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Cristina Pape/2007
CENA 1
ELA
CALADA, INTIMIDADA E COM MEDO VISÍVEL PELA TREMEDEIRA EM
SUAS MÃOS. NÃO SE MOVE.
ELA
- Sim senhor. Mas porque eu estou aqui? O que foi que eu fiz?
ELA
TREMENDO, CHORAMINGANDO, TOM DE QUEM ESTÁ IMPLORANDO
- Não, pelo amor de Deus, não façam isso. Eu não sei de nada. Eu não sei o que está
acontecendo. Eu não sou nada além de mãe. Não sei porque eu estou aqui.
ELA
TREMENDO CADA VEZ MAIS
- Eu não sei de nada. Meu marido é o jornalista Teobaldo de Los Rios. O que vocês
querem?
ELA
- Meu filho está em casa sozinho. Me deixa ir embora. Pelo amor de Deus...
- Manda parar que a ordem veio de cima e o marido dedurou os colegas de trabalho.
“Vamo” lá estourar a porra do aparelho. Trocou essa filhinha de papai aqui por uns
nomes. Nem foi preciso muito não. O tal jornalista é bom negociante. A gente depois
solta essa babaca. Tem até ponto marcado. Tudo em cima. Vai ser festa. Vamos lá. Joga
ela na dois.
FADE
CENA 2
ELA
CHORANDO E FALANDO NUM TELEFONE PÚBLICO
- Pai? Estou aqui na estação central de trem. Vem me buscar? Tô com medo. Vem logo.
Não tem ninguém aqui por perto. Eu to aqui sozinha. Me largaram aqui.
CENA 3
O HOMEM
QUASE NUM SUSSURO FALANDO PARA SI MESMO.
- Quem diria que essa mulher é aquela! Nem parece. Ficou muito esquisita e muito
feia. Cacete!. Filha de uma puta. Foi por causa dela e do Teobaldo que a gente caiu. Ela
tinha sumido por uns tempos e agora aparece de heroína. Ela sempre inventou histórias,
pensando bem mas nós é que não percebíamos. Agora a velha posa de mártir. Eu sabia
que tinha sido o Teobaldo. Ele não dançou. Ficou foi bem. Filho da puta. Ta lá na Tv
agora. Ele era mesmo um escroto. Taí, que a resposta demorou mas chegou. Que
conversa é essa que ela fala aqui? Saiu porque invocou a voz de Deus. Que é isso?
Bebeu com os torturadores? O que é isso? Só pode ser delírio. É demais. Isso é loucura
e da boa. Mas ela acha que todos são otários? Doida mas tem memória ou tb. não tem
nem isso? O que soltou ela foram os nomes que o Teolbaldo entregou. Bem que tinham
me dito mas eu não queria era acreditar que o companheiro ia fazer uma sacanagem
desta com a gente. Moeda de troca. Dedo-duro.
FIM