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8.1 – CONCEITO
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produzindo todos os seus efeitos, exige a lei que ele seja praticado
por agente capaz. Por agente capaz há que se entender a pessoa
capaz ou emancipada para os atos da vida civil.
8.2.2 – A licitude
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interpretação destacando o elemento intenção sobre a literalidade
da linguagem. Cabe ao intérprete investigar qual foi a real intenção
dos contratantes na elaboração da cláusula contratual duvidosa ou
obscura. “Os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”, finaliza
o art. 113 do CC.
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anulará o casamento (in RT 390/371). É o caso, também, da
mulher que contrai casamento com um homossexual. O fato
ignorado por ela antes do matrimônio, constitui erro essencial
quanto à pessoa do marido. Isso afeta a honra e boa fama da
mulher tornando-lhe insuportável a vida em comum. Se ela tivesse
conhecimento desse fato anteriormente ao casamento, não teria
consentido em se casar, razão pela qual o Tribunal anula o ato em
virtude da existência de vício da vontade (in RT 397/318).
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anulação do casamento” (in RT 632/89). Portanto, a eficácia do ato
depende da coincidência do querer íntimo do sujeito com a
vontade manifestada. Havendo tal desavença e desde que esta não
tenha sofrido qualquer influência externa, - repita-se – configurado
está o erro. É que o erro deve ser espontâneo, sem a provocação
interesseira de terceiro, pois se houver alguma influência
malévola, surge a figura do dolo, como veremos mais adiante.
Não somente o erro sobre a identidade ou a qualidade
essencial da pessoa pode causar a anulação do ato, como também o
erro quanto às coisas pode anulá-lo. Uma pessoa, por exemplo,
pensa estar adquirindo uma coisa, quando na verdade está havendo
uma locação (atinge a natureza do ato); ou uma pessoa adquire um
terreno na convicção de estar o mesmo próximo ao centro da
cidade, quando na verdade está situado longe (atinge o objeto
principal da declaração de vontade); ou ainda, compra-se um
automóvel adulterado na montagem de peças e com chassi trocado
(atinge uma das qualidades essenciais do negócio).
O erro pode acarretar a nulidade do ato: “São anuláveis os
negócios jurídicos, - diz o art. 138 do CC – quando as
declarações de vontade emanarem de erro substancial que
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face
das circunstâncias do negócio”.
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Verificou-se, posteriormente, que as jóias valiam somente
1/3 do valor do preço pactuado em dinheiro. O vendedor era
pessoa simples, residente em um sítio, e o comprador lhe havia
sido apresentado pelo delegado.
Pelo exposto, tiramos a seguinte conclusão:
1. houve erro por parte do vendedor;
2. esse erro foi provocado por intermédio de um processo
imoral, posto em prática pela outra parte e um terceiro.
Houve o emprego de artifício malicioso e
premeditado, de modo a enganar o vendedor e
persuadi-lo a efetuar o negócio;
3. esse ardil beneficiou o comprador.
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absorvido”, ensina Sílvio de Salvo Venosa11.
De fato, o emprego de artifício malicioso, de modo a
enganar alguém ou manter esse alguém em engano para prejudicá-
lo, dando proveito ao enganador, pode assumir as mais variadas
formas. Medite no caso de contrato de seguro de vida, onde o
proponente omite a existência de um tumor maligno e poucos
meses após vem a falecer; trata-se de emprego premeditado de
artifício malicioso por omissão, em que houve a intenção de
prejudicar a seguradora e beneficiar os sucessores. Omitiu a
informação a fim de incutir à outra parte uma falsa idéia. “Nos
negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja
ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o
negócio não se teria celebrado” (CC, art. 147).
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Direito Civil, vol. 1, 1984, Atlas, S. Paulo, p. 320.
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8.5.3 – A coação
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declaração, viciando a vontade pelo temor, anulando na vítima a
sua energia moral.
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caracteriza, perfeitamente, a coação viciadora do ato jurídico
justificando a anulação do casamento” (in RT 413/369).
8.5.5 – Da lesão
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anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se
a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
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1. A notória é aquela que já é do conhecimento do público.
Por exemplo, a existência de uma dívida não será do conhecimento
público, enquanto não chega o dia do vencimento para o
pagamento; só fica no âmbito entre o devedor e o credor. Porém,
se não for paga no vencimento, o credor poderá levá-la ao Cartório
de Protesto e, se protestada, todos ficarão sabendo do não
pagamento da dívida. A partir de então, a dívida será notória,
caracterizando-se a pretensão de insolvência.
Assim, ao adquirirmos um bem, principalmente um
imóvel, devemos exigir do vendedor as certidões negativas do
Cartório de Protesto, para verificar se o vendedor está em uma
possível insolvência.
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