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DO SISTEMA CONFEA/CREA
Teresina - PI, 23 e 24 de outubro de 2006
- INFORMES -
NOME: Engº Agr. Álvaro José Cabrini Junior – Presidente do Crea-PR DATA: 03 OUT 2006
Assunto: Tecnólogos da construção civil - atribuições do artigo 7º, alíneas “a” até “h” da lei
5.194/66 – ação ordinária nº 2003.70.07.005043-3 – sentença – concessão das
atribuições – apelação – manutenção da sentença – recurso especial – reversão de
posicionamento – reforma das decisões de 1ª e 2.ª instâncias
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precisão os limites da atuação do profissional a fim de evitar eventual exercício de
determinada atividade por pessoa não qualificada.
Posteriormente, o Decreto-Lei nº 241, de 28/02/67, incluiu entre as profissões cujo
exercício é regulado pela Lei nº 5.194/66, a profissão de engenheiro de operação.
Em seguida, tendo em vista a competência dada ao sistema de ensino para dispor
sobre a formação profissional, o Conselho Federal de Educação, através do
Parecer 5.265/78, autorizou a conversão do curso de engenharia de operação em
curso de formação em tecnólogos em edifícios, o que foi regulamentado pela
portaria 235/84 do Ministério da Educação.
Em nível infralegal, a Resolução CONFEA nº 218, de 29/06/73, discrimina
atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e
Agronomia, dispondo:
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salvo outras que lhe sejam acrescidas em curso de pós-graduação, na mesma
modalidade.
Parágrafo único - Serão discriminadas no registro profissional as atividades
constantes desta Resolução.”
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“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
..................
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para a sua fiel execução;”
Conforme transcrito acima, a lei que regula o exercício das profissões das áreas
de engenharia, arquitetura e agronomia, autoriza aos conselhos profissionais a
edição de atos normativos para regulamentação das atividades ali mencionadas,
delegando ao sistema CONFEA/CREA a habilitação para o exercício profissional,
através de registro do profissional junto ao mesmo.
É possível através de norma de caráter regulamentar estabelecer restrições ao
exercício de atividade profissional desde que haja base legal. No caso, a lei
5.194/66 possui forte conteúdo genérico, estabelecendo de antemão restrições à
especialidade de cada profissão, deixando para o poder executivo a
regulamentação e a discriminação de atribuições para cada modalidade técnica
incluída naquele texto legal. Tal fato se dá em razão da amplitude do espectro de
profissões abrangidas pela citada lei, a qual simplesmente vincula categorias
profissionais diversas a um mesmo órgão regulamentador e fiscalizador. A
interpretação de tal regulamentação, porém, deve ser feita de forma restritiva.
(...)
O que se verifica, porém, na questão aqui posta, é que a Resolução nº 313/86
estabeleceu condições para o exercício de determinadas atribuições por parte dos
tecnólogos, limitação inexistente no ato normativo anterior. Tal atitude cria
restrições ao exercício de um direito, o que, conforme dito acima, é vedado em
âmbito regulamentar, pois configura inovação na ordem jurídica, somente viável
em sede de Lei formal. A desobediência a esta vedação se traduz em exorbitância
do poder regulamentar, o que pode ser, inclusive, objeto de sustação do ato pelo
poder legislativo, nos termos do art. 49, V, da Lei Maior.
A despeito das brilhantes considerações trazidas pelo requerido em sua
contestação, incluído o precedente acostado à fl 262 da lavra do Eg. Superior
Tribunal de Justiça, o fato é que os argumentos ali deduzidos cingiam-se à
possibilidade de especificação das atividades profissionais por ato infralegal,
desde que autorizados por Lei, o que é plenamente possível, de acordo com o
aqui exposto. Entretanto, o réu deixou de impugnar a real controvérsia trazida aos
autos, ou seja, as restrições impostas pela Resolução CONFEA nº 313/86 ao
exercício de atividades profissionais por parte de tecnólogos da área da
construção civil, na modalidade edifícios. Logo, descabe ao CREA/PR anotar na
carteira profissional da requerente, a observância da mencionada Resolução,
posto que o parágrafo único do art. 3º de tal ato regulamentar encontra-se eivado
de ilegalidade.
(...)
Desta forma, merece acolhida o pedido dos requerentes.
Diante do exposto, julgo procedente o pedido, para declarar a ilegalidade das
restrições impostas pela Resolução nº 313/86 do CONFEA e para determinar ao
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná
– CREA/PR que expeça certidão de inteiro teor sem as restrições impostas pela
Resolução nº 313/86, mas na forma da Lei nº 5.194/66, e cancele as restrições
anotadas nas carteiras profissionais dos autores.”
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Segundo o Dec.-lei nº 241/67 e a Lei nº 5.194/66, aos tecnólogos da construção
civil são reconhecidas as mesmas atribuições dos engenheiros civis.”
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"Art. 22 - Compete ao ENGENHEIRO DE OPERAÇÃO: I - o desempenho das
atividades 09 a 18 do artigo 1º desta Resolução, circunscritas ao âmbito das
respectivas modalidades profissionais; II - as relacionadas nos números 06 a 08
do artigo 1º desta Resolução, desde que enquadradas no desempenho das
atividades referidas no item I deste artigo." "Art. 23 - Compete ao TÉCNICO DE
NÍVEL SUPERIOR ou TECNÓLOGO: I - o desempenho das atividades 09 a 18 do
artigo 1º desta Resolução, circunscritas ao âmbito das respectivas modalidades
profissionais; II - as relacionadas nos números 06 a 08 do artigo 1º desta
Resolução, desde que enquadradas no desempenho das atividades referidas no
item I deste artigo." Posteriormente, o CONFEA baixou a Resolução nº 313/86
dispondo sobre o exercício profissional dos Tecnólogos das áreas submetidas à
regulamentação e fiscalização instituídas pela Lei nº 5.194/66. Engenheiro,
Arquiteto e Engenheiro Agrônomo. O seu art. 7º regula as atividades e atribuições
desses profissionais: "Art. 7º - As atividades e atribuições profissionais do
engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrônomo consistem em: a)
desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais,
autárquicas, de economia mista e privada; b) planejamento ou projeto, em geral,
de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de
recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária; c)
estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação
técnica; d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios; e) fiscalização de obras
e serviços técnicos; f) direção de obras e serviços técnicos; A tese sustentada
pelos autores importa, basicamente, na alegação de equivalência, com base no
Decreto-Lei nº 241/67, entre as profissões de Tecnólogo e Engenheiro de
Operação. Dessume-se clara a imposição de resposta negativa à pretensão
sustentada. A leitura das normas supradestacadas revela que inexiste previsão
legal que ampare a pretendida equiparação do Tecnólogo (técnico de nível
superior) ao Engenheiro de Operação. Não procede a tentativa dos autores em
demonstrar que Engenheiros de Operação e Tecnólogos exercem, rigorosamente,
as mesmas funções. Muito menos se pode cogitar que exerçam as mesmas
atribuições do Engenheiro Civil. Se efetivamente praticassem iguais atividades,
não estariam dispostas como profissões distintas, por meio de cursos superiores
com duração e conteúdo diversos. Observe-se que o prazo para a formação do
Tecnólogo é de apenas três anos, enquanto o do Engenheiro Civil é de cinco
anos. Não há previsão legal que equipare as duas profissões. A Lei nº 5.194/66 e
o DL nº 241/78 assim não dispõem. A Resolução nº 313/86 apenas particularizou
as atividades desenvolvidas pelos Tecnólogos para fins de fiscalização da
profissão. As suas atribuições foram discriminadas no art. 3º (fl. 238): "Art. 3º - As
atribuições dos Tecnólogos, em suas diversas modalidades, para efeito do
exercício profissional, e da sua fiscalização, respeitados os limites de sua
formação, consistem em: 1. elaboração de orçamento; 2. padronização,
mensuração, e controle de qualidade; 3. condução de trabalho técnico; 4.
condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo, ou manutenção;
5. execução de instalação, montagem e reparo; 6. operação e manutenção de
equipamento e instalação; 7. execução de desenho técnico. Parágrafo único -
Compete, ainda, aos Tecnólogos em suas diversas modalidades, sob a
supervisão e direção de Engenheiros, Arquitetos ou Engenheiros Agrônomos: 1.
execução de obra e serviço técnico; 2. fiscalização de obra e serviço técnico; 3.
Produção técnica especializada." Não vislumbro, em momento algum, a
possibilidade de que a Resolução 313/86 tenha exorbitado dos limites impostos
pela Lei nº 5.194/86. Conforme frisado, não existe nesta lei nem no DL nº 241/67
previsão que reconheça aos Tecnólogos as mesmas atribuições dos Engenheiros
Civis. Nessa linha, a orientação de ambas as Turmas de Direito Público desta
Corte: "PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
DISSÍDIO PRETORIANO NÃO-DEMONSTRADO. DESATENDIMENTO DOS
REQUISITOS LEGAIS (ARTS. 541, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC, E 255, §§ 1º
E 2º, DO RISTJ). NÃO-CONHECIMENTO. ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA
DE SEGURANÇA DO TRABALHO. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 1º DA LEI
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7.410/85. NÃO-OCORRÊNCIA. EXERCÍCIO DA ESPECIALIDADE PELO
TECNÓLOGO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
EQUIPARAÇÃO ENTRE TECNÓLOGO E ENGENHEIRO OPERACIONAL.
INEXISTÊNCIA. APLICAÇÃO DA LEI 7.410/85, DECRETO 92.530/86 E
RESOLUÇÃO 359/91 DO CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA,
ARQUITETURA E AGRONOMIA (CONFEA). PRECEDENTES DO STJ.
RECURSO CONHECIDO EM PARTE E, NESSA
PARTE, DESPROVIDO. 1. A divergência jurisprudencial que enseja o
conhecimento do recurso especial pela letra c do permissivo constitucional deve
ser devidamente demonstrada, conforme as exigências do parágrafo único do art.
541 do CPC, c/c o art. 255 e seus parágrafos, do RISTJ, não bastando, para tanto,
a simples transcrição de ementas. 2. Não há equiparação de fato e de direito entre
as profissões de engenheiro operacional e tecnólogo (técnico de nível superior). 3.
A Lei 7.410/85 – que dispõe sobre a especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho, posteriormente regulamentada pelo Decreto 92.530/86 e explicitada
pela Resolução 359/91 do CONFEA –, não autoriza o exercício, pelo tecnólogo,
da especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. 4. O CONFEA, ao
editar a Resolução 359/91, não agiu com excesso, mas, observando a restrição
prevista no art. 1º da Lei 7.410/85, respeitou o princípio constitucional da
legalidade (CF, art. 37, caput), que lhe é aplicado por força da personalidade
jurídica de autarquia em regime especial que ostenta. 5. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido." (Resp 576.938/PR, Relª Minª
Denise Arruda, 1ª Turma, DJ 02/05/06) "PROCESSUAL CIVIL E
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. COTEJO ANALÍTICO NÃO-DEMONSTRADO.
RESTRIÇÃO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL. LEI N. 5.194/66 (ART. 7º).
DECRETO-LEI N. 241/67. RESOLUÇÃO DO CONFEA N. 218/73. LEGALIDADE.
1. O prequestionamento dos dispositivos legais tidos como violados é requisito
indispensável à admissibilidade do recurso especial. Incidência das Súmulas n.
282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 2. O conhecimento de recurso interposto
com fulcro na alínea "c" do permissivo constitucional pressupõe a demonstração
analítica da suposta divergência, não bastando a simples transcrição de ementa.
3. Inexiste previsão na Lei n. 5.194/66, regulamentada pelo Decreto-Lei n. 241/67,
tendente a equiparar o tecnólogo ao engenheiro de operação. 4. A Resolução do
Confea n. 218/73, ao discriminar as atribuições dos engenheiros, arquitetos e
engenheiros agrônomos, não extrapolou o âmbito da Lei n. 5.194/66, na qual se
embasa, mas apenas particularizou as atividades desenvolvidas por aqueles
profissionais, para fins de fiscalização da profissão. 5. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, não-provido." (Resp 739.867/RS, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, 2ª Turma, DJ 19/12/05)
Assim exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso especial para,
reformando o entendimento manifestado por ambas as instâncias ordinárias, julgar
improcedente o pedido formulado na exordial, mantendo-se os termos de restrição
impostos pelo CREA/PR nas carteiras profissionais dos autores.
É o voto.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, acolher os
embargos de declaração, sem efeitos modificativos, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Francisco Falção, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Denise Arruda votaram com
o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 05 de setembro de 2006 (Data do Julgamento)
1. Tratam os autos de ação declaratória ajuizada por e outros contra o CREA-PR objetivando
assegurar o direito de exercerem a profissão de Tecnólogo da Construção Civil, modalidade em
gerência de obras, no âmbito das atividades prescritas pelo art. 7º, alíneas “a” a “h”, da Lei nº
5.194/66, sem as restrições impostas pela Resolução nº 313/86 do CONFEA, podendo
projetarem, executarem, e gerenciarem o trabalhos. Sentença julgou procedente o pedido, com a
determinação para que o CREA-PR cancelasse as restrições anotadas nas carteiras
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profissionais dos autores. Apelação do CREA que não logrou êxito, por o TRF/4ª Região
entender que aos Tecnológos da Construção Civil são reconhecidos as mesmas atribuições dos
Engenheiros Civis, segundo o disposto no DL nº 241/67 e na Lei nº 5.194/66. Recurso especial
do CREA fundamentado nas alíneas “a” e “c” apontando violação dos arts. 458 e 535 do CPC, 1º
do Decreto-lei n] 241/67, 2º, 3º, 24 e 27, ‘f’, da Lei Federal nº 5.194/66. Defende, em suma, a
ausência de equiparação e previsão legal dos Tecnólogos aos Engenheiros Civis.
3. Inexiste previsão legal que ampare a pretendida equiparação do Tecnólogo da Construção Civil
(técnico de nível superior) ao Engenheiro de Operação. Não procede a tentativa dos autores em
demonstrar que Engenheiros de Operação e Tecnólogos exercem, rigorosamente, as mesmas
funções. Muito menos se pode cogitar que exerçam as mesmas funções do Engenheiro civil. Se
efetivamente praticassem iguais atividades, não estariam dispostas como profissões distintas, por
meio de cursos superiores com duração e conteúdo diversos. Observe-se que o prazo para a
formação do Tecnólogo é de apenas três anos, enquanto o do Engenheiro Civil é de cinco anos.
ACORDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas acordam os
Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar parcial
provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luiz
Fux, Teori Albino Zavascki e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 06 de junho de 2006 (Data do Julgamento)