito da Real Fazenda, assim foi achar aquelle Capitania o Conde de Assumar, successor de Dom Braz da Sil- veira, ‘BL. Todos, cu a maior parte dos regulos @ levantados moto. res das precedentes desordens, se achavam em Minas Geraes, a sombra do perd&o gerul que hnviam obtido, e entre elles 0 maior de todos, Manoel Nunes Viena, asspcindo com outro semelhante, chamndo Manoel Rodrigues Soares ; © além d’estes outros que com o seu exemplo nifo eram menos absolutes, ¢ todos ead um a seu modo, com maior ow michor inluencia nos poves, e propor- cionadamente com um grande numero de escravatura, que con- duziam a seu arbitra: sendo.o grande objecto dos referidos mag- nintas e potentados @ independoncia das leis e do Governo;e 0 mais favorecido systems, assim d’elles como dos povos, a isen- ‘¢0 de pagarem quinto, e fraudarem a Real Fazenda por todos ‘0s modos possiveis; periendendo persuadiry entre outros absurdos, {que com os dircitos das Alfandegas e eniradas de Minas, satisfa- ‘iam a contribuigio do quinto, e nfo deviam pagar outro do ouro exttahido das minas; queteado por este modo limitar o podér o autoridade Regia em pir is direvos que bem he pareser taquel- as coloniag de que a § os Ris destes Reinas so abnli. ie tos Senhiores, muito particularmente das terras mineraes que ‘sempre reservaram para o seu proprio © particular dominio, nfo sendo 08 que trabulham n’ellas mais que uns simples foreiros ou arrendatarios. 82. Cuidou o Conde Governailor, por meios suaves'e brandos, eu submetter os referidos Magnatas, e fuzel-ox reconhecer a au. toridade das leis ¢ do Governo, e & proporedo que os obrigava, encontrava n’elles maior repugnancia e resistencia, principalmen- teem se avangarem os hubitantes ao pagamento do quinto, que ainda assim péde fizer subir a trinta arrobas de ouro, em logae de vinte e cinco, em que precedentemente se tinham avangado, 83, Tendo chegado a Lisboa a noticia das inquietagdes dos Povos de Minas, ¢ representagtcs dos mesos Povos contra 0 motholo das Batéas e Derrama, sahiu a lei de 11 de Fevereiro de 1719, na qual se ordenava que da publicago della se nao pro- cailesse mais pelo referido methodo, eq 1¢ em Ingar Welle se erie zgissem eneas de Fundigio, aonde ec levasse e fundisae 0 ouro, ¢ alli se pagasse o quinto, com o mais que consta da referida lei, que vai debaixo do No 6° 34. Logo que a mesma lei, © ordens para a executar, chega- ram a Minas Gernes, em logar de s¢ contentarem os Povos, pots que se abolia 0 methodo de quese queixavamn, ao contrario se viu um levantamento repentino de todoo Povo da Villa Rica, » qual conduzido por alguns dos cabegas que disfirgudamente o inflam. mavam, depois de commetter varias desordens, particularmente na ‘easn do Ouvidor, que com a fuga salyou a vida, veiu em wmulto 4 Villa do Carmo, aonde 0 Conde Governador se achava, e junto das suas casas, ¢ pelos scus Procuradores, que fez subir & presen: ado mesmo Conde, requerets¢ insistiu que se nao erigisse casas de Fundigao, além de outras différentes pretences. B achando-se ‘© Conde sem tropas, nem forgas suficientes com que pudesse re- Dater a furia do tumulto, foi obrigado a condescender, no s6 com 12 promessa de que nfo haveria ensas de Fundic&o, mas em tudo o mais que ox leventados pretendiam, sendo este 9 unico meio que enidio houve para se salvar do imminente periga que 0 amea- 3. Suceguty o Povo com a intuira condeseendencia e promes- 17 sas do Governador, e por ento se retirou satisfuite a Villa Rica 5 mas nfo cessnram logo depois ns inquietagtus @ tumultos sugge- ridos e fomentados pelos cabegas que dirigiam o mesmo Povo a tum dos dous fins, quaes eram, ov a morte do Conde, ou obrigal-o a retirar-se de Minas Geracs, e lurgaro governo, para estabelece- Fem outro semelhante ao do levantado Manuel Nunes Viena, 3B. Nesta extremidade se resolve o Conde Goverandor a mandar prender a todo orisco os ditos eabegas, 0 quehabilmente conseguin, fazento-03 conduzir 4 pristo da Villa do Carmo, e im- mediatamonte os emissarios dos ditos eabegas ontrnram eom dif: ferentes suggesies,e ja sem algun disforce,a inflammar nova mente 0 Povo de Villa Rica para os vir tirar da prisio. Em quanto, porém, se achavam n’esta dilligencia, o Conde, sendo ad- vertido della, © aproveitandoaquelle momento favorayel, ajuntou ume companhia de Dragdes, que alli havia, e com algumas pes soas queo quizeram acompanhar com a sua escravatura, e hubie tantes da Villa do Carmo, repentinamente‘entrou armada em Villa Rica. Com a.sua presoncn se retiraram oa emixsarios,e um del- Jes sendo colhido a mio, econfessando que andava induzinda 0 Povo ara novamente se amotinar, foi logo enforeado, e feito em quartox, e as casas dos cabegas que se achavam presos, umas fo- ram arrazadas, e outras reduzidas a cinzas. Este golpe de sorpreza e severidade, seguido immediata- mente depois da prisito dos referidos cabegas, atemorisou de sor- te 0s seus emissurios ¢ habitantes de Villa Rica, que os primeiros ‘nunca mais appareceram, ¢ 08 segundos se conservaram no maior socego ¢ tranquillidade, cessando inteiramente os motins, que ha- Viam durado dezoito dias. 38. Dev conta o Conde a esta Corte, informando da subleva- gaodos Povos de Minas, por conta das casas de Pundigao, e do- castigo que fra obrigado a praticar para os reduzir, como redu- ziu, a devida obediencia, proponde ao mesmo tempo 0 estabeleci- mento da Cesa da Moeda, © que the foi approvado em Carta de10 de Margo de 1720. Estabelecen-so com effiito a dita Casa da Moeda, sem violencia, nem contradig@o, a qual continuo até 0 anno de 1734, em que, pur supplica e escolha dos mesmos Povos, se aboliu a Casa da Mocda, © se estabeleceram as casas de Fun 3 8 qo, que procolentamente haviam njeitado, Ken 4789 foi ordem d'esta Corte para se supprimirem as ditns casas du Fundigdo, estabelocer-se om logar dellas o methodo da capitagiie, o qual durou até 1750 ; en’este anno se aboliuo dito methodo da capi- tngiio, e tornou a seestabelecer 0 das casas da Fundilo que con- tina até o presente, convindo os Povos de Minas om todas estas mudangase alteragdes, sem repugnaneia, nem difficuldade que ‘se fizesse repatavel our suspeitosa ; 0 que tudo faz evidentemente conhecer que aquelles habitantes, depois do governo do Conde de ‘Assumar, recombecendo © set reprovado e eriminoso comporta- ‘mento com que merecerum as severas demonstraydes d’uquelle habil, activo e determinado Governador, se resolveram, como de- via, a cumprit com as obrigagBes de lenes vassullos. Noobs- tante poréin tia metamorphose, sempre so faz tndispensavelmen- twnecessnrio que V. S., sem mostrar no exterior a menor descon- fienga, tenha tode a vigilancia em que os mesmos habitantes se congervem na devida obediencia e subjeigdo a Sua Magestade; ‘e que, & vista dos acoutecimentos anteriores, que fieam acima refe- rides, tome V8. sempre as providentes medidas, nfo 86 para ocoorrer aos incidentes que possam sobrevir de presen‘e, mas para acautolar og faturos. ‘89, Quanto ao quarto pento: Sendo certo, como ninguem da- vida, que a primeica © principal riqueza dos Extados, consiste em omaior numero de hmbitantes, tambem é certo, esom a menor du- vida, que 03 babitantes que fhzem ax riquezas dos Estados so ‘os uteis ¢ laboriosos, e nila o8 aciosos e vadios, que so a ruina dos mesmos Estados ; ¢ n’esta certeza tanto os primeiros mere- ‘cem sé animados e protegidos, quanto os segundos devem sér desterrados € proscripios. A exploragto das minas ¢ a cultura das terras siio as dans fontes donde emanain as riquezas secun- Garin de Capitania de Minas Geraes, ¢ 0s que se empregam estes trabalhos’ sfio vassallos utilissimos, e dignos por conse~ quencia de toda a protecg@o. Com o ouro extrahido das Minas paga 0 Minciro ao Lavrador os fructos ¢ producgées da terra de que necessita, ¢ ambos compram com 0 mesmo outo os generos ¢ faxendas que entram de fora na Capitania, consistindo nesta faborugiio, girs e manvlo, usin de fructos da terra, como de w farendas de fOrn, o commercio interior e externa ; € 08 que se empregam n’elte tambem si0 muito uteis vassallos que merece igualmente abr protegidot. Do referido resnlin que, quanto maior numero de babitantes se empregar nt exploragao das Minas, na cultura das terras @ no commercio interior @ extorno, tanto maior ser n riqueza e a opulencia d'aquella Capitania, porque se compor’ de maior aumero de vassallos utes, © diminuiré por consequencia 0 dos vadios ¢ ocigsos que x perturbam e inquie- tam; e nesta certeza toda a cooperago 0 concurso da parte de 8, para promover eanimar aquelles trabalhos, e facilitar releridd commercio, redundark em conhecida vantagem daqvel- les hiabitantes. Os ditos habitantes porém, nfo satis(eitos com os thesoures que & terra. The offerace, nem com o util eommercio qite, dellos thes resulta, extendendo s suns vistas @ outros ob jectos, se determinaram a estabelecer em Minas Geraes differen- tos fibricas e manufaeturas, levando-as a um Zol adinntamento, ‘como se vé de um paragrapho da Carta do Governador e Capitiio General daquetin Capitania, D. Antonio de Noronha, eserip'a em 1775, a0 qual se explica na forma seguints :— “ Lembro-me aque V. Exc. me fallou a respeito das fabricas estabelecidas nesta Capitenia, as quaes eu encontsei em um augmento consilerarel, {gue 20 continuassem n’ele, dentro de muito pouco tempo fleariam de habitantes desta Capitania independentes das d'esse Reino, pela diversidade de genaros que ja nas suas Cabricas se ‘tenbatha- Yam; eo expediente que tomei sobre esta importante materia é ‘o-que pono wa presenga de V. Exe.”— ‘40. Consistiu o dito expedionte em uma carta escripia a um dos Ministros de Minas, para que elle fizesse cossar as scbreditns Tabricas, sem que depois se suubesse qual fui v effeito desta do- terminggao. Conatando porém aS. M., com positiva certez, que no s6 em Mions Geraes, mas em outras partes do Esiado do Brazil, se haviam eriyido differentes manuficturas, ¢ S2 pro~ curavam estabelocer outras, com os gravissimos prejuizos per- niciosns consoquy'neius que so manifestas: Houve por bem man- dar expedir o Alvard Ja copia junta, debaixo do N.* 7) que no ‘anno de 1785 se remettev, n&o 6 n Minas Geraes, mas 4x ou tras Cupitanins do Brazil ; e n’esta intelligencia, logo que V- S. 20 chegar aqnella Capitania, depois de se informar da exscugo que se deu ac dito Alvari, 0 fara inviolavelmente observa ry dando she tudo conta a S. M 41. Quanto ao quinto peato: E indisputavel que'o mal mis pernicioso, ¢ 0 que tem crescido a um excesso, como nunca ches gou em Minas Geraes, 6 0 do extravio © contrabande do ouro; iio € menos constante que, em quanto so nio applicat o reme= dio conveniente 4 raiz. do mesmomal, elle ha de continuar a fuzer (98 mesmos progressos que aié agora tem feito, com muito impor= tante perda da Real Fazenda: nem 6 comprehensivel como algucm ‘80 possa capacitar que, mandando-se eorrer livremente 0 cuiro ‘em pO, como se fosse moeda cunbada, pelas mios dos habiian- tes de uma Capitania tio populosa, enmo a de Minas Geraes, contends 0 dito ouro em pé 20 por % a beneficio de quem o ex- portar pata fora da mesma Capitania, que haja, ou possa haver cautelas bastantes para cohibir este contrabando, principalmente em um paiz de serides s6 conhecidos e penetrados dos que 0 f+ em, © por outta parte com muitos e differentes caminhos impra- ticnveis de guardar, sem um consideravel numero de trapas. 42. A importancin deste objecto merecenilo toda a considera- cio, adinnte se tratsré. delle mais amplamente : em quanto po- rém S, M. nilo resolve a que for servida, deve V. $. mandar to- mar todas as possiveis cautelas para evitar o mencionado con- trabando, pondo em todo o seu vigor as leis que se acham pro- mulgadas a esto respeito, particularmente o Alvara da copia junta debaixo do N." 8. 43. Quanto no sexto ponte, que trata da tropae forgas da Cae Pitania de Minas: Ellas se compde de um regimento de cavallaria ou de Dragies, de que é Coronel 0 Governadar 0 Capitito Genc- ral da mesma Capitania, e de diflerentes regiments de eavallaria, infantaria ¢ tergos de auxiliares ; como tambem de algomas eum- panhias soltas de Pedestres. 44, Antes de se formar o regimento ‘de Dragdes, havin em Minas Gernes tao sémente tres companhias soltas, denominadas tambem de Deagbes, com 242 pragas, quena realidado nao tinham do militar mais que 9 nome, ¢ ox soldos que aunualmente perce- n, montando cm 38:300$402 rs,, além de outras despexas to conhecendo-se ropa. enormes ¢ nbusivas como a dos solos. pensuvel necessidade de bayer n’aquella Capitania wm: gular e disciplinada yarn gunrdas, reyistos, patrulhns, destrcn- imentos, e differentes outres servigas ; e sobre tudo para conter r fazer respeitar as leis © a outoridude do Governo, a0 granle concursn de gente de todas as qualidades, bons, maus ¢ pessimos, além dos habitantes do paiz, que de todas as partes concorrem lle, levados da ambigio do ouro, e para marchar emfim em tempo de guerra aiquelle parte do continente da America, em que este soccarra se fizesse preciso, determinou oSenhor Rei D. José, que: Deos tem em Gloria, com estes pungentes motives, que das re- feridas tres companhins dos denominndos DragBes se formasse um tegimento, evitands se os abusos que por conta d’ellas se ti- no introduzido, 45. Assim so praticou, expedindo-se a este respeito ns ordens necessnrias no Governador e Capitiio General D. Antonio de No- ronha, 0 quit, formanda.o sobredito regimento de cito companhias 8 476 pragas, iste é, de dobrado numero menos cito pragns, das que tinham as sabreditas tres companhias, the regulou os soldos, que ficatam montando por anno em trinta e sete contos cento ¢ decannve mil ¢ tresentos réis ; isto 6, um conto conto oitenta © uum mil cento ¢ dous réis menos que os que as ditas tres com- panhins custavam @ Real Fazenda : ¢ as outras despeens perten- entes no armamento, sellas, arreios, @ outros petrechos, se re- duziram umas aametade, outras a duas partes, menos do q anteriorments custavam, como se mostra nas duns relagdes jun> tas debnixo dos Ns. 9 e 10, remettidas pelo mesmo Governndor e Capito General ; do que se vé que néo €a tropa a que fiz 0 maior peso ao Real Krario, principalmente na consideragio de que 0 vervigo que della ¢e tire, o os importantissimos abjectos ‘a que é destinada valem muito mais que a .lrspeza que com ella ke fiz; mas slo as abominaveis extorgdes, Introcinios, ¢ outros abusos que se praticam, e deixam praticar debaixo do pretesto da dita tropa, o8 que fazem 2 maior brecha no mesmo Renl Era j @ ao estes os que se devem cortar pelas sting roizes, e logo ‘a Fazenda Real teri superabundantemente com que sustentar a mesina tropa, como se vé na Copitania de Minas, em que os sol- dos doum regiment de cavallaria regular de quatrocentas se- tenia ¢ seis pragas importam om menos que o de tres compa: hing irrogulares de duzentas quarenta © duns ;¢ ainda assiin os diins soldos, e.0 mais que se abonou ao dito regimento foi com mio tao larga que so fiz precisa a este respeito alguma reforma, como direi a ¥. 8. em carta “separada. 46. Além do regimento de DragBes, he mais em Minas Ge- aes varios regimentos de cavallarin auxiliar, e tergos ou cor- pos irregulares de homens pardos e pretos; e sobre esta. tropa devo dizer a V.S. que pela Carta Regin de 22 de Murgo de 1766, escripta ao Governador ¢ Capitiio General, que ent&o era én Capitunia de Minas, se lovantaram cs referidos corpes, que 0 dit Governador segurou montavam em trese regimentos ; ¢ sen- do esta Cérte infurmada da desordenada irreguiaridaste com que muitos, ou a maior parte dos mesmos corpas auxilinres se for- mavam, no 86 em Minas Gerses, mas nas ovtras Capitanias do Bruzil, orenou ao Governador e Cupitiio General da referida Capitnain de Minas, D. Antonio de Noronha, que, vendo © extninnndo ox mencionndos corpos, o reduzisse a estado de poierem sér uteis, ou dentro, ou ainda forn da Capitenin, se- gundo a exigencin dos casos € a necessidade do servigo. Os importantes motivos em que se fandou a dita Carte Regia, para ‘© que n’ella se determinou sobre os corpos auxiliares, #0 que V. 8. chara do § 1.° até 0 § 4.°, e do parographo 15 até fim da instrucgio que daqui levou D. Antonio de Noronha, constante da copia junta debaixo do N.* 11. 47. Logo que 0 dito Governador chegou a Minas, informou doesiado em que achéra aquella tropa, e do pé em que ficave, no qual se conservou até que ultimamente 0 actual Governador e Capitéio General Luiz da Cunha ¢ Menezes, « quem V- S. vai succeder, informa em Cartn do 1.° de Fevereiro do anno passa do que, querendo regular o8 ditos auxiliares, forméca, além da tropa que ja havin, mais onze reyimentos de cavallnrin, © oito de infantaria wuxiliar : no diz porém o dito Governndor as dis: posigdes que fez, nem as providencias que dew, on ws medidas quis tomou para levantor to grande numero de tropns, oem os Officiaes de prestimo capacidade que empregou nos examesy 23 élistamentos @ formatura dos dilos corpes 5 nei dos logares de parada erednido em que depois de alistados os mandira ajuntar com os seus respectivos commandantes, e mais officines, para o mesmo Governadot os ir vér e passar em revista, ou mandar of- ficiaes de intelligencia ¢ confianga que as fossem passary porque 26 por esta férma, e depois das sobreditas providenciase exames, 4 que 0 referido Governador poderia aflirmar que os ditos corpos se achavam formados. 48, Nada porém do que fica referido consta que se praticasse 5 ‘mas antes todas as apparencias indicam que or men corpos se levantaram pelo mesmo methodo abusivo praticado em outras Copitanias do Estudo do Brazil, nas quaes, em logar das providencias acima indicadas, se fizeram apresentar os Governa- Gores encarregados da formature dos ditos corpos as listas da feituosas dos Parochos, e outras relugdes tio ‘nformes como el- las; e a vista das mesmes relnges, sem outro exime nem ave- Figuagiio ou providencia, se delineurarm os regimentos ¢ tergos, que logo se deram por completos e promptos, nomeando-se para elles o grande numero de officiaes de que inundam presentemeate ‘as Capitanias do Brazil, cujos corpos porém s6 existem nas listas parcchiaes, ou em outras semelhantes relag®es das mesmas Ca- pitanias. 49. Além do que fica referido tambern 6 certo que o predeces- sor de V. S. ndio podia, som primeiro dar parte a Sua Magesta- de, o esperar a sia Real Resolugio, levantar os referidos corpos auxiliares, nem nomear para elles os Coroneis, Mestres. do Cam- po, Tenentes Coroneis, Sargentes Mores, e mais Officines que nomeou. Nem a Carta Regia de 1766, que allega dirigida nos Goyernadores ¢ Capitaies Generaes, entio existentes, se extendew nem podia extender a autorisar os successivos Governadores para levantarem a seu arbittio todos os corpos que bem Thes pa Fecesse, € praticarem, com a mal entendida interpretag&o que se tem pretendido dar @ referida Carta Regia, os innumeraveis abu. ‘80s que temchegado a Real Presenga de Sua Magestade. 50. Em consequencia de tudo 0 referido, ordena Sua Muges- tade que, logo que VS. chegar a Capitania de Minas, deciare no ‘seu Real None aulla e de nonhum effet a ereceo e formatura bey dos supraditos corpos. novamente creados, © da mesma sorte & promogiia de todos os Officines que para elles fram nomeados. Fiquanto aos rogimentos e tergos de cavallaria e infuntarin au- xiliar, anteriormente existentes, V. S. praticara com elles o que The determina @ Carta Regia que Sua Magestale manda dirigir a odas as Cupitanias do Brazil ; tendo V. S. ententido que, ns- siv as disposig@es da referida Carta Regis, como tudo 0 q ima relerido, tem por unico fim desterrar os perniciosos ‘abusos com que 0s corpos auxiliares furam ereados, ow fi rmados desde a sun origem, @ reduzil-os a uma forma o disciplina regu: Jar, sein a qual n@o podem ser uteis ao Real Serviga. 51. Os Pedestres, conforme a relagio que delles dit o prede- cessor de V. S., se compe de tres companhias icregulares, duas perteneentes Intendencia dos Diamantes, ¢ independentes do Goverao de Minas, as quaes companhias se compe cada ume de uin Capitdio Mor, um Alferes, um Cabo, e cincventa pragas, custando 4 Real Fazenda quatro contos duzentos s:senta ¢ um mil setecentos e cincoenta 1éis ; © ambas oito contos quinhentos vinte ¢ tres mil e quinhentos réis. A terceira, que pertence a0 Governo de Minas, se compBe de cincoenia eres pragas, que custam a Real Fazenda dous contos novecentos setenta mil duzen- tosttrinta e cinco réis, ¢ se occupa por destacamentos em differen- tes districtos 0 que porém affirma o seu predecessor de serem os denominados Soldados das duas Companhias da Intendencia pela maior parte escravos doa Caizas da mesma Totendencia, & dos seus protegidos ; de se reputarem os soldos da referida tropa como jornaes pertencentes aos senbores della, e de ndto servirem, nas poucas patrulhas que fizem, para outra cousa que nao sey a doeneobrit e concorrer parn o extravio dos diamantes ; a yravie dade d'estes factos & digna de que V. 8. se informe com toda a individuagao, e dé conta a Sua Magestade, por esta Seereturia de Estado, de tudo 0 que achar aa dito respeito, como tambem sobre 6 plano proposto pelo mesmu seu predecessor, constante da copia junta No 12, 52. Quanto ao setimo e ultimo ponto, que consiste na hoa © exicta administragao, e wrrecedugay da Real Fazenda, etude © que 6 relativo a este importante artiga, se reduz a dous unicos deixo 5} objectos, quesito: primeiro, 6 da reveita; segund,o da despezn da mesma Real Fazenda, na qual nio péde havcr boa, nem exacia administrngdo, ov arrecadaga, sem que os incumbides d’ella tr- hom o maior auidado e vigilancia nos meios ¢ modos com que a receita, isto 6,08 rendimentos Renes, se augmentom;debaixo port de principion regras adequadas e competentes ; e a despoxa ‘minua por meio de uma bem entendida, ede nenhuma sorte mes+ 4quinha e perniciosa economin. 59, Em Minas Geracs é a Junta da Fazenda a que se acha encarregada da administragZo da mesma Real Fazenda, de- Waixo da Inspec¢io do Erario Regio; e por consequencia é a Junia a que deve responicr da sua bon ou ma administragao, como talvez que ella tenha feito. Para se podér porém formar algum juizo sobre este importante negocio, 6 preciso saber quaes silo as partes, ov os ramos de que se compBe os rendimentos da Real Fazenda em Minas Geraes, eo estado em que cada umd'el'es Presantemente se acha ; como tambem quacs so as despezas dit mesma Real Fazenda, ¢ 0 estado a que ellas se acham reduzidas. 54. Os rendimeitos du Real Fazenda em Minas Gernes se compe de cinco ramos ; convém a saber:—o quinto do ouro, 0 coniracto das entradas, © contracto dos dizimos, 0 donativo e ter- cas partes dos officios, e a extracgiio dos diamantes ; este ultima ramo pertencendo a diversa reparti¢fio, que n&ioé a Juntada Fa- zendu. 55. O rendimento do quinto tem tido diferentes alteragics subre a forma de o cobrar, e todos os methodos que sté 0 anno de 1734 se estabeleceram, ou quizeram estabelecer, todas ou quasi -todes se ilhudiram pelos habiiantes de Minas ; taes como foram o de se avangarem os povas em certo numero de artobas de ouro, que depois se haviam por derrama ; 0 chamado das Batéas, que cera uma capitago limitada de certo numero de citayas de ouro impostas tio sémente sobre cada escravo minviro ; 0 das casasda fundig&o, mandado estabelecer pelo Alvaré de 11 de Fevereiru de 1719 quedeu motivo ao levantamento acontecido no Governo do Marquez de Alorna, ent&o Conde de Assumar,e que por este motivo ne tove edfvivo + ¢ ultimamenie oda Casa da Moeda, que ‘Inrow até 0 anno do 1734, ‘ % 56, Os meios ¢ modas de que os hobitantes de Mints se servi- am pam illadir todo, ends tim dos roférides methodos, foram, fio 50 0 lerantamento acima indicads, mas ode adoptar por sys~ tema o extravio do ouro; fazendo-o, no s6 transporinr clandesti- namente para fora da Cupitania, mas estabelecenda nos sorties ella cosns de moeda falsa ;coma foram as de Ignacio deSouza, e de Jodo Ferreira dos Sanctos, além de outras de menos port fe no mesmo tempo que com estes criminosos artificios fraudavam a Real Fazenda, se quelxavam a esta Cdrte das violoncias que soffriam com os methodos estabelecidos ; asseveranda igualmonte ¢ fuzondo créer que a diminuig&o no rendimento do quinto proce- dia da decadencia das Minas, 57. ‘To antiga 6 a pratica d'estes engonos n’aquelles habitan- tes, que Gomes Freire de Andrade, depois Conde de Bobadella, governando Minas, e respondendo ae Cardeal da Mota no anno de 1743, sobre queixas similhantes, se explicou nos termos se- guintes:—"Os horrorosns casos que V. E."* me diz Ihe referem tomira ouvil-os, para, com a pura verdade que professo, informar a V. E.* da affectagio ou certeza comy que 08 representam ; @ tambem que hoavesse pessoa que fizesse um novo plano para a cobranga do quinto, sem s6r casa de moeda ou capitaglo, porque ‘os discursos que aqui fazem os moradores do Brazil é mais largo ‘campo a0 appetecido fraude da Real Fazenda, que meio segu- ranga della « As minas ainda d&o our, ¢ ainda em maior quantidade do ‘que paga 0 quinto ; mas por serem tantas as milos por que se re~ parte, ¢ ficar muita na dos exeravos, padecem os senhores, o que hha muitos annos 6 costume, pois nos livres da Secretaria achousn Decreto em que n Real Benevolencin die Sua Magestade, ha mais de vinte © dous anos, declarou estava informado, e certo da do- cadencin em que as mings se achavam, ¢ sér preciso dar forma a ‘sua conservacao; pelo que mandou dar providencia na venda dos ‘cacraves, para pagnmento dos credores que 0 fossem dos Minei- 108, Vojn V. E™* onumerode mithdus que depois deste tempo tom passado no Reino e aos estrangeiros! 58. Continuaram por tanto os ditos habitantes no mosmo sys- ‘emit, sendo tal oextravio dy ouro que, uito obstante o importan- aT ‘ tissimo cabedal que annualmente extrahiam de Minas, nto constn que 0 rendimento do quinto fosse maior, até o anno de 1734, que o de trinta arrobas de ouro, havendo annos que nao chegou quinze. N'este anno se viran claramente em Portugal as preva- ricagoes que se praticavam em Mines, © os enormes prejuizos da Real Rezenda com os extravios do ouro ; ¢ querendo-os evitar na sua origom, se formou amethodo da capitngaio, 0 qual por mio de Martinho de Mendonga se dirigiu ao Conde dns Galvérs, cata Governador Capita General de Minas Gerars, para que o pro puzesse is Camaras. Procuradores daquelles Povos, €.08 perstit- disse de naceitar. No convieram as ditas Camaras ¢ Procurado- tres pot entio no referido methodo, como sempre acontecera ern ‘quanto n recepglo delle ou de outro qualquer se fizer dependente das suas vontudes e arbitrios. Recoosos porém de que os obrigus- ‘sem, como depois aconteceu, a aceitar um plano que thes coriava pelus rnizes todos os seus artificios, propuzeram,em logar dn dita capitagio, 0 methodn, ji de antes rejcitada pelos_meamox Povos das casas 4a fundi¢@o ; obrigando-se n’ello a segurar & Fazenda Real, pelo rendimento do quinto, cem orrubus de ouro, pagns nes mesmas casas du fundieio, livres de despezns, @ seguras de tal sorte que, nocheguindo o producto do quinto as ditss cem arro- bas, se inteiraria esta quantia pelos Poves, por vix dederrama; & extedendo, seria 0 acerescimo para n Real Fazenda. 59. Aceitou 0 Conde das Galvéas a proposta -das Camaras ¢ Procurndores, de que s0 lavrou termo eassento,tomado e regis- trado em Villa Rica vintee quatro de Margo de mil setecentos trinta e qustro; ficando suspenso o plano ou metodo da eapita~ G80, eexecutattdo-se 0 das casas da fundigo, 0 qual, no anno que decorreu alé o seguinte de 1735, rendeu cento irinta @ seta arro> bas deouro, sem sir precisa nlguma derrama ; 0 que demonstra- tivamente faz: vér, nflo 36 08 enarmissimos extravios precedente- ‘meme praticados, que reduziam o rendimento do quinto ao dimi- ‘nuto computo de quinze até trinta arrobas de ouro ; mas que a ‘quantidade do mesmo curo, que annualmeate se extrahin das ti- ras, se podin prudentemente computar para cima de quinheatas arrobas; porque, 0 assim no (ra, nem aquelles habitantes se obrignriam volantariamente as ditas cem arrobas do quinto, nem 25 6 moda com que as seguramm, subjeitandn-se. as desigaaldades arbitrarias da dereama; nom 0 mesmo quinto, som tosoreor a ella, ‘como rendeu no decurso de um anno, as sobreditas conto € trinta @ sete arrobas, 60. Chegando porém a esta Cérie a noticin do que se havin passado em Minas Geracs, foi ordema Gomes Froirede Andrade, Governadot e Capitiio General do Rio de Janeiro, porn que pas- sasse a dita Capitania de Minas, ¢ que fizendo cessat 0 methodo das casas di fundigao, estabolecesseo da capitagdo, como assim ‘se executov, continuando depois 6 dito methodo por tempo de de- ‘zascis nnnos, isto é, desile 1738 até 1751, no qual tempo compu tada a totalidade do rendimento do quinto, montou este em anno commum acento ¢ vinte € cinco arrobas de ouro, como se vé da relagaio junta debaixo do N.° 13; ¢ em quanto durou este metho- do da capiiagio, 6 corte que os deseaminhos e extravins do ouro cessuram inteiramente, por nfo haver inieresse algum nos habi- tantes de Minas em os perpetear ; sendo tumbem o dito rendimen- to outra prova das prevari¢Bes precedentemente praticadas, e do importante cabedal que annualmente se extrahia de Minas. G1. Katraram porém os ditos habitantes com as suas usvaes declarmagies, querendo persuadie que as Minas se achavam ex- hhaustas, reduzidas a faisqueiras, sem haver quem se atrevesse a fazer novos descobertos, nem rervigas largos, © a queixar-se igual- mente de algumas durezas, que a lei da capitagao continha; em logar porém de sc mandar ver eexaminar com toda a circums- peccito a dita lei,¢ se corrigirem aquellss das referidas durezas, ‘de que 03 povosse queixassem com justiga, conservando-se porém ‘em todo 0 caso 0 mesmo methodo da eapitagio, depois de mode- rado em tudo 0 mais, em que elle era util e vantajoso, por sir wv unico com que se desterraram e poliam desterrar de Minus Geraes 05 extravios e contrabandos ; 0 que se praticou em logur isto foi abolir-se de um golpe o referido methodo da capitagao, e tornar ouira yez a se restabelecer 0 das casas da fundigio pelo Alvard de 3 de Dezembro de 1750, que vai debaixo do N.° 14,0 ‘qual comegou a se executar em Minas Geraes no ano de 1752. 62. Como pelo dito Alvari 90 manda correr 0 ouro em po dentro de Minas, como se sse mocda cunhada, e pelo valor de 29 init e duzentes réis a itaya, tendo ella mile quinkentos de valor inteinsees, bem se podia certamente esperar oextravin da mesmo ouro para fom de Minas, dando elle, como dava, e di vinte por cento de ganho ao exporindor ; isto mesmo porém & muito nlu- ral queso ponderasse quando se formou o dito Alvara, ¢ por isso se tomarim nelle tintas cautelas para prevenie 0 reforido extra Vio, entre as quaes foram nomengao de quatro Intendentes & quatro Fiseaes nas quatro casas da fundigaoye mais. dous Inten- dentes ¢ dous Fiscnes na Bahia © Rio de Janeiro; todos com os seus officines competentes; para que, ‘no interior de Minas, ‘como nos portos demir, houvesse todo 0 euidado e vigilancia nos mencionados extravios, abrindo-se devagas contra os trunsgresso- res, € conservando-xe sempre nbertas pelos Intendentes nas suas respectivas tepartigBes ; permitindo-se deouncins em segredo, dando-se aos denunciantes a metade dy que se apprehendesse em consequencia das mesmas denuncias ; a maior caatela porém de todas as que se tomaram foi ada derrama, e ainda as mesmas durezas que ella continha, porque os habitantes, para se livrarem d'ellas, se haviam abster do extravio do ouro; alem d'isto hn- viam igualmente vigiar sobre os de fora, que o quizessem prati- car, niio's6 pelomesmo motivo de evitar as derramas mis por conta do premio © benoficio que thes resultava das denuncias. 63. Com estns cautelns, alem de outras que se omitter, deter- minadas no sobredito Alvard, comegaram a laborar as casas da fandigRo em 1752, e nos primeiros onze annos, isto € até © fim de 1762, rendeu 0 quinto nas ditns casas por anno commum cento © quatro arrobas de ours, como se vé da copia junta debaixo do 1N.* 15; 0 qual rendimento comparado.com o anterior do tempo da capitagao, bem ae vé,na differenge de vintee uma arrobas de our por anno, a perda que tere a Real Pazenda com a extinegi&o do referida mothodo da eapitagio. G4. ‘Tendo-se porém os Povos obrigado a fuzer boas nas casas da fandigao to s6mente cem arrobas de ouro, @ rendendo o quinto nas mesmas casas cento e quatro, éevidente que assim os Povos satisfizeram da sun parte ao que se obrigarsm, como os Mi nistros ¢ Officines enearregados de vigiar sobre o3 eatravios cum: priram coi a sun obrisueio 5 porque que niio evitassem, ai 20 ‘ermo niin era possivel evitar, todas os referidos extravios, pelos motivoe neima indicados. sempre os cohibiram de sorte que nos sobreditos onze annos entruram nas ensas da fundig&o, uns annoy por outros, a3 importancins correspondentes a soma annual de qui- nbentas e vinte artobas de ouro, das quaes se pagou o quint montando em cesto ¢ quatro arrobas, na forma acima in cata. 65. O que tambem faz uma demonstrativa prova contra as affivctadas e sinistras asseveragous ¢ declamagbes d'aquelles ha- bitantes, em querercmn persundie que ag minas se achavam ex: haustes ou cangadas, segundo as suns phrases, € que por isso no vina ouro ds casas da fundigo, porque, sendo este o seu a Tigo w inveterado costume, ja Gomes Freire de Andrade fer co- nhecer toda a duplicidade delle, asseverando a0 Cardeal da Mota, nna resposta que Ihe fe em 1743, quando o rendimento do quinto ‘moutava por anna pelo menos em cento e vinte e cinco urrobas de our, que as minas davam ouro em maior quantidade que o que razava o quinto, como acima fica referido nos paragraphos 56 ©.57 ; verificando-se depois isto mesmu por espaco de vinte ¢ sete ‘annos successivos, isto é desde 1735 até 1762, nos qunes sem- pre o rendimento do mesmo quinto excedeu consideravelmente na ccm arrobas em que elle se fixqu, como tambem fica demonstra. ‘dy nos paragraphos 59, 60 ¢ 63. Resultando de tudo que, ainda que se nfo possa determinar com positiva cetteza qual seja a quan- tidade de ouro que annualments se extrahe das minas, pela varie. dade que se experimenta n’aquelles trabalhos, bem se pode com tudo crét, depois de bem combinados os factos que ficam acima referidos, que n quattidade de ouro que annualmente se exiraho das minas monta, uns annas por outros, em main de quinhontas arrobas, ¢ que, se 0 quinto das casas da fundigao ndlo reader tam- bem, uns anaos por outros, mais decem arrobas, como rendeu por tempo de vinte © sete annos successivos, isto nfo é porque ax minns se achem exhaustas ou cangadas, como astuciosamnente 62 quer persuadir, mas procede de uma grande relaxegio nos que tem n seu cargo a inviolavel observancin das leis,¢ que nlio as fuzendo executar, dio logar a se facilitatem © multiplicarem 03 extravios, de que 0s efleitns se hao de necessariamente sentir nas BL ccasns da fundigo, comp acontecew mos anuos successivos ao de 1762, na forma seguinte. 66, Continuou o methodo das ditns casas da fundi¢@o no anno Jo 1763,¢ faltando n’este anno algumus arrobas de ouro yarn completar as do quinto, ainda o Governador e Capit&o General de Minas Geraes, Luiz Diogo Lobo, mandou procoder & derrama, ‘em conformidade do Alvara de 3 de Dezembro de 1750; fuzendor entrar nella, assim os Ecclesiasticos, como 0s Seculares, sem ‘excepgo de pesson ; e sendo elle proprio o quetambem quiz sér comprebendido na metmaderrama, de que reaultou completarem- sens cem arrobas do quinto no anno seguinte em 1764, 67. Contiuuando purém nos mais anuos a mesma falta, nfo houveo mesmo zelo a respeito das derramas, de sorte que, man- dando-se langar outra no onno de 1769, se procedeu com tanta frousidao, que no anno de 1771 é que se concluiu o langamento, ‘e-até presente se nao tem ainda completadoo embelgo. A mesma frouxidao e falta de zelo se observou nos Intendentes © Fiscacs encarregados de vigiar ¢ proceder contra osextraviadores do ouro, de que resultou que nos onze annos que decorreram desde 1763 1816 1773, importou o rendimento do quinto por anno medio e com- tur, em oitenta e seis arrobas, como se yé da copia junta debaixy do N.° 16; faltando para completar as cem, a que os Povos se obrigaram, a quantia de quatorze artobas por anno, que nos onze cima indicados montou em cento e cincoenta © quatro arrnbas de ouro, ou 946:176$000 a porda offectiva que a Fazenda Real teve no mencionado tempo. 63, Para se occorrer, nfo sda esta, mas a oulras muitas de- sordens que havia na administrngao da Real Fazenda, confiada {iio smente nté aquelie tempo num Provedor @ seus Officine se estabelecew no sobredito anno de 1773 a Junta da mesma Fazenda, que hoje subsiste, composta do Governador Capitto General Presidente, quatro Deputadyse differentes outros Officiaes, em numero ao todo de vinte'¢ tantas pessoas ; e parece que com esta nova providencia se corrigiriam os abusos, pondo-seo Alvara de 8 de Dezembro na sua inviolavel observancia, ¢ evitando-se por este adequado meio a costinuagio da consideravel pedo que a Real Fazenda tinha softtide uos onze annes anteriores; mins tudo 32 suecedt pelo contiario, porque no anno de 1774, ¢ nos que se Ue foram seguindo, continuandy cada vex a menos o rendimento do quinto, nem uma s6 palayra se proferiu mais sobre derrama, que crae 6 0 modo legal dese repararem similhantes faltas; e senio oxcontrabendos ¢ extravios que por toda parte se faziam ¢ fazem, sen quo nlguem deixasse ou deixe de o saber, pela frequencin ¢ fa ci! dade com que se praticavam ¢ praticam, a origem de ndoir ouro ‘as casas da fundigo, 05 Intendentes e Fiscaes encarregados de os ovitar e cohibir se achavam © continunm a estar t&o igaorantes estus transgressBes, que nas devacas que thes mandaram tr sempre abertas nunca appareceram culpados n’ellas; © se houve lyum, foi por acasa, e geande raridade, de sorte que ultimamente ‘as ditas devagas e todas as mais diligencias dos referidos Intenden- tos e seus Adjuntos, sobre 0 importantissimo artigo dos extravios tle ouro, nao obstante haverem-thes sido gs mais recommendadas nosubsedito Alvari de 3 de Dezembro, se reduziram 4 uns pro- colimentos de apparencia e de chavo, som outra alguma utilidade que no seja a que resulta aos-mesmos Intendentes e Fiseaes, das ajudas de custo e ordenados que percebem por ellas, seguin- dose deste desamparo a que se reduziram os interesses da Real Euzenda, quo nox sobreditos doze annos de 1774 nté 1785, oren- imento do quinto importou por anno medio ou commum em sessena e ito arrobas de ouro, como se vé da copia junta debrixo do N." 17; faltando pare completar as cem, aque os Povos se obri- arnn n quantia de trinta e duas arrobss por anna, que nes doze ucima indicados monton em trezentas e oitenta e quatro arrobas de ouro, ou em 2,359:2965000 a perda quea Fazenda Real tove nny mencionado tempo. E: por esta forma assim ve ira gradual. ieate diminuindo de anno em annoo mesmo rendimento, até se reduzir a nada, que é © grande objecto das habitantes de Minas, desdso momento en que alli se estabelecen a contribuigao do quinto do ouro, na forma acima referida. 69. Niestas circumstancias, ordenn Sua Magestado, que logo que V.S. chegar aquella Capitania, mande convocar a juntx da Real Fazenda, ¢ lendoaos Depatados della o Alvara de 3 de De- gembrs de L750, Ibs faga ubservar no proamnbuly d qhandy-se estabelecide em Minay Getavs o methodo da capita- 33 80 para_a cobranga do quinto, pela qual porcebia a Real Fa zenda o melhor de conto e vinte e cinco arrobns de our por an: no, na forma acim indieada no § 60; 0 Senhor Rei D. José 1, gue Deus tem em Gloria, com grave prejuizo da mesma Real Fazenda, atiendendo 4s tepetidas queixas e supplicas dos Poros de Minas contra o teferida methodo, mandou em logar delle, so estabelecesse 0 que os Procurndores dos mesmos Povos propu= zoram, olfereseram em 24 de Margo de 1734 a0 Conde daa Galvéas André de Mello, Governador, ¢ Capitiio General de-Mi- nas Gernes, e que este methodo entilo propostn, eofferecid pelos referidos Povos,aceito, ¢ mandado executar pelo sobredito Conte Governador, se reatabclecesse novamente, repuzesse no mesmo estado em que precedentemente se achaya, modificado ainda com- tudo a beneficio dos mesmos Povos que 0 offereceram. 70. Depois do referido preambulo, fara V. S. igualmente obser- var aos ditos Deputados 0 Cap. 1.* do mam Alvar, emi que oe ‘v8, que o methado de que n’elle se trata, ¥ 0 das Casas da Fun- digo, que hoje continiia, o qual substancialmente se compBe dey tres partes essencives, sem as quaes, ox na fulta de qualquer d'ellas, nemo dito methodo, nem as Casas da Fundigio om que elle se fanda, nem o Alara que 0 estabeleces, podem subsist siio as ditns partes essoncines as seguintes : 1.°, a de se obri- garem os Poyos de Minas a segurar, como seguraram a Rat Fazenda a quota de cem arrobas de ouro, com qie annualmente devem entrar nis sobreditas Casas da Fundigaio ; e foi por esta seguranga, ena certeza de inalteravel cumprimento d’clla que © Senhor Rei D, Joué abotiu © methodo da capitagiioa beneficio, ¢ sollicitagtes dos mesmos Povos, e com os préjuizos da sua Fazenda, que ficam acima indicados: 2.*, em que um dos mo. dos com que os referidos Povos devem satisfazer as sobreditas com arrobas de ouro, a que se obrigaram, 6 0 de levar as casas da fundigfo toto 0 que se estrahir de minns, e pagar delle 0 quiato nas mesmas casas: 3°, en que no chegando o producto do mesmo quinto a preencher as ditas cem urrobas, tomarem os mesmos Povos, como tomaram sobre si o eneargo de.as comple tr por vin de derrama: ¢ sendo esta ultima parte @ que mais essencialmente segura o effective cumpri eno da primeira, ¢ Bt que mais pode contribuir para que a segunda nfo venha a ser il- lusoria, pelos descaminhos, @ extravios de ouro, na forma scima indicada no § 62; esta terceira parte, isto € a derrama, 6 0 ponto minis importante, que sempre deveria © deve ter a sua exata o in- violavel observancia, nos casos em que ella se manda langar, niio 26 polos mativos que ficam referidos, mas porque Sua Ma- gestade clara, positivamente assim o determina no mesmo Ca Pitulo 1°, concebido nos termes seguintes : “Logo que princi- + pinrem 2 laborar as casas da fandigan, que resiabeleco, todo ouro, que n’ellas ficar, pelo direito dos quintos, se accumule +« em cada um anno, reduzindn-se @ totalidade de uma 96 som- + fn, 0 que se achar nos coftes do todas as respectivas comar- «© eas; para astim se concluir, se ha excesso ou diminui¢&o na * quota das cem arrobas de ouro, que os sobreditos Povos de Mi « pas Geraes se obrigaram @ segurar annualmente 4 minha Fae « zonda, tomando sobre si o eneargo de que, nio chegando 0 « producto dos quintos x completnr as mesmas cem arrobas, as + completariam elles Povos pot vin de derrama, ” 71. Debaixo estes principios, e depois que a Junta se achar ‘bem capacitada d’elles, camo tambem de que éa mesma Junta, ‘a quem Sua Magestade confiow os interesses da sua Real Fazen- da, e que todos, ¢ cada um dos membros, de queellase compbe, ‘880 responsaveis nas suas pessoas, ¢ bens, dos descaminhos ou perdas da mesma Real Fazenda, priacipalmente sendo causadas por omissiio, descuido, ou nogligencia: V. S. {ard ver a dita ‘Junta, ou aos Deputrdos de que ella se compde, as duas relagdes ‘acima indicadas debaixo dos Ne. 16017, © a perda que howe nna primeira, a qual a Junta depois de completamente estabelecida em 1778, devia ter procurado cabrar como divida preterita ; em logar pordm d’sto, nio £0 niio cuidou noembolgo do to consi- deravel alcance, mas via accumalar.se a elle annualmente outro muito maior em mais do dobro, qual é oda relagfo N. 17 ; viu, ou nfio quiz ver que depois do anno de 1763 para o de 1764,em que cessaram as desramas por culpavel omiss&o dos que admi- nistravam a Real Fazenda, nunca mais os habitantes de Minas cuidaram nom uma 56 yee ¢m entrar nas casas da fundigio com a quota das cem arrobas de otro, como precedentemente protic 35 cavam, ea que se tinam obrigado; mas antes pelo contrario Jogo que se obsorvam os aleances das sobreditas duns relacdes, ¢ se compara o da primeira com ovda segunda, claramente se co- nhece 0 modo extrzordinario, com que os ditos habitantes foram successivamenie diminuindo 0 Direito Real do quinto, havendo o reduzido na primeira relago a oitenta eseis arrobas, com a falte de quatorze por anao, © na segunda a sessentne sito, com a falta de trinta e duns tambem por anno. Viu, ou niio quiz ver a dita Junta que ainda que na segunda relag&o monta a falta em anno commuma teintn e duss arrobas por anno, a menor refleniio ‘que se fuga nas entradas annunes ¢ effectivas, que constam da mesma rela¢o, ainda so percebe mais claramente 0 premeditado designio dos ditos habitantes, em irem progressivamente ubatendo ‘enda vex a mais 0 roferido direito : porque no anno de 1774 mon- tundo as enttadas nns casas da fundigfo em setenta e cinco arro- has de outo, e trints e sete marcos, foram entrelagando as snes- mas entradas, umns vezes mais, ouiras menos nos annos succes- sivos até 0 de 1781, em que ns roduziram a setenta e duas arro~ as ¢ doze marcos; e deste anno aié o de 1785, nfo guardando ja medidas, nem disfarces, as foram gradualmente abatendo sem interrupgo até cincoeata e sete arrobas e quatro marcos, em que ficaram no referido anno ; faltandon’elle para se completa. rom as cem arrobis quarenta e tres arrobas menos quatro mar- cos. Ea Junin da fazenda feita indolente tesiemunha destas palpaveis extor-Bes, @ vendo com todo o sncego e tranquillidade tum dos mais importantes ramos do Patrimonio Regio reduzidu a quasi metade do sew annual rendimento, sem fazer a menor de- monstragiio: para evitar es rapidos progressas com que os babi- tantes de Minas o iam coniluzindo sua total extinegn ;faltando ‘a mesma Junta por esia fOrma A indispensavel obrigagdo, yue The impBe 0 Alvara de3 de Dezem'ira de 1750, para se proceddor ‘a derrama, logo que’se experimentassem semelhaites filtas séndo este 0 unico reinedio com que ellas se podiain @ podem ev! tar ; e sendo igualmente certo que sem a inviolavel observancin da dita providencia, que os mesmes Povos de Minas julgaram in- pensavelmente neceasaria, ¢ por isso elloy mesos a propu- zeram o tomaram sobre si o-encarg> della, nem o methodo das 36 casas da tiindigiia, nem a sabredito Alvar que o estabelerety, li- cam sendo oulra cousa mais que umas disposigbes precarias, il lusorias, € tio filliveis, como mostra a importante quanti de quinhentas ¢ trinta e oito arrobas de ouro, ou 8.305:472$000 rs., ‘em que n3 Povos de Minas se acham alcangados pelo rendimento do quinto, em que se avangaram, ¢ n&o satisfizeram, como consta das sobreditss duas relagdes debaixo dos Ns. 16617. . Nresias circumstancias € Sua Magestade servida que, no seu Real Nome ordeneV. $. aos Deputados da Juatn da Fazenda, que a vista do que fica referido, cxaminando os registos, contas, ‘orden, ¢ todos os mais yapeis que param na mesma Junta, e Con- tndotin della, déem conta por escripto, no $6 do inesperado com- portamento da Junta actual, mas das que a precederain desde 0 anno de 1773+ qunes foram as diligencias que fizeram, 03 pas- sos que déram, ou as medidas que tomaram para evitar, ou ao menos suspencler os prejuizos da Real Fazenda: e com que auctoridade, ordem, ou podér, illudiram e deixaram illudir @ Al- vari de de Dezombro de 1750, pelos estranhios modos, que fi- cam acima indicados, de que resultou enormissimo aleance que tambem fica reforido. FE logo que a dita cont estiver concluida, V. S.adirigira 4 Real Presenca de Sua Magestade, para a vista Welln determinar o que fur Sorvida. 73. Depois de coneluida esta diligencia com ox Deputados da Junta da Pazenda,V. 8. mandara vie & sua presenga o Intendente, ‘© Fiscal de Villa Rica, ¢ thes far ler os Capitulos 3.°, 6.", 7.", 8", € 10.° do sobredito Alvari, em que se vé que*os Toate de Intenddentes, e Fiscacs, foram estabelecidos principalmente para obvineem os descaminhos ¢ contrabandos do ouro ; que com este fim so mandaram rosidir nas cabogas das comarcas, © casina da fandig&o, se thes conferiram os officines competentes, além do auxilio miliiar que sempre tinbam prompto, particularmente o Intenlente de Villa-Rica, logo que o requeresse no Governado como timbem n eooperagiio de todos as mais Ministros de J tign da Capitania, aos quaes crim cumulativas © muito recom: mendadas as diligencias e vigilancia dos descaminhos do auro, & da Real Pazenda. 74. Que, alem dos quatro Tatendentes da Capitania de Minas, BT se orenram mais (ons da Bahia, e Rio de Janeivo, para que os primeiros obrando de accordo € intelligencin cam os seg) Judesscm, por moio de uma mutua eorrespandencin, e rociprcen communicagao, regular as diligencias, combinando as de uma o outta parte, segundo a exigencia das casos, e em consequencin Ang noticias ndquitidas por meio das devassas, que a este fim se thes mandaram ter sompreabertas, ou ninda de espias, e dos mes- nos contrabandistas, que no sao difficeis'ée ganhar, para que descubram os outros, e de que os Ministros diligentes, activos e zelosos, se costumam sorvir a bem Jas suas commissbes. 75. Que, sendo estes os meios e modos de que nfo 86 0 Inten- deute deVilla-Rica, mas os das outras comarcas se deviam servir, fazendo com elles 0s possiveis esforgos para evitar em todo, ou ainda em parte os extravios da auro ; quando elles nfo bastas- ‘sem, odeviamn assim rspretontar i Juntn da Fazenda, requeren- do-Ihe ap mesmo tempo, ou 0 langamento da derrama co-n0 meio ‘© mais efficaz para conier a perniciosa relaxagio dos ditos ex- travios, ou dar-se por extincto e acabado o methodo actual da percepe2o do quinto, ¢ o Alvaré queo estabeleceu ; porque, con- sistindo essencialmente odito methodo, « Alvard, em pagarem an- nualiente os Povos de Minas, mas casas da fundig@o, cem arro- bas de oura, preenchendo as que faltassem por via de derrama, era evidente que no pagand6 os ditos Povos, come nifo tinham Pago as referidas cem arrobas, e subteahindo & Junta como se ti- ha subtrahiido, 0 laugamento das derramas, 0 methodo actual da pereepgio do quinta, eo Alvari que 0 estaboleces, se deviam re- putar em consequencia por extinctos e acabados ; e que assim se devin representar a esta Cérte, para dar as providencias que jul- gnsse convenientes. 76. Sendo estas em geral ne obrigagtes inherentes aos logares de Intendentes do ouro, ellas ligavam, ¢ ligam muito mais no de Villa Rica, n&o.s6 como Intendeate do mesmo ouro, mas coma Procurndor da Corda, e Fazenda, e Deputado da Junta da ines ma Fazenda. E. n'esta intelligencia, é Sua Magostade sorvidn, que V. 8. orlene, no *0 ao sobredito Intendente de Villa Rica, ‘mag aos que se aclum nas outras comareas de Minas (que man- dari vira presonga, se ojuulgar necessariv), que digam, e ponham 38 por e=cript quies sifo as ebrigngBes, que elles entendem questo nanoxas @ insepnraveis dos lngnres com que Sun Magestade os condecnrau, @ cama tem satisfeito © campride com esas mes- mas obrigagee, 4 vista do desamparo que tem deixado chegurt ‘© Mireito Senhoreal do quinta, confiado ao seu cuidndo ¢ vigilan- cia, vendo-n reduzido no anno de 1785 a pouco mais de metade do seu anousl rendimento, alem das fallencins anteriores, ¢ carni- nhindo acceleradamente para a sua total ruina? E nio tendo, como é natural que no tenham, os ditos Intendentes mais que intentes Fa2Bex que allegar, tes como as phan. tasticns ¢ irrigorins devassas, a que annaalmente tem procedido ¢ procedem, para nunca acharem culpndis, sendo infinitos, ¢ end ‘ver, miiores 08 extravios, e contrabandos do ouro; V. 8. poderd facilmente julgar por estes fuctos, que the hloade ser maniles- tos, @ inutilidade e prejaizo, que resulta & Real Fazenda, du con- servagito dos ditos logares de Intendentes. & n’esta certeza, Sun Magestade 0 auctorisn, para dar logo por extinctos © acabados, iio sé 08 roferidos lognres de Intendeates, mas igualmente os do Fiseaes das quatro comareas de Minas ; quando porém V. 8. ache, que antes da referida extinogio, tem que representar a Sua ‘Magesiade, n'este caso, é a mesma Senhora servida que; suepen- dendo 0 dito procedimento, dé conta, ¢ espere pela Sua Real De- terminngan. 77. Depois dos Intendentes ¢ Fisenes, V.S. mandara da mes- ma sorte vir 4 sun presengn n Camara deVilla Rica, e nlguns dos Procuradores das outras Camaras ou Villas, que bem Ihe pare- ‘cer j ethes mostrara em termos claros ¢ concisos os dolos e pre varieagBes com que os Povos de Minas se tem conduzid, de que esuitow ® enormissima sammn, em que os mesmos Povos se cham alcangados, e de que s%o devedores a Real Fazenda ; que ‘a mesma Real Fazenda deve ser indemnisada do quese the deve ; mas que em quanto Sua Magestade niio estabclece, © determina 16 modo d'este pagamento, V. 8. tera grande cuidado em que a divida se nfo adgmento, ponte na sua devida observancia o Al- ‘yard de 3 de Dezembro de 1750,muito particularmente pelo que yespeitn ay derramas, as ques comeqnriio desde Ings a se por fh tia inviolavel observancia, nos cases em que ells sé mandam frivolns @ incor 39 Tancar ; praticando.se porém as ditas derramas com as cautelas Apontadas tio § 3 do capitulo 1.° do referido Alvard. F, assim o fard V. 8. observar, em quanto Sun Magestade nao mondar o contrario, ou tomar sobre este importante negocio a resvlugo que the parecer mais conveniente. 78. B) sem duvida quea dita Camara e Procuradores se hito- de sorvir de todas as astuciosas representagBes, com que tantas, ¢ tio repetidas vezes tem sorprendido os predecessores de V.3., € igualmente a esta Carte, querendo attribuir ad decadencia e es- tagnagdo das mings as faltas que tem havido na contribuig&o do quinto ; as reflexes, porém, que ficam cima inticadas, prinei- palmente nos §§ 56 ¢ 57, fazem bustanteinente conliecer 0 credito que se thes pide dar, 79. ©) igualmente certo quo, logo que aquelles habitantes tive Tem a certeza que V. 8. se acha na firme resolugio de nie to lerar diminuig&o alguma na quota das cem arrobas, ¢ que, éu as hilo-de levar as ensns da fundigao completns, ou pagar por derramas as fultas que houver, tambem the h@o-de representar 0s inconvenientes, desigualdades ¢ durezns das dites derramas. I inda que n’esta parte ndo deixarlo de eet fundadas es suns re- presentagBes, V.S. se limitara em Ihes mostrar que a auctori- dade © 0 podér que Sua Magestade the conferiu nfo se estende por modo algum a conhecer das suas leis, nem do que elias es- tabelecem, mas que to sémente su limita a ser um exncto « fiel executor das mesmas leis ;queo Alvari de de Dezombro de 1750 €4 lei que estabeleccu 0 methodo actual da contribuigio do quinto, © © langamento das derramas, na mesma forma que os Poves de Minas requereram, © tomaram subre si o cncargo das ditas derramas ; © que n’esta demonstrativa certeza se cons- tituiria V. S. um transgressor da dita lei, se nio tivesse o mais vigilante cuidado na inviolavel observancia de todas, © cada uma das suas partes. 80. Com este desengano tambem nito deivarfio de recorrer 20 seu antigo e inveterado costume de propdrem outros methodos sraa cobranga do quinto; principalmente algum, ou alguns dos doze apontados no preambulo do sobrédito Alvard de 3 ve De zembro; niko espere, V._S. porém, que entre elles Ihe lembrem 0 10 i Capitago, nem o da Casa da Mocda; mas antes a respeite estes sempre he mostrario a naior repugnincia, nfo porque deixem de ser entre os mais 0s que contenham majores yante- gens, © menos inconvenientes, assim para a Real Fazenda, como jpara os Povos de Minas; mas ‘porque nquelles Poros resistem {quanto podem a tudo 0 que é ou pode sér util ao Patrimonio Re- giv, ainda quando se Ihes sigam consideraveis beneficivs ; porque todo 0 seu ayatomu consiste em se reservarcm, quanto podem, ‘os meios e modus do fraudar a Fazenda Real com extravios ¢ contrakandos ; ¢ como o mathodo da Capitagio os corta pelas raizes, ¢ 0 da Casa da Moeda, ainda que os no corte totalmen- te, sompre thes faz mais diffcil a pratica d'elles, porisso, sempre ‘que so tractar de qualquer dos referidos dous methods, o8 hilo- de representar com as cSres mais odiosas, e 0 obrigndos © cons trangidos se submettero-a qualquer delles, particularmente no da Capitagio, que com algunas precisas modificacdes € indis- pumvelmente omelhor de todos os que até agora tem apparecida. 81 Nesta intelligencia, que V. S. poder melhor verificar con ‘0 que vir,e observar n'equella capitania, no deve rejoitar algum ‘dos methodos, ow plants, que the propuzerem sobre a eontribui- (go do quinto, e remettél-o a esta Corte, com as observagBes ‘que The parecer preciso fazer a respeito de cada uin d'elles, pars maior clareza, © mais exacto eonhecimento do seu conteiito : tno mesma tempo porém se faz indispcasavelmente nocessario {que na Secretaria daquelle Gorerng examine V. S. se nlém do deereto da copia junta debaixo do N. 18, existe algum plano que ‘se formasse para 0 estabelecimento do sobredito methodo da Capitagio, ¢ assim d’elle, como de todas as Ordens, Regalagdes, Cartas, mais papeis, que d’aqui se mandassem, ou que de 1a viessem relativas ao referide estabelecimento, ¢ mothodo: © além disto, todas as mais noticias, ¢ clarezas, quo a respeito @elle puder conseguir; como tambem do modo com que foi ‘executado, assim pelo que tespeita a Capitag&o, como ao censo 5 ¢ igualmente dos eifeitos que delle resultaram om todo o tempo din soa duracdi; V. S. remetteri tudo a esta Corte, para ser pre- conte a Sua Magestade. 1 0 mesmo executara a respeito do tro methodo da Casa da Moeda sem suspender porém por modo un algum a exacta ubservancia do. que so acha actualmente estate. Jecido na forma acima indicada, em quanto Sua Magestade o.nao der por extincto, @ abolido, ou nfo mandar subs que Ihe parecer mais conveniente, 82. Depois da contribuigio do Quinto de Ouro, 0 segundo Ramo dy Rendimento da Real Pazenda 6 © do contracto, das entradas, o qual consiste nos Direitos, que pagam os generus, efivitos, ¢ fazendus, que se introduzem de fira na Capitania de Minas, para uso e consumo dos sous habitantes. 83, Estas’ remessas porém, nos primeiros descobrimentos d’a- ‘quella Capitania, 6 natural que se limitnssem tBo ssmente a ins- trumentas de ferro, ago, ¢ outros similhantes, proprios e neces- sarios para a exeavag&o das Minas, abertura ds caminhos, ¢ rompimento de mattos; © para comestiveis tambem precisos ao sustento d'aquelles primeicos povoadores em um certo inculta; daqui Yer proyavelmente que, para se determinarem os Di- reitos que haviam pagar os referidos effeitos, © generos nu sua entrada para Minas Geraes, todos elles se reduziram a duas de- nominagtes, on classes, de seccos e molhados. Na clasie dos secoos se comprehendeu tudo o que no era comestivel, e se lhe impox, 0 Direito de 18125 réig por arroba: na classe dos mo- Thados se comprohendeu tudo © que podia servir para comida e bebida, e se lhe impéz o Direito de 750 por cada carga, com. putada pelo peso de duns até tres arrobas. 84. Camo n'aquelles principios nfto se cuidava mais que em promover e animar 0 descobrimento, populago © exploragiia @aquellas terras © seus mineraes, nfo é de admirar quo se desse muito pouca ou nenhuma attengao 4 irregularidade e aos incon- venientes do methodo acima indicado para a cobranga dos direi- tox das entradas ; continsaram porém os tempos, augmentou.se ‘8 populugRo, multiplicaram-se os trabalhos, assim da culture como da mineragio, cresceram os habitantes de Minas em riqueza c opulencia, e n’esta mesma propors@o se multiplicou ¢ consumo, no s6 do que era necessario para 03 trabalhos rusticos, ¢ sus. tonto da vida, mas estendeu-se a tude 0 que podia servir para o commodo, fausto e 1uxo ; de sorte que as entradas para Minas Ge. aos de tolla a sarte de genercs, offeitos @ fazendas fazem hojvo 6 por outry Az fmmportante commercio que so vé estabelerido entre aquella Capi+ tania © as ovtras do Estado do Brazil, particularmente do Rio de 85. A’ vista d'esta grande ¢ vaniajosy mudanga, era evidente que tambem a devia haver na percepgito dos direitos, regulando-o8 segundo a qualidade, variedade valor dos generos, effuitos & fazendas que se introduzinm em Minas : nféo o entenderam porém assim 03 que tinham, tem a sou cargo a administragfio @ arte- cadagin da Fazenda Real; @ conservando os ditos direitos sem alguma altoragho, nn mesma forma ¢ mcthodo eom que fo- ram estabelecidos dese 0 sea principio, resultou d'isio 0 se- guinte. Quanto aos comesticeis ¢ molhados, 86. Quo um alqucire de sal, genero da producgito de Portogal, e tio necesentio em Minas Gernes, que, no 56 0s habitante, mas ‘até og mesmos animacs n&io ‘podem passar sem elle, © que por estes motives sc devin animar o seu ‘maior consumo por uma proporsionada ¢ moderada imposigfio de direitos ; este genero, {que no Rio de Jnneiro se compra no coatracto pelo alto prego de $00 rs. 0 alqueire, paga de entenda em Minas 750 rs, ou 938 por conto ; com o qual direito sobre as mais despezas de avarins, Hemoras, condacgdes a grandes distancias, e outeos gastos, fica ‘o sal to excessivamente carregndo, que o seu prego n’aquella Copitania & de 3$600 15.0 alqueito,e 96 a grande precisa ello & que o faz tor algum consumo, O vinho, o vinagte, 0 azeite, as ‘aguas-ardenies ¢ oviros différentes genetos que entram na sobre- ditn classe de comestiveis ¢ mothados, todos ou a maior parte da producgio de Portugal, e que por esta razito se deviam aliviat fysanto.fosse possivel de direitos para. promover o.seu maior con- gumo; estes generos so proporcionndamente 1&0 carregados como 0 sal; do que resulia que os hobitantes de Minas, valen do-se do azeita, ainda que inforior, fabricado na terra, @ de be- bidns distlladas on esteabidas da cana de assucnt ¢ de outras fructas e sementes, supprem com ellas as que thes viio deste Reino, ‘6 que por caras 36 08 ricos e polerosoa aa pollem comprar, oainda wsjes cin porgdea insigmficantes. 43 Quanto aos generos, effeitos ¢ fazendas que entram na classe dos aeccos. 87. Todos 0s insirumentos de ferro, izes como alnvancns, pi- caretas, nlvides, enchadas, fouces, ¢ toda a mais obra do mesmo ferro, propria para a exeavapho e abertura das mines, trabalho dos campos e do serio; que por este tinico motivo devia haver ‘0 maior cuidado nos meins de se poder introduzir n'aquella Cupi- tania a maior qunntidade dos ditos instrumentes, a precos 05 nis modicos que fosse passivel, camegando por uma diminui- 80 de dircitos proporcionads & grande utilidude que resulta, as- sim & Real Pazenda, como aos habitantes de Minas, des trabalhos rusticos a que 08 ditos instrumentns se destinam ; saceede tudo pelo contrurio, porque, valendo no Rio de Janeiro um quintal de ferro manulacturado nag rofgridas obras ¢ instrumentos entre 4$800 © 6$000 rs., pnga de entrada em Minas Geraes 48500 ra: isto 6, 094 ou 75 por 9% @ accrescentands-se ao primeiro custo € direitos, os transportes, conducgBes, demoras e outras despezas, vem a montar 0 prego por que se vende n’aquelia Cepitania ein 145400 rs. E que capital u&o 6 preciso-a om Miaciro, somente para compras e conecrtes dos instrumentos necessaries para n sua lvea? E quantos servigos @ novas descobertas deixario de se emprehender © proseguir ; © qvantos matos-e tetvas ficariio im- penetraveis ¢ incultss pela carestia Jos ditos instrumentos, pro- prios e unicos para estes trubaltios? O mesmo que acontece com ‘as obras e instrumentos de ferro, suceede igualmente com as de age, esianhn e chumbo, de que muita parte se emprega nos ditus servigos rusticos. 88. Nao succede assim com os panos e badins do diferentes qualidades © progos ; nem com os durantes, saétns, serafinas, ‘camelBes, hollandas crus, aniagens, e outras sortes de fazendas, fas qunee, servindo umas para © commoda, e algumns para o la x0, e avuliando-se iguelmenté a peso pela regra das fazendas secens, tum quintal desias fizendas, que poder valer cem moe- das, nfo paga mais dv entrada que 48500, isto § menos do um por conto ;¢ se as ditas fizendas so de qualidade mis superior, que valham duzentas moedas, pagam os mesmos 4$500, isto € renioa de meio por ernto. E sendo em fim dus branens © ma ai a fins, taes como esguides, hollandas, eassas, eumbrains, veludos, seins, @ outras d'esta qualidade, as quoes tambem entrom como as mnis na classe das seceas, © pagam igualmonte & m2&o de 49500 0 quintl, bem se pode vor quo o ditcito que paga esta qualidade de fuzendas, considerido 0 sea valor, se reduz a uma parte t2o minima que equivale a uma eatrada franca e livre. £9. Em consequencia de todo o referido, édemonstrativamente claro que a [6rma.e methodo actualmente estabelecido para a per- cepgao dos direitos deentrada em Minas Gerses ¢ 0 mais ab- surdo e mais diametralmente opposto avs interosses da Real Fa- zonda, © & prosperitade dos habitantes d'aquellu Capitania ; por- que, consistindo essencialmente 0s interusses e prosperidade da mesma Retl Fazenda e habitantes na estracsita do ouro das mi« nas, e nn cultura e producedes da terra, o que se nio pide con- ‘seguir sem os instrumentos proprios para estes servigos, 08 ditns struments so os que se acham t&o carregades de direitos, que equivalem prohibiedes indiroctas ; no mesmo tempo que os effvitos e fazendas que 6 servem para commodo, fauste e luxo, soacham tio alliviadas dellas como se fassem generos da pri- moira necessidade. 90. Para occorter a tao nocive methodo,e és suas perniciosas consequencias,-ordena Sua Magestade que, logo que V. S. che- gar a0 Rio de Janeiro, eommunicando esto importante negocio ao Vice-Rei do Estado do Brazil, ¢ de accordo com elle, procures informar-se com toda a individungio das differentes qualidades, ©; 20 for possivel, quantidades de gencros, elleitos e fazendas que annualmente se inttoduzem em Minas Geraes, © dos sous pre- 405 correntes na capital do Rio de Janeiro, formando de todos, e todas uma pauta com os seus difl:rentes names, e adiante tres co- Jumnag, uma em que ee lancer oa ditos pregos correntes no Rio de Janeiro, outra os pregos tambem correntes das veudas em Minas Geraes, a qual V. 8. verificard depois de chegar a dita Capita nia, ena terccim 08 direitos que julgarem que cada um dos ditos generos, effoitos e frzendas pode pagar, segundo 0 siu_primciro ‘custo, € prego corrente no Rio dle Janeiro ; tendo sempre attenpiio ‘a que todos os instrumentos, © mais generos efeitos que ser- vem para wexplorago das minas, cultura das terras, e para 45 outros trabalhos rusticos, ¢ igualmente para vestuatia dos negros © geute polite, devem sér sempre os mais favorecidos nas direitos de entrada; ¢ os que forem destinados para outros uses os devem gralualmeme pavar maiores, principatmente os de 1uxo, e os que mais se aproximarem n elle. OL. Para se evitarem quanto fr possivel os abuso, fraudes & outros inconvenientes que podem acontecer na pessagem de uma © outra Capitania, se deve estabelecer no Rie de Janeiro um Re- isto com os seus officiaes competenies, no qual nto 56 s0 ma festom todas as fazendas, generos, ¢ efféitos destinndos a Mians Gernes, tomando-se por assonto e lembranga os direitos que de- vem pagar n'esia Capitania, em conformidade dos que se acha- rem estabelecidos nn reforida pauta; mas se pesem © ponham marcas e sellos em todos of fardos, caixas, embrulhos, e barris, ou outros quaesquer volames de que cada carga se compuzer ; formando-se de tudo faciuras ou relagdes em que se declarem as ditns marcas, sellos e poses, @ iguulmente so especifique 0 que cada um dos mesmos firdos, caixas, embeulhos, bartis ou outros volumes cantém, ¢ 0 que deve pagar de dircitos. 92, D'estns relagdes ou ficturas se deve sempre mandar uma em carta fechnda aos officines do Reyisto. de Minas Geraes, outta entregar-se ao-comboiviro que condizit as inzendas, para ‘que, dando entrada dellas no referido Registn, © fazendo-se alli os exumes, averigung®es e confiontagBes necessarins, em que se Veja que os ditos fardee, caixas, embrulhos, barris ou outros volumes conferem em marcas, pesos e sellos com as facturas do Rio de Janeiro, sem que n’elles se encontee ou descubra indicio ou sus- peits de haver sido abertos, ou de outro algum abuso ou fmude, se déem 08 despachos do estylo, @ percebam os direitos pelas di- tas facturas: havendo porém indicio ou suspeita de prevaricagio, se abram-os volumes, ¢ verificnndo-se a fraude, se proceda contra 6s infractores ow confrmidade das leis : cam este methodo pa- rece que se poder» conseguir os dous fins de se evitarem wo menos em grande parto os descaminhos da Iteal Fazenda, fucili- tando-se ao mesmo tempo as entradas para Minas Gernes, som grave incommodo nom domoras no Regista d’aquella Capitanin ‘como porém na exeeuedo do dito methodo poder’. haver incon. 46 veniontss que desta distancia se nto podem prever, © que cm logar delle possa lembrar outro mais proprio ¢ adequado aos fins cima referides, este em tal caso deverd preferie. 93. Feitas estas diligencias, ¢ sjustado com o Vice-Rei do Brazil o subredito plano, pelo que respeita és remessas do Rio de Janeiro, logo que V. S. sahir @aquella Capital para o seu Go- verno de Minas Geraes, ¢ cheger ao Registo que se acha na ex- tremidade da dita Capitania de Minas, se demorara equi o tempo que the parecer necessario para se informar possoalmente de t- doo que se pratica nelle, concernente as entradas das fazendas que alli se vo despachar, os direitos que pagum, quies elles silo, © 0 modo de os cabrar ; se os pagamentos sao a vista ou a ceredito, w que termo, e com que seguranza; e se de tudo se fazem fassentos com legalidude, exactidao e clareza, em livros proptios, € destinados para este effeito ; ¢ se u’elles se acham as contas, € toda a mais escripturago methodicamente estabelecida. D'este exame, ¢ de tudo aque V. 8. observar qua se pratica no dito Re- gisto, de que dari conta a S. M., conhecerd melhor as providen- ccins que alli se fazem procisas para mais exucta arrecadaglo da Real Fazenda, e se evitarem abusus © prevaricagbes. 94. Conelui igencia, © proseguindo a sua joranda, tanto queV. S. chegar & Villa Rica, ¢ tomar posse do sea Gover- no, procuraré informar-se com a possivel exuctiddo dos precos correntes por que alli se vendem os genervs, elfcitos o fuzendas ‘que véem da Capital do Rio de Janeiro, ¢ da diminuigto que po- derBo ter depois de estabelecido 0 novo methodo ; combinando V. S., a vista de uns e 0 stros, se 08 direitos estabelecidos na nova pauta correspondem acs dous principaes fins de se facilitarem nos Mineitos e levradores, por pregos commodis, 03 instrumentos ais effeitos necessaries para as suns lavas @ trabalhos rus- ticos, indemnisando-se a Real Fazenda nos que so. proprios para 0 commodoe luxo; 0 se sora preciso fazer alyuma mu- danca na dita pauta para melhor se conseguitem os referidos dous fins. 95. Igualmente se informara V. S. de tudo o mais que entra om Minns Geraes, que nifo vem do Rio. de Janeiro, mas das ou- trog Capitanias, © que paga ou deve pagar direitos de entrada, e ‘esta aT determinara os que devem ficar pagando debaixo dos mesmas Ptiacipios acima indicados. 96. Da mesma sorte sora prociso que V. 8, examine com par- ticular reftexiio os genetos efeitos da produccZo e manuiactu- tm da Capitania de Minas que sto identicos ou analogos aos que eatram de fora, da produe¢éo € manufuetura das qutras Ca- Ditanias, tnes como quadrupedes de toda n qualidade, aguas ar- dentes fabricadas na terra, assucar, sal, azeite e outros semelban- tes; porque, achando-se os de fra subjeitos a pagar direitos, ndo ha raza alguma para que os de dentro fiquem totalmente isen- tos d'elles; nem a razio de virem de fora é sufficiente, sendo os de dentro da mesma qualidade ; antes ao contrario com os de fo- ra se deverin ter mais alguma contemplago, attentas as despe- za dos transportes ¢ conducgoes, 97. Menos os pode isemtar a raxiio de haverem pago dizimo ; Porque os de fora tambeth os pagam nos seus respectives loga- Tes. E além de tudo 0 que fica relerido, 6 indispensavelmente necessnrio que a Capitania do Minas se conserve em algumn de- pendencin das outras Capitanias, pelo que respeita ao seu consu- ‘mo,e giro do seu commercio ; porque de ouira sorte s¢ acaborin @ communicagao entre ellas, c se extinguiriam as mutuas vi tngens que reciprocamenie se podem prestar umas as outras. Uma das vantagens que o Rio Grande de S. Pedro tirava, e creio que ainda tira, posto que em muito menor quantilade, de Minas Go- raes, 6 a da introducgRo das bestas munres; ¢ bem se vé 0 quan- to aquella fronteira @ dignn da riossa atteng%y e cuidndo, para the procararmos todo o boneficio © soccorro:: estabeleceu-s0 po- rém om Minas, depois de alguns annos, a creago de bestas mua- ros, que de nenhume sorte se devia ter consentido; ¢ se estas, por sorem do paiz, nto pagam direitos, e asdo Rio Grande, por se. serem de fora, os pagam, além das mais despezas de conducgo ¢ Passagens, © resultado sera que, nfo podendo estas entrar em coneurrencia com aquellas, dentro de breve tempo se acabard este ramo de commercio entre as duas Capitanias, com grave prejuizo da do Rio Grande, ¢ igualmente da Real Fazenda. Eo mesmo acontecera com 03 mais goneros e effeitos ncima indica. os, se entre os do paiz © os de fra se nao estabelecer quanto 4s for praticatel uma iguallade de concurrencia, por sncio de ume proporcionada contribuig&o de direitos. 93. N’esta intelligencia, logo que V. 8. tiver feito as especu- IngBes ¢ combinngdies que Ihe parecerem necessarins sobre 0 que fiew referido, njuntari @ pauta formada no Rio de Janeiro as fa- zendas, generos e effeitos que entram das outras Cupitanins, como tambem os da producgio e mmnufactura de Minas, analo- yore da mesma qualidade dos de fora, ¢ os respectivos direitos que devem pagar; ficando a dita pauta com este accrescimo for- mada debaixo de tres divisdes: primeira, das fazendas, generos e efeitos que pelo porto e Capital do Rio de Janeiro entram om Minas Geraes; segunda, dos que véem dus outras Capitanias, © que entram da mesma sorte na de Minas terceita, dos que sao produzidos ou manufucturados dentro da Capitania de Minas, analogos ou da mesma qualidade dos quo véem do fora. 99. Formada a dita pauta, e ajuniando-the V. S. as reflerdes que Ihe parecerem convenientes, romettera logo um exemplar a esta Cérte, e outro ao Vice-Rei e Capito General do Estado do Brazil, ¢ concordando ambos em que ella se ponha logo em exe- cugio, assim o mandara V. S. praticar por tempo de um anno, em quanto the chegam as Rencs Ordens ; quando parém enten- dum que ha inconveniente n’esta antecipao, V.S. esperara a ultima detorminag@o de Sua Magestade sobre este importante ob- jecto. 100. Concluida esta diligencia que respeite aos direitos, de que se forma o rendimento conhecido pelo nome de Contracto das En- tradas, € preciso examinar 0 como se tom administrado este imi- portante plano do Real Patrimonio: e para V. S. sem grande trabalho formar uma justa idéa do que se tem passado a este res- peito, basta que mande vir a sua presenga os contractos colebra. dos desie 6 anno de 1751 em diante. 101. Q primeito, que teve principio no 1." de Outubro do refo- tido anno de 1751, e findou no ultimo de Setembro de 1794, foi arrematado a José Ferreira da Veiga, no referide triennio, em preco de 501:718$802 rs.; o segundo, que teve principio em Outubro de 1754, e findou em Outubro de 1757, fol arrematudo uo mesmo José Ferreira da Veiga, no relerido tricunio, em prego 49 do 617:0998000 fs. ; 0 tereeiro, que teve priaciyao em Janeiro de 1759, ¢ findou no ultimo de Dezembro ds 2761, foi arremata- do a Domingos Ferreira da Veiga, no referide triennio, em preco de 593:067$150 rs. ; 0 quarto, que teve principio no 1.” de Jae noira de 1762, © fiadou no ultimo de Dezembro de 1764, fui ar- remaindoa Jo&o de Sousa Lisboa, no referido triennio, em preg de 589:242$000 réis: montam os sobreditos quatro trienuios em 2,992:0263952 4s., € sabe © prego commum de cada triea- nio 2 598:0068740 ts. 102. No anno de 1763, nfio havendo quem chegasse aos pree ‘gos antecedentes, se mandou administrar 0 dito contracto por conta da Real Fazenda, e no triennio que decorren de Tanviro de 1765 até o ultimo de Dezembro de 1767 rendou 568:031 3303 rs, fizendo a diflerenga dos triennios anteriores de 20:75 9437 rs. esta differenga, poréin, procede de se haver comprehendido nas arromatagdes dos quatro conteactos anteriores, nao s6 ns entra das do distticto © territorio de Mins Geraes, mns igualinento as de 8, Pavlo, Goyaz, Mato-Groseo, Jacubion © Buhin; a0. muse mo tempo que no triennioadminiatrado por conta da Real Fugen. da sdmente se comprehenderam as entradas do sobreiito torrito. tio e districto dé Minas Geraes, e nada munis. 103. Dos factos acima indicados evidentemente se vé quo as quatro precedentes arremitagdes do contracto das entradas, eo endimento do mesmo contract em otriennio que foi administen- do por conta da Real Fazenda, deviam servir de regra a Junta ‘da mesma Fazenda para que, quando se tratasse de dar, ou ar. rematar por contracto este importante ramo do Real Patrimonio, tivesse sempre-em wola 0s pregos que elle conservou por teinpo de digo vnnos,.em quatro diflorontes suecessivos triennins; e quando n&o houvesse quem chegasse aos ditos pregos, ou os pro. curasse deprimir, ¢ nbater, que a mesma Junta da Fazenda se fem. brasse iguaimente do rendimento deste contracto no triennio em que fui admivisiendo por conta da Real Bazenda, para recorre: gem hesitagao neste utilissimo expediente, incomparavelmente melhor que o das arrematngdes, quando ¢ dirigido com zelo, vj- gilanciae desteridade. Estas sfto em fin as regras que a dita Sota de Furonda devin seguir, ede que munen se deveria ape. 50 tar, por serem em tudo conformes com umn boa e regulur adine nistragio, e arrecadagto da Real Fazenda, de que a mesma Jun. ta se acha incumbida, O que porém ella praticou mostrarao os seguintes factos. 104, Desde o anno de 1767, em que findow @ sobredita admi- nistragio do contracto das entradas. por conta da Ren! Fazend ‘na forma acim relerida, até o anno de 1775, nao consta com cl ean n'esta Secretaria de Estado 0 que sa praticou cam o dito con- tracto, ainda que ha muica probabilidade que elle desde entaio pria- cipiou a ubater consideravelmente, como V. S. podoré examinur 1 Contadoria da Junta da Fazenda ent Villa Rica: eonsta porém ‘com toda a evidencia que em Janeiro de 1776 se arremaiou ‘mesmo contracto a Joo Rodrigues de Macelo por dous iriennios, que findaram no ultimo de Dezembro de 1781, por prego de 766:7268612 rs,, isto € 988:363$906 cada triennio. Em Janeie rode 1782 se urrematou 0 mesmo contracto a Joaquim Silverio dos Reis por um triennio, que findow no ultimo de Dezembro de 1734, por prego de 855:6125000 rx. Eom 1785 se arrematou o mesino contrasto 2 José Pereira Marques, por um trieanio, que fiedou no ultimo de Dezembro de 1787, por prego de 75:8125. Montam os sobreditos quatro triennios em 14081508612 ; © sale oprego commum de cada triennio a 974:537 8853 rs. 105. Do referido resulta que, moatande os quatro triennins que decorreram de 1751 81764 em 2,392:026$952 rs., ¢ no mon- tando os outros quatro, que decorreram da 1776 at3 1787, mais que em 1.498:150§612 rs., veiu a Junta da Fazenda a dar, ov arrematar 0 contracto das entradas nos ultimos quatro iriennios, ‘com um abatimento de 893:8763340 rs, 00 223:4695085 re. em ‘enda triennio; © tendo toda @ auctoridade ¢ poder para evitar 0 dito abatimento e as perniciosas consequencias delle, pelo adequn- do meio de admiaistrar o sobredito contracto por conta da Rent Fazenda, como ultimamente se havin pratioado no trieanio que findou em 1767, econsiantementa se observa, e deve observar em casos similhantes, a fim de prevenir a ruinosa decadencin dos ccontractos, de que difficlmente, ou rarissimas vezes se relevam,do- pois que uma vez decshiram, entendeu a dita Janta que entes ‘devia consentir n’esta importante perda.dn Real Fazenda, que pro- a ccurar-jhe o rerandio asienn indieados nem ao menos ndininistrar contracto por tempo de um anno, ¢ dar conta aS. M. da situagaoem quertle se achava, podindo, ¢ esperania sua Roa! Determinagia. 106. Nito param aqui os enormes abusrs com que a Real Fax zenda se tem administrado cadministra n'aquella Capitania ; pore que, sende uma das mais reeommendadas obrigngBes da Junta da Fazenda a cobranga dasdividas preteritas, e 0 prompto payamen- to dos rendimentos cortentes, 0 dita Junta o (vz, e fas tanto pelo contrario que, sem fallar nesto logar da total sommn que se esta devendo a mesim Real Fazenda, como adiante se veri, mas tra- tando ti sdmente do que ainda se acha por pagne dos contracts cima reforidos, celebradns desde 0 anna de 1751, consta — quo an cowtracto feito com José Ferreira da Veiga, que findou em 1754, ainda se esto devendo 145:005$529 ; do contracto feito com 0 mesmo José Feereita da Veiga, que findou em 1757, ainda se es- tio devendo 165:207$336. Do contract» Rito com Domingos Ferrvira da Veigny quo findoa em 1761, ninda s estiio devendo 85:402$592; edo contract feito com Jota de Sousa Lisboa, que findou em 1764, ainda se extio devendo 258:757$847 ; montan- do-a divida (estes quatro contractoxem 654:97 35804. 107. Poderia experar.so que os seguintes contractos havendo sido nrremstados por quasi metude menos que os. acima roferi- dos, esta inesperada coniemplagio que houve com os arrematan- tes, em grave preyuizo da Fazenda Real, detorminarin ao menos ‘a Jonta a camprie corn a sun obrigapfio, obrigando os ditos cou- tractadores 4 serem exactos e promptos nos pagnmentos dos seus contracios ; mas naa diisto acontecou, porque do contracto feito ‘com Jno Rodrigues de Macedo, por dous triennios, que findaram em 1781, ninda se estila devendo 466:454$480; do contracto fei- tocom Joaquim Silverio dos Reis, que findon em 1734, ninda se esto devendo 220:4238149; ¢ do enntracto fuita com José Pe- reira Marques, que findou em 1787, ainda se esto devendo 360:897$638 ; montundo a divide o'estes quatro triennios em 1.047:7758627, que é maior que» dos quatro triennios anterio- res de 392:402$323 : ¢ ambas as ditas dividas dos oito tien nios montam em um total de 1.702:1484931 rs., como. S. vera do resuimo junta debaixo do No 19. 108. Csimo contracto dos dizimos, que é outro importante ren dlinento do Patrimonio Regio, aconteceu # actualmente se prati- ‘chm os mesmissimes abusos, com que tem sido adininistrado 0 contracio das entradas; porque no annode 1747 fui artematady © contracto dis dizimos a Manuel Ribeiro dos Santos, por um triennin, que findou em Julho de 1750, por prego de 27G:1148 rs. Ey 1756 foi nrtematadoa dito contracto a Judo de Sousa Lisboa, Por um trieunio, que findou em Julho de 1759, por prego de 214:0108040. Em Julho de 1762 foi arrematado an mesina Joo de Sousa Lishoa, por outro triennio, que findou em 1765, por pre- G0 do 281:635$040 rs. Nao consta n’esia Secretaria de Estado © que se praticou com o dito contracto dos digimnos nos annos in= Fermedios aos que fieam acima referidos ; constn porém que desde © mez do Julho de 1765, até Julho de 1753, sendo o dito contrac. to adwiatstrado n’este tiiennio por vata da Real Fazeyda, ronlew 261:2008669 rs; montani os sobreditns quateo tricnnios, tres contraciadas # 1im administeado, em 933:0595745, ¢ sabinda © precocommum de cada tricnniy em 245:7645935. 109. Os rendimentos acimna indicados dos tres triennins eon- tractados,¢ do ultimo triennio administrado por conta da Real Fazenda, fiziam bem vér a Junta da mesma Fazenda o justo valor do contracto dos dizimos, para nio admittir lungo algum que Ihe fosse inferior; e quando nfo o houvesse pelo menos igual, triennio em que foi administradn, para recorrer a esie utilissima incio, da: mesma forma e pelos mesmas motives que fleur aciema indicados, a respeito do contructo sdas entradas; tendo porém a Junta da Fazenda no dito conteactn das entradas adoptado n sya- tera de sacrificar os rendimentos da Corda a insaciavel ambie&o dos cuntinewadores, aiio podia no dos dizitnos deixar de seguir 0 mesmo plano, como mostram as arrenatigtics xcguintes. 110. No primeira de Agosto de 1768 fi o ditn contracto arro- matadoa Ventura Pernandes de Oliveira, por um trienmo, que findou no ultima de Julio de 1779, em progo de 180:775 $600 r+ Em Julho de 1774 foi o mesino contracto arrematady a Ped? Luiz Pacheco, por um triennio, que findou em Julho de 1777, em preg de 1902358541. Em Agnsto do dito anuo de 1777 fi o ha diante dos othus o que rendeu 0 dito contracto no 53 meamo contracto arreimatedg a Joo Redigues de M dous triennios, que findaram em Dezembro de 1782, por proga be 895:3789957, que carresponde enda triennio a 197:6893478 rs. E em Janeiro de 1784 {hi dito contracto nrrematade a Dorin gos. de Abreu Vieira, por wim trieanin, que findou em Dezembro de 1786, por prego de 197:867$375 ; montando os sobreditns qua- tro contractos em 772:5698994, ¢ sahindo prego commun de cada triennio a 193:1425408 rs. LIL. Do referide resulia que, montando os primeits quatro trien nios em 988:039$745 rs., e nfo montindo os outros quatro mais que em 772:5395994 rs, veiu a Junta da Fazenda a arre- matar o contracto des dizimos nos ultimos quatro triennins nm em abatiments de 2104395751, ov com uma diminuigio por tripnnio de 52:6223433 rs. 112. Nao param ainda aqui os prejuizos do Real Fazenda em beneficio » vantagem dos abusives interesses dos cantractadores; porque, n&o so contentand) estes do abatimento com que + dito ‘contacto dos dizimos Ihes fui successivamente arrematada pela Junta da Fazenda, tn conseguido della a officinsa condescen- doncia de os deixar destructar com sncogo e segura nga da somuna de 717:906$758 rs., que om tanto monta o que nindu estito de- vendo dy contracto dos dizimas: a qual divida junta a dis contrac. tndores du conteacto das eatradas, com as quaes a dita Junta teve tema mesina contemplagao, na forma acima indicuda (send ‘esta tanto mais escandalos, quanto é mais importante 0 aleance deste av daquelle contracts), monta o quese esti devendo de um © outro & Res! Fuzenda em 2.420:05§639, euno V. 8. vera do resume junto debaix do Ne 20. 115. Nao se pode ver sem indignsgRo que S. M. mandasse estabelecer em Minas Gemes uma Junta, com a qual fix uma im- portante despeza, srtn outro algum fim mais que ode cuidar na boa administragio © arrocudagao da sua Real Fazenda, © que, em logar desta impretwivel ebrigagao, 96 cuide w dita Junin ros particulares interesses dos seus ufithndos, sem se emberngar ‘dos irreparaveis prejuizos que tem enusady e causa a mesma Real Faxonila, com as suas royrchetsiveiy¢ criminonas proteeges, co- mo mustram, nfo $6 as factos acima referidos, mas outros - 5A Hinntes an que se passon na mesma Junta, quando alli se delibe- rou subre se arrematur © contracto das enimndas no triennio que ve principio na primeira de Janeiro de 1785, ¢ findou ao ultimo de Dezembro de 1737. 114. Determinndo o dia para esta arremntaciin, apparccernm nlangar varias pessons no dito contracto ; ¢ eatre ellas 0 Capitito de cavallaria auxiliar José Pereira Marques, ¢ o Capito de or- denangas Antonio Ferreira da Silva ; 0 primeiro publicamente, & xem omenot tebugo, protegido pelo Governador e Capito Gener ral Presidenteda Junta ; ¢ 9 segunda ptotegido com a mesma pus Dlicidade pelo Prucurndor da Fazenda Francisen Gregorio Pires Monteiro Bandeien, e pelo Ouvidor da Comarca Thomaz Antonio Gonzaga, ambos Deputades da mesma Junta. Logo depois dos primeiros langos se reliraram os concorrentes de maior abot cio e crodito, outros nem quizeram vir langar ; porque uns @ ou- tros sabiam, e ninguem iznorava que dito conteacto se havia de dar a um dos dous afilhades, 115. Desamparndaa praga dos principaes hamens de eredito © nbanagao, ficaram tio sémento os dous protegidos a lang n> contracto, levando-o 0 afilhado dos Ministeas até 0 Tango do 369:1003000 rs.,@ 0 do Governador Presidente a 370:000$000; peoponda o segundo ao mesino tempo que, se a contracto se Ihe desso por dous triennins, oflerecia por cada um 850:000$000 rs, 116. Achande-se 0 dito contracto n’esta figura, entraram os dous partidos a disputar com a maior acrimonia sobre qual dos protegidos havia de ter a preferencia : pugoava o Governador por ‘José Pervira Marques, em razio do seu maior Ingo; oppunhamre ‘05 Ministros, asseverando que elle, nao tendo fandos, nem credit, nem fiangas tii» idoneas como as de Antonio Ferreira da Silva, neste por consequencia se devin nrrnmatar o coatracto,ainin que 1 seu lango fisse inferior, Ea Fazenda Real no meio destis es- andalogas contestardes, orf e ubandanada, serrindo tao sé- mente de protexto, a enda um dos dous partidos, para promove- rem as interoases dos seus afilhudos. 117. Neste desamparo se levantou 0 honrado, zolaso e intel ligente Escriv&oe Deputado da Junta Carlos José da Silva, reprn- sentoo a meema Junin a perda que sifftia a Real Fazenda sea 35 contracto.se arrematasse a qualquer dos dous pretendentes, fex- Ihe vér por ium calcula demonstrativo o avultado rendimento dey dito contracto nos dous triennios de 1765 «1767, ¢ de 1772 2.1775, em que {vi administrado por conta da Fuzende Real, quaes fram as despezas do seu costeamento, € 0 seu liquide pro- ducte ; €, comparando este com os pregos dos langos offerecidos, The mostrou com toda a evidencia o enorme prejuizo que resul- tava a mesma Real Fazenda, se arrematasse, e n&o administrasse © referido contracto : sendo, além d’isto, indubitavelmente certo que das ditas arromatag®ee, principalmente das mais modernas, 0 que havia resultado era, niio sé 0 considerayel abstimento do mesmo contricto, mas ficarem os contractadores com uma gran- de parte do seu rendimento, ao mesmo tempo que das edministra- Bes do dito contracto, por conta da Real Fazenda, o resultado sempre foi, nla 86 a conyerragao do justo prego, ¢ valor do re- ferido contracto, master-se embolgado a mesma Real Fazenda de tudo quento elle rendew, 118. Forum porém inuteis og esfargos do Deputndo Carlos José da Silva, porque todos os mais votox, de que se compunha a Jun- ta, tejeitaram 0 acertadissimo arbitrio da Administragiio; uns porque preferiam conhecidaments as utilidades particulares dos seus afilhados nos intoresses da Fazenda Real, © todos porque nin quieriam privar-se dos emolumentos e propinas que percebiam do dito contracte, sendo arrematado, e que perderiam, sendo ad- ministindo: e w'esta determinagdo continuando as contestagies, entre es dous partidos, ultimamente determinou 0 Governador Presidente, de saa propria e particular auctoridade, que o con- tracto se desse a seu afithada José Pereira Marques, de que re- aultarain os productos @ mais procedimentos que constam da copia junta debaixo do N.21. 119. Esta 6, emfim, 2 forma €0 methodo com que se adminis- ra a Real Fazenda na Junta d'aquella Capitania : nto sito os in teressex da mesma Fazenda os que alli se promovem ; sito os particulares, em que tao somente se cuida; n&osfo os homens abonados, de credito e seguranga, os que se preferem para os con- tracts ; so os afilhados os que regularmente os levam : 0 te9- peito dos protectores afiigenta os idoneos, ¢ no tendo os proteg- 36 4, Conseguem 03 ditos contracts por diminutos pregos, e depois de os obter, confides nas mesmas protecy@rs, por outros oceultes carines cuidam no modo de os no pay € 0 conseguem. 120. Sendo estas a8 fintes nocivas, donde emana todo 0 mal, ella resultam, n&o s6 08 cnormes alcances acima indiends que se esto dovendo & Real Fizenda pelos eontractes das entra- das, e dizimos; mas de todos os outros contractas, por minimos que sejam, como Y.S, veri da relagao junta debaixo do N22, na qual, contondo-se trinta e um contractor, entre grandes © pe- quenos, ov arramaing@es delles, nao ha uma s6.em que a Fazen- da Real nfio seja credéra ; de sorte que n encurgo de so dever mesma Fazenda Real, e nd ee Ihe pagar o que se lhe deve, ja alli se no reputa por uma falta, mos por um costune m que to- dos tom direito ; ed'aqui ven quo a totalidade da sua divida, sémente pelo que respeita no artigo dos: contrastos, monn em 2.460.987$813 rs., como consta da sobredita relagao ; © o Juiz dos Feitos da Fazenda, no protesto acima indicado debaixo do N. 21, lembrando se tulvez do que tambem se esta devendo de donativos e tergas partes dos officios, e outros artigos, assevera que 0 que se deve & mesma Real Fazenda monta em sete Ihdea. Deveria porém o dito Ministro certiicar ao mesmo tempo quaes eram as diligencias que tinha feito, em cumprimento da obrigagfio do logar que occupava, para que esta divida se fosse gtadualmente satisfazendo; ¢ doviada mesma sorte mostrar, pel entradas nos Reaes cofres, que as ditas diligencius nito eram a perentes, nem phantasticas, como geralinente se costuma praticar Copitania, mas reavs ¢ effectivas: isto porém, que o dito Ministre n&o declarou nem declariria, 0 fez conlweer por termos bein claros e pesitivos o Gorernadore Capit@o General de Minas, em Carta de 5 de Janeiro de 1785, com uina certid@o att thentica a ella junta, da qual consta que de noventa execugdes feitas pelo Juizo dos Feitos, @ 0 contencioso da Real Bazenda em todo o anno de 1784, ndoentrou nos Reaes cofres um +6 real; ¢ todo 0 beneficio e utilidade rcabiu no Juiz, e nv seu Excrivao, ‘em custas, esportulas € emoluincntus, como V. 8. vera du papel junto debsixe do N, 23. a 121, A’ visia deste desamparo, e sendo demonstrativamente certo, pela sucéessiva serie de fictos acima referides, que os cou. tractos somente se conferem em Minas Geraes. para que os con- tractadores os desfructem, © que estes os arrematam na cortez de nio os satisfazer ao menos em grande parte: ordena Sua Ma- gestade que, logo que V.S. chegat a Villa Rica, e souber queo contracto das entradas se acha arrematado, procure examinar se © contractador tem eumpride, e cumpre com as condigdes, a que ‘se obrigou na escriptura do seu arrendamento; e uchando, como certamente ha-de achar, que tem fultado a ells, prineipulmente i de entrar nos Rears cufres, de tres em tres mezes, com tudo quanto tiver rendido 0 dito contracto; V.S.mandara immedia- tamente proceder contra elle, na firma dis referidas condicdes, e, segundo as mesmas, dar-Ihe 0 dito contracto por scalado: 0 que feito, ordenara que o mesmo eontracto fique por administra- 0 um triennio, ov em quanto Sue Magestide nid mandar 0 con trario: praticando isto mesmo com o contrato dos diimos, no caso de achar ocontractador, como tambero hu-de certomente achar, em igunes cireumstancins 20 das, entradas : ¢ determinun. 40 que se tomem todas ns cautelas, déem todas as provideacias ‘e execute todas as mnis disposigBes, que precedentemente se praticaram com os referidos dous contractos, quando foram ad- ministrados por conta da Real Fazenda j njuntando:tho V. 8. gual- mente as que the parecerem mais concernentes ¢ adequidns a0 estabelecimento de uma solide, regular e util administrago, 122. No caso porém nto esperado, dificillimo de crer, em que V.8. ache que os ditss emtractadores uctunes, ou algum d'elles, no tenham commettido filta ou prevarieng@o para serem expul- 20s, nem por isso deixar de Ihes dar por acabados os seus res- pectivos contractos, indemnisando-os do prejuizo que poderao ter, ‘como s2 tem praticado em outras simithantes occasiGes, pondo inistrago os gobreditos dous contractos na [rma acie € estabelecendoao mesmo tempo a nova pauta, a qual nio poderia ter logar, em quanto elles se no administras- sem por conta da Real Fazenda. 123. Quanto ao pagamento do enormissimo aléance do quo se est devendo @ mesma Real Fazenda, os interessados n’este im. 8 58 portnnte artigo, scecorridos pelos seus protectores, o tem queride cconfindir com 0 estado decadente, em que tepresentam a Capita: nia de Minas; etomando por pretextos a dita decadencia, insinuam ‘a0 meamo tempo, n&o s6-a impossibilidade de se poder ennseguit 6 reforido embolgo, mas adiantam as suns dissimulodas idéos al © ponte de pedirem: a Sun Magestade urna enorme quita ; & me- nor refloxo porém que se faga sobre os factos particulares acima indicados, elles dao bem a conhecer toda @ malicin estas as- tuciosas pretengdes ; porque, ov a Capitania de Minns se nche em uma situag%o abatida, ou florescente, 0 certo € que José Pe- reira Marques, arrematando o contracto das entradas em 1785 por 875:8128000 réis, o conseguiu por um prego muito muis inferior, que o sea ordinario rendimento, © que consequente- mente se ha.de ter embolgado delle, como constara dos seus livros de raz&o, 2 elles siio feitos sem fraude, nem prevatica- gio; d'onde resulta que, se ainda deve, como esta devendo, '300.807038 réis, € porque. 09 seus protectores 0 tem quorido deixar desfructar esta soma em seu particular beneficio, ¢ niio porque deixe de ter corm que puget. Joaquim Silverio dos Reis, fambem arrematando 0 dito contracto em 1762 com igual yantugem, se ainda esti devendo 220.4235149 réis, 6 porque querem que elle se utilise d’este dinheiro, e no porque con tracto deixasse de lhe render coin que satisfizesse 0 seu alcan- ce, Ultimamente Jo&io Rodrigues de Macedo, nao satis ‘um sé conteacto, nem por tres annos, arrematando o das entradas ¢ dizimos por dous triewnios em 1776 pelos mesmos infimos pre- 08, se emboleou das sommas consideraveis dos seus rendimentos; ese ainda seacha devedor de mais de mith e meio, 6 porque querem que a Fazenda Real o pera, e nfo porque deixe de ter team que pague, assim elle, como os seus fiadores. Se do anno de 1776 em fim se remontar aos contractos unteriores, se h&o-de ‘char em todos elles, com excepsio de muild poucos, os mes- mos sbusos ; e n’esta certeza, o unico mei de os desterrar e re parar ao mesmo tempo os prejuizas da Real Fazenda, ¢ tendo Y. S.o mais vigilante cuidado em que as Leis, Ordens, ¢ Dispo. sigBos contra os dovedores da mesma Real Fazenda, de qualquer qualidade que sejem, so ponbm na sua devida, c inviolavel ob- ) servancia, @ quo os Ministros incumbidos destas ditigencias a- iministrem uma justia igual, recta, prompia o imparcial, fazen- daclhes Vs S. conhocer 0 justo castigo, e severidade com que 8. M. manderé proceder conten aquelle, ou aquelles dos ditos Mi- nistros que deixarem de cumprir com as indispenaaveis obrigh Bes dos logares que S. M. Ihes confiou; muito principalmente ‘em um ponto to importante, como.o de seindemnisar « Sux Real Fazenda, a qual, pelas omissBes, negligencias, empenhos, pro- tecgbes, ¢ talver por um sordide, vil e abominnvel inleresse dos que a deviam zelar, ¢ ndo zelaram, se acha reduzida & deplora- Yel rituaga® em que preseatemente a vemos na Capitania de Minos. Devs guarde a V. S, Salvaterra de Magos, em 29 de Janeiro de 1788, — Martismo pe Matto & Castro. “ oo PRIMEIRO JUIZO. Submetlido ao Instituto Historico € Geographico Braxileiro pelo seu Socio Francisco Adolpho de Varnhagen, acerce do “Compendio da Historia do Brazil” pelo Sr. José Ignacio de Abreu ¢ Lima, A falta de amor das velhas cousas da pate meitos representantes eontemporancos da maa, —o meu illustre amigo o Sr. Alexandre Herculano— “ € indicio certo da morte da nacionalidade, e por consequencia do estado decadente é da ultima ruina de qualquer povo”. Niko se tinbam ainda passado horas depois de lermosestas linhas no “Pa- horama”de 28 de Outubro do corrente anno, quando nos vieram 4 mio 08 dous poqicnos volumes de um—Compendio da Historia do Brazil, pelo Sr. J. 1. de Abreu Lima,— ox ques, pois que nenbumas vethas cousns da Patria temos por demais importancia que ns respectivas a sua Historia, nos deram a doce consulag@o, como bem se pode erér, vindo elles em tal conjunctura, de mais tumna prova de nada contender ccm o nosso paiz @ fiisante maxi- ima prophetica enunciada. Com effeito além da protec¢io ¢ desvelo paternal que as letiras tem encontrado no animo do nosso generoso Monarcha, ¢ dos ‘sous dilferentes ministerios, além do que as camaras legislativas 1€m ja feito para fomentar as emprezas litterarias do Instituto Historico e Geographico, além do que exte fecundissimo seiv 18m produzido a bem da Patria, que n’elle deve confiar uma boa parte do seu futuro, € além dos esforcos parciaes em prol da nossa literatura historiea que hao feito no Para os Pontes, ¢ Buenas, ‘em Pernambuco o8 Muniz, ‘Tavares, na Bahia vs Accivlis, ¢ final mente o8 S. Leopoldo, Janusrio, e Machado W’Oliveira nas Pro- vincias do Sul, via de novo alisiar-so em sev. sctvigo um escrip- tor j@ de outras obras, de que tinhamos ouvido fallar. * Veja.se a este respeiton approvaciia que 0 Institute dew a cate Suiza, sobre Fareget da Commins de Roesch, seme te 1 de ence ¢ ‘que vai publicado neste mesaio N.°2) da "Revista ot 0 1880 intima contentamento € maravitha eresceu ao prescn- ciara nitider da edigio em tudo, incluinds a perfvigie dax ex tampas, edesde ja aqui tributamos agendecimentos aos Srs. Exi- torese Attistas pela distineta mansira com que promovem o a tamenty das artes, typos, e lyiographia no nescente Brazi Vora os retratos inventadys, como o do Chele Indio Camario {allias Poty), e0 de Henrique Dins, que s6 desejaramos para new insteacgito saber onde o Sr. Abreu e Limitedescobriu que fira compen fan natural de Pernambucn, camo diz. A png. 1 dosagenden a opinio dos saaiv severos, quo, econdo cor ‘na importancia do pasado reduzido a escripta (que xe chama Historin), assentam se no deve assim despoetizar a erenga com tes fiantazins, preférindo antes 0 uso de bustos cézos, quando o fim quo se protende 6 o de substancialisarou materialisar a me- mnoria dos homens celebres. Em todo 0 caso achamos nés que bem merece do paiz quem apresenta taes modelos de perfvigdo, que vao levar por toda a parte provas vivas des seus progressos artisticos, Arnos sotisfagfo ainda subia de ponto, quando, a comegar 8 leitura do tem elaborado Prefucin do Autor, encontramos um trecho, exjns idéas sentimos identificarer-se tanto és que desde tenros annos possuimos gtavadas no intimo da alma, que nfo po- demos resistir a transcrevél-o, = * Devernos cuidar, diz, o Prefacio, de reparar o tempo per- « dido, dando principio a obra da nossa seguranga intellectual, “ preparando os clementos de urna fitteratura propriamente bra- leira. N'este caso, todo nquelle que langar uma pedra no ci- mento do elificio (ira importante servigo & sua Patria, embora “nao tenhamos grante material por ora, porque o tempo, n 36.0 * tempo, pode reunil-o em proveito, Felizmente para o Brazil, nfo «sou eu o unieo que assim pensa ; antes de mim muitos dus meus “ compatriatas tém ji concorrido com asua quota para o de- * posito commum ; mas, torno a repotir, todo aquelle que langar “mais uma pedra seri digna de galard@o, E como nan littera- “ura, propriamente dita, tem 0 primeiro logar a Historianenhum * servigo. sort mais apreciado do que aquelle, que comagar por preparar-Ihe os elementos, averignando ¢ ordenando os factos, Em- fe viva 62 ‘corriginlo ¢ verificando-as datas, e sobre tudo esmeriliands “ tidas do Urariquera, encontramos a foz do Rio Uraricapari em 8° 24" de latitude boreal : por este Rio, a que os Hespanhdes das ‘vam o nome de Parima, corremos 20 leguas em rumos de Poente, © depois de Norte, o nos achamos no outro estabolecimento, que elles tambem fundaram com o nome de Santa Rosa, que era a sua SB escala paraa inirusio nas vertentes do Rio Branco, sendo a lati: tude d'este logar de 3° 434", estando ainda afastado 0 centrodas serras, que desde 0 Mahi vem correndo Leste, Oeste pela referidn latitude de 4 graus de Norte, nfo obstante que ella aqui remetta algumacousa aSul; ¢ esia mesina serra é a que 08 ditos Hespa+ hoes atravessaram em um dia, quando do poro de S. Vicente des- cciam para estas vertentes, ¢ do extremo della em dous dias vinham_ a este logar de Santa Rosa, ou varadouro de Adanea, como do ‘Mappa melhor se v8. D’este sitio continuavamos ainda a viagem ‘aguas acima, na inteng%o de itmos reconhecer a quebra da serra, que, como dissemos, servia de porta a estes visinhos; mas a cheia era de qualidade que nos impossibilitou dar mais um passo, elas cachoeiras, que’ tinhamos de vencer, © assentimos fazer pelos matos a diligencia, que pudessemos, pars o dito conheci- mento, sem embargo de nos ter ficado muito doente na fortsleza ‘um preto Hespanhol, que nos devia servir de pratico, por ter vi vido muitos mezes no dito sitio de Santa Rosa, ¢ ter vindo com ‘os Hespanhoes por 8. Vicente; 0 outro embarago foi o de ser neeessario regulat 0 mantimento para a volta, porque o béte de cinco remox, em que tinlmmos mantimento paramez © meio, no ze pade varnr na quinta eachoeira, a que chamam do Aningal, nas pequenas candas, em que continuames todo o resto da viagem, nfo coube meis mantimento que para doze dias, dos quaes oito ‘eram passados j © assim, tendo reconhecide este sitio, em que as sorras que delle se avistam, ainda mostrama mesma direcedo de Nascente a Poente, aqui assentimos serem as'mesmas que, desde o Mahti ver correndo por mnis de cincoenta leguns, © que, contendo desde o Pirari por sessenta leguas de extensfo, fazem por si mesmas uma notuvel divisoria, tal como se deseja na pre- sente occasitio. ‘Voliando Rio abaixo a favor da enchente, em dia ¢ meio che: gimos 4 for deste Rio, o entrimos pelo Urariquera acima, que corre entre Sul e Poente ; ¢ andando dous tergos de legua chega: inos a uma grande eachoeira de salto, ¢ por uma. alta eminencia da parte do Poente subimos pelo trilho das candas de cortign, que por alli arrasia o Gentio Perocoto, que em grande numero drequenta estes rios 5 mas que para nds era impraticavel, ainde 89 que pudessemos demnrar-nos, servinto-nos este pequena desvin para ilesenbrir estes noves embnrngos da navegagao n’aquelle dito Rio Urariquera, @onde contiavanda em descer as cachaciras © toda a extensia do Rio, que vai até o mencionado sitio de S. Joao Baptista de Caya-Caya, encorporadus ja com onosso bole iaior, entrimos no Rio Maraca,o qual tan.bom eeguia ov rumos entre Sul, ¢ Poente; ¢, nao obstante ser caudal de aguas, va0 estas {Wo derramadas por pedras, e cachoeiras, que de seis leguas para cima nao pudemos yencer, seado notavel n’elle 0 ser ainda bor dado de ferteis campinas pela purte de Nascente. Assim viemoe retrocedendo até encontrar a boca do Rio Majari, que'do Norte desce a0 Rio Branco, e cujn indagnedo se nos mosteou interes- ‘snnte, tanto por yer 86 descobriamos alguns pontos iniermedios dx Corvitheira, que tinhamos visto nos extremos do Santa Rosa, edo Pirari, @ Mahti, coms pela noticia quo aleangdmos de have- Tem os Indios Erimissanos degolado sobre aquelle Rio uns Mis- sionnrios Hespanhoes, que pelos signaes que elles dio, sito os Barbadinhos da Ordem Franciscnna da Pruvincia de Cavalunha, que-se acham parochiands no alta Oriaoco ; e eorrenilo com cl. feito © Rio, ¢ pasando além do sitio da matanga dos Padres, xn que mandémos arvorar uma cruz de pau, subimos até a altura do 3 gras e 54 minutos, tondo andado o Rio entre Puente « Norte, havendo nds pasado dezenove cachoeiras, senlo a vigesiina a que achimes na mencionada altura, muito perto da cordilheira, ealtas serras que viamos Norte; mas jé deste os campos da primeira cachoeira grande, que fica em latiude de 3° 44", que ‘vom a ser a mesma altura de Santa Rosa, se descobrem as sor- ras, que vom desds 0 Mahi, e d'este mesmo logar da cachoeira, em que obserréms o eclipse do Sol de 23 de Abril, ntravessa. ‘mos com caminho de Poente a Nascente para a cabeceira do Pa rime, que fien menos de tres leguae, donde muito melhor, © sem dovida se desenbre a cadéa, ou muralha do serra, que vem desde ‘© Mahi, como temos dito, o se estende além de Sante Rosa muito mais para Poente pela latitude de4 grios de Norte : alli soubemos que 08 Missionarios Barbadinhos tinham descido pela mesma que brada das serras, por onde vieram depois os Heapanhoes com mio seas snd impratcave desis relas otras partes da serra 90 pula altura o escarpado della 5 u'esta jornmla endames com um velho de nagito Erimissans, por nome Apayeé, caja habitagito est quasi sobre o Parimé, que tinha ajudado aquelle assassinato, 4 quo deu causa a imprudencia dos tues Missionarios, que vieram metterse para dentro d'estes Dominios Wo remarcaveis pelas vortentes dos rios, e pelas altas serras que ns separam. © Rio Parimé nao corria na sua fonte, cousa sensivel, mas estava toda em pocos a agua, ¢ se deve consilerar aquelie pe- queno Rio, como um esgoto das campinas adjacentes sem que tenha nenhum Ingo de vero, e muito menos cercado de altas serras por toda a citcumferencia, como fabulizaram tentas ear- tus impressas om Europa, Depois de obtermos estas claras idéas do que nos foi ordenado, nos recalhemos para a Fortaleza de S. Joaquim para d'alli irmos conten vez tentar a diligencia de averiguar as fontes do Rio Trom- tetas e Urubi, a qual s6 por marchas de campo se pode fazer; mas o inverno nos vinha como seguindo desde 0 Poente, Conde troziamos a nossa derrata, ¢ comegaram logo tio grandes chu- as, que ns campinas alagadas no permittiam as marchas de ps, para que ultimamente V. Exc. nos havin provinido com as bar- racas de campanha, ¢ oleados para cobrir as caixas dos instra~ ‘mentos Astronomicos. Serd, comtudo, muito util praticar-se esta averiguaydo a todo o tempo que se puder fazer, para se reco- nhecer a extrema que devemos ter com os Hullandezes, e mes- mo com 08 Francezes de Cayena, quando so houver de tratar algum ajuste de Limites com estas Colonias confinantes, como tnmbem da mesma forma, e para o mesmo fim so deverilo minar as cabeceiras dos Rios Repunuri, e Anioaw, que se dix Tormam as vertentes enire 08 sobreditos Portuguezes © Hollan- dezes Dominios, como edmento pelas noticins adquiridas se figue a, ou demonstra no pequeno Mapps adjuncio eo total referide nesta participagao. Bo que podemos informar a V. Exes, que Deos guarde por muitos annos, Barcellos, 19 de Julho de 1781. — Ricardo Fran~ eo de Almeida Serra, Capitéo Engonheiro. —O Dr. Antonio Pires da Silva Pontes. oO INFORMAGAO das terras do Brazil, mandada pelo Padre Nobrega. ‘A informagio que d'esias partes do Brozil_ vos posso dar, Pa Ares © Irmios Carissimos, 6 que tem este terra mil legoas de costs, toda povonda de gente, que anda nia, assim mulheres como ho- mens, tirando algumas partes mui longe d'onds estamos, onde as mulheres andamn yestides & maneira de sigonas, com panos de al god, pela torte aor mais fia que esta, a qual aqui é mui tem~ perada, de tal maneira, que 0 iaverno nfo é frio nem quente, 6 0 vero, ninda que soja mais quente, bem se pode solfter; poréin & {erra m'ii humids, polas muites aguas que chovem em todo tempo mui a mivdo, polo qual as arvores @ as hervas esti sempre verdes. E por esta causa é a terra mui fresca. Em partes € mui aspera, por causa dos montes © matas, que sompre esto verdes- Ha n’ellas diversas fruias que comem os da terra, ainda que hho wo to bors cimo as de la, ns quaes tambon ercio se Uae riam ea, se se-plantassem ; porqre vejo que se dio uvas, ¢ ainda duns vezes no anno; porém slo poucas, por causa das formi que fazem muito damno, assim n’isto coms em outras cousas. Cie deas, laranjos, limBes, dilo-se em muita quantidade, e figos to ‘bons como os de fa. O mantimento commum da terra é uma raiz de pio, que chamam mandioca, da qual fazer uma farinha de que ‘comem todos, « da tambem vinho,o qual mistarado com a fariaha, faz um pio que escusa o de trigo. Ha muito pescado, ¢ tambem muito mariseo, de que se mantem os da terra, ¢ muita eagn de mato, © patos que criam os Indios; bois, yaeeas, ovelhas, cabras galinhas so daotambem na torra, e ha dellas grande quantidade. Os Gentios so de diversas castas, uns se chamam Goyannzes, outros Carijés. Esteé um Gentio melhor que senhum d’esta costa. Os quaes foram, uo he muitos annos, dous frades Castethanas censinar, ¢ omaram t@o bem sun doutrina, que tem ja casas do reeolhimento para mulheres, como de freiras, e outras de homens, ‘como de frades. If isto durou muito tempo, até que a diaho levou a uma nfo do salteadores e cativaram muitos d’elles. Trabalha- mus por recolher os tomados, ¢ alguns temos ji para os Tevar a — Ls ‘sua terra, com os qnnes iri um Padre dos nossos. Ha outra casta de Gentios que chamam Gaimares; é gente que mora pelos matos, © nenhuma communicagiotem com os Christies, pelo que se Pontam quando nos vém, e dizem que somos seus irmaos, porque trazemos barbas como elles, as quaes nto trazem touve os outros, ‘antes so rapam até as pestanas, ¢ fazem buracos nos beigos © nas ventas dos narizes,e p0e uns ossos n’elles que parecem demonios. Eassim alguns, principalmente os feitiveiros, trazem todo @ rosto cheio Welles. Estes Gentios slo como gigantes, teazom um areo nui forte na mao, ¢ em a outra um péu mui zrosso, com que pe- ‘ejam com os contratios, ¢ facilmente os espedagam, fagem pelos matos, ¢ allo mui temidos entre todos os ontros, Os que commu Ticam com nds outros té agora sto de duns -eastas, uns sechamam ‘Topinaquiis, ¢ 08 outros Topiuambas. Hstes tom cass de palmus ‘mui grandes, ¢ d'ellas em que pnusaram 59 Indios com suns mi- theres ¢ filhos. Dormem em redes de algodao junto do foga, que tola a uoite ten uccoso, assim por amor do fris, porque andam ‘nus, comotambem pelos demonios, que dizem fagir do foo. Pela qual causn teazem tigdes de noite quando vo fora. Esta geatili« dale nenhama cousa adora, nem conhocem a Dons; s6mente aus trodes chamam Tupane, que é como quem diz. eousa divinn. E, Assim nds. nv tems otro. voeabulo mis conveniente pari os teazer ao conbecimonto de Deos que chamt-lhe pai ‘Tupaue. So- anente entre elles se fiazem ums da maneira seguinte. De certos em certos annos vem uns fuiticeiros de mui longes terras, fingindo trazer santidade, ¢ an tempo de sua vinila Ihe mane dam alimpar os caminhos, ¢ vo recebel-os com dangas e lestas, segundo seu ecostune ; @ antes que cheguom ao lugar andam as mulheres de duas em duas pelas casas, dizendo publicamente as fakas que fizeram % seus matidos umas as outeas, e pediado per dio dellas. Em chogando 0 feiticeiro com muita festa a0 logar, caira.em uma casa escura, ¢ pe uma cabuga, que trix hhumana,em parte miis conveniente para geus enganos, e mudando sua propria yor em a de mening junto da cabaga, thes diz. que ni curem do trabslhar, nem vio & roga, que @ mautimente por sicrosceri, ¢ que munca Thos faltari que comer, e que por si vira 8 cusa, e que as enchitas ir€d a cavar, ¢ as (rectus irdo a0 93 mato por caga para seu senhor, e que ho de matar muitos de Seis contrarias, e cativardo muitos para meus cumeres, € promette- ‘hes larga vida, ¢ que as velhas se hio se tornar mogas, ¢ as filhins que ax dém a quem quizarem ;@ outers cousas similhuntes thes diz e promente, com que oy enzant, de maneira que crem haver denteo na catnga alguma cousn santa € divina, que thes diz aquellas cousis, ux yunes crém, Acabando de fallar o feiti- ceiro, comegai a tremer, peincipalmente as inulberes, com gran- des tremores.em seu corpo, que parecem demoninhadas (come da certo osko), deitando-se em terra, eacumande pelas bocns, ¢ Histo tes persuade o feticciro que entaia the entra a santidade; ¢ a quem isto no fiz tem-o a mal. Depois the offerocem muitas cousis, € em as enfurmidades dos Gentios usam tambem estes feiticciros: de muitos enganas, » foitigarins. Kistes so os mores contearion que ca tomos, ¢ fxzem crer algumas vezes ans doentes que nos outros thes mettemos em o corpo facas, tesouras, © cousas simie Thantes, e que com isto os matamys. Ein suns guerras acunses Iham-se com elles, além dox agouros que tem de certas aves. Quando cativan algum, trazem-o com grande fostn coin win corda pola garganta, ¢ d@o-lhe por malher a filha do pritwipal, ow qualquer outra que mais o comenta, © pde-0 n eevar como poren, ate queo hajam dematar, Para o qua se ajuntam todis ox da co. marca a vér a festa, e um dia antes que omatem lavam-n todo, € 0 dia seguiute 0 tiram, e pSe-0 em um terteiro atedo pela cinta com uma corda, e vem um ¢'elles mui bo:n ataviado, © Ihe fax ‘uma pratica do seus antepassads, e acabada, o que esta para mor- ter the responde, dizendo que dos valentes 6 nfo temer a morte, © que elle tambem matara muitos dus seus, © que ca ficam sexs Parentes que 0 vingarao, © cutras cousas similliantes. E morta ccortam-the logo odedo pokgar, parque com aquelle tirava as free chns, @ 0 demas fazen em postas para o comer assado e cosida, Quando morre algum dos seus, pOe-Ihe sobre a sepulturn Lacing cheios de viandas,e uma rede, em quo elles dormem, mui bom la vada;e isto porque erém, regundo dizem, que depois que morrem tornam comer © descangar sobre a sepultura. Deitantos em umas covas redondas, € seslo principaes, fizem- thes unin chiga, de palma. Nao tem conbecimento de Gloria, nem Inferno, somen- ot te dizom que depois de morrer vito # deseangar a um bona lgary e-em muites cousas guardam a lei natural. Nenhuma couse pro- ppria tom que nfo soja commum, e6 que um tem hia de partir com ‘os outtos, principalmente se slo cousas de comer, das qunes ne- nhuma cousa guardam para ootro dia, nem curam de enthesournr riquezas. A suas filhas nenhuma cousa io em casamento, antes os gontus ficam obrigados n servir aseus sogros. Qualquer Chris- 10 queentra em suns casas dao-Ihe de comer do que tem, e uma rele lavada,em que durma. So castas as mulheres a seus tnari- dos. Tem memoria do dilavio,porém falsamente, porque dizem que ceobrindo-so a terra d’agua, uma mulher com seu marido subiram ‘em um piaheiru, e depois de mingondas as aguas, se desceram, @ estes procederam todas os homens ¢ routheres. ‘Tem mui poucos vocabulos para thes, poder bem declarar nossa fé, Mas com tudo: damoslh'an entender o melhor que podemos, ¢ algamas cottsas Ihes declaramos por rodeins. Estiio mui apegalos com as cousas sensures. Muitas vezes me pergumtam xe Deos tem cabega @ corpo, e mulher ; © s¢ come, ede que se vosto, © otras costs simithantes. Dizem elles que S. Thomé, 2 quem elles chamam Zomné, passou por aqulise isto thes ficou por dito de seus passadas, ‘¢ quo suns pisndas esto signaladas juato de um rio, ns quaes ew fai ver por mais certoza da vardads, @ ¥i com os proprios alhos, quatro pisadas mui signaladas com seus dedos, ‘as quaes algumas vezea eobre 0 rio quando enche. Dizem tambem que, quando deixou esing pisndas, ia fugindo dos Indios, que o queriam frechary ‘echegendo alli so Ihe abrira 0 rio, @ passira por meio d'elle & foutea parte sem se molhar, e alli foi para a fadia, Assim mesmo eontam que, quanilo o queriam frechar os Indios, as Trechas se tornavam para elles, e 05 mates Ihes faziam eaminho por donde ywasosse, outros contam ist como por escarne. Dizem tambem que Ihes prometteu que havia de tornar ovtra vez a vel os. Elle és veja dh Céo, e seja intercessor por elles Deos, para que ve- inhatn a seu conhecimento, ¢ reccbain a Santa FS como expernimos. Isto €.0 quo em breve, Charissimos Irmiios. meus, vos posso iu- formar desta terra: como vier a mais conhecimento das outras cousis que wella ha, ao o deixarei mui particularmente de fuzer. Maxont pa Nomenna. 9% CARTA Que 0 Pacre Antonio Pires eacreveu do Brazil, da Cupitania de Pernombuce, aoe Irndoe de Companhia, de2 de Agodto le 1551. ‘A graga e amor ds Nosso Senhor seja sempre em noxso con- tinuo favor e ajuda. Amen. Por algunas caring que 0 anno pas- sudo de 1550 vos escrevemos, vos demos larga informagod’estas: partes do Brazil, e de algumas cousas que Nosso Senhor porseus ‘Servos, que pula santa obediencia d’essas partes foram mandados, quiz. obrar Os quaes ao presente estiio repartidos por diversas Capitanias d'esta costa, ¢ por suas cartas sabereis 0 que o Senhor por ctda um d’elles obra. Sémente vos quero eu dar conta do que na Bahia succedea depois da partida dos derradeiros navios, ¢ tambem d’esta Capitania de Pernambuco, onde havera poucos dins que o Padre Nobrega e eu somos chegndos. Primeiramente sabereis que o Padre Nobrega chegou Buhin de visitar e correr ‘85 Capitanias, e logo ordenou queo Padre Navarro fsse ao Porto Seguro a trasladar as oragBes esermbesem lingua da terra, com ‘alguns interpretes, que para isso havia mui bons, as quaes tras- Jadou mui bem, ¢ 6 muito para dar gragns n Nosso Senhor vel-o- pregar muita parte do Velho Testamento ¢ Nevo, ¢ outros ser- mBes do Juizo, Inferno, Gloria, &c., em 0 que a todos 16s leva fa vontagem ; ¢ n’isto temos todos muita falta em carecer d gun, © nao saber declarer sos Indios o que queremos, por falta do interpreter, que 0 scibam explicar ¢ dizer como desejamos. Muitos dos Gentios pedem a agun do Buptismo; mas oPadre No- brega ha ordenado que primeiro Ihes fngam os cathscismos c exor- cismos até que conhegamos n’elles firmeza, e que de todo ocora- Ho créam em Christo, e tambem que primeird emendem seus ‘maos costumes. Sao tace os Baptizados que perseveram, que & muito para dar gragas 20 Senhor. Porque, ainda que doe seus siio deshonrados @ vituperados, nfo deixam de perseverar em bons costumes. O povo Gentio ao principio nos dava pouco cre- dito, e Ihe parecia que lhe mentiamos eo enganavamos, porque 6 os clerigns ¢ tambem 0s leigos ministros de Sutanuz que no prin cipio-n osta tera vieram, Ihes pregavame fallavam por interes de seus abominaveis resgates, Agora que comegam a conhecer & verdade e 0 continu» amor com que os Padres os tratam @ con versam, @ 0 trabalhio que pola silvacdiade suas aleans recehem, vio eahindo na conta e querem ger Christios com muite moor vontade © mais firme inteng&o que a0. princi Seahor ha mostrad» cousns, e mosira cada dia por onde se vo desenganandy # nos nao ter na conta em que antes nos tinham. Os Christos que pirmanecem siio tanto nossos que contra scus atures irmaos pricjaram por nos defender, © estiio tao subjei- tos que no tem conta enmm pars nem parenies. Sabem mui bem fas omedes, @ tem melhor conta com os domingos e festas que outros muitos Christins, Em nosss casa se disciplinam toda: sextas (ras © alguns dos novamente coavertides se vem i disci plinar com grandes desejox. Em a procissio da Semana Sante se disciptinaram alguns, assi dos nowos como des novos conver- tidos, e d’agui em dinnte se comegardo x confessar como Padre ‘Navartn em sua lingua, porque ja hy muitos que 0 querem ¢ de- scjim. Estes hio-de ser um fundamento grande para todos os ‘outfos s¢ convertarem. Ja comecam a it polas aldéas com 05 Pa- dres pregando & Fé, © desenganando os seus dos maus costumes ‘em que vive. Muitas cousas em particular podera escrever, que por minha grande frieza, e por nile cuidar que bavia eu de eer 0 escriptor, ns no escrevo assi por no as ter na memoria, como polus nao estimar por filta decharidade. Grande 6 ed. inveja fem que estes Gentios vivem, aestes novamente convertides j por que ven quo favorecidus sito do Governador @ de outeas prin- cipnes pessoas; © se quizessemos abrie a porta a0 Baptismo, quasi tolls se viriam a baptizar ; 0 que ndo fazemos sendo aos que couhecemos set aptos para isso, e que vem com devogo © com contrig&o dos maos costumes em que se hie crindo, ¢ tam. bein para que n&o toruem a retroceder, mas que fiquem conten- tes e firmes. Muito mais fruito se podera fazer se houvera obrein mas o Padre Navarro 6 800 que tem cuidate de tla isto ; por quo Vicente Rodrigues teve quartans muito tempo, ¢ Salvador Rodri:qies tambern des que veio até agora, teve a mesina doonga 7 e outta mas disposigdes: no Padre Nobrega abastam Ihe seus continuos sermdes e doutrina com outros negocios espiritunes que nunqua entre os Christies faltam, Eu tinha cargo da cast, © n’ista mo occupei até gora, por nfo ser para mais. Todos os ‘outros Padres esto repartidos por diversas partes, mas sto tio poucos que nifo abastam para todas, assi que muita é a mosse que se perde por falta de segudores. Entre outras cousts vos pat d’esta terra, queha alguns dias que pedia a agua do Baptismo, ¢ porque tinha duas mulheres nao la queriamos dar, ainda que sabiamos que uma dellas nfo tinha sen&o para se servir della, Um dia com grande pressa e efficacin pedia o Baptismo, o qual Baptizou o Padre Navarro, « Wahi a 7 ou 8 dios adoeceu de camaras, © se in consumindo até ‘que conheceu que havia de morrer, © duas noites antes que mor- resse, mandou chamar o Padre Navarro para o acompanbare ‘ensinar como havia de morrer, @ dizia-Ihe que lhe nomeasso ‘quero contar uma de um pris tas vezes.o nome de Jesus de Santa Maria, ¢ elle tambom dizia com o Padre estes santos nomes até perder a falla, e antes que a perdesse, vestiu uma roupa que tinha e mandou aos sous que o enterrassom com olla em sagrado, como era costume das Chris. tiios, e dou 0 ospirito a Doos estando 0 Padre Navarro dizenlo missa por elle polo qual nfo se pade achar @ sus morte. Disse uma sua irmia, que se achou presente & sux morte, ao Padro Navarro que the disséra 0 defiuneto antes quo perdesse a falla Irmaa, niio védes —E ella Ihe respondeu que no via nada, ¢ tornando-the a perguntar o mesmo ella Ihe respondia da mestoa maneira, até que elle com grande alegria Ihe disse: Vejo Iemau minba 08 bichos folgar na terra, e em os Coos grandes alegrins & prazeres, Bicai embora que me quero ir, ¢ assi acabou. Einterra. mol-oem uma Igreja que tinhamos feita para os novamente conver tidos. Alguns feiticeiros 0 quizeram estorvar, mas no puderar, e deitaram fama que santo baptismo o matira nao conhecenly ‘que Nosso Seahor Ihe fizera mui grande mercé cm o tirar Deu we elles, ¢ o levar a Santa Gloria, como se deve erer, Este nos tem ‘indo entrada n’estn terra. Em sua maneiea de vivur nao cra fora da lei natural e da razdo, 0 quo em mui poucos gontics tenho visto westa terra. Ficou. um set Irmio pot Principal, 1 98 qual tem por ome Simo, @ 0 morte D. Joo, com o qual mete. ‘mos ed em vergonha os maus Christos, porque & mui virtuoso fara dos costumes dos ouitros, e tambem sun mulher e filhos, os quites nos querem entregar para os ensinarmos, e por faltn «lo casas e mantimento nfio opodemos fazer. Ja agora, quando cestiio doentes alguns dos novos Christos, ou quando morrem, chamam os Padres para que reguem a Deos por elles © para que cestejam a sun morte, cos enterrem depois de mortos. Mas Suinnaz que n'esta terra tanto reina, ordenou, e insinow aos feiticeiros ‘muitas mentiras ¢ enganos para impedir 0 bem das almas, dizon- do que com a doatrina que thes ensinavamos os traziamos & morte, E se algum ndoecia, diziam-lhe que tinha anzoes no corpo, facns ot tesouras, que the cansavam quella dor; fingiam que IW’as tiravam do corpo.com suas (etigarins, Hstas e outras muitas manhas sde usar em esta sua geragao, em a qual tanto ha que regna, temendo ser despajado de sua tyrannia. ‘Uma consa vos quero contar, que é de grande admirngfo da grande justiga, e misericordia do Sonhor. Junto desta Bahia 6 ov 7 loguas, em uma ilha esti uma geragiio que jt tere guerra ‘com estes da Bahia, ¢ agora estavam em paz. Acertou a 2" oj- tava de Paschoa de ir !é um barco com quatro homens brances a resgatar sem licenga do Governador, e nfo iam ainda confessa- dos, e segundo se diz, iam a peccar com algumas negras, com a3 ‘quaes estavam concertados, ¢ sahindo om terra determinaram os rnegros de os matarem vinganga de uns irmios seus, que os Chris- tos haviam salteado ¢ morto, havia ja tempo. Conhecendo os Christos sua determinagio, ¢ querendo fugir, antes que chegas- sem 20 barco os mataram, e depois os comeram. Alguns dos 1nossos se juntaram, e foram contra elles, ¢ prenderam dous velhos principaes,e uma mulher, e os entregaram ao Governador, pro- mettendo-Ihe que prenderiam mais se pudessem. Os quaes dous vvelhos eram tios dos que mataram os Christies. Aos quaes fal- ov o Padre Nobrega com um interprete, que ja que haviam de ‘morrer, que morressem Christos, © persuadia-os com razes, ¢ Jevou-lhes alli dos novamente convertidos para os tirar de seu engano, ¢ convencél-os. Quiz. o Senhor que com grande vontade quizeram ¢ foram baptizados, © sempre com a nome de Jesus ua 99 toca, olhando para os eéos acabaram as vidas 4 boca de wm hombarda, os quaes eu bem croio que sao salvos, tanto quanto temo que os Christies que os seus matarnm sejam eondemnados por suas obras ¢ vida dumaada, seem sou fir Christo Nosso Se~ thor n&o.os soccorreu. Depais tornaram os habitadores d'aquel- Tn Mha, que haviam fugido de médo, a povoal-a por causa dos muitos mantimentos que n’ella ha, € trouxeram muita gente do sertio, em sun ajada, contra os brancns, e seus ajudadores ; polo qual conveiu ao Gevernador mandar quasi toda a gente da terra, e ficou elle com mui pnticos guardando a cidade, € foi com esin gonte o Padre Nobrega com uma eruz na mao, que dava grande consola¢do aos Christifos, e espanto e terror aos Indios, 0 qual confessasse os faridos, ajudaxse os mortes, se os houvesse; mas quiz Nosso Senhor ajudar os Christiins, porque, comegando ox novamente convertidos, quo iam na dianteirs, de andar is frecha- das com os Indios, e vendo qué os nossos se chegavam muito & alles, desamparando a aldéa, fagiram para os matos, a qual foi queimada com outra da mesma casta, que estava em outra ilha perto desta, a qual tambem desampararam fugindo, ¢ mataram dous d’elles. Em esta aldéa se achou muito mantimento, que os homens pobres da armada trouxeram. Esto agora os negros tlio mnedrosos, que qualquer jugo de bom viver que thes for poste aceitarfo ainda que seja por temor ¢ medo dos brancos. Em ‘a Bahia se dea principio # umn casa, em que se recolham e en- sinem meninos dos Gentios novamente convertidos ; a qual se comezou com alguns mestigos da torea,¢ com alguns dos orphitos que de la vieram emo Galedo. E.cousa que fizemos por nossus mos, ainda que soja de pouca dura, ¢ tomimos terra para min- timento dos meninos. Ja comesam os filhos dos Gentios a fingir a ‘sous pais, e virese para n6s, © por mais que Ihes fazem niio os podem spartar da convetsagiio dos outros meninos; e é tanto, que 2 nossa partida da Brhia chegou um escalayrado e sem co mer todo um dia, fogindo de seu pai para nds. Cantam todos uma missa cada dia, © occupam-se em outrus cousas similhantes, Agora se ordenam cantares em esia lingua, os quacs cantam os ‘Mamalucos polas aldéas com os outros, e ja tiveramos a exsa cheia, s0 0% puderamos sustoutar, e tiverams «nde os aposentar. 109 ‘A poucns: mezes havera mantimentos para se poderem fo © poris.o repartimoy alguns dos mogos orphiins plas ‘outras capilanins. Em algumas estas aldéns 6 to grande 0 te- mor e reverencia que tem aos Padres, que nao ousam xbertamente comer carne humana. De maneira que estao estes Gentios, prin- cipalmente os da Bahia, aparethados para se fazer n’elles grande fevito. Mas ostamos ca tilo poucos e tay repartidos, ¢ as necessi- ‘luiles so tantas entre os Christos, és quaes somos mais obriga- dos a neudir, que nfo sei como soffreis, Charissimos Irmiios, estar tanto tempo n'essa casa, hayendo ca tantas necessidades que es- pera 65 Christies. Evitaram-se grandes peceados, fizeram-se muitos easamentas a serviga de Dens, ¢ alguns foram com mulheres da terra, de que rosulta grande louvor @ Chrisin Nosso Senhor e sor um’ grande principia do se acereseontar a term @ n Sane- ta 6 Catholica, De maneira que. esti este posto tio relur- ‘mado, quo nito sinto terra povonda do. gente to mal acostumada ‘em peccailos, como esta, que possa estar to reformada em bons costumes evirtudes. O Governaior por sua virtule nos ajuda muito, e em tudo favorece nossa causa. Os escravos aqui viviam: geotilicamente como antes, quando eram Gentios, ofiziarm om stay torras. Tom-se feito n’elles grando fruito, porque sabom ja as rages, © ensinam.os a viver virtuosamente, ‘Trabslhamos por ‘umm costume n’esta terra do easar os escravos com as escravas & porta da [groja. Casaram-se muitos, e casar.se-iam muitos mais, se acabassem de crér seus senhores que nfo fienm forras. Com a vinda do Bispo esporamos que so fira n’isto muito proveito, & se remediara todo o demais, porquo hin muitas fizendas que tem muitos escravos ¢ escravas. Francisco Pires estd em Porto Segue ra, com lle esteve até ora Vicente Rodrigues, e vein agora a communicar com o Padre Nobrega em esta cosia algumas cou. ssas, em a qual adoeccu, @ nfio pide mais tornar. Fea uma her= ida alli, da qual a gente 6 mui devola, © é mui visitada de roma- rins. Diz-se portodaa ensti que uma fonte que se abviu dopois da fundagao da hermida da saule nos enformos. [rancisco Pires tem cuidado de fazer a doutrina ans escravos, e de visitar algumns al- dbus dos Gentios, que eto porte d'aysi, das quass tom tomado por vos, Mui grande fruito se tem feito n'esta costa entre 101 alguns meninos para os ensinar. Rsté-vos aguardando 86 com grandes dosejes, Carissimos Irmaos — tanguam agnus in medio Luporem, A‘fouso Braz ¢ Simo Gongalves esto ao presente em © Espirito Sancto, tem comegada uma cash, em a qual temas esperanga que se criarfo muitos moras dos Gentios, porque é ter- 11 mais abastada, ¢ melhor de toda esta costa, eegundo dizem to- los. Ha alli muitos eseravos, em os quaes se fiz. muito prov Leonardo Nunez e Diogo Jacome esto em S. Vicente. Tem tam- bein feito urna grande casa, erm que se hao de recolher e ensinat talos os meninos dos Gentios novamente biptizades. Dilatou-se sua ida aos Carijos por muitos resp: itos, principalmente por nao haver quem pudesse sustentar esta esa, e reyer os meninos della © Padre Manuel de Paiva chegon, pauco ha, da Cupitania dos Theos, ¢ deixa quelle povo com muita saudude desi. Esta ago. ana Bahia © tem cuidado da casa, O Padre Nobrega eeu patti- mos, lavera XV dias ou XX, para ‘estn Cupitania de Pernambuco, onile bia G1 04 62 dias quesomns chegndos com assax fortuniy, porque estivemos muitas vezes quasi perdites ; mas quiz N.S thor por sua misericordia livrar nos de tantos perigon. Aqui fo- ‘mos mui bem reeebidos deste povo, prineipalmente dos Capitt-s, que so homons virtuosos, ¢ amigos de Loos." B porque esta ter ra € niui povonda de inuita gente, ha tambera n’ella muitos pecca- dos. Mas ainda que isto assim seja, parece-me que a gente esta docil e berm inctinada. Tia tambem aqui muitos eseravos, € os Gentics d'osta torra parece que sioo3 melhores de todes os das outras partes, porque conversaram sempre com melhor gente que de todas as outras Cupitanins. Temos esperanga que se ha de fi- zor tauite fruito. O Padre Nubrega.priign tudo los domingos e diag santos, e ds tardes {iz uma pratica & mancita de sermao : ais sexins feiras faz outra aos disciplinantes, e 6 mui aceito a to- dos. Foi cousa para dar nuitas geagas a N. Seuhor ver este do- mingo passado uma [greja mui grande cheia de escravos, que vie ubam a doutring, que seriain até mil, 1 fora os que esto em as fazendas, que sto muitos ; porque ha fazenda qe tem duzcatos eserivos. O Padre Nobrega me tem feito et pregadary pois qie vos, [rmaos mous, tardais tanto. Tronse as oraydus, e alguns ser~ mies eseriptos nesta lingua, Kapera agora de me exercitar n'ele 102 les. Logo que aqui chegiimos comegaram muitos a se apartar de: ‘suas mancebas, ¢ de outros peecodor: parece-me que foi por modo, por Ihes parecer que traziamos poder para os castigar. Queira N. Senhor que nfo as tornem a recolher. Chamam-nos os negros ¢ excravos Vigarios temerosos, porque os Christos desta Capiti- nia por este nome de Vigarios nos chamavam. Os moradores Testa Capitania se dio grande pressa a nos ordenar casa, ¢ an- dam escolhendo sitio. Esto mui apparethados para nos ajudar ‘em tudo 0 que nos for necessario para 0 servigo de Deos. Casari« 8 muitos, 0 que d'antes nao se fuzia, porque queriam antes estar amancebados com suas escravas, e com outras negras forras. Ha n’esta terra um costume, que os mais dos homens no recebem 0 Santo Sacramento, porque tem as negras com que est@o aman. cobados, em tanto que ha homens que ha XX annos que niio com. mangam, ¢ confessam-nos, e absolvem-nos ;0 que tudo se fax & nossas custas, pois agora 6 nosso officio remedial-os. O mér tra ‘Dalho que agora temos6é que hivera em esta povonzio algumas 50 negras, ou mais, afore outras que esto pelas fizendas, as qunes se trouxeram das aldéas pelos brancos, para as ter por mancebas. Elles as faziam logo Christans, porque 0 peccado natn forse (@o gronde. No sabemos dar a isso talho, porque, ve h'as tirurmos, ho se de tomar as Aldéas, e assi faz-se injuria ao Sa- ccramento do baptismo ;e se Ih'as nao tirarmos, estardio uns ¢ ou: t¥os em peceado mortal. ‘Tenho esperan¢a que por meio de vossas ‘oragBes nos ha N. Seahor de ensinar o que havemos de fizer. Ellas andam tio devotas, prineipalmente as forras, que, quanto a0 que mostram, se Ihes pudessemos ordenar alguma maneira de vida, facilmente as apartariamos do peccadu. Ha entre ellas uma mai antiga entre os brancos, a qual todas us outras obedecem, por. que anda com umavara na mao, ¢ tem cuidadode as ajuniaradon- trina, Esta se levantou uma madrugada duas ou tres horas antes do din, © com grandes vores pregoava nossa vinda, animando as outras, dizendo que jf o din era chegado, que até aqui sempretive- rim noite ; que sahissom de sous males e peccados, ¢ fossem boas Christtas, dizendo mal de sevs costumes, ¢ louvando os nossos. Muitas d'estas se nos yer a casa, ose assentam de giellins, dizen- do com muita lastina que uté aqui, assiellas como éeus fills, foe 103 ram salvages, que por amor de Deos as ensincmos, © dotrine- tox. Umad eartas tivemos ca vossas, eseriptas do mez de Setem- bro, eoutras pouens que vieram por via da Capitnnia dos lIhees, {ts quaes trouxeram dous dos meninos orphios que mandaram de Lista, Agora se esperava nia Bahia pelos navios de El-Rei nos- 80 Senhor, que niio eramainda chegados. Parece-nos que trario muitas cartas, ¢ novas vossas, pels qunes n&o podemos aguar- dar, por nfo perder a embareagdo, e por isso no respondemos cllas. Nesta terra, pola falta que ha de officiaes, a necessidade hos fiz aprender todos osoflicias; porque de mim vow digo, que yolos officios que n’esta terra tenho aprendido poderia ja viver. Christo N. Senhor nos figa bem aprender, ¢ obrar 0 officio da perfeig@o, para que nossos trabalhos ¢ servigos the sejam aceitos ; © para isto, Iemfos meusem Christo, nunca vos esquegais de tor coutinua memoria dends om vossos sacrificios ¢ oragBes. Diesta Capitania de Pernambuco, a 2 de Awosto do 1551. Axvonto Pines, “104 CARTA do Padre Nobrega, mandada da mesma Capitania de Pernambuco, 0 anno de 1551. Em estas partes depois que ca esiamos charissimos Padres Irmaes, se fox muito fruite, Os Gentios, que parece que punham ‘sua bemaventuranga em matar os contrarios, ¢ comer carne hu- mana, ¢ ter muitas mutheres, se v&o muito emendando, e todo nosso trabalho consiste em os apartar Wisto, porque todo o de- mais 6 facil, pois no tem idolos ; ainda que ha entre elles alguns, que se fazem Santos, ¢ lhes promettem saude,e vieiorin contra seus imigos. Com quantos Gentios tenho fallado n’esta costa em nenhum achei repuguancia ao que !hes dizio, Todos querer & dessjam ser christ®os ;mas deixar sous costumes thes parece as- pero. Vo com tudo pouco a pouco cuhinido na verdade. Os es- ccravos dos Christos, ¢ os mesmos Uhristdios muito se tem emen- dado, ¢ certo quo as Capitanias, que tomos visitalo, tem tanta dit. ferenga doque dantes estavam, assim no conhecimento de Deos, como em obrar virtude, que parece uma Religido. Fazem-se muitos casamentos entre os Gentios, os quaes em n Baliia esto junto 4 cidade, e tom sua Igreja junto a uma ensa, onde nos reco Themos, em a qual reside agora o Padre Navarro. Estes determi- namos tomar por meio de outros muitos, o8 quaes esperamos com fa ajuda do Senhor fazer Christitos. Tambem procuramos de haver casamentos entre elles e os Christos. N. Senhor se sirva de tudo, @ nos ajude com sua _graga, que trabalhemos que todos venham a conhecimento de nossa Santa Fé, ¢ a todos a ensine- mos que a queiram ourir, ¢ della aprovcitar-se. Principalmente pretendemos ensinar bem os mogos, porque estes bom doutrinados, ce acostumados em virtude, serio firmes © constantes, 05 quaes seus pais deixam ensinar, ¢ folgam com isso, e porisso nos repars timos pelas Capitanias, o com as linguas que nos acompanham nos occupamos n’isto, apreadende pouco a pouco a lingua, para que eniremos polo sertZo dentro, onde ainda nio cheyaram os Christifos, © tenho sabido de um homem Gentio, que esta terra, que vivem em obsdiencia de quem os rege, e nto comom carne humana. Andam vestidos de pelles. 0 que tudo éuma dispo- sigio para mais facilmente se converterem e sustentarem. Isto sera © primeiro que commetteremos, como V..R. mindar quem sustexto est'ovtras partes, ¢ as quaes por cada uma das Capitanias tenho ordenado quo se fagam casas pari se recollicrem ¢ ensinarem 08 ‘mogos dos Gentios, e tambem dos Christiins: e para n'elins re- colhermos algumas finguas para este effeito. Os meninos orphios, que nos mandaram de Lisbon, com seus cantares attrahein os filhoy dos Gentios, ¢ edificarm muito os Christos. Hm esta Capi+ tania de Pernambuco, onde agora estou, tenho esperanga que se fara muito proveito, porque, como € povoada de muita gente, ba grandes males e poceados n’ella. Andum muitos filhos dos Chris- tiios pelo sertio perdidos entre os Gentios, e sendo Christitos, vem em seus bestiaes costumes. Espero em N. $. de os tornar a todos & virtude christta, ¢ tiral-os da vidg-e costume gentilico ; © © primeiro que tenho tirado € esse que la mando, para, que so acharem seu pai, Ih’o déem. Os Gentios aqui vem de muilonge a ver-nos pela fama, e todos mostram grandes deseyos. E muito para folgar de os vér na doutrina, © no contentes com a geral, sempre nos esto pedindo em casa que os easinemos, e muitos elles com lagrimas nos olhos. Escreveram-me agora da Bahia {que @ partida se haviam perdido dous barcos de Indios, que jam a pescar, em oF quaes iam muitos, assim dos que eram ja Christus, ‘como dos Gentioe. E ueonteceu que todos os gentios morreram, ‘eescaparam os Christos todos, até os meninos, que levavam com- sigo. Parece que N. S. faz tudo isto para mais augmentar sue Santa Fé. OGorernador determina ¢e ir cedo a correr esta cos- ta, ¢ eu irei com elle, e dos Padres qua V.R. mandar levarei al- guns commigo, para deixar as Capitanias providas. El-Rei N.S. escreveu a0 Governador que the escrevesss se havia ja Padres em todas, as quaes, sem ficar nenhuma, temos visitadus, € em todas esto Padres, senio em esta de Pernambuco, que € a principal & mais povoada, ¢ onde mais aberta esta a porta, a qual até aqui nnifo tinhamos vindo por falta de ombarcugito, © por sormos pou- cus. Os Clerigos d’esta terra tem mais ee de demouios, que de 106, lerigos ; porque, além de seu mio exemplo, © costuines, querem contrariar a doutrina de Christo, e dizem publicamente aos ho- ‘mens que lhes & licito estar em peccado com suas negras, que so sues escravas ;e que podem tér os salteados, pois que so ces, eoutras cousas similhantes, por escusar seus peccadosy e ahominagBes. De maneira que nenhum demonio temos agora quenos persiga, senio estes. Querem-nos mal porque Ihes somos contrarios a seus méos costumes, e n&io podem soflrer que diga- mos aa misses de graga, em detrimento de seu interesse. Cuido ‘que, ae nifo fara pelo favor que temos do Governador, e principaes da torra, e assim porque Deos niio 0 quer permittir, que nos tiv veram ji tiradas as vides Esperamos que venha 0 Bispo, quo prereja isto com temor, pois nés outros n&o podemos por amor. ‘A casa da Bahia, que fizemos para tecolher e ensinar 08 mocos, vai mui adiante, sem El-Rei ajudar a menhurma cousa, somente a esmolas do Governador, e de outros homens virtuosos. Quiz.nos 0 Senhor deparar um official pedreiro, © este a vai fazendo pouco 1 pouco ; tem ja feito grande parte da casa, ¢ tem tambem cerca- das us casas do urna taipa mui forte. Christo N. S. nos cerque ‘com a sua graga n’esta vida, para que na outra sejamos recebidos em sua Gloria. Amen. De Pernambuco 1549. Manozt pa Nopaeoa, 107 BIOGRAPHIA nos Brasturmos pisrivetos ror Agwas, Lerrnas, Vurrvprs, &e. (Remetiida pelo socie correspondente Ignacio Accioli Cerqueira o Silva.) JOSY” DE SA’ BITANCOURT ACCIOLI, Fidalgo Cuvalleiro, Ofi- ‘cial da Imperial Ordem do Crozeiro, Cavalleiro da do Christo, Bachsre! ‘om Sciencias Naturncs pela Universidade de Coimbra, ¢ Coronal de Mili- cing, uusce na Villa de Ciothe, Provincia de Mines, no anno de 1752. ‘Transferindo weus pais sus residencia pera Provincia da Bahia, onde Kaviam Comprado um engenho, elle ¢ sou irmio Manuel Ferreira da Ca- nara Bitancoart © Sé fcaram em compankia de sua Tis D, Maris Lzabet ‘de 84 Bitancourt, que se encarregou de wun oducts io. Dotado de genio vivoe active, dedicoa-se aos estudos, ¢ na Universidade do Coimbra passou por um dos weus melhores discipalos depois du reforma d'ests Universida ‘de, Voltando & wun Patria, Goo sacpeondido da riqueas que ella enuti- ‘nha; ¢ sem prevér que habitava ama colonia, onde se vedava exercitar @ aque se havin aprendido, fex alyumas obeas do preciosa tarro de Cet © fandin ferto, que remetica & seus amigos ¢ eondiscipatos formmados em ou- ‘tras Faculdades. Sua exposigio reepeito (oi lida om am jantar, em 4qoe #0 dirigitam brindos & prosperidde do Brazil. Um indiecreto meso, ‘que appellidsvam — Tira dentes—, dew oocasiiio « uma deauncia de re- bellido em Minas, sendo Governador 0 Vieconde de Barbacens. N'ests. “denuncia forain comprehendidos es mais habeis © msiaillostendon cidadiion - ‘colts deque era commandante 9 Alferes Manuel Gongatves da Cunha, » fox ide remponder peraute a algada que se achava n'aqnetla cidade julganda o€ 1s Hypestoe eebeldes de Minas. All ove elle oecasido de we arreyender We hhaver seguido os consellios de seu Tio ; porque retonhecen nao wie & pl niga de um crime de que se trataya, mas do exterminio dos homens 1 illustrados de Minas Gerace; ¢ teria « menma norte que ox Macicis © Gow vagis, se sux providento Tia o nio soccorrease com documentos assax at- tendivcit, Afirmam os que conheccram esta Sra. na idade do 108 annor, mostrar um logar de suas lacras, endo dizia ein Senhora do- Bom Saccesto (Padrocira de Cuethé) the havia indicado para tirar em 1 ‘igs moia arroba de ouro, com gue inteiron duas para gastar com o livra: ‘mento do seu Sobrinho José de Sa, rereernido pelo Barbacena. ‘Absolvide o Dr. $4 pola Algada, nio Tho convinba it a Minas, e.qne~ endo, como elle por muitas veae* 0 repetiuy gozar a flicidade dos salva eas, regreseon a Bahia, e-deu principio a um estabelecimento de planta ‘shen de stgodGes nas margens do Ria de Contas, em logar que © mais pro~ xrimo visinhe Ihe ficava a9 logoas de distancia, comprando os terrrenoe a0 conquistadar © Cxpitao Mér Joo Gongalves da Conta Dias. * Ainda nto {inka dado principio ao sco estabclocimento quando foi ebumada, por oF- den Regia de 12 do Julho de 1799, para sar empregado em exploragdee 1mineralogiens, com expecial inspec nas minas de salitre de Montes Al- tos. Scguia immediatamente a eumprir odever que Ihe foi imposto, dindo eptda a0 Zoverno de saw ebservacden, © eserevendo aia wemoris a. Para filter a exportagio do via ja estabelceido uma fabrien bom montad: entrada pelo contro das mates nunca transitadas, € com cffcito consegsi antancia ao porto de embaryuc, dando a esta estrada vx eummodidadis possivein com 0 estabelecimento de colonos vindos dnx hap por onlem do Govern, sos quees dese win cazal de eseravon 6 a prociza ferramenta de cnltura para povourcm a estrada. Sendo do pouco interesse para a Fozcidn Pablica crte estabelecimento, em razio do dis- 1rendingo transporte, © Ceverno deixon doo animar, ¢ parilisoe do tudo tlesde que Portugal prineipiog a sentic os efvitos da revolagao feancezs. Querendn essa oceasie v Copde da Fonte, Governador da Babin, que ‘Dr. Si, sem eas meios que pest, porsse a fabricn cm andamento, tiverarn algamas contestacdes, quo dpram ligar pedir elle sua domisedo, quo the fui contirida toge que chegwu Biltei ay Rio de Janciros *# Nas eseavacden que westa fizenda fox o Coronel 86. ym de uma cass, achow uma onpada de copne de prata (quo ainda & conser Yada por sua familia),j& bastantemente earcomisla pela ferrugem a filha, c intidado ae pedagos de Touea fiinsimia da Avia, urtefacten de vidro, in ternamente bordados ¢ dourados. — Convoun notar que nea peragem ja mera virgen, © an camndaa de terra no lout da eoeavachn apresce tuvetn uma autizuidade de muitos seculos, — Esta cireumstancia 6, a mey, yer, considerasel § archeolegia do Brazil, i , 109 Reenlbew.se & ma fizenda, onde continuon © seu estabelecimenty fa Hlantacdes de algodSer, instruindo © animando a todos ox moradares é ‘sanquista, hoje Villa da Victotia,a dediearom.se a este ramo de eultars ‘ore que esercveu algamas memorias. Faciitow igualmente a propazagao as melhores sementes, que mandava vir de paizer extranhos, bein como Aeoclies, que instruiram a fazer-se n'aquelles desertos os panos necessarios ‘20 uro domestica, O pou extabelecimento prosperou de form, que elle se Julgava feliz © com meics suficientes para educar a 14 filhos que tinh Porém sua Tia © bemfeitora o fer deixar este estabelocimentn em 1813, ‘para a ir abrigar, naidade de 112 annor, Jax persoguicGen que roffria para he tomarem os bens. Elle via a Provincia de Minas, que 0 novia desde 4 flor de seus annos, ¢ tendo.sulrado a sua Tia de todos os embaracos, tiredo por a terom Sito que m0 lhe restituissem os bens que Ihe havi jlgado mentecapta, prepernvase pura se retirar 4 Bahia; max viv.se ob ado a demorar-ee, porque, fillecendo ella, o constituin. por rea herdei ‘Tendo ento de fazer maior residoncia em Minar, 0 Gosernoo remaven de Coronel dos Uteis da Babin pira Coronel do 2. regimento de infantarie dx comaren do Sabard. Em pouco tempo elovou este regimento « maior tau de disciplina © asecio, compativel em tacs corpox, de eatte que rein 1 prestar importantes servigos & independoncia do Beazil. Proclamado 0 ‘systema roprescatativo em Portugal, previn ello quo o Rraril nfo tardaria 18 seguir 0 seu exemplo, ¢ com mais actividade © dispendio de sua Fazenda, se empregoa na orgenisaco do seu regimento: suas prevengdes nao tat- daram a realisarse, e logo que ax Cortes Portugaezss resolvoram que 0 Brasil foste goveroado por uma Regencia, ¢ que o Principe ao retiranse 1 Portagsl, © Coronel Si, de accordo. com set amigas, eujon Homes te- ‘Fo um dia logar nas poginay da historia, entre 08 quacs sobresahira « istineto Visconde de Cacthé, estabelecsram uma sociedade com o title ‘de — Pedro e Carolina—, cam o fim de tratar-so doe meio de se ovitar a recolonisago do Bratil, © reproscniagBes 20 dixcutiam n’esta sociedade a0 Principe, quando © Governo Provisorin do Minas se dectarou contra. as roprescatagses do S, Paulo, Nao sendo j& possirel contot.se 0 ressonti- mento dos Minciros contra eats Gorerno, o Coronel Sé marchou para Cac thé, ¢ fox reunir 9 sen regiments no arraial de Senta Barbara, preclamando 1 Regencia do Sonhor D. Pedro, Reunia-sehe 02. © regimento de eatal- Jnrin da mesma comaroa, de que era Coranel seu parente Antonio Thoma de Figucitodo Neves, membra daquelle Goveruo ; porem dimilente, e enjo Fegimento era entdo commandado pelo Coronel Jacintho Vinto ‘Teiseirs, Dispanhe-re o Coronel 84 a marchar sole « capital ja sua vanguarda avangara, quando teve a noticia de que © Principe se achava no Capio di Hallanda, tres loguas do OutoProto. Fex alto, ¢ despediu a sen filho do ‘mesmo name, Tenento Coroncl do Rogimenito, com a carta da copia 88.A.R. Omesmo Augusto Senhor responden not termos da eopia opoix de sua entrada na Capi. 110 Proclamada n independencia, ¢ constandona Provincia de Minas an hos des praticoden na Rubia pelos Chefer Portoguezes, foi o Coronel Si ‘que lembrvu a marcha de tropas por terra para ausiliarem 0 recancevo laquella cidade, medida que sendo adoptada pelo Gorerno, the expedin ordem pars organiser dg um cegimento um batalhie do 585 pracar, enjo commando foi eonferida a sea filho o Tenente Coronel Joré de 84 Bitan- court © Camare, hoje Brigadelra. Gozara 0 Coronel 88 de tanta confancs entre os subordinados que, em menos de um mez, tinka prompt © bata hiv, que, niio podendo marche logo por inconrenientes que secorreram, ‘elle 6 licencion por 20 dias, Gndos os quaca nfo faltoa uma praca. No dia 3de Abril-de 1823 entrogou alle 0 commando do batalhwoa seu flho ‘com 1 prociamagaa, copia N.3, ¢ nesta mesma occesiio fer marehar jira » oxeteite pacificadar da Bahia, no mesmo atalhio, is tres flhos, Guilherme Frederico de 84, que finou sens dina em defeen da integridade do Imperio nos campos de Firays, por oocaside da robellifto de 7 de No- sembto de 1837, Egydio Luiz de S4,¢ Christiano Manuel de Ba, ‘Este distineto Brasileiro, que no decurso de waa vide, sempre uctiva ¢ ‘enone, numea deixon de prestar servigos no weu paix, apenas gozou 5 anno ‘© prater deo vér livroe independente: ntacado de ama grave enfermi- ade na idade de 76 annos, falleceu na Villa de Cacthe em 25 de reiro de 1998, chorado de quantor o coaheceramm, ¢ partieularmente de seus amigos. Corts N21. Seuhor!— A Heroica Deliboragiio do V. A. R. vir a esta Provincia agi- tava continuadaments vossos ardentes desejos, que fluctuantes ambiciona. 1m to feliz empre2a ; agora parém, que temos a certeza do que V. A.R. ‘existe comnoseo para set 0 centro da iossa seguranca, © arbitro de nos sas operaces: nada nisia reata,Senhor, sendo vegurar a V.A.R-o afiu- fo que tem este corpo de tropa do mea commando,s favor da bor causa {que #0 cha prompto pars om tudo soguir as deiberagten do Grande Pror tector du nossa eonstitaico, ‘Mev filo o Tenente.Coronel do Regimento de men commando vai por cente carpe de tropa beijar a Mio de V. A... receber as ordene quo tem convier 4 causa commum, ¢ seguranga de¥. A. R., que Deas guarde coma as ¢ mister. Quarte) am Vila Nova da Rainba, 9 de Abril de 1822.—Joas ae $4 Bitanouart, Corin HP 8. Manda. A.R,o Principe Regente participar ao Coronel José de 86 Bitancourt, Commandaste do Regiment de fofantaria do Caoths, que re- ‘eobea a sua carta de 9 do corrente, € que ay“adeee ao mescio Comman- ddanto, © Officiaen do se8 corpo, on Yutos qoe Ihe dirigem petue sua Regen- pia, pols anid das Provincias do Brasil, ¢ pela adhesio 4 causa eonstitu- ‘clon, que rai estabelecer u liberdade dos Poros do Brazil, e que so pide 1 ‘set 0 solido patrimonio que os hubitantes d'esta Provincia e de todoo Rei wopodem transmittir 4 postetidade. S. A. R. Manda annunciar que esta Capital vai j6 gezando a pas ea tranquillidade, do que ha dias no gota. ‘ta,ed’onde sahiram os malee que tinham produzide a convulsao e ivi. ‘io de rentimentoe por toda a Provincia; ¢ que por ingo julga pradente que ‘8 corpos sob © Commando do mosmo Coronel se rocolham a avus Quat eis até segunda ordem. Pago de Villa Rica, 13 de Abril de 1822.— Estes Vio Ribeiro de Rezende. Conn Ne 3. Comaradas! # chegado o momento de marchutdes em soccorro des va- Jeates Bshiance, que ae enforgum por alcancar a liberdade offerecida nos Bra- sileiros pelo melhor dos Principes. Minhas forcas abatidas pela idade no ermitiem que en siga 4 vossa frente para nos campos da houra friar. ‘mos a Independencia de notes patria, ou morrermos com gloria. Se o tens. Po routou-me o que hoje mais precisava para combater ot inimigos da nos. a liberdade, quit a Frovidencis Divina dar-me wn flho, parte integrante de meu coracia, que sabers imitar.me. Vée conheccia; 60 vos0 Tencn, te Coronel, sobre quem recshiua escolha do Governo pura vos commandar, Sogui, Camaradas, na certeza de que tandes n’elle o vosso Corene!, ¢ um ‘umigo que vos conduzird pela éstrada du honra no templo da Gloria. Cao. 3 de Abril de 1829.— Jost de 84 Bitancourt, © ILLUSTRE CONSELHEIRO HENRIQUE JULIO DE WALLENSTEIN, ‘Un anno spettas seem passado depois que os amigos da Sr. Conselheica Wallenstein the deram o.ultimo adeus, fazendo deacer 0 seu cadaver 20 Feponso dov orton © ainda a veneragifo que noamerecem os seus mere. Tris posite aa very scholar knows that « teanslation without rice the wevae oft single prasoge, should amount after all, to any thing but ® ‘iil image ofthe literary character ofthe original The tone of Cont de Mantra mode of weiting ix one of ite gtent merit and this in very s6e- crefily reproduced by Mr, de Wallestein —The Chrtian xsi Sey theclagial Review, reeommendanda a letare the Soper of Aas vie ro uma abra no ®6 propria a consolar nas grandes afligges, como & Tituedie ov mais pros sentimentosreigioac, ajnta: “This Title volume inti « ndiional interest fom the fat, thatthe benatifl tration of ny American scholar migh be proad, was made by & distinguished Fo- feigner, whose extensive learping and amiable manners hive instructed find geined all who have had the good fortane to meet hin dur hin re- sie amonget vm. Um numero do— Quarterley:Reviow— oxtact® frande parte das Memorias de Mme, de Riedesel, oavanto sobreiade © intoressante preficio do traductor, erttumbew depeis oS. Wallenstein am dos collaboredares das Revis- tas pblicates om Boston em Philadelphia, conearrendo com arises ‘mi vee aes sobre Biograplis, Literatura, Diplomacia, &. Dene tes me eco pertiularattengio, ume critica & noticia biographies d= Bernardin gt Pierre, pablieadn por Aime Martin, om que repprorando s mane ea aeeee Tents eserptor, qve nppreaenta como virtades até mesmo dele fon, que melhor fir excarecer, fferece algamas reeves Pers ca enorode tom hor ¢ ita an blographine iterating da Waller Scotty como a4 400 prefice pelo nca extylo simples ¢ porque som desigurat ® ‘verdade, apre- re Pat iade gris furoranel, aZo caconendo on dcflios, mus Asendo saree ao Tahorent & homer fraquezs- De um dees wus artieo8 verrcs vagene edescabertr do Almirante Kruseaster, din tm orn) sie anos s'The article. must have come from the pen of a scholay 8 ferwen of extensive reading, and no smell eiainments in sieht ‘The rere reviewed are some tn the German, some in tho Frenchy and ose ares ngtish langage, and tagetor, they embrace an account ofthe yapes searches, and scientific memoirs of the celebrated nuvigator Care ee Kreeenters, ender the Romlan Gorcrmment. The ents oie. pert knowhdge of his eabjet, andy ia addition of the oaks thet cone under hie notice, be has evidently acces to other sources of information.” ia ttantee cccriptor Allerozo, numa recente publicasio, refers ter tide occeatie de encontrar Wallenstein em New-Yorly ¢ confense ever vice sens eonbecimentos © 4x muss expeticacins, vs observactes fue APIS onta sobre a 27 atmoepheriea n’aquelia cidade. Or sabios © mais sretncto ecoiptoren, qe enmenaniearam 0 St. Wallenssiny ne of lou- sernre per eectTptg ns rune snaneiraac o eeu meriteitorarioy ea:Be At am meaee mearuo paix em que 1 opinizo publica 6 (Ao exigency o #14 pmicrdimento ae affereeca eum digno de imitago nas obras de um bem cconceitnado moralists. ‘Depois de uma longa residencia na America do Norto, desejoso de vol tar 4 Burops, requeren 0 logar de Conwul Goral ; nem cause adiirag deixar o Sr, Wallenstoin a carrcira Diplomatica para entrar n’outra ini. Tor; mas elle a pediu como emprego mais independente, © por ver cos tume na Russia aervirem indistinetamente em ambas, podendo citar.se ot ‘nomes de muitos, que tendo sido encarregados de negocios, passaram, a pe~ seu, para Consulex Gernes. Vindo-the x nomenca pedida, pars ¢ Brox ‘quiz a principio recusal-e, por no querer desterrar-se para t&o longs de-sua patting mas v0 fim de alguns meres de hesitage, resolveuse & nceitar este Consulado, Desembercoa no Itio de Jaeiro em fins 40 anno de 1652, e dentro ds pouco tempo de sua estada, casou-se com uma senhora brasileira, a quer ‘sempre trston com toda a delieadens @ affects, de cuja iniie existem douse filhos. Depais. de eusado no desejon voltar mais @ Europa, © dizia fran m stivin sempre no Brasil. A san vida correria vemipre fi- Tirno seio de sun familia, na toda de seus numeratos amigor, ¢ no exiets mento do sone deveres, se nite fos una idba que Ihe voir, yor falva induegin, e que pelo exracter que tinha ear extreme melindroeo, 0 ‘obrigou a offerecer 4 sun demissiio do Consal Geral ; © por conhecer qua ti bavi enganado,.reecineo, © com rari, de ser taxndo de ingratn pelo eu Gaverno, que sempre tratéra com dietincgo: ou porter assim com promettido a-sorte de su familia, catia em uma profinda melanceli da qual nada o pode distrobie; até que seis mezes depois do male crue Padocimenta, na hara ein que todos os dias fazia ax sans devotes, unica (om que arin familis 0 duixnva #6, por termo & wun existencis com vinx coragemn sobechumann, fo vuvisscm un a6 gemido, OS. ‘Wallenstein foi muito religiosn ; ¢ desde que prineipion o acu desgosto, le- vava horasem oragi» ; #¢ o interrompinm, tom; obro uma mess junto ao trisie logar: do neu s fivro de devogio em Allemi, que elle dizia ser do mesmne auctor din {agio de Christo ; ¢ tambem 0 Novo ‘Testamento, Nao {Oi falta de princi- pios religiosos, foi sim excesso de melancolie quem olevon a ao trngice fim suppor n'erre din que sua familia the escondin a noticia da chegada ‘do Consul Russiano que 0 vinha render; fex eave doloroso sactificio para ‘que sux mulher ¢ nous Ghinhos, nos quacs tinh excessivo amor, podeesers tor diveito « uma pense, visto que ainda no havia reacbido a demisao dia, todos 0 invtantes espornda, Sr. Walienstein destrui pelo fogo a maior parte de seus papeis; mam talver que entre os poucos que restaram so achem ainda os materiacs que calligis, © arava x Francoz, para uma Historia da diplomscia Portugueza durante otempoda revoluglio franceza ; assim como dos diplomatas Portu- gneve que fgurram n'essa mesma epoca, Esporwva 0 Sr. Wallenstein ob 6 (er licenga do Governo Mratibiro para ests pullicagio. Confossara elle dover muitos documentos € materines para esta obra 6 sincera amizader e extrema confianga com que 6 tratira o Sr, Conogo Galarte, contianadas lepois pelo Sr. Conego Januario, que the sueceden no emprego de Biblio- thecario, A franqaeza que Ihe mostraram estes dovs litteratos, intimos amigos do Sr. Wallenstein, e com os quaes passava muitas horas aa Di- iotheon Pobtica, até mesmo coxdjuvando-os em seus teabalhos litteraris, que cram a mais doce accapnedo do finado Sr. Wallenstein, foi sempre fi- ‘erocida pelos bons enidados dos Ses. Jos’ Maris Nazareth, ¢ Cosme Be- ‘ompregadas effectivas di Bibliotheca, que o trietaram com grande respeito, ¢ com a merccida attongio, ‘Tees mezes depais de saa morte ehogou a noticia de que © Governo Rus. iano lhe no accitara a demiesio Algunas cartas do eur correspondencia antiga, que ainda restan, pro- ‘vam hojo o apreso que delle fizium escriptorcs celobres, © pessoas as mais distinetna, Pulver exista enteo outras a do Conde Capod'tria, que Pattictlarmente afivigoad, pedindo-tke quo o acompenhane & Greciu na ‘qualidade o seu seeretario; cmprogo que @ St. Wallenstein no accitoy, per na querer deixar ena os Extados-Unidos. Nom era para admirar ‘qve assim foscem amigos, quando tanto se aasemelhavam nas qualidades alma, Foi no anno de 1827 que Conde Iho pediu que forse neu necrcta- esse homem to virtusso, It.8e—que elle depioray ‘que as pessoas de quom mais desejava a cooperacia rio tiressem queride, 0 mio tivessom podido associarse & aun grande femprem. A dosastrada morte do Prosidento foi moi scatida pelo Sr. Wal- Sun vida de estudns, noites pordidas-u escrovor, ums actividade extranr- Ainaria, desgosten que sofora vom queixrse, davamn ao seu parecer ‘dado, do que realmente tinha, Falleceu com 53 annos, no dia 21 de Margo do 1843, Servin 10 sonos na Hescanha, 10 nos Estados-Unidos 0 10 no Brasik Doss vezen atraventoa de Madrid a Petersbargo. Em uma de sts vingent @ Inglaterra, sendo atieado por umn corveta Franceza 0 “Vaquete Inglez",em que 4¢ transportara, de senor forga, commandado ‘onto polo Capitiio Purvis, hoje Chef. da Esqudra Ingleza nos nossor amaes do Sal, Se. Wallenstein tymow parte na defeat, ¢ portou-se com tivo © valor na combite,e a corvets no comcyein apriniguar o paquete Fxtove om Paris em époeas inturessantes, eatove ew Portugal, ¢ tinka vis- jor parts da Ktaia, redo v8 6 que gritos era maxima nun a ente resp tyre 1 we tornava insenmivth 19 corrou tantes torras, pois nlio era esse 0 seu 1c 2 pessoa yue Linke vigjado to desgragado—, O 7 fatlaya—que wn oe eastigas mais hnmiliantes, que Deos inflingira ans hi ‘lade ni mancien do se faxerem entender. OS, Wallenstein era de a: temperament melancolico, ede imaginn- ‘40 mui viva; evcessisamente escrupuloto no eumprimento de seas deve- Fea damaior pont antes, ¢ exigindora dow ‘outros com igual rigor; fueil em resentir-se de ofiensan, mas prompto em ‘esecelas a0 menor signal ve attengi i Imerecimenty alhcio, ¢ davideso oa nunca contente do xew ; xabrio, doxine teressado, patecia devor & Hespanha agua. nimia dolicadeza © 0 nou earac- tor independente Inglez polos costumes, na gravidade de suse manciras, mits sempre Allemito na cundura, sousibilidads, © franqucas de seu co- ragdn, 0 tala de Consuliciro the dave ax honras de Brigadcira; e pouen tom Yo antes do fatal acmntecimento recobeu di sua Corte a formula do jura- mente que Uke era necessatio dar antes, para scr promovido a enpecior sradaacio, ito Wistorien o Geopraphico do Braxil pordew no Sr, Conllii- to Heartqoe dulin de Watlesstein ain de mux Membrus: mais distinitos elo sen raber ¢ zclo acadewico, Elle muites vezes 20 empentiou em wa. tos, € consorreu para 6 8ug- algues obras inieresstntes. tuto pags 4 mua memoria ene trivuto de sindade, que deve necessa- ante mitizar n dir do sua perils nos corsgGes dc wun expust e do sie fila, noe gases o Se. Wallenstein legow eouio principal riqueza o exeunpla te suas virtudes © 4 © Coseau Jasvanio a Cex Barnuss, Docuxesros. Ministére Tunpevint do ta Guerre. — St. Pétorstourg, lo 10 aout 184).— Mansicur—F'ai reed ave eaucoup dinterét lex décawents. que vous wet bien roula me teunsinctire en date du 2/14 avril, et je mo suis en preasé do porter & La connaisssace de I'Hinpercur ectte nouvelle preuve de Volre able ecluire— Sa Majeste, pronant cn gracicuse consideration que Yous avez onvichi les archives de "Etat-Major Imperial do notions aussi wes que curiewws, ma chargé de vuus expriner, Monsiear, In hut bienecidanee cout ele lonure yos communications. Sa Mujeste a dai. ne cn mie temps yous teeonlcr une hague-enrictio de diamaue,— Ea tm'reqnittant do ect onfie suprinne, il m'set fort agréable de voos trans. oltre chaps ec tentolimage farteur de Ie ennnificiice de notte Auguste Msitre— Agree, & exite aceasion, Mosvietty Voramranee reltarce de In ‘eousideration distingnee avec quelle j'sihouncur d'itee— Prince Cees us nichof= A Mr. de Wallenstein, Conseiller et Consul Général de SMe V'Emperear do toutes les Russies, au Brésil— ‘Ministare dos Finances. — Departement du Commeree Extériewr—St. Peterstourg, lo 18 aout 1812. — Moasiour. —Je ervis devoir vou expr ner tes sincdres remercimons pour lenvoi des renscigncinens tds inte- reaauuia que vous m’aver fait parvenir par votse office du 2/14 forrier der~ tier, en reponse & diverses questions que je vous ai trunamises sar quel. ‘ques articlos da Commerce de I’Amérique Méridionsle. Ces renseigne- mens ont eté communiqués sux négocians qui en avaient fait 1 demande, tile feront le nujet d'an article qus l'on rédige en ce moment pour Ia Ga 2ette du Commerce.— Reever, Monsicur, les assurances de ma considera. tion trés distingaée —Pri ipo ajune toada sua proprin mio: —Je:ne fais aussi un veritable plaisir de vousdire, “Monsicur, que vous avez tort de supposer que vos rapporte, tuujoars plein interes, de fhitwcuricax et d'obscrvations sages ct prévoyantos, ne sont point appreciés a leur juste valeur par Mr, le Ministro des Finances ot notre Departement. Le Comte de Canerin (0 Ministro dus Finaucas) me char- ‘ge nommément de vous informer qu'il Tes lit tovjoars avec lo plas grand, plmsir,et rond une porfuite justice & votre ze, & vus connaissances, et qu'il tn fait lo plos grand cas. Si le Département rarement occasion «tre fen relation diresto avee Yous, c'est que notre commerce national est si ‘nul dane vor parages, qu'il n'y a guére matitre & donner plus do dévolop- ppement a notre entrespondance, Mais, vous, Monsiour, continues toujours ‘vor monologues intérexsane, et toyes persundé que vous avez en nows des ‘auditeurs attentife ot reconaaiisana—A Mr. le Conseiller de Wallenstein, sta ultima carta fol reeubida por elle quando jé estara na forga de won loagosto, © quando jé the podia chegar a resposta, se v Governo wecitaya ou naioa demissio. PERO LOPES DE SOUSA. [A deliberngo tomada polo nosta Instituto, do dar logar entre as Bio- raphisn dea norsos Patricios és aquellos calonon on chefs, q¥e par ser figes eminentes ao Brasil se tenbam fiw -acrederes 6 noses, grati- So, nos far apressat 9 coordenar do nuvo a Biographia do Donatario de Ttamaraed ¢ Sancto Amaro, Pero Lopes de Sousa, irmio, do eelebre Mar- tim Affonso de Sousa (13:° Governador da India Partogucza), enja vidas tambem por nds escripta ha quatroanios, acaba do reeeber & inespereda (1) (1) No vordade inesperada, sem modestia o digo se tanto quey se tives. seaioe yonhadn,houreraino segaramente inplorado do Anti,» gra Sjenaln permite corrigir, © accreseentar coin o mais que posteroninents ftavemas'ertudady e conteguido, subjcitando no extylo, que com o tomo SS a 119 hhonta de apparecer reimpressn noN.° 18 da Revista Trimensal" (pag. 229) ‘onde pedinos’nos soja eoncedido um logar para oxta tio parceira daguella utr, Pero Lopes de Sousa vin Juz quando jé decorria o seculo XVI; pos, endo 0 segundo genito,sabenos que nasceu seu irmio mais velhe Martin pelos aumve de 1500, época do deseobrimento do Brazil, quo pareee-eu Java no bergo quem havin ¢¢ aér sou chef e protector. D'um © doutro | Acsconbeeemos os ubiculos natalicioe, ¢ de Pero Lopes até os primeiron funnos da vida, Infroctaosas foram a tal respeito tanto an pesquizax “nos | 1apeis dos ectuace herdeiros estes Donatarioe, como ax hurcss que fize. } ‘mos por muites ¢ intrineados livras de gunoalogias, hhavomos wnt tanto tefermado.— Martin Affonen herdira. de sow pai o senborio da villa do Prado, que vondea a EiRei D. Joao 111 em TYonat no din 8 do Agosto de. 1525, por qustro mil eromden, que 8. A. Iho lmnvia enprestado (Annae de D. Jodo IL, pag. 138) — Quando Marti Affone so partiu para o Brazil leven um Alvar de 25 de Novembro de 1330, 4 fim de 08 Corregedores das Canarias + Cabo-verde Iho daremo dinbeits montimentos do que elle esrecewe (‘Torre do Tombo),— A sua doagko fil confrmada em Evora 220 de Jnvciro de 1535, ansigmando ihe. por eade 0 rio Macahe a0 Juriquiriquere, o dovatelro de Sanctow uo ide Paranagud.— Quando Martin Affonso partia para a Tidia om 1534, aicangou com vobrevivencia para acu filho coumenda de S, Thiago de Beja, Insistimos em que ouumero de navias com que desta ver pastin de cio 5 ¢ desengane-se o 1. Visconde de Santarem (que nol-a. cot dos antores citudos nos Annex da Marinhe, pag. 407, Tom De algumen outran veaes ¢ give contamos por ragane un navio Uo de Janeiro do 1538, estando em Cochim, exereveu uinia farts @ EIRc, recommendando. os wervigos que fzera ni India Pranciueo ie Anovedo (Corp. Chrenolagice, Parte 1.t, Mago 60, Doc. 66)-—No de Outubro do 1542, excreven outa a favor de Antonio de Lettios (iden, Parte 1.4, Maco 74, Doe, 29.) — Pedin com instancia demissto do go> verno de Gos ‘Carta desta, | ‘A28 de Janeiro. de 1549 passou em Lisboa carta de Olivcira, sou locowtenonte em S, Vieente (Fr. Gaspar pag. 56), —Em 20 de Abril de 1568 teve um Alvurd pura que, no.caso de ner avec fileherki Pedra aes, apse & erage & ‘wun filha D. Ignez Pimentel — Bin 5 de Abril Ge 1558, deu em Liston forala 8, Paulo-A 17 de Deaembro de teat ite ft duds commen de Masearenlias na Ordom de Christo, eon 7008000 rs, em trea da deS. ‘Thingo de Beja— Em Aleventre fiz uina casa em rma. do castello, que hoje eat mo morgedo du Conde de Lumiares, como herdeiro da casa de ‘A 8 de Marco do 1530 olteve que fieassom valioson pars sou filho os 700$000 rx. Batroa no concelhio crindo pela Rink D. Catharina, © se gundo Iéwos ne vida de Miguel de Moura, era do eito cancelho niombro cu» 1557. — Ean 1563 recetou ahonra da dedicatoria da obra, que cin Goa publicou Garcia d'Orta, descalpando-se-Ihe por no sér a ‘obra eit Jatin Yingua que o dito Martim Affonso (dit Orta) entendia tao bent como 0 Purtuguex.— Ax outras particularidadss sao mcuos exsuciacs | Pete mecovervia publivarse spars, 120 > provavel que Pero Tapes carsasse os estadom da navegago ne Us ‘vorsidado, que no seu tempo se achava sinda ean Lisboo,e que depois pas se m algerie a peat rareandosso nas armadas de gunsda-canta, fqoe, quando muita, chogaveyn ave Azores, Meira, o Costa Septentrional da Affica. So a theoria reunida pratica podia tér formado em annos tao ‘verdes, digamos adoloecontes, aquelle genio perito © caracter aivito, que ne destobre om san, expotigo, ¢ que o proprio grande D. Joao de Cas- tro reeonhese nas segtinter polavras de tina carta sua excripta da India, f impressn pelo “Patriota” do Rio de Sanciro (N, > 6, de 1513, pagines 21 © 2): E porque Pero Lopes deSouss, a quem tulos los Portuzue- fen denemos eonfegar uentajem ¢ dar obediencin no mister e officio do sur...» Se" — Td homem de mar feito, e Fidalgo da casa, cra Pero Lopes, quando foi cesculhido para acompaahar sew irmao ne armada para o Brasil em 1630, Pole ser mesmo que pelo Basil tivesse elle jé ancado com alia navio de Christovao Jacques, quea mesme costa gurrdira desde 1526 2 1533 (2), fom que foi rendido por Antonio Riteiro,do mesmo modo que tribe ex tivorn Diogo Leite,o qual, tendo do Brasil eseripto a El-Rei, « 30 de Abril ide 1528, a carta que offerccemos to Instituto, voltow depois com Martim ‘Affonso, atéque de Pernambuco we apartou para irom descobrir o Mara nhio, Porem esta expodico x0 Brasil, com o irmio, 6 m que mais iinporta & Bingeaphia: alem dos muitos fitos que pratizon, dignetse, qual nove Xe- ‘noghonte, sér della oeseriptor, ¢ deixar enm isto 0 mais fecuado Jocu- oeuto para concortar a antiga Historia do Brazil, doqual a sorte quiz que {fomenion 0 primeiro interprote, bem como o avaliador do sen genio altivo, ‘eaptichoso,¢ independents. Pero Lopes deixouo Tejo, indo na nan capitania em companiia de seu emo, quo pode str pola primeira vex sahinabarra. Segoia assim até 21 ide Fevereiro, o estandy ji na costado Brasil 4 por seu irma&o mandado ‘com az duns caravelas da armada explorar a Ilha de Suncto Aleixo, wondo femeravam achar mais alguma nau Francezs,alem de duas quo haviam ji aptnruo. Com effeito uo dia seguinte aviston una, que afironiou em re- fnhida peleja;e eoteeguinda aprisional-s alalroando, pasrou 8 comma Galea, Proseguiu para o Sul com a armas, a que, stecedeado o naufiar ‘gio do Capito Mor, fol por exis mandado #6 orm um bergantim explorae 6 Rio da Prata, 6 ascontar pad:Ges por elle acima. Partin Pero Lopes, © ‘onteundo yelo exnal do Norte, passou alom da Illa de Martim Garcia, tux ‘enlusin-ee polo Parana Largo, ¢ tendo andado por esveitos © canaes para ‘cima, por tompe de mais 12dias,resolveu veltar, depois de aaeontar dovs padres com a3 nrmas Portuguezas n’am estsito das fndios Carandis, Av j, Varahagen, Neg, Dipl &e,», paz — 1627, ©, nip cm 15035 Je ullimamente quicadmittirs Sr-Jooo Ignielo de Abreu Lins. 121 ‘suis deseripsBes dest paragem so minuciosas, ¢as mais antigas que se conhecem, Em toda esta digresiio © acomyinhava o depois Donatario Perode Goes, de cuja letra, que bem conbecemos, ¢a copia do manuscripto de Lopes, qu tirumos « publica Avretroceder pelo meamo rio, tere a desgraca de, com um temporal, tocar o bergantim contra a pedregosa Ilha do Gorrti, na enseada de Mal: donado; mas, pela sus porsoverancne rangue frie, alcargou por oatra vox @ ergantim anado, ¢ir nelle reunirae & armada vo dia 27 de Dezembro, min de um mex depois de n tér deixado: seguindo-se logo a purtidu de odes para. Vicente, onde se foi edificar a colonia, que jé sinha premodi. tada de Lisboa. Para eviter ruina de duas asus quo fundeadas se estragavam do gu: no, @ 08 geston da gente de mar quo as gruarnesia, deliberou o Cupitao ‘Mor envial-ts a Portagal sob o commando de seu itmia Pero Lopes. Par- 4 pois este com destino para Portugal nodia 22 de Maio de 1522, no ulloo S. Vicente, que fii experar no Rio de Janeiro pela juncgao de ‘uma das neus tomadss em Pernambuco aoe Franeezes, para bordo da qual preforiu passar. Fazendo-ae d'aqui de vela no principie de Jatho, alewngou © Bahia om 15 diss, eabindo novamente no fim do mez, ‘Tinks andado tanto arante come a Ihe de Smeto Alcixo, quando parece que uma niva reftoga experimentoa uma nau Franceza, 0 que se no sabe bem por wma lacuna que existe no ret escripto. Pessoua Pernambuco, d'onde 86 largou 84 do Novembro, © ¢ provavel que a6 no principio de 1933 chegarse a Lisbon (Cazal, Tom. 2. pag. 194). Entretanto havia ElRei everipto, em carta de 28 de Setembro de 1522, ‘que the daria uma capitania de cincoonts leguns de testade sobre a coxia nas Pero Lopes, ue visitéra os locecs, ¢ mabia © que devia pedir, conse. ‘gui permutago da grace para oitenta leguas disribuidas em tres di rentes logarcs ; 0 que foi confirmads no 1.° de Setembro de 153, © 21 de Janeiro de 1535. Boas autoridades sereveram tet Pero Loyes voltado depois desta ¢poca, a colonisar as suas terran; mas ndo ¢ muito facil deseobrir algam expaco de tempo habil para imo ter logar. Porquanto sabemos que logo no princi- pio do anno de 1535 foi elle eacolhido para commandar ume das naus, que Antonio de Saldanks levou na frota susilinr Portogdbzs a favor de Carlow Y de Hespanhs, contra o temivel Barba-rbxa em Tunes, da qual empreza £6 voltoa a0 Tejo no mex de Ostnbro, como claramente xe 18 now Annues da Marinke Portuguesa ( Tom, 1.°, pg. 409 ¢ 420), Logo depois ew 1536, segundo colhomes das notas supplemcmares de Fr. Luis de Sousa aos Annaes de D. Joka IIT, foi o merino Pero Lopes mandado aom Acores es perar a nag de Thom do Soust, que devia ehegar da India, para a eom- Doyar até Lisboa. Ora, 6 provavel que com idas, exporas ¢ vindaw, nao Jovasse menos doque o anno de 1536, Restam o# annos de 1537 © 1538, sm aTuoede om ge lees, Yara ce tnhanoso tempo toned ve 122 fossemon a der eredito num antigo cenoslogice, que meneiona ‘como Gorernador do Castello da Mina; comtudo Soares ( Roteire Geral, tap. 14) flla de tal modo. dx colonisacio deste donatorio em Itanaract, que nto 6 postivel deiaar de lhe dar sttengio. Outro tanto no accede 4 porco maislonginqus, isto ¢,de Sancto Amaro, como bem deluz Fr- Gnspor, pag. 145, 146 ¢ 162. ‘Bem moge,o por frma bom dorgragads, tinha este benemerito mavit mo de neabar seus dins, Parece que jé tivern da morte o presegio no Ri a Prata. Nomeado Capito Mor de seis naus para « Indie, partira de Lisboa om 24 de Margo de 1539, ¢ chegira 1 Goa em 10 de Setembro. Fezendose de yolta para a Eoropa, e tomando seu rumo por for da ith {de S Lourengo (hoje Madagascar, nfo xe soute mnais dalle, (3) ¢ parece fqoe « nomeacio do Martim Affonso para voltar ao governo da India foi para o consolar d'exta perda. Fora easado com D. Izabel de Gainboa, que Seon tatora de seus filhos. ‘Legon & posteridade o— Roteiro de sua viagem ao Brazil—, que #6 foi achado, conecido, ¢ publicado em 1839. B.A. oe Vansuaces, (8), Nie 6 tambom eegursmnente ftndado en bon avetoridade que v Sr. Jou# Tguacio do Abroa. Lima insist (contra.o que jé neulro tempo aise Jets frmadoenos melhores cxoriptores da Azin) que Pero Lopes ynor~ Tou cuboosdar do Rio 4 Frta er ce ‘segunda exploragae (Tomo pag. 47.) 123 INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAPHICO BRAZILEIRO. (Butracto das actas das geese don meres de Janeiro, Fevereiro © Marco de 1844.) 117* SESSAO EM 19 DE JANEIRO DE 1844. Prestencra po Tin." Sr. Consuo J. pa C. Baxnoza. A’s Shoras da tarde abro-se a sessfio, lé.so © approva-se & acta da antecedente. Expediente, —O Socio correspondente 0 Sr. Gaspar José Lis- boa escreve de New-York ao Instituto, offertando-lhe os 7 primeiros numoros da interessante obra que actunlmente se esti publicanda em Philadelphia com 0 titulo de — Pictorial History of the United States of America, from the discovery by the Nor- thmen in the tenth century to the present time; by Juha Prost: ‘© promeitendo remetter a continungiio ao jusso que Mr sabindo a luz. Da mesma cidade escreve tambem ao Instituto a Socio cor- respondente 0 Sr. Luiz Henrique Ferreira @’Aguiar, enviando 4 volumes do— American Almanack — pertencentes 90s annos de 1841, 1842, 1843 ¢ 1844; e bem assimum exemplar da obra recentemente publicada —Progress af the United States in popu- Jation and wenlth in fifly years, ax exhibited by the decennial census ; by George Tucker : New-York, 1843, um vol. in-8.° Carta escripta de Lishoa pelo Socio eorrespoudente 0 Sr. An- toniv Lopes da Costa e Almeida, acompantando a remesss dos Ns. 4°, 52, 67 67." dos Annnes da Associng&o Maritima ¢ Colonial, ¢ de um exemplar do opusculo— Descripgao das chins n yapor, ¢ sua applicagao a navegagao, por J.J. G. de Mattos Corréa: Lisboa, 1842. Foi mais doado para a Bibliotheca do Instituto : Pelo Socio correspondente 0 Sr. Francisco Adolpho de Var nhagen: — Primeito Roteiro di costa da India, desde Goa are Diu, narrando a viagem que fea 0 Vicr-Rei D. Garcia de Nora- aha em soccorro desta ultiinn cidade — 1598—1589 — por 194 D. Jato de Castro, Gavemndar ¢ Vier Rei, que depois foi, da India — Porto, 1843, um vol. in 4.%, ¢ Atlas colorido. Polo St. Claudio Lagrange Monteiro dé Rarbuda — Instrac- ¢5es com que Kl-Rei 1. José T mando passar ao Estado da 1 din 9 Gavernador ¢ Capito General, ¢.0 Areebispo Primaz do Orionte, no anno de 1774; publicndas e annotidas por Claudio Lagrange Monteiro de Barbuda: Pangim, 1841, um vol in-4.” Pelo Socio honorario 0 Sr. Con-elheiro Dr. Agostinko Atbano into um exemplar da seu — Exame eritico das ca- as proximas da actual situagiia finanesira. —Lisboa, 1843. Pelo Socio effective # Sr. José Silvestre Rebello — Travels in Brazil, in the years 1815, 1816, 1817, by Prince Maximilian of Wicd Neawied.— Londres, 1520, 1 vol. in-4.° com estampns. Pelo Socio eorrespondente o St. José Domingues de Athaide Moncorva— Museu Borbonico di Napoli — fasciculas 62 ¢ 633 — Falla com que 0 Ex."* Presidente da Provincia do Espirito Santo, Weaceslau de Oliveira Bello, abriu a Assembléa Legisla- tivy Provincial no dia 25 de Maio de 1543, Pelo St. De. Antonio Pereira Pinto os dois manuscriptos : 1.” Noticias dos titulos do Estado do Brazil, © de seus traes @ septentrionaes na temporal até o anno de 1765; 2." Di vertiment admiravel para os historindores curiosos observarem ax machinas do mundo reconhecidas nos series da navegagao dias minus do Cuyaba © Mato Grosso : extrahido pela curiosidade incansavel de um sertanista Paulistense, que 03 caleulow suc- -ssivos uns poucos de annos, Resolve o Instituto que se agradecam ns offertas mencionndns. se leitura de vorins propostas para admiss&o de Mombros corresponslentes nas scegBes historiea e geographica: as respec+ livas CommissBes. intra em discussfa, ¢ & approvado, o seguinte parecer : ‘A Commissio de redacgao da “Revista Trimensal do Tns- Lituto Historica e Geographico do Brazil” examinou 0 Primeiro Juizo, que aebrea do nove Compendio da Historia do Brazil pu- hice 0 Sr. J. Lede Abreu @ achanito cordatas as consi= doeagies feilae pela nosso Socio o Sr. Francisco Adolpho de Vnr- hagen, especiahuente contra o plagio tomado do insignificante 125 rscriptor France Beauchamp : é de parecer que o Instituto deve adoptar e publical-o na Revista, para que possa ne conhes cimento dos pessuidores do dit Compendio ; visto que para a instrucgdo clementar & menos recommendavel que 0 do Sr. Bel- egarde, Rio de Janeiro, 11 de Janeiro de 1844, — J. da Cunha Barbora. — Antonio José de Paiva Guedes d@' Andrade. ” ‘Sito sorteados para onlem do dia da sessio seguinte os dois programmas : 1° Quacs foram os inireductores do grado vaccum, lanigero & ‘avullar na Provincia do Rio Grande do Sul? 2" Se a descoberin do Brazil concorreu para innovagdo da orthographia @ do esty!o de escrever a lingua Portugueza. 118" SESSAO EM 8 DE FEVEREIRO DE 1844. Prusipexets po Int." Sm. Coxxco J. va C. Bannoza. Aberta 2 soasdo, Ié-ee approva-se a acia da antecedent, € 0 2. Seeretario passn a fazer Ieitura de uma carta escripta de Pariz pelo Sr. Mage, Professor de Historia e Geographin n’aquella capi- tml, ngradecendo com as mais lisongeiras expresses o titulo de Membeo corrospondente, que the fai conforida pelo Lnstituto. Igualmente escreve da mesma cidade o Sr. Adriano Balbi, of fortando no Instituto um exemplar da sua obra : — Blémens de Géographie génémle, ou description abrégée de la terre, apres e8 divisions politiques co-ordonnées avec ses grandes divisions naturelles, sélou les derniéres transactions et les découvertes les plus récentes: Paris, 1443, um vol, in 12. Vota o Tastitute que #e ngradega a ofterta do Sr, Balbi, e ns seguintes: do Sr. José Silvestre Rebello — Proveodings af the American Philosophical Siciety, brld at Philadelphia, for promo. Ling useful knowledge; vol 3": edo Sr. Padre Joao Jouquin Fecrcira de Aguinr alguns oxemplares do Relatorio. que nu quilic dude de Presidente da Sociedade Promotnra dit Civilisaean e In. dastrin da Villa de Vassouras apresentou & mesma Axsocingio no din 18 de Julbo de 1543 ; ¢ os Extatutos da Sociedade Auxiliado- ra dla Iustracgdo ny Municipio de Vassouras. 126 Por deliberagito do Institute fornm remettidos no Socio effecti- vo 0 Sr. De, Diogo Sontes da Silva de Rivar varios azontamentos sobre Hatatistien do Brazil offertados pelo Sr. Conde... ++ Foi npprovada Membro honorario o Sr, Adriano Balbi, pro- posto pela Sr. Conego J. da C. Barboza. ‘Fezse tambem leitura de duas propostas para admissiis de trea Membros correspondentes na seegiio geographica : a respec tiva Commissio. Entra depois em discussifo, e & approvada, a seguinte propos tn: — Existindo na Bibliotheca Real em Pariz uma Deserips > die todas ag.costns @ porto’ da Brazil, com mapas, obra de Joo ‘Teixeira Alberaaz, offerecida a El-Rei de Hespanha em 1627: proponho que ¢ Instituto faga toda s diligencia para obter uma copia da referida obra—Jore Silvestre Rebello. 119° SESSAO EM 22 DE FEVEREIRO DE 1814, Paesrpencta po Inn." Sn. Coxnco J, pa C. Baruoza. Dopois da approvagio du acta da sesso anterior, o 2. Secre- tario principia a dar conta do expediente pela leitura da seguinte cearin + “ “Ill, Sr-— Parecendo-me dign do Instituto Historica ¢ Geo- grphico Brazileiton inclusa Memoria. da campanba de 1816, han pa fronteira da Provincia de 8. Pedro contra o exercito de Artigne, oxeripta pelo Capito Diogo Arouche de Moraes Lavra, fe de sor publicnda pela imprensa do modo que approuver ao Ins- titnto, atrevo-me a offerecer-Ih'a, por interposi¢fio de V. 85 ten- do-the addicionade uma breve noticia biogeaphica sobro a sean. tor, que, to chia de modestia como de-erudiedio ¢ valor militn, prescindiu de mancionar seu nome com os daquelles bravos com ‘os ques ae chou nos mesmos combates; ¢, como elles, mustrour se com direitoa celebridade a que os votou em sua Memoria. \sAproreita esta oceasifio para participar ao Instituto que, e¥ tnndo.a partir para o Perit e Bolivia como Encarrogado de Ne- eis junto dos Governor d'aquellas Republicns, nutro os mes- tos desejos, em que sempre me tenho conservailo, de serlhe RT Prestavel no concernente aos fins a que to louvavelmente se ha dedicado, e'que ja vito sendo proveitosos ao paix. “Queira V. 8. ainda por esta vez aceitar os votas de estima e subida consideragio com que sou, &.—Illm. Sr. Conego Junua- rio da Cunha Barboza, Secretario Perpetuo ‘do Instituto.— José Joaquim Mackado de Oliveira.” Votw o Instituto agradecimentas a0 Sr. Tenente Coronel Ma- chado de Oliveira pela sua interessante dadiva, e que em off- cio se Ihe faga sciente de reconhecimento de que se achn a Asvo- ciaglio compenectrada para com elle polos scus importantes ser- ‘vVigos, cuja continuagao to graciosamente prometie. Resolve: Outrosim que a momoria supra citada seje dirigida & Commissizy do redacgio, De NewYork esereve no Instituto 0 Socio correspondente Sr. Luiz Henrique Ferreira de. Aguiar, offertando-lhe as seguin- tes obras: 1.", Historia economico-politica y estadistica de la Isla de Cuba, 6 séa de sus progresos en In poblacion, Ia agricultura, el comercio y las rentas, por Doa Ramon do la Sogra? Habana, 1831, um vol. in 4.°—2.', Incidents of travel inYueatan, by John L. Stephens : New-York, 1842, 2 vol, in8.'—8.°, The origin of the North-American Indians ; with a futhfut description of their- mannersand customs, beth civil and military, thoir religions, lan- ‘guages, dress, and ormaments; by John Mc. fatosh: New-York, 1843, um vol in 12. Carta eseripta do Lisboa pelo Socio correspondente 0 Sr. An- tonic Lopes da Costae Almeida, acompanhando a remessa do N.* '5.° da 3.* serie dos Annaes Maritimes ¢ Coloniaes, e do tomo 2." da Parte 6." do seu Roteiro Geral. Obras doadas para a Bibliotheca Pelo Sr. José Ewbank Dictionary of science, littera- ture,and art; comprising the history, description, and scien- tifie principles of every branch of human knowledge, with the derivation and definition of all tho terms in genoral vse ; clited by W. T. Brande, assisted by Joseph Cauvin : New-York, 1843, um vol. in 8.° grande, compacto, enriqueeido de muites gravuras. — 2", Dictionary of Arts, Manufactures, and Mines ; containing a clenr exposition of their Principles and practice ; by 128 Dr. Andrew Ure: illustrated with twelve hundred ana wy engravings on wood: New-York, 1843, um vol. in 8° grande, ccompacto.8.° A descriptive and historical xecoant of hydraulic and other machines for raising water, anciunt and modern, with observations on various subjects: connected with the mec! arts, &¢, by Thomas Ewban! jew-York, 1842, um grosso vol. em 8. grande, ornado de muites gravuras. Pelo Socio correspondente 0 Sr. Pedro Clausen, da parte do St. Henrique Galeotti, as suas obras : 1.° Enumeratio G jinn rum et Cyperacearam ab Henrico Galeotti in Regionibus Mexi- ‘canis collectarum. — Enumeratio synoplica plantarum phanero- gamicarum ab Henrico Galeotti in Regionibus Mexican's collec: tarum. —3." Notice sur les plantes des familles des Vaccinies et dos Ericacées, recueillics au Mexique par Henri Galeotti. Peto Sr. Antonio Lopes Bianeardi: Voyage fait par ordre du tai en 1750 et 1751 dans ("Amérique Septentrionale, pour tecti- fior les cartes des cdtes del’Acadie, de I'lsle Royale et de I'Iste ‘do Terre-Neuve ; et pour en fixer les principaux points par des observations astronomiques : par M, de Chabert — Paris, 1753, um vol. in 4.” Pelo Socio correspendente » Se. D. Pasquale Pacini, do auctor; Catalogus plantarum Horti Regii Panormitani ad an- hum 1827 a Vineentio ‘Tineo, in Regia Studiorum Universitate Botanicw ad Materice Midicw Professore, et Horti Regii Profecto. —Palermo, 1827, um vol in 8.° Declara n’estn occasifio o St. Pacini que © Sr. Vicente Tineo ‘ge offerecia tambem a remetter ao Instituto sementes de todos 08 vegetaes eultirados no fTorto Real de Palermo, ou mesmo asplan- tus vivas, quelhe forem indicadas ;¢ igualmente quaesquer infor- magdes sobre a sua historia cultura, fc, offerecendo outrosim 0 seu prestimo om tudo quanto fr do agrado do Instituto. (0 Se. José Silvestre Rebello offerta para o Museu da Sociedade uma redo e varios ornamentos de pennas fubricados pelos Indios do Para , varias aves da mesma Provincia, ¢ uma mostra de gomma Jutaiciea. Recebendo com muito especial agrado todas as dadivas acima 129 rnencionndas, determine o Instituto que 0 Sr. Secreta is agrucken. Fvx.se loitara de varins propostas, as quaes foram enderecadas ie compitenies Commindes, Ollim.Sr. Presidente nomeia ao Exm, Sr. Conselheiro Visoonde de Abrintes Orator da Depuiagao encarregada pelo Instituto de cumprimentar a S. M. 0 Imperador no dia 14 de Mateo, por ce- easido do feliz Aniversario Natalicio de 8, M. a Imperatriz. colhe meiy ao Exm. Sr. Dr. Joao Antonin de Miranda para Orne dor da Deputagd ineumbida de felicitar no Mesmo Augusto Se- nhor no dia 25 do relerido m2, anniversario do Juramento da Constituigfo : e pura Orador do din 7 de Abril ao Exm. Sr. Con- selheico Caetano Maria Lopes Gama, Perpetuo 120." SESSAO EM 7 DE MARGO DE 1844, Prearogxora no Inum. Sx. Conzco Jaxvamto pa C. Bamnosa. Leitura, o approvago dn acta da sesso untecedente. Expediente. — O Socio correspondente o Sr. Dr. D. Agatino Longo remetie de Napoles ax seghin'es obras, produce@o de sua penna : 1.° Del diritto di proprieta; pensieri del Professore Cav. Agatino Longo : Catania, 1843. — 2.° Dell'influenza dellindus- tria sull incivilimento dé popoli ¢ dell’incivilimento sui progressi éell’industrin nazionale ; discorso pronunziato nell'adunauza go- nerale della Societa Economi ‘Catania il di 20 Maggio 1842 dial Prof, Agatino Longo : Catania, 1843, — 3,° Pensieti di Civile Economia: Memoria del Dottore Agatino Longo : Catania, L842. 4. Aui della Societa Economica della Provincia di Cataai a per gli anni 1841, 1842 e 184; © Socio-correspondente o Sr. Jqto Dingo Storz envia de Lon- Gres an Institute um rico qaadro com seis medalhas representand © retracto de S. M, o Imperadardo Brazil, e de varios outros sobe- anos: ¢ juntamente diversas obras ¢ joroacs modernos, escriptos fem Inglez © Allemio, coatendo artigos sobre 0 Bruzil, colon: ilo, trafico dy escravatura, &c., ¢ bem assim varios periodices ‘ornndos de estampas, e mapas geographicos. (O Saris gartcandente 6 Sr. Janhatia Nothetio de Shoei 6 Silva offerta— Applausos natalicios com que a Cidade da Bahia ccelebrov a noticin do felice Primogenito do Exm. Sr. D. Antonio de Noronha, Conde de Villa Verde: Lisboa Occidental, 1718, um vol. em 4." —Quinta parte do Thesouro descoberto no Rin Maximo Amazonas, contendo um novo methodo para asua agei- 17 130 cultura utilissima praxo para a sua povnngio, navegagain, aug- mento, e commercio, assii dos Indios como dos Ksaropeos : Rio de Janeiro, 1820, um vol. em 4. Recebe 9 Instituto com especial agrado_ns offertas ncima citn- das,e determina que 8s Gazetas Ingleznsjremettidas pelo nosso in cansavel Socio o St, Sturz, srjam offertadas a0 Exm. Sr. Dezem- bargador Silva Pontes, para fuzer una exposicao do que n’ellas: fee coniém que possa ser traduzido, e publicada na Revista Trier mensal. ‘Leram-se, e approvaram-se diversas propostas, 121 SESSAO EM 21 DE MARQO DE 1844. Pursiosn Lace ¢ approva.se « acix da sessiin anterior. Socio correspondeate 0 Sr. Jodo Baptista da Silva Lopes es- creve ao Instituto remettendo-the um exemplar da obra — Rela ‘gio da derrota naval, faganhrs e successos doa Cruzndos que partiram do Excalda para a Terra Sancta no anno de 1189 ; es: Eripta em Latim por um doa mormos Cruzndos, traduzida ¢ anno- tada por Joao Baptista da Silva Lopes: Lisbon, 2444, um vol. em 4” ‘Leiturn de duns carias escriptas de Londres pelo Socio corres- pondente o Sr. Jo&o Diogo Sturz, oflertando para a Bibliothecs do Instituto o seguintes Minutes of the Committee of Council on eduention ; with ap: pendices, and plans of School-Houses ; 1839 —1540 : Londres, tum vol. in 82 “Tho Letters of Diogenes to Sir Roberto Peel : Londres, 1841, um vol. in 8." "The Philosophy of training with suegestions on the necessit of Nermal-Sehooks for tenchers to the wenithior classes, and sti= ciures on the prevailing mode of tenching Innguages: by A. R. 1a po Inum. Sz. Coxnco J. 04 C. Barnosa. 1¥ ¢ with copions serinture rele rences ; by the Rev. R. J. F. Thomas: Londres, 1843, um vol- in 8." Siat annual Report of the Aborigines, Protection Society, pre~ sented at the meeting in Crosby Hall, May 22, 1843. Treland before and after the Union with Great Br Montgomery Martin, Exa.—um vol. in 8." ‘Report from His Majesty's Commissioners for inquiring into the administration and practical operation of the Poor-Laws: Lon- déres, 1854, um vol. in 8." ing by Re 131 Extracts from the information received by [lis Majesty's Come missioners, as to theadministration and operation of the Poor- Laws-Londres, 1837, um vol. in 8.° ‘The true Law of ponulation shewa to be connected with the food of the people: by Thomas Doubleday, Esq: Londres. 1842, um vol, in 8. Varios folhetos em Inglez e Allemio, versanda sobre Erono- mia Politica, trafico de eseravatura, diteito de visita, educn- gio, fe ae humaros avulsos de diversos periodicus litera Tivs ¢ politiens, e os seguintes mappas : 12 Chart of the binorien of Rone, France, and Britain, with historical notices and dates of the other States of Kurope : by Edward Ward Foster. A comprehensive Atlas geographical, historical and com- mercial by 'T. G. Bradfor: tim grosso volume em folio, érnudo de excelledtes cartas abertas em aco ; publicado em New-York, € ‘ultimamente reimpreaso em Londres. 3. A series of ‘mops, modern and ancient, published onder the superiotendence of the Society for the diffusion of useful knowledge. 42 Sintistical Chart of British Empire. 5.° Tublena statistique, géographique et héraldique de tous les Etats d’Allemagne comprs dans la Confédération Germanique, por J.P. A. Kraetwzer-Rassaerts, .° Atlas geogrphico eestatistico da Monsrchia Prussiana, com 10 mappas: 1842, in 4.° Delibera 0 Instituto que o Sr. Seeretario Perpotuo agradeg ny davlivas acima referidas, e muito particularmente a0 nosso zeloso eonsocio 0 St. Sturz, fnzendo.|he sciente que com grande satis facdoe reconhecimento foi reesbida a sua precivsissima offeria, ‘esperando-se haja de contiquar a coadjavar esia Associugio, co. mo 0 tem feito até hoje. O 2. Secretario offerecen : Relstorin do Presidente da Pro- vincia do Rio de Jnneiro na abertura da Assemulés Legislative Provincial no 1.° de Margo de 1844, acompantady «lo balanco do anno findo, e orgamento da receita © despeza para ann fi- nauceiro de 1844—1845. — Falla que recitou n Presidente da Provincia da Bahia, 0 Conselheiro Jonquimn José Pinheiro de Vos concellos, na abertura da Assembiéa Legislativa da mesma Pio- wincin, em 2 do Feverciro de 1844. ‘Tambem recebeu o Instituto, com muito especial agrado, para © seu Museu: do Socio effective o Sr. Desembargador Rodriga de Sousa, da Silva Pontes mais dois modelos das emburcacden ‘emoregndas na navegacto da Provincia do Para, a fim de serem 132 consirvados com os que j& anterivrmente ovtierecéra : @ do Socio corrospondente » Sr. Dr. Pasquale Pacini uma linda e rarissimna mostra de yesso eristalisad ‘Lense depois 0 segninie discurso, pronunciado no dia 14 de Marco pelo Socio effectivn 0 Exm Sr. Conselheiro Visconde de Abrantes, na qualidade de Orador da Deputngdo nomenda pelo Jostituto para felicitar aS. M. 0 Imperador, por occasiao do Feliz, Aniversario Natalicio de 8. M. x Imperairiz, 1-0 Lustituto Historico e Geographico Brozileiro tem » aubida honrn de congratular a V, M.L., Magnanimo Protector das Let- tras, pelo faust motive do Auniversariv Natalicio, que o Brat festej" pela vez primeira. ‘Odin em que nascéra S. M. a [mperatriz, escolhida pelo Céo para firmar a felicidade domestica de V. M. 1, e continuer a gloriose Dynnstia do Braganea, fortificar as instituigdes politi- eas do Imperio, consolidar n prosperidade da ‘Terra da Sania Cruz, compartir emfim a dedicngao, 0 amor c gratid@o dos Bra- ‘com ruzaio din de jubilo nacional, de recordagao sem- lavel no Inclito Exposo de tio predestinada Esposa. Digue-se portanto V. M.T. de acolher Benigno os humildes fe mui sinceres e cordeaes parabens do Instituto Listorica © Geo- grap! “© E tambem a V.M. I, Senhora, dirige 0 mesmo Instituto, com maior acolamento, suns reverentes felicitagdes neste dia ao solemne, © de tonto regosijo: certo de que, tos publicos © Teiterades testemunhos de nossa profunda veneragao & Sua Au- frusta Pessoa, V. M. Le achara allivio @ saudade do formoso pais. {ue ha pouco deixirn pela nova Patria; assim como no eatinhoso Tgazaltvo € affectuosos cuidados do Seu Imperial Consorie,e da ‘Sua Excelsa Irman, tevo Vs M. I. compensade a avsencia da Real Familin, a coja sollicituce e esmero, de companhia com a natural propensio, deve V. M. 1. odote dis virtudes que veio qesociar as que ja brithwvam no Throno do Brazil. — Visconde de Abrantes.” S. M. L. Dignou-se responder :— Que agradceia os sentimen- tos do Instituto: resposta que foi ouvida com o devido respeito, e com grande satisforao. Maxort Ferrema Laos, 2 Secreterio Perpetua. REVISTA TRIMENSAL DE HISTORIA E GEOGRAPHTA, JORNAL DO INSTITUTO HsTORICO B GEOGRAPHICO BRAZILEIRO, 922, JULHO DE 1844. ee ees PROGRAMM!. tums mera esapertisions edocapse de Je talidade dente eae os seus do, was religi sou toe? No as lara a0 va ein que differengavasn el jot rome ern de nce Argieeina oe Wee ee Sexnonrs, ‘Em uma das sesstes doanno pesado coub mea honra de ler a dissertng 0 do Programma, que me tinha sido submettido, ar- ‘gumentando sobre a ecndigilo do sexo ferm’ai:o entre 08 Indigonas do Brazil jo benigno acolhimento que Ihe prestastes alliciou-me Bace’ sr ode que agora me voupccupar, e a entrar com mais ‘an’mo no seu desenvolvimento. Elle versa sobre um assumpto que fax parte dos estudor, a que desde muito me tenho dado com o filo de prescrutar a indole © tendencia dos Aborigenes em seu estado norm 1, @ qua do s0 tinham diante de si a natureza, e di rigiam-so pelo instincto a. imitag&o: @ embora com estes prece. deates, nile 6 sem receio de ertar que ou. varrisear a mialia opi. n'o sobre o Programma subjoi E eatremamente limitado, ¢s6 circunscripto fis poucas nagdes indigenas “o Brazil, que tomaram a parte mais activa contra os seus primeiros conquistadoves, 0 conhecimento dos principios ro ligiosos quo ellas tinham adoztado ; © por maior que fsse a soli- citude na investigagao d'esses prinepion, muito pou de sats 3 134 totio se olseria @ahi, por omotivo de que aos conquistadores ne- niu outro objects pungia, que nto [Osseo snciar sua avidex ilo riquezns, destruindo com mio pesada qualquér meio ou cbjec- Go que oe thes aniepuresse para alingit a esse almejado deride, $ rtum: @ aos que exerceram a catechese entre elias, ¢ que todo o voz anhelo Gtava-ac exclusivamente noestabelerimento do Chris- amo, 0 zelo ¢ ardor ascetico com que se davam a fazer pre> ‘alecer a sua propeganda sob a ruina da Idolatria dos Indigenas, no consentiam a possibitidade de am exame, ou pre conheci- mento sobre ns crengas religioss, que acaso podiam existir entre eves filhos da naturena selvagem. Nem todos os que se deram & importante risto de propagar o Christianismo no Brazil fo- ram os Anchictas, Nobregns e Viciras, quo com verdadeiro zel0 tevangelico, nunca dosmentido em todos os tempos de sous traba Thos apostaicos, muniram-se de um espirto intelligente @ inves- tigador, afin do explorarem as convieydes ou sympathias que jam combater, para mais bom implantarem nos animos dos Abo- genes « Religifo catholiea, ¢ calcularom o gras de forga que sain. de mistor emprogat n’essa tontativa, Assim, 0 desejo, quo pparecen d'envelta com a descoborta da America, de qual setia ‘a Religifo dos seu habitantes, desejo que esti a par do espirito ttsceticn que dominava a Europa, nao fora satisfeito, porque esse conhecimento ia distrabir os congiistadores do afan que empre- favam ma acquis do ouro, que so Thes antolhava em toda a parte, © porque a softregvidao dos Missionar por qualquer modo possivel, toda a crenga que nilo Oxse a pro- ria Religifo, que procuravam infundir no paiz, exclusivamente ‘08 occupa Do pouco quo a este respcito so discriminn na historia nenhu- ma evidencia v0 pode tirar, de que fOsse geral entre todos ox In- digenas do Brasil, conkecidos até hoje, a intima convicgtlo dau cstencia de um Ente Supremo com os attributos ineffaveis, como que pela F6 Christa, © pela Revelagio cremos que existe no Uni- Verso. A erenga de Divindades, que predominavam sobre todas Ae cousas, era seguida poralgumas tribus, como adiante se vera ‘mas para as invocarem, ou « ellas s® dirigirem, nio consta que hhouvesse um systema de principios religiosos, unico, homogenco, 135 combinndo, que thes désse preceitos, hes prescrevesse regras para o findamento do cullo que Ihe corresponierin. Com este soberano attributo querem alguns enxerger 0 tupd, que as maiores nagBes do Brazil primitivo reverenciavam com 0 caracter da principal divindade na mythologia aborigene ; tros mesmo, provalecendo-se da ignorancia © da credulidade in- qualificavel da époea, nio hesitaram em asseverar que em cer- tas crengas dos Indigenas, e em certos actos do seu rito reli algum vislumbre deaffinidade com a Rel 10, que se quiz fazer insiauar disericionariamente, no podia ser abonado por um conhecimento justo e razoavel das gonuinas con- ‘viogBes dos Indigenas, ¢ 16 (undado em exterioridades allusivas a0 seu instincto de imitag&o. Esclarecerei melhor este pensa- mento. Entre os meios que aos catechistas do Brazil inspirava 0 pio doso intento de dilatar sem delonya a Fé Christa, ou 0 propesito de aplacar a irritagio dos Indigenas, provocada obstinadamonte pela aggresso armada que em sea paiz fineram os conquistado- es, era, e que mais promettia boos resultados, merecendo wnisono assentimento da congreganao propagandista, o de fazer valere divulgar adrede que a Doutrina Evangelica e ritos da Igrejn Christ se assemelhavam, e mesmo se identificavam em alguns Pontes implicitos, com as diversas crengas s ceremonias aborigs- nes ; procurando persuadir que o Christianismo, e as crengas te- ligiosas que depararam na America, provinham de uma origem commum. Com este intuito nfo prescindiam de qualquer inci- dente, que 0 acaso ou a sua posigdo Ihes apresentasse para coho- nestar o seu alvitre. Attribuiam sos Indigenas idéas que erm incompativeis com a aua mui limiteda intelligencia, e suppunhar- Thes a comprehengiio de principios abstracios e fora dus possibili- dades do mundo material, que elles 56 conheciam, D'aqui, pois, foi-se induzindo a erro, crendo, que mesmo entre 1s tribus de mais limitadss fuculdades mentues discriminaram-se idéas da F6, ¢ indicios tito distinctos como maravilliosos de hk verem 0 conhecimento da iustituigRo ¢ sublimes mysterios do Christinnismo ; € a mais valiosa prova com que se procura coli estar esta asserpfo, é a atitude e gesticulegdcs: que tomou a 136 tribe Tupiniquim no acto da primeira Missa, que Pedro Alyares ai ude que devo ito do inst fora uma das faculdades evtivas dos Indigenas, eto que expres ‘sar o ponsamento da co‘nciderc’a do p oprio cu'to com aquelle ‘cujo exercicio presenciaram que, das relagBes posteriérmente havidas com essa tribu. nfo se pode com verdade inferir que entre a sua crenga eo Cheisiianismo houvesse o mais lee traco de affinitade. Entrotanto, 6 summamente difficil elucidar esta materia, en- volvida, por assim dizer, nas f chas do novo mando, e mui super- ficialmente encarada entao por aquel'vs que, teado-a ao seu al- cance, preteriram 0 favoravel ensejo de pereirar os scusarconos; ‘e-agora obscurecida pela noite de # secalos. Eso na actualidade se pudesse admittir o ultimo recurso que nos resta, de insiiuir tum minacioso exame sobre ap“ a'tiva eronga dessas ultirmas in~ felizes reliquins das numezosas nagdes abomigence, que habitaram © Brazil na ‘yoca da saa ronquista, rem assim se poderiam ob- ter com veros'milhanga ou plausit’t'dade esclarec'mer os que dissipassem as nuvens que nos encodrem a ve dade atnl espr.to. Os costumes primitives, © a mora'idade teadicional d’essas mx. ‘mas tribus, que aiada so remo.as a civisisagaio, mas que entre ellas ¢ os b:anco= ji existe alguma communicab lidade, devemese ‘considerar degenerad © prevestidos por ef vivo da vicissivs ~ fe degradagao. que lice ha caueado esse me mo .. tacto com as brances, pa-a so e-pernr @'ahi a manivestr¢do clara ¢ evidente de tum ponto, que ainua 6 costroverso para merever a sanceao da verdade historica. 6 tanio mais verosimi © sentimento de Religidio, no coaceito do escripior das Anti- guidades Americanas, 6 commum a regn hamana, em qualquer ‘las condigDes em que percorra o estadio da v'da ; driro elemento con: um verda- tivo d nossa natu. za moral, Sem que deva contrastar esie princ’pio de uma verdade eterna, apenas {a- rei a observagiio de que, prescindindo da opinido de antigos histo- rindores, que deram varins tribas indigenas submersas no mais rude embrutocimento, clevande-ve mui pouco acima dos sores ie. rracionaes, e sem physionomia moral, qne significasse um princi- a Vio religioso, ainda subsistem nas regiBes do Brazil, até agora des- conhecidas, hordas selvagens, dns quaes se tem desprendido in- dividuos, cuja presenga revela todos esses deploraveis curacteris- ticos, Mns, ohomem selvagem, que fignra o pensamento do referido eseriptor 5 isto 6, 0 que tinha comprehendido um sentimento reli- Biono, ou (Base por idéa tradicional, ou por propria aprehengao, no 0 manifestava com aquella expresso, que The désse exclu sivamente uma essencia divina, um principio sublime da verdade eterna : © quando mesmo o designasse com essa physionomin in- tellectual, nem assim se The poderia attribuir a essencia do Chris- tianismo, ¢ po's que é inadmissivel n possibilidade de que previne mente @ conquista do Novo Mundo. prrexistisse esse Dogma, como melhor se demonstmra ao depois. A t&o Inmitada intellie gencin, camo er a dos Indigenas, deveria ser incon, yrchensivel 8 sublime ‘déa do Ente que ereov © Universo, que o rezula em [Perea unidade de nc¢aio, € que com o mesmo Universo € coevo, preexisteate, simultaneo e eterno. E antes -ste mesmo homem das solvas, qe levado sem duvil Pelo curso natural das eousas, ou se the npresentem ellns visivel- ‘mente, ow se afigurem em abstracto em gua mirim, ¢ ambos elles correndo a Occidente se procipitam pela face ‘occidental das ditss serras em impassaveis Saltos, unindo se na base deltas, formam um no pequeno rio, que foi supposto na de- marenpfo passada, pela dificuldade do terreno, serin o menciona- do Ipnné-uassn, como fica dito ; quando estes dous rios Agorahy, Jiunidos em uin 96 canal, vo desaguar no Paraguay, no pelo Ipiné, mas sim em um brago do Nurte do Xexuy, chamado tam: bem Agorahy, © pelos antigos Hespanhoes Corrientes, devendo | ser esto Rio © que, conforme aos tractados, servise de limites centre ag dans Nagdes, O Rio Xexuy entra no Paraguay pela sua margem de Lesieem Lat. 24° 11’, vinte leguas abaixo do Ipané, havendo entre estes ous rios um pequeno deneminado, Ipané-mirim. Apezar deste conhecimento geographico que os Hespanhoes o¢- 7 cultnm, se vieram a estobelceer ha vinte annos na margem orien tal e Portugueza do Paraguay, tres leguas superior a boen do Ipané-unssti, flndindo Villa Real, com manifesta infracgan dos ! tratados, e vao pretendendo internar-se para os altos das Serras ! ¢ Vacaria, aproximando-se © Camapui, importante estabelect mento Portuzver, € unico no contro daquelles largos terrenos, que se pode ollie coma uma barreira nos seus intentos. Fsta € em summa a deseripgain do Paraguay Portuguce até onde deve extender-se 0 seu dominio, sende tala situagho soo. {ruphica este wrande rio que, desaguando n’elle pela sun orien: tal margran es expressados rivs, todos de concentrala navegugio para o interior do Brazil, nfo entra similhantemente na opposta & Occidental margem rio algum, deste © Jauri até 0 parallelo do ET 177 Ipané ;¢ como do grande porto alveo de todos ns referidos rios, fica mergulhada no tempa das cheins, que levanta us guas sobre © plano dos Campos, por entre os quaes correm por oito, dozee Vinte palinos de altura, podendo-se por esta razito navegar e cor- tarde uns a outros, e a grande distancia das tambem inundadas margens do Paraguay, ficam consequentemente patentes e inle- fensos estes rios, que so outras tantas portas para o dominio Portugues. Um tao grande rio como 60 Paraguay, de clima temperado, saudavel, farto de peixe, e caga, bordado de largos campos, do altas Serranins; eortando por tantos ries, amplay Babias, grandes legos, e com alta ¢ densa matarin, indica assaz que devia convie dar moitas nagBes Americanas para o habitarem. Porém, logo depois da descoberta d’este opulento e novo conti- nente, as ineursBes dos Hespanhoos, © dos Paulistas apprehon- dendo e dispersanto muitas das numerasos Tribus, que n’elle vie viarn, parece quo estes novos aventureiros, s6 queriam aniquilar os indigenns hubitantes de t@o vasto e bella pain. Os Jesuitas transplantaram muthares para os seus povos de Uraguny ¢ Parana, outras nagtes fugindo o flagelo que as devas- tava, emigravam para terrenos menos felizes, porém mais seguros, ‘© menos accessiveis, por mais distantes, & avidex dos nossos Povoa- dores, que entregues a urna ferina ociosidade, buscavam bragos alheios que o8 sustentassem e enriquecessem, fuxzendo a direito ‘da forga, perder aos antigas ¢ tranquillos Senhores da America, as suns incultas possesses, o9 scus filhos, as suas mulheres, ¢ 2 ‘mesma apreciada liberdade, que n&o conseguiam, apezar dis mais positivas ¢ providentes ordens dos nossos Principes, illudi- das sempre pelos novos conquistadores, senfo depois do largo esyaga de 200 annos, quando jx us reliquias destas atemorisadas hhagBes se tinbam concentada para _os mais reconditos logares d'estes vastes terreno, levando comsigo a medonha idéa do cap tiveiro, que transmittula aos seus descendontes, tem difficultady 8 sua reducgio, ¢ 0 poder.so tirar elles exrtas infermacdes de novas descobertas. Nao € esta assergilo um paradoxo ;_nos vimos ha poucos dias ‘quanto es forgoses receios de perder a liberdade, de que estarain v8 prasnidos os Bororés do Cabagal, dificultava a sun eomavanica: {go com 03 Portuguezes, © a repugnante « temerosa ida, com que quatro d'elles vicram a Villa Bella, e apezar dos presentes ¢ ‘earinhosas expressbes, com que os mandou convidar o actual Ge- eral desta Cepitanin. ‘A Emigragio de tantas Nagdes para tetrenos occapados por outros, © algumas d'ellas de Corso, que 86 vivem do que plantam ‘as mais pacifieas, faz que se olhem reciprocamente com impla- cavel odio, mantendo entre si. sanguinarias guerras, destructivas dasua conservagio, concorrendo tantas causas pera ava dimi- nuigiio, no existindo ja algumns, « outras reduzidas a pequeno ‘numero s¢ aggregnram aos vencedores. Com tudo, no Paraguay, sobre os terrenos e rios que extremam ‘sua inundada superficie, vivem ainda muitas nagdes de Indios, das qunes a mnie considersvel © respeitada 6a dos Aycuriis ou Cavalheitos que desde o Rio Taquari se extendem para Sul, por todos o8 mais ios que entram na margem oriental do Paraguay até 0 rio lpané, © semethaatemente na opposta margem das Serras ido Albuquerque para abuixo, espaco grande de terrene, que ain- dn nio occupado peles visinhos Huropcos, dio segura morada a esta e outras nagBes. (Os Aycuriis tom praticado ropetidas mortandades em Portugu zea © Hexpanhoes sem que jamais fossem domados. Usam de Janeas de 18 palmos de comprido, de madeira durissima, com 08 farros de palmo @ ainda maiores, senda o arco, a flecha, © 0 por- rete outras armas avxiliares de que igualmente se servem com grande actividade ¢ valor. Fuzem longas jornadas para devasia- Tem os terrenos @ povos qne os cercam, em cavallos de que tira am o nome de Cavalheiros ; animaes que costumnm a grande eiroza, e-riam ¢ compram aos Hespanhoes, a traco de fories, trrossas e bem tecidas mantas de algodo que fabrieam + furtan- ‘dudhes emim por liquidago de conins, quando podem. ‘As stay numerosas cavalgaduras fazem que basquem as visi- nhongas dos Campos para viverem, onde sto temiveis, devendo a esta vantage que as nagBes a elies mais proxiinas os olhem evr femar erespoitn ; ehamando-se- algumas d'ellns, depois de von dus, de capi pecie de Tur coy dos Ayeuris, que, como uma 179 taros, virom do que plantam as outras nagdes, que com aquelle lo compram seu socego. Os Aycuris com incerta morada, trasem nos seus cavallos suas casas, que consistem em ung grandes Taquarussiis, que the servem de comieira, outros mais pequenos, de cxieios, ¢ gumas esteiras, das quaes as maiores formam o tecto ¢ as outras ‘as paredes das suas valentos casas, que armam brevemente, com divisdes das mesmas esteiras, segundo o numero das familias. E distinctivo e belleza entre esta hago, tanto homens, com mulheres, arrancarem os cabullos da pestanas dos olhos, e das sobrancelhas, Ellas trazem gravadas em uma perna ou 10 peito 4 mesma marca, que os maridos, com ferro e fogo, Be indiffe- tentementes n’ellas e nos seus cnvallos. Maitas vezes ells acompanham os maridos nas suas longus excursBes, © por isso, e outros motivos libidinosos, matam o feto no Ventre, apenas se sentem pejadas, ¢ tambem porque os mari dos n’este tempo niio so chegam a ellas, e s6 depois que entram Para os quarenta annos, deixam nascer 08 filhos, o raras vezos tem mais de um. Hata falta de prole terin onniquiludo as suas dispersns tribus, se nto adoptassem para mulheres as que adquirem de outras na §Bes, € 05 seus filhos, © muitas vezes of pais, ou seja pelo direito éa guerra, a que chamam captiveitos, ou pelas ligagBes reciprocas que tem conteahido. Os Aycurtis em 1791 se reconciliaram com os Portuguezes, mandando ate Villa Bella alguns de seus principaes chefes, nao. 80 busearem a paz © amizade Portugueza, mas a teconhecerem- ‘se Vassallos da Corda, 0 que até 0 presenie tem repetide annual- mente ouiros cheles da mesma nagio. E nos primeiros dias d’este ‘anno 1797, jé tres Capitées, um Guana e outros dous Aycuris Vieram prestar a mesina pai o homenogem, e pedirem cartes pa- tentes dos dous expressados motives ao Exm. Capit&o Genera) de Matto Grosso, ¢ 0 ultimo delles, em nome de 9 Capitaes, ou Chefes que escandalisados do mao tratamento, e rigor com que os Hespanhoes mataram muitos, deixaram as margens do Paraguay em que viviam proximos a elles, e se mudaram para o Mondego, 9 que outros anteriormente tinham feito para as Scrras de Albu. qierque. 180 [A sogunda nagiia que habita o Paraguay ¢ a dos Paynois, gentio de Canoa, guerreiro © valente, que muitas vezes unido ‘com os Aycuris pelo rioe por terra commetteram mil hostlidades fanestas a Portuquezes e Hespanhoes em bella harmonia, mu dando estes Indios sua morada pars as terras que the so visi- has, abandonando assim com o Paraguay amizade dos AY~ curtis. Os Guands é outra nagiio indigena do Paraguay que vive nas materias que bordam. os seus alagndos Campos; ¢ nario cultivadora, © como os Ayeuris Ihe faziam dara guerra para Ihe tirarem o fructo das suas plantagGes, e as mesmas mulheres e f- Thos ; esta extremidade faz que se teconhecessem captivelros dos seus oppressores, arrancanvo as sobrancelbas @ pestanss, como ‘elles, cenlagando-se por casamentos. Outra nagio numerosa, valente, e cultivadora é a dos Gua que, mais antigamente ligada com os Ayeuris, fazem hoje o todo ‘da mesma nagiio. Os Guat6s, ainda no ligndos com os Aycuriis, vivem nos fun- dos da Serra da Gaiba esolicitam a amizade Portaguezs. ‘Os Xamicocos, nngio numerosa e que os Aycuriis chamam barbara e feroz, porque ainda os nfo domaram, vivem nas Ser- ras, devendo & aspereza do terreno a sua defesa. ‘Os Cavanis ou Coroados habitam noalto das Serras ¢ Campos Vacaria, proximos das origens do rio Ipané. Eatas so ax nncBes principnes que vivem proximas das ex tensas margens do Paraguay, cuja descripgao contin ‘Sobre um brago do rio Xexuy, 20 leguas a Leste do Paraguay, tem os Hespanhoes a Villa de Guruguate, coberta a N., na dis- tancin de cinco leguas, pelo presidio deS. Miguel, que a defende dos assaltos dos Aycuris. ‘Do Xexuy para baixo ainda corre o Paraguny a rumo geral do Sul, por 32 legnas até a Cidade da Assumpgao, recebendo neste intervallo pela sua margem oriental os rios Ivobogo, Ta batt, Percbebuy e Salinas, todos de curta extensito, desaguando ‘na opposta_margem outros quatro pequenos rios- ‘A Cidode da Assiimpgao, capital @ residencia do Governo do Paraguay, esta situnda em um angulo obtusa, que fiz a margem 181 oriental deste rio, na Lat, 25°, 18 e Long, 320°, 20'. E’ de nto Poquena populagao. Este governo comprehende uma vosia sti- Perficie, a sun populagio total chega 120.000 almas. terra Pobre, depouco commercio, sendo o mate 9 sea principal ram, ue exportam para Tacumam @ Buenos-Ayres com alguns cou- 108, tabaco © assucar. De Buenos-Ayres em dous mezes de navegagito, chegam até Cidade de Assumpgao grandes barcos de carga de 4,6, © 8.000 arrobas. leguas abaixo da Assumpgiio tem na margem occidental do Paraguay a sua primeira boca o rio Pileo Maio, que trazen- doas suas muitas origens das ultimas Serras das Andes em mule tiplicados bragns, pussando dous delles pelas Cidades de Potosi ¢ Chuquissaca {ou La Plata) com bons 800 leytias de correntez, vem desaguar no Paraguay, formando sua seguala e terccira boca, 12 ¢ 16 leguas inferior & primeira. N'este espngo entram ‘na opposta margem do Paraguay alguns pequenos rios, sendo um drelles que tom a sun fox na Lat. 26°, 40', 0 Tibiquari sobre um Drago da qual ea 20 teguas a 8. S. E, da Cidade da Assuipeio existe Villa Rica, grande povo Hespanhol, e com muitas fizen. das de gado vaccum, ¢ cavallar nos seus largos campos, O Gen. tio Ayeurti ataca muitas vezos este povo. © Rio Vermelho ou de Tarijr, de quasi igual extensio no Pi. leo Maio, desngua no mesmo Indo occidental do Paraguay na Lat. 26" 50': sobre um remote superior brago deste rio existe a Villn de Salta, proxima de uma accessivel quebrada e passo de Cordilheira dos Andes; eseala importante para os Hespanhoes, 4qvo de Buenos-Ayres e Tucumam eonduzem suas fizendas para © Alto Peri. Os Hespanhcos tem tontado, ha mais de um secu Jo, 0 navegarem pelos Rics Vermelho ¢ Pileo Maio, para sa communicarem pelo Paraguay com os seus tices estabelecimen- tos do Peri ; porém as muitas caxceiras na parte superior dese tes dows grandes rios, os pantanaes quo doviam veneer, as mo- lestias que soffreram, © as muitas ¢ valentes nagdes de Indios queencontraram, Ihe tem dificultads este wil intento que 0 wm. P00 ointerease, que tudo vence, thes pole fucilitnr. O Riv Parané ou Grande, que os primeiros descobrideres, yew uw 182 do 0 seu maior cabedal de aguas, tomaram polo principal tio, conflue com a margem oriental do Paraguay na Lat. 27° 25 tomando o Paraguay desta posigio até entrar no Oceano 0 no- me do Rio da Prata, nome que muitos querem que se dé a outro rio de que o grande Paraguay seja brago, © que o princi pal seja 0 86 porque este rio tem do. Patari suppo- sigito artitraria, pois sabemos a ruzilo destes diversos nomes, © eri Martim de Sousa, primeiro donatario da Capitania do 8. Vicente, auxiliou on mandou com sulficiente escolta a Aleiso Garcia para reconhecer os vastos ¢ ainda no trilhados sertBes 1 Occidente da larga costa do Brazil: este impavido Portuguez travessou o Paraguay por as partes do Peri, d'onde voltou cur- regalo de prata, ¢ algum our, fwzendo pouso, € espera nas mat- gens do Paraguay com um seu filho de tena idade © alguna ete, em quanto maadou dar parte do seu rico descoberto. ‘Neste intervallo de tempo, appareceram os Indios Guyacuris © Payagéas, inimigos dos das vargens ou Xamuia, entre os quaes fiedrn o dito Alvixo Garcia, que mataram com toda a stn comiti- va, eativando o filho, e roubando a prata que Ihe achuram, repe- tindo a mesma mortandade aleivosamente n’aquelle logar ¢ sobre as aguas do Parand, sobre sessenta Portuguezes que no anno seguinte vinham encontrar 0 jé assassinado Aleixo. E suecedendo logo depois desta catastrophe que os Hespa- hoes principiavam a estabelocer-se no Tio da Prata, comman- ddados por Sebasti&io Cabot, ¢ pelo anno de 1526, quizessem re- conhecer mui superiormente esto tio, e encontrando nas suas margens 08 Indios que tinham morte ¢ roubsdo o9 Portuguezesy ‘e vendo-os com a prata roubada, assentaram era producyfo do paiz, boptisando, em consequencia desta supposta descoberta, por Rio da Prata, ao verdadeiro Paraguay, que ficou na sua parte su- perior conservando © sev privativo nome. © Rio Porané ou Grande tem as suas principaes origens na face occidental das Serras da Mantiqueira, 25 leguas O. da Vil- la de Parati, e pasando por S. Joao d’El-Rei, uma das 4 Co- smareas da Capitania de Minas Gcraes, vem confluir com 0 Para- guny, corn muitos diversos rumos com 400 leguas de curso total, Feeebende por ambos os lados muites e grandes rios : 08 que the entram pelo N. comprehendom grandes terrenos, ¢ fazem con- travertenies com o8 rios Parahyla, 8. Francisco, Tecantin, Ara- guaye, Rio das Mortes e outros ; nfo tendo menur oxtensiio os que he cntram pela opposin rnargem, que ‘em os seus nascimen- tos muito perto, ¢ nas altas Serax que ornam a soberba costa do. Brazil, sendo um d’elles ¢ mais notavel oda Curutiba e o mais de S., e que & em parte limitrophe pelo tratado de limites. Elle traz as. suns fimtes dus Serras yisinhas costa do Para: agua, ¢ correndo dirertiments de Leste a Oeste, por 120 leguns de extensdo, entra no Parana an Lat. 25° 35°. A este se seguem para o Norte os rios Yvai, Parund-panema ou Petagy, Tieté, Mogé, Pordo, Sapucehy @ outros, contendo todos elles ricus trabalhosas minas. Da coufvencia do Parani com o Paraguay para baixo tem os Hespanhoes sobre ns margens, grandes estabelecimentos: um elles € a Cidade de Corrientes, na margem oriental do Paraguay, Proxima de sva juncedo com o Parand, Vinte e seis leguas tnais abaixo e sobre © mesmo lado, 0 grande povo de Santa Lui assim como na oppesta margem e na Lat. 31° 30° a Cidade de Santa Fé, no angulo que fiz.0 Paraguay, pela sua occidental mar- gem o Rio Salado, ou Guachates, que vem da Serra dos Andes ‘com duzeatas leguas de curso, e assiin outros menores e interme- dios estabelecimentos. Emfim o rio Uruguay, que tem as suns fontes nas corres vi- sinhas @ Ilha de Santa Catharina, ¢ que na sua parte superior pertence ao Dominio Portuguez, enira no Paraguay pela sun mar- gem de Leste com 240 leguas de curso, recehendo por ambos 8 Indes muitos, © no pequenos rios, que o fazem fundo e eau I daloso; a sua fox esti na Lat, 33° 30 e n’ella finda 0 rumo ge- ral de S., que traz o Parnguay desde suas remotas origens; cujo yumo ou Meridiano de 320° © 600 leguas de extensio, coria este grande rio em varins partes, ayezar das grandes voltas que faz, ind» passar proximo da Cidade de Buenos-Ayres. rio Gunporé tem o seu nascimento no cume das serras ¢ ‘campos dos Parecis, em Lat. 14° 42°, e Long. 318° 42); seis lee guas a O.da fonte principal do rio Jaurti, duas-a Leste do Jue 183 Ist Tuena, ¢ tres no mesmo rumo da origem do Sararé, e precipitan- dowse igualmente com o Jauré da alta escarpn das ditas sereas, formando ambos, logo, muitas caxoeiras, eorrem parallelos com curto espago entre si, até voltarem aos oppestos rumos ; 0 Jaura ‘A nascente para entrar no Paraguny, e o Guaporé tendo igual- mente corrido 0 mesmo rume Sul por 15 leguas, vai voltando 14 Poonte por mais dez, até o logar da sun panta, por onde passa ‘a estrada geral de Mato-Grosso por Cuyab ; tendo o rio neste logar quinze bragas de Iurgo e duas de fundo; dx ponta ainda continia a O. até Villa Bella por 22 leguns de curso. Villa Bella, Cupital do Governo de Mato Grosso, situnda na ‘margem oriental do rio Guaporé em terreno © campos, que todos ‘6s annos alagim, @ cereada de pantanus deste rio 0 do Sararé que the fica tros loguas w Sul, est na Lat. 15°, e na Long. 317° 42". Foi fundada em 1752. Dista esta capital 50 leguas a0 Occidente da fox. com os Do- rinios Hespanhoes da Provincia de Chiquitos, 6 enberta por altas serras, densa mataria, grandes pantannes, ¢ largos campos, @ cor tado pelos dous nao extensos rios Alegre e Agoapehy 5 os quaes ios, nascendo pela Lat. 16° 00 vertice ewxtremidade austral do solido triangular das altas serras chamadas de Aguapehy, com poueos palmos de distancia, entro um e-outro rio, correm paral Ielas, ¢ com breve intervallo entre si, atravessando-os pela exten sio de 7 leguns até se precipitarem pela face do N. d'estn serra *, Tormando utes rioe no campo, uma legua distante Wellas, tm isthmo de 8.920 bragas, voltando delle com oppostas direcgdes, o Agnapehy @ nascente para desnguar no Jaurti, 3 leguas abaixo do Registo deste nome com 30 leguas de curso, eo Alogre para Poente, para entrar com pouca maior extensiio do Guaporé, pela sua margem de 8. meia legua acima de Villa Bella. No tempo em quea [Sxm. Sr. Luiz Pinto governou esta Capi- tania, passou-se por ordem sua uma eanda do Guaporé para 0 Paraguay, navegando-se desde Villa Botta pelo Alegre acima 5 do qual por varadouro de 5.322 bragas, mais extenso, porém mai fuvoravel do que 0 j& mencionady, se yarou o bote para o Jauris, fe Weste no Paragany. Isxte trajecta, pela pouca agua «estes dius tios, que no tempo da secen € mais dimindta, assim como pelos scus apertados ea acs, 86 ny tempo da maxima cheia se pode facilitar; tanto pelas Ponderadas razBes, como pant se vencerem as caxoeiras que tem j das quaes duns sfonotaveis, uma no Alegre, quando este rio se encontra as serras do Kayado, ou de Santa Barbara, e a ouira no Aguapehy, 13 leguns superior a sun boca no Jauri, Siio estes dous pequenss rios, que enchem sentido litteral do art, 10 do tratado de limites. No rio Alegre, tres leguas acima da su boca no Gusporé, the entra por sul o pequeny rio Barbados, na qual e na sua margem de Leste, na Lat. de 15° 19’ 46”, mesmo no meridiano da Villa Bella, se ach a povorgao de Casil-Vaseo, novamente edificada, de que dista 10 leguns pela navegng&o do tio, € 7 pela estrada de terra, © aonde os Portugueres ji no anno de 1760 tinham fa- zendas de gaily © estabelecimentas coovos em Villa Belia. Recebe 0 rio Barbados, que 4 leguns acima da dita povoagite se perde entre pantannes, muitos esceantes, que 0 forinam por ambos os ladus © correm por largos campos. Um elles, w que vem direetamente ds S., 10 leguas disiante de Casal-Vasca, 6 0 Principal tronco do pequeno rio Barbados, naseenido em um lago de legun de oxtonsio, que pein semethunga de sua figura tomou © nome de Rebeca, cereada de alta mataria, a nnscente da qual ‘ea menos de: legua do dito Ingose encosta a este mata o eaccante das Salinas, que ainta vem mais de Sul ; sendo este capio de mato de terreno alto, de na pequena extowso © propria. para cultura. A dita yereds pantanosa, ainda que de pouca largura, € muity abundante de succo salino. Scisleguns a Pounte dos larges campos d'esta Salina, ena Lat. 18° 46" hauma comprida serra, chamoda de Salinas, aonde vai tar a mataria e terrasaltae, que das serras frontciras ea O. da Villa Bella, cominuando aS, passam pelo dito monte das Salinas, ese estendem ainda além d’e!le no mnestao rama; cervando assim esta muuria, e limitanda por Poente os campos de Casal-Vasco, ‘98 quaes se extendem por mais oulras seis loguas, até se encon trarem €om os matos que bordam o Indo oceiental das serras de Aguapchy, vindo a 18 ester enmpos, que com pouen dtl 186 renga formam wma s6 stiparficie quadrada, 12 ou 14 leguns de Inrgura, cortadas por muitos escoantes, 9 cobertos de repetidas ithna ou capes de mato derrarmados por todos elles, cujos escoan- tere campos inundades no tempo das cheins do Guaporé, ns cem com pouca differenga pela Lat. 16° 15° de terreno elevado. fe coberta de Inrga e densa mataria, que se prolonge por muitns Ieguaw até o Paraguay © matos qué cobrem a ponta da serra de Limites ou dn Uberava,continundo esta geral mataria igualmenta para O. por grande extensiio. ‘A'S. desta larga ¢ extensa matnria exister as Misstine Hes- panholas da Provincia de Chiquites, sendo 8 mais proxima a de Euncia Anna, povonda por 1.400 almas, que fica 38. S.—S. O- de Vila Bella, 7 loguas ai 1 mesmo rumo existe a de S. Rophiel, que consiste de 3.500 almas. ‘A Fornte, ¢ a 7 leguas de S. Raphael, acha ade S. Mignel, 6 1.500 alas. Sancto Igoacio, Missfio de 9.000 slmas, fica « 8 leguas de Sancta Anna, a rumo de Poeute, sobre uma das origens do rio Parngat. Vinte Inguas a O. de Sancta Ignnciy esta a Missto da Con- ceigdo, de 3.000 almas, sobre as fontes do rio propriamente chamado Baures Outras 20 leguns distante da Conceigo, a ruma S. O., esti a Missio de S. Xavier, de 1.500 almas de populagio, ¢ d'ella con tam os Hespanhoes 50 leguas até a Cidade de Santa Cruz de la Sierra. De S. Raphnel siio 30 leguas a rumo geral de S. até a Mis- sf de 8. Jond, de 9.600 almas, 6m que ha copiosas salinas, onde os Hespunhoes extrahem muito sal; ¢ perio, ea S. d'ella, existe S, JoséVelho, logar primeiro da fandagio da Cidade de Sancta Cruz, restanda ainda tres edificios em que vives al guns Indins. S.J: Ro, Miss de 500 habitantes, fica com pouca differenga 30 leguas a Leste da de S. José, © 40 ¢ tanias distante das Sa- inas do Juri, terreno por varias yezes trithado por Portugue- 20x ¢ Hespinhoos desde ella até o Registo do Jaurti 187 Usnfim a rumo 8. B. se segue a Missi de Santiago, de 709 habitantes.* Dez leguas, no mesmo rumo adiante de Sentingo, esti a do Santo Corago, de 800 almas, sendo esta ‘Missao a maiy remota da Provincia de Chiquitos, ¢ situads a Occidente das Serras de Albuquerque. As duas Missdes de Santiago © do Santo Coragio, e ainda 8 de, Joio, polem communicar-se fucilmente com o Paraguay pelos logos Mandioré, Guaiba e Uberava. Por esta ultima lagbo, dobrando para 8. a ponta do N. da Serra de limitcs, © ven- cendo alguns pantanaes, acharam 3 Portuguezes, no anno de 1791, caminho que es conduziu até « Missiio de Santiago, eem poucos dias, @ que os Hespanhoes ignoram, nio se animando a transitar estes terrenos, com medo dos Guayeuriis, que atacam muitas vezes esta Miss#0, ¢ a do Santo Coragin, 0 que tem Teduzido ® pequeno numeto a populagio de ambas. Consta a populagio tow! da Provincia de Chiquitos de 20.000 stmas, Indios. O terreno ¢ regularmente savdavel, e nas suas ‘campanhas tem fazendas de gado vaccum e cavallar. Q grande numero de tantos ¢ extensos ios que, nascendo na capital de Mato Grosso em multiplicados bregos, que, correndo fem oppostas direceBes, os fazom logo caudalosos © navegavcis, indicam assaza existencia de outras tantas Sorras, estes solidos essamentos du terra, © outros tanios reservatorios que os sepa ram e formam. A’ nascente do Villa Bella fica um prolongamento de conti- nuadas Serras, ¢ em que existem seus adjacentes atraines. Ellas tem a sua extremidade do S, na Latit. 16° 21° a Occidente das Salinas do Jaura, e do pantano do Pau a Pique; que ee enccata aellas, edirigindo seu rumo geral a N.N. O. vo format com 10 leguas de extensfo a Caxceira-grande do Agoapehy, lovane tando-so ro mesmo rumo d'ahi a 4 leguns, para formarem a alta tromba de Santa Barlara, chamada tambem de Agoapchy; esta tromba continuam as ditas Serms por mais de 10 leguns em que o Guaporé as atravessa, duas lnguns a S. da sun frente. Quatro leguas mais adionts passa por cllas a estrada geral, as. sim 5 leguns ainda mais aliante as cori o rio Suraré a 7 leguas 188, distunte de Villa Bella, por onde passa a sua estrada para or farraiaes ; deste logar continun por mais de 10 leguns até dun- Teguas a 0. do artuial de'S. Vicente, onde terminam com 4( Jeguas do extonso, 5 distaate do rio Gunporé. “Toda esta Serta é coberta de densos matos, de que tirow ono: me a capital, 08 mais excellentes para une pingue cultura, € fm que se a0 admira colher © laveador 200 ¢ mais alqueltes de mitho por um de planta. Sobre aescarpa d'estn serranin existem 08 arraiaes ¢ mins adjncentes a Villa Bell, D'elles o mais antigo « proximo 6 0 da Chapada de S. Eranciaco Xavier, nu Lat, 14° 47’ distante de Villa Bally 6 lonias em linha recta 2 N.E., ¢12 segundo as voltes da eatrada na face occidental das ditas Serres. Este arrsial esté hoje quasi deixado, nto por the flkarem ainda algons veiros do precioso metal, em um dos quaes se extrae 0 o2F0 no sou maxi- va estado de pureza de 24 quilates, o que se nilo encontrn em igus outra mina do Universo, perleigao a que s0 as operesis chenieas fazem chegar este metal ; mas por abr este artaial falto de ngune, e deponder para xotrabalhor nelle, grande forge de tempeatios, ficando assiin esbulhada n primeira grandeza, many tendo-se faturas esperangas. O arraial do Pilar fica 12 feguas thitamce de Villa Bella, na excarpa oriental das ditas Serras, mui- tay derramadas e contiguas fabricas que fuze o seu todo. Ua legua adiunte do Pilar esti o orraial de Senin Anna pa Lat. 142 45': coeva com oda Chapada, [ui igualmente rieo ogran- de, hoje deeadente © quasi abandonado. "A Sania Anna se segue encostado a mesma fuce oriental das ditus Serra a8 fabricas do ouro fino, n pouca mais de legua © quarto, mais adinate 0 da Boa Vists. Done legios adiante da Boo Vista, 021 distante da Villa Bell, vando as voltas da estenda, mas 60 12 em linha recta, existe 0 cresial de S. Vieerte na Lat, 14° 30", que presentemente ¢ o mals povoado. © ultimo arrninl, e que fica 17 loguas a Leste da eapital, na catvada gotal,em Lat, 15° 16',6 o da Lavrinha, tambem jé docn- ido da sua primeira grandcza: Tleguas a Sul da Lavrinha deSun- 189 ta Barbera, sobre 2 tromba da Serra nome, tem bons pedretras, pouea agua, n'elle quasi se nfo irabalha, De todos 8 ditos arraines lavras se tiram royularmento, quando as aguas nfo sao diminutas, 10 arrobas de our cada anno, © tio Sararé 60 primeiro que entra no Guaporé pela sun oriental margem em Lat. 14° 50 5 leguas de navegago obsixo de Villa Bella, © nascendo. nos campos dos Parocis, como fica dito, corre por 19 leguas a Sul, espago em que recebe muitos ti. becirdes, dos quacs o Pinshituba €.0 mais notavel, que tem suas origens proximas as do Guaporé e Jutuena: findo 0 dito rumo do Sul, corre por outras 15 leguas a Poente até a sua foz no pé das Serras dos Parecis ; sendo as suns marzens na maior parte ula- sadas, @.08 sous matos os mais excellentes para n mais pingue cultura, é Scis leguas abaixo da fiz do Saruré desagua na occideotat ‘marge do Gunpore em Lat. 14° 40’ o pequend rio Capivari, que fem as suas fontes nas Serras que ficam fronteiras a Villa Bella 19 dito opposto lado do rio. 4a fica dito que as Serrs dos Parecis extendem uma alta e Prolongada fice a rumo de N.—N.O. parallelo na Guaporé, que corre de 15 0 25 leguas distante d'ellas, seguindo as suas curvic dades : na sumidade de quaes Serras tom 0 seu nascimento nite #0 0 Guaporé, mas todos os rios que n’elle contluem pela sua margem dircita. O rio Galera € 0 que sesegue no Sararé, nasceno nus ditos campos em quatro nfo pequenes bragos, e desagua na margem le Leste do Guaporé, § legias abaixo da fox do Capivari ; na op- Posta e occidental maigem do Guaporé, desagua n’elle o Rio ‘Verde em Lat. 14°, 22 leguas em linha recta, © 27 soguinds as voltas do rio, de Villa Bella, O Rio Verde tem o seu nascimento na Lat. de 15° 15’, ¢ corre a Nascente coriando, e entre as Serras que, principianda tres lee guas a Sul de Villa Bella, formam a margem occidental do Gua- Pore, continuando parullelos com elle. Tem o Rio Verde muitas enxoviras, das quaes a primeira fica tres loguas acima da sua fas alias e densas matarias, ¢ nelle ainda habita muito geutioe 190 [As dias Serras frontcims a Villa Bella, ¢ que tem 20 teguee ésatrnsdo, abeiram wo Goaporé por um morro desacado del- tos, cxjo pinacolo figura umes velhas e arruinadas nuralhs, de ruattiroa 0 nome de Torres: existe om Lat. 19° 90", distants at Tnguas da boca do Rio Verdr, rondo esto logar como ve fecho para'a navegagdo superior do Gunpord: & logvas nnies de che- frit as dites ‘Torres enten an margem oriental do ‘Guaporé 0 ry Ginritesé ou Piolho, que tomou este nome de um grande Quilombo de escravos fagidos, assim chamado, 0 que o xm. Se. LLuizPiato, quando governou esta Cupitania,mandon destruir,a0°% hendendo-se muitos escravos: diligencia que se repetiu em 1795, por ordem do Exm. St, Joti de Albuquerque, pot consiat ae ° pete daquelle quitombo ae tinha alli novamente estabelecide s 0 com efbito 80 acharam relle G4 peseces que’ vieram para Villa Bella, isto 6, seis negros muito velhos, que eram os Patriarchas deste escondido povo, 8 Indios © 19 Indias, senio destes 27 in dividvos, 10 nascidos n'aquelle quilombo, de idade de 3.0 14 an nos. Os ditos negros ¢ outros ja fallecidos, ajuntando-se maridal- vonate eom algames das Indias, foram pais de 21 rebustos Cabo- és, 10 rapazes @ 11 femeas, tados de idade do2 st6 10 annow- ‘Ecomo 0 terreno contiguo a este quilombe dev experangas de tum riquissimo dencoberto pela inexperiencia € ‘encarecimento dos Ge foram n’esta diligencia, se mandarem novamente com fra: ‘ventas © mantimentos, para povoar solidamente este logiry o¢ sons j& domesticados e antigos domiciliarios, dando-se o nome do wulée Carlota a este estabelecimento; porém, indo examinar facella supposta descoberia 12 dos prineipaes minciros de Maio Grosso, com grande numero de escravos © dexpeza, achnram todos unanimemente n&o conter nem ‘ainda o mais insignificante signal de ouro, nem formagio alguma que 0 indionsse, ficando fesimn estes novos colonos entregues a sun natiga indigencia geparados da communieagao publica e particular» Diste « Aldéa Grrtota 15 leguas da margem do rio Guaporé, pouco mais de 20 do arraial de 8. Vicente, 3 leguas abaixo da foz do rio Piolho, fntra pela margem oriental do Guaporé 0 Rio Branco ou Cobexi, fe 30 leguas de extensBo, quey como © antecedente, tem es suns origens das Serras dos Parecis. ee 191 Duas leguas abaixn das Torres desagua, na margem dircita do Gusporé, a rio Tutva, que muitos confindem como Piolho. ‘Trinta e tres loguas abaixo das ‘Torres, © 20 somente em linha recta a Poente, enirana opposta ¢ austeal margem do Gusporé 0 rio Paragait na Lat. 13° 33", E este um rio, ninda que de poucas aguas, de no pequena extensfo, tendo as suas origens nx Pro- vincin de Chiquitos, entre as MissOes de Sancto Ignacio e da Con- ceig&o, nn Lat. 17°, e correndo.a N. inclinundo-se na parte infe- rior para Poente por 60 leguas de curso, parallelo aos rios Verde, © Gunporé, entra neste, no dite lozar; rio proprio para extrema entre us 2 confinantes nugdes. Duns legnas inferior & bocca do Paragait entra na mesma me- ridiounl margem do Gusporé o pequeno Ribeirao dos Guarajis na Lat. 13° 19°, e Long. 315° 45° :as minas d’este nome ou de Saneto Antonio ficam 4 leguas a O. na margem do Guaporé, descobertas e trabalhadas algum tempo pelos Portugneres. Dos Gunrajus corre o Guaporé aS. 0. por 10 leguas de nn- vegnoao ate a foz do Rio Carumbinra, que entra pela margem dirsita em Lat. 18° 14’: 3 legnns antes de chagar xesta fox enira na margem appasta o Igarapé Coluranho, fronteiro no logar das larangeims, que existe na margem de Leste do Guaporé; logar em que viveramalguns dos primeiros moradores da Capitania. O Rin Carumbiara ten as suns funtes om muitos bragos que ns formam das Serms do Parecis, fazendo com elias contravertentes, outras origens pela eppesta e oriental face deste Serrania, que so asdo Rio Jamary. Em 1744 os Sertanisias de S, Francis Xavier achnram n’este Rio alguns Ribeirdies com oaro ticia dn descoberta do Arinos em 1747, chamando a si a maior parte destes moradotes, fez perder até hoje a certeza dos ja vistos lognres, ficanda apenas a sua vaga tradieytv. ‘Dex leguas inferior ao Carambiard, © com 16 de navegnefo a0 rump geral de O., entra na margem dircita do Gunporé o Rio Me~ quens, que tem as suus eabecoiras em varios bragos. das Serms dlos Parecis, as quace tambem so contravertentes dan do Jemary. © Rio Moquens tem sua foz coberta pela liha Comprida de 4 Jeguas de extemsio, entrando no brago ou canal de Leste. 192 Os Portuguezes ji no anno de 1756 se tentaram estabelecer ‘com plantagiios e paseas na Ilha Comprida, domesticando os In- dios habitantes @aquelle e outts Rios. Esta noticia incitow as idéas dos Jesuitas du Provincia de Moxos, que fundaram acima da fox do Mequens a Missao de S. Miguel. Doz Ieguns da ponta inferior da Ilha Comprida, entra na mar- ‘gem de Norte do Guapore o Ribcirdo do Cacao, ou Pote-pintado, onde abejea 0 Campo dos Amigos. ‘Tres leguns mais O. faz barra na opposta margem do Guaporé ‘a Bahia Matua,¢ outess 2 legnax mais abaixo 6 mesmo lado estit aboca do Riacho Tanguinins, do qual élegua e moia até o desta. camenio das Pedras, que fica 16 leguas abaixo da Tha Comprida, O destacamento das Pedras, situado na Lat. 12° 52! 35" ¢ Long. 214° 37°30” sobre a margom oriental da Guaporé, 6 unico terreno alto © uma collina que so encontra em toda a extensn margom de Leste este grande Rio, e parece sera motn meri- dional do vasto paiz das Amazonas, por findar n’elle a producgito de algumas atrores fructas que n’elle so encontram, como 0 Sa- pocaya ¢ outros cocas, &c. ha n’este logar um destacamento militar, ¢ foi sempre olhado como um penta importante, ‘Tres leguas, mais abaixo, entra na opposta margom ede S. do Gaaporé, uma Bahia de pouco mais de 2 leguas de extensio, chamada 8. Simao Pequeno. Julgou-se que devia a linha divisorin,para salvar as possesses Portuguezas da margem esquerda do Guaporé, vir desde o Para- gati, entrar n’elle pola Bahia 8. Simo Pequeno, que deve ser imitrophe. Cito loguas a N. ©. d'este pequeno Rio ou Bahia, entra na ‘epposta margem do Guaporé o Rio 8. Sim®o Grande, um dos que aascem das Serras dos Pareris ; nella fundaram 03 Jesuitas Hespanhoes em 1746 a Mis-io deS. Simio. ‘Abaixo 6 leguas entra na opposia margem, de Sul do Guapo- ré, 0 pequeno Rio 8. Martinho, de curta extension, por entre cam- pos inundados em tempo dus cheias do Guaporé, dando assim facil navegug%o para o Rio Baures. Seis leguus inferior u esta boca, eaté a do Rio S. Migucl, que desagua no Guaporé pela sta margem de Norte. 193 De S. Miguel se navegim poucn mis de 2 loguns a N. 0. até © Rio Cautarins, 3.° que entra no Guaporé, pela mesma margem de N.: Rio de nfo pequeno cabedal de aguas. Do Cautarin so 16 leguns de navegago u rumo geral de Poente, com muitas voltis ¢ Ihas até o logne chamado de Li 1, situado junto da boca do RioS. Domingos, de pequeno eurso que entra no Guaporé pela mesma Boreal margem. Da boca do Rio S. Domingos so 2 leguas mtén Gunrda Pore tugueza, que existe defronte da foz do rio Buuros, que desagua no Guaporé pela margem de Sul. ORio Baures, do extensio e eabodal de aguas igual ao Gunporé, de que 6 0 meior confiuente, é formado por? grandes biagos, dos quaes o mais oriental € o proprio Baures, que tmz as suas m- motas fontes da Provincia de Chiquitos pela Lat. 17°, e correndo a Sul por 50 leguas parallelo ao Paragad, volta a Poente igunl- mente parallelo a0 Guaporé com 120 Irgaas de curso total; a distancia enteo estes dous Rios 6 muito curtn, fyrimada por matios, campos e pantanace; terrenns que nas inundasB:s, ficanto co- ertos de agua, potem dar passage de um para outro Rio : desta havegacao © communicagdes as que facilitam mais facil © breve passo soa Bihia de Matua, ou Tanguinhae, S. Sima Poqueno ©, Martino; este com menor difculdade do que os outros, por correr entre campos: distando a margem do Baures da do Gua- Poré, apenas n’estes logares, de 6 até 10 leg: O segundo, ainda maiore mais occidental drago do Baures, & © Rio Branco, que faz juncg&o com elle na sua margem de Ni 28 leguas acima da sua fuz. © Rio Branco trax as suas mais distentes origens da Missito de S. Jogo da Provincin de Chiquitos, pola Lat. 18° pasando 10 leguas a 0. do Povo de. S. Francisco Xavier, onde the dio 0 noine de Rio 8. Miguel. Dex leguns superior a confluoncia do Rio Beanco no Baures, entra no primeiro, ¢ pela marzem de Leste, 0 pequeno rio da Con. eriga, que navezando 6 leguas, se chega a Missdo deste name, hobitada por 4.000 almas. ‘Tres loguasacima da ditt confuenci ratea no Baures o Rio i 194 $. Jooquim, que navegal§ leguasy esta Miso deste nomes de 500 habitantes. Quatro lexuaa a Norte da for do Baures existe, na opposia mare gem dor Guaporé pequeno logar de Lamego. Duis legans a Poente deste logar, desagua no Gwvaporés pele san margem do Sal, 0 Rio Honamas moito frequentado dos Les panties, ue tom n'esto Rio grande Missdio du Magdalena, que ine dao sxte, outros nove cil habitantes; situndn mi Lat. 13." 21° 30 Teguns de navegngo, segunda as muitas vos que esie ie fis. aié a sua foz no, Guaporé, superior & qual 2leguas @ mois de avegngdo, entra no Kronames, pela sux margem de Poente,o io Mochupo, em que.os Hespanhes fundaram em 1792 a sta Missio de 8, Rumao. Qantso mithas a 0. du for do Ttonamas, @ sobre a maryom de IN. db Gonporé, on Lat. 12° 20° 30" x0 acha stand o Forte dds Principe da Beira, de que os primeiros alicerces se langarin em 1776, para substitair ao da Conceigko, que s6 ficava uma milha abaixo, ja em grandy ruina e estado inservivel. ‘Do Forte do-Principe para baixo corre o Guaporé 8 rumo ge ral do N. O.; nos primeiras 3!leguas de navegngao The entram pela margem de Lesie, enn Lat. de 12° 13° 30” 0 Kio Cautarias Pequeno' em fim com 21 leguas do nnvegaean, contains desde 0 Forte, e 14.em linha recta, conflue 0 Guaporé com 0 Mamoré pela sua marge de Leste, em que perde 9 nome: Esta é em summa a descripgao do Rio Gunporé, que, desde seu mento nos Carnpos des Parecis,corre cum muites ¢ diversos rumos, frrmando muitas Ihas, egrandes © amiudadas voltas, com 260 leyuas da eorrenteza total, até sua joueyéo enmo Max more. TE poato que as margens d'esto Rn aejne em grande parte ala- gndas, panianosas,¢ inondadas no tomyo das aguas, com tale a Empla escarpn das Serras dos Parecis, @ os argos terrence a lat tcmtiguos, que distam daa margens do Guoporé de & 12 leguas, fcortadag per tantos Ries, firmados por serras elevadas ¢ cobertos ida mnnis densa copada, e grossa matarin, com mindeirns excellentes para toda a construcg@o, inculcam asyaz ‘sér esta wastn extensio vivtervone a maais propria para umanbandante culturn, eortuda na 195 FoF tantos Rios, todos navegaveis e com fama de aurileros, que se podem commuanicar om poucos dins de navegagao, descendo ao Gunporé, que reeebe a todos; e por este ria com a capital de Muto Grosso e sous adjecon'es estabelecimentos. ‘Nas montanhas, sereas, matos,e campos dos Parecis vivem ‘muitas nagdes de Indios ainda nfo domados, de que os mais pro- ximos a nds ¢ conhecidos sia os seguintes : — Cubixie, nagao ‘que transita os Cempos dos Parecis, vivem nas cakeceiras e ma- tos dos Rios Guapore, Sararé, Galera, Piolho, e Branco, entre os qunes se oceuliam muitos eacravas fagidos—Cabixis-u-a-jurury, mistura de suas tribus d'estes nomes, vivem pelas cabecoirs do Jemary ¢ Juin —Parecis, antiga nag%o domiaante dos campos este name, que habitavar as origens dos sevs principaes Rios Que correm para o Tapnjoz, © que as incursdcs, captiveires, & emigrago causadas pelos Portaguezes, quosi extenguiu, devondo eta naga a sua ruina ao seu valor e pacifica conducta: 0 resto gue escapou se misturou com og Cabixis e Mambares.—A babas, Puchscases, © Gusjeju, existem nes matos que fermam 3 supe. res bragos do Rio Carumbiard.— Mequens, nagdo mansa no Rio deste nome.— Patetons, nacio valente e numerosa, na parte superior do mesino Mequens. — Aricoronsi Lambis, tribus nu. merosas ao Rio S. Simito. —Tumararés, entre o9 Rios §. Simao Jamiry Crutrids jem um brago do N. de S. Simifo, enas ve tentes do Juina.— Cautarios, nagio numercsa, valente e descon. finda, no Rio d’este nome.—T'ravessBes 6 Usjurutes, vivem a dos Cautarios. Estas so a8 naedes que vivem na free occiden. tal das Serras dos Parvcis ; na opposta face vivem outras nagBoe, das quaes as mais proximas:—Mutasures, extremam com os Ca. bixis, e se extondem até os Arinos.—Mambarés, enm quem se mis. tram os Cabisis n’um brago do Juruena.—Apiacas, lingua go. ral, na conflueacia do Juruena com 0 Arinos—Cabeibas, lingua feral inferiormente & dia coufluencia. — U-y-apes, nagio feroz ainda mais abaixo— Mombriaras, abaixo dos antecedentes, ‘T meris, no Juin e alto do Rio Galera.—Puelneas, no Juina abai- x0 da vaso antecedento.—Sarumns, entre o Jamery ¢ Tapa. Jox—Uhahias, abaixo dos antecedentos.—Xaxuruhinas, no Rio este nome. — Guajojtis e Bucuris, na Rio Arinos.—Camararés, 197 DOCUMENTOS A QUE SE REFEREM AS INSTRUGOES DADAS AO VISCONDE DE BARBACENA, PUBLICADAS EMON.291 DA«REVISTA", Ne 1. Dom Joo, por grnea de Deus, Rei de Portugal e dos Algar- ves, d'aquem e dalém-mar, em Africa, Senhor de Guing, &e. Fago anber a vos, Conde das Galvéus, Gavernador ¢ Capitito General da Capitanin dus Minas, que por sér necessario fazer- se uma reforma geral, assim dos emolumentos dos Paro- chos d'essas Minas, como dos Offciaes de Justiga Secular Ecclesiastica, os quaes emolumenios foram taxados no princi+ pio @ellas, respeitando-se & pouca gente, ¢ abundancia de ouro ¢ carestia de viveres que ent%o havin, o que no estado presente parece exorbitente: Fui servido ordenar, por resolugfo de 13 do presente mex. ¢ anno, em virtude do Mew Cancetho Ultramarino, que se faga uma Junta n’essas Minas, em a qual assistireis, co. mo tambem por commissio Minha os Intendentes qoe foram para as comarcus dexse governo, ¢ 0 Juiz do Fisco, e Martinho de Mendongn de Pina e de Proenga, achandoe ainda nessa Capie tania, que todos terio voto ; ¢ da meama maneira sero convo- cadus para a dita Junta alguns Ministras Ecclesiasticas, por com- missle do Bispado, para que so faga a dita roformagao j ¢ por estar em grande distancia o Intendente do Serto do Frio, nto podendo este vir & Junta pessoalmente, mandarao 0 seu voto por cescripto: achando vos que 6 convenicnte ouvir os Ouvidores © Comaras, thes pedireis os seus pareceres por escripio, os quacs 80 serrirao de instrucgfo, para sobre elles se votnr na Junta : E para cumprimenio desta minha Real Duterminag&o vos ordo- no que pola parto que vos tuca a fagais executar, dando-me conta do que se assentar m Junta, para Eu resolver 0 que fic mais conveniente. EiRei Nosso Senhor o mandou pelo Dr. Ma- 26 198 uel Fernandes Varges, e Gongalo Manuel Galvo de Lacer- da, Conselheiros do seu Concelho Ultramarino, ¢ se passou por dons vins. Antonio Pereira de Sousa a fer em Lisboa Occiden- tal, a 20 do Janeiro de 1735. O Secretario Manue’ Caetano Lopes de Lavre a fez escrever. — Manvel Fernandes Varges— Gonsalo Manuel Galo de Lacerda. — Joaquim Miguel Lopes de Lavre. N° 2. D. Frei Manvel da Cruz, da Ordem Co Mellif_uo Dr. 8. Ber- nardo, Mestre Jubilado na Sagrada ‘Theologia, ¢ Dr. peta Uni- versidade do Coimbra; por mercé de Deus, e da Satta Sé Apos- tolica, Primeiro Bispo d’este novo Bispado de Marana, e do Con eolho de Sua Magestade, que Deus guarde. Fazemos saber que 08 quatorze dias do mez de Setembro do mil sete centos ¢ qua~ renta e nove, visitando a Igreja de Nossa Senhora da Conceigo de Villa Rica, achimos 20 § crario, Pia, Santos Oleos, @ Alt - yes com especial decencin © asseio; em o Parocho grando promptidio na adminivtragao dos Sncramentos, ¢ aos sous iro- fmezes ensinande-Ihes a Doutri a Christin, ¢ frzendo-thes Pra- ficas nas EstagBes. dirigindo tudo co ben espiriua! day suas ‘almas, de que the dames os be-a marecidos louvore~, ¢ du mes- ma sorte os damos tambem a tolos os Officiaes, o Irmios das Irmondades, @ mais freguezes d'er-a Fregveria, pola diligencia que pe, ¢ zelo com que concorrem, a sim para o augmesto dhs ditas Irmandades, como para o complemento da sua Igreja, no ‘que certameote adquirem grandes merecimentos n'esta vids que Deus NessoSenhor na outra thes remunerara com suprabundan+ tes prenfioss Mas para que tudo ¥6 sempre om augmento, @ che- gue & ultima perfsigho, assim no material da Matriz, como no faascio della, e para que se satisfaga ao Culto Divino com aquel Ja perfsigto que The € devida, nos pareces cdvertir, © prover em figuras cousas nos capitules segvintes. Cavrroro I. ‘Attendendo nés 4 represeatagio que nos fizeram os morado- res d’esta Freguezia, sobre 0 excesso dos emolumentos paro- eS 199 -chiaes, por cujo motive se deixavam de celebrar muitas festivida- es, e se no faziam Officios pelas almas dos fteguezes que falle- ciam na dita Freguez'a, nos resolvemos, oavidos os ditos fregue- es, © o Reverendo Dr. Promotor da Justiga, moderar os tnes emolumentos em forma que com deccncia se satisfizesse 0 Calto de Deus nas festividades, e se nfo faltasse no sulfragio das al- mas, por meio dos Officios estabelecidos em tolus os Bispados, ¢ na forma das constituigBes que n’este se observam, fazendo para tudo este regimento seguinte, Carrrero U. Em todas as festividades geralmente tera 0 Reverendo Paro- ccho da Missa cantada quatro oitavas ; 0 Dixcono duas; eo Sub- Diacono o mesmo, ¢ 0 Sachristdo uma oitwva. Tera mais 0 Re- verendo Parocho as seis velns da banqueta, e a fnbrica duas de cada Altar Colateral; © havendo Bea, tera della seis velns a mesma fibrien. Na Semana Santa ge dar” a0 Reverendo Paro- cho trinta e duas o'tavas ; aos dous Acolitos, doze a cada um ; a0 que fizer 0 texto © altos, 0 que se ajustar. E aos mais Padres assistentes, quatro oitavas a cada ur iio os havendo por ‘este catipendio, se ajustart com elles; ¢ o Sachrist@io, seis. E teri mais o Reverendo Parocho cito libras de cera, de toda a Se- mana Santa. Carirexe Ill. Havendo Procissio am qualquér festividade, tera 0 Revercn- do Parocho uma oitava ; 0 Biscono, © Sub-Diacano, cada um je havendo Vespers, tera n’ellas o Reverendo Parocho Diacono e Sub-Diacono uma cada um, © 0 Sa- Caprreto IV. Mandamos que todos os Pais de Familias, e 20s. mais fre- {guezes que 0 ndo sto, mas vivem sobre si, ainda que sejain sol- teiros, © fallecerem com testamento, ou sem elle, tendo bens de que thes possa resuliar terga d’alma, respectivo a ella, se thes fagam tres Officios, a saber, de corpo presente, mez, e anno, de nove ligdes ou de tres, conforme, ou até oude chegar a dita ter- ae 200 {54 nos quacs Oficios se dara ao Reverendo Parocho quatra oi tayas da Mise cantuda,e outras quatra de assistie ao Ofc Ao Dincono e Sub-Dixcono, por irvim a0 Altar, duas oitavas « cada um, ede assistirem a0 Officio outras duas. Kas mais Sacerdotes assistentes so dara i cada um duns citavas; todos com obrigacfio de Missa rezada excepto no Oficio de corpo presen. te, porque n’este, nfo deixando 0 tosindor Missa de corpo pre senie, como se fiz. tal Officio de todo o monte, se dara a cada ‘um dos Sacerdotve assistentes ao tal Officio, meia oitava de es mola pela Missa ; mas niio ao Reverendo Parocho, porque mola da Missa cantada entra nas quatro oilavas. Cavrreto V. Pelas sepulturas fra da Igreja, se ndio di esmola para a fa- Lirica, mas tera o Reverendo Parocho de Estola e Emcomenda- io tres quartos, © uma oitava pola esmola das duns Misaas. A Cruz da fabrica tera meia oitava; @ o fubriqueiro de apontar a cova um quarto ; Se algum escravo se enterrar dentro na Ig ja, tera o Reverendo Parocho de Estola ¢ Encomendagao, oitava ‘e meia, e uma oitava das das Missa. A Cruz da fabrica meia citava; € 20 fabriqueiro de apontar a cova ou sepultura, um quarto; ea esmoln da sepuliura, dugs oitavas paraa mesma fa brica, E sendo brancos ou pardos, e pretos forros, a respeito das esmolas das sepulturas, fiea omesmo que até agora, © tera o fa- briqueiro moia oitava de apontar 2 cova, ©a Cruz da fabrica meia oitava ; ¢ de acompenhar os dafuntos nos limites da Villa, tera @ Reverendo Perocho duns coitavas, ¢ citava © mein a cada ‘um dos Clerigos que scompunhar ; ¢ a Cruz da fubrica meia cita- ‘va je passando certidBes, outra meia oitava. Na Capella de Mis- ado Santissimo, tera o Reverendo Porocho, nfo sendo annual, tres quartos, ¢ sendo-0, © que ojustarom. Na Capella de Missas de Nossa Senhora, nes sabbados, o ladainha, tres quartos ; ¢ na Capella das almas o mesmo. A Procissao, gratis. ‘Como 0 que dissemos n’este capitulo sobre os tres Oficios de corpo presente, mez, e anno, ceda em utilidade dos defuntos, & ‘uma das principaes de diminuirmos os emotumentos parochiaes, sn, ¢ desejnrmos que commodamente se fagam os Offcivs, man- . 201 ‘lamos que, se algum tesiamenteiro, herdeiro, ou outen qualquée Peso, repugnar a isso, 03 puzer duvide alguma, por isso mesmo s*hoja logo pur de nienhim igor todo o novo. reximenco acim: Pesto, € poderfio as Reverendos Parochos continuar hugo a re. Fular-se pelo regimento antigo, que observario, sem que com 0 Pretexto de novo introduzido, ou lei, se posea revogar o costume antigy dos emolumentos parcehiaes, que pelo novo regimento ‘modificamos ; com a condi;@o ¢ clausula irritante de 9° fnzerem 8 taes Oficios, que de outra sorte no 6 nossa inten;ao dero- Eris o antigo costume. E mandimes com pena do excommu- nhiio maior, wssim ao Rererendo Parocho, Capelldes © Clerigos Gesta Freguezia, como aos fregueves, obsetvem este rezimento ‘como n'elle se contém; e@ revegamos quaesquér outrus usos ane tigos, capitulos de visita ou provisbes dos nossos antecessores que houverem n’esta materia. (E continuando-se 0 tercciro cae Pitulo, € todos os mais até o decimo tercviro, no fim dieste, que acaba folhas ojto de dito livro, continiia 0 fim, exjo teor é 0 © eu isfnseripio, CapeliZo actual d'esta Cape'la de Nossa Senhora do Rozario dos brancos, com Proviso do Sua Excellencia Revereadissime, trasladei bem e felmente todos os sobreditos Capitulos do Original que se achn em podér do Reve- Fondo Parocho desta Freguesia, 0 muito Reverendo De. Felix ‘Simoes de Paiva ; © por verdade me assignei com o meu sigonl costumado,— Padre Faria—da Villa Rica, vinte de eutubro de mil sete centos © quarenta € nove annos.—O Padre Manuel Pinto Freire. Pnovisa8 ox Sua Magusrinr. Dom José, por Graga de Deus, Rei de Portugal o dos Algar- Yes, d'squem e d’slem Mar, em Attia, Senhor de Guiné, &c. Como Governndor e Perpetuo Administrador que sou do Mea. trado, Cavallaria e Ordem do Nosso Seahor Jesus Christo: Fa. go saber a v6s, Reverendo Bispo de Mariana, do mou Conselho, {que por mim foi vista, em consulta do meu ‘Tribunal da Mesa da Consciencia © Ordens, a conta que me destes a respeite da con. firmucio do rogimento que fizestes para se evitarem os abusos © exeesios que levam os Parochos d’esse Bispado tos emali< ee 202 mentos Patochiaes ; 0 que visto, hei por bem ordenar que, om quanto niio sou servido resolver finalmente ‘este negocio, facais hrervaro dito regimento, excepto na nova introducgao dos Oi- cios que quareis pr aos meus Vassallos na clausula de que se paguer os enjolumentos antigos, mo caso dese uo seciiar pelos poros 0 encargo novo dos Officios. O que assim tereis entondido para observardes. El-Roi Nosso Senhor o mandou por seu «Pe eral manidado pelos Des. Filippe Maciel, © José Ferreira de Hor- ta, Deputados do Despacho da Mesa da Consciencia © Ordens. Constintino Pereira da Silva n fez em Lisboa sox 20 de Marco 401751, — Joo Velho da Rocha Oldemberg. a fez eserevers — Filippe Maciel—José Ferreira de Horte. No 3. Copia do requerimento que 0 Bispo de Marianna fer, com date de 13 de Abril de 1752. Dom Frei Manuel da Cruz, da Ordem do Meflifluo Doutor S. Ber- vnurdo, por mered de Deas e.da Sancia Fé Apostolica, 1B ‘Toute. nove Bispado de Marianna, e do‘Conselho de S. M- delissima, que Deus guarde, é&c- Carrot | ‘Fazemos anber que, em attengiin das repotidas representagbes que nos Bzorem os moredares deste Bispao, sobre o excesso doe Smolumentos parschines, por cujo motivo se deixavam de ecle- bear muilag festividndes, ese oo “ariaam Officios pelas Almas dos Defuntos; noe revolvemos a moderar os taes emoluments, de sorte que wom decencia se satisfizesse ao Culto de Deus nas Festi idles, ee nZo faltasse nos suragios das Almas, na forma des ConutiuigBes que n’este Bispado eo cbservam, fazendo para tudo isto o Regimento seguinte, Carrrvso IL. Emm todas as festividades geralments terd o Reverendo Parocho ‘da Missa cantada seis mil réis ; 0 Dincouo tres mil réio,0 0 Sab- Giacono 0 mamma; ¢.0 Snchristto quinze tosides, Tera mois © Reserendo Parocho as seis velas da banquetn, o fabrica duas de 203 nda sltar eolateral; ¢ havendo Hea, tera «ella seis velas a mecma fabrica. Na'Semana Saneta oe dara no Reverendo Parocho qua: enta ¢ oito mil réis, e€ wos dous Acolytos dezoito mil réix n enda um; © oque fizer 0 Texto © Altos o que se ajustar; e a08 mais Pa, ‘res assistentes seis mil réis a cada um ;e no os havendo por este estipendio, se ajustari com elles; no Sachrist&u nove mil ts teri’ mais 0 Reverendo Parocho oito libras de cora parochial de toda a Semana Sancta, Caerrvso IIT. Havendo Procissao em qualquer festividnde, teri o Reverendo Parocho quinze tost®es, eo Dincono eSubdiacono sete centos © cineven‘o réis a cada um; e havendo vesperas, teri n’ellas o Ro- verenda Parocho tres mil réis,¢ 0 Diacono e Subdiacono quinze tostdes cnda um, ¢ 0 Sachristito sete centos e cincventa, Carrreo IV. Mandamos que todos os Pais de fimilias, ¢ 08 mais freguezes que 0 nil sto, mas vivem sobre si, ainda que sejam solteiros, e fallecerem com testnmentos oa som elle, tendo bens de que Ines poss resultar tercinha dalma respectiva a ella, ee thea fagain tres Officios, a suber de corpo presente, mez, e anno, de nove licdes ou ée tres, conforme, ou a'é onde ehegar a dia terciaha, nos quaes Officins se darfo a0 Reverendo Parocho seis mil réis da Missa canteda, © outros seis de assistir a0 Officio ; ao Diosonu © Subd: 5 € 208 mnis Sacerdotes assisientes se dard a ena um tros mil réis, todos com obrigagao de Missa Tezada, excepto no Officio do corpo presente, porque n’este, nilo Acixundo o testador Missas de corpo presente, como se fuz 0 tal Officio de todo o monte, se dard a cada um dos Sacerdutes nssis- lentes no tal Oficia sete centos @ cincoonta de eamola pela Miss, ‘mas nffo ao Reverendo Parocho, porque a esmola da Missa can. tada entre nos seis mil réis. Carirvto V. Pelns Sopuluras for da Igroja se nfo dé esmola porn a fabti« 1 mas tera o Reverendo Parocho de estola e encommondagio mil cento.e vinte cinco réis, ¢ quinze testes pela esmola das dune 104 Micsns ; a Cru da fabrica tera sete centos ecincventa eéie, 0 fa- briqueiro de apontar a cova tresentos ¢ setenta € cinco réis. 58 algum eseravo se enterrar dentro da Iyreja, teri o Reverendo Pa- ocho de estola © eacommendagao dous mil duzentos e cincven- ta réis, e quinze tostGes das duas Misgos ; a Cruz da fabrica sete centos ¢ cincoenta réia, @ o fabriqueiro de apontar a sepultura tre- ventow e setenta e cinco réis; « a esmola da sepultura trvs mil Ts- para amesma fabriea. E sendo braneos, ou pardos © prstos fore 0s, a respeito das esmolas das sepulturas, fica a mearnn que ale agorn ¢ tera o fabriqueiro sate centos.e cinenenta réis ede acon panhamenio, havendo.o na freguoria da Villa do Prins tera ‘0 Revendo Parocho d'ella tres mil réis, e quinze tosides cada um dos Sucerdotes: e 9 pot actso acontecer depositar-se alum cada ‘er na Tgreja, para d'ahi ser encommendada, ¢ eval-o a sepullu- rr tert 0 Reverendo Farocho quinze tastBes, © cada um dos Cle- rigos sete centos e cincoenin réis 5 ¢ nas freguezias dos arraines tedas as capellas filiaes, tanto @eatas como daquella reguez terio oa Reverendos Parochos de acompanhamentoy quinze tostBes; e 0 mesino caila um dns Clerigos que acomPa- Hihar, ea Cruz da fabrica sote centos e cincoenta réis; eo Sachris- tao eete contos e cincoenta réie. Pelas tres admoestagbes em fe~ ral tora o Reverendo Paracho sete centos e cinenenta réts, © pas: do certid@o, outros sete centos ecincocata réis. Na Capella de Missn do Santissimo, tera o Reverendo Parocho, nfo sendo nual, mil conto ¢ vinte cinco réis, e sendo o que sjustarem, ma Capella de Missa de Nossa Senhora nos Sabbados © Ladsinha, nil contoe vinte cinco réis; e na Capella das ulmas o mesmo, © Procissdo gratis. Por evitarmos alguma eontroversin entre o Re- erendo Parocho @ os seus fregueres, e juntamenten davida que yoderio por alguns testamenieiros em mandarem fazer 08 Oni- roi an forma do Regimento, pela razio de se Thes nifo levar om Conta a despeza dos taes Oficion ; ordenamos que o Reverendo Doutor Juiz, dos Residuos leve em conta x despeza dos Oficios, ‘na mesma forma que outras quaesquer despezas; e se 0s tesla menteires puzerem outras duvidas, nos daro as razon dellns, de que tambom nos dara logo parte © Roverendo Parocho, para de- Jariemoso que for justo. Carervto VI. Mas so acaso algum testador, esquecido da sua Alma, e sem lembrar-se, nem considerar as gravissimas penas quo hade pade- cer no fogo do Purgatorio, determinar no seu testamento que se- Ro fagam pela sun Almaos Officios, que se costomam azer na Igreja Cathaliea, 0 que se nfo deve esperar de um homem Catho- lico Romano, porque seria fazer pouco caso, e sinda desprezo de uns sufftagios to uteis ¢ conducentes para allivio das Almas; nese enso mandamos n&o valhae Regimento para os mais sul fragios do corpo presente, e poder o Reverendo Parocho levar de seus emolumentos pelo costume antigo, porque n'esta parte hhavemos por revogado o Regimento a respeita dos suilragios de corpo presente de semelhantes testadores, e assim havomos por explicado @ declarado o Regimento supra, e a sua clausula irri. ‘ante ;¢ mandamos que com esta declaragfo se guarde té resolu. go de 8. Magesiade, a quem havemos de dar conta, Cavrrozo VIL. Emandamos com pena de exeommunho maior, assim aos Re- vorendos Parochos, Capellaes'¢ Clerigos este Bispado, como tog freguezes, observe este Regimento, enmo n’elle se contém, € Fevogamos outros quaesquer usos antigas, capitulos de visitn, ou provisBes dos nossos Antecessores, que houverem n’esta tnate- ia. Dado n’esta Cidade de Marinnoa, sob nosso signa: s6mente, 80 18 de Abril de1752. E eu Conego Vicente Gongalves Jorge de: Almeida, Secretario e Lscrivd da Camara Beclesiastica,o sub. scrovii—Com a Rubrica de Sua Excellencia Reverendissima, N° 4, ~ Dom Jodo por Gragn de Deus, Rei de Portugal ¢ dos Algne- ves, daquem, ¢ d’além mar, em Africa, Senkor de Guing, e da Conquista, Navegagaio, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia eda Inc &e. Fogo saber a von que eu presi oro a Lay por mim 208 nada, 6 passada pela minha Chancellaria, da qual o traslado ¢ 0 seguinte -— Tom Jo&o por Graga de Deus, Rei de Portugal « dos Algar- ves, d’aquem, e d’além mar, em Africa, Senhor de Guiné, ¢ da Conquista, Navegag&o, Commercio da Ethiepia, Arabia, Persia eda India, &e. Faco saber aos que esta Minha Lei virem, que por jusins con sidoragdes do Meu Servigo, descjando evitar n appressiio que ex perimentam os moradores des Minas, e principalmente os que 6x0 mais pobres, pela desigualdade © excesso com que silo fintados para acontribuigio do computo des arrobes de ouro, que con vercionaram com 0 Governador D. Braz Balthazar da Silveira, © depois eomo Conde de Assumar D. Pedro de Almeida, seu suc ‘comor no mesmo governo, haverom de pagar em satisfueo dos quintos de ouro, que me pertenciam pela regalia ¢ senboringem das mesmae minas, 0 que de prezente Ihes seria mais sensivel ‘aos pobres por ruzdo do acerescentamento da dita conteibuigto, que se.ajustou novamente com g dito Conde do Assumar: Hoi far bem que dodin da publieaco desta Lei em dianie nfo tena vigor algum, nem se proceda peln dita contribuigRo; e para o effeito da cnbranga dos quintos do ouro que me so devidos, sou sorvido que dentro no districio das Minas, nos sitios que parece- rom mais conveniontes, se fubrique e estabeleca logo & custa d Minha Fazenda uma, ou'maig cases, em que se haja de findir, reduzindo-se a barras todo o otro extrahido das mesmas ‘minas 5 fe prohibo que para fora deltas se prssa lever euro algum em pd, fou em barre, que nfo sejam fundidas nas Casas Reacs cas fun- digdes que mando erigir, e somente permitto que no districto das meemas Minas possa correr 0 our em po, ou o que vulgarmente se chama de — folheta,—a raztio de dez tosibes por citava, ¢ ‘com elle poderao os ditns moradores entre si commerciae livre- mente, € celebrarem us suas compras ¢ vendas como |hes con- vier. E pelo que pertenee no ouro em barra, depois de fundido nos diias Casas Renes da fundig&a, eorrerd no districto das Mi- nos a razfo de quatarze tostBes por oitava, sendo de 22 quilates; fe teste respeito, sendo de maior ov menor lei, terk o seu valor, cescuntamento ou diminuiglo, conforme os seus quilates. E 207 por quanto nas ditas casas de fundigiio, quando as partes a el- las levarem o ouro, se ha-de arrecadar o quinta que me pertence, Garei_n providencia nocessarin para que se cobrem os direitos reaes das Alfandegas, dox grnetos.qne eutrarem aas ditns Miras, por estarem confundides com a contribuig&e das arrobas de oueo que se me pagavam em satisfagio dox quintos: E toda n pessoa de qualquer qualidade, «stado ou condigfo que sejn, que levar para fon dodistricto das Minas ouro em pé ou em barra, que nao for fandida nas Casas Reaes das fundis%ex, incorreri, além da pena de perdimento de todo 0 ouro que the for achado, ov seje ‘seu ou alheio, na da eonfiscagio de todas os seus bons, © soré degradudo por 10 annos para a India; ¢ para que este descami- nho se manifeste, ordero a todos os Quyidores Gerans que no Principio de todos os nnnos comecem a tirar devassa, que vero sempre em aberto até o fim de Dezembro, e a’ella inquiriro pe- Jas pessoas: que levaram ouro para fora das Minas, sntes de sér fundido nas Casas Reacs parr este efluito destinadas, @ permitto que os transgressores desta Lei sejam relevailos, ¢ fiquem livres das penas que thes sfo impostas, ainda sendo cumplices no mes- mo delicto, se em publica, ou em xegredo denunciarem do desca~ minho da extracgito dooure, que tenho prohibido possa sahir para fora das Minas ; e de todo o que denunciar e se julgar por confiscado haverd @metade. Fi para evitar a filsidade que pode aver, ordeno que todas as barras que sthirem das Casas 2 das fundigBes sejam cunbadns nas pontas pola parte superior com as minhas armas, ¢ pela inferior com uma esphera, decla- rando-se no meio da barra por ambas as partes o peso e quilates do seu ouro, @ 0 anno em que firem fuadidas ;e ulém d'estas cautelns, poderfo os Ensaindores acerescentar todus as que lhes parecerem necessaring, ¢ para que no caso que se offurega als ma duvida sobre sér alguma barra falsa, ou verdadeizan fabricada, para que com tnais facilidade se possa averiguar, of- deno que nas Casas Renes das fundigBes hajam livros de. registra, fem que se farflo os assentos de todas ns barrns que w'ellas +0 fundirem, com declarag&y do peso e quilates, de cada uma das pessons de quem eram. E: porque esta Lei nto hade obrigar, nem ter exceugie em quanto se nfo fizerem promptas us Casas hom tambem em quanto darar o contmneto da con tribuigdo das arrobas de ouro, aut 0 Conde Governador dis Mi: nas ajustou com os moradores deltas, the ordeno que tegule 0 tempo em que a ha de publicar, com aquelle em que acabar 0 ito eomeveto, pata que assim durante elle se dé consumo no ‘ouro, que pela dita contribuigio ficou livre de pagar oquinto & ‘Minha Fazonda ; ¢ para este eflvito se fiz. necessurio que primei- Fo que se publique esta Lai se trabathe nas Casas de Fundi¢fo, para que n'elias go reduza a barras 0 ovro das partes, que ha li- vies de pagar quintos, pelo terem havido no tempo em quo os satisfizeram pela eoatribuicio ;¢ para que nesta materia se pro~ ceila com igualdade, e conforme a bon administragao da Justiga Ordeno ac dito Conde Govornador mande por oditnes, taxando, tempo certo, para que dentro nelle as partes possam dar consu- ‘mo, ov levar iis Casas das Fundigdes 0 ouro que tiverem, para que assim comece n cobranga dos quintos nas ditas Casas de Fundig&o no dia immediato e successive aquelle em que acabar ‘a contribuig&a; e pelo que. pertence a ouro em po, ou em barra, extrahido das Minas antes da publicagio d’esta Lei, e que se achar em qualquer dos logares do Estado do Brazil, thes concedo aos maoradores delle, para o consumo, e levarem is Casas de Fun- 0, 0 tempo de quatro mezea ; ¢ aos moradures n’estes meus Reinos esenhorins de Portugal thes concedo para o consumo do ‘ouro que tiverem, o de dous meres, vs quaes hito de comegar do dia da publicago destn Lei, que ordeno se fata logo que se tiver noticia certa de se tér publiendo no districto dus Minas: I pas- ‘sado o dito tempo, que concedo para 0 eonsum do oura, torn o que fer achndo, ou denunciado, nfo sendo fundido nas Minhas Casas de Moeda, ou das Fundigdes div Wfinas, sera confiseado, cus transgressores desta Lei incerrerie nas penas della. Pelo que Mando a0 Regedorda Casa da Supplicagito, cao Governador dy Relagito © Casa do Porto, do Estado do Brazil, e de todas as Conquistas, ¢ aos Desembargadores des ditas RelagBes, a todos ‘0 Corregcdores, Ouvidores, Provedores, Juizes, Instigas, Officiaes f pessons dates meus Reinos ¢ senhcries, que cumpram © guar. down esta Miuhu Lei, ea feeam inteiramente cumprir e guardac etna p'etla 22 coutém, E outrosim Mando a0 Dostor José Gale 209 ¥A0 de Lacerda, do Meu Concelho © Chanceller Mor destes Meus Reinos ¢ Seahorios, que a fugam publicar na Chancedlaria Mor do Reino na forma costumnadn, @ enviar togo na mongao pre-cate Otraslado della a todes es Ministros das Conquisias, e ans Corte- Gedores e Ouvidores das Comarcas d’estes Reinns, e aos Onvido- ros das Terras doy Dinitarios em que os Corregedores niio en- tram por Correicito, parn que a todos soja notoria, e se registara nos livros da Mesa do Desembargo do Pago, € nos da Casa da Supylig, Relagy ds Porto, di Bahia, enos do Concelho de Minx Fazeodu e Ultramar, ¢ uas mois partes onde semethuntes Leis se costumam registar ; © esta propria se Inngnra na ‘Torre do ‘Tombo, — Braz. de Oliveira a fez em Lishoa Occidental a 11 de Fevereiro de 1719. — Antonio Galo de Castello Branco a fez escrever— REL, Lei por que Vossa Magestade ha porbem que neahuma pessoa, de quilquer qualidade que seja, possa levuro oura extrahide das ‘Minas para fora delies, ou em po,ou em barras, sem sér fundido nas Casas Reacs das Fundigdes, que servide mandar erigit nas mesmas Minas, ¢ queo que estiver extrahido d'ellas, antes da pu- Ulicagio desta Lei, assim no Estado do Brazil, coma n'vstes Reis ‘os, tenha consumo no termo acima dectarado, para que nu haja ouro algum, sem estur fundido nos Casas da Moeda ov das Fun- digdes das Minas, tudo com as cominagdes e clausulas acima e atraz referidas. — Para Vossa Magestade ver. — Por decretn de Vossa Mazeniade de 9 de Fevereiro de 1719—Sebastidin da Cyista. — Miguel Fernandes de Andrade. —José Galva de Lacerda. Foi publicada esta Lri de Sua Mazestade, que Deus yuarde, na Chanceliarin Mor da Corte e Reino, Lisloa Occidental, 14 de Fevereiro do 1719. — Dom Mignel Maldonado. — Registrada na Chancellaria Mor da Carte © Reino, no liveo do registro des lois « folhas 21. Lisbon Occidental 14 de Fevereiro de 1719. — Mule donado. Com a qual Lei mundei passareste Carta para vés, pola qual vos mando que, tnto que vos for mosteada, a figaiy publicar € registar na eabogn do € publicar s6mente nos mnis logares d'ella para vir @noticia de todos, e s+ cumprir ¢ guardar, como n'lla se contém: ¢ a despera que se fizer nox mais lugnres de yoasu Cor 210 area, sera @cusia das dospcans da Justiga ; € quando a nfo houver, seri & custa das rendas da Camara Jaceaboga de vasa Comarca. Dada na Cidade de Lisboa Occidental a ElRei Nosso Seahor o mandau pelo Dr. José Galviio de La- cera, do Seu Concelho, ¢ Chanceller Mor d'estes Reinos e Senho ios de Portugal. D. Miguel Maldonado a fez, anno do Nasci- mente de Nosso Senhor Jesus Christo de 1719. — José Galvlto de Lavorila. NO 5. Fu a Rainha fago suber aos queeste Alvari virem que, sendo- Me pmsente 0 grande numero de fabricas © manufactiras, que de algons annos a esia parte sc tem difundide em diferentes Ca- fitanias do Brwxil, com grave prejuizo dn culturae de lavoursy Tr da exploracio das terras minertes daquelle vasto continentey porque, havendo n'elle uma grande © conhecida falte de pops Tecan, & evidente que, quanto main se multiplcnr © numero dos fuvricantes, maia diminuird 0 dos cultivadores, e menos bragos averd que se possam empregar no descobrimento © rempimente de uma gronde parte daquelies extensos dominios, que ainda s0 sacha inculta e desconhecida- Nom ae sismarias, que formam ou- tra consideravel parte dos mesmos dominios, poderfo prosperary ein flreseet, por falta do beneficio da cultura, nio obstante ser fissima condigfio com que foram dadas nos ja prietnrios dellas: ¢ até nas mesmastermms sminertes ficara cessando ii ted, como j lem consideravelmente diminuido, a extracyao de gure e diamantes, tudo procedido da falta de bragos, que, devendo tmpregerse h'estes vieis « vantajoros tenbalhos, a0 contratio ‘os deixam, © abandonam, occupando-se em outros totalmente dlifferentes, como sin os das referidas fabrices ¢ manufactura f, consistindo a verdadeirn © selida riqueza nos fructose Pro- cede da terri, ay ques s6monte se conseguem por mcio de Tcolenos © enitivadores, ¢ 080 de artistas e fabricantes? ¢ aendo ‘além disto as producgBes do Brazil as que fazem talo 0 finde fe hace, nia 46 das premutngdes mercantis, mas da ravegng io cay commercio entre os mous leaes vassullos babitantes d'estes a Reins, ¢ d'aquelles dominivs, que davo animar e sustentar em cominum beneficio de uns & outros, removendo na sta origem 03 ebstacules que Ihe so prejudicines e nocivos : em consideracao de tudo.o referido, hei por tem ordenar que todas as fubricns, monufaciuras ou tenres de galdes, de tecidos ou de bordados de ouro @ prata; de veludes, brilhantes, setins, tnfotas ou de ovtra qualquér qualidade do seda; de bethutes, chitas, bombnsinas, fostdes, ou de outra qunlquér qualidade de fazenda de algodan, ou de linho, branca ou decdres ; © de panos, baelas, droguetes, snetas, ou de outra qualquée qualidade de tecidos de lia ; ov 08 4itos tecidos sejam fabricados de um 96 dos referidos generos, ou misturados e tecidos uns com os outros; excepluando tamsd- ‘mente aquelles des ditos teares € manvfacturas, em que se lecem, elt manuficturam fizendes grossas de algodio, que servem para ©.uso e vestuario dos negrne, pnea enfardar, empacntar fizendas, © para outros ministerios semelhantes, todas as. muis sejam ex. tincias ¢ abotidas, em quslquér parte onde se acharem nos meus dominios do Brazil, debnixo da pena do perdimento em tresdo- bro do valor de cada ume das dites manufacturas ou teares, das frzendas que n’elins ou nielles houver, e que se acharem existen- tos dovs mezes depois da publicag&o deste; repanindoese a dita condemnagdo metnde a favor do denunciante, se houvé outra metade pelos Officines que fizerem a diligencia; ¢ nilo ‘havendo denunciante, tudo pertencera. nox mesmos Oficines, Pelo que, mando an Presidente, Consetheiros do Concetho Ultramari ‘no, Presidente do meu Real Erario, Vice-Rei do Estado do Bra- zil, Governadores e Capities Generaes, © mais Governadore Offi ee do mesmo Estado, Ministros dns Relages do Rio de Janeiro e Bahia, Ouvidores, Provedares, eoutros Minis- tos, Officines de Justica, e Fazenda, ¢ mais pessuns do referido Eatad>, cumpram e guardem, © fagam inteiramente cumprir e guardar, este meu Alvar, como n'lle se contém, sem embargo de quaesquér Lis ou Disposi¢@es em contrario, as. quaes hei por derogadas pura este effeito somente, ficando aliis sempre em sea vigor. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda, em 5 de Janeiro de 1785. — RAINELA. — Martini de Mello e Castros Alvard por que V. Magestade 6 sorvida prohibir uo Estado do a2 Brovil todas as fabricus @ manufucturas de ouro, prata, sedis) algodto, linho, ¢ lia, ot os tecidos sejvm fabrien os de um 0 doa roforidna geners, ou da misturn de uns com os éutros, excep ceptunnilo tamsémente as do fizenda grossa do dito algodio. Para V, Magestade ver. —José"Theotonio da Costa Posser o fea. N° 6. Eu a Rainbn {ago saber aos que este Alvard virem que, tendo chegndo & Minha Real Presenpa informagBos enrtas de motipli cadoa oxtravies, contrabandos, e descaminhos, quie no continente, tostas « portos do Brazil se tem praticado e praticam, no sé com Violagao das minhas less, ¢ consideravel prejuizo da minh Real Fazenda: mas muito particularmente com damno iereparavel do ‘commoreia Ficito e legal dos meus leas vassallos; & querendo oc- Correr a estas perniciosas transgregbes + hei por bem exc fnviolavel observancia dos §§ 1 e 2 do Cap. 6.° e dos Caps. 7." e8.° do Alvara de 3 de Dezembro de 1750, que serito com este, eriendendo as disposieBes @ penas n’elles mencionadas contra os ealpados nos exteavios do ouro a tors os mais criminoses, cu ja na introducgao de fazendas probibidas » sobnegndas nos meus. vrnoa dirciton, ou em outros quaesquer contrabandos € descarmi- Tihoe; e para que os delinquentes dos reforidos crimes possam ser feraeguios presos em toda a parte onde pretenderem refugi- ‘ar-se, sem dependencia de precatorins ¢ outeas formalidades, que fuspendam ¢ dilatom a prompta execugto das dlligencias, da qual essencialmente depende o bom sucoesso elias: ordeno ques, para se proceder cotta oe réis dos deicos acima indicadsy eae Mimulativa a auctoridade o wrisdicefio do Vice-Rei, Governado- ton, © Tuizes de umas Capitinias nos Territorios das outras; de sorte que uns possam mandar perseguir o prender os dies erie frinesps nos districtos dos outros, © fazer corporal apprehensto fim tudo © quo thes for achiado : 0 sou outro sim servida dar plena Tihordacle, em quanto 6x no man-lar o controria, a todos os par tioufares ds sobreditas Capitanias para que possam proceder nas mesmas diligencias, ¢ langar mao dos roferidos ré0s, Jevando-os. fen segura enstolia, com tudo o qe thes for apprehendida, aos 213 Magistrados dos districtos mais visinhos, para depois cessadose sentenciados m conformidade das ininhos lei se determinado no §1 do Cap. 6.° do sobredito Alvara de 3 de. Dezembro de 1750 que das tomadias de todo o ouro extraviado, € de outro tanto mais, pertence a metade aos denunciantes, e que ‘@ outra metade, ou toda a importancia, nfo havendo denunciante, entre nos cafres dos mevs reaes Quintos; hei por bem derogar nesia ultima parte o sobredito paragrapho; e extendendo ao tmesmo tempo as disposigBes delle, ordeno que nito s6 das to- madias procedidas do ouro extrayiado, mas das fazendas probi- bidas, ou sobnegadas aos meus Reaes Direitos, e de outros quaes= quer contrabandos, ou deseaminhos, de outro tanto mais, om que 0s ré0s d’estes delictos devem sor condemnados, pertenga a metade ao denunciante ou descobridor, ea vstra metade aos que fizerem a diligencia ; n&o havendo porém denunciante nem des cobridor, fiqua tudo pertencendo aos ultimos, sem que aos coftes dos Quintos, ow a minha Real Fazenda se adjulique outra cousa mais que o quinto do ouro extraviado, e 08 direitos das fecendas apprehendidas. : Pel que mando a0 Presidente e Conselheire do Coneelho. Ultramarino, Presidente do Meu Real Erario, Vice Rei do Estado do Brazil, Governadores, © Capitiies Gencrees, mais Gover- nadores © Officines Miltares do mesg Estalo, Ministros das Relagdes do Kio de Janeiro © Bahi, Ouvidores, Provedores ¢ outros Ministros, Officiaes de Justign ¢ Fazenda, e mais Pessons do reforido Estado, cumpram e ghardom, © fagam intoiramente cumprir ¢ gunrdar este Meu Alvord como nelle se cuntém, som embargo de quaesquer leis ou disposig@esem contrario, as quaes hei por derogadas para exte effeito s6mente, ficanio alias sempre em seu vigor. Dado no Palacio de Nossa Senhora d Ajuda, em 5 de Janeiro de 1735. — Rama. — Martinho de Mello e Castro. Alvara por que Vossa Magestade ha por bem occorrer aos ex- travios do ovro, ¢ outros contrabandas e descaminhos, que ao te praticado © praticam no Estado do Braail, com as providencias que n’elle se contém. Para Vassa Magestade ver. — José Thoo- tonio du Costa Pusser o fez. ae Alvard de 3 de Dezembro de 1750. Carrrevo VI. 1. Toda a pessoa, do qualquer qualidade, estado, ou condigio que soja, que levar para fora do Districto das Minas ouro em py ‘ou em barra, que n@o seja fundida nas casas Reaes de fandi- ‘gio, © que nao soja approvada por legitimas Guias, incorreré ina pena de perdimento de todo 0 ouro desencaminhado, ¢ de outro tanto mais, a metade para o denunciante ox descobridor do descaminho, ¢ outra metade para o cofre dos Quiatos absixo declarado, a cujo monte accrescera assim o descaminho achado, como as ponas Pelle, n'aquelles easns em que nfo houver denun- ciante, nem descobridor, a quem se adjadiquem as metades que por esta lei Ihes fica pertencendo, {I. Porém, para evitar toda a collug&o e calumnia que pode haver westne denuncias, e para queem nenhum caso padegam os innocentes debaixo do protexto de se accusarem os calpadas : or- deno que daqui em diante se nfo proceda contra pessoa alguma denuncind® em quanto se n&o seguir a denunciagion real appre- hensio do descaminho; salvo se for por effeito das devassas ge- raes, que devem tirar os Intendontes, proseguindo-se algum des ‘caminho, do qual nas mesmas devassas aja sulficiente prova, para entito se procoder por elle pelos tormos de dircito, estabele- cilos nos Regimentos das Intendencias. Carrrcto VIL [Nas sobr olitas penas incorreriio todas as pessoas, de qualquer qualidade © condigao que sejum, que concorrerem porobra ou para dexencaminhar ovro em po, ou para se oceultar & Justign 0 descaminho depois de haver sido feito, porque serio em taes ca- 08 havidos por socios dos delictos, para se lhes impor a mesma pena no principal desencaminhador. Caprruto VIII. E parn obviar ainda mais os ditos contrabandos, hei por repe- tidas n’esta lei todas as prohibigdes que até agora se estabclece- ‘ram contra o3 que entram nas Minas, ou d'elles sahom por atar — hos ou caminhos particulares ; ordenando de mais que toda a pessoa que for achada com ouro em po, que exeeda de um marco, seguinds algum caminho diverso d'aquelles onde se acham, & acharem estabelecidos os registos do Contrato das Entradas, seja Ihavido por desencamintador, ¢ condemoado como tal na svbre- Gita forma salvo se apresentar Guia da Intendeneia do logar @onde snhiu com 0 ours em pd, pela qual conste que teve legi- tima causa para se extraviar contra o estabelecido nesta lei, N27, Insirucgao para Dom Antonio de Noronka, Governador ¢ Ca- pitao General da Capitania de Minas Geracs. (Oforscitas 40 Toatitto pelo sea Scoretario Porpetuo oConego J. da C, Barbosa.) 1. Entre as muitas, emvito uteis disposigdes que El-Rei Nos- so Senhor tem mandado estabelecer nos seus Dominios Ultrama- rinos, uma das mais importantes éa que tem por objecto De- } fensa,, Conservagao, e Seguranga de'todos, © cada um d’elles. 2. Todas as Colonins Portuguezas so de Sun Magestade, eto- dos os que as governain so vassatlos seus. En’eata intelligen- | cia, tanta obrigacao tem 0 Governador de uma Capitania, de a defender quando for atacada, como de mandar todas as forgas Wellas ao soccorro de qualquer outra das mesmas Capitanias que precisar da sun asistencia ; sendo certo que n’esta reciproca unio de poder consiste essencialmente a maior forga de um Es- tado, ¢ na filta della toda a fraqueza delle. 8. A Capitania de Minas Gernes, de que Sua Magestade con- fiou a V, S.0 Governo, achando ge como no centro de todas a& ‘outms, ¢ servindo-lhe por consequencia eada uma de bartoirn, particularmente a do Rio de Janeiro, 6 da indispensavel obrig | gAoda primeira, de acudir com todas as stins furgas an sovcorro da ultima, logo que ellas the forem requeridas polo Vice. Rei « Capito Genoral do Estado do Beawil, da mesma forma que ja se tem proticado em outras occasiGes, 1 n’esta intelligencia um dos mais importantes objectos a que V. 5. deve applicar 0 seu maior cuidado e vigilancia, logo que chegar a Villa Rica, é-— ee 216 4. Primeiramente de examinar a situagfio em que se acha & tropa paga da meena Capitania, o dea por em estndo de podérsér util, im segundo logar, de vér « forma com que esto regulndos os Corpos Auxiliares, e de os pér sobre um pé de disciplina que tambem possam sér de servigo. E em terceito logar, de ee ins- truir do numero do Milicins, ¢ mais Habitantes, eomprehendidos 65 mulatos e negros, para d’elles poder escolher os mogos mais fortes, mbustos e desembaragados ; de que forme um corpo detro- ! pa irregular, ou de paizanos armades ; a qual com um official & testa, de uma utilidade ineomparavel em tempo de guerra, A idéa quo d’estes corpos se pode dar a V. S.6a seguint | Quanto aos Corpor Auziliares da Capitania de Minas. 15. Nas quate Comarcas ca Capitania de Minns ha ttoze Regimentos Auxiliares, todos de cavallarias. Antes, porém, do tratar d’estes corpos, 6 preciso que V. S. teoha por principios in- variaveis, | 16. Primeiro, quo opequeno Continente de Portugal, tendo | Dragos muito extensos, muito distantes © muito separados uns dos ‘outros, quaes sflo os seus Dominios Ultramarinns nas quatro partes do mundo; nao pode ter meios, nom forgas evn que se de- fenda n si propria, e ncuda a0 mesino tempo a preservagiio © s¢- guranga decada um d'alles. 17. Segundo, que nenhuma potencia do universo, por mais formidavel que scja, pode, nem intontou até agora, defender as suas Colonias com as unizas forgas do seu proprio Continente. 18, Terceiro, que unico meio, que até hoje se tem dleseobor- toe praticndo, para occorrer a sobredita impossivilidade, foi o de fuser sorvir as mesmas Colonine pari a propria o uaiural def sa d’ellas, Ena intelligencia deste inalteravel principio, as prin cipaes forgas que hilo de defender o Brazil si0 as do mesmo Bmzil. 19, Com ellas foram os Hollandezes langados fra da Capita. | nia de Pernambuco; com ellas se defemleu a Buhia dos mesmos Hollandezes ; com elas foram os Fraucezes obrigados a sahir precipitadamente do 3 © com ellas em fim dosteui- ram os Paulistas us Misses do Paragnay ; fizeram passar 03 Je- 4 de Sine! 217 suitas, com os Indios das mesmins Mis-Bes da outra parte do Rio Uruguay, © atacaram ao mesmo tempo os Castelhanos, intrusos nna parte Septontrional do Rio da Prata, al6 o¢ obrigarem a eva- cuarinteiramente os Dominios Portuguezes, fazendo-os passar a outra parte do mesmo Rio, 20, Estas forgas porém, devendo consistir em teopas regulares | e ausiliates, e nfo permitiindo as circunstan hin que haja das: primeiras mais queo numero proporcionado a capacidade e situagao della, porque de outra sorte seria conver- ter em estabelecimentos de guerra um paiz que 80 deve consur fle Colonos e cultivadores, 6 por consequencia indispensavel- mente necessarin que ns segundas, isto é, 08 corpos auxiliares, formoma principal dofonsa dus mesmas Cupitauias ; porque os shabitantes de que que 0 do Maranhio, mostrou-se de ‘mais a mais porfdo, dando ordons publieas aos soldados para satisiazerem 1 Vicirs, outeas particulares pars, om despeito daw ontens Regias, sacar f sbdo de sua avareza e de sous apaniguados: o que vendo Vieira, volton ‘immediatamente ao Par, para buscar remeito ; pies, em vez deste, en ‘coatrou maior mah convencendo-se pessoalmente das més intengSeo do Capitiio-Mor. Puzeram ent em comselho os Joxuitus 0 estado perplexo em que £0 achavam aa MissBes, ¢ tomaram por arbitrio enviar a Lisboa o Padre An. tonio Vieira, park advogar a causa dos Indio, ¢ requerer 4 Eli rome ‘dio contra a falta de observancis de suns ordens. Conformou ve Vicia com (14) Weinman ax Carian XIX, @ XXXY de cles 238 ‘oxoto commum, schin do Tari para ¢ Muranbie, ¢eomegou a ovean para o cmbarque, o qual effetuon octultaments a 15 ou 16 do Ju: nnho de 1654. Nao quiz, porem, deixar inteiramente occultas wuss qcixas contra os Catonos, cuja repuregzo o tratia ao Reina; @ no Sermio de St, ‘Antonio, pregado tres dias antes da sua partida, dexafingou o seu tel, €O- brindose com © véo da allegoria, © exprabande aor pelzes o que de si deciam entender os homene. (35) Sofftou fariosa tormenta pola altura da Tiha do Corvo, de maneira que 0 navio tombou, mettondo bords no mar até mein do comréy 0 agente vinao obrigtda a passarse pera o coslado, onde oxperara str comida das ondas. Ox mariaheitor, mais reselutoy conseguiram picar ‘or mastros, alijaram voles © enxarcias ao mar, @ seri allivindo © io, « mesna farga do mar o virou © por a direitos de sorte que o nnrufeagantes puderam recolher-se dentro, como vinham de primeite. Um ‘carsario Hullandez, que ento eruzava aquelles mares, faxendo press no na~ vin, on reeollicw a bordo, ¢ passados nove dias ox foi Inngar, posto que des pejados e despidos, nas praine da Tha Graciosa. “Acudiu Antonio Vieira com largueza, muito de admirar n'aquclis cit~ ceuinstancias, 0s seus companheiros, provendo-es do que haviam mister, ‘emperliando osseus creditos ua Gracioss, «onde partin logo pera a Thm ‘Torceirn,¢ del para 8. Miguel, Depois de alguma demora n'esta ultima, ‘om que pregou o cahecido Sermio de Santa Therese, partin em ar na- Vioingles #24 do Oatabro de 1654 para Lisboa, onde apottou em Novern~ iio do mermo anno, nilo som insulto de nova tempestade, Achava-se en tao ElRei D. Joo IV em Salvaterra gravemento enferino, © fel precito ca porar aun mothora e convalesconca para dar principio a requerimentos. Chegaram entretanto procaradores mandados do Paré e Maranhiia para justtiurem o pansado, 6 obstar a rexolugSe incenvenientes & tilidade dos Colones, Restabelecide EIRei da enfermidade, 0 eomegando a entender now ogocios pntlicoe, via que este havia tomado um earacter importante, © fara o resolver com mais sogurancx mando formar wma juntas de que foment presidente o Duque de Aveiro D, Raymundo de Lencestro, & qual confon a deciso do negocio. Koram ouvidos vs Procoradores da vogaram os Jeznitas a sua causa, quo em a da humanidade, pela boca de Antonio Vieira houve aecordo canforme em fava d'eten, em {fue eonvioram os méamos Procuradorea: © esta resolugo, roborada com Snnrovagio Real, foi mandada pr em inteira.exceusaio. ‘Querin Vivira xér portador de despachos purtantes ; mas EIRe}y desejindo take mais perto dei, insinvon aox Jezuites que, pando em con ello cata materia, Tho imprdissem. a partida, entendendo quo este seria G meio effcaz do ¢ demorar: purem Vieira, conseguindo sé ouvido no Concelho, orou eom tanta elliceeis a sua eausa, que iueliuow em seu favor (15) Eo Sermo XI da parte LI. 239 4 urate dor vogaes, ao que EUR, por uma contesecdeneia diserets, 0 uit ob Norociulus os derpactios necessurios, © disposto 0 que eonvinka para a viagem ¢ a0 sea propasit, embarcou Vieira no porto de Lisbon a 16 de Abrit de 1655, « depuis doumna prospora viayem eheyoaae Maranhito a 17 o0 18 do Maio seguinte, Era entito Governador Waquclla Provincia André Vidul ‘do Negreitus, que Ike fer mui bom acoliinrento, caution em tudo; 0 com ‘ator melhores suspicion comegou a cumprir eam o Regimento, que lovn- va d'EIRei, Seus primetros evidados foram prover do mestres © pastores ‘i ldéas visinhas, tondo om vista nao #6 a Religigo, mas a educcéo Civil dos Tadios, que se achavam ja d'antos aldeados. Abalancou-se logo ‘mais vastas omprezas, indo elle mesmo, ot enviando eollaboradores ent hhusea de povos erruntes; uns em quem a Ciristandade estava ou de todo cextinela ou muito amortocida © desfigurada pela communicao com ow Hollandetes, outros inteirameate barbaros,e que mais viviani eoio brutos, ‘qa como homens; ¢ no obstante as graves diffculdadcs que the op ‘nham os desertos, os aréues, a3 matas, ue rias eaudalosos que eta for;oso atraveiar, conieguiu Vieira fer varits entradas no sertio com feliz vuc- coco, no wo om proveito da Chelstands ‘ mas doe interesser da eoras de Portugal, soméadamente na Mise&o dos Nuecngaibes, cujas hostilidad: ‘ilo pndéra conter o Gorermdor Pedro de Meilo, mus que fram des nocidas e extinetas coin a industria animosa ¢ incansavel diligencia de Vieira, (16). Scisannes bem somplvtos e bem trabalhades empregou Vieira n'esta ar~ daa tarefi, da qual {4 comecava n recather eopivson fructose mais avuliada colheita ne promettis, quando novo contra tempo. veiu fiustrar todox os seus projecton— Pallocéra woReine Bl‘Rei D. Joi LV « Raina Regento paresia disposta a quorer continuar o Regio favor ds Misses; porém, on ‘Porque mais graves negocios a divettissem, oa porque os Celonns julgussein ‘que, com a morte é'EtRei, cspiriva a proteccio para comn os Sesiitar, rrenuvonse « antiga repugnaccia contra estos, foram resistidas as Rezine dtorminagies,¢ por fim roinperam em motim formal os moradores do Max ranhio, prendsram os Jestitiis, Informado d'este saccesso, corres An- tonio Vieira ao Para, d'ondo andava ausonte, para ver se alii stalhava igual onspimento; maa prevengfoiinutil,que elle moss for preso coun Hews companheiros, e remottido pari o Maranhao. Tratou de justifiearee, fox ex- hhortagBes, escreveu protestacdes; mts tudo er vio: ow do Pard Héram seus protestos nen algum born effete : os do Maranhio no quizsram ouvil ‘© Antonio Vieira © os mais Jeenitss, entre desptezos ¢ vilipendios, foram (16) Vejase a Carty X onde se acha a descripgio d’eete merorawl recon da vide do Vier « quem ox Nhcnguibas chanavany 0 Padre 40 obrigados navegar para Lisboa, onde aportaram ainda dentro do anno de 1661 (1). Naoencootrou Vieira m Gorte aquello acolhimento, que era de esperar depois de tamanba violeneia com a morte d°BI-Reie do Principe D, Theo” dosio tinha expirado para elle a privangade que d’antey goziva; e posto que 4 Raina D, Luiza,entivo Regente do Reina, Ihe nao era men aflecta, toda” Yin occupada com os espinhosos negocios daquella epoca, e quice angustin, ddad'elles e resolata adeixal-or,ndo tomou este em grande eonsileragao Vieira nv podendo jt advogar a sun causa perants o concelho do Governor aadrogou-n na Gadeira Evangetica, Sendo chamado a progar;no dia 6 de J neiro de 1662, diante da Cort na Capella Real, e em présenga da Rainhs nproveitou.te moi judiciosamente do. sujeito da Festividade e Evangetho, ‘que cra a primeira convorat da Gentiidade, para teazer x memor conversivo do Gentiod’ America ; 6 com tito energicas expresses represen tou 0 sou desamparu, e triste orfindade , © vondo-se privados de mestres ‘© pasteres que on trasiam 4 socieiade, © a0 gremio da Religiao; ¢ nlo ‘menos os desstivos dos colons o 18 injurias ditas aot Missionarios, que todos cs ouvintes foratn tocados d'am geral eestimento ¢ & Rainiia ex pecialmente se moveu a remediar on damnos , a emendar os aggravos , © a castigar a insolencia do vassallos refractarior; ¢ com este proposito nomeou nova Governador para oMucanhiio, fazendothe elfiazon recor. mendacBes a favor dow Tadios, ex satisfag#o e aurilio don Missionarios ean defensores, © contra ax ourndas pretengdes da cobigt. Nie acomprnhon Antonio Vieira 0 novo Goveruador pars o Mark- mhio, como parecia natural, talvex porque negecios de ao menos im- ertancia © detivoram no Reino, ¢ de novo o langacam no campo da po- Titiea, onde 66 colben ingratiddes © desrosios, Asrat conhecidas «io as desintelligencias que lavravam entre a Rainha D. Laizas 0 Principe D- ‘Affonso, durante « nua rninoridade,o bem sabido ¢ quanto erte ae moatrava tanbiciasa do governo, endo ao mesmo tempo pouce digno delle pelo veu mau. comportamento ¢ péssime escolha de pessoas de baira condigie, de quem = acompanbava, e que o traziam halucinado € sajeito a seus indecorosos caprichos. N&o duvidava a Rainbs fazer entrega do goveruo nan mics de ‘0 filo, que jé entHo contava 19 annos de idade j max queria que pri- rmetramente fiseem separadas do seu lado as pessoas que o deseacami- uhavam. Copsulto para inso sujeitos de conhecida intelligencia. virkude, ‘cntreciles oP, Antonio Vieira. Inclinow-se este ao parceor da Rainbas ‘endo a6 1e inclinow, queaté excreveu e assignow o papel, que em presonga dos tribunses do Reino foi lido a D. Affonse pelo Secretario d Estado, na (17) Os protestos e exhorta;dicr,dirigidos deads a Caravella, em que fej mettida, & Camara do Bard em data de 13 de Agosto de 1661, podem ver= nN. L. IEEE eatin Rt eter erento «nt de Wee Pe 241 ‘sceasiiuem que foram presos os dows Irmioa Conti« & sous companhiites: fe que succeden a 27 de Junho do mesmo anno (18,. Incorrew pot tanto Antonia Vieira no desagrado do novo Rei e de seus validos, dos quees.o Principal era 0 Conde deCasillo-Melhor ;¢ Jogo que elle tomou posse do Koverno, o mandoudesterrads para o Collegio do Porta, assim como fox estotrar para Alineida o Duque do Cailaval, ¢ varios outros fdalgoa para sifferentos sition. Chegou Vieira adeaconfiar que o queriam mandar para 4 India ow para a Afriea; max no saccedeu assim, que em principion ‘de 1053 teve orem de vir para Coimbra, 0 que logo cumprin, Foi d’esta cidade quo ello escrevea ua principaca cartes de mua corres: Pondencin com o Marquer de Gouvéa, que tambem se achava no desagrado SELRei, © residindo om seu solar com ordem de no voltar mais & Crie sem ser chamado, e com D. Rodrigo de Meneses, flho do 2.° Conde do Cantanhede, © irm@o do 1.° Marquez de Marialva, Vencedor das linhos <@'Bivas © de Montes Claros : no fora desterrado este fidalyo como os ou- tos, talvex porqae fifo tami parte nos successor com que we eoncluia a Regencia da Rainbu D. Luiza; mas participave das mesmas opiniGes, ¢ ‘sndo muito nccito ao Principe D, Pedro, no podia sor estranho aoe pro- Jestos, que cerca de nua regencia comegaram logo a formar.se: ora amicissimo de Vieira, como se v8 da franqueza com que este Iho escre Centre elles eram commans on desejos © peneamentos como cousta clara. ‘mente da correspondencia, na qual o Principe D. Pedro designado pelos ‘aymbulon de Santetms © de Corpo.Sento ; 08 erros e viciox da Corto aio re- feridos ou alludidos com euearécida lastima ; on descuidos so commenta. ‘don com empenho, ¢ 06 mesmos #uccessos felizes, reno atenuados cm ra ‘fo da grande parte que a’etlcstivern © Marques de Marialva, a0 menos aprecisdos como nie bastanten para a completa restauragia do Re Antoni Vi ‘esconde, antes manifesta clarameate as grandes exp. Fangas que tinka de ver extabelecide um vanlo imperio de brilhantisaima slorin para a Nago Portogueaa, ¢ de grande triompho para a Igreja Ca {holiea; di conta das prophecias em que elles asseutavam, communica 2 ‘obra mysteriosa om que ia trabathando, e pede a D. Rodrigo a sua coud. Juraciio com Tivron.¢ comethor, (19) Em toda este correspondencia, em que multe se admira 0 zclo e amor de patria de Antonio Vieira, eonhecese evidentemeate qual era 0 seu prin- ‘cipal deivitu ; era nimiamente crodalo pelo que reepeita a prophocias vul- ares, © poaco philosopho prlo que pertonce & influencia doe astros ; ‘mas ningucm ha Guo seje superior 20 seu seculo, antes parece que os gran los homens come quo eapricham em dar mor importancia is opinidce da Spoea em que vive. Antonio Vicira todo en anh), Vejamewe expecialiente ae Cartas XII, XXI, XLIX, Lt LIU 1 eolleogav, — ? de Portagal,e todo preoecupaio das opinies prophetieas do sca tom das quaos no somente fora sectatioy mas sinda coryphen, eserevou wn ape! quo intitulon —Experangee de Portugal Quinto Lmperio do Meno, Este papel foi donunciade por principios de 1653, ou youco adiants. Santo Officio de Lishoa mandat-o examinar cam eserupulo, © o moste praticon a Congregaciio de Kowa, ‘Toparan os consoror, tanto Port: jpuezes como Romanos, com algumas proporigBe arrojaden, que netsram grevemente; © seerescendo ainda denuncias de proposigdes erroneas, que ‘© author arriscira, on no pulpito ou cm particular converaagio, fol An- tonio Vieira chamado-& Inquisigfo de Coimbra, deelaredo rio cm No- ‘vembro do wiesmo anno, Formou-st-llie processo,a qt elle ia semipre ncn: dindo com coaretadas 0 respostas que jolgava oppartanay,j& por oseripto, Jf de viva yor. Foi longo © demorado o processo, nio +6 pels feequentes replicas do ré0, mas por molesting que Ibe robrevieram, de sorte que & pri- moira resolagdo do Tribunal «6 apparcoeu em principios de Outubro de 11665, em que foi mandado reclosar n'uma das suns casts de custodia. Du- rou esta reclusio até 23 do Dezembro de 1667 ; ¢ tolo este largo e=pago de tempo se pssou om pedir explieagten a V que mv atlender dx suas replicas, ¢ em o exhortar 4 desistencia © nujel eo Tribunal Vinee nado pouco embaragade n'este nogecios pordm sahin-ee do enleio pela deciaio do Rtonia, Alesandee VIL spprovon a consura feita pelos Qut- Tifieadores da Congregagio do Santo Oficio; © desde que » Vieira constou cata approvagiie, doseeu a dealizer-se o retractar.se da que tinba susten- ado, © a reconhecer a verdade em contrario, podindo ques sun causa fosse decidida n’estes tltimas tormos Tavrouse a sentenga, que, expendido largamente o relatorio, manda que «+ seja privado para semero do vor activa © passiva,® do podée de pregsr, ‘= @ retluto no Collegio ou esta do non Religifie, que o Santo Oficio Ihe & desiguar ; © quo por tormo, por elle assignado, so obrigue «nde tratir 4 muis das proposigiea do quo foi mrguido no decurso de wua causa: ¢ do 1 ynaior coudemnagao o televa, havendo tespeito 4 rua desistencin, re- & tractago, protesto, © a0 muito tompo de aus reelusiio, com outras con 4 gideragGos que no cazo we tiveramn." Esta sentsage bi Hida oo réo na sala do Santo Officio, perante 08 Iuquisidores, na tarie de dia 28 do De- gembro ds 1667; ena manhi seguinte foi lida no seu Collegio de Colun- tea, em prosenga do todas communidade, por vin dos Notarios do Tri- buna, (20) ‘Awigaon Santo Officio para reclusdo a rosidencia de Pedroro, a 18 Joquts de Coimbra na estrada do Porto. Pordr, estando Vieira ainda om Coimbra, Ihe foi polo Conectho Geral commuteda a residenc’ ra, en examinar (20) Tudo consta da Seotenga, ue s¢ acha nax Proves da Dalucsao Clirenologica N,* XLV. no 104 — 108. 243 ra Caso de Cotovia de Lisboa: xox scis menos depois de publicads a sen- tenga, foi cm tado dispensade © perdeado pelo mesma Concelho ; ¢ tinha i preralo da Casa da Cotovia para © Collegio de Santo Anti, antes de shir para Roma etm 1669. ‘Nao deixa de psrecer asmz, estranho, © slum tanto contradictorio, © precedimento do Santo Officio para com Vieira, condemnadn agora com tanto rigor, e logo sbvolvido com tants indulgcocia tt. Mas, se ree flcetirmos que squelle ‘Tribunal, posto que todo conmgrado 44 couras da eligifo, nao deixara com tudo de participar das infoencian politica, ‘mormente n’aquella épaca em Portugal; ese noe lembrarmon que ELRUt D. Affonso VI desistin do Goverao em 23 de Novembro de 1667, 6 que sntrow na Regencis do Principe D, Pedro, a quem Vieira chamnava San- elma, teromos a chave pata explicar este petiodode wia vida, que fol para elle o mais trabalhado # angustioso, Enteou por tanto Antonio Vieira no xercicio de seu ministerio do pul- pito. Pregou extemporaneamente,a 6 de janeiro de 1689, na presenca do Principe D. Pedro, em applauso do nascimento da Infunta D, Isabel, succoiido na madrugadn do mesmo dia: progea tambem na Quarcama te, © cortou seus trabalos concionatorion deste anno en Portogsd com osermo de Santo Ignacio, j& ua Igreja de Santo Antio, 0 con. curso dos cuvinies foi n'essa occasizio estupondo: renovaram.ee seus ane {gos erecitos, ¢ 08 applausos tecebidos assaz apagavam a nodde originada Fels entenga do Santo Offcin, Todavia Vieira, ou porque se nao dea {ht satisfeito oom este #% dessggrivo, ou perqucesperava mais cabimento com o Principe, © por venturs igual privanca 4 gue tivera. com seu pai, ‘ou ormiim porque acho acertdo mudar de reaidencia por causa do decor ‘que havia experimentada om Portugal, decidin.se, cam 0 consentimento lo Principe © approvago de seas socior, & partir para Roma. Dewlhe » Principe carta de rvcommendacdio para Joi das Roxax de Azevedo, que fora wea Soeretatio quando Inkinte, e eutiio residente por parte de Portus gal em Roma: e tendo aida de Lisboa a 15 de Agosto de 169, chegou ‘quella Capital a 21 de Novembro da mesmo anno, depois de ter atribude cam grande temporala Marselba. Receberant-no oa Jesuitas com mosteas de distinego ponco ordinarine; vierain oxporal.o a dua mills da Cidade, © como em triumpho foi levado ae Geral, en quein as deionstragSe ds afecto wife forama menores. Logo que chegou « Roma escteveu ao Duos do Cadaval sobre 0 negocio de que 0 hivia encartegdo de Ihe procurar casamento cm Malia (21); tumbem exereveu 4 Rainha da Gran-Breta, teu (22), © por esta earta berm wc conbece quento elle extava qucixoso do Principe, o qual the nifo consents fazer sun vingem por Inglaterrs, por ‘unde elle queria i, coum 0 fti, sogunde parece, de empenhar o valisente (21) Vejaso aGarta Xt, 22 Veywee a Carla SENIX. 244 Pequella Princeta em seu favor na Corte de Roms. Tguaessentimonios # rola, © por ventura mais franeamente pronariciados na_correspondencia ‘que logo em Abril do seguinte anno (1670), abriu com Duarte Ribeiro de Macedo, entio Ministro em Faris, ‘Achavacee em Marselha 0 Principe herdciro do Gran Ducrdo de Toreana quando alli erribira Vieira; © como forse jt d'elle conhecido, de quand ‘estivera em Hollands, onde entio #s achava o Principe, fot Vieira compr metal, liendo com elle amizade :segnin-se depais earreapondencia ami dada, a qual por fim so eneaminhou n negocio de mér importancia, qual foi o casamento projectado entre o herdoira do Gran-Ducado de Tore ‘com a fiha do Principe D. Pedro, ha pouco nascida. Mostron.so Vivir imaito interessado n'esta unio; propor em cheganda s Lisbon, as pretences '@ evcreveu um papel em que expta o porderoa tains as rasBee de politica, © de interesse que a tl respeito cumpria attender (23) : ‘exo projects port deavanceo-se ; por quanto, fallecendo « Rainhaye pas fando ¢ Principe a novas nupsiag, tove muccessio marculina, feando por ‘consequencia n Princesa ja nio herdeira de Corda, como te alli fava, que ert este 0 presupposto sobre que ausentava tods & ney ‘Como o nome de Vieira era demasiadamente conbecido pelos seus sr ‘des crodites de insigne Pregador, cuidaram Togo o Portuguezes, enti esidentes em Roma, em fhzer conhecer os nbalisidus talentos de rev com ptriota, a que Vieira we nfo reeasou, pregando 0 serio de Sanio An- ‘slgans ontros ov quacs izeram tal impressio em Roma, o foi tal Genthosianino que se Ieventoa em favor do Orador Portage, que os mes~ joe Tialianos, quizeram ouvilo em sua lingua. Negou-e porem Vi ital pretence, que era elle assax pradonie © xonmto para conhovera Gioante ee expbe quem oasa fillar em publico em lingua estranhns mat ive fianlmente que coder, rujeitando-te & voz de seu Geral, que so pena ids obediencia 0 obrigou a pregar om Italiano, © primeira sermao que prezou o'esta lingua foi o das Chagas do 8. Francioo: Vieira foi ouvi- {Bo com igual eatisfigdio e applaaso dos estranbos como 0 haria eido dos Conterraneos, de tal modo que logo the foram eneummendados outros ser- mos no mesmo idioma, TE? bem de erer, elle mesmo o confessa, que estes sermbes abundastem fem muitos deftitos de linguagem ede pronuncia,e que aquelle que fallava fm Portugoez purivsime mal fallasse um barbaro Italiano ; porém taes ‘ram sens dotes oratorios, tal a forga de seus raciocining, «por ventura a ovidade Jo neus conceiton, que of delicados ouvidos Romanos se no da- tam por offéndidos, antes se comprasiam por verem vencida to gran. {he difculdade, © todos admiravam Vieira com ain talento rato, um (23) Fate papel vem no tomo IIT dis Cartas pag. 238. — pein a Carta EXXX da Colloes a. 245, frenio superior no ministerin do pulpit ; assim que, chegon a pregar em Freseaga do Papa e Jos Cardesos com igual uccitagao,e tora sido noxneado seu Pregador seni howvera sabida de Roma. Hotre ov ouvintes de Vieira em Roma teve logar distincto a Raina Christina de Suscia, filha do grande Gustavo, que havia abdicado a coria Fara river om retiru da Cirte e devoativada daa prises du [tealom: era ‘esta Princess moi dada é cultura das Lettras © das Sciencias, © como hhouvesso abjurado os erros hereticos, 0 professado mui religiosamente verdades eatholions, folgava do uutir os bons Oradores Christus, ¢ ein seu. palacio havia formado uma neadomia, om que a0 tratayam assiamptos philoe sephicos ltterarios, « qual era comporta de Cardeaes, e do outras pessoas conspicuas em talentos ¢ luzes, Vieira foi primeiramente por ella ouvido or curiosidade, loge com admiragio.e louver, © por fim admittide com aaso & sociedade academica. Sucvedeu propor-se um dia n'esta acede- ‘mia 6 problema: —Se cinka mate cu menos racas Herac/to para churar, do qut Denocrito para st rir deste mundo ?—Foram escolhidos paru eon tendores dos doas lados Jeronymo Catano, ¢ Antonio Vieira, ambos Jesu tas. Coden Vieira no wow concorrente 9 arbitrio da ercalba, @ Catan d xou-the por assumpto as lagrias de Heraclito; sobre o que fez Vieira um papel assaz engenhoro, ¢ que fi lido com grando applauso, e reputado su. perior ao do seu competidor. (24) a ‘Quit 4 Rainha, em attengao a seus talentos oratorios, nomealo seu Pri ‘gudor; porem Vieira dectinou o titulo, xem so negar ao occasional exerci- ‘io, reeciando que isto see mal interpretads em Lisboa, « que d'aui The eaultuese novos desgostor, no que so no enganavd;, que nav fulton ques snuroierasse, © yor tal Ihe formasse culpa; mas esta fizou desvanecida cox as declaragGew quo a tal reapeito fer Vieira para Lisboa. Nad gozuva jé n’esto tempo Vieira de boa sade, no Ihe era favoravel ‘clima de Roma, por cin disto acerosoou eahir de noito por una ex cada de pedra,e pouca futon para quebrar wna perna, ficando-The a cabecs ‘ui maltratada e contasa; por conselhio dos medicos mudou de ares, indo tesidir em Albano, villa maritima; mas suas enformidades niio ‘antes #0 aggravwvam : a vista doque convenceuse qao Ihe era firoso deixar o clin de Roma, 0 buroar do Lisboa para aloogar scus dias, ox tér uma Yelhice menos enferma. Quea vitgem de Vieira a Rona tivera um fim de intoresse pessoal, cousa ¢ de que nilo pide duvidar.se; que ello contava com uma proteegae mais effcaxdo Regente, tambem ¢ assax conhecido ;é pois muito de presu. ‘mic que elle pretenidia aleangar em Roma a revogugao da sentenga; max, (24) Eate papel parece hoje de menos prego do que'o fea n*equcla oe. cate: cece Vira abl sethon : ulti todlon os sus papeis pragmatic: fl vortido em Portuguex pelo Conde Ericeira, o tin no Lnno XLV procodi d'eme satiod hicortes: 32 26 eomo The faliassem as protsegBes com que contava, de que elle nfo eossarn tc lstimariee, deecou de tio alta pretentdo, limitandowe « pedir pera o futaro isempgdo da auctoridade do Santo-Offcio do Portogsl, » qual Ihe foi ultimamente concedida, em tormos de grande recommendagae © honra, polo Papa Clemente X, j4 no anno 1685. (25) "Aasinn como é certo que o Princije D, Pedro no mostréra para com “Antonio Vicien aquelisgratidHo, de que elle ec reputavn credor, @ igual Snena corte que o Principe d'elle se nao esquecia : desde 1671 que o Re {entelbe tisha mandade prop quevoltase para o Reino, que Vicia hhavia recusado, allegando as ingratidBer de Portogal, Roma, «a paz em que vivia com or Josuitas Estrangciros; conclais yorém rompre com protestoe mais decdidos de querer vervir a pat i © ie obdccér ao ecu mais eve scone. Requeren Antovio Vieira na dite ‘cccasizo que o Principe cserevesse ao Geral da Companhia, jnstando pele tis volta para Lisboa, Mandonescrover o Principe, © 0 Geral, winds que Spouton dificuldades, nfo duvidon de condescender. (6) Com tudo exta inegocingioficon wom effi e da correspondencis de Vieira néo we pode iiangat o motivo; & portm de prommir, ou que da parte do, Regent es: Franson asinatancins, ou que Vicira parcoesse que voltar n'aquella, condi- Gio nfo era bom aegaro, Pelo Breve Clemente X ee ¥8 que elle e pre sevsta contra, noves embaragss com o Sinte-Officio. Come quer que fore, Vieira, munido do Breve Pontificio, obrizade de suas molestias, © nunca ‘eaquecido da Patria, sui de Rorns encarmintisndo-re pore onde Jsentara em principe de Novembro de 1615, depois Jo wma ansencin do sve annes. Fezvua jorneda por Florenga, ovde conferencion eam 0 Gran- ‘Diyueacerea do ensumento de quo jé me foe mouse, e loge que ehegow & hos propoa o negocio ao Principe Rents; este srm nectar nem re} tur, enearregouo de eserever ao Gran-Danee, pein ainda mais explicay (en Escroveu Vieira, a Gran-Dagoe, x int das rons carta, hours por seafita toda a negociaga; ¢ estes tormos se explicon cm concina resposta. Fol eutto que o Principe he manéon por por excripto oque passhra como Gran Dogue, ¢ Antonio Vieira obedocendo exerevet papel de que jé se fs tpeneo, Continuoa Vieira 8 str eansultado pelo Principe ¢ seu concelhoem fogociongraver,e ae nem ompre era seguide aoe parecer, ere sompre re feitado soa toto, cono de um homnein zsleso do bem publiee © mui enten- dido nos negocios. (25) Barros tra copindos os principnes fragmentor do Breve de Clemen- ee aa ee eorsmdne Pepe eenen to Vike, ge shea 9 Weeeaos Demos graces a Deus par fazer exte omen Catlotico Romano; Tinjueso¢« nao four, poderia dar wailo evidade d sue Igraj (it IV 4 Raye liv, V. 4 263, © weg") (26) Vejasse w Carla LVITL, da-cullsegaio. ” de tres snnas que tina eahido de Roma, com formal 247 Havin pouco m: tengo de ahi ndo volter, qaands noro acontecimento parceia alli cha malo, A Rainha de Sueck, determinads a entrar em obgerrancia mais austera da Religido Co wwe havia abragado, equorondo tor um con- fossor quo a dirigicee no dificil caminho da virtude,fex escolha do Padre Antonio Vieira, © o pedin aosen Geral: eacroven este so Padre Vieira se Ihe impor 0 preecite de estar, man significando-lhe e qvaato desrjava ‘que elle ofizesse. Reepondou Vieira escasande-se, allegando 0 mau ce ‘ado de soa soude, sua insufficioncia © adiantados. annos, (21), Foi acei- ta asus essusa, ¢ por ordens formaes de_eeu Goral Oliva, ¢ do Prin. cipe Regente, comecou a cuilar 1a impresto do sees sormGes, primeira tomo doe quaes apparecea em 1679, Continuon n’este tompo a eorrespon- deneia com Dantte Ribeiro de Macedo, que havia comesado cm Rowiny o Gqual se achava enzo em Madrid, € quem havin encosmendad 1 revi- $0 dos seus nernifice, que alli co hiviam tralozide em Castellano: © | Genta correspendencia se vé claramento que elle nfo estava sotisieiio da | ‘mansira como corriam os negocios ein Portuge!, © por isso determinava recolher-ve & goa Provinela da Bahia, ara nella acabar seus dias em re- tiro, © apartado do mundo, (28) ‘Sahin poia pola ultima vex da barca de Lisboaem 27 de Janciro de 1631, indo om buses d'aquclla mesma costa da America donde quarents snnos fntes tinba soltado vela part applaudir em Lisboa 0 generoso brio, com que & Nobrem de Portugal accommctiou, ¢ 0 pero sempre sisudo e honra- do seguiv a memoravel restauragio do 1640. "Apenas chegou 4 Bahia, assentoo Vieira de we entrogar foro sos cui- Aados do capirito, sem mais intervallo, que o de nparar os seus ereriptos, «© presopuir a impressan comecads em 1679. Tratou de se exquocer di Eu- rope, ¢ de fogir até da Babi, sepultandorse ua solido de wine quinta dox ‘emits, nomeada do Tanque. Mas em breve tireumstancias ineyperados oobrigeram 1 sabir « pablico, a ertrar em conflictos, oa fllar e esere Yet como mesmo cu meine emponho com que n'outros tempor 0 fizera. ‘Correndo 0 anno de 1682, suscitaram-se graves desavencas entre 0 Go- vern:dor da Bihin Antonio de Sousa de Menezes, © Bernardo Vieira, Ra- varce, irmio do Prdre Antonio Vioirn, e que era Seorctariode Eatedo da, Bahia, Tinka este regimento Real, com quo se coniormava no expedicute dos negocios ; mas 0 Goverandor, do sex motu proprio, teve por ineonve- niente o regimenta, © mandot seguir outro: Seeretario dea parte para Lisboa dlerte procedimentoiilegal, 6 d'aqui resultou grande indisposico do Governador contra elle ¢ seus parcnter, a qual ni tardou om romper fem maiores excessos, Por mativos que nfio foram eovlecidos, pussou Antonio de Souss ordem (22) Vejacso 9 Carta XXXT. (3) Vejase aCerta XCVIL e seg. 248 de pristo contrao filko do Seettario, © contra um sen sobvinhos ox qunes 6 procurando refngio paderam evitar. Ao mesmo Sceretario muspendeu doexercicio do neu emprego; e posto que ni tardon muito em o restitair, ‘nein por isso Goo menos vive a memoria do aggrave, Suoceden n'este meio tempo sor morto (de din e em run publica, por Antonio de Brito de Castro) um grande parcial do Goveraador, que lenidesndrye #0 chamava Francieco Tollos de Menczes. O Governads reeeher a nova deste muccesso,deseen & Scerctarin possoalmente,e mando ‘metter na enxovia Bernardo Vieira, vedando-he toda a communicagio, ou do palavra ou por eseripto. Foi ainda main adiante x incoasideragio do Gorernador, publicando que o delicto fra ajastndo na noite antecedente, assistindo 0 Scerctario, ¢ dirigindo sou ima @ sjaste no Collegio dos Je. ‘mitas, Impatacfo ealuninsa ¢ absurda, como depois ee demonstroa, tecimeatos, © parceia povco disposlo a ir falar 20 Governador @ tal res. Tito, talvet porque, conhecendo-o, julgava serinm baldadus suns dili- ‘genciae; porém pedin o dever do sangue que nio firasse inscasivel ao nggrayos © ‘que sofia seu irmiv, Resolewxe portanto « ic ter com 0 Govemador, ¢ tepresentat-Ihe que pedia delle a justign que com muior socego de animo remediasre os detrimentos ¢ irregularidades, a que © fogo da pais tinha arrastade no primeiro impoto; mus. Gorerna- dor, em ver do 0 exeatar eom attongiio, e de the deferit eomo pedin a jus- Ligh, atalhon as wuas represcntagdes com calerien impaciencis, affronton ‘com grosseiras injurias a sua corporagio © a sua pessoa, © de sun casa ar- rojou com éesprezo um sacerdote, um anciao, © nm homem conheci¢o ¢ Soffrou Vicira com resignagio¢ comedimento tamgnha affronta; mas 0 Governador, quo #0 reoeinra que ella ro qucixasne pare Lisbon, teatou do so provenir,dando parta a ELRei do saceodida, nos termos mais desfavora- veis a Vieira, propondo como aggravofito & dignidade do cargo 0 que ver- dailciramente fara exeosso wou contra o diteito © bonra de Partiram n’este mesmo tempo para Lisboa o Vereador Manuel de Barros da Franga ¢ Gongalo Ravasco d’Albuquerqué ; vinha este solicitar por seu aie por ai mesmo, e aquelle queixer-se do Goverador em noo da Cidae ‘dn da Bahin; porém, antes que elles fossem ouvides, chogoa és maox d'El- Ria parte do Goveraudor, a qual produsiu em eea animo 0 ordinariy ef fcito das primetras impresses; de sorte que, quando eheygou d sua presence lo Ravnsco, aovia da mesma boca do Soberano.a dechragio do seu ‘esata, pela formaca polavras: — Eelow muito mal com seu tio Antonis Vieira por descom ds 0 meu Qroernador— = Estanviieia elicgando a Antonio Vieira sobre tantas ingratiddes du patria 249 {que até chegon a queiimst.o cm estatun em Coimbra} (29) foi bala que the Alea nae peitos, oderribou por torra, No monmo dia cahiu gravemente enfor- ‘0, 6 passou largo tenapo em cama com frequentes delirion, muito risea fe vila. Tove por fim ‘max fieouthe sempre eravado no eoragio quello espiuho da ingratidaio d'EtRei D Pedro, que obrigava a romper fon qorixas umargas de que estan cheias as cartas, que entdo eacreren a0 Daque do Cadaval, ao Marquet Mordomo-Mor, e Antonio Fars de Sande. Tosto que ELRei wo principio désse credita 4x representacBesde Antonio # Sousa de Menezes, ni deizon com tudo de prestar attengo 4s queixes tts Dalia; tendovwe informnéo por pesroas graves, achou que © Guverna- ¥ no sniira bem n'aquelle negosio, pelo que ihe dea por acabado 0 Go- Yerno,e despachou em sea logar o Marquez dae Minas, © qual chegoa & Rahin antes de Julho de 1634. Com elle foi um ayngicante, para devasear «de tudo o orcorrido, de cuja rectidao nao parecia Vieira muito satistite. Pelo dite d'uma so testemunha foi condenuado. Bernardo Vieira; 0 wea innit, posto que nfo pronunciado aa devassy, foimandado cov todo, em Consequencia d'este negocio, cistigar por moe de sous auperiores. Tulvex ‘8 monma tevtormanha depuccese cuntra o Jesuita: ¢ em tal case foi um ve- sho veneravel, por efcito do dito de testemasha unica, nos infamado do ‘Aclicto genvissimo, ums submettido no rigor © ao opprobris da pena! Isto ‘nfo obstante, como neste meio tompo fallocesse « Raiuha D. Marin Francie. ‘ea, (30) eo Marquez das Minas quizesse celobrar ms exequias com magni- Scencia, encarregoa o desenho da fabrics e adornes a Bernardo Vicira, © & Antonio Vieira encommendou « Oragio Funebre :escusou-e0 este a princi- pia, allegando enfermnidade, falta de dentos, e todo os mais achaguee da ‘volhices portin, Instando 0 Marquexem que n’isso lovaria gesto 8, ML, ents ‘0 palarra baston pars que elle ontondesse que nfo devia replicar. Prégou com efftito na Miscricordia da Bahia em 11 de Sctombro de 1684,¢ 0 scu n0 ¢ nutavel por eervir de eovasida « outros, ou por sir 0 primciro annel da cudéa de empentes e desempentoe da paluera de Deus e do Pré- _gador, que posruimos entre os mais sermbuas Continnow a peegar como mesmo eredita eapplaueo je tambem encroveu ‘um papel assaz notavel, que iutiulow Vas de Deus, oo mundo, @ Portugol, ‘ea Bahia: (31) ¢ tanto nents como nos sermBes we observa a mesma ered. idade, © mermo temor dos cométan, ¢ uma presumpcio de lor no futuro, ‘We, por ser {do aturada e to firme numa idade’ quasi nooagenaria, ne. hua duvida enbe de ue era sincer Acaliads 6 a terapestade que, deenvelta com quaxi toda a sua familia, ‘Wo cruelmente omcconsira,contava Vieira passar dias mais soccgads to 2) Baroni TV. 9 1350138, ») Morroan 27 de Dezsnben de 1682,pouco mis de toe menos depuis FI Rei D. Afianso, son primeira idee (G1) Weis no tay SIV. doa Seruioa. 250 teu retiro do Tange; © para iato x0 dispunka : porém trabalhos de ontry irenero the vieram roubar o socego, de que tanto havis mister. No princi pio donno do 1688, Ihe expodiu o novo Gers! da Cou penbla patente parm fpocernar o+ Jesuits daquella parle da Ameriea; por cujo motivo fit £9 Fran a largar o reu retire, © vir disigie dowde o Collegio da Babin os nego Flor da Socicdade, © principalmente 0 das MirsBes. 0 relo @ ardor com tqae sohouve Vitira nests novo emprego no parecia proprio dane dade Mnolestiag, mes ora mui conforme com aquelle genio incanmavel © om prebendeder, que nanra o desamparou at¢noe wtimos dias de ous 1o¥Ee Geansda vida. Nao cessava de cscrover para BifRei, do envisr represen tucdon a favor das Min-ex, ds quacs EiRei ve dignava responder, © moitas yeves defer, oque de alguia sorte mitignva sea antigo reseutimento; © ‘hio obatante todo erte trabalho, coutinuen sempre « apurar aa seu ET tndce pars ae daren & ¢stampe- Onze tomos foram publieadas durante tua vida} € 0 duodesimo, posto que ee publicasse depois de aun morte, fi finda por clic apurado ¢ porte om extado de estampar se: € u'este trabalho cempregon 20 anno "Pinha Vieirs ¢xcolhido o elima da Bahia como @ mais favoravel 4 ve- Tice ; pordm, quando esta se ndianta, «io ha efitma que the impega o8 pansor. As forcas do esprit muncx desmentiram de seu antiga vigor mas Mrcorposrancerado de trabalhos, cartido dodengostos naccumbit evs fim no peso dos annus. Desamparady da vista privado do cuvido, arsim mesmo Trade cocrevia por mioalheia, e dictava aox amanuenses, tanto pare por ‘tm limpo 2 duadecimo toro dos sermes, como para sdiantar a Clste ‘doe Prophetas. Conhecendo que no serin kg a sua daragao nomundoy feruerendo guardar até 0 fim da vida nquoia delicaders ¢ efvilidade, soe sempre o.caractarisarant, despadiulse de tdos sous ainisos por ana carts, Gieeular, nzo sendo exctuido deste numero oCande de Castello-Melbor, fe oem por ventora the visram os saaiores desgortor, vax som qui ul- timamente se enrrespondia, (92) TAssim despelido do mundo, eahiu da quints do Tangs bar entre sews inion, © disperssé a entrar na eterni deiro Catholieo © perfite Roligiosn, que sempre o fora. Entre ox bragos da ReligiZo, slentado com o poderoso cunfortn de ews atxilion, © mx £09- foladara conganga do enna promexsas, depois de ourta enfermidadey mis favompanhada de Ores gexvlasinas, acabou o Padre Antonio Vieira me primeira hora do dia 11 de Julho de 1622, aos 89 annox @ 6 meras come plotos de sua idid : "Fora eelebridhis ts houras fanoraes com grande fentimentoy © tant para vir 6 de, come verda- (22) Vejae » Carta LV, da golleegne op mui notarots oe tersnms to aa, a She nc exten, @ cn qun The eorrospondix 0 Condes verit- arr amiboe szaetarnentte » provertio discrelo dos Vuplenes, gue 08 lalt- fame po eucane nee aborrecem.—Veja-se tatabem 2 Carta NCU. 251 festas demonstragBes de nfo vulgar estima; sendo o cadaver emduzido s ‘zepultira pelo'Governador D. Jodo de Leneasteo seu Fillo, 0 Bixpo eleito da 8. Thomné,o outros sujeitos de illustre nascimicnto; © +6 fallow © Areebispo 4a Diocese, que se tchava impedito por molestia grave, Nao se mostrou ‘menos obsequioss, e respeitadora das cinzas de Vieira a nobreaa do Portas gal. Na Tgeeja de'S, Roque e: levantou soberbo maurolén, ¢ diseeram com celle as mais circumstancias do apparato; correspondendo tudo larga @ Ihomrada fina de Aatowio Vieira ao grande coreg do quarto Comte da Ericeirn D. Francisco Xavier de Menez, por conta de sjuom corria m des pera. No dia. nprazado, que foi ode 17 de Dezembro do mesmo anno, com ‘um mumerono e luzido eancurso do Reino todo, junto n'aquella oeeasido em Cortes, eelebrou missa o Bispo de Leiria D. Alvaro de AUranches e Camara, codieee por fima Oragio Funchre o'Theatino D. Manvel Caetano de Soura, ‘um dos Portoguezes mais acreditados de doutrina da sua idade. “As obras principies que nov dsixou escriptas o Padre Antonio Vieira roduzem-se a Cartas, Opusculos Pragaaticos, e Sermies. ‘AsCartas, posto que nio tenham as gracus das de Cicero, nem o delicado gosto das de Seviguey so 2 umas ¢ outras poucs ink robresa de lingnagem, e por ventura ruperiores na qualidade e importancia dos assumplos. Silo modelos de extylo epistolar, ¢ néo xe cncenutram n'el- law equ doftitoe to frequentes nos sermGes do quo tanto adoceia omc seculo, por isso foram sempro tidas pelos Portagaezes entendidos em s0- ida eatimagao. Formara 4 volumes, sendy 3 da antiza edigaa © 0 4.° de ineditax contendo a correspondencia com Daurte Ribeiro é& Maced (Os opasculos pragmaticos so n&o menos apreciavers pela clare, pre- iso c intetigencia com que aio proportos os ussuinptos, analyeadas e dise ‘eutidan as axdos de utilidade ou desconvenieneia; © so modelos a imitar, ‘mas talver poueas vezes imiltados, Acham.se nos volumes dis Cartas, © tammbern no tomo XIV dos Sermoer. ‘Os Sermies lidor hoje ndo produzem o mesmo elfeite que produziam pregedos pelo author, on mesmo quando sahiram estampados; em todos cles se vé-e admira 0 mesio engenhe, agudeza, claridade de estylo que ‘unto caracterisavam Vicira ; mas, exeeptvando us Sermon do Moral, em que, penctiado da materia, desprem meios inproprio © emproga o seu rare talento exo enteniido progociro do Evangelbs, em tofos ox mis nto pode aduivarse, € muito menos innitar-se como Orador. No se prope Vieira do ordinario mais que agudas extravagancins, paradoxon insensatoa, ne provocam 0 riso, se nfo & que xindignagao. Abuse mui frequente-- tmento das Sagradas Eeeriptneas para comprovar emprezie ritieulae; em- prea sem ertica as weatencas doa expasitores ;excale 0s timites da dude evangelica, degeneraido muitas rezes em deecornedimento repreben- sivel;e senda que prego tantos Sermdes do Santon, a yrion, Estes delvitos, que +o assaz para lamuitar, cram em parte evidos 20 man gostodo seu scenlo ede seus onvintes, ¢ em parte filos ds circumstancian Zo verindes da. wua vido, Vicira adoceia maite de ame proprio, e da pretengio de ler no futuro ; ern mui resentida, © pangido ‘Ho corstantemente dos espinhos da ingratidio; abandonavi.sé a empresas extraraganter, © oscclhia asnumptos allosives em que demfogusse 4 R08 ‘paixo, ¢ como que tomasse um honcato deapique de offensix nao metect daa. Os seus Sermies comprehendem.se em 13 volumes, 12 dos quaes foram ‘vinton e apurador por elle,em que gastou 20 annos; 0 13.©, que contim palovra empenhada ¢ desenpenhada, foi impresso por industrix do Duque do Cadaval, mas com 0 consentimento de 14.2 volume, que foi frdenado pelo Conde da Eriecira, contem alguns diseursos pregados em jc outton opuseulos extimaveis. titaloa Historia do Futuro— antes uma expecie de adivi- porém quanto aocstylo nfo desdiz dodo seu author Nao se enconten, 6 verdade, em Vieira um entylo melifluo ¢ eadenciono 5 ‘wun imoginagio viva ¢ ardente fallece desuavidade ; sea coragoseco nao tministra & penna os doces tragos da soaritilidade ; asrim que, debalde ‘utearemnos em seus discursos os movimentos patethicos te necessarios a ‘um Orador Christo; porém, nto ha um s6 escripto deste homem extra ordinario que seja dovprosivel, e que nto merece ser lides polo que res peita & lingeagem, em que sobreleva a todos os excriptores Portuguezes, ‘coucluiremos repetindo © que disse o mais douto e mais justo aprociador de Vieira 6 de woan obras, que—" s¢0 nso da nossa Tingua se perdet,© com ‘lle por acczso acabarem todos ox novos escriptos, que niioso ow Luzia- das © a8 obras de Vieira, o Portugues, quér no estylo de prom, quée no postico, ainda vivird na sua perfeita indole native, na sua riquissima copia e lougania, Ser& talver opinigo tomeraria ; musa minha é quo nexlium ‘pore poseuia jAmais nas ebras de um #6 honiem, to rieo, tio excalhido ‘thesouro da lingua propria, como née postuime nos d’este notavel Jesuit. lle mpregou a lingaagem culta e publica, ¢ tambem « familiar © do. ‘mesticn; fallou a dor negocios. a da cortevia, das artes, a dos prove ‘bint: © como tracton tantos ¢ 120 diversos nssunptor, pode allirimar.se, ‘fora de hyperbole, que em suns composigdes a resummio toda inteira com felicidade singular. (RRoquete.) 253 INSTITUTO HISTORIC £ GEOGRAPINCO BRASILEIRO. (Extracto dus aetas das nesses dos mezes de Abril, Maio, ¢ Jusho.) 192. SESSAO, EM 27 DE ABRIL DE 1844. Passmencta bo Inne. Sn. Conzoo J. pa C. Barnosa. A’s 5 horas e meia da tarde comega a sesso pela leitura da acta da anterior, que é approvada. Expediente. — Leitura das seguintes eartas : Dos Sis. Dr. Ludgero da Rocha Ferreira Lapa, residente n'es- ta Corte; e D. Giovanni Semmola, resideate em Napoles, par- ticipando haverem recebido seus diplomas ve Membros correspon- dentes, agradecondo « nomeacio, ¢ offerecendo-seus servigos 20 Tastituto, Do Socio correspondente, 0 Exm. Sr. Manoel Felizardo de Sousa ¢ Mello, Presidente da Provincia de S. Paulo, remeta tendo um exemplar do Discurso recitado na abervura da 1.* Sess so ordinaria da Assembléa Logislativa da referida Provincia. Do St. Dr. D. Francisco Cervelleri, eseripta de Napoles, ac- cusnndo © agradecendo a recepeio do titulo de Membro cortes- pondente do Instituto, ¢ offertanda-the, além de varive outros opuscules de sua penua, a interessante Memoria intitulnda Dell’utilita della Geologin dé suoi rapporti con le altre scienze, ¢ della importanza di una carta geologica per lltalia : Napoles, 1843, in 4° : Do Sr. Dr. D. Gineomo Maria Paci, Professor de Physica dy Gabinete Real de S. M. Sicilisna, offerecendo para a Biblictheca do Institwio as seguintes obras: —1.° Sulla pretesa renzions dellinerzin : Memoria del Prof. Giacomo Maria Paci; 2." edi- gto, Napoles, 1832, um folheto in 8.°.— 2.° Elementi di Fix sica det Professore Gincomo Maria Paci : Napoles, 1841, 2 vol. in 9.° ¢ atlas. —3.° Saggio di Meteorologin compilato da! Prox 33 954 fessore Giacomo Maria Paci: Napoles, 1842, wm grosso volume in 8.? Do Socio correspandente o Sr. Commendador D. ‘Theodora ‘Monticelli, Seetetario Perpetuo da Academia Real das Sciencias de Napoles, agradecendo ao {nstftuo enm mui Tsongeires expres- sties, da parte da reforida Academia, os ultimos numeros da Ie- rista Trimensal e mais impressos que Ihe foram enviedos, ¢ of fertando os 6 primeiros volumes completes das suas nctus © trae athos publicados ate hoje.— Atti della Reale Academin delle ‘Scienze; sexione della Societé Reale Borbonica: 5 vol in 4." Do Sr. Barlio Walekenaer, Secretario Perpetuo da Academia Real das InsctipgBes ¢ Bellas Lettres do Instituto de Franga, ‘communicando haver recebide com grande sotisfagdo 0 diploma de Membro honoraio do Instituto Histerico e Geographico Bra- ileiro, ¢ offertundo-The 0 seu curioso trabalho intitulado — Mé- moire sur la Chronologie de histoire des Javanais, et sur Tépo- que de Ia fondation de Madjapahit = Paris, 1842, in 4° Do Socio honorario o Sr. Dr. Carles de Martius, Secretario da Classe Physico-mathematica da Academia Real das Scicncias © Letras de Munich, mimoseande 0 Instituto com um esemplar ‘dx sua utilissima obra ultimamente publicada sob o titulo de — Systema Materia: Medicw vegetobitis Brasiliensis—, © convi- dando-o, da parte da mesma Academia, a entrar com ella em ‘uma fraternal correspondencia, trocando-se mutuamente as pur blicages de ambas as Sosiedades, do que deveri resultar no pequeno proveito pam assciencias cm gral. Acompanhaya « carta acima mencionada o Almanak da referida Academia para © anno de 1843. ‘Do Socia correspondente 0 Sr. Tenente Coronel Iz cioli de Cerqueira e Silva, enderoganio ao Instituto um trabalho Diographico sobre o Brigalrico Manoel Ferreita de Araujo, feito pelo Sr. Antonio Joaquim Damuzio, Lente da Aula de Commer- ‘cio da Cidade da Bahia. —Um exempier do Discurso do Presidente a mesma Provincin na abertura da sesso actual da respectiva ‘Assembléa Legisletiva, — Corollario que mostra o estado newal da Real Fazenda, pelo que reeyeita nilo 96 nos artigos de rondi- mentos e despezas, mas tambem 8 outros diflerentes objectos de economia e dos predios urbanos ¢ rusticos, que a mesma Real Fazenda tem, e possue na Capitania do Paré: feito aos 27 de Outubro de 1808 pelo Contador du Juut respectiva Francisco Caldeira Coutinho do Couto: Lisboa, 1822, um folheto in 4°— Restourngdo da Bahia em 1825, on nm expulso des Hollande- tes: Draina offerecido ao Ulm. Sr, Tenente Coronel Ignscio Accioli de Cerqueira e Silva pelo seu cordinl amigo o Tenente Coronel Manuel Antonio da Silva: Bahia, 1837. 0 Socin effective 0 Exm. Sr. Dezembargndor Rodrigo de Sousa da Silva Pontes lew alguns perivdos de uma carta do Socio cor- respondente 0 Se. Antonio da Silva Lisboa, residente nn eidade de Mnenid, o qualem data de 6 de Margo proximo yassado ex pe as difficuldades © embaragos quasi insupperaveis que 0 to- Them de excrever sobre a historia ou estatistion daquella Provin- cia, provenientes esses embnragos j& da falta de documentos ‘em grande parte consumidos pela acgio do tempo, ja do ine consistencia das infrmagbes tradiccionaes, —O nosso zeloso consocio o Sr. Desembargador Silva Pontes deduziu da leitura da citnda carta mais bro prova da necessidnde urgentissima de colligir e publicar pela imprensa o maior numero de documentos possivel, relatives @ historin ou geographia do paix, a fim de ob- star av extravio e destruige de tnes documentos, acerescentanda ter respondido no nosso consocio 0 Sr. Lisboa — que qualquer trabalho litferario np genoro indiendo seria bem aceito do Instityt0, ainda quando o auctor de tal trabalho nfo podess: demonstear imais do que a certezn de nada se poder mrrar e expr com seg ranga, & vista dos emburagns ponderados, —O Institato ouvie ‘com mai particular atteng@o a leitara dos periodos da carta da Sr. Lisboa, © approvando a resposta do Se. Desembnegmior Pon- tes, espera que 0 mesmo Sr. Lisbon nfo deixe de dar ulteriares provas de seu zelo e initellizencia ims materias que fazemn 0 us- sumpto das [ucubragBes do Instituto, Foram offertadas para a Bibliotheca do Institute ns obras sbai- xo Beclarndas + Pel auctor :— Conaseenze elementire di Fisica e Chimica compilate per un corsa diasegnamento dn Francesco Saverio Scarpati: Napolos, 1829, 2 vol. m8." — Catechiamo di Fisica ; 256 ompilato per Iistruzione generale ¢ dei giovani artiste, da Fean- cesco Saverio Searpnti : Nupoles, 1841, 1 val, in-8.* Pelo auctar:— Discorso pronuniato nel Reale Sinbilimento eterinario nel di 11 Settembre 1840 in oceazione dé pabblici sami da Ferdinando de Nanzio: Napoles, 1841, um volume in- 8." grande. — Esippognosia ovvero conoscenza esterna del caval+ Jn, con appendices au le qualité del bue : Napoles, 1842, um vol. in.8.'— Trattato teorico-pratico della ferratura ; scritto da Ferdi- nando de Nanzio: Napoles, 1843, um vol. in-8. Pelo auctor: —Qualche parola intorno alla Febre soporosa- convulsiva, detta comunemente ‘Torcicallo, del Dottor Giovanni Pagano Diamantese : segunda edi¢o, Napoles, 1842, um vol. in- Pagano Dinmantese : Napoles, 1842, um folheto in 8°— Guida Medica per PAugusta Imperntrice del Brasile Teresa Maria Chris- 1a Bortone, compilata in cccazinne della solemne e felice emi granione di lei da Napoli a Rio de Gianeiro ; dal Dottor Giovanni Pagano : Napoles, 1843, umn vol. in-12.°— Varios outros fulhetos sobre medicina e cirurgia. 10 auctor :— Storia del Regao di Napoli dal” origine dé svoi primi popoli sino al presente ; ecritta da Massimo Nugnes: segun- da edig&s, Napoles, 1840, 2 vol. in-8.° Palo auctor : — Instituzioni elementari di Geografia naturale, topografica, politica, astronomica, fisica, ¢ morale, ordinxta com nuovo metodo in otto periodi da Ferdinando de Luca: terceira ., Napoles, 1843, um vol. in- . Jo auctor ; —Lntorno alla servird de? pian’ inferior di un edi- fizio verso i superiori appartenenti a diversi proprictari, considera tm relativamente al diritto d’innalzament» ¢ di sopraedificezione + discussione dell Avvocato e Professor di Dritto P. 8. Mancini: um flheto in 8° Pelo Socio cartespondente 0 Sr. Dr. Antonio Maria de Miranda Castro tres fiscicules da Bolctim da Sociedade Goologica de Franen, pectencentes aos annos do 1843 ¢ 1844. Pela Sr. Cavalleiro Luiz dell Hoste — Histoire dele Milice Frangaise, etdes changeinens qui s’y sont faits dépuis I'établisse~ ment de In Monarchie Frangaise dans les Gaules, jnsqu’a la fia od 23T du régne de Louis le Grand ; par to R. P. G. Daniel, de In Com, Pagnie de Jesus: Amsterdam, 1724, 2 vol. in 42 Pelo Socio correspondents a Sr. José Ribeiro da Braziliense, ov Armazem litterario : Londres, volumes 1.° a 17.° inclusive completos. Determina o Instituto que na forma do estylo 0 Sr. 1.° Secre- tario Perpetno responda as cartis acima mencionadas, e agradega todas as offertas refer O Exm." Sr. Desembsrgador Pontes apresonta a seguinte pro- posta, que 6 approvada : “Da cortespandencin offivial do fallocide Marquer de Barbacena ‘constn que, sendo nomendo Luspector Geral das tropas da Buhin, foi encarregado pelo Conde de Linhares, entto Ministeo, de lem- brar a0 Governo Provisorio daquella Provi remessa da planta do porte da Bahia, o de suas visinhangas, que levantara no anno de 1800 0 Capitao de Fragata Antonio Pires da Silva Pontes. 0 officio do Inspector Geral a0 Governo Provisnrio € de 19 da Dezembro de 1309, ¢ accrescenia que duas copias illuminadas @oquelia planta havin tieads o Tenente de Enyenheiros Jo&o da Silva Leal, as quaes devia existir nos archivos do mesmo Go. verno. Proponho pois que o Instituto, levando esta inforrmagao ao conhiecimento de 8. Exc.o Se. Ministre dox Negocios do Imperio, equeita que tina copia da mesma planta s/jn remettida parm os archivos desta Sociedate.— Pontes, Socin efleetivo, ” Programmas propostes pelo mesmo Sr. Desembargador, Pontes, 1 fim de serern langados na urna, @ sortcades para ordem do dia das sessSes, 1.2 Quaes foram as diversas attribui,Bes dos Capitdes-Méres do Brazil desde a sua ofigem até a sun extincgao? 2° O estudo e romanticos promove, ou impede o desenvolvimento da poesin nacional ? 3° Quaes os servigos que aa differentes ordens religiosns do Brazil win presiado a civilisngfo, e quaes as vantagens que das meunas onions se podem actualmente colher para o mesmo fim?” a lo disciitso abaixo transcripto, que o Sucin efivetivo 0 Sr. De, Joo Antonio do Miranda pronunciou, na qualidide de Oradar da Depatagio envivte pelo Institute para Cliviar a sa va — Corvin 258 8, M.Lunperial no iia 25 de Margo, annivetsari do Juramento da Constituig&o do Iroperio. + Senhor.—O anniversarin solemae de uma grande épocts que prende as mais gratas e gloriosns recordagbes 00 futuro, anls Tico de esperangesos ¢ brilhantes acontecimenios, nunca volver indifferente ao Instituto Historico ¢ Geographico Brasileira! O din, vordadeiramente nacional, em qve 0 Magnanimo e Immor. tal Fundudor do Imperio, consummande a generosa obra des nosst emancipagiio, to subiamen'e a firmou, offerecendo & nossa e+ tabilidade e fastuoso porvir um indissoluvel penhor na allianga do ‘Throno com a liberdade da America, € e seri, como todas 4s Gpocas memoraveis de nossa vida politien, um dia de gloria pare a causa do Patria, sempre grato, lisongeiro, e venerande wo Tos tituto Historico ¢ Geographico Brazileiro! Bem padéra, Sonhor, baldarse 0 precioso fructo d’esse acto de subida ¢ illustrada poli- tiea do primeiro Imperante desta porgto do mundo, se um espie rito forte, vigoroso, intelligent, e igualmente desvetado pela fe- licidade de saa leaes aubditos, ufo imprimisse n'esse rasgo do inimitavel e desinteressado proceder o desenvolvimento ¢ yarantia, que para todo 9 sempre o tornara credor do respeito e adinirag ao dos povos. Nv governo esclnrecido, poiriotico, ¢ firme de V.M. [- reennheee © aprecia o Instituto Historico e Gengraphico Bra- aileiro as mais incontestaveix demonstragBes de que a idén portentosa de Seu Augusto Pai tem sido por V. M. Ly com applauso de toda a Nagi, justamento comprehondida @ sus- tentada. Assim, pam gloria de V. MI. 1., ufinia e felicidade de seu tom pov, Ihe proporciona V. M. I. os mais sazona- dos © proveitosos fructos ! Assim, a identificago da soberana vou" tude to pronuncinda de V. M. I, com av vontades identifiondas dn Nagiio, e d'esse Principe exelso e magnanimo, offerece a maior expansio ao regosijo nacional, torna mais suspirada e brilhantes aurora deste dia, e mais profundos os publicos respeitas, pela idén salvadora que desperta | E? este osentimente unanime dos povosy € 0 Instituto Historien e Geographico Brozileiro, que o partilha em subido grao,e que, sob a protecgao Augusta de V. M. T.y tem avsew cargo legar as geragdes remains a wnicia imperial dos faetus que constittem a historia da yatrin, eleva reconhecide no 259 Ente Supremo ns mais fervorosas supplicas para que conseren, como espera ¢ 6 de mister ao Brozil, a pre vide de V. M. Le por dilatndos ans, Sor thecha ent, Senhor, glorinsa a tarefix de transmittir aos vindoutos os illustees [cites de snbedoria, huma- nidade ¢ justign com que idolatrado nome de V. M. L., servindo de modelo a Sous Augustos Successores, cujo reinada nos garante © grande successo d'este dia, torne realmente assombruso e credor das bengios da posteridade o paternal governa de V. M. I. Eis of pensamentos do Instituta Historico e Geozraphico Brazileiro, que tar anteo Augusto Throno de V. M. I. Assim 0 Omnipotente Chefa Ge todos os Principes ¢ NagBes nos ajude para vermos realisados 03 scus@ nossos mnis ardentes @ sinceros desejos. ” 8. M, Imperial Dignou-se responder : —Sdo-me muito agra daveis os seatimentos do Instituto Historico e Geographico Bra ‘ma — Que influencia teve no Brazil o Tribunal da Inqui Portugal? 128." SESSAO EM 28 DE MAIO DE: 1844. Paestnencta vo lum. Sr. Coneso J. ps C. Barnoza. Depois de approvada a ncia da sesso untecedente, principin o 2" Seeretnrio n dar conta do expediente, fazendo leitura da se- guinte Aviso: 4 Remotto a V.S. trezentos o sessenta e sete exemplares, que ji esto promptos, da Caria corographicn dn Provincia de Sania Catharina, que a requisig2o do Instituto Historico e Geographico Beazileiro foi lythographada no Archivo Militar ; fcando V.8. na itelligencia de que opportanamente se enviardo os que faltam para 0 completo do numero pedido. ” * Deus guarde a V. 8. Paco em 20 de Abril de1844.— Je. ronimo Francisco Coelho. — Sr. Januario da Cunba Barboza. ” Esereve do Paris 0 Sr. Guizot, Ministro e Seeretario de Estado dos Negocivs Estrangeires, agradecendo o diploma de Membro 260 honoraria: © de Napoles o St, Dr. D. Luigi Rizzi, accussndo, “haver recebido com aummo prazer o seu titulo de Membro cor- respondente. ‘Ouitra carta datda de Napoles pelo Exm. Sr. D. Giaseppe Cova Grimaldi, Marquez de Pietracatella, Presidente do Conse: ° tho Geral dos ‘ye, em que, além de communicar ser-Ihe mui agradavel a adimissiio no nosso Instituto Historieo na quali- dude de Membro honorario, remette para a sua Bibliotheca, como primeiro signal de gratidae, as seguintos producgdes de sux Penna: * Ttinerario da Napoli a Lecce © nolla Provincia di Terra Otranto ne(Vanno 1318: Napoles, 1821, um vol. in 8." 2° Versi di Giuseppe Ceva Grimaldi a Raffaele Petra: Na- poles, 1883, um folheto in 8." 3° Considerazioni sul dazio d’introduzione dei libri stranieri 4iG.C Grimaldi: Napoles, 1837, um folheto in 8.° 4° Considerazioni sulle pubbliche opere della faro dai normannt sino ai nostri tempi : Napoles, 1839, um grosso vol. in 8." ‘5. Sulla riforma dé pesi e delle misure_né Reali Domi qua dal faro considerazioni di G. C. Grimaldi + om folhet 0 Soci correspondente 0 St. Joao Diogo Sturz escreve de Londres offertando ao Instituto o seguints : — The British and foreign Review, or Europenn Quarterly Journal : Julho ¢ Outn- ‘bro de 1837 : Abril de 1840 ; Jutho de 1843: 4 vol. ia 8. Minutes of the Committee of Council on edueation 1840, 1841, 2 vol in 8.° ‘Second, third, fourth, fifth and ninth annual Report of the Poor * Law Commissioners for England and Wales : 5 vol. in 8.° ‘Varios outros impressos em Inglez sobre differentes objectos, e diversos mappas, inclusivé um em relevo da Suissa, ‘0 Socio correspondente 0 Sr. Dr. Sigaud remote do Poris, além de um basto de bronze de S. M. Imperial para ger callocado tna sain das sessdes do Instituto, algunas exemplares da sua Mo- ‘moria ultinanente publicada sob 0 titulo de—Sur les progrés do Jo geographic au Brésil et sur by nécessité de dresser une carte générale te cet Empire. 839, a Carta do Socio correspondente 0 St- Antonio Lopes da Costa Almeida, enviando os Ns. 0 10 da 3.* getic dos Annacs da As- sociagiio Maritima ¢ Colonial de Lisboa, ¢ o folheto—Tratado sobre a precedencia do Reino de Portugal ao Reino de Napoles : composto por Fr. Bernardo de Braga, Monge de 8. Bento, co pindo de um MS. authentica existente na Torre do ‘Tombo, por Albano Antero da Silveira Pinto, Perito Paleographo, 1843, ‘Leram-se depois os seguintes officios : * Illm, St. Continuando a minha cortespondencia, interrom- rida pelos suecessos politicos ultimamente occorrides n’eata Pro- ‘vincia, depois de render adevida bomenagem de gratidao ais mais ‘obsequiosas expresses, com que V. S. dignou-se honrar-me n9 seu officio de 25 de Agosto do anno passado, recebido aos 10 de Janeiro; tenho a honra de transmittie a V. S4 para que haja de evar ao conhecimento do Instituto Historico e Geographico Bra- zileiro: 1°, 0 Resumo das Memorias da Camara de Sabari, com ‘as obsorvac®es, que me occorreram ; 2.",@ Reswmo das Memo da Camara de Pitanguy, com algumas notas ;2.°,0 Extracto da ‘Memoria do Intendente José Joi Teixeira ; 4.”, emfim, a copia da Carta Regia, pela qual El-Rei concodeu a Pedro Dias Paes Leme ‘8 pensio annual de 5:000 cruzados por tres-vidas, além de outras mereds, em remuserago dos servigos feitos por elle, © por seu Pai Garcia Rodrigues Paes ; monamento este, que contém factos interessantes para a historia do paiz. “ O brilhante estado do nosso Instituto, deduzido da leitura dos: Ns. 12 a 18 da Revista, com que tambem V. S. quiz favorecer. me, no podia set mais agradavel a um coragio Brazileira; © so a Alta Proteogio, que 0 mesmo Instituto goza ; se da sympathia de outros Principes, © da cooperogito de muitas capasidades da Europa, tem resultado tanto incremento de collobaradores, e ma- terines aos seus sabios fundadores, em quatro annos de trabalho Jilterario ; que fructos de gloria nfo pode esperar a nossa poste- vidado ? “ Renovando por tanto os protestos da mais assidua, posto que fraca cooperacao, aspiro us oczasides de empregar-me lambem 0 servigo do V. S., &. * “ Deus Guarde a V. 8. Villa de Santa Barbara, 20 de Margo a 261 262 de 1844. Tim. Sr, Conego Januario da Cunha Barboza, 1° Sc eretatio Perpetua do Instituto Historica ¢ Geographico Brazileiro- — Manoel Joué Pires da Sitea Pontes. ” Tllm. Sr.— Accusando recebido aos 10 de Janciro 0 officio, em que V.S. me communica a deliberagie Jo Instituto Historico ¢ Geographico Brazileiro de crear um Muscu, em que no s0 col- lija © guarte os productos naturaes do paiz, mas ainda quanto posse sorvir de prova do estado de civilisaglo e industria, usos ‘costumes dos habitantes do Brazil e finalmente convidaa minha cooporagiio n’estes respcitos: tenho a honra de significar a V. S., para que se digne levar ao conhecimento do nosso Instituto, que, fiel ao conceito, com que t@o distinctos instituidores se dignaram favorecor-me, na parte em que posso ser util, jt tenho colligido mais de 60 amostras das minas de diamantes, ouro, ferro, e outros: metacs, bem como das rochas, em que elles jazem, e dos mineraes que os acompanharn, ou indicam, Logo pois que esteja reunida uma porgfto de productos suli- ciente para enchor dois eaixotes, farei a remessa por alguma das tropas da carreira d'este Municipio. © Deus Guarde a V.S: Villa de Santa Barbara, 20 de Margo de 1844. — Lllm. Sr. Conego Januario da Cunha Barboza, 1.” Se- cretario Perpetia do Instituto Hlistorico ¢ Geographico Brazileiro. —Manoel José Pires da Siloa Pontes. ” © Instituto vote agtadecimentos por todas as offertas acima referidas. Leitura do Discurso abaixo transeripto, pronunciado pelo Exm. St. Vice-Presidente do Instituto, Aureliano de Sousa e Oliveira Coutioho, nia qualidade de Orador da Deputagao enviada pelo ‘mestno fastituto para felicitar aS. M. Imporial por ocensiaio do {oliz consorcio de 8. A. Imperial a Senhora Princeza D. Januaria Maria com S. A. Imperial oSeahor Principe D. Luiz Carlos Ma- ria, Conded’ Aquila, 4. Senhor.— O Instituto Historico e Geographico Brazileiro nos envia em Deputagdo perante 'Throno excelso de V. M. Im- perial, para termos a subida honra de felicitar em sea nome a ‘V. M.L, 4S. M. a Tmperatriz, € a SS. AA. IL. polo consorcio da ‘Augusta Princeza, Herdeira Presumptiva da Corda, com S. A. 263 Imperial 0 Principe das Duns Sicilins; allinnga feliz, que di mais um penhor a perpetuidade da Dynastia de V. M.T., e que, preen chendo 0s ardentes votns do corago de V. M. L., enchew de ju- Lilo a todos os fieis subulitos de V. M. I. O Iastituto, Senor, se comprax com a idéa de que a historia do Brazil consignaré um dia em suas paginas, a par da sabedo- ria ¢ virtudes da V. M. 1,,e de S. M. a Imperatriz, as dos Augus- tos Esposos, ornamento ¢ gloria da Familia Imperial. « Digne-se V. M. I. acolher Benigno os puros ¢ sincoros volo do Instituto Historica @ Geographico Brazileiro, pela fulicidade de V. M. L., da Nagiio Brazileira, © da Imperial Dynastio. S. M. I. Houve por bem responder —Que muito agradecia 3 seutimentos do Instituto. 124" SESSAO EM 20 DE JUNHO DE 1844. Paestoeera po Ini. Sr. Consoo J. va C. Barnoza. Aberin a sessiio, Ié-se e approva-se a acta da antecedent. Carta do Socio honorario o Kam. Sr. D. José, Bispo da Pari, participando ao Instituto partir no dia $ de Junho para a sua Diocese, onde com o maior prazer sempre estara prompto a oxe- cuter as ordens que Ihe forem trunsmittidas pela mesma So- ciedade. O Revm. Sr. Conego José da Silva Guimariies escreve ao Ins- situto aceusando e agradecendo a recepga do seu Diploma de ‘Membro correspondente, ¢ offerecendo-lhe uma interessante Me- motia de sua penna sobre Indios dy Brazil. O Eam. Sr. Francisco José de Souza Soares de Andréa, Pre. sidente dz Provincia de Minas Geraes, remeite um exemplar do Relatorio quo apresentou a Assembléa Legislativa d'aquella Pro- vincia na sessio ordinaria do corrente anno. © Socio correspondente oSr- Dr. Julio Parigot, em data de 10 de Junho, esereve da Baia o6 Instituto, enderegando-the a se- guinte carta @ trabalhos do Sr. Quetelet, Seeretario Perpetuo di ‘Academia de Bruxella © Braxellas, 25 de Margo de 1844.—Sr.—Recebi com 0 mais sxivo reconhecimento 0 Diploma de Membro honorario do Insti 264 tuto Historica e Geographico Brazileiro, que me fizestes a honra de dirigie pelo intermedi obsequioso do Sr. Parigot. Mais que muito desojo poder justificar este testernunho de benevolencia ; @ anhelo basiante, como Seeretario da Academia Real de Bruxellas, poiler alcangar para nosso paiz a vantagem de estabelecer re- lagSes litterarias com o Bra: Se julgardes essas relagBes do alguma ntilidade, spressar-me-hei, Sr., a vos transmittir a col- leegiio do nossas Memorias Academicas, pela via que houverdes por bem indi = \ Rogo.vos que aceviteis, Sr., 28 exprossBes particulares de meus sentimentos de alta consileragio. — Vosso obrigadissimo Servo. — Quetelet. —S. Conego Januario da Cunha Barboza, Secretario Perpetua do Instituto Historico © Geographico Bra- ziloiro. ” Impressos que acompanharam a caria acima: 1.° Statuts or- ganiques de In Commission centrale et des Commissions proving ciales do Stutistique ; 2", Rapport sur les travaux de P Académie Royale des Sciences et Belles-Lettres de Bruxelles, pendant Pannée 1842 — 43, par A. Quetelet; 3.°, Compte rendu des tra- vaux de In Commisyion centrale de Statistique; 4.°, Sur la ré- partition du contingent des communes dans les levées de la mi- Tice, par A. Quetetet ; 5.°, Instructions pour observation des phénoménes périodiques ; 6.", Sur le recensement de la popula tion de Broxelles en 1842, par A. Quetelet. Segviv-se a leitara de uma carta do Socit correspondente 0 Sr. D. Florencio Varella, acompanhando a offerta, por elle feita no Institute, de um manuseripto tendo por titulo— Deseobrimento del Rio de las Amazonas, con sus dilatadas Provincias + anno 1639. « Durante minha mui carta residencia em Paris, expressa-se fem sua carta nosso consocio, deparei com esse manuscripto en tre 0s que formam a preciosa collec¢o da Fibliotheca Real, onde ‘se encontra assignalado com 0 N. 695, Supplemento, em um vol- Jume em 8.°, do qual apenas occupa umas 37 fothas, achando- reo resto do volume occupado com um manuscripio em lingua Guarany. * A Carta geographica, a que tio frequentemente so refere 0 me. 263 Wxto, esteve collocada no fim do referido manuscripto, porm - foi nrrancada, restando apenas um pequeno pedaco. Bem sensi= vel é essa falta, nao tanto polos dados geographicos e topngra- Phicos, que nfo podiam ter o cunho da perfeigio, quanto porque ‘ella apontava as sondas n’aquella data, 0 que seria curioso coms Parar com o estado actual das aguas d’aguelle magnifico rio. “ Nao tendo absolutamente tempo para copiar eu mesmo 0 Mianuseripto, recommendei esta tarefa a um amigo meu, que a fez ‘com summa precipitagao. A isto, © bemassim a imperteig&o da le- ‘tra noexemplar da Bibliotheca Real, deve V.S. attribuir a fal tade varias palavras, e a obscuridade de em ow outro periodo na copia que orn offerego, que foi copiads por mim da que fez 0 meu amigo. ** Nilo dove V. S. esperar muito interesse n’esse manuseripto Domina em seu estyto w linguagem vi e empolada de que abun- ‘dam geralmente as relncBex Hespanholas ¢ Portuguceas daquella ‘€poca ; a ostentagao ridicula de classica erudig@o, de mistura com ‘etengas supersticicsas ; sei que, parm compensar esses defeitos, en contram-se noticias desconhecidas ¢ dados ignorados. “ Sem embargo, julgei que 0 Instituto receborin com agrado 0 ‘Manuseripto ; porque, quando se trata de collecgéies bibliographi- ‘eas, € de monumentos historices, nfo ba documento que se deva desprezar, pois por muito iasignificante que elle seja, sempre tem importazcia como parte de uma collecetio. “ O manuscripto em questZo contim todavia alguns porme- nores curiosos sobre os hahitantes primitivos das costas e ilhas -do Amazonas, o sobre as primeiras povonc®es que alli fundaram ‘0s Portuguezes. A referencia que V. S. encoutrari na pag. 30 ‘20 Roteirodo Piloto Benito de Acosta é uma noticia bibliographic, ‘de que se podera talves tirur algum proveito, “+ Rogo pois 20 Instituto que receba este peaueno tribute co- ‘mo exigua prova do interesse com que sempre encarei os traba- Thos de tio illustre Associagio, &c. De Lisboa escreve © Socio honorario o Exm. Sr. Antonio de Menezes Vasconcellos de Drummond, remettendo duas cartas ¢ tres manuseriptos, que ao Instituto afferece de Evara 0 Socio cor- respondente 0 St. Rivara: e enviando igualmente, da parte do Se. Jo&o da Cunha Neves de Carvalho Portugal us primeiros 15 266 ‘numero, Gue's9 tem publieado, do Jornal da Sociedade Cathelicw, de que € redacior, “ OSr. Carvalho Portugal, diz 0 nosso digno consocio, offerece ao mesmo tempo as paginas de sua folha part tudo 0 que for tendente a assumptos teligivsos no Brazil, e deseja ser mencionado na nossa Revista, e ter com ella relagio no in- totesse da civilisup&o da nossa terra por meio deste poderoso agente: religifo ¢ culto. + Prevalego-me d’esta occasidfo para propor este illustre escrip- tot para Socio correspondente do nosso Instituto, O Sr. Carvalho Portugal 6 Socio eflastive da Academia Real das Sciencias de Lisboa. A qualidade de ser sobrinto de Thomaz Antonio de Vil- anova Portugal recorda em mim corta lembranga de gratiddo, que realga a meus ollios seu conbecido merit. "” file. Sr. poderei ser taxado pelo Tustituto de Membro inutil, e de esqueride da honra, que recebi, quando fai acceito no numero de seus socios. Mas pelo contrario © vivo desejo, quetenho, de the ser util, e 0 prezar muito a hone de perteneer-lhe, so a8 razBes de ter guardado tio longo silen- cio; porque nfo ousaya spparecer novamente perante tito illus- tre © sabia Corponi¢do sem algum presente litterario, Se por wma parte outras occupagBes, juntas & pequenez de meu cabedal scien tifico, me tem embargado de apresentar por ora ao Instituto tra- balho proprio; por outra parte a escassez de amanuense capaz tem sido obstaculo inveneivel para poder apresentar, como des- de logo desejira, o transumpto de algum dos muitos interessan- tes © curiosos manuseriptos da Bibliotheca Publica d’esta cidade (Evora). Comtudo pude agora vencer esta ultima difficuldade, por isso ine apresso a remeter a V.S, os dois papeis, que acom- panham ésta, © slo: 1° Uma rexposta, que o Secretario d’Estado Roque Monteiro Paim dev xo Ewhaisudor de Franga em Lisboa no anno de 1599 sobre a controversia da posse das terras do Cabo do Norte do Rio das Amazonas. Uma cansalta do Conectho Uitramarino, por Antonio Ro- drigues da Costa, em 1732. : Fiea-so trusiadanda, do proprio original, a mui curiosa — Vin~ isita do sertta em o Bispado do Grlio Para em 1762 6 Parece que com a2: me ies 267 | 1763, escripta pelo Bispo D. Fr. Joffo de S. José, Monge Bene- di ve ein pouco tempo dove ficar prompto, e € um livro in-folio de mediana grossura. “ Tenho recebido a interessante Revista do Instituto até Ja- noiro do corrente anno, ¢ com ella as outras publicagBes, que 0 ‘mesmo Instituto tem feito mercé de enviar-me. * Desejava eu offerecer em nome da nossa Bibliotheca Ebo- ense a do Instituto algumas obras ; mas nfo me atrevo a re- mettel-as sem que V.S. tenha a bondade de avisar-me se as ha FH, ou nfo, na dita Bibliotheca do Instituto: so us seguintes: 1.* Cuidados litterarios, pelo Sr. Cenaculo, Bispo de Beja, e Arcebispo @’Evore. 2! Memorias historicas do Ministerio do Pulpito, pelo mesmo. 3. Algumas Pastoraes, do mesmo. AL! TstituigBes da lingua Arabica, por Pr. Antonio Baptista, ° Grammatica Hebraica, por Fr. Franciseo da Paz. “ Conto pois que 0 Instituto ficaré sciente da minha bos von- tade em o servir, © que se diguara aproveitar-se d’ella em tudo 0 que julgar opportuno. “ Deus Guardea V. S. Evorn, 10 de Agosto de 1848. —Ilm. Sr. Conego Januario da Cunha Barboza, Secretario Perpetuo do Instituto Historico e Geographico Brazilciro. — O Socio corres pondente Joaguim Heliodoro da Cunha Ricara. ” “ Illm. St.— Conforme a0 que promelti a V. S.na minha ultima de 10 de Agosto, tenbo a honra de enviar a V. S, Via- ‘gem ¢ visita do sertao pelo Bispo D. Fr. Jo&o de S. José. “ Seré para mim da maior satisfag&o que esta obra mereca boa acceitagio do Instituto, a quem desejo ser util com esse pouco que posso e valho. “Deus Guarde a V. 8, Evora, 28 de Setembro de 184: Illm. Sr. Conego Januario da Cunha Barboza, Secretario Pere petuo do Instituto Historico © Geogeaphico Brazileiro. —O Socio correspondente Joaquim Heliodoro da Cunha Rirara. ” © Socio correspondents 0 St. Francisco Adolfo de Varuhagor escreve ao Instituto offeresendo-Ihe um MS. como titulo de — Excorplos do varias listas de condemnados pela Inquisig&o de Lise boa desde 0 anno de 1711 0 de 1767, comprehendendo 36 Bea xilkiros ou colonos estabelecidos no Brazil. *” Da Lagéa Santa, Provincia de Minas Geraes, cscreve tambem tao Instituto uma interessantissima carta 0 Socio honorario 0 Sr. Dr. Lund, dando conta da continuago de suas importantes ia- vestigages cerca das extincins meas de animaes, quo anti mente habitavam o Brazil, ¢ varios outros objecios. Resolve o Instituto que na forma do costume o Sr. 1." Secre- tario Perpotuo responda és cartas acime mencionadas, agrade- cade todas as offertas. , ‘Manor Fenmerma Lacos, 20 Seeretario Perpetuo. * Por falta do expaco reservamos para o namere seguinte da Revista & ja cartoon cata cam qve o Sr. Varubagem scompantiou 8 re ‘manuscripto © igualmente a da carta do Sr. Dr, Lund. a REVISTA TRIMENSAL DE HISTORIA E GEOGRAPHIA, ov DORNAL DO INSTITUTO WIsTORICO R sEOcRAPHICO BRAZILEIRO, N.o 23. OUTUBRO DE 1844. pI A ee COLLECGAO DAS MEMORIAS ARCHIVADAS PELA CAMARA DA VILLA DO SABARA', Comri.aps rox Maxuny, Josée v4 Sinva Powrns, Socto connesronvenre bo Ixstrrovo Hirronico Gxocrariico bo Beast. Resumo da Memoria apresentuda pelo 2.° Vereador da Car mara da Villa do Sabaré no anno de 1745, em obsereancia da Ordem Regia de 20 de Julho de 1782, acomponhado de obseroacdes do Compilador. “ Arrogando Manvel de Borba Gato o titulo de Governador de Minas pelo privilegio de ter sido descobridor d’eHlas, unido com Vs Ientim Pedroso de Barros, ¢ outros, que haviam subido da Capitania do S, Paulo, procedeu n’aquelle deepotico Governo comum desvio total daquellas prudentes maximas, que devem ser inseparaveis du conducta, e da pessoa de quem tem a sea cargo semelhante Regeacia. Por isso, fatigados os Povos de soffrer involuntatios 03 pesados effeites de um comportamenta irregular, desde o anno de 1598 até o de 1708, elegeram a pluralidade de votos para seu cchefe, com o titulo de Capito Regente, a Mancel Nunes Vianna, homem branco ¢ europeu. Haccitando elle anomeac&o e o cargo, arbitrariaments conferido por aquelles Pavos, emprehendeu logo aexpulsio dos Paulisias do continente de Minas, ¢ conseguindo indisputavelmente 0 dito empenho por forga do grande auxilio de. armas, com que foi soccortido de todos os hubitantes do Paiz, que forgadamente supportavam o intruso Governo da Borba, enn- | tinuou na Regencia, até que por ordem da Corte chegou a estas 38 r 970 Minas o Ulm. € Bxm. Antonio de Albuquerque Coclho de Carva- Iho, a quem prompta e submissamente entregau o Governo, pres- tnndo.lhe todos 08 obsequios devides a um verdadeiro Detegado doSoberano. Bu nao individio muitos fuctos acontecides com 08 Paulistas ¢ Europeus, durante a Regencia de Vianna, porque serviriam de escandalo a prostoridade ; sendo demonstrat:vos da irreligido, com que viviam os homens, oceupados unicamente da ambigio do ouro O Governador, langando a vista sobre 0 pequeno ambito da Po. voagao, que tinha a Capitania, @ reconhecendo que o territorioy que hoje forma. o corpo desta Villa, havia de ser uma parte bem florente da Capitania, o erigiuem Villa no anno de 1711, deri- vando o nome de Sabard de um pequeno Rio assim chamady, que, tendo o seu nascimentoem uma Serra, ¢ qual os Paulistas deram ‘0 nome de Sabarabogu, vem fazer barra no Rio das Velhas. ... Para creat as novas Justigas expediu uma Provis&» em data de 20 de Julho do mesmo anno, na qual nomoou Juizes Ordinarios a José Quaresma Franco, ¢ a Clemente Pereira de Azeredo Couti- ho, auctorisando-os para elegarem os Verexdores e Procurador da Camara. Deu depois conta a El-Rei, o qual approyou a medi- da pola Carta Regie de 31 de Outubro de 1712. ” Julgando tambem necessaria a presenga de um Magistrado n'este logur, expediu Portaria com a data de 8 de Outubro de ITIL, para que © Desembargador Gongalo de Frei:as Baracho, que viera da Carte pravido no logar de Ouvidor do Rio das Mor- tes, passnsse a servir tambem de Ouvidur e Corregedor da Comar- en do Rio das Velhas, substituindy assim a falta do Dr. Joao de Moraes, que, sendo nomeado para exercer 0 dito cargo, fallecen antes de tomar posse. Neste mesmo anno da erecefo da Villa do Subard, foi invadi- da a Cidade do Rio do Janeiro por uma Armada Franceza; e ‘como esta Capitanin abundava de vasstillos yalerosos, e que ante- punham a defésa do Estado aos proprios bens, e estes sentimen- {os eram notorios ao Governador e Capito General, elle se dispor 4 ir soccorrer a dita Praga, levando Consiga os Juizes Ordinarivs, ce muitos Vassallos, que nio s0dedicaram suas pessdis, mas tum bem seus escravos, depois de encurregar a govornanga aos Ofi- 11 ines da Camara, e a0 Coronel José Corréa de Miranda, que era Superintendente n’ease tempo. Este excesso de fidelidade fez tanta impresso no animo do Rei, que dirigiu uma Corin Regia d Camara, agradeceudo 10s Povos o grande amore distineta fidelidade, com que se tinham por- tado na yoluntaria diligencia de soccarrer a Praga do Rio, sem Teputarei nos prejuizos domesticos ; e promettendo aos mesmos Povos eterna lembranga de tio televantes. servigos, para serem sompre attendidos, tanto no augmento commum, como no parti- cular de cada um. Conseguida a evacuag&o dos Francezes, Albuquerque conti- nuou no exercicio de seu emprego, e os habitantes desta Villa na ‘extracgo do ouro; @ cnmo os productos d’esta industria com- pensavam bem o trabulho, entrou a flarescer a Populagiia, e o Commercio com a tranquillidade publica, que deveu-se em grande parte a administragao do 2.° Ouvidor Luiz Botelho Fogaga. Fiado o tempo d'este Ministro, fui despachado para succeder- he © Dr. Bernardo Pereira sie Gusmio, que tomou posse nos 2 de Outubro de 1717, quando ja governava a Capitania D. Braz Balihazar da Silveir Neste tempo estava ainda a cargo da Camara a arrecadngio, 0 Quinto ; e nao deixando a negiigencia dos antigos monumen- tos, d’onde conste 0 temo, em que este imposto foi estabetecida, ha comtudo tradigf@o de que importava 30 arrobas de ouro por anno, derramadas sobre os habitantes mais influentes, e cobradas por eabega de negro minciro, o que o fex distinguir este imposto pelo nome de Quinto por batéx. Entendendo porém D. Braz da Silveira que esta samma no correspondia no Quinto do ouro extrubida, eonvocou as Camarns, m Junta celebrada em Villa Rica assentou-se augmentarein-se inais 10 arrobas ; mas, como esse augmento pesava muito subre (09 que possuiam pegros, tambem resolveusse quo fusse langady sobre os Negros ¢ fazendas, que do Rio, e de S. Paulo enteavain T'estax Minas. Estabelocido assim o meio de se impdr,e arrecadar 0 accresci- mo do Quinto, continuou até quo 0 Goversador Cunde de Assu- mar reduzisse a contracta a rene das 10 arrobss, impondy a 2 cada enrga de molhados mzin vitava —a cada arab de fuzenila secea tres quartes—a cada bui uma oitava—a cada cavallo dans oitavas — a enda Negeo quairo citavas, Como n’este tempo as Minas ji se achavam muito poroadas, em tazdo da facilidade, com que se extrahia ouro em abundancia, EL-Rei D. Joo 5.° quiz dar forma mais regular a cobranga do Quinto, © tal que diffcultasse oextravio do ouro; mandou porisso estabelecer Cusa de Moeia e Fundigio. Houveram porén Vitssalos t@y temora Fevnindo-se alguns amotinados, ao que se deu o nome de levante de Paschoul daSilva, A medida, que o Governator adoptou con- tra esses sediciosos, posto que elficaz, fi tu violenta e sangui- naria, que 0 Governo de S. Magostade mandou logo rendel-o por D. Lourengo de Almeida. Este Governador porém estabelecet, sem opposigtio dos moradores, a Casa da Moeda e Fundiglo na Capital, em 0 anon de 1724 para 1725, tempo em que era Ouvi- dor desta Comarea o Dr. Mathias Pereira do Sousa, snecedio ao Dr. José de Sousa Valdez. Crescendo notavulinente a populagia e o commercio n’esta Villa 6 seu Termo, mandou S. Maxestade crear o logar de Juiz de O:pnaos iriennal ; ¢ executada esta ardom pelo Provedor Dio- go Cotrim de Sousa, que havia suecedide av De. Mathias Pereira, iv eleito Juiz de Orphiys o Dr. ‘Timotheo Carditn, o qual to- mou posse no 1.° de Janciro 1782. Erigindo-se por alguns poderosos associadus uma Casa de Moeda no districto da Paraopeba, e demuncianty se este attentado a4 Dr. Ouvidor Cotrim ; foi este pesioulinente corcar e prenier seus authores @ operarivs. O rosultado fyi a prinfio de Lzuaciy de Sous e outros interessados; © 0 contiscs de muitas bartas © grande quantidade de ouro em po. O Governo inwirado d'estes acontorimentos mandou suspender ‘os trabathos da Casa de Moedn ¢ Fundiga&y, ad ptando para ar- recailugao dy Quinto oimposty da Capitaga». Para dirigie novo estabolecimenty despach w Igo a Marino de Mendonga de Pina e Proeaga, com subsedina; Ao ao navo Gavernador, Conde das Galvéas, no anno de 1733, quano ja era Ouvidor desta Co- marca o Dr. Balthazar de Mores Surmento. que 30 oppuzeram, que havia 273 ‘Tendo, Martino de Mendonga girnlo polis Comarcas da Cx- Pitania, para obter os dndos precisos ; lugo que volion a Capital eonvocou-se uma junta des Procuralores das Camarns, € propon- o-se © novo methudo de arrecad sea, 08 Procuradsres ni prt doram dar seu conseutinento. Potiso, © prrque 0 Governdnr mostrou-se inclinado a approvar o volo d’estes Representant, resolveu-se reprosentarse tidy a 8, Magestade, € e-tabelecerem: se interinimente 4 Casas de Pundig@ » nas 4 Comarens, presididas Pele mecmns Ministess, que haviam silo enearrogndos da Tuten- dencia da Capitagao, com a clausula de se obsigarem as Camaras em nome dos Povos, que ad.ninistravam, a segurarem 100 arrabis de Quinto por anna, e de carrer o oury a 18320 por oftava, para evitnr-se 0 extravio, Estabetecido este mathndo de arreeadagio provisoria, Martinhn do Menilonga conhecou logo que ni era sulficiente, porque des- cobriu Casas de Fundi¢io chundestiaas, sendo a principal d’ellis # de Jo&o Ferreira dos Santos, ny Rio das Mortes, B como a conta, que se dea em Junta, fai talvez recebida ao mesmo tempo que outta, dada por Martinho de Mandng a sobre as Casas fulsas de Pundigito, El-Rei resnlveu que se esia belecesse a Capita fo. Principiou, portanto, este imposto no 1." de Julho de 1735, endo Governador d’esta Capitanin Gumes Freire de Andrade, dividinds-se @ sua arrecadag&o d’abi por diante em dois semes. tres. Aquelles, quo possuiam escravos, eram obtigudes a pagut por cada um no fim do semostre duns vitnvas um quarte e quatro Vintens: no pagnado logo pagariam mais um quarto da oitava do Estabelocida assim a Capiiago, 0 Guvernadar e Martinho di Mendonga resulvoram tornar extensiva a sua cobranga ao Sertiin da Capitnaia, para o que loge xe uxpediram Editar, que devinin fer afixudos aos districtos dy Papngaio e S. Romo, cujos habie ‘antes, era Cuma, duvidavain aceitat este imposto. Afixados os Editaos, os morudores os rasgaram; mas 0 Gover. andor, fingindo ignorae exto attentado, Inngou mBo das armas ca brandura com tn bom sucesso, que aquelles mesmoa que mais xo eppunham & Capitag.io, foram os primeitos que contribuitia con seus pagamuntos, 274 Entrotanio, o Pavo no tardow a conhecer quanto este methoda ‘ern ruinoso; mas, como os productos das layras ainda eram gran- dow, ¢ além disto, tiveram logue alguns deseobrimentos, comm 0s do Morro do Gama e Papa Fariaha, pelos annos de 1795 até 1783, tempo em que erx Ouvidor desta Comarca o Dr, José Tel- Jes da Silva, ¢ de Ines descoberios resultaram vantageas aos mo- radores d’esta Villa e sas immediagdvs ; 08 perniciosos effeitos @este imposto foram diminuides, princ;palmante depois do des- coberto do Piracati, da qual bem raros foram 9s habitantes da Capitania, que dirccta ou indirectamente n&o participassom. ‘Acontecenilo, porém, que a condueta dos Superintendentes commissionados parn fazerem a repartiglio descontentasse 203 Mineiros, 0 Dr. Simio Culdeia da Costa e Mendanha, Quvidor Geral ¢ Snperintendente da Commarea, marchou para o dito des- coberto ; # annullando a primeira Reparticao por suas illegalitla- des, procedea & nova na forma do Regimento. Cessando depois a superabundancia do ouro, a mineragdo tornou-se mais frouxa nog annos seguintes j © 08 habitnntes Livrando de novo as minas Aproveitadas com poucs limpezt e economia, ainda silo compen- autos. Logo que El-Rei D, José subiu ao Throno, e conhecen » erin n que fora redueido 0 Povo de Minas, aboliu a Capitng' estabelecendo o methodo da Fundi¢a, o qual comegou no 1." de Julho do 1751, sendo Ouvidor desta Comaren o Dr. Joao de ‘Sousa de Menezes Lobo, successor do Dr. Joao Alves SimBes. Vaiu depois o Dr. Joo Tavares de Abrev, 0 qual tomando posse em Setembro de 1752, serviu até que Mosse rendido pelo Dr. Antonio Mancel das Povoas, 0 qual tendo exercicio desde 13 de Muiv de 1759 até 0 1.° de Agosto de 1768, hauve por succes- sor 0 De. José Francisco Xuvier Lobo Pessanha, que foi rendido pelo Dr. José de Gées de Ribeira Lara de Momes. Na magistratura do Dr. Pessanha teve logar 0 descoberto da Monica; e ainda que a primeira mancha de ouro excitasse a maior parte dos hubitnntes da Comarea a pedirem Ropanticao; ecomtudo, os exomes fetes por ordem deste Ministro, em cum- primento de despachos do Goernador Coude de Valladares, o fi- almente a vista da opposig@e de Antonio de Macedo Vetho, fun- 275 dada na Caria de data Ja terra em que se desenbrira 0 ouro, fzeram esviecer-s0 n esperanga do Povo, priacipalinente depois da sentenga definitiva, proferida pelo Dr. Goes a favor do dito Macedo esua mulher Monica Marin. Este Ouvidor Goes, antes do findar 0 seu tempo, (oi preso por Ordem Regia, vindo para este effeita a esta Villa o Guvernador D. Antonio de Noronha com o Desembargndar Joa Castano Son- tes Barreto, Prevedor da Real Fazenda, eo Dr. José Jodo Tei- Intendente da Casa da Fundigata de Villa Rica. O primeira estes Ministros foi 0 que intimou a suspeasio ao dito Ouyidor, e depois the dew a voz de preso, em Dezembro de 1775. Em quanto n&o chegou da Cérte a esta Villa o Dr. José An« tonio Borbozn do Lago, quo tomou posse em 21 de Agosto de 1776, serviu o cargo de Ouvidor o Juiz Ordinario mais velho,, Joo du Motin Campos; continunnto tambom em exercicio n Ca. mara de 1775, om razito dos Embarges de subneno & eleig io das Justigas, feita para o anno de 1776. Mas lozo quie ehegou o novo Ministro, 08 Embargantes ¢ Embargados desisticam dn fide, sentindo estes & sentengn, que declarou nulla a dita eleig&o; © por isso se procedeu a outra, © Dr. Luiz, Beltrfto de Gouven @ Almeida suceedou a José An- tonio Barbora, Na sua mauisiraturn doseobriuese grande mane cha de ouro nas Lavras do Capito Felix Pereira da Silva, orgnn- do alguns 0 seu producto em oitenta mil eruzndos. A cotreorren. cia de protondentes de datas n’este logar foi extraordina: mas, coma este fren nf podia ser earacterisindo descoberto, © por. tanto repartir-se como tal aos concorrentes, em qunnio pendia demanda entre o dito Felix Pereira e Joo Pinto Alves, sobre a identidade de seus titulos, muitos aventureiros entraram a foren na mesma Cata, onde se furtificaram, e progrediram no trabalhy tumultaoso, Achando, porém, em falha o Vesiro, 0 sendo no mesmo tempo atacados por uma eseolta expedidn pelo Governo, a lavra foi evacuada, i Entretanto 0 Governader, instado pelas supplicas de muitos Pretendentes, mandou que se ropartisarm ns terras adjacentes ; © que teve logar a favor dns influencins do Paiz. Comtudo, as ox. Ploragdes dos novos uequirentes foram ts poues lisongeitas que 276 tumns 2p%67 ontras foram suspensas; a Felix Poreira, livre de ob- staculos, mé pela compusig&ia que fz com 0 seu contendor, nao fui mais feliz. : - ‘Ao Dr. Beliro succedeu 0 Dr. José Caetano Cesar Maniite. Elle promoven muitas obras publicas, como o bello Pelourinho de Pedra, © melhoramento da Praga da Cadeia; a reparagio © factura das ealgadss. ‘As edificagBes da Villa ainda nfo abrangem 0 ambito do Ses- maria, concedida a Camara no anno de 1717 pelo Governador D. Broz Balthazar da Silveira. A Populagdo 6 de 2.254 habitan- tes livres, e 1.808 esctavos, sem comprehendet os menores. En nesta Comarca quatro regimentos: de Cavelloria auxiliar, © dois ‘Tergos de Homens Protos e Pardos o'esta Villa, O Corpo das Ordenangas, past que tenha Officines, niio possue Soldados, con- tando apenas alguns inva‘ilos jauteis, ‘A Villa tem um +6 Brea ‘e dentro della ee acham cn pazes da celebengio dos Oifcios Divinns as Capellas seguintes Ny Nossa Senhora do Oy tv Nossa Senhora do Carmo, de Nossa Senhora das Mercés, de S, Francisco das Chagas no Hospirio da Terra Senta, de Nossx Senhora do Rosario, de Santa Maria dos Anjos, ¢ de Santa Onsmnvagdes. eo scu Terma a Regifio, em que tiveram logar ‘or muecessos main notaveis da deseoberte, conquista, descortino, exploracdo ¢ estabelecimento. nx Capitania de Minas Genes, & qualquer mediocre capacidade literariay que quizesse ser impar- cial na feitura da chronicn dessa Villa, abria-se um vasto campo do teadigBes no interesse da Historia do paiz em particular, @ da do Brazilem gerale Muis da 100 anos efam passados, depois que Fern&o Dias Pang, em marcha para o roconhecimarnts das Minas das Esme- alias, eonquistou toda este tructo de terra ; fandoit os estabele~ Cimentos de Paraopeba, Rossa Grande © Sumider ; explorou as minas de ouro © pedras preciosas do Subaraboga; ¢ eplanou as ving para seus vindouroe. Havia decorrido um seculo, desde que aconteceram n’estas Sendo o Sabai 27 Pargens 0 assnssinato do Superintendente D. Rodrigo, a disper- slo da gente de sua comitiva para ns eampinas do Rin de S. Francisco, ¢ a retirada de Manoel de Borba Gato para o Sertao dv Rio Doce. Citenta e sete anos se tinham inteirado, depois que este Ser- tanista, acompanhando 29 Governador Arthur de Si. e Menezes no reecnhecimento das minas descobertas, manilestou as do Sa- baré, obteve o perdao da morte, que se the imputira, e foi ainda romunerado com o posto de Teneote General. Estava completo o lapso de vitenta e cinco anos, desde que este Gorernador, a0 retirar-se das Minas, delegou ao Mestre do Campo Domingos da Silva Bueno, além dis atribuigBes que exer- cin de conceder ¢ demarcar Dantas mincraes, a jarisdigao civil e Criminal, para que regess os Povos, que contorrinm, Igual antiguidade contivam as PovougBes dos Ruposos e Sabaré com oa seus logares, Arvaial Velho, e Pompeu, immediatamente elevadas a Paruchias, : Pouses menos annos tinham de existencia-e categoria de Pax rochins os Arraines de Congonhas, Rio das Pedras, Santo Anto- nio de Rio acima, ¢ Santo Antonio doBom Retiro da Rossa Grande, com as Povoagtes de Santa Rita, Santa Luzin, e Quinta do Sumidor. Eram tambem desta época a emigragio dos eriadores do gado _grosso para o sertdo do Rio de S. Francisco; as Conquistes do 8. Romao, Salgado e Papngaio ; os descobrimentos de Pitanguy, ¢ Morro de Mutheos Leme, ¢ u Povoagio do Betim nas margens do Paraopeba, 7 Pertenciam tambem a 2.* deeada do Sabari a Povong@o do Curral do El-Rei, © as da Piedade do Parnopeba, do Bromaio, Tatininssu, &c. Cabiam na 82 deenda 0 tumultunse deseoberto do Morro de Sao Vicente, ¢ sua immediain Povoogio; as minns do Arraial da Lapa; a fandagio do Recothimenta de Macaubas, de. E com quanto estas tradigGes se achassem conscrvudas, n&o 's6 em muitos eseriptos contemporancos, mas tambem na memoria de alguns descendentes dos primeiros poroadotes, nko merece. 273 ram, comtado, (quem 0 eretia!) serem consignadas nos Annaes da Camara do Sabara ! (0 Refactor desta Memorin, alienado peles dyutrinas anti-so- ciaes de alguns filhos da Metropoti, abusou da confianga do Ve- reador, que a subsignira. Em lognr de estabelecer tantas épocns quantas estes grandes acontecimentss indienvam, deduzinds as suas consequencias immadinias, pnssou ex inspersto nos encomios do seu conteraneo, Chefe dos Forasteiros. Para que este pudesse sobresnhir no quaden que ia exborar, forgoso the foi inventar am antagonists, a quem vbscurecesse € podendo apresentar na scena o Paulista Domingos da Silva Bue- no, quo fBra 0 Delegado do Gorernador, ou a Domingos da Silva Monteiro, que havia sido 0 maioral dos Paulistas, com escanda- Joso anacroniame langou mio de Mancel de Borba Gato, em- prestou-lhe as vestes de Governador; denegri_a sun supposia ‘administragZo desde o anno de 1698 nté o de 1708 ; figurow os habitantes das Minas em gestos de descontentes annuncioa a queda deste Governo ; proclamou a eleigito do seu herde como ‘resolugo da maioria dos habitantes; e para que nema inserip¢Ao faltasse no seu quadro, lungando o nome de Manoel de Borba Gato, sem predicado, qualificou a Manoel Nunes Vianna branco, e Evropeu! © que revelou no anno de 1785 esta antithese to ociosa ? Re- velou a duragao da propaganda, apoinda pelns assergOes despei- tosus de Moschera, Vaisset, Charle Voix contra os Paulistas; re- velou que os descendentes ée funecionatios e povondores illustres, ‘que vieram do Reino, da Madeira, dos Agores, ¢ dos Dominios da Tlespanha, nascendo nas Colonins, erarm Mamlucos; revelou quo fo Filho @equelle Balthazar de Borba Gato, envindo de S. Paulo 4 Lisbon para felicitar a Bl-Rui D. Joao 4.° pola Sun Exalingio ‘ao Throno de Portugal; que o Genro de Kerndo Dins Paes; que ‘0 variio recompensado com 0 posto de Tenente General rn um {duo abjocto! Risum tencatis, Amici? ‘Onde porém acharia o Redactor 0 Governa de Borba Gato? O Dr. Claudio Manoel da Costa, que poseuiu copios dos eseripios do Coronel Bento Fernandes Furtado, dis Ordens Regios, Curtos dos Governadores, Attestages de Prelados, ¢ outros manuscriptos ini 279 davera de 1662 em dignte, quando no Fundamento Historica do seu Poema—Villa Ricn—relatou 9 assassinato do Superintenden- te D. Rodtigo, commettido no anno de 1661, « retirada immediata de Borba Gao para o Serta do Tia Doce, seu apparecimento na presenga do Governador Arthur de Sa e Menezes, seu mani festo das Minas do Sabara,e seu pordd e premio, concedidos erm Nome de Ei-Rei no anno de 1693, n&y dev noticia d’esse Go- verno. © Padre Casal, que revolven todos og archivos ¢ noticias, para compar a Corographin do Brazil, assim como fez mengao do Go- verno de Manoel Nunes Vianna, "allarin sobre 0 de Borba Gato, se Pelle tivesse achado algum indicio, Oexneio Monsoahor Pizarro, que teve # mais ampla colleceo de documentos das nossas ontiguathns, a fl. 8 da 2+ pnete do Li- vr 8° das Memorias Historions do Rio de Janeiro, affirmou que o Goveraador Arthur de $4, depois de regular a repartigio dos desenbertus, © pouco antes de passar as reiieas du administra- ¢@0 an seu successor, no anno de 1700, commatiéra o Govern dns Minas ao Mestre de Campos Dominges da Siiva Bueno; © & 1. 12 do mesmo Liv. inforrnia que no anno da 1707, divididos 8 habitantes das Minas em 2 partidos que se kostilisavam, maiyral dos Paulistas era Domingos da Silva Monteiro. ‘Como pois poderemos comprehender o Governd de Borba Gato desde o anne de 1693 aié o de 1705, se desle 1608 até 1700 0 Goveraedor Arthur de Sa residia quasi sempre ‘nas Minas; se Domingos de Silva Bueno no fim doanno de 1200 foi encarrega- do do Governo; se no anno de 1707 0 maioral dos Poulisias foi Domingos da Silva Monteiro ; ¢ n’esie mesmo anno (Aesurmados 4 falsa {6 os Paulisws, & perso 0 seu manta!) Manoel Nunes Vianna foi eleito Govermidor de todas as Minas ? E portant singular, ¢ erronen nvesta parte a Memoria. Jn polo Veroador Carneiro, o qual pur desgraga pesou tanto na eonsideragfio. de Me. Southey, que na sua excellente Historia do Brazil admittin 0 Govern de Borba Goto! Mas coma o fox elle? Depuis de servir-sede alzumas phirases da mesinn Memoria econcluio: « [a casos, em que uma Administragio prudeate e usta anna qualquer defito ou illegalidude ; como 6 Govern de

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