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(Diário de Notícias – 28 de Julho de 2009)

Transitar Portugal
O caso de um aluno que passou de ano (o 8.°) com
nove negativas despertou por aí certos queixumes. É vontade de dizer mal. Antes
de mais, o aluno em causa não é uma excepção, é um exemplo: pelos
vistos,"transitar"criancinhas com sete, oito, nove ou dez negativas já se tomou
prática relativamente comum nas escolas nacionais. E o hábito não é tão negativo
quanto aparenta. Muito pelo contrário, e por quatro razões.
Em primeiro lugar acaba com a discriminação entre disciplinas. Até agora,
inúmeros alunos saltitavam de ano em ano sem saberem nada de matemática.
Agora, são livres de saltitar sem saberem nada de coisa nenhuma. Um ponto a
favor da "interdisciplinaridade".
Em segundo lugar, acaba com a discriminação entre os diferentes tipos de
ensino. Se os frequentadores das Novas Oportunidades obtêm um diploma do 9°
ou do 12° mediante a mera elaboração de uma redacção, num dialecto
vagamente evocativo do português, sobre "O Mel" ou "As Minhas Férias" ou "O
Magalhães", não há motivo para submeter os restantes usufrutuários do sistema
educativo a exigências desumanas. Um ponto a favor da sistematização das
"valências".
Em terceiro lugar, acaba com os traumas escusadamente infligidos às crianças.
Por regra, os meninos e meninas corridos a nove negativas são criaturas
sensíveis,que sofrem imenso com as sanções e que, frustradas, dedicam em
consequência a vida à birra, à droga e ao pequeno crime. Um ponto a favor da
segurança.
A quarta, e primordial, razão é que o fim das "retenções" acaba com alguns
traumas no Orçamento de Estado. Há tempos, a sra. ministra explicou: cada aluno
custa ao erário público 3 mil euros por ano, logo um aluno reprovado fica por 6 mil.
Em 2007, os "chumbos" no ensino básico e secundário pesaram 600 milhões na
despesa, uma enormidade que poderá perfeitamente ser aplicada no
aprimoramento tecnológico da rede escolar. de modo a que os alunos que
"transitam" na maior ignorância o façam nas melhores condições. Um ponto a favor
do avanço em geral.

DIGO EU:

Por estas e por outras é que:

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