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Scientiarum Historia II – Encontro Luso-Brasileiro de História das Ciências – UFRJ / HCTE & Universidade de Aveiro

As colecções de minas, metalurgia e mineralogia do antigo Instituto


Industrial do Porto, Portugal
COSTA, Patrícia 1; CHAMINÉ, Helder I. 2; CALLAPEZ, Pedro 3
1 Museu do ISEP, Instituto Superior de Engenharia do Porto, IPP, Porto, Portugal. Email:pcmc@isep.ipp.pt
2 Museu de Geologia e Mineralogia do ISEP, Instituto Superior de Engenharia do Porto, IPP, Porto; Centro GeoBioTec, Univ.
Aveiro, Portugal. Email: hic@isep.ipp.pt
3 Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, Dep. Ciências da Terra, Coimbra, Portugal.

Palavras Chave: Ensino industrial, Academia de Freiberg, Colecções geológicas e mineiras, Politécnico.

Introdução
O objectivo deste trabalho é demonstrar a importância das colecções de minas, metalurgia e mineralogia
existentes no acervo do Museu do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), situado na cidade do Porto
(NW de Portugal),como objectos de extrema importância na formação dos seus alunos. A compra de
começou logo em 1853, evoluindo ainda mais a partir de 1864, com a reforma do ensino, onde a Escola
Industrial do Porto passa a Instutito Industrial e são criados vários gabinetes e laboratórios.. Instalado no
edifício da Academia Politécnica, esta área de formação ganha relevo no Porto, em 1869, ao ser decretado
que o curso de condutores de minas e de mestres mineiros passaria a ser unicamente leccionado nesta
cidade.
A componente prática era essencial para transmitir conhecimentos, daí a aquisição de novos equipamentos,
instrumentos técnico-científicos e materiais didácticos. Para facilitar este perfil de formação os
estabelecimentos de ensino auxiliar tiveram um papel fulcral, uma vez que permitiram aos discentes um
contacto mais directo com novas realidades, muitas vezes inacessíveis para o cidadão comum. A
preocupação de equipar estes espaços com o que de melhor havia na época era uma das preocupações
dos directores da escola, o que permitiu que hoje o Instituto Superior de Engenharia do Porto seja detentor d
uma copiosa colecção de instrumentos científicos datados, na sua grande maioria do séc. XIX, principios do
Séc. XX.

Resultados e Discussão
A existência deste tipo de colecções no ISEP não é um mero acaso. Com a criação em 1852 do ensino
industrial em Portugal, por ordem do Ministro das Obras Públicas Comércio e Indústria Fontes Pereira de
Melo, passou a existir no Porto a denominada Escola Industrial.
Desde a sua criação o ensino tinha uma forte componente prática, expressada na existência de diversos
laboratórios e gabinetes, denominados na época de estabelecimentos aucxiliares de ensino prático.
A compra de material para as aulas teve início logo em 1853 com o envio de um comissário do Governo à
cidade de Paris, José Maurício Vieira,, preparador de física da Escola Politécnica de Lisboa, para adquirir
algumas máquinas de física e aparelhos de química para o auxílio do estudo destas ciências.
A maioria dos laboratórios e gabinetes foram criados por Decreto, no ano de 1864.A partir desta data
passaram a existir no Porto:
• Uma Biblioteca
• Um Laboratório Químico
• Um Gabinete de Física
• Um Museu Tecnológico
Na nossa opinião, a publicação deste decreto apenas legitimou a existência de alguns estabelecimentos
não demonstrando, na prática, o início da sua actividade.
O Gabinete de Mineralogia ou Gabinete de Arte de Minas, no Instituto, nunca foi oficialmente criado, embora
tenha sido referenciados em correspondência desde 1867.

2º Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia – 28 a 30 de outubro de 2009


Fig. 1 – Excerto da carta enviada para a tutela com a relação do material, Porto, 1 de Junho de 1867.

Nesta mesma data, em carta enviada ao Ministro das Obras Públicas pelo director do Instituto Industrial, já
1
vem indicada a compra de 2000 exemplares de minerais . Em 1871 voltam-se a adquirir mais espécimes
2
para as aulas de Mineralogia , assim como, em 1872, foram adquiridos mais minerais e rochas, quase todos
3
fora do país .
Foram também efectuadas, em diferentes anos, doações a este gabinete, de colecções de minérios. Isto
demonstra a importância e dimensão do mesmo.
O director do Instituto escreve em 1871uma carta muito interessante à Direcção Geral do Comércio e
Indústria, onde refere que o ensino prático neste estabelecimento tinha vindo a melhorar, embora
estivessem muito longe de atingir um nível satisfatório.4
Este atraso deveu-se essencialmente à pequena dotação que tinha para a sua criação e desenvolvimento,
contudo iam satisfazendo as necessidades do ensino.
Na década de 80 do séc. XIX, o estudo da Metalurgia e das Minas teve um grande desenvolvimento. Isto
deveu-se ao facto de em 1881 o prof. Manuel Rodrigues Miranda Júrior, professor ordinário da Faculdade
Technica da Universidade do Porto, nascido no Brasil, passar a ser o professor titular da 7ª cadeira – “Arte
de Minas, Docimasia e Metallurgia“.
Para além da compra de colecções de rochas e minerais encetou-se igualmente uma importante colecção
de modelos de minas e de metalurgia.
Na nota de encomenda dos mesmos o professor Miranda Júnior refere, expressamente, que estes modelos
deviam ser pedidos ao constructor Gerdorf de Freibeg, fornecedor da Escola de minas daquela cidade.

Fig. 2 - Nota manuscrita com a indicação do fornecedor dos modelos de metalurgia, Porto, 1888

Salientamos que a Academia de Freiberg era uma das escolas de minas mais prestigiadas da Alemanha e
da Europa naquela época. Foram, ainda, adquiridos diversos modelos em França, outra referência
importante para o ensino em Portugal, à J. Digeon, de Paris e ainda a outro constructor alemão de grande
importância a J. Schröder, de Darmstadt.
Fig.3 - Modelo de alto forno simples, de Theodor Gerdorf, 1888.

Após a publicação da reforma do ensino industrial em 1887, Manuel Rodrigues Miranda Júnior toma posse
5
como professor catedratico 16ª cadeira – “Arte de Minas e Metallurgia”.
Esta cadeira estava dividida em duas partes. A primeira era denominada Arte de Minas, onde os alunos
aprendiam sobre desmonte, galeiras e poços, extração e ventilação em minas, entre outros assuntos.
Na segunda parte, Metalurgia, abordavam vários temas, como por exemplo: fins da metalurgia, fornos,
produção de aço, cobre, chumbo, prata, Minérios oxidados ou minérios de zinco.
O ensino teórico era “auxiliado” por laboratórios e gabinetes, que permitiam aos alunos uma componente
prática no seu percurso de ensino. Temos a referência, no antigo Instituto Industrial, das seguintes
estruturas com colecções práticas:
i) Laboratório metalúrgico ou de metalurgia, que apoiava as aulas da 15ª e 16ª cadeiras;
ii) Gabinete de mineralogia, que apoiava as aulas da 15ª cadeira;
iii) Gabinete de arte de minas, que apoiava as aulas da 16ª cadeira.
O ensino industrial sofreu várias reformas ao longo da sua existência, estas eram consideradas, na época,
necessárias para o ensino acompanhar as mudanças que se iam processando no próprio tecido industral do
pais.
Nos inicios do século XX Miranda júnior continua a coordenar as cadeiras do ensino da arte de minas e
metalugia.
Em 1905 proprietário da 11ª cadeira – Metallugia, legistação mineira, arte de minas, topografia subterrânea,
continuava a contribuir para que os alunos tivessem uma formação completa nesta área especifica, apoiada
sempre numa componente predominantemente prática.
Mas a importância de Miranda Júnior não se ficava por aqui. Baseados na documentação consultada, este
homem tentava sempre manter este ensino actual, estando a par das novidades que iam surguindo nos
outros país da Europa. É exemplo disso é a visita do professor à Exposição Internacional Mineira de Madrid,
6
em 1883, o qual pediu uma licença de 30 dias para visitar a dita exposição.
Na década de 80 do século XIX, temos a criação do Museu Industrial de Comercial do Porto, instalado em
1886 no Circo Olímpico do Palácio ou Circo de Cavalinhos, pois considerava-se que o progresso
incessante da indústria e comercio, os novos inventos e os novos produtos, os processos modernos
continuamente modificados e a abertura de recentes mercados tornam inadiável a criação de museus
industriais e comerciais, com o objectivo de serem o complemento indispensável dos conhecimentos obtidos
nas escolas especiais.
A sua direcção era composta por três membros:

1. O Presidente – da Associação Industrial do Porto


2. Um delegado – do Instituto Industrial do Porto
3. Um indivíduo – que reunisse os dotes necessários para o bom desempenho destas funções.
O professor do Instituto que foi escolhido para fazer parte da direcção foi o professor Miranda Júnior 7, o que
demonstra a importancia deste lente como personalidade de relevo no contexto do ensino industrial e de
todas as estruturas que lhe estavam associadas.
Agora as novas descobertas e invenções estavam ao alcance de todos ou, melhor, da cidade do Porto, que
respondeu, em massa, à chamada, apreciando, de forma mesmo efusiva, a existência deste novo espaço
de conhecimento.
Para além dos alunos das escolas e institutos industriais, todos poderiam apreciar as maravilhas
tecnológicas que desfilavam em vitrinas bem organizadas e com os objectos devidamente classificados e
com catálogos editados especificamente para o efeito.
O museu era um local vivo, onde os visitantes se podiam deslocar para aprender sempre mais.
O ensino teria de acompanhar todo este novo desejo de conhecimento. As cadeiras de metalurgia e da arte
de minas, sofreram algumas alterações como pode ser comprovado de forma clara através deste quadro.

Instituto Industrial do Porto Instituto Industrial e Instituto Industrial e Instituto Industrial e


Comercial do Porto Comercial do Porto Comercial do Porto
(1854-1886) (1888) (1891-1905) (1905)
7ª cadeira – Arte de 16ª cadeira – Arte de minas, 12ª cadeira – Metalúrgica, 11ª cadeira -
Minas, precedida legislação Mineira e Metalurgia Arte de Minas (1ª parte), Metalurgia, legislação
Arte de Minas e mineira (1ª parte),
de noções gerais sua legislação ( 2ª parte) Arte de Minas, topografia
de geologia e mineralogia, Subterrânea (2ª parte)
docimasia e metalurgia

Instituto Industrial e Instituto Industrial e


Instituto Industrial do Porto
Comercial do Porto Comercial do Porto
(1925) (1919)
(1931)
22ª cadeira – Exploração de 12ª cadeira – Arte de Minas, 12ª cadeira – Arte de Minas,
Minas Jazigos (1ª parte) Jazigos (1ª parte),
Metalurgia, exploração de
Minas (2ª parte) Metalurgia (2ª parte)

Fig. 4 – Quadro com as cadeiras de Arte de Minas e Metalurgia (1864-1931)

A partir da década de 50 do século XX, deixam de existir cadeiras directamente realcionadas com a Arte de
minas e Metalugia, continuando a existir apenas as cadeiras de mineralogia e geologia.
Contudo o legado que chegou aos nosso dias, destacando as colecções actualmente no Museu do ISEP, o
arquivo Histórico e o fundo bibliográfico, permite-nos a entender as técnicas e a evolução da ciência entre
os séc. XIX e XX, assim como o ensino da engenharia e sua a organização, valorizando a importancia deste
ensino num Portugal fortemente rural, se o paí chegou a ser industralizado, já é uma outra questão!

Conclusões
A criação do ensino industrial em Portugal foi um importante passo no desenvolvimento do Pais. Estavamos
numa época que a indústria e as vias de comunicação estavam em pleno desenvolvimento, com a maior
facilidade de deslocação a partilha de conhecimentos tornava-se inevitável.
As exposições universais na europa eram deste modo o expoente máximo na divulgação das novas
técnicas, estes grandes eventos foram igualmente importantes para o desenvolvimento da sociedade do
século XIX, dando grande incremento ao avanço da indústria e da agricultura.
Portugal, embora não sendo um país industrializado, se comparado com a Inglaterra ou a França, tentou,
pelo menos, estar a par das novas tecnologias e implantá-las no nosso país.
O ensino industrial foi, sem qualquer sombra de dúvida, crescendo durante todo o século XIX e princípios do
XX, consolidando-se no panorama nacional com um contributo importante na formação dos cidadãos, bem
como motor do desenvolvimento da nação, principalmente no campo económico.
Na sua longa história, há mais de 155 anos, o Instituto Superior de Engenharia do Porto, teve altos e baixos,
sucessos e fracassos. Todavia, a sua principal missão permanece intocável, ou seja, dedicada à formação
superior de engenheiros, no espírito dos modernos paradigmas do ensino politécnico, norteados por um
saber-fazer de alta exigência científica, técnica e experimental.
O espólio reunido são importantes peças na reconstituição de um percurso histórico quer da instituição de
ensino, como até da própria ciência, acessibilizando a toda a sociedade os grandes avanços técnicos que
foram surgindo na segunda metade do século XIX.

Referências e Notas
1
Carta enviada ao Ministro das Obras Públicas pelo director do Instituto Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa, em 1 de Julho de 1867.
2
Carta enviada ao Ministro das Obras Públicas pelo director do Instituto Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa em 9 de Abril de 1871.
3
Carta enviada ao Ministro das Obras Públicas pelo director do Instituto Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa em 15 de Outubro de
1872.
4
Carta enviada à Direcção Geral do Comércio e Indústria pelo director, em 9 de Agosto, 1871.
5
Livro de termos de posse dos lentes, e mais empregados da Escola Industrial do Porto, Porto, 19 de Setembro de 1853.
6
Carta de Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa para Manuel Rodrigues de Miranda Júnior, em 4 de Junho de 1883.
7
Carta enviada a João Pedro Martins pelo director do Instituto, em 15 de Janeiro de 1884.

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