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A Vida e o Ensinamento
do Senhor Krishna
O Advento de Krishna
RESUMO EXTRAÍDO DO BHAGAVATA VAHINI, NARRADO POR SATHYA SAI BABA
S
uka, sábio e mestre dos Vedas, narrava a Parikshit,
neto de Arjuna e herdeiro da Família Real, composta pelos Pandavas,
o Advento do Senhor Krishna.
“Maharaja !
Gopala nasceu para o estabelecimento da Retidão. Este Advento está impregnado de grande mistério.
Somente aqueles que tenham amadurecido sua sabedoria através dos processos purificadores das atitudes
santificadas podem descobrir este mistério e compreender seu significado.
Há muito tempo, o mundo era governado por um rei da dinastia Yadu, chamado Ahuka. Ele teve dois filhos,
Devaka e Ugrasena. Os anos se passaram, eles contraíram matrimônio e Devaka teve 7 filhas e Ugrasena 9
filhos.
Devaki era a mais velhas das filhas de Devaka e Kamsa era o mais velho dos filhos
de Ugrasena.
Em tempos idos, Mathura era a capital da dinastia Yadu e, nesta capital, vivia um governador tributário, o
príncipe chamado Suracena. Ele tinha 10 filhos e 5 filhas, sendo que o mais velho de seus filhos se chamava
Vasudeva. Estas famílias viviam próximas e, dessa forma, as crianças conviviam umas com as outras.
Devaki, a filha do tio paterno de Kamsa, foi dada em matrimônio a Vasudeva. O casamento foi celebrado
com grande pompa. O próprio Kamsa conduziu os recém-casados numa belíssima carruagem. Quando
desfilavam numa colorida procissão pelas ruas decoradas da cidade, se produziu um relâmpago, junto com
um terrível estrondo que parecia ser o fim do mundo, com um dilúvio que os engolia por completo. Nesse
instante, toda a música cessou e, em seguida, o silêncio foi cortado por palavras bem claras, saídas do céu:
“Sinta cada dia que possas viver como uma década a mais,
não menospreze a morte como algo distante”.
Kamsa ficou tão ansioso com estas palavras que resolveu matar todos os filhos já nascidos de Devaki, que na
época eram seis.
Maharaja !
“Quantas vidas inocentes foram sacrificadas no afã de se prolongar uma só vida!
Quem sabe, te perguntes o porquê desse horripilante pecado. Mas quem pode decifrar o mistério do Divino?
Do ponto de vista somente externo, isto parece um infanticídio. Quem pode saber por que nasceram, viveram
e morreram ? Todos observam somente o intervalo entre o nascimento e a morte. O homem se preocupa
apenas com este limitado período, mas o Mestre e Soberano de todos os mundos não faz assim, Ele tem mais
compaixão que todos os homens, Ele derrama sua Graça, ponderando nas três etapas do tempo, nas três
dimensões do espaço e nas três qualidades de caráter. Ele sabe melhor qualquer homem, portanto, o único
recurso do homem é confiar em toda a Sua Vontade e estar em paz, absorto em si mesmo, na contemplação
da sua glória e da sua graça.”
O casal real sofria uma terrível agonia pela perda dos filhos, mas eles a suportavam em silêncio e se
consolavam mutuamente, dizendo: “que seja feita a vontade de Deus, temos que viver até que nossas vidas
terminem.” Fortalecidos com este sentimento, foram dissolvendo suas forças nas torrentes de lágrimas que a
dor fazia brotar.
Apesar de tudo, chegou a sétima gravidez ! Mas no sétimo mês a criança abortou e eles ficaram em dúvida se
avisavam a Kamsa ou não. Quando Kamsa se inteirou do acontecido, suspeitou que a irmã pudesse usar
algum estratagema para enganá-lo e a colocou, juntamente com seu esposo, numa prisão cuidadosamente
vigiada.
Mararaja !
O feto de sete meses da sétima gravidez foi transferido para o ventre de outra esposa de Vasudeva, chamada
Rohini, que estava em Gokula, debaixo da proteção de Nanda. Isto foi feito com o fim de que este menino
pudesse crescer como um companheiro e ajudante de Gopala. Como tinha sido atraído do ventre de Devaki
ao de Rohini, foi chamado Samkarshana (Aquele que foi atraído).
Enfim, os nove meses da oitava gravidez se completaram. Devaki e Vasudeva sentiam
suas vidas por um fio. Kamsa, por sua vez, tomou precauções adicionais para evitar que
o menino escapasse. Ordenou que pusessem grilhões de ferro nos pés e mãos de Vasudeva
e Devaki. Mandou fechar as portas com artefatos mais complicados e colocou ao redor
do palácio um maior número de guardas que deveriam, de 5 em 5 minutos, checar os prisioneiros dentro da
cela.
Uma noite, estando deitada no chão da prisão, Devaki sentiu as dores do parto. Fixou sua mente em Deus e
olhou atentamente para a chama de uma lâmpada de azeite. Perguntava-se ansiosamente: “O que acontecerá
comigo ? O que o destino me reserva ?” Repentinamente, a chama se extinguiu e a escuridão invadiu a cela.
Neste instante, ela viu uma resplandecente figura, que emanava luz à sua frente. Perguntava-se o que poderia
ser. Chamou Vasudeva, temendo que fosse Kamsa nessa forma. Estava perdida na confusão e na dúvida
acerca deste fenômeno.
A figura , então, tornou-se clara, estava armada com a Concha, o Disco e a Clava; e a quarta mão no gesto de
“Abhaya” (a posição que indica que não devemos temer). Aquela figura falou suave e docemente:
“Não se aflija, Sou Narayana. Vou nascer dentro de instantes como seu filho
com a intenção de aliviar-te de todas as aflições, em resposta a promessa que te fiz quando
me visualizaste, como resultado do teu grande ascetismo. Não te preocupes por Mim. Sejas simplesmente
testemunha do drama que está por representar-se. Em todos os 14 mundos não
há nada nem ninguém que possa me infligir o menor dano. Esteja segura disto. Ainda que ocorram algumas
pequenas ansiedades, como conseqüência do afeto ao menino que nascerá,
e que a ilusão enevoe suas mentes, poderão ser capazes de testemunhar,
imediatamente, os milagres que Minha Natureza revelará.
“Assim que Eu nasça, os grilhões cairão de suas mãos e pés e as portas da prisão se abrirão
por si só. Tire-Me daqui e leve-Me à casa de Nanda, em Gokula; depois, coloque-Me
ao lado de sua esposa Yashoda, que neste preciso momento passa pelas dores do parto.
Pegue a pequenina a que ela dará a luz, traga-a a esta prisão e mantenham-na com vocês.
Depois, envie a mensagem a Kamsa. Até ele receber a notícia, nada nem ninguém em Matura
ou em Gokula dará conta de ti, nem te prenderá. Eu farei desta forma.”
E brilhava com uma divina irradiação; e bendizendo Devaki e Vasudeva, entrou no útero dela como uma
esfera luminosa. E em poucos minutos Devaki dava à luz.
Eram 3:30 da madrugada, a auspiciosa hora de Brahmamuhurtam. O Poder Divino da Ilusão produziu um
sono repentino em todos os sentinelas. As grossas cadeias de ferro que atavam os pés e mãos de Vasudeva
caíram ao solo neste instante. As portas e portões se abriram de imediato. Apesar de ser a hora mais escura da
noite, os cucos cantavam com espontâneo júbilo, e anunciavam a celestial felicidade que sentiam. As estrelas
cintilavam, porque cada uma delas estava sorrindo de regozijo interior. O deus da chuva derramava chuviscos
em forma de flores sobre a terra. Ao redor da prisão, se aproximavam bandos de pássaros, trinando as doces
melodias de seus alegres cantos.
Vasudeva se dava conta de todas estas manifestações do encanto de Deus; voltou os
olhos para onde se encontrava o recém-nascido e ficou maravilhado com o que viu.
“É isto realidade? - se perguntava interiormente- ou será uma ilusão mental?”
Mararaja, ele estava como que cravado no lugar, como uma coluna, pois havia um
brilhante halo de luz que circundava o bebê, que ria alegremente ao ver o pai e a mãe ! Dava a impressão de
que queria dizer algo ! E, efetivamente, eles escutaram as palavras:
“agora, sem demora, leve-Me a Gokula”.
“Vasudeva não titubeou, estendeu um velho dothi sobre uma esteira de bambu e colocou
o bebê sobre ela; depois, pegou um velho sari de Devaki e cobriu o bebê. Finalmente, saiu através das portas
e portões abertos e entre os guardas que dormiam. Observou que caíam do céu pequenas gotas de chuva e
estava triste de que o filho pudesse molhar-se rapidamente. Nisto, olhou para trás e encontrou a serpente
Adisesha, que seguia seus passos e evitava que a chuva molhasse o bebê, formando uma coberta com suas
amplas cabeças.
A cada passo pelo caminho, Vasudeva notava sinais favoráveis e auspiciosos. Apesar
do Sol não ter ainda saído, os lótus haviam se aberto e inclinavam-se quando ele passava.
Apesar de ainda ser noite e não haver esperança da luz da lua, talvez por desejar ter uma visão do Divino
bebê, a lua cheia espiava através das nuvens e, durante todo o caminho, iluminou com seus frescos raios de
luz somente a esteira de bambu na qual o bebê estava deitado.
O neném que atraía todos estes bons augúrios foi colocado da casa de Nanda e a menina que havia nascido
neste instante foi levada e colocada nas mãos de Devaki. Logo que fez isto, Vasudeva explodiu em lágrimas,
não podia conter o seu pranto.”
FiM
Os Milagres de Krishna.
Durante seus anos em Vrindhaavam, Krishna realizou muitos milagres, como abater o demônio Muraa e o
demônio Madhu. Por isso Ele é chamado de Murari Hara ( Destruidor de Mura) e Madhusoodhana
( destruidor de Madhu). Os demônios representam o ego, sempre pronto a se rebelar contra nossa Natureza
Divina.
Ele também lutou contra a venenosa serpente Kaaliya, que havia envenenado as águas
do rio Yamuna. Ele sobrepujou a serpente e, por piedade, ordenou-lhe que partisse com
sua família para um lugar distante, onde não pudesse mais causar mal. Na tradição hindu,
a serpente representa a mente que, quando descontrolada, envenena nossa vida com pensamentos que nos
afastam de Deus. Porém, quando subjugada pela Consciência Divina,
a mente e sua “família” (os pensamentos) são incapazes de fazer mal.
O maior milagre de Krishna neste período, se deu quando Ele sustentou a montanha Govardhana apenas
com seu dedo mínimo. Isto aconteceu quando Indra (a deidade que preside a Chuva) resolveu vingar-se dos
habitantes de Vrindhaavan porque eles, a pedido
de Krishna, tinham deixado de adorá-lo e passado a cultuar o monte Govardhana.
Durante dias a fio, Indra enviou um grande temporal sobre a cidade, tentando submergí-la.
Krishna, então, levantou a montanha a convidou a todos para se abrigarem sob ela. Por isso, Ele é chamado
Govardhana Giri Dhari (Giri = montanha e Dhari = portador). Com este grande feito, Krishna mostrou
definitivamente Sua Divindade.
Quanto isto chegou aos ouvidos de seu malvado tio Kamsa, ele percebeu que Krishna era
o seu Destruidor e planejou várias maneiras de matá-lo. Como todos os planos falharam,
ele convidou Krishna e Balaraama para uma competição de arco e flecha.
Durante o festival, Krishna quebrou um arco que ninguém podia sequer levantar e, juntamente com seu
irmão, derrotou os lutadores campeões de Kamsa e abateu um elefante furioso enviado para esmagá-los. A
seguir, atacou Kamsa e matou-o, libertando o rei Ugrasena e devolvendo-lhe o trono de Mathura. Algum
tempo depois, Krishna partiu da cidade e tornou-se o rei de Dwaraka.
Estes episódios da vida de Krishna são narrados principalmente no Vishnu Purana e no Bhagavatha Purana.
Sai Baba nos diz que devemos transformar Kurukshetra em Dharmakshtra (o campo do Dever). Ou seja: a
ascensão da Terra ao Céu, do sofrimento à Bem-aventurança, se dá através do caminho do Dharma (cumprir
o seu dever, optando pela ação correta). E o Senhor Krishna está presente em nós como o Guia Interno,
como o Divino Cocheiro que conduz a alma humana (representada por Arjuna) na luta contra seus impulsos
negativos.
Seguindo os conselhos de Krishna, Arjuna venceu sua batalha interior, e os irmãos Pandavas (que, segundo
Sai Baba, representam as virtudes da Ação Correta, Verdade, Paz, Amor e Não-Violência) recuperaram o
trono e todas as riquezas que lhes tinham sido roubadas. Isso nos mostra que aquele que segue o Senhor será
sempre vitorioso, conquistando o mais importante e valioso dos reinos: a Bem-aventurança que é a sua
verdadeira natureza.
Baba nos conta que Krishna nasceu no ano 3.227 A.C. e que a batalha do Mahabharatha teve lugar no ano
3.141 A.C, quando Ele tinha 86 anos. O Senhor Krishna viveu em sua forma humana por 125 anos e,
atualmente, seus feitos históricos se misturam com belas narrativas mitológicas, mas o importante é que Seu
ensinamento ainda nos abençoa até hoje.
• A flauta: é o símbolo de que a divina música do Senhor está sempre nos chamando a ver nossa identidade
com Ele. Também nos lembra a necessidade de nos livrarmos de nossos apegos materiais, transformando-
nos em um instrumento oco, através do qual Divina Melodia possa fluir livremente
• A coroa: indica que Ele é o Ser Supremo, o Senhor de tudo.
• A pena de pavão: enquanto está no chão, o pavão representa o ego, constantemente preocupado em exibir
sua beleza. Porém, quando esquece sua vaidade e fecha sua cauda,
o pavão levanta vôo em direção a Deus. A pena de pavão na cabeça de Krishna nos
lembra que a verdadeira beleza está no Conhecimento de Deus, que nos faz voar até
o Infinito e reconhecer nossa identidade com Ele.
• ponto Kasthuuri: Krishna usa um ponto de almíscar (Kasthuuri) na testa, representando a visão da
Sabedoria, o olho que vê além das aparências e da dualidade.
• A jóia Kausthubha: a pedra preciosa que Ele usa em seu peito indica que Ananda
(a Bem-aventurança) reside em Seu coração.
• O Kankana: o bracelete que um hindu usa ao fazer um voto. Indica que Krishna tomou para Si o voto de
estabelecer a Ordem e de estar sempre com aqueles que meditarem Nele, liberando os que realmente se
entregarem.
OM Krishnaya Namah !
OM Saudações a Krishna !