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= 15 o = wn i=] a < Oo Ministro da Educacio ¢ Cultura Diretor do Ensino Secundario José Carlos de Mello e Souza Coordenador dos Cursos da CADES — i Clovis Salgado Gidasio Amado Sen 7 COLABORADORES Prof’ Ceres Marques de Moraes. Bachave! © Licenciada em Matematica, pela Nacional de Filosofia da Universidade co B Professra do Liceu Nilo Pecanha de } de Diditica Especial de Matematica n; nense de Filosofia, uidade F tente Faculdade Flumi- Prof. Jélio César de Mello e Souza. Catedratico da Faculdade Nacional de Arquite ‘ae do Instituto de Educagdo. Docente de Colésio Podro TL. Prof. Manoel Jairo Bezerra. Bacharel e Licenciado em Matematica, pela Facutdade Na+ clonal de Filosofia da Universidade do Bra Professor do Colégio Pedro Tl, do Colisio Metropolitano e do Gindsio Municipal Clovis Monteiro. 3 i ‘ ra INDICE Unidace 1 A Matematica; seu conceito; sua importancia — Prof, Julio Cesar de Mello e Souza . Unidade II Finalidades da Matematica no Curso Secundasio — Prof, Julio Cesar de Mello e Sowa ...... Unidade 1 Interpretagao do Programa de Matematica do Curso Gina- sial — Prof* Ceres Marques de Moraes Unidade IV © Planejamento do Ensino em Matemitica — Prot» Ceres Marques de Moraes : Unidade V 4 Motivaco da Aprendizagem em Matomati Ceres Marques de Moraes Unidade VI © Problema do Método no Ensino da Matemética — Prot Ceres Marques de Moraes - Unidade VII ‘Técnicas de Apresentagio da Matéria ¢ da Aprendicagem em Matematica — Prof. Manoel Jairo Bezerra ... Unidade VIE © Material Didatico no Ensino da Matematica — Prof Ceres Marques de Moraes Unidade 1X Técnicas de Fixacéo da Aprendizagem da Matematica — Prof. Manoel Jairo Bezerra Unidade X Yogos; RecreacSes e Curiosidades Mateméticas — Julio Cesar de Mello e Souza ed Unidade Xt ‘A Verificagéo de Aprendizegem em Matematica — Prof, Manoel Jairo Bezerra — Prof 59 81 st oT ann 133 ee . (2) Amoroso Costa — Not ral matematico brasileiro (1885-1928). Foi professor de Mecanica Celeste na antiga Escola Polltéonice _ Rio do Janeiro e desempenhou, no Brasil, importante papel no desen- Yolvimento do ensino da Matematica, Entre sas obras devemos desta. ar: £As idéias fundamentais da Matematica>. Para tm estudo mate sompleto da vida e obra diese famoso gedmetra, convém ler Mello ¢ Seuza «Diclonario Curioze e Recreativo da Matematica», io. 1900 ZXol, Pg. 108. Chamamos também a atencdo Gos professsres pera ¢ artigo do Dr, Lulz Freire, publicado na «Revista Brasilers de Matematican, em dezembro ge 1020, pag. 13, 2 APOSTILAS DE DIDATICA Para assinalar a importancia da Matemiética efirmou, da, Amoroso Costa, emoldurando suas palavras com imprevis- tos efeitos de elegancia e precisao. , (2 No dominio puro considera a Matematica nogdo prodi- siosamente abstrata (ntimeros, varidveis complexas, fungées Clipticas, pontos do infinito, clementos imagindrios), que as raizes profundas do conhecimento. No campo real, dentco dos problemas de aplicacéo, constitui a Matematica poder instrumento de pesquisa: 0 estudo de um fendmeno $6 tom a ganhar quando pode ser posto em equacio, expresso por uma formula e reduzido a niimero, (3) © historiador portugués, A. F. de Vasconcelos, ofereve- os, em poucas linhas, alto elogio da Matematica «A certeza que caracteriza a Matematica e a cleva acima de todos os conhecimentos humanos, provén: da simplicidade de seus objetos e, principalmente, da marcha sem duvida mais conveniente seguida pelos que a empregam na investigagio da verdades. (4) (2) Trecho de memoranda conferéncia proferita por Amoroso Costa, sbbre Otto de Alencar. Ctr. «Revista da Escola Politécnica» 19°, pig. 19, Referindo.se a Amoroso Costa, esereveu o Dr. Luiz Freite: . (Cir. F.L. e E. L. Etchegoven Tec! pensamento matematicos, Buenos Aires, 1050 pag 0. meee forep lmitaram-se a transcrever: C. A, Lalsant — ca Mathématique Fncrtilesophie — Enseignements, Paris, 1907, pag. 32), No diciondve Filosstice, de Orris Soares, Rio, 1952 pg. 234; podemos ler’ ck G Zesobl @ quem Fourier censurava por mergulbar em indagasses muito Shtralas, respondeu: O rim da ciencia, é apenas a honra do eepitito hu. ava a cidneia 5 Mano>. OMteyerson. C. P. volume 1, pag. 5) Ge egramdtica da eléncias, Orcis Soares — «Diciondrio Filgséticon, Rio | “ws ee (6) Sante Agostinho — © mais prestigioso vulto da Igreja Lati- G BH-A80). A obracprima de Santo Agostinho é a «Cidade de Deas C.Bemsamento agostiniano, que transcrevemos, encontracse no lives ne Paul TRUS © Mello e Sousa — «Matemitica — 1» anos, Livtana alven Rio, 1920, 1 ed, pag. 110, (7) Sao Jeronimo — Um des doutéres da Igreja (231-420). Con poamarineo de Santo Agostiho, Delxou sndmeras obras entze as gears Podestamos citar a tradugo da Biblia, denominada Vulgata, eonedcaas APOSTILAS DE DIDATICA Oucamos, também, a opinido de Michelet, um dos mais pujantes historiadores do Século XIX: «Duas coisas, apenas, so suficientes para atender aos anseios de meu espirito: o Evangelho e a Matematica». (8) De fundo acentuadamente politico é a sentenca que varios autores atribuem a Napoledo: , (9) G&e, Laisant, ob. cit. pag. 38. (40) Chasles (tiguel) — Famoso matemético francés (1793- 1880, Deixou o seu nome ligads a uma relagio famosa: , E acrescen- ta: «Pela certeza indubitavel de suas conclusdes constitui a Matomatica 0 ideal da Ciéncia». (11) A Matematica — reconhecia Berthelot — 6 0 instrumento indispensivel para qualquer investigacio fisiea. (12) E 0 ilustre Professor Monteiro Camargo, da Escola Po litéenica de S40 Paulo, proclama com o paso de sta incontes- ‘tavel autoridade: «Hoje, mais do que ontem, a Matematica ¢ 0 veiculo po- deroso que conduz © progresso da Fisica, Ciéncia de fato tom sido esta ¢ tera o set: destino intimaments dependente da eién- cla exata que 6 aquelas <0 que so passa com a Fisica, quiase que se repete com todo 0 campo do saber: — Pode-se mesmo medit 0 progresso, ou melhor, © grau de desenvolvimento de uma ciéncia, pelo seu maior ou melhor grau de matematizacéos. (13) ‘Chastess. A frase eltada encontra-se num artigo de J. Sebastito ® Silva Publicado na wGazeta de Matemsticas n 13, janeiro de 1913, pag. 9 em nota, (41) Leonel Franca. S.J. — Os precursores de Deceartess, no livro «Matematica, 1* ano», de Cecil Thizé e Mello © Souza. O artigo do saudoso Padre Franca, encontrase na pag. 410 desea obra (12) Berthelot (Marcelino Pedro Eugtnio) — Cétehre quimico ¢ politico francés (1827-1807). Cir. A. Rebiére, ob. elt. pas 240 18) Rio, 1942, pag. 62. (14) F. Enriques e G, Santana — «Pequena Historia do pene ‘samento Cientificos, trad. de Elias Davidovich, ed. Vecchi Ltda. Rio 1940, ag. 133. Mais do que qualquer outra clénei, a Matematica proporciona, ‘to Romem conbecimentos exatos, precios e Facionaln E estd sobefamente Provado que tais conhecimentos so indiepenstveis nos embates cons tantes da vide, ESPECIAL DE MATEMATICA, ” hharmonia dos niimeros e da beleza das formas geométri- easy. (15) A MATEMATICA E O PLANO DO UNIVERSO Escreveu o nobre e erudito Fourier, personalissimo filé- sofo e matemético francés: (16) «A Matematica desenvolve-se passo a paso, mas 0 seu Progresso € firme e seguro no meio das continuas flutuacdes ¢ erros humanos. Esclarece seus atributos, combina os fatos Gesconexos ¢ revela o laco secreto que os une. Quando 0 are a luz e os fendmenos da eletricidade e magnetismo parecem nos lludir, quando os corpos séo removidos de perto de nds para a Imensidade do espago, quando o homem deseja observar o Grama gue se desenrola nos céus através dos séculos, quando Protende investigar os efeitos da gravidade e calor nas profun- Gidades impenetraveis da Terra, entao apela para 0 auxilio colaboragio da Andlise Matematica. A coisa mais intangivel, @ Matematica torna palpavel; prevé 0 mais obscuro fenémeno, traz para junto de nds os corpos que erram pelos abismos do céu; e abre, para a imaginacdo humana, o interior da Terra Surge como extraordinaria forca do pensamento humano, for. Ga que nos foi confiada com o tnico propésito de nos compen- sar pela imperfeicéo de nossos sentidos ¢ pelo breve fugir de nossas vidas. E, o que se nos afigura ainda mais maravilhoso ne estuddo dos diversos fenémenos 6 que a Matematica aplica sempre 0 mesmo método, explica tudo na mesma linguagem como se quisesse, désse modo, testemtnhar e reafirmar a uni. dade © a simplicidade do plano do Universo», © saudoso Professor Fernando Raja Gabaglia, em dis curso proferido no Colégio Pedro IZ, assim se expressou: (18) Cfr, Mello © Souza — Matematica Divertida 6 Pitoresca — Ag. 93. Aos estudiosos aconselhamos: James R. Newman — The World gf Mathematics — New York, 1955, 1 Vol, pég. 4, 0 estudo de Philip, E. B. Jordain — eThe Nature of Mathematicen, (36) Fourier (Joo Batista José, bardo de) — Cetmetrs trencés (2708-1830). Pertenceu & Academia Francesa e deixou grande ntmore Ge obras O estudo das Séries de Fourier é um dos capititos mats interes, santos © mais fecundos da Anélise Matemdtica, 8 APOSTILAS DE DIDATICA «Tenhamos sempre presentes, no pensamento, aquelas palavras de Lord Balfour, 0 ensaista incomparavel: . Lord Baiccur figurou entre os agnéstioos mals intransigantes @ mostroa-se irreconci= Havel com os tomistas, « Rio Ga razio>. O lrreverente Lord Balfour velo, assiin, sem quotes, amerissar nos dominios da. Matemstioe. SPECIAL DE MATEMCATICA @ tem a esperanca de que um Poincaré suscite no Século XXL novos Pasteurs e novos Curies. (18) E em outro trecho de sua brilhante exposicéo, salienta Borel Quando os geémetras da antiguidade estudavam as secdes cénicas, ter-se-ia podido prever que essas curvas desempenha- riam, dois mil anos depois, papel fundamental na Astronomia ? E quando Pascal e Fermat lancavam os primeiros fundamentos do Caleulo das Probabilidades, quem teria podido supor que un dia os te6ricos iriam considerar as leis da Fisica como sendo de maior probabilidade, tirando assim & lei natural a rigidez que nés é familiar 2> E digna de especial destaque esta observagéo do ilustre cientista brasileiro Prof, Jodo Cristovam Cardoso: Sem a Geometria de Riemann, publicada em 1854, ou sem a teoria da invarianeia, desenvolvida pelos matematicos Cayley (1821-1995) e Silvester (1814-1897), 0 fisico Einstein, em 1916, ndo disporia de meios para apontar a sua famosa teoria da Relatividade>. *Foi a teoria dos valores limites, em parte edificada pelo trabalho de Sturm e Lionville, que permitiu o aparecimento da Mecanica Ondulatéria», (19) Ousames, dentro da mesma ordem de pensamentos, 1m geémetra de alto prestigio, incapaz de balburdiar no campo da Ciéncia, Els as observagdes do Prof. Cristovam Colombo dos Santos, da Faculdade de Filosofia de Belo Horizonte: «As ondas hertzianas, da T, S. F., foram descobertas em 1873, por Maxwell (1831-1879), com auxilio do Caleulo «A revolugéo da Fisica Moderna, iniciada em 1926 com 0s trabalhos de W. Heisemberg e D. A. M, Dirac jamais teriam surgido sem a teoria puramente matematica das matrizes en- (38) Emilio Borel — — Paris, 1927, pag. 498. Acrescenta Ghyisa um informe bastante curios: «Emilio Borel aplicou, na resohuggo de oestes problemas da Fisica. espantoea Geometria integrada num espate de vinte f chico dimensbes > Ob. Cit, pag. 438. Parece-nos ofortino citar ail © filéeoto alomaso Jorge Guilherme Frederice Hegel (1770-1833); Alguns meses depois a solucdo era encontrada, pelo cél- culo e tinicamente polo edloulo. No dia 1* de junho de 1846, epresentava Le Verrier @ Academia Francesa as coordenadas celestes do planéta perturbador de Urano, Existiria, realmente, aquéle astro que Le Verrier calculara mas que até entdo nin. guém tinha visto ? A Academia recebeu com certa desconfianca a assercdo do jovem matematico Galle, astrénomo do Observatério de Berlim, menos por convicedo do que para atender a0 pedido de Le Verrier, pro- curou observar o trecho da abdbada celeste onde deveria achar- (28) James Hopwood Jeans — Fisica, astrénomo e matemético RRNS (1877-1946). Célebre pela originalidade de suas teoriaa commop®, Rises. Ofs. James Jeans — «Fisica e Filosofiav, traa, ge Alteto Cadetas, Lisboa, 1944, peg. 27 APOSTILAS DE DIDATICA se © «Planéta Desconhecidos e verificou assombrado, que ali existia na verdade um astro que correspondia exatamente & estimativa do sibio francés, como se féra feito sob medida Esse astro recebeu o nome de Netuno. (24) Tal resultado, além de representar um incompativel tri- unfo para a Mecinica Celeste, velo demonstrar a fecundidade assombrosa das leis fisicas e das teorias matematicas quando empregadas judiciosamente Medite-se, agora, no que significa o fato de um mindsculy cérebro humano, colocado no igualmente diminuto grao de er- vilha que habitamos e a que chamamos Terra, ter descoberto que a uma distancia de muitos milhées e milhdes de quilémetros Se move, em redor do Sol, um corpo celeste ainda desconhecido, gue, com a sua forea de atracéo, exerce influéncia no movimen. to dos outros planétas. Isto constitui, sem diivida, azo para que sintamos profundo respeito pela Matematica. (25) A MATEMATICA E A TECNICA A reacio da Matematica sdbre a técnica pode ser posta em relévo gracas a um exemplo bem simples. Fol a caracterizacdo matematica da funcéo de magneti- Zacao ¢ de histérese e, mais ainda, a andlise geométrica das figuras que respectivamente as representam, isto é, a curva de magnetizacéo e a curva de histérese, 0 fator que permitiu 8s gigantoccas reelizacdes da moderna Eletrotécnica, A partir Ge entéo, a ciéncia técnica faz cada vez maior uso de férmulas € teorias matemiticas, j4 utilizando a Andlise Elementar ¢ In. finitesimal, j4 a Geometria Analitica e Céleulo Vectorial «No nos esquecamos (sublinhou Pierre Deveaux) de que a bagagem matemitica da nossa época nao tem deixado de (24) Netuno tem 54,800 Km de dlametro © move-se a uma di fAncia de 4500 mindes de quilometros do Sol. O ano netuniano ¢ equi, valento a 164 anos ¢ 280 dias terrestres. Netuno € acompanhado de umn satélite unico — chamado Tritfo — que é bem maior do que a Lua (25) As trreguleridades observadas na 6rbita de Netuno levaram 08 astronomes a descobrirem Plutdo, no ia 21 de jazeito de 1990, Ber contravse Plutio a 7.000 mikes de quilémetros do Sol e gasta cerca de 250 anos para percorrer sua érbita. ESPECIAL DE MATEMATICA 2 aumentar de dia para dia. EquagGes de derivadas parciais, de- senvolvimento em série, a série de Fourier e as escalas loga- ritmicas so outros tantos recursos familiares a todos. Os es- Pantosos «ntimeros imagindrios» — essa concepeio do espirito contraria a0 préptio espirito — sao utilizados no setor pratico mais banal, para céiculo de circuitos de correntes alternativas. Pode-se dizer que, neste dominio, ha superabundancia; «maqui- nas de equacdes» como as de Torres, integradores ainda sem emprégo criados por ésse eminente — do iivro , (29) A MATEMATICA NA VIDA «Téda @ nossa vida moderna — assegura Paul Montel — esta como que impregnada de Matematica. Interfere nos atos cotidianos e nas construgées do homem e n&o s6 as nossas ati- vidades artisticas como também a nossa vida moral sofrem benéfica influéneia da Ciéneia dos Numeros. Os proprios ani- mais se submetem, e 0 seu instinto, desenvolvido pelo lento trabalho da hereditariedade, leva-os 4 descoberta de leis ma- tematicas que sé ao homem foi dado formular e que parecem existir nos irracionais como que ligados obscuramente A forma de sua consciéncia. A Matemética aparece a cada instante na vida cozrente para as necessidades comuns & quase totalidade dos homens, mas, muitas vézes, cada um déles tem, além disso, uma ferra. menta a empregar, uma méquina a utilizar, um aparelho a por em marcha, sem falar dos especialistas, construtores, arqui- tetos, engenheiros, marinhelros, ete., para os quais 0 uso pro- fissional da Matematica tem um cardter permanente: aqui & uma direcao a definir, logo depois um diametro a medir, ou uma velocidade a avaliar, ou uma casa a construir — obra que exige um projeto, um corte, um levantamento. A Matematica intervém mesmo para apaziguar a dor humana; o médico em- Prega-a no calculo das dosagens, 0 bacteriologista na contagem (29) Miguel Ramatho Novo — «Sobre as derivadas das funcdes de uma varidvel reat e suas aplicagdess, Tese de Concurso —— Rio 1946, Bag. 85. E nesse sentido pondera o matemdtico portugités Bente Jesus Caraga: «O objetivo final da Ciencia é a formacdo de um quadro ondenade ¢ explicativo dos fen6menos gerais — fenomenos do mundo fisico ¢ do sociale. Cfr, Bento Jesus Caraga — Conceitos Fundamentals da, Ma ‘maticas, Lisboa, 2942, Vol. TT, ply. 5. 26 APOSTILAS DE DIDATICA dos micrdbios e o cirurgiéo na forma das suas intervencdes ¢ na disposi¢ao dos pensos, ‘Todas essas operacies aritméticas ou geométricas que o homem efetua como que jogueteando, necessitaram séculos Para que a humanidade conseguisse precisé-las, isolé-las, esta- belecer as suas técnicas. Pode-se medir o caminho percorrido, observando a maneira de contar dos povos chamados primiti. Vos; éles recorrem a uma mimica que utiliza os dedos das maos € dos pés ou, ento, aplicam sucessivamente 0s objetos a contar sobre as diferentes partes do corpo; reconhece-se neste ultimo Proceso 0 esbéco da nogéo de correspondéncia tao fértil na ‘Matematica moderna. Os primitives ndéo vao muito Ionge na sua maneira de contar} de resto, os grandes nimeros sé aparecem lentamente: a palavra milhdo é do século XV; bilho, do séeulo XVI, e isto numa Europa Ocidental, j4 avangada>. (30) Parecem oportunas as consideracées do matematico ¢ his- toriador Francisco Vera: Ap W. Sedgwick 6 He W. Be etnas 4 Gncan, tnd. de Leotel Vllndse, Bd Globo 3000 raga ESPECIAL DE MATEMATICA 2 «Sinto-me profundamente surpreendido ao observar a arte com que os mateméticos afastam, rejeitam ¢ eliminam, pouco a pouco, tudo o que é intitil para chegar a exprimir 0 absoluto com o menor nimero possivel de térmos, assegurando no arranjo désses uma perfeita selecio, um paralelismo, uma simetria, que exprime a elegancia e a beleza visivel de uma idéia eterna>. (32) A MATEMATICA E A VIDA SOCIAL Para mostrar a importincia do Caleulo das Probabilida- des esereveu Patil Montel: «Outro caminho pelo qual a Matematica se introduz na vida dos individuos e dos povos 6 o Calculo das Probabilidades. Um grande niimero das nossas decisées diz respeito a aconte- cimentos dos quais, a nossos olhos, certos elementos de incer- teza esto submetidos as leis do acaso. Estas decisdes sao guiadas, e muitas vézes determinadas, pela nocdo de probabi- lidade, algumas vézes sob uma forma imprecisa ou apenas consciente. E também o Caleulo das Probabilidades que regula diver- sas medidas de ordem coletiva em relagdo a vida econémica e social; & vida de instituiedes como bancos out companhias de seguros de vida, seguro contra a doenca, contra a invalidez, contra o incéndio, contra a saraiva ou contra o roubo; intervém nos dispositivos de certos aparelhos como o telefone, o radio, ete. Pela Estatistica, elucidam os matemiticos outras ques- tes de ordem financeira, econdmica ou social. A Matematica aplica-se, também, & Higiene Social, & edueacdo das criancas, & Psicologia, ete. (33) (82) Bagara Quinet, filésofo, posta © historlador francés (1803- 1875). Ctr. F. de Le Lionnals — eles grands courants de la pensée mathématiques, Parls, 1848, pagina 436, (83) Paul Montel — Ob. Cit. Em lamentéval equivoco ineidiu © famoso Sérgio Voronoff ao afirmar que os matematicos (que éle, talvez por ironia considera os homens mals fellzes do mundo) 96 se preocupam com o¢ nimerae abstratos no mundo de imaginagio em que vivem. O Diologista russo numa edbicio ridicule de sentimentos pessoais, demons- frou que desconhece a Matemtica e que igmora, por completo, @ obra 28 APOSTILAS DE DIDATICA A MATEMATICA E A VIDA CORRENTE O naturalista Darwin — numa idade em que a experién- cia da vida pode consolidar os ensinamentos dos livros — nio ocultava o grande desgésto de néo se ter aprofundado nos es. tudos da Matemitiea — «Porque, dizia, os homens que conho. cem 0 caleulo parecem possuir um sentido complementary. (34) Exaltando 0 valor da Matematica, observou o ilustre Prof. Leopoldo do Amaral, autor de varios trabalhos de longo félego «Um homem s6 merece o titulo de cientista quando pro- cura descobrir a verdade através de uma experiéneia ou com auxilio de uma formula mateméticas, (35) Descartes, fildsofo francés, ainda 6 mais concludente no seu elogio & Cigncia dos Nimeros. «A Matematica tem invencdes muito sutis e que podem servir grandemente, tanto para contentar os curiosos, como para fecilitar tédas as artes e diminuir 0 trabalho dos homens». (36) Ripergrandiosa que os mateméticos realizam continuamente em todos os selores da vida Cfr. Sérgio Voronof? — «Do exetina a0 génion, trod de Eduardo de Lima Castro, Nesse livro dastaca-se © captlilo 0 pro. Dlema eriador dos matematicoss, ro qual repontam vatios erros ¢ die parates. (4) Darwin (Carlos Roberto) — Naturalista inglés de renome mundial (1809-1882). Durante muitos anos foi Darwin diseutido « mel ‘interpretado, porém, a sma honestidade, como homes pOvlico econ clentista, colocaram-no entre as vultos exemplarco, 0 pensamerte oitecs gncontravse em C. A. Latsant — , Para a frase eltada ef, Luiz de Boglie <0 futuro da Citncias, trad. do Professor Eduardo Pinheiro (39) Kepler (Joo) — Astrénomo alemBo (1571-1680). Um dos fundadores da Astronomia Moderna. Para o aforismo citaco oft, A Re, Bide, ob. eit. pag. 15S. Observacdo cutiosa de Emnesto Von Aster, {lésoto alemdo da atualidade: . (2) 2) O que ensinar? Devera o Professor omitir certos pontos do programa? Sera interessante ensinar nogées nao contidas explicitamente no programa? Devera o Professor ensinar a parte técnica? Os poliedros estrelados? As mudancas de base? Certos teoremas a Algebra? A teoria da raiz quadrada? A pratica da raiz cubica? As I M. do C. P. II contém esta notavel observacao: +O que importa nao é ensinar muito, mas ensinar bem, com orientacao adequada, evitando fatos e problemas puramen- te especulativoss. 3) Como ensinar? Sera indicado, para a classe, o estudo dirigido? Prelecdo visualizada? O processo do caderno controlado? O método da Tedescoberta? Que técnica ou procedimento didético deverd o Professor adotar? : (2) Das Instrughes Metodolégicas que acompanham o Programa ‘Oficial de Matemdtica. Hssas instrugiee foram elaborades por protessd. ESPECIAL DE MATEMATICA rer ‘S4o interessantes, nessa parte, os ensinamentos ccntdos nas I. M. do C. P, I: «Dever-se-& dar especial atencio, principalmente no Cur- 80 Secundario, ao exato significado dos térmos empregaios, fugindo-se, sempre, da prética da simples memorizacio, que cansa € enfastia; do uso abusivo de definicées, em particular de Gefiniodes descritivas o mais das vézes viciosas; e, ainda, do recurso de demonstracies longas e pesadas que, 20 invés de sa- tisfazerem as necessidades légicas que comegam a ser desperta- das, as embotam e atrofiamp, 4) Para que ensinar? Quais s4o os objetivos do ensino da Matematica? Que beneficio traré para os edueandos? Devemos prepari-los, iinica. mente, Para as provas oficiais? Para alguma finalidade ime- diata? Para a vida? Os trés primeiros problemas esto fora dos objetivos es- senciais déste capitulo. Seréo, em momento oportuno, devida- mente estudados e esclarecidos. Vamos, pois, enfrentar e ana. Tsar, do ponto de vista didético, a quarta e iiltima pergunta PARA QUE ENSINAR MATEMATICA? (3) Em outras palavras: Quals so as finalidades precipuas da Matematica no Curso Secundario? Precisames, antes de mais nada, apreciar discutir os chamados valores e objetivos da Matematica, VALORES DA MATEMATICA Grave contra-senso, nos dominios da Didatica, praticaria © Professor que se aventurasse a ensinar a Matemétiea sem se achar perfeitamente a par dos valores e objetivos desea impor- tante disciplina. 38 APOSTILAS DE DIDATTCA, Nao basta, ao Professor, conhecer a matéria, apresenté-la com a necessétia clareza, ter entusiasmo pelo trabalho; é im- prescindivel que o Professor oriente seu ensino com o pensa- mento polarizedo nos objetivos diretos ou indiretos da Matema- tica, objetivos que decorrem dos valores dessa ciéncia. os valores que se destacam no ensino a) sua utilidade na vida corrente: Ja mostramos, exaustivamente, que a Matematica é indis- pensivel para a vida de qualquer cidadio normal. Os nimeros cascateam, sem parar, diante de nossos olhos, os problemas ru- dimentares de célculo, repontam a cada passo. H. G. Wells, 0 famoso escritor inglés, escreveu: «O niimero acompanha 0 ho- mem desde que éle (homem) nasce até que morres. Ao cami- nhar na vida pisamos a todo instante sObre pilhas e mais pilhas de ntimeros>. (4) b) sua utilidade para 0 estudo de outras matérias: A Fisica, a Quimica, a Biologia, ete. nao podem ser estu- dadas sem 0 auxilio constante e seguro da Matematica. A Arit- mética e a Geometria palpitam por téda a parte. Existe uma colegio de livros didaticos cujos titulos evidenciam ésse valor, até hoje incalculado, da Matemética: «Matematica para Fisicos ‘© Quimicos», «Matematica para o Médico», «Matematica para 0 Agricultor>, «Matematica para 0 Radio-Amador», etc. c) sua utilidade como disciplina mental: A Matematica (convém insistir e reinsistir) ensina a ra~ ciocinar com exatidao; @ pereeber delicadas e obscuras formas (A) Ao estudar © Célcwo Aritmético, na Escola Primaria, esereveu Aguayo: . Esse principio é verdadeiro para uma circunferéncia do ta- manho da ponta de uma agulha e é, também, verdadeiro para a circunferéncia que tiver o raio igual ao raio universal visivel Das Instrugdes Metodolégicas para o Ensino da Matemati- a, copiamos estas judiciosas consideracées: «Desernpenha, indiscutivelmente, a Matematica, no Ensino Secundario, um papel preponderante como objeto de cultura, instrumento de trabalho e fator de aperfeicoamento mental». <0 alto valor educativo de seus métodos e processos de aprendizagem tem sido reconhecido e prociamado de um modo geral>, ARRMIRSE SE ESEEREEE! (5) Ha vultos notéveis que eubestimam 0 valor educative da Ma- temética. Disse Goethe, poeta alemo: , México, 3950, 1+ ed, pag. 4. Convém ler: Adolfo Rude — «La Ensenanza de las ‘enclis exatas e naturales, Ed. Labor, 1997, pég. 5. 40 APOSTILAS DE DIDATICA «Tal aprendizagem presta-se a desenyolyer, paulatina- mente, no aluno, a capacidade de julgamento, o habito de con- cisdo e rigor na expresso, a intuicdo, a agilidade de acéo e de raciocinio, e, também, a atencéo, a presteza para compreender, reter e elaborar». Os valores da Matematica podem ser, portanto, divididos em dois grupos: 1) valores utilitarios; 2) valores educativos. Estudemos, separadamente, cada um désses valores (in- formativos e formativos). VALOR UTILITARIO DA MATEMATICA «Afora a lingua materna — comenta o Prof. Euclides Roxo — nenhum assunto de estudo esta tao intimamente ligado: & vida didaticas, (6) Ja fizemos sentir a importancia da Matematica nos acon tecimentos mais banais da vida. Fala-se, por exemplo, no es- pantoso satélite artificial lancado pelos astrofisicos russos. Surge logo um sem-mimero de perguntas: — Qual é 0 péso désse satélite? — Qual é a sua velocidade? — Qual a forma de sua érbita? — Qual foi o seu custo? — Qual sera a sua duracao? Cada pergunta est intimamente ligada a nimeros, a f6r- mulas, a figura e a proposi¢io matematica. A Matematica, fornecendo meios para a resolucdo de pro- blemas da vida, tem, precipuamente, uma finalidade utilitaria, informativa. Ensina a Matematica a calcular a Grea de um poligono, ‘0 volume de uma esfera, o juro de um capital, a despesa de uma indiistria, 0 comprimento de uma elipse, a distancia entre dois planétas, a resisténcia de um cabo, o custo de uma obra, a tone- Tagem de um navio, 0 salario de um operdrio, a poténcia de um motor, ete. (6) Euclides Roxo, ob. cit. pig. 104. ESPECIAL DE MATEMATICA a“ E, neste ponto, observa Euclides Roxo: «Apesar désse enorme valor pratico da Matematica 6 for- goso reconhecer que o cidaddo normal pouca necessidade tem dos fatos matematicos e mesmo escassa oportunidade de usé-los, além das mais simples nogées Aritméticas>. (7) Nao seria dificil apontar engenheiros (militares na pro- fisso) que nunca foram levados (por problemas priticos) a resolver uma simples equago do 2° grau. Sabemos de arquitetos notaveis que jamais tiveram oportunidade de aplicar, no estudo de seus projetos, as complicadas transformacées de Geometria Descritiva. Em cem estudantes, que deixam 0 Curso Secundario, s6 quatro ou cinco (no maximo) terao opertunidade de aplicar (na vida) certas teorias matematicas estudadas na escola. Dizia-nos alto funcionario do Banco do Brasil «Até hoje n&o precisei dos logaritmos, ¢ nao tive oport nidade de aplicar o teorema de Pitagoras, do qual tanta ques- tao fazia, no meu tempo de colégio, o velho Professor de Geo- metria». (8) Ha, entretanto, profissdes que exigem do individuo conhe- cimentos profundos da Matematica. No dizer de Laisant mesmo os homens ilustrados (com aversao declarada pela Matematica) aplicam, constantemente, as nocdes aprendidas nas classes colegiais. E escreve: «A iniciacdo matematica 6 indispensdvel a tadas as crian- cas, sem distinedo de fortuna, de situacdo social, de sexo. Cum- Dre, porém, acrescentar que sempre ~~ sem distincdo alguma, sem reserva de qualquer espécie — a instruciio matematica é igualmente indispensével. As mulheres precisam tanto dela como os homens; a vida corrente, a economia doméstica, da mesma forma que a indistria, cujas aplicaedes envolvem todo (D) Buclides Roxo, ob. cit., pag. 104 (8) Paul Montel, ob. eit. Veia nota nt 30. 2 APOSTILAS DE DIDATICA © nosso viver, exigem de nés conhecimentos das grandezas e da extensior. (9) E acrescenta Laisant A resposta € fécll, Vamos transerever, apenas, um pequeno trecho o insigne matemético e astrénomo, Prof. Setestiio Sodré da Gama, que exerceu a citedra de Mecénica Racional na Escola Nacional de En- ‘genhari Beereveu 0 saudoso Prof. Sodré da Gama: APOSTILAS DE DIDATICA tea. Formulard problemas interessantes, artificios curioses: apresentara problemas relacionados com fatos da vida corrents do aluno; chamara a atencdo para a fecundidade de certos tacts, cinios: para uma figura notavel; para uma aplicacaa pratica engenhosa. (12) © Prof. levaré o aluno a observar, por exemplo, formas ¢ leis geométricas que se apresentam nog onganisinos vives 1) as simetrias nas folhas, nas flores © nos frutos: 2) a catenéria (curva notavel) que se apresenta no perfil o vo da galinha; 9) a simetria nas borboletas; 4) as curvas espirais em certos caramujos; 5) a trajetéria helicoidal dos besouros; 6) a concordancia elegante de curvas no Peseaco do cisne, ete, \Ceplemos um trecho bastante expressive das I. M, do cP: , Buenos Aires, 1947, pag. 104, 6 APOSTILAS DE DIDATICA E ainda: Que 0 Professor, com a maxima cautela, ensine © aluno a ser rigoroso e preciso nos seus célculos e raciocinios. As IM. do C. P. II devem ser lidas com a maxima atengéo: “A idéia de rigor no devera ser exagerada, mesmo no Segundo ciclo, a fim de que nao se torne fastidiosa a explanacdo aa matéria, com o consegiiente alheamento do aluno, pelo pro. cesso de encadeamento dos conceitos, das demonstragses ¢ dos problemas. © apélo & intuigéo jamais deveré ser dispensado. I: 2 liso ¢ de Jacques Hadamard quando afirma que o rigor nao tem tido outro objetivo senéo 0 de sancionar e de legitimar as conquistas de intuicdo», 4) a ser cuidadoso nos cAlculos; Nao permitiré o Professor, sob pretexto aigum, que os edueandos sejam desruldades ou desleixados em seus calvulos, em seus trabalhos e em seus cadernos. Aluno desieixado e negligente é sinal de que 0 Professor é negligente e desieixado, também ‘Todas as contas, formulas, equacées, figuras, ete, deve ser feitas com 0 maior capricho. Os algarismos tracados com Cuidado; os sinais indicados com clareza e preciso, (15) Quando, nas provas escritas, 0 Professor permitir ras- Sanhos, exiia que ésse rascunho seja ordenado e contenha as in, dicagdes indlspensaveis, Rascunho desordenado deve ser, n&o sé abolide, como terminantemente pruibido pelo Professor © Professor fara com que o aluno aprenda a destacar o resultado final de um problema ou o valor final de uma expres- so. Esse resultado final deve vir seguido: 1) de uma verificacdo; 2) de uma interpretacdo, 5) a ser correto na sua linguage: Que 0 aluno se habitue a ser culdadoso na sua Inguagem, especialmente ao enunciar as regras, os principlos, as definicdes (15) “Bove hébito a crianga deveria ter aidquirido na Bicéla Fri Riis Cir. Irene de Albuquerque — «Metodologia da Mateméticay, Com quista, Rio, 1952, pag. 25. ESPECIAL DE MATEMATICA a € os teoremas. Nao permitir que o aluno empregue um térmo matematico do qual nao conheca a significado 6) A ser sincero e leal em seus trabalhos; Entramos, aqui, num setor muito delicado da tarefa do Professor, Com auxilio da Matematica, ensinar 0 aluno a ser sincero e leal. O aluno educado 6, por natureza, sincero e¢ leal para com seu Professor, Nao cola; néo mente; nao pratica fraude, Oferece a Matematica otimas oportunidades ao mestre: nos exercicios, no estudo dirigido, nos interrogatérios coletivos, nos jogos, ete. — poderé o Professor mostrar aos educandos vantagens que decorrem da sinceridade e da lealdade ‘Uma vez observados pelo Professor os cuidados que aca- bamos de apontar estard 2 Matematica exercendo, sdbre seus alunos, ago educativa — no duplo aspecto: educacio mental, edueacio moral, BP iresweibeten: Unidade TT INTERPRETACAO DO PROGRAMA DE MATEMATICA, DO CURSO GINASIAL A) Progema da 1° Sécie; B) Programa da 2+ Série; ©). Programa da 3* Série; D) Programa da 4? Sés Proft Ceres Marques de Moraes Unidade OT INTERPRETACAO DO PROGRAMA DE MATEMATICA DO CURSO GINASIAL A) Programa da 1 B) Programa da 2 ©) Programa da 3 D) Programa da 4+ Prof? Ceres Marques de Moraes Vamos fazer uma interpretagdo do programa do curso Binasial fundamentada numa reflexéo sdbre o seguinte: 1)_ 08 objetivos do ensino da Matematica no curso secun- dario moderna 2) as portarias com que foram expedidos os programas © as respectivas instrucdes metodol6gicas 3) _as possibilidades de se atingir com o atual programa, a0s objetivos do ensino de Matematica no curso secundério moderno Numerosos autores nacionais e estrangeiros tém procia- mado que, enquanto 0 ensino de Matematica tem carater emi- Rentemente instrumental no curso primério, e profissional no curso superior, predomina no curso secundario o carater edu- cativo. E ainda mais, ésse fim educativo se prende «3 sua contri- buictio para a formacdo de Idéias e ideais, habitos e atitudes, Interésses e preferéncias do educando», , (1) Pelas portarias n° 966 de 2-10-51 @ nv 1045 de 14-12-51 9 Ministério da Educacdo e Cultura aprovou e expediu og Progra mas minimos elaborados pela Congregacdo do Colégio Pedro I (2) bem como os planos de desenvolvimento dos Programas mi- idos_ programas Os programas minimos de Matematica para o curso gi nasial sao: ™ Série: Nimeros inteiros; operacées fundamentals: niimerns relativos. Divisibilidade aritmética: nimeros prin: Nameros fracionérios. Sistema legal de unidade de medir; unidades ¢ medi- das usuais 2 Série: Poténcias e raizes; expressies irracionais, Caleulo literal; polinémios, Binémio linear; equagdes e inequagdes do 1y g. com tum incdgnita; sistemas lineares com duas ineétnitas, S* Série: Razdes © proporcdes; apliacées atitméticas, Figuras geométricas Planas; reta e circulo. inhas proporcionais; semelhanca dos poligonos. Relaces trigonométricas no triangulo retangulo. Ta- buas naturais Trinémio do 2° g; equacdes e inequacies do 2 g. com uma ineégnita. Relagées métricas nos poligonos e no circulo: céleulo do Areas das figuras planas ‘Transcrevemos os programas minimos Porque considera- mos éstes — e nfo os planos de desenvolvimento dos mesmos, es i 4 ESPECIAL DE MATEMATIOA 8 como muitos pensam — os programas oficiais em vigor. A nossa afirmagao decorre do exposto no artigo 4, da portaria n’ 96, de 2-10-51, que determina claramente: «os programas das diver” sas disciplinas do curso secundario serao cumpridos no Colégio Pedro I e nos demais estabelecimentos de ensino secundario do pais com desenvolvimento adequado as diversas regides, tendo sempre em vista as conveniéncias didaticas». (O grifo é nosso). Pensamos que o «desenvolvimento adequado as diversas regides» se prende ao fato de que em cada estado ou territério deve haver um desenvolvimento préprio do programa, que se ajuste 8s condig6es locais, como ja esta previsto no artigo 7; 0 que «tendo sempre em vista as conveniéncias didaticas» parece sig- Gnificar que cada professor deve ajustar 0 plano de desenvolvi- mento dos programas minimos elaborado pela Congregacao do Colégio Pedro Tl, a capacidade dos sous alunos e as peculiari. Gades de cada estabelecimento quanto a cursos, turmas, hord. rios, ete, E conveniente desenvolver agul algumas consideragées ge- rais a respeito do que, em nossa opinio, constitu 0 espirito dos Programas aqui transcritos, bem como as normas gerais de sua aplicacdo. A nosso ver, © programa pars a 1* série ginasial elabora- do pela congregacao do Colégio Pedro I, tem uma finalidade mais educativa do que utilitaria; éle nio se identifica com o Programa do exame de admisséo, tm puntos comuns, No 1° ano, mais do que em outra qualquer série, 0 ensino Gepende altamente do professor: éle terd que partir do aque 0 akmo realmente aprendeu no curso primario e no examne de ad, ‘missio, dentro do ano. Vencido éste problema, 0 ensino da Algebra nao apresenta maio- res dificuldades para turmas até de nivel médio, exceto, & claro, no estudo do trinémio que, a nosso ver, Precisa ser tratado $om Cuidado e se torna bem mais simples se feito explorando Sempre 0 grafico respectivo. Por ndo conter aspectos totalmente novos da Matematica, fo pen Provessos também novos, temos verificado que este enere Osama do curso ginasial que melhor receptividade tem entre 03 alunos. E, além disto, 6 dos que meliisr resten, a Sxiguidade de tempo de que dispomos nos horérios (3 vézes Por semana) Gs: através delas, a Congregacao do Colégio Pedro I autora Gos programas, e 0 Ministério da Educacio e Cultur, que os aprovou, nem s6 apontam os objetivos a serem atingidos através do uso déstes programas, mas indicam também, em li- nihas gerais, os métodos a serem adotados para aleancar os fins visados. (3) Pag. 87 obra citada. APOSTILAS DE DIDATICA Sabemos que os cinco componentes fundamentals de qual- quer situacio de ensino so: 9 aluno, o professor, os objetives, a matéria de ensino eo método de ensino, Désses cinco elementos dois estéo determinados — a maté- tia de ensino (programa) e os objetivos (os das instrugdes mo. todolégicas). A respeito do mérito déses elementos néo nos ca. be fazer qualquer apreciagéo. Resta-nos levar em conta, por. tanto, os outros trés: professor, aluno e método de ensino. Como © Programa e os objetivos so elementos determinados, como acima dissemos, e os alunos so elementos muito variiveis pe- Jas diferencas individuais que os caracterizam, cabe ao pro. fessor uma tarefa de alta responsabilidade como seja 2 de escolher habilmente os métodos mais adequados para condusir 08 alunos aos objetivos visados no ensino da matéria. Do que acabamos de expor, conclul-se que as poscibilide- es de se atingiz, com o atual programa, os objetivos do ensi. fo de Matematica no curso secundario moderno, dependem pri. ordialmente do professor: de sua cultura, sua personalidade, Sus Formacio didatica, sua habilidade na selecao e emprégo de imétodos adequados para levar os alunos a uma aprendizagem eficiente da matéria Outros elementos, entretanto, podem contribuir para di ficultar ou facilitar a tarefa do professor tais como: o diretor, cumintalidade predominante na escola, o meio social ¢ os te. cursos econémicos do aluno, etc. . Bibliogratia Trene M. Carvalho — Stimulas de Didatica Geral (945) Latiz Alves de Matos — Sumario de Didatica Geral (1957) Ea Aurora, Rio Onofre Penteado — Fundamentos de Métodos (1938). Ea. Nacional Leodegario Azevedo Filho — 0 planejamento didatico (1957) Rio de Janeiro Fleonora Lébo Ribeiro — Stimulas de Didética Especial de Matematica (1949) ESPECIAL DE MATEMATICA st Euclides Roxo — A Matematica na Escola Secundaria (1937) Ed. Nacional Irene M, Carvalho — O ensino por Unidades Didaticas (1954) M. E. Cultura, Dora C. Barros — Fungo Didatica do Plano de Ensino — S40 Paulo (1940) ‘Manuel Jairo Bezerra — Didatica Especial de Matematica — CADES (1956) Henri Fayol — Administration Industrielle et Genérale (1925) Paris — Dunod. A. Carneiro Ledo — Planejar e Agir — 1942 — Rio x agente v0. there Unidade Iv © PLANEJAMENTO DO ENSINO EM MATEMATICA A) Importincia do planejamento. B) Plino de cusso. C) Plano de unidade. b) Plano de aura Prof Ceres Marques de Moraes Unidade IV © PLANEJAMENTO DO ENSINO EM MATEMATICA A) Importancia do Pianejamento B) Plano de Curso ©) Plano de Unidade D) Plano de Aula Prof Ceres Marques de Moraes A) IMPORTANCIA DO PLANEJAMENTO PARA SE ATIN- GIR OS OBJETIVOS O grande namero de objetivos que podem ser alcancados, particularmente habitos, atitudes, ideais e interésses, fazem da Matematica uma disciplina imprescindivel em qualquer curso de nivel médio. facil frisar que, modernamente, se considera mais importante a contribuigio da Matematica na formacio da Personalidade dos educandos, do que na preparacao intelectual que passa a servir de base a estudos mais elevados Como vemos, a tarefa do professor de Matematica é sé- via: tem que levar a atingir um alvo complexo, proporcionado Pelos objetivos, numerosos alunos que, por sta vez, no sho iguais, pois apresentam seus problemas psicolégicos, sociais, Diol6gicos, ete. Para realizar uma tarefa de tal complexidade, 0 profes- Sor nao pode caminhar ao sabor das improvisages ou da rotin: © seu trabalho tem de ser orientado no sentido dos objetivos chegando, através déstes, as finalidades da Escola Secundaria. 62 APOSTILAS DE DIDATICA Para resolver éste problema que ndo é exclusive a Ma- tematica, a Didatica adotou as bases da racionalizacio do tra- balho que so, como sabemos, 0 planejamento, a execucio e 0 contréle, Assim, a 1° etapa do trabalho docente deve ser a do planejamento. E é necessario que assim seja, porque, como diz Henri Fayol: «Prever significa ao mesmo tempo tomer em consideracéo o futuro e preparé-lo; prever € j4 agir.» «O plano de acéo inclui ao mesmo tempo o objetivo a ser atingido, a orientacdo a ser adotada, as etapas a percorrer e os meios a empregar>. (1) Fases do planejamento do ensino: plano de curso, de unida- des didéticas e de aula, Esta classificacdo 6 feita em funcdo da «particularizacdo progressiva do contetido e do método de ‘trabalho. (2) no havendo, pois, na realidade tipos diferentes de planejamento. B) PLANO DE CURSO. Consiste na previsio global de todo o trabalho docente discente para um ano escolar, A moderna técnica de ensino term como um dos seus pon- tos basicos que na escola tudo se deve fazer em funcdo das reacdes do educando. Surge, entdo, a divida: de que adianta Planejar em Matematica se vamos ter que conduzir a aprent Zagem ao sabor das reagées dos alunos que, nesta matéria, sa- Demos nao serem das melhores? Socorrendo-nos, principalmente, Ga flexibilidade: se num capitulo a reacio da turma for desfa- Voravel e, com isto, tiver que ser gasto um niimero clevado de aulas, no outro procuraremos dar a matéria evitando detalhes, sem com isto prejudicar a unidade do ensino. Insistimos em dizer que 0 nimero de aulas estabelecido Para as diferentes unidades do programa constitui apenas uma adverténcia ao professor, um elemento de contréle no conjun- to da matéria, sendo, porém, enorme a sua utilidade em Mate- (2)_Henri Fayol — Administration Industrielle et Générale — (1925) Dunes 4 Paris — pag, £9. (2) Lula Alves de Matos — Sumério de Didética Geral, pg. 100. ESPECIAL DE MATEMATICA 63 matica porque, geralmente, ndo sendo muito boa a reacéo dos alunos, 0 professor, no afi de atendé-los, perde a nogdo de tempo disponivel para os capitulos subseaiientes Em resumo, 0 plano do curso é para o professor um au- xillar valioso que o orienta quanto a qualidade e quantidade da matéria que deve ser lecionada Partes esseneiais: cabecalho, objetivos, estruturacio das unidades, determinacdo do niimero de aulas disponivels, dis- tribuigéo da matéria pelo niimero de aulas disponiveis, ativida- des docentes e discentes, previséo dos meios auxiliares, © cabecalho deve conter indicacées sdbre o nome da dis- ciplina, a série, turma e ano letivo, sendo muites vézes ainda Util consignar o nome do professor, do colégio, hordrio, ete. Os objetivos gerais devem ser limitados, precisos ¢ atin- sivels; devem indicar as mudangas, as realizagdeq que espera. mos obter em cada aluno, em funcao do contelido da matéria! devem ser citados, portanto, em térmos de aquisicées dos alunos. if de t6da conveniéneia que o professor determine pow. Cos objetivos que centralizem realmente as atividades educati. Nas a serem realizadas em seu curso no decorrer do ano, por- auanto, na pritica, a determinacdo de muitos objetivos redunda fa consecucéo imperfeita dos mesmos , Sera sempre preferivel atingir integralmente poucos ob- ietivos do que dispersar-se na colimacéo de muitos ¢ nao al. canca-los devidamente. (3) » Estruturagio das unidades — Utilizando 0 programa of Cal 0 Professor deve selecionar 0 que acha realmente impor. ante © procurar dar aos tépicos selecionados a seriacko julgar conveniente. O aspecto da seriacdo é também muito im= Portante: 0 professor deve observar mals a seriagao psicalégi. 62 do que a seriagdo légica dos itens ou unidades. Isso a leigos Parece sem importancia, pois acham éles que «a ordem dos faté- res nao altera o produto», mas, para o professor, representa uma economia de tempo e, para os alunos, uma aquisicéo obti ‘da com menor esféro e em menor tempo. Uma experiéncia que (8) Dora ©. de Barros — Funcdo Didética do Plano de E Paging 24 APOSTILAS DS DIDATICA podemos citar neste sentido é a do programa da 2 série gina- sial na parte que se refere aos problemas e equacées do 1° g: seré preferivel tratar désses 2 assuntos simultineamente; po- de-se dispensar maior énfase &s equacSes e com isso poupa-se tempo pois a matéria torna-se muito mais agradavel aos alt nos, que sentem logo a sua utilidade. Feita a selecdo e a seriacdo dos t6picos, procuramos agru- pa-los em unidade, cbservando nisto a afinidade e a possibilida- de de se enquadrarem num todo e, por conseguinte, numa de- nominaco comum, Determinacio do namero de aulas disponiveis: para isto 40 apontades critérios ligeiramente diferentes: acham uns que © professor deve determinar 0 nimero de aulas, tomando por base os dias da semana em que deve dar aulas & turma; com um calendario, contamos quantos dias de aula realmente vio existir, descontando os dias feriados, os santificados e os desti- nados as provas mensais e parciais. Desta forma, encontramos © ndmero provavel de aula. Mas nem sempre isto é possivel porque em muitos colé- gios, quando o professor Planeja 0 seu curso nao sabe que ho- rario vai ter. Usa-se entéo um critério que da um resultado se- melhante ao anterior. Calcula-se o ntimero de aulas por més (em matematica em geral 3 X 45 13,5 = 13) a seguir © do ano letivo (13 X 8) e do resultado obtido descontamos os feriadus nactonais, os dias santos, e os destinados a provas. Ob- tido, por um dos critérios, o ndmero provavel de aulas, calcula~ Se e desconta-se 20 % déste néimero, para faltas e feriados even- tuais, ‘imprevistos ete, Bste 6 o niimero de aullas disponivels. A primeira vista 20 % parece exagerado mas a pratica nos mostra que na realidade nao 6. Nao havera todavia, mal algum se, na Tealidade sobrarem algumas dessas aulas, pois as mesmas po- derao ser destinadas a exercicios, recapitulagdes e outras ati- vidades sempre necessérias a uma boa integracdo da apren- dizagem. Com relacio ao nimero de aulas disponiveis, podemos ci- tar um fato curioso que nos foi relatado por um professor do i i ESPECIAL DE MATEMATICA 65 norte do Parana: numa certa localidade, em determinada época do ano, chove torrencialmente. Devido ao barro, que fica alta- mente escorregadio, ¢ & erosio, da noite para o dia abrem-se valas de mais de 1m de profundidade, nesse period os pais nao mandam os filhos aos colégios. Como éste fato se repete todos os anos, os professéres ja tém que leva-lo em conta no planejamento do curso e, nesse caso, 03 20% das eventua- lidades so Insuticientes, Distribuicso da matéria pelo niimero de aulas disponiveis — (a matéria reestruturada anteriormente) Atividades docentes discentes. O professor consignara, em linhas gerais, por unidade, 0 método de ensino a ser adota. do e as atividades de classe e extraciasse que pretende reali- zar com os alunos Previsio e escolha dos meios auxiliares — Por fim 0 pro- fessor deixara consignado por unidade o material didatico, o ivro didatico e a bibliografia em geral, para o professor e para © aluno Observacdes 1 — 0 plano de curso deve ser elaborado antes do inicio do ano letivo. Isto € atil néo sé porque o professor nessa épo- ca tem mais lempo, mas tambem porque o 1” dia de aula, anun- clada a rotina de classe, jé é aproveltado para execucio do mesmo, 2 — Sempre que possivel ¢ bom planejar com base em informacées sdbre o tipo de alunos que se vai ter. 3 — Um mesmo plano, no inicio do ano, podera servir a varias turmas da mesma série, mas & proporcio que for sen- do péstd em pratica, provavelmente tera de sofrer modifica- cées para bem se ajustar a cada uma das turmas. 4 — A disposicao das partes essenciais do plano fica a critério do professor. Aconselha.se, entretanto, colocd-las em colunas verticals numa félha de papel almago, reservando-se 0 66 APOSTILAS DE DIDATICA verso para as observagées que sero introduzidas & proporedo que o plano for sendo executado, Essa disposicéo 6 muito pra. tica, mas ha outras mais artisticas que muitas vézes temos de usar quando o plano é requisitado por alguma autoridade para ser exibido com éxito ou aquele fim. Exemplificando as nossas consideragées anexamos um pla- no de curso que aplicamos, em 1956, na 2 turma da 4 série do Liceu Nilo Pecanha, em Niteréi. LICEU NILO PECANHA Plano de curso para a 4? série ginasial — 2 turma Prof. C. M. Moraes — 1956 1 Objetivos i — Continuar a desenvolver nos alunos os hébitos de ra- Clocinio, clareza, ordem e imaginacao. 2 — Levar 0s aluunos ao dominio das habilidades especifi- cas: da resolucio das equacbes do tipo ax2 + bx + ¢ = 0; da interpretacdo de gréficos e esquemas; da familiarizacéio com as formulas geométricas. 3 — Dar aos alunos as informagées e os conhecimentos Telativos ao programa da 4° série ginasial. 4 — Desenvolver nos alunos 3) atitudes de: ateneio, confianga, autoconfiana, critica, au. tocritica, rigor cultural, paciéncia, ») deais de amor & Matemética, a0 conhecimento desinteres- sado, de culto & verdade, ©) Interésse: pela resolucdo de problemas e exercicios de Max temética, em transmitir o que sabe, SEAS eS EEE EEE Livro texto: Carias Galante, Oswaldo Mateondes dos Sania = 4 série ginasial Ml — Cilenlo do némero de aulas Nr de aulas por semana: 3 Ne de aulas mensais: 3.x 45 218 NY de aulas do ano letivo: 13 x 8 = 108 ESPECIAL DE MATEMATICA er Deseontos: Provas mensais: 5 Provas parciais; 12 Forlados: 5 ‘Total: 22 fumero provavel de aulas: 10 — 29 — §9 20% de $2 = 164~ 18 Niimero de aulas disponivels: $2 — 16 = 66 4" Periedo: 32 aulas 2 Perlodo: $4 aulas THI — Esealio das unidades: 1 Periodo: 32 aulas T Meios aux. | atividades ares dicantes | i it sue /ia— Wp Sma pwc sa | ect anlar SE I'he tae 6 Oy Se eta iiauale, he Waa ae | Nonmo [$805 © Probie-/ ua je int, Tiador, jjcores, esau. | Eee belle problemas ¢ to mada de notes, bo fe, pare (cartazes moe 22 90h Sandon a util | [eigdo. ao. tino, | ‘mio ans fens | am g. Exercicioy de lAigebra. Pape lier - de Al ‘gebra. Para uso lcente: 1 ceder! fno de pauta e Total: 32 |i" quaariculaco, ‘material de de! sero; livro texto. | 13 — Equa 5825 redutiveis| 1.3 — 68 APOSTILAS DE DIDATICA 2 Periodo: 34 aulas de autas| Meios auxi Unidades| subunicades ldades tiares iscentes 2—Rela2.1— Retagdes! 2.1 5 fa — Para ueole — az mes [métricas no t | Idocente: | Matemas programa Meant | lial de desernolian’ purse a a Bea Mé, ; [pare “nn gisleemestre «ain. branco'e ¢ cérsaa "a organi: P-2,— Retacdes) 2.28 Irigutan ‘recortseao te ee tricas ['mstricay mum dis em. cam fmulstin a sor & quaiguer. | tolina. |feito "progress! lcalevio ds att ‘vamente med o'bisn 2.5 — 3 | piotogsatia: Iccometria pis, Ina y del. espa. (2.3 — Relagbes | met. no cir, |2.4— 8 leo —~ Crusat| ‘culo t |Geom. oF. J. Ras Satine & Een 2 i lente: “caderno, [mater de" de! ‘serho © livre | ed ee oer eee 3 Aveasa.1 — Meaieto|3.1—~ 5 fa.1 — O9 mee'—Aa mesmas fine deeag: das mos 2.6 — Mediaal | aa cre aaa |nguras planas prineipais 5.2 — Alem ao) figuras lid cttado, mate 3.2— 1 [tat alusivo | planas demonstracio 2 — Relagbas| intuitiva do métricas entre teorema de {99 areas | rota: | “Pitagoras. IV — Esboco do método: 1 — 0 estudo das equacdes sera Zeito simultaneamente com o dos problemas. © aluno seré levado as equacSes através do fracasso iniclal aplicado a um problema. Tendo «descobertos as equacies, sera o aluno conduzido ao estudo da resolucao das mesmas para a necessiria reabilitagio, Com procedimentos andlogos serio tratadas as propriedades, as equacées fracio. | ESPECIAL DE MATEMATICA nérias, as redutiveis ao 2'g, sempre levando o aluno a sentir a ecessidade désses assuntos para a resolucdo de problemas. 2 — O estudo do trinémio sera feito com auxilio do grafico. 3 — 0 estudo das relacées métricas sera iniciado com a apre- sentagio de um problema que necessite do conhecimento do assunto a ser tratado. Predominara a seguir 0 procedimento da exposiclo com participacio ativa da classe que ser completado com a resolugéo do problema proposto inicialmente. Sera éste, em linhas gerais, 0 método @ ser adotado nas demais aulas de geometria 4 — Diariamente serdo passados e corrigidos exercicios e pro- blemas sébre a matéria dada ©) PLANO DE UNIDADE, 0 mais moderno dos tipos de planejamento, Pronta a 1° fase do planejamento didético, tem o profes- Sor que fazer um planejamento mais minucioso de cada unidade por éle consignada no plano de curso. Vimos que 0 plano de curso é um instrumento de con: tréle do trabalho do professor. O plano de unidade, porém, é diferente; tem carater mais didatico do que administrative, No Plano de unidade, além do que é extraido do plano de curso re. lativo & unidade, o professor tem de levar em conta tudo 0 que val influir na aprendizagem da unidade: desde o planejamento até a verificagio, Por éste motivo, h necessidade do planejamento em se- parado de cada unidade embora pensem, de modo errado, que le esteja automaticamente contido no plano de curso Partes essenciais: cabecalho, objetivos da unidade, rela- S8 das subunidades, relacio dos meios auxiliares, atividades docentes e discentes © cabecalho deve naturalmente conter os dados que re- ferenciem & unidade em estudo. Os objetives — Dentre os selecionados para o planejamen- to de curso, usar-seao os que mais diretamente se relactonem com a unidade, Relagio das subunidades, itens e subitens que a matéria abrange 0 APOSTILAS DE DIDATICA Considerando o nivel da turma o professor procurari se lecionar os pontos importantes da unidade que devem ser abor- dados: teoremas, propriedades, etc. RelacSo dos meios auxiliares necessdrios & aprendizagem da unidade: a) Material didético com indicagées de quando e ‘onde sero usados. b) Livro didatico e outros meios auxiliares como apostilas, relagdes de exercicios, ete. Atividades docentes: o professor indicard os recursos que pretende usar em cada uma das fases do ciclo docente: moti- vagio, apresentacdo, directo das atividades discentes, integra- 40 e fixacdo, diagnose e retificacao, verificacao e avaliacao do rendimento da unidade A esta altura € conveniente frisar que tédas essas etapas devem ser seguidas para que se faa o aluno dominar a unl- dade, Nota-se comumente que muitos professéres dizem «dei a unidade>, quando apenas a apresentaram, 0 que é um érro imperdoavel. 1 necessario ao professor, no estudo de uma uni- dade, despertar o interésse do altno pela mesma, apresentar a matéria, orientar os alunos na sua aprendizagem, interrogé-los, leva-los ao dominio de automatismos valiosos, fazé-los adquirir um aspecto compreensivo do conjunto da matéria, sondar as deficiéncias de compreensio, sand-las, verificar se realmente a unidade esta dominada, ete. Como vemos, nfo é suficiente apenas expor, Os didatas aconselham que se destine a expo- sicdo da matéria cérea de 30% do tempo disponivel & unidade. O resto do tempo deve ser gasto nas demais fases apontadas. A um professor inexperiente poder esta taxa parecer exagerada, mas a experiéncia nos mostra que, ao fim de um Periodo longo de exposicao, os alunos, quando interrogados, Parecem néo ter sequer ouvido falar no assunto, tao grande é © niimero de erros que cometem, provando assim qudo pouco vale a exposi¢éo prolongada. Frizemos, no entanto, que no tempo destinado @ unidade nao nos é necessério colocar, obt gatoriamente, aulas exclusivas para cada uma das fases asi naladas: estas deveréio aparecer simulténeamente numa mesma aula, porque a didatica moderna condena as classicas aulas eo ® ESPECIAL DE MATEMATICA a teoricas e aulas praticas: tédas as aulas devem ser tedrico- praticas ou praticas, Atividades discentes: deve 0 plano de unidade conter um relato de todo o trabalho de classe @ extraclasse a ser reali- zado pelos alunos com a assisténcia do professor. Observagées e concludes: 1 — O plano de uma unidade deve ser feito, quando do estudo da 2 metade da unidade anterior, e o da 1° unidade antes do inicio do periodo letive, mas com base em dados po- sitivos sébre a turma. Na falta déstes, planeja-se mas est claro que o plano sera sujelto a numerosas alteragées, & medida que os alunos forem sendo conhecidios. 2 — Darse &s partes essenciais do plano a disposieio que 0 professor julgar conveniente. 3 — Um dos tipos de planejamento por unidade que se adapta muito bem & Matematica é 0 plano Morrison que 6 usado no Colégio Nova Friburgo, no Estado do Rio. Extraimos do plano de curso apresentado nas paginas an- teriores uma unidade e dela fizemos o planejamento que anexa- mos @ titulo de exemplo. LICEU NILO PECANHA Plano da 1* Unidade da 4* série do curso ginasial ‘Triménio do 2° g —~ Prof. C. M. Moraes — 1956 Obdjetivos: 1 — Continuar a desenvolver nos alunos os habitos de racio- cinio, clareza e preciséo 2 — Levar os alunos ao dominio das habilidades especificas: da resolugio das equacées do tipo: ax2 + bx + ¢ = 0; de interpretacdo de graficos e esquemas. 3 — Dar aos alunos a compreensio basica relativa ao trie némio e & equacio do 2 4 — Desenvolver nos alun a) atitdes de atencao, autoconfianga, autocritica, pa- ciéncia R APOSTILAS DE DIDATICA b) ideais de amor & Matematica e ao conhecimento desin- teressado. ©) Interésse pela resolugio de exercicios e problemas de ‘Matematica. Sabanidades TPENS_ | 1.1—Resolucfo das eq. | 1 — Equacées | incompletas. Proble- | 1.1— 5 { mas. i | 1.2—Resolugéo da equa} 1.2- 5 | edo completa. Proble- | 1 mas. | | 1.3—Relagies entre os|13- 4 problemas | coef. e as raizes. | \ Comp. Problemas, 14— = 3 1.4~Discusséo (quanto 4 | do 2g. | natureza e quanto ao | sinal). Problemas. | a "| 2i—Coordenadas carte” | 21— 2 | sianas. I | 2.2—0 trindmio do 2 gj 22- 2 | Conceito, valor numé- | do | rico, raizes, Grafico. ! | | I 2.3 — Forma transformada, | decomposicao. | 2.4—Variacio. | 2.5—Inequacées. i ‘A cquacio biquadra- 3 — Equacées redutiveis I | da. | ao 2 g. | | BL 3.2—A equacio irracional. 3.3 —Transformagio do ra> dical_ dup! | Total Atividades docentes: 1 — Na primeira aula do ano, estabelecida a rotina funcional, ser feito um teste de sondagem sdbre operagdes com expres- sdes algébricas, equagées do 1° g. e raiz quadrada de niimeros inteiros. Julgamos ser isto Stil nfio sé para o professor, como também para o aluno. 7 2 — O ensino de equacées do 2" g. sera feito paralelamente com o dos problemas. Serio abordados problemas que condu- ESPECIAL DE MATEMATICA a zam sucessivamente a equagées incompletas e a equacdes com- Pletas. Serdo abordadas, inclusive, as equagdes fraciondrias as literals 3 — Obtido, através dos problemas, cada tipo de equacio, a solugdo das mesmas sera objeto de um treinamento intensivo, sendo utilizados para isto, inicialmente, os numerosos exerci- cios do livro texto, Sendo necessarios outros seréo tirados dos livros selecionados na bibliografia para o professor 4 — 0 interrogatério sera usado largamente, na exposicao, na diagnose ¢ retificaco e na solucdo de numerosos exercicios a serem feitos em casa e em aula didriamente 5 — Ao fim da 1* subunidade sera feita uma recapitulacdo sob a forma de exercicios e problemas, num estudo dirigido Nesta altura sera feita a 1 p. mensal 6 — O estudo do trinémio do 2° g. seré precedido de coorde- nadas cartesianas ortogonais. Seréo abordadas, através de exercicios, a representacéo da fung&o linear e da funcao racio- nal inteira do 2 g 7 — 0 estudo do trindmio do 2 g. sera feito com o auxilio do grafico. As conclusdes a respeito da variac&o seréo tiradas do grafico de trindmios dados. 8 — Ao fim da 2 subunidade sera felta uma recapitulacao em um estudo dirigido. Logo apés seré feita a 2* prova mensal. 9 — As equacées redutiveis ao 2° g. serdo tratadas dentro a forma apontada para a 1° subunidade. 10 — Dentro do tempo previsto para a unidade, uma aula no minimo seré destinada a sua recapitulaco. Outras aulas que Sobrarem antes da 1* prova parcial serdo destinadas a exerci cios © problemas de reviséo. Nota: Os meios auxiliares e as atividades discentes para esta unidade Jé estéo selecionadas no plano de curso. D) PLANO DE AULA 1 — Mais restrito e particularizado, prevendo o desenvolvimento do contetido € das atividades correspondentes dentro do ambito de cada aula a ser dada ™ APOSTILAS DE DIDATICA 2 — Costumam-se levantar em tdrno do plano de aula varias questdes como: 1 — ¥ necessério planejar por escrito ? 2 — Deve-se utilizar planos de outrem ? 3 — Deve-se usar o plano durante a aula? Com relacao a 1° pergunta, somos de opiniao que se deve planejar por escrito, porque o planejamento assim feito contri- bui eficazmente, nao sé para dar maior unidade A aula, mas ainda por tornar afastada a Possibilidade de o professor esque- cer-se de itens que pretende abordar. Quanto & 2° pergunta, a nossa resposta é negativa: planos de outrem nao podem ser utilizados. Cada plano deve ser feito para uma sé e determinada turma e ajustar-se as condiges peculiares da mesma. Ora, se cada turma, como sabemos, tem suas condigdes peculiares, se o plano deve adaptar-se 4 turma, que utilidade tera numa turma um. plano que para ela nao tenha sido feito ? A nossa resposta,A 3+ pergunta 6 que concordamos que o professor que tem pratica nao precisa, na maioria das aulas, estar, a todo instante, recorrendo a @e; mas isto nao significa, insistimos, que o plano nao deva ser feito, pois ha sempre os imprevistos e os lapsos de meméria ‘Mesmo, porém, que tal nao aconteca, depois da aula dada 0 professor pode, com o pla- no, controlar melhor © que cunsegulti dar, verificar se a reacao da turma foi a que esperava, quais os recursos extras que pre- cisou usar para que a reacéo dos alunos fésse melhor, ete Sob outro aspecto, esta mesma questao nos tem sido pre- Posta Dor alunos-mestres. Os alunos aceitam bem o fato de 0 professor usar o plano durante a aula ? N&o subestimam o pro- fessor que 0 usa? Aos nossos alunos responderemos sempre que tudo depende do professor; se éle usar © plano com certa discrigao, para observar elementos que garantam a continui- dade da aula e nao para ler dali a propria matéria, ndo causaré ‘ma impressao. O aluno sabe diferengar o professor que s6 sa- be dar aula com o plano, daquele que usa o plano nos moldes apontades acima ESPECIAL DE MATEMATICA B EEE ATEMATICA 3 — Partes do plano: cabecalho, objetivos, escala cronométrica da marche da aula, resumos dos dados essenciais, procedimen- tos a serem empregados pelo professor, indicacéo dos meios auxiliares, indicagéo das atividades discentes, 1 — Cabecalho: deve conter dados relatives & turma, a data 0 tema da aula. 2 — Devem ser selecionados os objetivos mais diretamente liga- dos ao tema da aula. Esta é uma fase importante, porque seré em funcio daqueles que téda a aula ira desenrolar-se. Recomen- da-se ainda que os objetivos devem ser «expressos em térmos de aguisigées a serem feitas pelos alunos» (4) e devem ainda ser concretos, bem definidos e de alcance imediato, 3 — 0 plano deve conter uma escala eronométrica da marcha da aula: constitu esta uma estimativa aproximada do tempo Que o professor pensa gastar com os diversos itens da aula, Mas, € claro, © professor no deve escravizar-se a esta escala. O gue governa a marcha da aula, neste aspecto, é a reagéo dos alunos e, por causa disto, muitas vézes temos que mudar com. rletamente a escala que planejamos. Deve-so, no entanto, pla- nejé-la porque muitas vézes por um mal aproveitamento do tempo disponivel o tema da aula fica incompleto. Nao hd um critério rigido para a dosagem do tempo: depende do tipo de aula; de apresentagao ou de fixagdo. Um bom critério 6 destinar 10% do tempo da aula & introducéo; 85% uo desenvolvimento do tema e sua fixagio e 5% & marcacio da tarefa. Tudo depen- de do professor que devera ter a preocupacdo de aproveitar da melhor forma possivel o tempo disponivel. 4 — Em funcéo dos objetivos, do tema da aula e da prépria turma, tem o professor que selecionar os dados essenciais da matéria. Feita esta selecdo devem éles ser consignados em es- tilo lacdnico no plano de aula. Ei matematica ésses dados so: Principios Detinigtes Formulas Regraa Enunciados Classiticasses Relagbes bésicas Problemas Exercicios (4) Luiz Alves de Matos Obra citada pag. 110 6 APOSTILAS DE DIDATICA nO Leis Conetusses Titulos Nomenclature basiea Dates Nomes Indicagsea Exemplos Quadros sinétices ete. 5 — Os dados essenciais selecionados deverao ser levados a0 conhecimento do aluno através da orientacao do professor, Para isto, antigamente eram apontados os chamados métodos, demonstrative, expositivo, experimental ete.; atualmente, subs. Hittem-se @sses métodos pelos chamados xecursos on proc mentos didéticos. Procedemos desta forma, porque hoje admi. timos aue 0 trabalho docente deve pautarse pela reacéo da turma a cada instante; por vézes essa reacéo 8 espontanea ¢, or vézes, tem que ser provocada, 0 que vem ferir os mato. dos tradicionais. Bstes serao também usados, mas interealados son interrogatérios, participacéo ativa, ete., dentro, portanto, de uma ampla flexibilidade. O importante & que hala durante ‘toda a aula um clima de interésse e, portanto, uma motivacao positiva. Os recursos didaticos mais comuns séo: 1 — Introducdo recapitulatéria da matéria anterior Por inter- rogatério revisor. 2 — Prelecdo intercalada de interrogatério, repeticao, discus- S80 € aplicacéo que provoque a participacdo ativa, 3 — Corecio de trabalhos, feita pelo professor ou pelo pré- prio aluno. 4 — Demonstragdes, ilustragdes, resumus feltos ao quadro- Regro com participagio ativa da classe. 3 — Exibic&o de material didatico acompanhada de explicacdo. 6 — Breves ditados. 7 — Exercicios de raciocinio, de diseriminacéo e aplicacdo por melo de interrogatério, ‘8 — Debate organizado, 9 — Estudo dirigido, 10 — Trabalho individual ou em grupos, em sala-ambiente. Esta lista ¢ apenas sugestiva e caberé ao professor a farefa de procurar os recursos que mais se adaptem aos seus alunos, ESPECIAL DE MATEMATICA Tnsistimos que © professor nfo deve empregar sempre os mesmos Procedimentos em tédas as fases da aula e sim varia. Jos ¢ adequé-los as diferentes etapas e aos diferentes itene da aula. Os recursos didaticos precisam de objetivacéo e, para isto, o professor deve selecionar 0s meies ausiliares recsssdrioe Bates sio constituidos, de uma maneira geral, pelo material Ciditico, inclusive o quadro-negro e a bibliogratis, Nao basta, Porém, seleciond-los: 6 indispensavel também planejar a ma nelra e © momento de utilizé-los, procurendo tm perfeito ent samento com og dados essenciais da matéria, la aula lida com a nomenclatura, fom 08 dados relativos ao tema da aula etc. Mas dle nao fara a Psicologia o de- ‘Monstra, de um esférco continuo de atencSo espontarea Entre as formas de atividade dos alunos pademos citar: 2) Respostas a interrogatério: reflexivo, recapitulador, ete.: 2) Participacio em discussdo dirigida; 3) Atitudes de atenca: 4) Trabalho com o material didético: 5) Participaco ativa através de perguntas a0 professor; 6) Tomada de notas 1) Resolugéo de problemas, ete. Esta parte do plano deve ainda conter a tarefa que é a atividade discente que nio s6 tem aco fixadora mas também de lgacdo entre 2 aulas. NOTA: Segue-se um exemplo de plano de aula 8 APOSTILAS DE DIDATICA Observacte: 1 — O plano pode ser feito em fichas de 24x14.cm. 2 — Deve ser feito com 24 horas de antecedéncia no maximo. 3 — Deve ser deixado espaco na ficha (por exemplo o verso) para observacdes a serem feitas depois de dada a aula. 4 — Deve-se dar aos dados do plano uma disposicéio pratica, cémoda de ser usada. Para isto, ndo hé uma forma definida © cada professor adotaré a que mais julgar conveniente. Par- ticularmente prefiro a de colunas verticais contendo os dados Felativos as partes 3, 4, 5, 6, 7, vistas acima. LICEU NILO PECANHA Plano de aula para a 4* série ginasial, 2* turma. Hordrio: 7h 20 as 8h 20m. I — Tema da aula: Resolucéo da equagio completa do 2 g. AU — Objetivos da aula a) Levar os alunos 20 dominio de habilidade especifica da resolucdio das equacdes do tipo ax? + bx + ¢ = 0. 1b) Continuar a desenvolver nos alunos o interésse pela resolu Go e exercicios ¢ problemas. I — Tempo I — Dados Es- IV — Procedimentos didaticos senciais da Matéria Motivaco inicial. Levar os 8 min. Motivacdo inicial. alunos a equacionarem 0 pro- Apresentacdo do pro- blema e desenvolverem os cle blema: Se aumentar- culos até obterem a cyuucav: mos a base de um x? + 2x — 3024 = 0. Como quadrado de 6m ¢ di- no calu em nenhum dos tipos minuirmos a altura de equagdo do 2 g. j4 estuda- de 4m obteremos um dos (incompletas) tem-se 0 retdngulo de 30 ares. fracasso inicial. Preparar-se a Calcular 0 lado do yeabititacdo através de: quadrado. 2 min. 1 — Forma da eque- 1 __ Atividade docente: expo- completa do 2g: Dacia ila Efe samt 27 82 sk0 com parcasto aie a,b, ¢ sdo mimeros 42 Classe. reais no nulos e x 6 Atividade discente: atitude de a incognita, atencao. ESPECIAL DE 15 min. 2 — Estabelecimento da formula de resolu- | sao —b+ Vb dae 2a pelo chamado método de Bhaskara (matem mético indu do sécu- lo XID. 10 min. 3 — Aplicagao da f6r- mula obtida para a resolugéo da equacio | do problema proposto, | Solucao: x = 54:| x = — 56 (raiz estra-! nha). | 10 min. 4 — Solucéo aas| equagies: BO — 1x2 =0 1 | Sol x = 2x5 5 | 6x? — 5x 1 1 1 | Sol. x 2 3 t 5 min. Tarefa: I — Resolver as equagées de ni 46 @ 47 do livro-texto pg. 21. I — Resolver os pro- blemas de n° 1 ¢ 3 pg. 100 do livro-texto. | {ATEMATICA, 19 2 — Ativ. docente: exposieo com participacéo ativa da classe. Ativ. discente: atitude de aten- 80 e respostas a interrogaté- rio reflexive que conduzira & sdescoberta>. Fixagio da de monstracéo por interrogatério revisor. 3 — Resolucdo no quadro-ne- gro, pelo professor, com parti- ipacdo ativa da classe. Fase da reabilitacdo. Tomada de notas por parte dos alunos, 4— Resolucio pelos alunos em seus cadernos. Corregao no q.n. por um aluno, APOSTILAS DE DIDATICA = 0 livro-texto & 0 de Carlos Galante © Oswaldo M. Santos, Matematica 4° série. CONCLUSOES FINAIS SOBRE 0 PLANEJAMENTO DE ENSINO 1) — Pelas vantagens enumeradas sentimos ser j vel 0 planejamento por escrito. iprescin 2) — Ha 0s que julzam necessatio s6 0s planos de curso e de ula (Orientacao tradicional) e outros que acham necessario 0 Plano de curso e o de unidades. Somos a favor da elaboragio Gas 3 formas de planejamento embora sintarsos que 0 plane. Jamento da unidade dispensa o de determinadss aulas (mas Ao das aulas de introdicao e de fixacdo). 3) — Reconhecemes que, para certos Professéres, (os que dio em tomo de 15 aulas didrias) © problema do tempo para pla- helar, Tos moldes apresentados, as unidades e as aulas, real- mente existe. Mas um planejamento sintétieo, com um Pouca de esférco, & sempre possivel. E necessério assim proceder porque a nossa responsable dade como professéres assim 0 exige ¢ Porque todo aluno merece um ensino cuidadoso e bem-orientado. 4 — Nos colégios onde hd muites turmas do uma mesma Série e oriontadores de matérta, comum o orientader planejar 9 Curso oul a unidade e cada professor tom apenas que planejar @ sua aula. E um sistema que da dtimos resultados Unidade V A MOTIVACAO DA APRENDIZAGEM EM MATEMATICA A) Intoducio. B) Recursos de motivacso, Profs Ceres Marques de Moraes Unidade V A MOTIVACAO DA APRENDIZAGEM EM MATEMATICA A) Introducio B) Recursos de Motivacio Proft Ceres Marques de Moraes A) INTRODUGAO Costuma-se dizer que 0 aluno esté motivado para apren- der éste ou aquéle assunto, quando néle existem motivos ou incentivos geradores de atencdo e de esférco necessarios & aprendizagem. O aluno, portanto, estara motivado, quando em vista de razdes intrinsecas ou extrinsecas estiver interessado, isto ¢, com sua atencau e seu esforco voltados para a aprendi, zagem em estudo, © problema da motivacdo € de importéncia capital para Os professéres, porque, se no houver nos alunos o interésse Pela aprendizagem, téda a atuacdo docente estaré compro. metida, Quando éste interésse existe devido a razes do proprio aluno, diz-se que ha automotivacdo ou motivaco intea e quando por causas externas ao aluno, trata-se de heteromoti- vacio ou motivacao externa. Classifica-se, ainda, a motivacéo em positiva e negative. Positiva se o interésse é gerado por estimulos construtivos ¢ negativa, se éle originado pela coagdo. LAS DE DIDATICA Fontes de motivacio Nao apenas a aptiddo mas, ainda, a tendéncia A curiosi- dade, & atividade ¢ o desejo de auto-afirmacao constituem fon tes de motivagao interna. ‘A personalidade do mestre, 0 material didatico, o contet- Go da matéria, as modalidades prdticas de trabalho eAo fontes de motivagio externa. Ao professor cabe a tarefa de explorar as fontes de moti- Vacio através dos chamados recursos de motivacéo. B) RECURSOS DE MOTIVACAO 1 — Correlacéo com 0 real; 2 — Fracasso inicial com reabilitacéo; 3 — Participacdo ativa e direta dos alunos; 4 = Griacio de situagées que favoregam a automotivacio; 5 — Objetivos reforead 6 — Sucessio iniciat 7 — Trabalho socializado; 5 — Apresentacéo do carater vivo e dindmico da Matemética © suas relacdes com a vida dos povos; 9 — Apresentacto de aspectos da Historia da Matematica relacionadas com a matéria em estudo; 10 — Apresentacdo das relacées da Matematica com outras Cléncias ou outros ramos do conhecimento humano 11 — Motivacao negativa; 12 — Mostrando as relacdes da Matematica com a linguagem. 13 — Competicio; 14 — Entrevistas pessoais: 15 — Intertsse pela auto-avaliacdo dos resultados obtidos ete. Facamos um pequeno comentario sdbre alguns dos ree cursos ’apontados Corelac&o com o real A motivacéo através da correlagSo com o real é a das mais eficazes para a Matematica. O mecanismo bisico décse Processo consiste em: ESPECIAL DE MATEMATICA 85 1) — focalizar fatos ou dados concretos do ambiente fisico ou social dos alunos. 2) — apresentar a teoria a partir déstes fatos mediante ex- planagio com participacéo ativa. 3) — aplicar a teoria aos fatos; interpretando-as e explicando- as cientificamente. Exemplifiquemos. Lecionamos a 1* série ginasial em um colégio em que pre- dominam alunos de classe média. Ao dar a propriedade asso- ciativa da adicdo procedemos da seguinte forma: 1) — antes de citar 0 nome da propriedade a ser estudada apontamos 0 problema do caderno de compras, que todos Conhecem bem, e para a mancita de se obter o resultado, so- mando por félha e depois reunindo ésses resultados cui reunindo numa s6 adigéo tédas as parcelas; 2) — levamos os alunos a concluir que o resultado é o mesmo Por um processo ou outro, e ainda que ésse fato se processa com qualquer adic&o; salientainos a adequacio do titulo que indica realmente 0 fato ccorrido, e aproveitamos para introdue zir as letras no céleulo através da aplicacéo da propriedade estudada a uma adicio em que as parcelas sio representadas por letras; 3) — voltamos ao problema do cademo de compras para néle apontar 0 processo pratico de obtencio do resultado, que é uma aplicacdo da propriedade estudada, Como estamos venclo, aste procedimento é altanente mo- tivador porque conduz o aluno A teoria partinds do sett meio © 0 traz de volta munido de conhecimentos que ajudam a com- preender melhor 0 seu préprio meio. Para isso recomenda-se a Tesolucdo de um niimero maior possivel de problemas pré~ ticos @ 0 estudo de assuntos que possibilitem a elaboracdo désses tipos de problema. Fracasso inicial com reabilitagio Consiste em apresentar aos alunos uma situacéo que apa- rente ter solucio possivel por parte déles. Comegam a resolver mas caem numa situagfo de impossibilidade; sentem necessi- dade de aprender 0 que Ihes falta. O professor ensina, a parte, 86 APOSTILAS DE DIDATICA © que faltava e leva depois a turma a resolver o que tinha interrompido. Entre as muitas ocasides possiveis de se empregar ésse recurso apontamos a de introducao das equagées do 2° g. no 4° ano ginaslal. Apresentamos através de um problema que éles sabem equacionar desde a 2 série, Caem em uma equagao que éles ndo sabem resolver e que constitui o tema da aula. Na primeira aula da unidade usamos um problema que caia em equacao incompleta. Dominada a forma de resolver ésse tipo de equacdo volta-se ao problema para completar a respectiva so- luedo. Participagio ativa e direta dos alunos A nosso ver ésse recurso ndo necessita de uma situagio ou de um assunto especial para ser empregado, Em todos os instantes de qualquer aula, essa participacdo se pode proces. Sar através da execucao de trabalhos, da correcao de exercicios, das respostas a interrogatério reflexivo, diagnosticador ete, A participacéo ativa e direta dos altmos constitui um dos pontos basicos da Didatics Moderna. Criagio de situacées que favorecam a automotivacio, Esse tipo de motivacéo ndo apresenta um mecanismo es peelal. Como o seu titulo indica ela 6 empregada quando o pro. fessor, conhecendo 4 razio do interésse dos alunos por stta aula, orienta o seu curso no sentido de atender a ésses interts. ses dos alunos. Exemplifiquemos, Num dos colégios em que lecionamos & grande o nime- To de alunos da 4+ série ginasial que pretendem ingressar no Colégio Naval. A apresentacéo de problemas, j4 passados em ‘anos anteriores, faz aumentar de muito o interésse da turma gue, avidamente, procura resolvé-los. Objetivos reforcados. E um recurso de motivacdo que oferece um campo de aplicacio muito vasto. Esté sendo usado quando o professor aponta aos alunos os objetives a serem atingidos por éles e os caminhos que devem ser percorridos para atingi-los. O interés- ESPECIAL DE MATEMATICA st se, com @ste recurso, aumenta se o professor determina o tempo em que esta aquisicio tem que ser dominada, Tivemos oportunidade de utilizar esta técnica na fixago da regra pré- tica para extracao da raiz quadrada na 2 série ginasial numa turma de 44 alunas. Feita a introducio da matéria, realizada a execugio parcelada e simultanea de 3 modelos, executados um exercicio completo em seu ritmo normal e um exercicio de iniciacao na pratica, mareamos para serem feitas, no menor tempo possivel, as extragdes das raizes quadradas de 3 ntmeros com 4, 5 e 6 algarismos. Com surprésa nossa vimos 30 alunos resolverem a tarefa entre 10 e 15 minutos, rendimento que con- sideramos timo em se tratando da 1? aula em que ésse as- sunto era visto, Sucesso inicial Em Matematica éste recurso pode ser usado com freatién- cla e é altamente estimulante. Para o seu emprégo ha neces- sidade de uma preparagio dos alunos para a execucao de tare- fas que éles tenham possibilidade de resolver bem. Se depois de uma apresentaco bem cuidada da matéria o professor levar Os alunos a dominé-la e, a seguir, ainda durante a aula, mandé- los fazer problemas, préviamente selecionados, para os quais éles estejam preparados e que portanto possam resolvé-los e encontrar as solugées do livro, o recurso usado 6 0 do sucesso iniclal. Consegue-se assim uma boa dose de entusiasmo, de coragem para enfrentar problemas mais dificeis, Trabalho socializado Esta técnica ¢ usada quando a turma t6da, ou em grupos, Participa da realizacéo de um trabalho. & um recurso muito aconselhavel porque néo s6 constitui um incentive & maior aprendizagem da matéria, devido 4 troca de idéias que se processa entre os alunos do grupo mas, também, porque da a0 professor oportunidade de conhecer e orientar melhor os seus alunos quanto & formagio de atitudes positivas como as de ajudar ao colega, de transmitir 0 que sabem sdbre a matéria, ete, Este recurso nas turmas de curso ginasial presta-se bem 8 APOSTILAS DE DIDATICA para as aulas de fixacdo. Temos notado que os grupos forma- dos para o estudo em classe, em via de regra, continuam ésso estudo em casa de um dos elementos integrantes, Apresentacio do cariter vivo e dinimico da Matematica © suas relagdes com a vida dos povos. Um dos recursos de motivacdo em Matematica é justa- mente o de ensiné-la aos alunos evidenciando: a sua origem pratica; a sua existéncia na vida de qualquer povo; as suas aplieagSes na vida e em outros ramos do conhecimento; que cla no é uma ciéncia perfelta e acabada mas cheia de vida, em pleno vico evolutivo, e que, nessas condigdes, tendo nascide com a humanidade, continua e continuaré sempre ao sou lado © em muitos aspectos como mola propulsora do seu progresso, Através de capitulos da Histéria da Matemitica que inte- Tessam aos alunos, E jum dos recursos pouco explorados para a motivacdo Gas aulas de Matematica. Nao deve, entretanto, ser ascine Gitando, principalmente nas aulas de apresentacio, dados his, t6rleos referentes ao assunto em estudo os alunos ficam alta. mente interessados pela matéria. Devem ser abordadas as bio. Srafias dos grandes vultes, a época e a forma do apareciments do assunto em questo etc. No curso ginasial, dedes referentes a Euclides; Eratéstenes; Tales; Pitégoras; & origem dos alga- risinos; do sistema métrico, dos ntimeros irracionais ete. sa0 Portunos pelo interésse que despertam, Mostrando as relacdes da Matemitica com as outras ciéncias. Como diz M. A. Jullien «na adolescéncia todas as ciéncias formam um grande todo e a instrucéo conduz os educandos a um Brau bastante adiantado para que possam e devam apa- nhar essas relacdes intimas que todos os ramos dos conhe. cimentos humanos, que a seus olhos se tornam como um unico feixe, um vasto e magnifico conjunto, uma grande arvore, a ‘cujos ramos todos anima e vivifica a°mesma seiva, mas deven. i ESPECIAL DE MATEMATICA 89 do cada ramo ser cuidado e cultivado separadamente.» (*) © professor de Matematica pode, entio, incentivar o3 alunos mostrando as relagdes dela com a Fisica, com 0 desenho, com a Geografia, etc. Mas no apenas dizendo que ha essas relacdes mas resolvendo, sempre que fér oportuno, situacdes dossas disciplinas através da Matematica. Mostrando as relacdes entre a Matematica ¢ a Linguagem Essas relagées existem e sio até numerosas. Chamando atencéo dos alunos para a etimologia de certas palavras, esta- mos ndo s6 esclarecendo o seu sentido matematico mas tam- bém provocando o seu interésse através de uma questo de linguagem. Os exemplos neste sentido séo numerosissimos. Po- demos sentir ainda as relagées da Matemética com a Lingua. sem em outros aspectos: através da linguagem, simples mas objetiva, usada no enunciado dos teoremas 0 professor podera chamar a atenco dos alunos, e portanto motiva-los para a estrutura do edificio matemético que também prima pela sim- Plicidade e objetividade, Deixamos de comentar os demais recursos porque julga- mos que os seus titulos, bastante sugestivos, assim dispensam ésse trabalho. Insistimos em que a lista citada foi apenas suzestiva e que 20 professor cabe a tarefa de imaginar e selecionar os recursos due forem necessérios para despertar o interésce dos alunos Por sua matéria, Por constituir 0 oposto da questo que vimos tratando achamos ainda oportuno, neste capitulo, tecer algumas consi. Geragées sébre como combater a antipatia pela Matematice o como evitar nos educandos 0 chamado médo da Matematica, As causas da antipatia e do médo pela Matematica nao ‘do recentes. Séo oriundas de método de ensino excessivamente logic, baseado nos Elementos de Euclides usados até fins do século passado, «Mesmo antes que se tivessem corporifieado as tendéncias da escola nova, aquéles precursores haviam inves- (©) Citagdo constante do livro de E. Roxo: A Mateméties na Bscola Secundaria, pag. 257. °0 APOSTILAS DE DIDATICA ido contra o que se poderia chamar 0 despotismo da organi- zacdo légica do ensino da Matematica.» (*) Por tradi¢ao e por- ue multos professores ainda usam até hoje ésses métodos, a antipatia e 0 médo ainda reinam no estudo da Matematica, Acham uns a Matematica «antipdticas por ser uma disciplina rida e, portanto, sem atrativos; outros t8m dela médo porque Teceiam nao entendé-la, néo dominar os métodos por ela usa- dos, etc. Achamos que o professor pode remover ésses obstd. culos & aprendizagem da Matematica, Com um dominio perfeito da disciplina e com os recursos de motivacio, o professor conseguira: 2) Combater com éxito a autipatia através de sua persona- Iidade: ‘mostrando ao aluno, a cada instante, as aplicagdes vastissimas da Matematica & vida e s outras ciéncias; apre- sentando a matéria de forma atraente e accessivel aos zlunos, b) Anulara o médo pela Matemdtica conduzindo a aprendiza. gem do aluno através de métodos adequados, incentivando-o, mostrando os resultados que vai obtendo, desenvoivendo habi. ‘os de trabalho ¢ atitudes de autocritica e autoconfianga, Bibliografia, Hrene M. Carvalho — Simulas de Diditica Geral Euclides Roxo — A Matematica na Escola Secundaria Luiz Alves de Matos — Sumario de Diditica Geral André Fouché — Pedagogia das Matematicas A. M. Aguayo — Didatica da Escola Nova A. M. Aguayo — Pedagogia Cientifica John Dewey — Vida e Educacio (@) Citacko constante da obra cltada de HE Roxo, pig. 41 Unidade VI © PROBLEMA DO METODO NO ENSINO DA MATEMATICA A) Introdusio. B) A mode na. metodologia, Prof Ceres Marques de Moraes Snes - Unidade Vi © PROBLEMA DO M#TODO No ENSINO DA MATEMATICA A) Iatroducio B) A Modema Metodologia Prof* Ceres Marques de Moraes A) INTRODUCAO Modernamente define-se 0 ensino como a direc&o técnica da aprendizagem. Ensinar 6, pois, uma tarefa complexa porque rao Potlemos esquecer que esta direcdo implica om que o pro- fessor leva o aluno @ aprender a matéria Visando a determi- nados objetivos ¢ através de um certo métode, Neste canitulo analisaremos apenas os métodos usados Para o ensino de ™matematica no curso Secundario. Quando usarmos a palavra método serd no sentido etimo- Iégico de caminho que leva a determinado fim. No ensino, cha- arsed entio de método 20 caminho (mais eficiente) que levar 0 aluno a aprendizagem, Insistimos que é todo o caminho © no. apenas Parte déle, «O método deve orientar educador ¢ educando desde a sestaca zeros ou ‘seja, 0 ponto em que © aluno nada sabe, até © maa ou momento em que o aprendiz aprendet de fate tale © que era importante Para o fim visado» (1) oo APOSTILAS DE DIDATICA © método é, como vemos, um processo amplo em sua apli- cagéo e adimite fases que correspondem as do processo de apren dizagem e em cada uma delas necessita do emprégo de técnicas especials que so os reeursos ou procedimentos didaticos. Encarar 0 método sob o prisma apontado acima 6 recente em Pedagogia, Os , citadas como se sindnimos fds. sem. Existe, evidentemente, diferenca entre os trés. Acredita. mo8 que a confusio vem do fato de, algumas vézes, um deter. minado procedimento ter sido considerado como um miétodo, no sentido etimolégico da palavra (meté-hodés: caminho para atingir a meta) e, outras vézes, cértos métodos (como o heu- Tistico) haverem figurado em diversas obras didaticas ameri- canas, como procedimentos didaticos. 300 APOSTILAS DE DIDATICA PES ee a SEE © assunto merece cuidado e reflex: O método, segundo o professor Luiz Alves de Mattos, «é a organizacio racional e bem calculada dos recursos disponi- veis e dos procedimentos mais adequados para se atingir deter- minado objetivo da maneira mais segura, econémica e eficiente possivel>, Naturalmente, se um professor estabelece um sistema de ensinar que se baseia nessa definicdo, ou que responda as qua- tro questdes fundamentais, citadas na pagina 82 do livro «Su- mario de Didatica Gerals, do professor Mattos, dispée, como diz © proprio autor, «de todos os elementos constitutive de um bom método». Entretanto, se um professor se utiliza do método heuristico, para atender a uma parte apenas de sua aula e sem ter em vista as quatro questdes fundamentais a que Jé nos referimos, entio, ai, a expressio emétodo heuristico» nada mais € do que o titulo de um procedimento ou técnica de apre- sentacdo da matéria, (£ com ésse sentido que David R. Davis, em seu excelente trabalho : 9 método do Projeto, o método do laboratério, o método heuristico, 9 método do interrogatério, 9 método do estudo dirigido e o «develop. mental method»). Feitas essas consideragées, frisamos que iremos apresen- far as stécnicas» usadas nas aulas de Matematica, como pro- codimentos ou recursos diditicos e nio como métodos, anda que essas técnicas venham tituladas de métodos, 5) A APRESENTACAO DA MATERIA NAS AULAS DE MATEMATICA Nao ha um método nem uma técnica de ensino da mate- matica, aplicavel a todas as situagdes. Assim, no 6 recomen- davel o uso de um mesmo processo durante téda uma aula, O melhor sistema é uma combinaedo de alguns processos, em um plano de facil compreensio e aplicagao. Geralmente a prelecdo, a demonstracdo e o interrogatério tomam maior parte do nosso tempo de aula. Biblioteca “Cor Jeu = Pap - Bowe 159.29 ESPECIAL DE MATEMATICA 104 Todavia, néo deve a prelecéo simples tomar mais de 15 minutos de uma aula do curso ginasial e 20 ou 25 minutos do curso colegial. © ideal é entremear essa prelecio com demonstracées efetuadas no quadro negro, com participagio ativa de toda a classe, ou, &s vézes, quando possivel, com um aluno realizando- @ no quadro negro, ou, ainda, com demonstracées realizadas Pelo professor com o emprégo do material didatico adequado, Na prelecio podemos também, intercalando, apresentar Tesumos no quadro negro, com participacéo da classe, ou qua- dros sinéticos, j preparados pelo professor, sob a forma de quadros murais, De qualquer forma a visualizacéo € elemento de grande importancia durante a prelecdo, completando-a, mesmo, se- gundo alguns. As préprias estatisticas afirmam que os alunos, num mes+ mo intervalo de tempo, aprendem mais 35% e guardam durante um periodo de tempo 55% maior, quando a aprelecio 6 com- binada com acessérios de ensino. Qualquer que seja o método didatico a ser adotado, 0 Pecurso didatico usado deve caracterizar-se pela simplicidade, Precisio, rigor e clareza com que séo apresentados, Assim deve o professor apresentar seus assuntos de max neita mais simples possivel, sem afetacées e sem mistérios. Deve também apresentar os conceitos de modo preciso, claro e conciso. C) A EXPOSICAO DIDATICA ‘Também chamada de prelegio ou epalestra de explana- So», € a técnica usada pelo professor para, valendo-se de todos 0s recursos da boa linguagem didatica, transmitir aos alunos novos conhecimentos, motivé-los, sintetizar um assunto ou de- Senvolver um tema com maior rapidez, a fim de atender As exigencias do binémio tempo disponivel — programa a ser cumprido, Sem davida alguma que 0 seu emprégo exagerado & con- denavel; atualmente, é tio criticado que se poderd pensar que seja um método antiquado e condenado. 102 APOSTILAS DE DIDATICA Ha, e em grande ntmero, muitas ocasiées onde a prelecio pode ser usada com proveito. Possui a grande desvantagem de ser o professor 0 tinico que toma parte ativa no processo, enquanto que o aluno passa @ ser um passivo recebedor de informacGes, mas tem a vanta- gem de possibilitar um melo de dar a matéria com uma segu- ranca relativa de que os alunos receberSo os ensinamentos de modo concisc e légicamente organizado. N&o deve exceder de quinze minutos no Ginasial e de vinte e cinco minutos no Cientifico. Deve apresentar-se, sempre que Possivel, combinada com o interrogatério, com a demonstra- 40, com a apresentaco de acessérios de ensino ou com exer- cicio de aplicacéo. A ptelegio é aconselhavel, no ensino da Matemética, para apresentar novas unidades de estudo ou novos assuntos (Nume- ragio — Equacéo do primeiro ou do segundo grau — expres- sdes algébricas — Angulos — Poligonos regulares — Logarit- mos — Trigonometria — Geometria Analitica). recomendavel para dar informagées e orientar a resolu- cao de problemas de Aritmética, Algebra ou Geometria. E de boa técnica — usar a prelegéo para, no fim de um assunto, fazer um sumério de regras ou principios importantes, (Fatoracéo — Cilculo de radicais — Operacées com os logarit. mos — Estudo da reta, no terceiro ano Cientifico — etc...) A ptelecdo, combinada com exercicios de aplicacio, itil no inicio do ensino do calculo da raiz quadrada, ou da fatora- cdo algébrica, A preleco, entremeada com o interrogatério, é de grande eficiéncia nas demonstragdes dos teoremas de Geometria, em geral. interessante, também, a combinacéo da prelecio, do interrogatério © do método heuristico, para 0 ensino dos teo- remas. A prelecéo com demonstracéo no quadro-negro é muito empregada entre nés mas nfo deve tomar todo o tempo da aula. A prelecdo, juntamente com a apresentacio do material didatico ¢ o interrogatério, é uma dtima técnica, especialmente para demonstracéo dos teoremas da Geometria no espaco. ESPECIAL DE MATEMATICA 108 Para apresentar 0 sumério da aula, 6 interessante o emprégo de quadros murais, organizados pelo préprio professor, acom- panhados de prelecdo e interrogatério, Na Bélgica, tivemos oportunidade de apreciar 0 emprégo do «Algebloc>, de E. Van Lierde, para 0 caleulo algébrico intuitive; a apresentacao désse material vinha acompanhada de prelecio e interrogatério, Na Franca, Bélgica, Suiga, Inglaterra e Estados Unidos, a prelecéo @ também empregada, no ensino da Matematica, Para acompanhar a apresentacdo de filmes de movimento. Enfim, a prelecdo é ainda um procedimento didatico util e importante, quando considerado em conjunto com outras técnicas de apresentacio da matéria, D) A TECNICA DO INTERROGATORIO NO ENSINO DA MATEMATICA O interrogatério 6 a maneira mais didatica de ensinar 9 aluno a raciocinar em Matemitica, por meio da linguagem. Hart Dougias, em seu livro «Secondary Education», di «Apesar da crescente tendéncia em se substituir o interrozaté- tio por outros procedimentos didaticos modernos, a verdade é gue éle, entremeado de breves exposigées e demonstracées, ainda ocnpa, por si 26, tanto tempo dos horarlos estulares quan. to todos os demais procedimentos didaticos combinadoss. Realmente, o ensino da Matematica, no nosso Curso Gina- sial, segue, aproximadamente, a opinigo de Douglas. Todavia, no Curso Cientifico, forgado pela falta de tempo, o professor faz menor uso désse Gtimo recurso didatico. Segundo J. 0. Frank, o interrogatério é a alma do «debate orientado», téo comumente usado no ensino da Matematica, E, segundo Carleton E. Preston, 0 aprendido para o professor. Apesar dos abusos désse recurso didatico, néo ha divida de que éle ainda conti- nuara a ser, durante muitos anos, um prestimoso auxiliar da aprendizagem, 1 légico que nao o aceitamos como éle era feito antigamente por todos e, atualmente, por alguns. Achamos que, convenientemente usado, é muito importante para o ensino da Matematica. Assim, quando ensinamos a classificacdo das expressées ou equacées algébricas, os principios fundamentais das equa- es ou das desigualdades, o inicio da Geometria no Espaco ou © céleulo das derivadas ou das primitivas imediatas, se tivermos bem apresentado ésses assuntos sem que os alunos copiem essa apresentacéo, e dermos no livro-texto a orientacdo neces- séria e racional para que estudem (nao para decorarem) ésses pontos apresentados, estaremos completando realmente a apren- dizagem. Alguns receiam orientar os estudes dos educandos pelo livro-texto, em virtude da semelhanca com o velho proceso da iggo marcada — da recitacio. Na verdade, ésse recurso nada mais ¢ do que um trabalho orientado, ou a preparacéo para um estudo dirigido de grande valor, apesar da critica de que muito tempo € perdido pelo professor na indicagio do modo de fazer a tarefa. F) A APRESENTACAO DOS TEOREMAS Qs teoremas, com suas demonstracdes, tm no Curso Giaa- sial mais importancia pela possibilidade que dio ao professor de desenvolver 0 raciocinio do educando, do que pelo seu valor intrinseco, Se o ensino da demonstragio dos teoremas desenvolvesse bem 0 raciocinio dos alunos de uma turma, o professor, mesmo que os alunos esquecessem todos ésses teoremas, ja teriam cumprido o principal objetivo do ensino dos teoremas no Curso Ginasial. Assim, deve o professor procurar conduzir o raciocinio do aluno num treino importante para 0 seu desenvolvimento e amadurecimento, 108 APOSTILAS DE DIDATICA Essa orientacio pede ser obtida por meio de um inter- rogatorio bem dirigido, quando ao quadro negro, ou por félhas mimeografadas onde exista um roteiro que permita conduzir © raciocinio do ahino. & 0 método heuristico com suas compro- vadas vantagens, quando bem empregado. Pode o professor apresentar casos interessantes em que o aluno posse. sentir que @le seria capaz de redescobrir férmulas e propriedades de seu programa. Para 0 ensino dos teoremas de Geometria, é interessante © aconselhavel 0 emprégo do material diditico adequado. O Professor poder fazer, primeiramente, a demonstracao intui- tiva, com o auxilio dos acess6rios de ensino e, apés, fazer a deducao. Nao existe érro em se conduzir o raciocinio do aluno do concreto para abstrato. Séo sem fundamento as afirma- 6es de que o uso dos acessérios de ensino € contrétio ao espi- Tito de abstracdo da Matematica. Na revista «Mathematica ¢ Pedagogias, da Sociedade Belga de Professdres de Matematica, escreve, em seu ntimero 8, L. Jeronez, professor do «Athénée Royal, Binches; «Existe uma confuséo no espirito de muitos ProfessOres, a respeito de as realizacBes coneretas serem sem Pre opostas as consideracdes abstratas. Nao hé motivo para essa confusa0; nao é, ao contrario, para aprender a abstracao Gue nés partimos do conereto? Antes de comecar uma expo- Siséo racional e concreta da Geometria Elementar, née pro. Curamos organizar um ensino no qual os fundamentos tenham um cardter concreto e onde os raeiocinios rigorosos aparecam Sradualmente. Proclamamos que queremos ensinar a abstrair, mas que ndo queremos apresentar a abstragio tnicamente>. ‘Também é de boa técnica usar, nas demonstragées, espe- cialmente de Algebra, quadros murais que permitam a eco. nomia do tempo e a possibilidade de o professor estar maior tempo de frente para os seus alunos. Mesmo no Curso Cienti- fico, e talvez ai seja até melhor, é itil o seu emprégo. Temos felto, desde 1953, no Colégio Pedro II, a demonstragdo do teorema de Rouché com auxilio de quadros murais e obtive- mos sempre bons resultados. ESPECIAL DE MATEMATICA 109 G) 0 ENSINO DA RESOLUCAO DE PROBLEMAS (1) Introducio Constitui uma das partes essenciais do programa de Mate- matica. Deve 0 professor saber alguma coisa acérca da forma significativa da estrutura de bons problemas padrées e sobre @ natureza das dificuldades dos alunos. E deve adotar téenieas para resolver tais problemas € métodos para bem construi-los. Nenhum professor estara em condigées de ensinar mate- miatica, se nao estiver preparado Para organizar e levar avante lum intensivo programa de resolucSo de problemas, como parte Integrante de sua téenica de ensino. Convém frisar que um real ensino da matematica ocorre através das analises e sinteses usadas nas resolugdes de pro- blemas e exercicios. Pois, acaso nfo é o verdadeiro Propésito da matematica tornar os educandos capazes de resolver os problemas da vida quotidiana? Certamente que é E é Por isto que ésses proble- mas, sempre que possivel, devem ser apresentados em aula. Nao deve o professor de Matematica olvidar que é de tima técnica didatica fazer sentir aos alunos que seus pro- vlemas podem ser expressos ¢ resolvidos pela Matemética, Para ésse capitulo da resolucéo de problemas deve o professor ter em grande conta a escolha de problemes reals, materiais e a maneira de formulé-los. Essa escolha deve considerar a importancia do problema na vida e 0 seu grau de agrado em relacdo ao aluno, Cada problema deve ser formulado, na medida do possivel, de modo a fazer parecer ao aluno que éle préprio est vivendo © problema. G)_ Gone a0 tet de um asmmto tnpectante no enane de ae. tométics, transerevemos um trecho da eDidétiea Rapectal da Materrationy Publicagio da CADES, de autoria do prot M. J, Beserre 110 APOSTILAS DE DIDATICA Partes importantes do ensino de resolugéo de um problema BP parte — Interpretacdo e percepefo do problema Pode acontecer que o aluno tenba trabalho em resolver um problema apenas devido a maneira pela qual éle fol formu- lado. Cabe, pois, ao professor apresenté-lo de outra forma, procurando desenvolver no aluno ésse senso de percepao ¢ interpretacéo que, em geral, deve ser desenvolvido nos estudos elementares, mas que, diz Raleigh Schorling, os problemas a fim de poder resolvé-los. Poderé para bem mostrar essa necessidade, apresentar para serem resolvidos problemas bem simples que, dois a dois, sejam muito semelhan- tes, porém diferentes, Exemplos: 2) Qual 0 débro de cinco mais um? (Resp: 11) b) Qual o dobro de cinco mais um? (Resp: 12 ) Qual o niimero cujos 3/5 mais os 2/3 6 38? (Res- posta: 30) 4) Qual 0 ntimero cujos 3/5 mais 2/3 € 38? (Respos- ta: 622/9) Deve, também, o professor mostrar ao aluno o que signi- fica déle. Aconse- Thar sempre ao aluno para nao fazer o que parece absurdo mas, néo procurar resolver. ou, mesmo, resolver um pro- blema sem saber 0 que vai achar, nem o que se pergunta. O Professor pode verificar essa falha e, logo, aproveitar a ocasiao Para apontar 0 caminho certo, apresentando, logo apés ter Tesolvido dois problemas de um mesmo tipo, um terceiro pro- blema semelhante (problema dos correios por exemplo), porém, Propositadamente, ) Usar um plano definido em seu raciocinio; ©) Julgar racionalmente 0 resultado encontrado, a fim de nfo aceitar um resultado absurdo, fruto, geral- mente, de um érro de céleulo. E comum: em problemas de idades de pai e filho, apare- cerem pals mais mocos do que os filhos; em problemas de achar 05 algarismos, aparecerem resultados malores do que 9 a2 APOSTILAS DE DIDATICA ou niimeros negativos ou fracionérios; em problemas de operé- thos, aparecerem respostas fracionarias. Sem contar com as Tespostas fora da realidade. Este defeito, alids, vem, em geral, do Curso Primério onde a professora vai perguntando ao Jodozinho, Pedrinho etc,, pela Tesposta do problema, até que apareca a certa, quando, o que seria didaticamente aconselhavel era a professéra parat no primeiro resultado disparatado, exagerar, com habilidade, (para ndo tirar 0 interésse daquele aluno pelos problemas) a Tesposta errada e aproveitar para fazer téda a turma sentir e viver o problema. Ja temos presenciado ésse fato, em escolas Primarias, dezenas de vézes, nesses tltimos vinte anos. Na escola secundaria também existe ésse pecado, em muito menor escala, todavia, talvez, consegtiéncia dos préprios métodos de ensino empregados, Esse mal, entretanto, néo 6 apenas da escola priméria brasileira, pois Frank Me Murry em seu livro «What is the matter with Arithmetic» cita, com minticias, fatos como ésses ocorridos em escolas primarias (turmas adiantadas) do Estado de New York, nos Estados Unidos, # Parte — Dar ao aluno a habilidade especifica de calcular rapido e corretamente Isto é preparar bem o aluno no conhecimento das opera- ‘s6es, na habilidade de calcular, de resolver equacbes e sistemas, Essa necessidado de dar ao aluno a hubilidade especifica de caleular é, as vézes, exagerada de tal modo, que muitos interpretam, erréneamente, a utilidade social da Matematica, como sendo medida pelo uso do céilculo feito pelo povo em seus afazeres cotidianos. © ensino dos problemas 6, realmente, uma das maiores tarefas no ensino da Matematica elementar. Essas partes que acabamos de apresentar podem ser resu- midas assim: Deve 0 aluno primeiro ler com atengéo © problema, a fim de ver 0 que se pergunta e o que deve ser considerado, para Poder achar a resposta aquela pergunta. “A seguir, raciocinar através das relagies por éle selecionadas, do fim para o prin- ESPECIAL DE MATEMATIO 413 cipio do problema, e s6 entao proceder aos célculos que devem ser realizados do coméco para o final. Cremos que os alunos que possuem, no subconsciente, éste tmétodo de anilise, terdo um raciocinio matemético melhor. Lista de principios dteis & resolugio de problemas. Apresentamos a seguir, para que sirva de confronto com © que acabamos de escrever e pelo que ela contém de utilidade aos professéres secundarios de Matematica, uma lista de prin- ciplos baseada na opinigo do chefe do Departamento de Mate- matica da Universidade de Michigan: 1) Nunca ensine hoje 0 que vocé pode ensinar melhor ama- nha; 2) Dé especial atencéo ao ensino da leitura; 3) Empregue uma série de passos, tais como indicare- ‘mos a seguir, a fim de melhor destacar o treino de analise: a) Leia o problema cuidadosamente e esteja certo de que entender 0 sentido de tédas suas palavras: 5) Veja e precise 0 que pretende achar; ©) Note bem os dades do problema e veja se nao seréo necessarios outros elementos desconhecidos e escolha convenientemente a incégnita; 4) Decida 0 que vai fazer e Indique as operagdes que Pretende efetuar ou forme as equagées ou sistemas de equacéo; ©) Estime o resultado; 1) Efetue as operagdes que decidiu fazer, ou resolva as equagdes formadas e confronte-as; g) Interprete a resposta. 4) Use um critério na selegio de bons problemas, como por exemplo: Um bom problema a) Deve ser real para o aluno; b) Deve ser expresso em térmos tais que todos os alu- os possam compreendé-lo; ©) Sera importante, quando alguma vez nos deparamos com éle. re APOSTILAS DH DIDATICA 5) Esforce-se para fazer, do melhor modo possivel, os pro- blemas da vida serem vividos por sua classe. 6) Evite dar problemas demasiadamente dificeis para o nivel da classe; 7) Acentue o reconhecimento da ligacdo existente entre o ensino dos problemas algébricos e a explicagdo dessas relacdes através do simbolismo e das equagées; 8) Empregue variada e nfo ordenada a lista de problemas para revisio, caso tenha grupado os problemas em tipos* 9) Permita ao aluno resolver os problemas, usando métodos Giferentes dos seus; 10) Dé aos alunos a pratica na resolucdo de problemas con- tendo mais elementos do que so necessdrios para sua solucao: 11) Apresente provas, consistindo em questées ou problemas, de diferentes graus de dificuldades, e n&o espere que todos os alunos possam resolver tédas as questes. Bibliografia, 1) The Teaching of Mathematics — David R. Davis — Cap. le2 2) Teaching of Secondary Mathematics — Butler and Wren Cap. Ve VII 3) Didatica Especial da Matematica — Manoel Jairo Bezerra Cap. HI ¢ IV 4) Sumirio de Didatica Geral — Luiz Mattos — Unidade VI 5) Publicacdes do Diretério Académico da F. N. Filosofia — 1949 ) The High School Science Teacher and His Work — C. E. Preston — pag. 149-152. 7) Science Teaching —— George Hunter — pag. 161-231 8) Comment Poser pour Résoudre un Probleme — G. Poly — pag. 11-39 9) Pedagogia Cientifica — A. M. Aguayo — pag. 335-361 10) Didatica General — A. Y. J. Schneider — pag. 56 e 76 11) Metodologia da’ Matemiatica — Irene de Albuquerque — Cap. 3-18 12) Fundamentos do Método — Onofre Penteado Jt Cap. 12.15 - ESPECIAL DE MATEMATICA 5 13) The Development of Modern Education — F.C, Arro- wood — pag. 706-728 14) Didatica da Escola Nova — A. M. Aguayo — Cap. 12-14 15) The Teaching of Mathematics — Raleigh Schorling 16) Apostilas de Didatica Especial de Matematica de M. Jairo Bezerra — Publicagdes da D. E. Exéreito — 1951 11) Método de Instrucéo — Publicagio da E. A. 0. do Exér- cito — pag. 68-117 18) Técnicas e Procedimentos Didaticos no Ensino da Mate- matica — Jiillo Cezar de Mello e Souza 19) Modern Methods and Materials for Teaching Science — Heiss, Obourn e Hoffman — pag. 31-72 20) Manual do Instrutor da Marinha — Publicacao da D. E. Marina 21) Science in General Education — Comission of Secondary School Curriculum — pag. 5-17 22) La Pédagogie des Mathématiques — A. Fouché — pag. 7 23) Instrugées relativas ao Ensino da Matematica — Publi- cacao do Instituto Pedagézico Francés 24) A Matematica na Educagdo Secundaria — E. Rox (Re- feréncias a Hart Douglas) 25) How to Teach General Science — J. 0. Frank — Cap. XIT 26) Revista «Cahiers Pédagogiques> de 1-6-1958 27) Revista «Documentations — ns. 3-5 28) Revista «Mathematica e Pedazogias — n° 8 29) Revista Escola Secundaria — n’ 4 — Artigo do professor ‘Thales M. Carvalho. 30) Da Resolucio dos Problemas de Matematica Elementar (Tese Concurso) — Waldecyr C. A. Pereira pag. 53-78 i Unidade VII © MATERIAL DIDATICO; SUA IMPORTANCIA NO ENSINO DA MATEMATICA A) Tipos de material diditico para o en: sino da Matemitica. B) Condicées de efi cicncia do material diditico em Matemitica ©) Normas pars sua utilizaso. D) O quadronegto, E) © liven diditico, Proft Ceres Marques de Moraes Mh Unidade VI © MATERIAL DIDATICO; SUA IMPORTANCIA NO ENSINO DA MATEMATICA A) Tipos de material diditico para o ensino da Matematica. B) Condicdes de eficiéncia do material diditico em Matematica, ©) Normas para sua utilizagio, D) © quadro-negro. E) 0 livro didatico, Prof* Ceres Marques de Moraes Entre os meios auxillares da aprendizagem esté o mate. rial didatico. Ele representa no ensino um valioso meio para a realizacao de uma aprendizagem positiva, variando a sua im- Portncia em funcdo da matéria a ser ensinada. Em todos os tempos se usou, na aprendizagem, o material didatico. A evoluedo dos métodos de ensino trouxe, da antigiii- dade até nossos dias, grande aperfeigoamento e grande varie- dade de tipos de material didatico. A principio o material didético era constituido, exclusiva- mente, pelos préprios instrumentos da vida dos povos nos quais @ escola devia iniciar os alunos: 0 abaco, que vamos encontrar entre os romanos, as tabuas cobertas de céra e o estilete para escrever entre os gregos etc. 320 APOSTILAS DE DIDATICA SEE Foi, entretanto, Comenius, 0 grande descobridor das van- tagens do ensino intuitivo, que 20 emprégo do material dida- tico deu grande impulso, com a publieacSo em Nuremberg, em 1658, do 1° livro ilustrado (Orbis sensualium pictus). A partir Gesta época grandes pedagogos como Rousseau e os realistas, Froebel (0 eriador dos jardins de inféncia), Pestalozzi, Decroly, Montessori e outros, comecaram a dar grande importancia a¢ material didatico, fazendo os seus sistemas de ensino depen- der, em grande parte, do seu emprégo, A) TIPOS DE MATERIAL DIDATICO PARA 0 ENSINO DA MATEMATICA NO CURSO SECUNDARIO. Material imstramental ou de trabalho: exemplos: giz, aua- Gro-negro, cadernos, . ‘gua, compasso, esquadros, transferidor, tabuas (de logaritmos, de niimeros primos, de quadrados, de raizes quadradas etc.), goniémetro, curvimetro, réguas de cal. culo, planimetro, estdjo de desenho, maquina de calcular, ete. Material ilustrative: exemplos: desenhos, esquemas, qua- Gros murais, colegies de figuras, modelos de desenhos ¢ ilus. tragdes de verdade, gravuras, discos, filmes, projecdes (e 9s Tespectivos aparelhos), vitrolas, televiséo, gréficos esta- tisticos, mapas de simbolos convencionais, ampliagdes, selos, bandeiras, ete. Material analitico ou de observacio: exemplos: corpos Beométricos, modelos para observacao e andlise de algumas Proposigées geométricas para o ensino de projecdes, para ensi- no de niimeros irracionais, ete. Material experimental ou demonstrative. Exemplos: apare- Thos para demonstracdo intuitiva: do teorema de Tales, do de Pitégoras, da igualdade de triangulos, da equivaléncia de Area, da geracdo de sdlidos, da variacio das linhas trigonomé- tricas ete. Material informativo: livros, revistas, enciclopédias, dicio~ nétios, fontes de referéncia, ficharios, ete. ESPECIAL DE MATEMATICA a2 B) CONDICOFS BASICAS DE EFICLANCIA NO MA- TERIAL DIDATICO DO ENSINO. As condigdes exizidas so sua adequacio 20 nivel mental Ao educando ¢ seu uso dindmico. De fato, é indispensavel apresentar um mat: do com o nivel do aluno porque o nosso ojetivo bertar ou aumentar o seu interésse e de outra forma nado 0 conseguiremos, AAchamos que 0 material didético pode ser usado em qual- quer nivel do curso secundario ou mesmo supevior, desde que adequadamente: como 6 claro, no curso secundaio, 9 material do 1 ciclo nao deve ser exatamente 0 do 2° ciclo. E preciso, entretanto, um certo cuidado no emprégo do material didatico em Matemzitica devido ao cardter abstrato Gesta disciplina. . (2) Apresentando 0 material didatico estamos proporcionando, aos nossos alunos, melhores condigdes para aquisicéo de uma imagem mental do odservado, contribuindo assim para o desenvolvimento de sua imaginagéo reprodutora. Por outro lado, fazendo-os analisar, evocar e integrar as impresses trazidas pela apresentacio dés- ‘se material, estamos oferecendo as condigdes necessarias & cria~ $40 de novas imagens, colaborando assim no desenvolvimento da imaginagéo criadora do aluno. NORMAS PARA SUA UTILIZACAO. © material didatico deve ser providenciado com antece- @éncia para que na hora da aula esteja A mao pronto para ser usado. Nunca se deve deixar de ensaiar préviamente o material experimental, © professor deve preparar o ambiente e 0 estado mental da turma para a apresentacdo do material que sé devera ser feita na ocasido adequada ¢ ndo antes ou depois da exposicdo. Deve-se orientar a turma durante a observacéo. & im- Portante que o professor faca acompanhar a apresentaco de uma anilise verbal, do interrogatério, relacionando 0 material com os itens da aula. Insistimos que essa orientacdo é indis- pensiivel porque, colocar a turma diante do objeto e esperar ue 0s alunos analisem sdzinhos, ndo da resultado: o interésse conseguido a principio seré em pouco tempo dispersado, pols o aluno, no tendo capacidade de concluir por si, comeca a exa- minar aspectos que nfo interessam no momento e, em pouco ‘tempo, 0 material didatico passa a servir de divertimento. (2) Psicologia — Sampato Déria, pag. 187. ESPECIAL DE MATEMATICA 123 A observacio apés a exposicéo deve ser controlada, 0 que & sempre possivel através de interrogatérios ou outros proce- dimentos que yerifiquem a eficécia do emprégo do material Aconselha-se ainda mostrar, por grupos, 0 material de reduzidas proporcées. Criticas a0 uso sem critério do material diditieo. Prejudi- ca a abstracdo, atrofia a imaginacdo, diminui as possibilidades do treino da expresso oral, acarreta desperdicio de tempo. Concordamos com essas criticas; elas so realmente pro- cedentes nesse caso, mas deixardo de ter cabimento se o mate- tial didatico for usado dentro das normas apontadas acima. AquisicSo ¢ conservacdo do material diditice. A aquisicao do material didatico seré feita por compra, por doacées, ou por confeccdes. Este ndo é apenas um problema da diregio da escola (que tem que compri-lo), como muitos pensam. © pro- fessor e os alunos podem e devem enriquecer 0 acervo de ma- terial em cada disciplina, utilizando as condicées materiais do local. Isto nio € tao dificil como & primeira vista parece. Com orientacéo dos professOres (principalmente do da matéria, do de trabalhos manuals, do de desenho etc.), os alunos podem. colaborar eficazmente na confeccao déste material. Alias, no- tamos que éles fazem isto com prazer e o material obtido desta forma embora modesto é muito mais educative do que o de alto preco mas feito em fabricas. Nao 6 também caso para Gesprezar éstes que, alids, em muitos casos é insubstituivel. Queremos dizer que a engenhosidade e a boa vontade do pro- fessor podem fazer aparecer um material de grande valor pela sua originalidade e funclonalidade. © material, para sua boa conservagio, deve ser catalogado e guardado em estantes, arquivos etc. A colaboracdo dos alu- nos deve ser para isto solicitada. A localizacio do material didatico — A sala-ambiente. O material didatico pode ficar localizado em salas especiais cha- madas salas-ambiente, laboratérios ou gabinetes da matéria, ou em depésitos préximos as salas de aula. um problema que muitos discutem se tddas as aulas de- vem ser dadas ou néo na sala-ambiente, Alguns ndo acham a APOSTILAS DE DIDATICA geonselhével dar aulas neste local, porgue ha sempre muita falta de atencdo da turma que se distrai em observae oquea Gerea. Neste caso, as aulas teéricas nia serlam dadas ai mac serras Préticas. Isto porém apresenta grave defeito; separa a pritica da teoria de uma maneita brusea, o que deveria ser feito de um modo natural. Particularmente achamos que, ha- Vendo sala-ambiente, tCdes as aitles devem ser dadas aie ha nisto duas grandes vantagons: todo o material fica & disposi¢ao do professor ¢, além disso, 0 ambiente & psicoldgicamente ade- guado & aprendizagem da disciplina. Quanto 20 probiema da atentdo achamos que, so 0 aluao f0sse habituado a fregtientar @ Sala-ambiente para estudar, consultar livros ete, ‘ngo per- Gerla assim a sua ctengio no momento das aulas, ois o am- Diente para éle 34 ndo seria uma novidade. Quanto & localizacdo em depésitos ha também vantagens € Gesvantagens. Preferimos, entretanto, a localizagéo em sa Jas-ambiente, A sale-ambiente, em linhas gerais, deverd ser uma sala Brande que sirva, 20 mesmo tempo, para o estudo socializade e Para aulas expositivas. Deverd ter alguns armarios simples, sures envidracados, estantes de livros, escaninhos para guar- Gar giz, esquadros etc., e outros para guardar quadros murais; Scomodagdes para os alunos que devem ser dispostas em gru- pas alusivos aos grandes vultos da Matematica ete. Como ve. um local agradavel e que ofereca © psicologicas adequadas a uma boa aprendizagem da matéria. Insistimos que a sala-ambiente deve ser usada pelos alunos © no ser reservada as observacées de visitantes Queremos aproveitar a oportunidade para insistir s6bre a Recessidade do material didatico: ée no constitu! Taxo; nao é Para ser usado apenas nos colégios de grandes recursos. Com um Pouco de bea vontade, solicitando e orientando a colabora- $40 dos alunos, os professdres do estabelechmento Poderfio, em a ESPECIAL DE MATEMATICA 225 pouco tempo, dispor de um material didatico exeslente para ser usado em proveito de todos, © so de alguns tipos de material dilitico de Matemitica, Consideramos de alto valor o uso de tabelas e formulartos Fae ane ecundario, nio s6 pela grande economia de tempo aue trazem quando da resoluedo de problemas, mas também Pela visio de conjunto que dio dos capitulos da matéria de que Sio integrantes. Achamos que 0 seu uso nfo prajudien a te, morizagdo que, em certo grau, reconhecemos ser necessatia a aprencizagem; pelo contrario, 0 uso de formulatios pode ajudan Kenimorizacéo principalmente através da memoria. visual Achamos também que 0 set uso néo constitu ajuda exeascieg 29s alunos. Isto depende de como vamos habituar os alunos creme: Esses formulérios devem ser, sempre que possivel, organizados pelos alos. Quanto as estampas, graficos e papel quadriculado, devem Intomanbreeados sempre que for oportuno, pelo alto nivel de iiterésse que despertam. Estampas e grafices, mesmo recon, tados de jornais, de revistas, trazidas pelo professor oa pelos alunos, tém grande valor como material ilustrativo, Quanie os Papel uadticulado, constitui um auxiliar valloso para o encino brincipalmente nos programas da 4 série ginasial « 3° colegial, devido as boas representagées gréficas que pode Proporcionar. © eaderno controlado. Como 9 proprio nome indiva, ¢ 9 ¢aderno do aluno que é elaborado sob contréle do professor, Bste cademo no é apenas de exercicios, mas tambér de con- telido da matéria e deve ser organizado dentro de certa taonen Que © professor apontara no inicio do ano. D) 0 QUADRO-NEGRO Nocies histérieas © inventor do quadro-negro e a época de sua primeira utilizagdo no ensino so desconhecidos. Dizem os historiadores due a idéia de sua criagdo esta relacionada com as tébuas de Gera e com as lousas individuais usadas desde a antigtildade. Pos comecos do século passado € que se tém as primeiras noth, 326 APOSTILAS DE DIDATICA cias concretas sobre sua utillzagio nas escolas ¢ no Brasil 0 seu emprégo generalizou-se a partir de 1827. A sua invengio provecou uma revolucdo nos métodos de ensino. Possibilitou o ensino coletivo no lugar do individual, usado até entéo nas escolas, Justificacdo de seu emprégo: re- forca a experiéncia auditiva e garante a organizagdo dos co- nhecimentos. Quando usado convenientemente, o uso do quadro-negro traz um reforgo & experiéncia atditiva do aluno, pois éste vai vendo escritas no quadro-negro as informagies, ao mesmo tem- po que as ouve. O seu uso traz, portanto, malores possibilidades de integracdo dos conhecimentos, j4 que o aluno utiliza duas vias sensoriais diferentes na aprendizagem. Utilizado para as definigdes, classificagdes, quadros-siné- ticos, exercicios, ete., escritos pelos alunos ou pelo professor, © quadro-negro faz uma globalizagdo que de maneira alguma poderiamos obter numa exposigéo verbal. A apresentacio do quadro-negro Para ser realmente eficaz, a utilizacdo do quadro-negro de- ve obedecer a certas normas praticas. Vejamos algumas delas: Antes de comecar a aula, limpe-se ou mande-se limpar completamente o quadro-negro. Os dados da matéria de aula anterior ou outros existentes no q. n. ndo s6 so anti-estéticos, mas também prejudicam, de maneira sensivel, a atencdo dos alunos. Ao eserever no quadro-negro durante a aula, usem-se letras do tamanho médio ou grande; procure-se usar letra de tipo cursive ou de forma, que s4o as mais legiveis, e dar as letras ¢ as palavras um tragado firme e um espacamento que facilite a visibilidade dos alunos mais distantes; 0 que se escreve no quadro-negro deve estar correto quanto A orto- gratia, @ acentuacdo e & pontuagéo, Insistimos que o professor de matematica tem obrigacdo de conhecer a sua lingua. Quanto & disposicio dos dados da matéria, procure-se co- locar no inicio o titulo da aula e dar aos outros uma disposi¢ao ordenada: divida-se 0 quadro em zonas que devem ser suces- sivamente ocupadas com os dados essenciais ou acessérios, destinando uma (acho preferivel a Gltima) para os dados do ESPECIAL DE MATEMATICA ast interésse momentineo como célculos, pequenas revisdes neces+ sirias & compreensao de itens da aula etc. Esta disposicao néo é rigida: conforme 0 tipo de assunto a ser abordado, o professor escolherd a disposigaéo que achar mais convenicnte. Quanto limpeza, recomenda-se apagar o quadro no ini- cio e no final da aula; ainda seréo apagados, sempre que for preciso, os dados de’ interésse momentaneo, os acessérios ot essenciais observando a ordem de importancia crescente. De- ve-se manter o quadro em bom estado de limpeza e ter culidado 20 apagar devido & poeira; . (4) Para isto 0 livro didatico deve ser objeto de uma cuidadosa selecéo, organizagao e aplicacio. A organizacio do livro didatico. Um compéndio de matemética nara as primeiras do curso ginasial deve, na sua organizagio, oferecer grande atratividade nao s6 na exposicéo como também nos exercicios, que devemn ser numerosos. E comum a repulsa dos alunos pelo estudo da matemitica pelos livros; isto se prende a falta de atratividade dos mesmos e, também, ao fato de os livros no estarem de acérdo com a organizacao ldgica désces alunos. No compéndio das demais séries ésses problemas persistem, em. bora de maneira menos acentuada. Concluindo, podemos dizer que é uma tarefa dificil a or- Banizagao de livro didatico de matematica porque éste deve oferecer ao aluno a matéria, nao na sua forma cristalizada, mas (4) Prof, Eleonora S. Ribeiro — Sumulas Did. Eepecia! (1949). ‘ESPECIAL DB MATEMATICA 129 muma forma atraente capaz de conduzilo « uma auténtica aprendizagem, 3 — Para a boa selegio do livro didético, hé diferentes critérios, entre éles a chamada Tabela Binning (5), que trans. crevernos abaixo. Tabela Bining: 1 — Elementos Mecénicos | a) clareza de tipo de im- 8) aspecto material do| —_pressio; livro; | ») Gurabilidade da en-|e) larguca dos espacos cadernacko; marginais; ©) qualidade do papel; | £) prece. ~ Organicidade da matéria a) plano geral; ©) sumérios; b) divides légieas da | d) coeréncia, organizacio; 3 — Apresentagao da matéria | c) carater concreto; a) estilo literério; d) auséncia de preconceito b) vocabulério; e) atualidade. 4—Ilustragées, esque- mas, gréficos ou mapas | ¢) atratividade; a) exatiddo; 4) proporeéo das ilustra- b) objetividade; ses, ete. 5 — Exereicios e questioné- a) relacdo direta com a|d) valor intrinseco; matéria; ») compreensiio da ma- |e) disposiedo dos exeref- téria; cios © questionarios. ©) motivacdo; i 6 — Referéncias biblio- | griticas ©) tipo material; a) acessibilidade; 2) anualidade; b) utilidade para of e) utilidade para o pro aluno; fessor. pee EEE (5) Binning, A e D — Theaching the Secial Studies in Secondary Schools, pags, 92.93, 130 APOSTILAS DE DIDATICA 7 — Indices e apéndices a) disposicao; b) contetido; ©) utilidade pratica. Completam A. ¢ D. Binning a sua escala de avaliagao de livros didaticos (xx). 4 — A aplicacao do livro didatico depende, naturalmente, do método de ensino do professor, mas se dentro do seu méto- do ale souber exploré-lo, poderé fazer com que os alunes 9 utilizem com grande provelto nio s6 para resolucao de oxen cielos, como @ mais fregiiente, mas também para o estude da propria matéria. o que os professéres devemn fazer: Ievas Os alunos a estudarem pelos livros. Insistimos que isto é pose sivel mesmo nas primeiras séries do curso ginasial, Discute-se sdbre o nimero de livros a serem usados numa classe. Acham uns que deve ser adotado um ini realmente existem, e que procuramos soluciona apresentando unr £6 livro no inicio do curso ginasial e no fim deste « no colegial introduzindo, gradativamente, varios livros de texto ou nao. 5 — Conciusoes: 1) 0 livro didético & realmente um auxiliar precioso do trabalho docente; deve entretanto, «ser um instrumento de motivaco da aprendizagem, de orientagio Teorganizacio da QZieriencia, de suzestoes de novos problemas e novas leituras, de vitalizacdo das fOrcas espirituais do alunos. 2) A leltura do Decreto-tei n* 8460 de 26-12-45, que con- solida a legislacio sobre as condigées de Produeao, importacdo € ubllizacdo dos livros didaticos é dell acs profescéres Eee : (ooo, Com uma tabela para avallacéo numérica nos seguintes Memon: (2) imsuficlente; (2) sofrvet; (8) regular; (4) bom; (9) Goon ESPECIAL DE MATEMATICA ar Pee Eee a BIBLIOGRAFIA 1 — Binning, A. e D — Teaching the Social Studies in Secon- Gary Schools — MacGraw Hill Book Co. New York, 1935. 2 — Comenius — Didatica Magna. 3 — Irene M. Carvalho — Samula de Did. Geral (1954), 4 — Luiz A. Matos — Sumario Did. Geral — Ea, Aurora, 1957 — Rio. 5 — Luiz A. Matos — © quadro-negro e sua utilizagéo no ensino — Ed. Aurora — Rio. 6 — Monsenhor Pedro Anisio — Tratado de Pedagogia — Civilizacao Brasileira S. A. — Rio, 1935, 7 — A.M. Aguayo — Didatica da Escola Nova (1954) — C. Ed. Nacional 8 — A. M. Aguayo — Pedagogia Cientifica (1953) C. Ed. Nacional. 9 — Dicionario de Pedagogia Labor. 10 — Rafael Grisi — Didatica Minima. ii — Eleonora L. Ribeiro — Sumulas de Didatica Especial de Matematica (1949). 12 — Sampaio Déria — Psicologia. Unidade 1X TEGNICAS DE FIXACGAO DA APRENDIZAGEM DA MATEMATICA A) A recapitulgio, B) Os exericios, C) Estudo dice ido, D) Tarefa ou deveres. E) Sugestées para os alunos cstudarem Matemitica, F) Jogos (unidade seguiate) Prof. Manoel Jairo Bez Unidade IX @ECNICAS DE FIXAGAO DA APRENDIZAGEM B) Os exercicios. ©) Estudo dirigido. D) Tarefas ou deveres. E) Sugestdes para os alunos estudarem Matematica. F) Jogos (unidade seguinte). Prof. Manoel Jairo Bezerra Preliminares No seu trabalho pé aprendizagem, ia ‘2 dirigir e orientar 0 processo da fim de colhér bons resultados, o professor ia série de atividades. A integracdo e fixacio ¢. aprendizagem, que estadamos no momento, é a fase aps 0 planejamonto, a motivacio, a apresentagio da matéria e a direcéo das atividades discentes. Atualmente, essa fase do «Ciclo Docente» tem sido su- primida a fim de poderem, professéres e alunos, executar os extencos programas, com o niimero de aulas disponiveis. & um grande mal, surgido para reparar um outro, que nao é me- nor. Ha necessidade de o professor de Matematica diminuir, em cada unidade, 2 extensdo do desenvolvimento de certos 138 APOSTILAS DE DIDs’ itens. Nao deve deixar de tratar do assunto de todo o programa nem de fazer a fixaco do que eseolheu como o mais impor- tante. B, néo se pode negar, uma tarefa dificil, mas temo: Obrigacio de procurar a solucéo mals adequada, para’ reali. zar uma real aprendizagem do educando, Pare a integraco do contetido da aprendizagem, estuda- Temos a recapitulacéo e os exercicios e, para a fixacéo da aprendizagem, veremos os procedimentos didaticos seguintes. as tarefas € 0 estudo dirigido. A) A RECAPITULACAO. ‘Tem Por finalidade a integracéo da aprendizagem. ¥, algumas vezes, erréneamente, identificada como sendo eexer. ciclo» porque ambos sao caracterizados pela repeticéo e porque ambos tém o mesmo objetivo: a fixacio de conceites, proprie. dades ¢ relagées. Todavia, apesar destas caracteristicas co. nuns, suas funcGes, certamente, ndo so idénticas. A recapitu- lacéo tem, também, a funcao do exercicio mas, além de reter © fixar {6rmulas, definigées ou processos, deve procurar a or. Banlzacdo cuidadosa de cada item da matéria em um coerente todo, de modo que as relacdes das varias partes, entre si e com © conjunto, possam ser claramente compreendidas, Antigamente, era feita por meio de interrogatério ou re. cltagao. Atualmente, pode ser realizada por meio de: ®) Quadros sindtieos — teitos no quadro-negro ou com quadros-murais, diapositives ou filmes. Os quadros-murais, com classificagées ¢ resumos, feito. pelo professor em cartolina (operacdes com o zero, classifi cacdo das expresses ou equacées algébticas, férmulas dos lados ¢ apétemas dos poligonos regulares, ete.), realizar uma grande economia de tempo. Entretanto, 9 mais comum e pos. sivel, entre nés, 6 organizar quadres sinéticos no quadro-nesre, com auxilio dos alunos. Assim, por exemplo, para recapitular © estudo das equacées do primeiro grau, o professor vai fa- zendo perguntas @ turma dentro de uma organizagao cuida- dosa, coerente e precisa, enquanto que alunos, que se revezam, organizam ésse sumario no quadro. Esses alunos podem dar ESPECIAL DE MATEMATIC, 437 exemplos sdbre cada uma das subpartes do assunto, assinala. das no resumo, b) Forma socializada — a recapitulacdo é vealizada me- diante debates © discussées que podem ser feitos com orien- taco, ou nao, do professor e, de preferéncia, sempre com um aluno no quadro. Esse processo é bem indicado para a discus- ‘sd da equacdo do primeiro ou do segundo grau e para a revi- 80 de problemas classicos (das quatro operacdes com inteiros, de Algebra Elementar ou de Geometria Analitica). ©) Forma de resumos — lidos em aula por um aluno e sob 0 contréle do professor. E aconselhavel em turmas peque- nas e de bons alunos. Dessa forma, é possivel e indicado reca- Pitular a teoria dos determinantes, as progressbes @ os diver- Sos assuntos de Geometria, da terceira série ginasial 4) Forma de problemas — fornecidos pelo professor, Para os alunos discutirem entre si, com um estudo prévio, ja realizado em livros indicados pelo professor. Ha necessidade de organizar os problemas, ewtidadosamente, a fim de que, em sua seqliéncia, éles atendam, na sua ordem e no seu todo, aos Pontos importantes do assunto que se quer recapitular, Assim, Por meio de uma série de problemas, dosados e melhor pla. nejados, pode o professor efetuar uma boa recapitulagao, Ela pode ser feita, incidentalmente, em tédas as aulas em qualquer instante. Pode ser feita pelo professor, em aula, por um dos processos citados ou por meio de jogos © Tecreacées, ou, ainda, pode ser realizada pelos alunos, como trabalho de casa, com auxilio de culdadosas instrucdes. forne- cidas pelo professor. B) OS EXERCICIOS — Preliminares ‘Tem por finalidade a automatizacdo de atividades espe- eificas, criando habitos e habilidades especificas. © lugar dos exercicios, na Matematica, tem sido muito debatido nesses tltimos anos. A reagio contra o uso excessi- APOSTILAS DE DIpATICA ee ree vo ¢ indiscriminado dessa técnica de fixacdo da aprendizagem Principalmente por aguéles que colocavam em posicdo desta. cada os conceitos e significados, f8z com que alguns profes. sores investissem contra os exercicios, quer valiosos ou de. ficientes. Parece-nos, todavia, que a necesisdade da automatizacéo de certas operacdes no pode evitar que se cologuem em des fague os exercicios. = necessério, porém, que néo se faga o gue € comum: dar énfase ao exercicio, apenas pelo seu valor fame memorizacio, sem considerar como seu objetivo, tam. bém, a compreensio e © significado dos conceitos « provecene © uso dos exercicios & contenado, quando, como antiga, mente, passamos trabalhos désse género (por exemplo: de rai quadrade, de expressdes de tragdes, ou de equacées), compli, cados, fora da realidade, com nimeros enormes, com uma ve. ‘© enfadonka e sem outra finalidede do que exercitar «a vista e 03 misculoss. De cada vez, de dois em dois exereicios, no minimo, deve haver algo de novo a ser exigido do educando, sem olvidar, Contd, de fazer presenca em todos éles de sua finalidade geral. Sobre multiplicagdo de fragdes, por exemple, a série se- kulnte de exercicios deverd ter como finalidade geral, além lg criagao da habilidade especifica, a possibilidade do alumo finae fambém os principios que servem de base a essa operas Mas, essa finalidade pode ser abtida, com a introducao, em todos os exercicios, de algo de novo’ que desperte a curios dade do aluno e que possibilite uma explicacao do professor, Assim, com os exemplos seguintes, e com mais quatro exercicios, do mesmo tipo de cada um dos quatro iltimos, © Professor teria uma série de dez exercicios interessantes € titeis, 1) 5a b 24e x 8c 15a? b 2) Gat b? 10a 2¢ ——-x 30a ¢ 2a’ bt 7 7 ESPECIAL DE MATEMATICA 139 3) atb a? — ab x a a a? + ab + ac + be ame 4) x wig 5) x 3—x x 8x (@+2) ati (a + a—6) — (a—2) ae +2)a (a+1) (a—2) Esses exercicios visavam automatizar no aluno a maneira de resolver certas dificuldades muito comuns as multiplicacdes de fragées. Poderia o mestre preparar outra série de modo Gue os varios tipos de fatoracdo fassem Tecordados. Entre tanto, é importante frisar que o valor dos exercicios esta no objetivo visado e na maneira de os planejar e motivar, Em resumo, o exercicio é indispensavel, em Matematica. Apresentacio do exercicio Segundo Butler e Wren, é de boa técnica o professor de Matematica ter em vista que: a) Os exercicios sé produzem resultados satisfatérios se forem bem motivados. 1») E necessario uma aniilise prévia dos dados do exer- cicio. ©) © primeiro exercicio (modélo) deve ser feito pelo professor. a) Deve haver um tempo marcado (étimo recurso mo- tivador), ©) Os exercicios devem ser bons (reais e adequados) ¢ bem apresentados. 1) Cada exercicio, no ginasial, deve ter a duracéo mic xima de dez minutos, e, no colegial, quinze minutos. Isto, en. tretanto, no é rigido, como nio 0 deve ser tudo que so faz no Ensino. 140 APOSTILAS DE DIDATICA 8) Que, antes de iniciar os exercicios, o professor dé suas Instrucées breves, claras e precisas sdbre fontes de consulta, sObre os processos ténicas a serem emprogadas e sbre 0 limite de tempo de stia execugio. Diferentes Formas de Exereicios De acdrdo com o assunto, os objetives do professor, a vivacidade, o comportamento, o grau de capacidade e homo- geneidade da turma, os exercicios podem ser feitos: a) Eseritos em siléncio. b) Oralmente. ©) Ao quadro-negro, com participacdo ativa da classe 4) Com equipes. ©) Em forma recreativa, £) Com dados paralelos (mesmos problemas com dados diferentes), ¢) ESTUDO DIRIGIDO Dada a grande dificuldade que possuem muitos alunos de ter livros e um bom ambiente, em casa, para estudar parece. 70S ideal o aproveitamento das salas do colégio para ser rea. lzado © estudo da matéria, sob orientacdo do professor, E empregado, com sucesso, no Colégio de Nova Friburgo (Ga Fundacio Getilio Vargas), que funciona em dois turnos, facilitando assim a aplicacdo do estudo dirigido, Muito usado nos Estados Unides e nos Lycées Pilotes franceses, que funcionam dentro do regime de seml-internato, é adotado também no Colégio de Aplicacdo da Faculdade Na, clonal de Filosofia, onde, apesar de funcionar apenas em um furno, desde muito vem sendo empregado com excelentes re. sultades. Atualmente, virias experiéncias vém sendo feitas Raquele colégio, no intuito de aperfeicoar a sua técnica. Apesar de alguns inconvenientes désse método, citados no livro ¢The Teaching of Mathematics, de Davis, achamos que, no ensino da Matemética, principalmente no Curso Gina- sial, serla grandemente recomendavel a adocio dessa técnica didatica. ESPECIAL DE MATEMATICA at Mesmo tendo em conta as dificuldades decorrentes da es: cassez de tempo disponivel, a obrigatoriedade do seu emprézo, no futuro, é uma questiio que deveria ser estudada, em virtude de sua importancia. Acreditamos que a sua aplicacdo seria um dtimo remédio para corrigir a deficiéncia da aprendizagem, em nossa escola secundaria. Diferentes Formas de Estudo Dirigido a) Como um trabalho ‘supervisionado. Séo distribuidas entre os alunos folhas com perguntas, problemas e exercicios, sébre um determinado assunto, ja pre- parado por determinagio do professor, a fim de que sejam Tesolvidos em aula. Poderdo Pedir, quando absolutamente ne- cessario, auxilio do professor. Este era o sistema usado nas turmas do curso Cientifico do Colégio de Aplicacio da Faculdade Nacional de Filosofia, em 1951 e 1952, Acreditamos que seja o de maior Possibilidade de emprégo, onde existem dificuldades eriadas pela direcdo do estabeleci- Mento e pela extensdo dos programas a serem cumpridos. O professor da, apenas, pequenas orientagdes, podendo fazétas no quadro-negro, se 6 uma diivida geral. Se dispuser de varios colegas que o auxiliem, a tarefa fica mais facil, pois podera organizar grupos e distribuir ques- tes diferentes para cada um déles. E possivel que, alguns profess6res, que nunca pensaram em estudo dirigdo, j4 empreguem ésse Procedimento didatico. b) Como trabalho dirigido. E dado um problema onde se Pedem varios elementos, ou um grupo de problemas e exercicios, a fim de que os alu nos fagam como tarefa. O professor passa entre as carteiras, observando 0 trabalho e ajudando, um pouco, aquéles que tam diividas; faz perguntas, concatenadas e planejadas, e dA ex- PlicagGes, nfo demoradas, no quadro-negro. Pode 0 professor, havendo coordenacéo entre as disci- plinas, no préprio estudo dirigide de Matematica, orientar um ua APOSTILAS DE DIDATICA trabalho de Geografia, Fisica, Quimica, Desenho ou Trabalhos Manuais, dando instrugses naquilo que diz respeito aos conhe- cimentos de Matematica. Assistimos a um estudo dirigido de Matematica, no Ly- cée de Sévres (Franca), numa turma de primeira série gina- sial (Géme.), que preparava parte de um «abat-jours para apresentar professéra de Trabalhos Manuals. © 0 «Travail Dirigé>, dos

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