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Voz Acadêmica

Boletim Informativo do Centro Acadêmico Afonso Pena - CAAP - ANO LII-IV - AGOSTO 2006
4
anos

Distribuição Gratuita
sem liberdade
de imprensa na
Edição Especial

Terra da Liberdade
Prólogo
O Voz Acadêmica é uma publicação
mensal do Centro Acadêmico Afonso
Amigo leitor, arribou a certo ponto do Brasil, onde ainda vivo, um trem de ferro que vinha Pena, entidade que representa os
de altineiras montanhas. Nele se transportava um jornalista, cidadão instruído nas humanas estudantes da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais.
letras. Não me foi dificultoso travar, com ele, uma estreita amizade e chegou a confiar-me os
manuscritos que trazia. Entre eles, encontrei umas Cartas, escritas por critilos diversos, que
são um curioso compêndio das desordens que fez no seu governo um Fanfarrão, o Minésio. Conselho Editorial
Gestão Outras Palavras: superar e construir
Logo que li essas Cartas, assentei comigo que as devia publicar nesse folhetim, não só
porque as julguei merecedoras deste obséquio pela simplicidade do seu estilo, como, também,
Projeto e Diagramação
pelo benefício, que resulta ao público, de se verem satirizadas as trapalhadas desse chefe, para Diretoria de Comunicação - CAAP
emenda dos mais, que seguem tão vergonhosas pisadas (e piadas...).
Um D. Quixote pode desterrar do mundo as loucuras dos cavaleiros andantes; um
Fanfarrão Minésio pode enterrar em gorda propaganda a desordem delicadamente calada por IMPRESSÂO: Fumarc
uma governadora (de fato) despótica.
TIRAGEM: 5.000 exemplares
Mudei algumas coisas menos interessantes, para as acomodar melhor ao nosso gosto. Peço-te
que me desculpes algumas faltas, pois, se és douto, há de conhecer a suma dificuldade que há na
escrita amedrontada. Na terra da liberdade, essa palavra nem o sonho tem podido alimentar. Contato Redação e comercial
Assinar? Bastam iniciais, senão não tem jornal. CAAP - 3217-4629
E por favor, não me venhas dizer o que a Constituição veda. Em tempos de censura, é
atrás de grossas portas que se deixam luzes acesas. Ironicamente, essa lição já se aprendeu E-mail da Redação:
por aqui há séculos e os perseguidos de lá estão na boca do Fanfarrão, ó, estimados heróis
inconfidentes. voz_academica@yahoogrupos.com.br
Sim, sim, amigo, são quatro anos sem liberdade de imprensa na terra da liberdade...
Lê,
diverte-te, mas não faça juízos temerários sobre a pessoa de Fanfarrão. Se lá está, cá Carta 1ª.........................p. 02.

Sumário
anuímos, em honrosa democracia. Carta 2ª .........................p. 03.
Há muitos fanfarrões no mundo, e talvez este alcance os verdes louros que abraçam o brasão
da República, sustentado pelo silêncio de um forjado “consenso”.
Carta 3ª.........................p. 04.
Carta 4ª .........................p. 05.
“... Quid rides ? mutato nomine, de te Carta 5ª.........................p. 06.
Fabula narratur...” Carta 6ª .........................p. 07.
Horácio. Sátiras, l,1, versos 69 e 70. Carta 7ª.........................p. 08.
Carta 8ª .........................p. 09.
C.
Vozes de Baixo ............p. 10.
p.s.: Se o senhor, prezado leitor, achar por bem comentar, elogiar ou criticar esta edição especial do
folhetim, por favor, envie correspondências: Outras Vozes ..................p. 11.
voz_academica@yahoogrupos.com.br
1
“Aquele, Doroteu, que não é santo,
Caro Doroteu, anti-patuléia. Dá pra fazer só naquela boa e velha
dupla: “liberdade de iniciativa” (e essa há quem
Mas quer fingir-se santo aos outros homens,
Pratica muito mais, do que pratica
Os tempos passaram, os Cunhas ainda não. explique, quem entenda e não sei se é bem “sonho”
Entre o seu tempo e o meu, melhor, entre o seu Quem segue os sãos caminhos da verdade
a coisa humana que alimenta) e concentração
Cunha e o meu, deram por incrementar aquele trem E executa outras muitas macaquices
econômica.
do Gutenberg, e você não imagina o estrago que Estando em parte onde o mundo as veja.
As revistas se vendem de forma tão esdrúxula

Carta 1ª
isso faz na República. Aliás, isso que os Senhores
Inconfidentes queriam, veio, quase cem anos depois
do seu, mais de cem anos antes do meu, com todas
as peraltices e Cunhas que dá.
Primeiro a República, timidamente e sem platéia.
Depois um sufrágio mais ou menos e, assim que deu,
perderam a vergonha e se sentiram à vontade para
lançar uma dessas idéias avançadas. Dessas que o
que já não se sabe se o “freguês” queria a revista
ou o brinde: “assine um eletrodoméstico e ganhe um
ano de revista...”. Os editoriais se confundem com
as matérias e tudo parece propaganda. “Matéria
paga” é só uma categoria um pouco mais descarada
que inventaram dentre tanta cara-de-pau. E nesta
província, cada vez mais província, mal chegam as
páginas escritas por e para paulistas e cariocas, com
Assim o nosso chefe, que procura
Mostrar-se compassivo, não descansa
Com estas poucas obras: passa a dar-nos
Da sua compaixão maiores provas.”

quem fanfarreava na presidência da Câmara Baixa


da Nação ao tempo de boa parte da atividade da
quadrilha? E quando o nosso Richelieu se submete
a superexposição de ser vice, saindo do armário do
sonho humano alimenta e não há quem entenda. rodapés para nós chilenos.
Logo, se dispuseram a explicar: a Democracia! poder, algum jornalista desavisado vai achar que
Nos jornais somos ainda mais provincianos.
Sim, é a hora da vontade do povo. Os conchavões um gesto assim tão transparente pode merecer mais
Mesmo o grande jornal dos chilenos não tem cacife
do início do século eram muito “café com leite” de uma linha da nossa jornaleria. Eventos assim
para figurar entre os dez maiores, todos paulistas e
para Fanfarrões acostumados a brioches no café podem “tumultuar” um pouco as coisas.
cariocas. Acomodados pela orientação razoavelmente
da manhã e aquilo de soltar milicos bestiais na Mas a questão se resolve com uma tranqüila
uniforme que os donos e controladores dos grandes
rua era desgastante para uma corriola que depois gastança de nosso Peralta. Afinal, é sempre hora de
jornais do país têm, propagam-se as abordagens, as
adotou nome bonitinho de bicho brasileiro, tão assim mais uma campanha publicitária, em que a Coroa
manchetes, os destaques, as denúncias, e tudo assim
made in amazon, e fãs de Margaret Thatcher. Ora, suscita nos senhores da notícia um peculiar desejo de
empacotado por “Agências de Notícia”, só para se
Senhores, decidiram entre whiskys e champagnes, degredar jornalistas pouco convenientes.
trocar algumas letrinhas, aliviar ou pesar alguma
nunca antes houve situação e lugar mais adequado E dessa forma, Doroteu, o nobre Fanfarrão
crítica, bajulando a tradicional família chilena, e
ao regime democrático. Enquanto alguém falava de Minésio deste tempo a tudo que lhe interessa forja
fazendo o gosto do patrão do lugar, do tempo e da
liberdades públicas e self-made-clãs-quatrocentões- o apoio do povo. Não descansa enquanto repercuta
vez.
oligarcas, um dos nobres cavalheiros pensou “vontade opinião que não lhe seja favorável. Toda a mazela
E assim, tudo que é politicamente relevante nos
do povo, taí uma coisa boa pra vender”. Calhou de esconde e com tanta força se ufana que, temo, mais
grandes jornais deste nosso Chile, são escritos de uma
aparecer um americano para financiar um desses uma vez, só a História, ainda que tardiamente,
mesma fonte, alguns escritórios, outros, gabinetes.
self-made canastrões tupiniquins com sobrenome de poderá devolver aos chilenos a Verdade destes anos.
Todos, se não escritos, pelo menos auspiciados pela
cor, no que, mesmo velho para fazer a sacanagem que Doroteu, sei que frustro, por falta de talento, as
dedicada tutora do ainda não interdito (alguém tem
se pretendia, sabe-se lá porque estava nas graças dos sutilezas do velho Critilo. A leveza talvez viesse da
que trabalhar na família enquanto O Fanfarrão...
“milicos da vez”, e se desincumbiu com brilhantismo pena, e ela já não há. Que nos perdoe Mallarmé,
enfim, não dá para repreender, o Rio de Janeiro é
do servicinho de levar a todos os lares desta grande para quem descrever um objeto é suprimir três
mesmo lindo).
Nação a Opinião Pública, assim... redondinha. quartas partes do prazer de um poema, que é
Existe sempre o risco, é claro, Doroteu, de
Era esse o momento de dividir o gado. Concessão feito da felicidade de adivinhar-se pouco a pouco...
alguém sair por aí fazendo notícia como se fosse
de TV só para mãe, filho, cônjuge, primo, tia ou Extremo da arte que não tenho. Ademais, aos
povo, elogiando esquerdistas mortos, cogitando por
papagaio de político. E ainda assim, depois de tanto jornalistas, proletários letrados, não é permitido em
em causa o “milagre chileno” de nosso Fanfarrão,
lotear, se a vergonha é pouca mesmo, há os que, não seu mister de servir, puxar o saco e vender a arte que
seus hábitos festivos e turísticos, seu reconhecido papel
satisfeitos com a família toda “empresária do ramo admiramos.
de homem do povo, sua sólida carreira de bibelô
da mídia”, são donos eles próprios de não menos E por derradeiro, meu caro, contente-se com
político, a falácia de seus resultados, o resultado de
que dez por cento das transmissoras de tevê, além da cartas assim obtusas e mal assinadas enquanto,
seus resultados... E por falar em choque, alguém
honrosa cadeira em alguma Nobre Casa do Povo. sobre as mais sofisticadas prensas desta Província,
leu nos jornais chilenos os milhões da campanha
Curioso fetiche empresarial destes Senhores. pese a mão maldita dos Fanfarrões.
do Fanfarrão que vieram de Furnas (consta na
Na mídia impressa a coisa é mais fácil de respectiva lista) na oportunidade de “cobrir” a sujeira
controlar. Não há necessidade de lotear sob o artifício de Brasília? Ou quando falam dos companheiros
F. L. S.
das concessões públicas, com blindagens jurídicas sanguessugas alguém ficou tentado a se lembrar de
2
Prezado Doroteu, todo mineiro já sabia, ainda em 2002, que a candidatura que
“E com mão, que ainda treme de cansada,
Não sei, prezado amigo, o que te escrevo.
Já dizia Reagan: “Politics is supposed to be the surgira como uma locomotiva 3 não estava tão de olho assim
second oldest profession. I have come to realize that no Palácio da Liberdade: ansiava, isso sim, ao Planalto, já Só sei que o que te escrevo são verdades
it bears a very close resemblance to the first”. em 2006, ou, talvez melhor que isso, em 2010, no centenário E que vêem muito bem ao nosso caso.”
Quantas vezes lemos em livros de memórias, crônicas do nascimento de Tancredo.
políticas, ensaios literários ou poemas de duvidosa qualidade Tancredo foi consenso em Minas nas eleições de 1982, não passam de legendas para abrigar corruptos – PP, PL e
sobre o “jeitinho” mineiro de se fazer política? Parece que porque sabia que sem a união do Estado, o Planalto seria PTB 8 – e a chapa da reeleição do governador nem merecem
nós, habitantes destas montanhas, sentimo-nos satisfeitíssimos comentários 9.

Carta 2ª
com esta caracterização: o mineiro é quieto, circunspecto; ouve
mais do que fala; e em política, domina com maestria a arte
de dançar conforme a música. “Política é como nuvem: uma
hora você olha e ela está de um jeito. Depois, quando torna
a olhar, está completamente diferente” 1. O que importa é
sambar conforme os interesses em jogo.
Quer exemplo melhor disso do que nosso estimado
Governador? Neste exato instante, liderando as pesquisas
com mais de 70% dos votos, ele não tem com o que se preocupar.
Não será eleito governador, mas como se escreveu no Blog de
difícil4. O atual governador fez isso, estabelecendo relações
cordiais que vão desde Fernando Pimentel, Patrus Ananias,
José de Alencar, até Itamar Franco 5, este último um apoio
valioso na campanha. O importante é nunca conquistar
inimigos: acordo aqui, troca de afagos acolá, e tudo fica nos
eixos.
Destaque-se a atuação de Minésio durante a crise do
mensalão, em 2005, defensor convicto da “governabilidade”,
enquanto via Lula “sangrar” e seu ministério cair em
dominó. Quando compararam Lula a Collor, se apressou em
declarar: “O presidente Lula não é o Collor. Lula tem grande
É sempre essa postura conciliatória, formadora de consensos
amplos, que funciona em Minas. Lembremo-nos quando,
ainda sem se lançar à reeleição formalmente, o Governador
recebeu o apoio expresso da maioria esmagadora dos prefeitos
do Estado, muitos dos quais de partidos de oposição. Como
nenhum candidato da oposição tem chance, e nenhum mineiro
em sã consciência acha o atual governo muito pior do que seus
antecessores...
Com a fidelidade canina do Estado de Minas, da rádio
Itatiaia e da Globo Minas, e sem a chateação de enfrentar
Ricardo Noblat, será ungido imperador. Como conseguiu? credibilidade perante os brasileiros”. Hoje, já se sabe que as oposição na Assembléia, a Pax Mineira foi assegurada.
Aprendeu com o avô, claro. proporções do esquema de corrupção petista fariam PC Farias Resta ao Fanfarrão Minésio colher os louros da vitória,
Não vamos desmerecer uma boa administração. O alto morrer de inveja. Bom, quando a situação esquentou, lá estava torcer pela reeleição de Lula, administrar com um mínimo de
índice de aprovação não é “memória curta” do mineiro, até o Governador de Minas Gerais repelindo o risco de crise competência o Estado (com isso não tem que se preocupar:
porque as gestões anteriores foram, para dizer o mínimo, um institucional, apoiando a política econômica “responsável” há a irmã e o vice especialistas nisso; enquanto mandam nas
desastre. O senador que elegeremos em 2006, a se confirmarem de Palocci, sustentando sua permanência e propondo uma Minas, Sua Majestade passeia no Rio), e reclamar seu trono
as pesquisas, é conhecido por sua “esperteza”. Para homenageá- “agenda positiva” para o país. E dá-lhe apertos de mão e presidencial em 2010. ***
lo, vamos chamá-lo de “O Saqueador das Gerais” 2. Esse fotos amigáveis com o Presidente Lula. Tudo isso, diziam as Max Weber, em seu inspirado A política como
sujeito, agora apoiado por seus ex-arqui-inimigos do PT más línguas, para garantir a sucessão de Lula em 2010. vocação, escreve que o homem político deve preocupar-se
(que ironia) irá se juntar ao “tucano mensaleiro” na nossa As suspeitas se confirmaram quando nosso Governador diariamente em dominar um inimigo bem vulgar: a vaidade.
bancada no Congresso. São dois ex-governadores que legaram fez “corpo mole” diante da candidatura de Alckmin. Como O desejo de poder, que se põe não ao serviço de uma causa,
a Minas memoráveis rombos no erário público. Outro ex- seria desinteressante eleger o paulista, pois ele poderia tentar mas da exaltação pessoal, priva o governante do seu senso de
governador, esse também ex-presidente, primou pela probidade a reeleição em 2010, o impulso inicial do Fanfarrão foi responsabilidade. O poder vira um fim em si mesmo, um gozo
na administração, mas muito prejudicou nosso Estado com “cristianizar” o presidenciável do PSDB 6, abrindo espaço vazio.
seus reiterados desvarios. para o tal “Lulécio”. Só nas últimas semanas o vimos assumir Aquele que é governador com o propósito de almejar o
A falta de base de comparação, portanto, é um fator sua penugem tucana e desferir ataques sérios aos petistas. O cargo de presidente não pode ter outra atitude que não cercear
altamente positivo para o atual sr. Governador. Mas não que não significa, é claro, que haja qualquer viés ideológico ou as oposições e garantir que toda a sociedade mineira fique
é só isso. Quando secretário particular do avô, ele aprendeu programático por trás disso 7. Como foi dito, a política mineira a louvá-lo como “grande líder”. Aqui serve a alegoria de
o beabá de como chegar à Presidência da República. Afinal, prescinde de ideologia. Os acordos espúrios entre partidos que Quevedo, do potentado que se cercou de tantos bajuladores e
1
De tão citada, a autoria dessa frase ficou comprometida: 3
Em 2002, a candidatura tucana ao governo de Minas foi recebeu tantas lisonjas que quiseram fazê-lo acreditar que o
uns a atribuem a Magalhães Pinto, outros a Tancredo Neves. O articulada com tanto esmero entre as elites do Estado que em arroto que soltara não passava de um espirro.
primeiro foi o governador que mais conspirou e contribuiu para a momento algum houve debate. Havia o “predestinado” netinho, o Não obstante, os mineiros dormirão com a consciência
vitória dos milicos em 1964; foi saudar com entusiasmo os tanques candidato do PT – que só teve uma boa votação por causa do “efeito tranqüila, ainda que vença como senador o “Saqueador das
nas ruas de Belo Horizonte logo após a derrubada de Jango. O Lula” – e a patética candidatura do “Saqueador das Gerais”. Gerais”. Isso porque seu querido Fanfarrão tem passagem
segundo é o governador que se tornou emblema da redemocratização 4
Foi na posse de Tancredo, na Praça da Liberdade, que ele marcada para o Planalto, com escala no novíssimo Centro
do início dos anos 1980. Diz-se, ainda, que quem proferiu a proferiu a célebre frase: “Mineiros! O primeiro compromisso de Administrativo do Estado, logo ali, na Linha Verde. Isso
sentença foi José Maria Alkmin, outro mineiro, primeiro vice da Minas é com a liberdade!”. Totalmente despida de sentido histórico, porque o mineiro, quieto e desconfiado que é, já sacou que o
ditadura. [Aliás, o segundo vice da ditadura foi Pedro Aleixo, sem pé na realidade política das últimas décadas, a sentença, porém,
neto aprendeu direitinho com o avô. E que de néscio, nosso
ilustre professor da Casa de Afonso Pena, o vice do AI-5, que convenhamos, é plena de apelo retórico, como convém a um membro
teve como uma das maiores frustrações de sua vida ser impedido de desse clã das Gerais.
governador não tem nada, além da rima.
discursar na Vetusta, justamente pelos estudantes, mobilizados pelo 5
Citamos só os publicáveis. Os impublicáveis todo mineiro bem-
CAAP.] Se juntarmos à lista de insignes mineiros – e professores informado sabe... Basta lembrar de Furnas e da enroladíssima
da FDUFMG – que apoiaram ditaduras o nome de Francisco história da lista de beneficiados pelo esquema de “caixa 2”.
R. L. H.
Campos (que além de chefiar a redação do CP, do CPP, e da 6
A expressão vem das eleições de 1950, quando o mineiro 8
Os três partidos parecem ser o epicentro do mensalão e da
LCP, leis de cunho autoritário, foi autor da Carta ditatorial de Cristiano Machado foi lançado candidato à presidência pelo PSD. “máfia dos sanguessugas”.
1937, além de co-autor do AI-1 e do AI-2), cai a (falsa) imagem O apoio do partido passou a ser meramente formal, uma vez que, 9
O mais irônico é que assim que as denúncias de Roberto
de Minas (e da Casa de Afonso Pena) como batião da liberdade. com a candidatura de Getúlio pelo PTB, os pessedistas acabaram Jefferson levaram ao “carequinha de Minas Gerais”, a imprensa
Aliás, cabe citar Rubem Braga: “Toda vez que acende a luz do Sr. fazendo campanha pelo caudilho gaúcho. No final das contas, cunhou o termo “operação Minas Gerais”. Temendo ser associado
Francisco Campos, há um curto-circuito na democracia”]. Getúlio ficou com 48% dos votos, e Cristiano, com 21%. ao termo, o sr. Governador rapidamente lançou mão de mais
2
Onde foi parar o dinheiro de hospitais e estradas superfaturados 7
Fidelidade partidária para quê? Em tempos em que é crítica a uma de suas comuns censuras à mídia. Adotou-se, em substituição
e não concluídos, as “doações” de empreiteiras, e até vários animais necessidade de reforma política, o governador já deixou claro que, se àquela expressão, a mais simpática, e mais específica (ou inofensiva):
silvestres surrupiados? seus planos forem obstados, trocará o PSDB pelo PMDB... “valerioduto”.

3
Meu caro Doroteu, Minas Gerais, no mandato de Juscelino Kubitschek. O pai,
também foi deputado federal por 28 anos.” 2
“E que queres, amigo, que suceda?
Esperavas, acaso, um bom governo
Escrevo para que saiba das novidades destas terras de
Liberdade. Falo de algumas inquietantes contradições, como a São João del-Rei e proximidades como herança materna, Do nosso Fanfarrão? Tu não o viste
que é dizer, daqui, que Liberdade ainda há. Nos últimos 20 Teófilo Otoni e região como herança paterna. Essas Em trajes de casquilho, nessa corte ?
anos essa contradição se personificou, manteve os sobrenomes localidades dominadas por oligarquias familiares, das quais E pode, meu amigo, de um peralta
(um de tempos, de há muito, idos; outro de tempos, ainda, o Fanfarrão era o herdeiro direto, serviram como base Formar-se, de repente, um homem sério?”
não vindos) e virou Governador. Venho lhe contar, com eleitoral no seu primeiro mandato.
alguma crítica, a trajetória de um Tucano que, Fanfarrão, Cristalizou-se na eleição do herdeiro político de Tancredo em sua campanha rumo ao Palácio. 4

Carta 3ª
tem pose e nome de rapinador. Sem perder a inclinação
da análise para a contradição, peço que compreenda, meu
caro, que é uma crítica liberal. Falo da trajetória de uma
contradição: entre a Democracia e o Fanfarrão.
Pelos idos de 1985, no maior movimento democrático
de nossa história, a Nação optou pela Democracia como
meio adequado para construir uma sociedade livre e justa.
Significava, entre outras coisas, uma incessante luta contra
várias de nossas instituições político-culturais.
Poder tradicional, personalismo, clientelismo, coronelismo
a continuidade de várias tendências contrárias ao movimento
de redemocratização liderado pelo avô. Nesse dilema,
Tancredo, morto e, curiosamente, símbolo da Democracia,
deu força ao mandonismo local (na forma estagnante do poder
tradicional), renovando, através dos vínculos emocionais que
o ligavam a seu eleitorado pessoal, os privilégios familiares
que permitiram a ascensão do Fanfarrão. O “mártir da
Constituinte” começava a ser ameaçado por sua herança.
Devo lhe falar do clientelismo:
… o notável, a quem, de direito e de fato, está
Vencida a eleição no 1º turno, o Tucano aspirou ares
autoritários, passando a caracterizar-se por mais esse aspecto
antidemocrático da cultura política brasileira. Alguns
pequenos veículos acusaram: “censura imprensa em
Minas Gerais”; “Direito à informação está ameaçado
em Minas”; “O perigo de informar a verdade”. Mas,
evidentemente, esse noticiário não chega ao conhecimento de
parcelas significativas do eleitorado.
Nessa trajetória de ascensão que conduziu o Fanfarrão
ao Palácio, ele, a exemplo da maioria de seus contemporâneos,
nunca assumiu um discurso ideológico. A curta tradição
(contemporaneamente transfigurado em caciquismo eleitoral) reservado um trato privilegiado com o poder político,
e autoritarismo impediam a consolidação do Regime serve de elemento de ligação do poder com a sociedade democrática, desenvolvida entre 1946 e 1964, aparentemente
Democrático renascente. Além disso, novos obstáculos: o civil e com seus próprios clientes, a quem continua não criou raízes profundas o suficiente para ser continuada
enfraquecimento da construção ideológica anterior a 1964,
a dispensar proteção e ajuda diante de um poder na “Nova República”. Talvez a marca ideológica do Tucano
freqüentemente distante e hostil, em troca do consenso seja a pretensão modernizante. Um prolongamento do
bem como a transformação da “publicidade massiva” em
eleitoral. 3 (grifo meu) espírito desenvolvimentista do período democrático anterior a
principal fator eleitoral. Contraditoriamente, esses traços
Depois de trocar o PMDB pelo PSDB, o novo Tucano este? De todo modo, mais uma vívida contradição: defender
antidemocráticos acompanharam nossa história política
renovou o mandato com 42 mil votos, já sem a euforia dos modernidade sustentando-se em oligarquias rurais.
recente, aparecendo, a um só tempo, como o cenário e o
236 mil do primeiro mandato. Na terceira candidatura, Esboçam-se aqui os traços históricos originais que
inimigo do desenvolvimento da Democracia.
105.385 votos. Na quarta, 185.050. Os três mandatos marcam o autoritarismo brasileiro: a prática de um jogo
Naquele movimento democratizante emerge a força política
que se seguiram à participação na Assembléia Constituinte parlamentar restrito que permite a conciliação das elites,
de Tancredo. Era já ele próprio uma expressão política-
serviram, assim, para consolidar a carreira do Tucano. excluindo as camadas populares dos centros de decisão,
pessoal de vários dos dilemas que envolveram a Democracia e a existência no seio da administração pública de uma
A carreira e a base eleitoral. O Fanfarrão que até
no Brasil: por um lado, amado pelo povo; por outro, amigo corrente que preconiza a modernização do país pela via
então era só mais um “personalista por tradição”, tornou-se
do sistema; de lá, conservador; de cá, democrata. Dessa autoritária. 5
também político influente. Não como resultado do apoio de
forma amorfa, Tancredo manteve contato com os segmentos Atualmente, o Fanfarrão representa, por um vínculo
uma classe ou de um grupo político, ou pela luta por uma
políticos mais influentes do período e tirou dessa capacidade estritamente familiar, um projeto democrático sustentado por
ideologia, mas por um certo “consenso”.
de “conciliar interesses” uma força política inabalável. duas complexas estruturas geradoras de consenso eleitoral:
Após o primeiro mandato, neto de quem era, o Tucano
Absolutamente inabalável! Tancredo atua até hoje, em primeiro lugar e em larga escala, um arranjo estabelecido
alcançou condições de oferecer “apoio” aos homens influentes
ocupando na consciência nacional (quiçá apenas mineira) um na forma tradicional do clientelismo; em segundo lugar mas
de sua região. Como o avô, o Tucano “conciliou interesses”,
espaço que, por coerência com o Tancredo democrata, talvez decisivamente, uma propaganda publicitária incessante nos
agregando, sem coloração ideológica, todos ao redor: a
devesse caber às ideologias. Mais uma contradição para a meios de comunicação de massa, aliada à “vigília” constante
esquerda, a direta, o centro e os outros. É o jogo clientelista:
história de quem se fortaleceu com a morte. contra toda e qualquer crítica.
de um lado, apoio político (no caso, de um deputado federal
O Fanfarrão, quando eleito pela primeira vez, teve A aliança entre essas estruturas, uma moderna e
neto de Tancredo); de outro, consenso eleitoral. O Tucano
que reconhecer: “os votos eram para ele, não para mim”. outra arcaica mas ambas prejudiciais à Democracia, é
virou cacique e garantiu quatro mandatos na Câmara.
Em 1986, com 236.019 votos, nascia da morte do avô o responsável pelos índices de aprovação do Gocernador,
Um belo dia, constatou: “Não posso limitar meu projeto
novo Fanfarrão de Minas. Era mais uma manifestação por sua vantagem eleitoral e pela expectativa de uma possível
político a ficar numa presidência de comissão como
do poder tradicional das nossas oligarquias rurais, a prêmio de consolação ou a continuar tentando mandatos candidatura à Presidência em 2010.
perpetuação de duas linhagens do conservadorismo político: de deputado” A ascensão vertiginosa do Tucano de rapina é
de um lado, a família Neves, instalada em São João del-Rei Chegava a hora de expandir o projeto político: o Palácio. acompanhada por uma tensão também crescente entre o
desde “1794, quando o comendador português José Antônio Nessa empreitada, o Tucano passou a usar um meio mais projeto democrático modernizante, que supostamente ele
das Neves foi mandado para o Brasil e nomeado ouvidor- moderno de formação de consensos: a mídia de massas. Só para defende, e a base eleitoral que lhe garante o poder.
mor da comarca Rio das Mortes. Anos mais tarde, outro se ter uma idéia, o Fanfarrão gastou R$ 11.866.332,71. É essa, caríssimo, a história de que lhe falava: A tirania
membro da família, José Julvêncio, avô de Tancredo, também encastelada no Palácio da Liberdade. Nossa arma? Atacar
2
Ibidem, p. 69.
se destacou como presidente do Conselho Municipal são- o consenso. Que seja esse o valor desta carta.
3
BOBBIO; MATTEUCI; PASQUINO. Dicionário de
joanense. A política parecia ser, desde então, uma herança de
Política. “Clientelismo”. 5ª ed. São Paulo: Imprensa Oficial do
família” 1. De outro lado, a família Cunha: “o avô paterno…, Estado de São Paulo, 2000, p. 178. J. M. S.
o professor Tristão Ferreira da Cunha, foi deputado federal 4
Comparando, no mesmo período, os candidatos vitoriosos 21.061.272,57. Os lançamentos de Serra não foram encontrados
por quatro anos e secretário de Agricultura do Governo de gastaram: RJ, Rosinha Garotinho: R$ 3.479.229,91; BA, Paulo na fonte utilizada: http://www.tse.gov.br
Souto: R$ 5.970.866,31; RS, Rigotto: R$ 3.083.662,20; PR, 5
ALENCASTRO, Luiz Felipe. “O fardo dos bacharéis”.
1
VASCO, Ana. De facto et de jure. Belo Horizonte: Soler Requião: R$ 3.594.066,29. Apenas Alkmin, em SP, gastou Novos Estudos: CEBRAP. Nº 19, dezembro de 1987, pp. - 68-
Editora, 2005, p. 68. parecido: R$ 12.440.972,43. No Brasil, Lula gastou R$ 72; p. 70
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Prezado Doroteu, quero te falar sobre a gentocracia dos Coitadinho! Corromper-se-ia no meio da selva!
“Com brios de fidalgos, outras vezes
Os nobres com espíritos humildes,
tucunarés...
Mas uma pergunta faz-se mister: o fenômeno das Só dignos de animarem vis Lacaios.
No meio da selva as cobras são criadas, os macacos
famílias no poder, essa gentocracia, é exclusivo ao Brasil?
já são velhos e a cumbuca... Bem, a cumbuca na verdade O nosso Fanfarrão, prezado amigo,
Pode ser que não. Como exemplo, lembre-se de Bush
era um vespeiro. Um vespeiro que soltou vespa para todo Vos dá mui boa prova: não se nega
pai e filho. Ou de Caio e Tibério Graco, na Roma
lado e cansou a floresta inteira. Cansou tanto que acabou Que tenha ilustre sangue, mas não dizem,
Republicana. Porém, aqui, na terra brasilis, as figuras
em nada. Tipo pizza, sabe? As vespas continuaram onde
diferem-se substancialmente num ponto: trazem consigo Com seu ilustre sangue, as suas obras”

Carta 4ª
sempre estiveram, cada macaco continuou no seu galho e as
cobras deram seu jeito. A lei é do mais forte. Ou a lei é do
mais esperto.
Pois é... Acontece que no meio da floresta, de vastíssima
fauna, tem um grupo, uma espécie de tribo dos peixes, que fica
num laguinho no meio da floresta. Um laguinho resistente,
que nem foi atingido por vespas nem nada. É a tribo dos
tucunaré, com grandes caciques e enormes peixadas.
Metáforas à parte, nossa política revela em seu bojo
uma estrutura de perpetuação das tradicionais famílias dos
um encabeçamento de perpetuação. Quem foi rei nunca
perde a majestade, já dizia o ditado. Imagine uma utopia:
Newton das Minas, Antônio da Bahia, Garoto do Rio
longe da política, sem nenhuma influência e sem qualquer
Maria Lúcia, Netinho ou Rosa na área. Seria fantástico.
Ou melhor, fantasioso.... O fato é que noutras experiências,
a gentocracia é efêmera. Dura entre uns e poucos tempos.
No Brasil, perdura, estica, delonga e não se cansa. Se dá
errado, algum jeito se arranja. Mas tem que resistir. Que
originalidade! Somos únicos! Nossa gentocracia é autêntica
essa suposta identidade, pois a tradicional família mineira
enxerga-se nestas figuras. O neto, de tal maneira, teve que
dar resposta à confiança depositada. Lembre-se dos primeiros
meses de seu governo. Uma equipe gestora à frente do desafio-
Minas: sanar as finanças, reduzir criminalidade, promover
integração... Aí despontaram o jurista-administrador, o
sociólogo da segurança e outros tantos. Ademais, despontou
até a irmã. Com isto, começou-se a originar a tradicional
gentocracia. Aliás a irmã é pessoa chave no governo, pois
“ilustres” que, como todos sabemos, é histórica. A origem
e perpétua! fiscaliza a atuação da mídia no Estado. O que se pretende
desta estrutura tão única, e tão incólume parece remontar
Lembre-se da selva do início do texto. Os tucunarés são o não é viabilizar a reeleição Neves. É torná-la certeza. Nem
à imparidade do regime político vivido no Brasil após o
nucleozinho duro que se perpetua. A peixada é fundamental, que para isto censure-se, vete-se, proíba-se. E os mineiros
retorno de D. João VI ao reino lusitano. Aqui plantou-se
uma espécie de matriarca genitora de tucunarezinhos. Diz- continuamos maravilhados com a obra do Governador.
a primeira semente de uma “flor dos trópicos”. Semente da
se que filho de peixe, peixinho é. Imagine se não fosse. Déficit zero, choque de gestão, não sei quantos policiais
qual brotou a aberração monárquica. Mas a flor também
Comprometeria tudo. No laguinho, os mais velhos tucunarés recrutados e crianças mais cedo na escola. As insuficiências
revelou-se como perpetuação do poder público no plano
são batizados como tubarões. Depois disso, na hierarquia e precariedades que continuam a assolar regiões como o Vale
intrafamiliar. Porque convenhamos, que país, em pleno
social da taba, podem ser promovidos a caciques. Aí o negócio do Mucuri ou do Jequitinhonha quase nunca aparecem.
século XIX, e na América Latina (ou luso-espanhola)
familiar arraigou-se e sua linhagem não pode ser rompida, Afinal, superar desigualdades nem dá voto. O que dá voto
deixaria um português proclamar sua independência e subir
jamais. Sistematizou-se. Tudo bem, podemos até admitir é fazer obras na capital, linha verde. Desde quando sanar
ao trono??? Ou foi um substancial acordo das elites, que se
que ora ou outra algum bicho sabichão tente desestabilizar a misérias é prioridade do Estado? Com os gentocratas,
mostraram inaptas a fazer o que fizeram as elites criollas
taba. Ou a própria taba se compromete, porque alguma coisa menos ainda. Mas tudo bem, o super-secretário-jurista-
na América Espanhola, ou sabe-se lá o que se pretendeu
de lá vem à tona. Lembram-se da Roseana? Mas a crise das administrador-e-agora-candidato-a-vice-governador dá
com tudo isso. Talvez tenha sido resultado de uma vocação
vespas na selva, que durou um mês, um mês grandão, um conta do recado. Quem sabe nos próximos quatro anos?
do nosso espírito político. O da patifaria. No entanto, não
mensalão, não afetou o nucleozinho dos tucunarés. Alguém O Governador pode descansar, festejar e continuar sem
é para ser julgado o mérito da monarquia ou da república,
ouviu falar em cassação (ou seria pescação???)? Doce ilusão. saber o que dizer, como é de praxe seus “hãns” e “huns”
tampouco as diferenças entre a elite brasileira e a hispano-
Na taba, o que acontece diz respeito só a taba. Suas águas nas entrevistas, que a eleição 2006 está no papo. Há quem
americana de então. Mas apenas ressaltar quão relevante
são profundas, e bem escuras... governe para ele.
signo histórico fora a perpetuação da dinastia dos Bragança
Esquece-se de algo importante. A prática da gentocracia Pois é. A gentocracia (do grego genós + kratós) é
nestas terras (João, Pedro versão I e Pedro versão II), e sua
assumiu não só a esfera das Assembléias ou dos Palácios. parte da vida de cada brasileiro. Aprendemos com a
importância para a formação de uma cultura política.
Parece ter se tornado cultura nacional. Quem não sabe monarquia portuguesa aqui instalada a dar valor a nossos
O signo histórico pesou tanto que a vocação se consolidou.
ou nunca ouviu falar de cabide de empregos em empresas, familiares. E a cada dia que passa assumimos nosso papel
Quem imaginaria uma política nacional sem Antônio
em autarquias, e mesmo de nepotismo no Judiciário? A de fazer da gentocracia, original. Isto é, perpétua. Nossos
da Bahia? Ou sem um José do Maranhão? Estes são
família é a base da sociedade brasileira! Diké, a deusa votos, nossa posição crítica, nossa participação no cenário
nossos verdadeiros patrimônios. Patrimônios da vocação.
grega, preferiria estar de olhos bem vendados...A passos de político é tão importante que veja que belo resultado
Criar um curral eleitoral, uma prole de novos (e mesmo
tartaruga, quem sabe tal cultura muda. Pelo menos o CNJ construímos: as velhas figuras são substituídas por novas de
de velhos) políticos, além de fiéis seguidores é coisa rara e
(Comitê de Justiça Nacional) decidira sobre a questão do igual teor. Exemplos de tucunarezinhos é o que não falta.
requer um trabalho fastidioso, do gerir ao educar. É uma
Judiciário, a mais grave, pois não depende da “conquista” Herdamos um país, que economicamente, é comandado por
espécie de missão para um futuro de segurança (pelo menos
de votos. Assumia-se cargo público diretamente. Já os eleitos, poucas famílias, detentoras de uma enorme fatia do bolo
de segurança própria). Neste contexto, o talento é pouco
sabe-se que estão apoiados por caciques e um curral eleitoral das riquezas. Politicamente, comandado por outras poucas
importante. Importa, aí sim, a vocação. Aquela de patife,
notável. Tudo bem, não se pode radicalizar e dizer que é famílias. Para a população, o que resta é o sim, sinhô.
de fazer parte do “esquema” e aprender com o pai- mentor
proibido ter parentes na política ou na profissão pública. Quem sabe um dia o lago dos tucunarés não se agüentará
o que é fazer política no Brasil. E note-se o lado bom, de
Há pessoas com talento, e merecedoras. Mas ou atualmente de tanta podridão e mediocridade que o assola, fazendo
defender os inexperientes: “Fulano é da família de Ciclano?
vivemos uma proliferação de gente talentosa, ou então... extinguir ou por si (o improvável) ou por outrem a complexa
Ah, mas esta é uma família muito importante! Ainda bem
Melhor nem pensar. estrutura do nucleozinho duro da floresta. Ainda assim,
que Fulano está lá.” Não podemos deixar que qualquer
Por falar em talento (ou falta dele), aqui em Minas teremos macacos velhos e cobras criadas. Mas aí a história
um, sem berço, faça parte das decisões do poder no Brasil.
ocorre uma espécie inovadora de gentocracia. O neto do vovô- é outra...
Tem que estar preparado, no mínimo. Ou pelo menos não
símbolo do fim da República dos Milicos assumiu no mito
podemos deixar que qualquer um faça parte dos esquemas.
de seu avô sua identidade política. Os votos acompanharam J. V. L.
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Acorda, Doroteu, acorda, acorda; que alardeiam inverdades sobre a Educação no
“Em cima das janelas e das portas
Põe sábias inscrições, põe grandes bustos,
Critilo, um dos teus Critilos é quem te chama... Que eu lhes porei, por baixo, os tristes nomes
Estado. Manifestantes de movimentos sociais e
Amigo, Doroteu, não queria de forma alguma Dos pobres inocentes, que gemeram
sindicais, como os Atingidos por Barragens, MST,
desrespeitar o seu momento legítimo de descanso Ao peso dos grilhões, porei os ossos
Metalúrgicos e outros engrossavam os protestos. Na
que é o sono... Mas veja se você consegue dormir, Daqueles que os seus dias acabaram,
democracia é garantido o direito de manifestação da
conhecedor que é da nossa realidade, após ler essa Sem Cristo e sem remédios, no trabalho”
sociedade civil organizada. A repressão a esse direito
frase sem nada me perguntar:

Carta 5ª
“Não fossem a sensibilidade, o elevado espírito
público, o descortino e o compromisso com o
futuro, sustentados pelo Governador, e se não
contássemos, também, com a adesão e a compreensão
dos deputados estaduais, estes anseios – tão justos
quanto legítimos – não teriam passado do sonho
para a realidade.”
Cetamente, pelo que conheço do seu bom senso,
tem sido uma marca do Governo, representante
legítimo daqueles que, com vistas às próximas
eleições, tentam de toda maneira recuperar o poder
no país para implementar a política da truculência
e dilapidação dos direitos dos trabalhadores. Esta
atitude merece o repúdio de toda a sociedade.”
Como vê, caro amigo, doroteu, pouco é preciso
falar para que se perceba que esse sonho pode, num
Dentre os muitos programas a que fiz referência, o
Fanfarrão Minésio criou o Escolas-Referência,
o Escolas em Rede, o Escola Viva, Comunidade
Ativa e o ensino fundamental de 9 anos, que acolhe
crianças com 6 anos de idade.
É com essa última que quero encerrar minha
conversa com você... Criança com seis anos na escola
regular, sem carteira apropriada, sem professor
“novo tempo”, virar um pesadelo, e justamente, nas especializado... Isso parece um jeitinho de aproveitar
você já está me perguntando:
minas alegres que são reconhecidas como a casa da a verba do fundão, você não acha?
- De quem você está falando? Do Fanfarão aí
liberdade... Dorme, amigo Doroteu. Dorme.
das minas alegres? Ora, meu amigo, me deixe,
Sei que já não devo abusar do seu tempo de sono, Já sei, você está incomodado querendo me dizer:
dormir...
mas a tal da Educação dessas minas me preocupa mas isso não é problema só das suas minas alegres,
Mas, eu insisto que você entenda, amigo doroteu:
deveras... caro amigo.
Não dá para ler um depoimento desses e ficar
É cada programa! Um atrás do outro. Não dá Ah, Amigo Doroteu, eu sei disso...
deitado, como se o berço fosse esplêndido!
tempo nem de a gente engolir um e outro já aparece. Nossa situação é de uma herança histórica.
Já sei, você já está disposto a me ouvir...
Rótulos? É claro, amigo Doroteu! Assim como o Estado Brasileiro, a máquina da
Pois bem, amigo Doroteu, passo a explicar as
O discurso é sempre o mesmo. Veja isto: Educação Pública nasceu a serviço de uma minoria
razões de minha indignação:
“O governador lançou nesta quarta-feira, no oligárquica que não se mistura com essa gente mestiça
Ele, o Fanfarrão fez uma lei para “meia-dúzia”
Palácio da Liberdade, o programa “Livro na de Darcy. Essa gente de ninguéns...
de intelectuais instituindo o Plano de Carreira
escola: mais fácil ensinar, mais fácil aprender”, Mas aqui não, amigo Doroteu! As nossas
da Educação Superior do Estado... E a grande
que vai beneficiar quase 900 mil alunos das campanhas publicitárias são claras:
maioria dos profissionais da educação, que são da
1.650 escolas do ensino médio da rede estadual. O O Fanfarrão diz:
educação Básica, quando, por raríssimas vezes, se
governo mineiro está investindo R$ 22 milhões do “é tornar Minas Gerais o melhor Estado para
organizam para uma manifestação, acontece o que
orçamento da Educação para comprar 1,8 milhão se viver; é fazer mais e melhor com menos; gastar
passo a lhe reportar, uma nótica lida aqui nessas
de livros didáticos de Português e de Matemática, menos com o Estado e mais com o cidadão”.
minas alegres:
que serão distribuídos aos estudantes a partir de E outros completam:
“SINPRO-MG (Sindicato dos Professores
2005. O programa é inédito no país e, segundo o “(...) gestos concretos adotados por quem está
do Estado de Minas Gerais) repudia a violência
Governador, faz parte de uma política global governando minas com olhos voltados para os novos
da Polícia Militar contra os manifestantes, que
que tem como prioridade aumentar a qualidade do tempos, sendo modelo para o Brasil e para o mundo
protestavam contra o Governo do Estado de Minas
ensino.” a gestão austera, competente, moderna, eficiente e
Gerais durante a abertura da 47ª Reunião do BID,
Você sabe, amigo, livro de Português e Matemática eficaz aqui vivenciada sob a sua firme liderança”.
em Belo Horizonte.
dá pra arrumar. Assim, amigo doroteu, pode dormir, dorme. Sob
Os manifestantes foram agredidos pela PM
Livro de Geografia e História é só para fazer o sono dos séculos, os espetáculos que amanhecem, a
e muitas pessoas foram detidas, entre elas, o ex-
gente pensar... Aí, 1971 que o diga, melhor virar contragosto do poeta, não são de chuva de perdão...
delegado Regional do Trabalho. De acordo com
de novo “estudos sociais”. Ou o céu não viu as penas, ou não morreu de
a CUT-MG, várias pessoas foram algemadas e
Desconfio dessa qualidade, amigo Doroteu, que pena...
espancadas, inclusive um menor. Os Trabalhadores
não investe na consciência crítica e, portanto, não Mas me permita deixar só uma última
em Educação da rede pública estadual, em greve por
gera autonomia... pergunta: que tal o Governador com o salário
24 horas, somaram-se aos manifestantes, em luta
Mas você deve estar já com muito sono... do professor?
por uma educação pública de qualidade. A realidade
Prometo, só vou lhe confidenciar mais uma
da categoria é bem diferente daquela alardeada nas
inquietude:
campanhas publicitárias milionárias do Governo, C. L. C.
6
Meu amigo Doroteu, luz, 33,33% sobre telefone e 33,33% sobre os combustíveis,
“Que é isto, Doroteu, abriste a boca?
Ficaste embasbacado? Não supunhas
Ao autorizar que esta carta constasse do Voz Acadêmica,
setores que somados respondem por, aproximadamente, 50%
confesso, hesitei. Afinal, me obriguei a calcular que há Que o nosso grande chefe se saísse
possibilidade de esta edição chegar às mãos do Governador da receita fiscal do estado. Apenas como exemplo, é curioso ver
que a indústria mineira, que consome 61,96% da energia aqui Com uma tão formosa providência?
e acontece que todo mundo sabe das fortes inclinações desse
distinto senhor para a censura, pois quem critica o Fanfarrão produzida, responde por 13,9% do total de impostos incidentes, Nisto de economia é ele o mestre”
Minésio na imprensa de Minas, e até nacional, se dá mal. ao passo que a energia consumida em ambiente residencial,
Antes de declinar o convite, contudo, ocorreu-me uma equivalente a 17,64% da energia produzida, gera 42,56% do exatamente o que precisávamos, uma iniciativa a ser repetida e

Carta 6ª
sensação redentoramente agridoce de que, ao contrário do Kajuru,
não tenho um programa de TV a perder. Tampouco corro o
risco de ser dispensado como colunista do jornal, sem qualquer
explicação, como o professor aposentado da UFMG, porque não
tenho uma coluna. Então, o que de início me afligia, passou a
divertir-me e a intrigar-me: Quem seria o demitido dessa vez?
Meus palpites apontaram, de pronto, para o mágico. É...
O Governador tem um mágico em sua equipe, responsável
por inovar através da utilização, sem precedentes, da arte do
ilusionismo nas atividades do Estado. Concluí isso após repassar
mentalmente as peripécias de seu governo, com ajuda do apurado
ICMS. A-ha! Quase deu para enganar, não é? E tem gente
achando que R$ 2,4 bilhões realmente saíram da cartola. Mas
ainda tem mais. Essa é só uma parte do truque. Agora vem a
parte da redução das despesas.
O estado tinha 72% de sua receita corrente líquida
comprometida com a folha de pagamento. Esse percentual
hoje está em torno de 60%. De novo, o jogo de valores reais
X valores nominais. O estado não se cansou de alardear que
extinguiu 3000 cargos de confiança e reduziu as secretarias de
21 para 15. Louvável. Não devem mesmo estar fazendo falta.
Contudo, se cada um desses 3000 funcionários fosse remunerado
divulgada. E justiça seja feita, divulgação é algo que este governo
fez muito bem. Prova cabal de que nem todos os gastos foram
cortados, sem criteriosa análise de mérito, por conta do ‘choque
de gestão’. Afinal, é a eficiência (custo X benefício) que importa
e boa publicidade pode resultar em reeleição. Logo, nada mais
racional, economicamente falando.
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, em 2005 os
gastos do governo mineiro com publicidade superaram em 550%
os previstos no orçamento para o ano, nos primeiros 10 meses
de governo. Você se lembra de quantas campanhas houve no
período, ressaltando como Minas seria excelente em educação,
senso para desvendar estratagemas que adquiri assistindo a com o teto salarial (R$ 10.500,00) e se suas atividades fossem exaltando as obras do governo, assinalando a distribuição de
todos os episódios da série do Mister M. no Fantástico. Por conduzidas a base de banquetes diários, regados a cabernet e livros ou falando que Minas estaria mais segura (apesar das
muito tempo, odiei o mascarado, por ter me tirado alguns sonhos com caviar de esturjão iraniano no menu, ainda assim, nem em despesas com segurança pública também terem sofrido cortes),
de criança. Hoje, sinto por ele profunda gratidão: graças à sonho, as despesas anuais chegariam perto de um quinto dos R$ com um orçamento equilibrado, etc? Eu perdi até a conta do
minha inocência roubada, sei que o Estado sair de um déficit 2,4 bilhões. A redução percentual de 12% deu-se muito mais slogans (‘Déficit Zero’, ‘Minas Nota Dez’, ‘Minas Crescendo’,
nominal de R$ 2,4 bilhões para um déficit zerado, de um ano por um aumento do total da arrecadação do que efetivamente por ‘Ano do Desenvolvimento’, ‘Minas sem fome’, dentre outros).
para outro, não guarda qualquer relação com o onírico ou com o uma redução de despesas. Cada vez que via essas campanhas que para nada serviam,
sobrenatural, nem com as habilidades extraordinárias do Super- Mas, de onde foram cortadas as despesas? Dos gastos senão para o Fanfarrão se auto-elogiar, me perguntava
Minésio. E o Governador também sabe, porque, acredite ou sociais! se um governo que pretendia ‘gastar menos consigo mesmo, e
não, é economista (calma, esse não é o mistério que eu decifrei). Engraçado é que as despesas com saúde não sofreram mais com o cidadão’ não deveria ter gastado com publicidade,
O famoso ‘choque de gestão’, que dizem ter gerado esse alterações tão significativas no valor nominal. Ora, o que foi exclusivamente, para educar ou para informar a população:
resultado, é orientado por uma versão reeditada do Estado computado sob a insígnia ‘gastos da saúde’ é que mudou. Foi um campanhas de vacinação, campanhas para evitar a dengue,
Mínimo, esta concepção de que o aparelho estatal deve artifício de requintada astúcia. Os cortes, que foram profundos, DST’s, estimular a doação de sangue, ou outras coisas que
ser minimamente interventor e regido segundo a lógica da são mascarados pela inclusão nessa conta da saúde dos gastos justificassem melhor a suplementação absurda. Em vez disso,
maximização e da eficiência dos recursos. O Estado deve “gastar com saneamento básico, antes separados (ou seja, gastos da de acordo com o Sistema Institucional de Acompanhamento
cada vez menos consigo mesmo”. OK! A idéia é ótima para COPASA, que é uma empresa!) e também (pasme!) dos gastos Financeiro de MG, no período a que se referiu a reportagem
uma empresa e equivocada para a gestão da esfera pública, com os institutos de previdência militar, reservados a uma parcela supracitada, em 2005, foram gastos em publicidade R$ 61,8
completamente distinta do meio empresarial. Entretanto, bem específica e ínfima da população. Essa manobra foi além de milhões, enquanto os setores de Assistência Social, Cultura e
colocá-la em prática no estado, em tão curto prazo, demandaria uma estratégia. Foi uma necessidade de governo, pois a redução Habitação receberam R$ 35 milhões em média, cada um.
quebras de contratos, demissões, a execução de uma política fiscal dos gastos na saúde era tão brutal que suprimindo esses valores Pior que isso, só ouvir as críticas que, recentemente, o próprio
fortemente contracionista ou truques de mágica contábil. Como da conta, estaria violada a Emenda nº 29/2000, que estabelece Fanfarrão fez ao governo federal, com ares triunfantes de
as três primeiras opções não ocorreram de maneira significativa, um montante mínimo para o financiamento e prestação dos herói e do alto de toda a sua austeridade de governante que gasta
se comparadas à cifra de R$ 2,4 bilhões, fiquei com a quarta serviços de saúde. pouco (déficit zero), por ter aumentado os gastos com publicidade
opção. O governo, até hoje, deu uma de joão-sem-braço, alegando em 40% neste ano eleitoral. É como diz a sabedoria popular:
Portanto, prepare seu coração! Para seu deleite e em especial, que aguarda a definição do legislativo acerca do que pode ser “Mais importante do que o fato, são as versões do fato”. Nesse
de Cid Moreira, eis o complexo truque: Redução de déficit é feita considerado gasto com saúde para posteriores adequações, se sentido, o governo e sua publicidade souberam mesmo ser eficientes.
aumentando-se as receitas e diminuindo-se as despesas. necessárias. Hã-hã! Sei... Na melhor das hipóteses, apenas Não é por nenhum outro motivo que foi construída essa imagem
O pioneirismo dessa premissa é de genialidade estarrecedora. mantivemos as coisas como estavam, preservamos também os de um Governador que é um show! Seu governo, um evento
Com certeza, absolutamente ninguém havia pensado nisso antigos problemas. Nenhuma inovação. Nenhuma solução. social. Sua imagem, um produto extremamente vendável.
antes. Mas a que preço? Bom, se nossa empresa/estado, Nenhuma ousadia. Uma grande redução de despesas. E muita, Porém, o truque ‘choque de gestão’, até que teve um
que nada produz, tem suas receitas advindas dos impostos, muita criatividade para contabilizar. nome apropriado. Estou certo de que os bons profissionais
temos que aumentá-los. Esta, porém, sempre foi uma medida Na área da Educação, Minas é objeto de estudos como da área, como os David’s Blaine e Copperfield ficariam
impopular. No entanto, pode ser quase imperceptível, se feita “Reformas educacionais e o choque de gestão: a precarização verdadeiramente chocados com tamanha canastrice. Aliás, se eu
indiretamente... do trabalho docente”, de Maria Helena Oliveira Gonçalves fosse o Governador, iria até Las Vegas contratá-los para
Basta olhar os dados referentes à elevação do ICMS. Nas Augusto, feito aqui na UFMG, para citar um. A queda dos a campanha 2006, por uma questão de eficiência, sabe? Na
contas do governo de Minas, quem mais contribuiu para o investimentos nessa área foi de 30%. Mas vale a pena. Agora, verdade, se eu tivesse mesmo poder, mandaria o mágico atual e
equilíbrio das contas do estado não foi a grande maioria da temos déficit zero. Enquanto isso, o Governador colheu os todos os outros políticos engraçadinhos que pretendem copiar o
população porque quem paga ICMS são as empresas que, por louros pela implantação do ensino fundamental de nove anos, truquezinho do ‘choque de araque’, nessa temporada de eleições,
serem sabidamente dotadas de uma genuína bondade de alma e definido por política federal. E gastou absurdamente para enfiarem o dedo na tomada para ver se ficam mais espertos.
caridade de espírito, contraíram suas margens de lucro, sem jamais divulgar, dentre outras medidas bastante óbvias, a distribuição A você, meus sinceros cumprimentos.
repassar esses custos a nós, consumidores finais. As alíquotas de livros didáticos.
dos serviços básicos subiram. Foram 42,84% sobre a conta de Viu só como foi simples? Só mesmo este governo conseguiria
gerar R$ 2,4 bilhões! Eu diria que é um talento único, D.C.
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Caro Compadre, Mundo, deixando nossas montanhas como dente cariado, os
“Mas outra nova conta se começa.
Os pobres miseráveis já nem gritam.
Até que enfim descobri o novo endereço de vocês. Vocês saíram mananciais completamente mortos, o povo com sede, os córregos
de Minas, mas, espero que Minas não tenha saído de vocês. Por e rios poluídos e os recursos das gerações futuras comprometidos. Cansados de gritar, apenas soltam
que mudar tanto? Vocês viraram migrantes mesmos. Já passaram Drummond, o poeta maior, tinha razão ao dizer: “Olhe bem as Alguns fracos suspiros, que enternecem”
pelo Mato Grosso, Rondônia e, agora, estão em Rio Branco. Não montanhas!”
deu mais para morar no campo? Acre, terra de Chico Mendes, O pseudo-desenvolvimento está colocando em risco a harmonia muito de estar ao lado de um fogão de lenha e, tomando café com
de Dom Erwim Klauster, dos seringueiros e das Comunidades ambiental e social. Exemplo recente é o projeto da Mina de um gostoso pão de queijo, ir conversando. Compadre, conta também
Eclesiais de Base - CEBs. Está difícil encontrar um lugar para Capão Xavier. A MBR - Minerações Brasileiras Reunidas S/ como é a vida aí no Acre. Aqui tá bravo...

Carta 7ª
viver com dignidade? Aqui em Minas a vida está muito difícil
para a maioria do povo. Tenho muita coisa pra contar a você.
Segundo o TRE, a Vale do Rio Doce financiou 35% da
campanha do GOVERNADOR. Agora ele disputa a reeleição.
Comenta-se muito que aqui em Minas Gerais, terra da liberdade e
das montanhas, há uma censura total da grande imprensa. Há uns
três anos, quando comecei a ouvir isso, pensava que era intriga da
oposição, mas experimentei, na luta junto aos movimentos sociais,
que, de fato, a grande imprensa de Minas, das duas uma: ou está
censurada pelo GOVERNADOR ou é vassala do mesmo. Vou
te narrar uns fatos que demonstram esse conluio...
A obteve licença para uma atividade criminosa ali que pode durar
22 anos. A mina está sobre um grande aqüífero – Ribeirões de
Fechos, Catarina, Mutuca e Barreiro – que abastece 320.000
pessoas, 9% da população de Belo Horizonte e 7% da região
metropolitana.
Além do aqüífero, a região tinha rica biodiversidade e grutas de
rara formação, com 20 metros de profundidade, como a de Capão
Xavier. Dentre as 3.500 grutas cadastradas no país, só há seis
semelhantes a ela. Com o início da mina, toda essa rica diversidade
desapareceu para sempre. A questão posta é: mineração ou água?
Trata-se de uma escolha. Ou água para consumo humano, para a
Tem outra injustiça que está castigando o povo mineiro. É
o seguinte: em abril desse ano, aconteceu aqui na capital o 1o
Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros, na Praça da
ALMG, com o objetivo de casar a luta dos movimentos sociais do
campo e da cidade.
Os movimentos sociais estão denunciando o modelo
energético em Minas Gerais, questionando a política da CEMIG
e do Governo do Estado, que está utilizando a produção de
energia elétrica como meio de financiamento das grandes empresas,
como a ALCAN, Vale do Rio Doce, VELES, etc. Através
de uma pesquisa, verificou-se que a tarifa residencial de energia
Em 1995, tive a alegria de passar uma manhã em Andrequicé, flora e fauna e para assegurar o abastecimento das futuras gerações aqui é a mais cara do Brasil, enquanto a tarifa que as empresas
município de Três Marias/MG, com Manuelzão (dois anos antes ou 173 milhões de toneladas de ferro de alto teor - 6,5 bilhões de pagam à CEMIG é a mais barata do país. Ou seja, as famílias
de ele morrer e ressuscitar), o grande inspirador de Guimarães Rosa, reais – para a MBR (Vale do Rio Doce e seus acionistas). pagam de seis a dez vezes mais que as empresas. Enquanto o
homem do cerrado. Perguntei a ele: O mundo está melhorando? Um dos piores legados que a MBR quer nos deixar, em Capão ICMS pago pelas famílias nessas terras é de 30% (o mais caro
Manuelzão, com toda a sua sabedoria, me disse: “50 anos atrás Xavier, é um lago, apresentado como a grande solução para a do Brasil), o das empresas consumidoras é de 18%. Além do
não tinha asfalto rasgando o cerrado. As estradas eram de preservação das águas. O “estudo de avaliação ambiental”, entregue ICMS, as famílias pagam também PASEP, COFINS e taxa
chão batido. A gente via fileiras de caminhões de feijão, pela empresa à FEAM e ao COPAM decreta o sepultamento de iluminação pública, o que resulta em 42,5% de imposto sobre o
milho, arroz e mandioca indo para a capital para matar a definitivo dos mananciais que existem ali. As águas do futuro preço da energia. Enquanto as famílias consomem apenas 16,9%
fome do povo lá de Belo Horizonte. Hoje, 50 anos depois,
lago serão de segunda classe. Há a previsão do aparecimento de da energia vendida pela CEMIG em MG, as empresas consomem
a estrada está asfaltada e o que a gente vê? Um caminhão
atrás do outro, carretas e mais carretas cheias de carvão gás sulfídrico, de odor repugnante e cianofíceas, cujo metabolismo até 58%; enquanto o total pago pelas famílias chega a 36%, o
indo para a região de Belo Horizonte para matar a fome transforma nutrientes em gases e formações altamente tóxicas. total pago pelas empresas soma à receita da CEMIG 32,87%;
das caldeiras das siderúrgicas. Queimaram quase todo o Fenômeno ainda mais grave que ocorrerá de forma natural, ao enquanto a inflação de 1997 a 2005 foi de 82,08%, a tarifa de
cerrado. Pensam que eucalipto é salvação pra tudo. Quem longo do tempo, é a eutrofização - água com super-alimentação de energia subiu 246,61%. O lucro de dois bilhões da CEMIG, em
ganha com a devastação do cerrado? Desrespeitar o nutrientes, que será responsável pela formação no ambiente lacustre 2005, foi sugado do povo pobre. Milhares de famílias hoje deixam
cerrado é desrespeitar o próximo, a Deus e a si mesmo.” de terrível odor, tornando o lago impróprio até mesmo para o banho. de comer para pagar conta de luz, com medo de que o fornecimento
De fato, já são 5 milhões de hectares de monocultura de As águas de ambientes eutrofizados apresentam graves problemas de energia seja cortado. Há cerca de um milhão de famílias que
eucalipto no Brasil, 52,6% em Minas Gerais (cf. INDI 2003). para tratamento, tornando inviável o seu aproveitamento. O fato não estão conseguindo pagar a conta de energia da CEMIG.
Há muitos municípios, aqui, onde essa monocultura já invadiu de não existir, em águas temperadas, lagos com tal profundidade Com a absolutização do modelo de produção de energia através
70% do território. O eucalipto, originário da Austrália, é um torna esta proposta uma arriscada aventura. das hidrelétricas, os pequenos agricultores são retirados de suas
vampiro das águas, por causa da imensa raiz vertical. Com tronco Por tudo isso, foi violada a Lei Estadual 10.793/92, que terras para a construção de barragens que de fato gerarão mais
reto, cascas e folhas finas, suga água com facilidade. Esse “deserto proíbe a instalação de atividades extrativas minerais sobre bacia energia barata para os grandes grupos industriais, e não para a
verde” causa um êxodo rural violento, expulsa famílias do campo, de mananciais de abastecimento público. sociedade como um todo. Já são 50 mil famílias atingidas pelas
destrói a biodiversidade, empobrece os solos, seca os rios, sem contar A mineradora teceu uma rede de convênios e acordos para Barragens em Minas Gerais, um milhão no Brasil.
a enorme poluição gerada pelas fábricas de celulose. burlar as leis ambientais. No entanto, FEAM e COPAM Os movimentos sociais lançaram a Campanha PELA
Após estudos sérios, em parceria com universidades federais, concederam licenças para a operação da mina em um processo REDUÇÃO DA TARIFA DE ENERGIA. Queremos
o Instituto de Terras de Minas Gerais, há seis anos, chegou à viciado, de que participaram pessoas que não tinham isenção para pagar o que pagam as indústrias. Além disto, reivindicamos 100
conclusão de que existem presumivelmente 11 milhões de hectares decidir sobre esse assunto. Por isso, os atos administrativos estão Kw de energia gratuita para famílias de baixa renda e que a
de terras devolutas no estado, (cerca de 1/3 do território), quase sendo argüidos na justiça estadual e federal. tarifa social seja elevada para 200 Kw, conforme determinação do
todas griladas por fazendeiros, reflorestadoras (na verdade, De qualquer forma, com nossa luta, conseguimos impedir que juiz federal Charles Renaud em Ação Civil Pública, decisão de
eucaliptadoras) e grandes empresas. Nas décadas de 70 e 80, FEAM e COPAM concedessem licença ambiental total para a 20/04/2006. No Paraná, quem gasta até 100 kilowatt/mês é
grandes extensões dessas terras foram repassadas, por convênios exploração de minério de ferro nessa mina. Conseguiram licença isento de tarifa, não paga nada.
firmados com o ITER, a empresas de celulose. Muitos destes para minerar somente até o lençol freático. A MBR não tem ainda Compadre, desculpe o tamanho da carta. Se eu fosse contar
convênios estão vencidos. Resgatar as terras devolutas e destiná- licença para rebaixar o lençol freático. também da chacina de cinco integrantes do MST em Felisburgo, em
las à Reforma Agrária é um desafio urgente, sendo que assim Depois de conseguirmos duas liminares na justiça, que terras devolutas, do caos nas escolas públicas, das irregularidades
determina a Constituição do estado. retardaram o início da mineração ali, poucas notícias apareceram das contas do governo e de outras injustiças, esta carta não teria
Ah, Compadre Doroteu, gostaria muito de poder convidar na imprensa. Após conquistarmos a instalação, a fórceps, de uma fim. Como a verdade nos liberta, eu não poderia deixar de contar
vocês para voltar a viver em Minas Gerais, mas, infelizmente, por CPI na ALMG, Ricardo Santiago ouviu de um diretor do Jornal pra vocês muitas coisas tristes que estão acontecendo aqui em
amor à verdade tenho que contar mais algumas coisas que estão Estado de Minas: “Não será publicada nem uma linha sobre a Minas, pois na mídia mineira só se vê a fachada bonita, a começar
acontecendo no nosso estado. CPI da MBR”. Dito e feito. As 15 sessões foram esclarecedoras. do Déficit Zero. Mas o povo está se unindo e se organizando e
Com licenciamento ambiental concedido pela Secretaria do Quem lê as notas taquigráficas não fica em dúvida sobre as várias lutas populares estão sendo semeadas por todo estado. Liberdade,
Meio Ambiente (FEAM e COPAM), as mineradoras estão ilegalidades e imoralidades constantes no projeto da Mina Capão ainda que tardia!
arrancando o coração, os pulmões e todo o intestino das montanhas Xavier. Mas não saiu nem uma vírgula do Jornal Estado de Um abraço terno na luta.
de Minas Gerais. Numa voracidade avassaladora, vão sugando Minas. Por quê?
o minério, que, a preço de banana, é vendido para o Primeiro Compadre, é tanta história que temos para contar que gostaria F. G. M.
8
Caro Doroteu, dezenas de cidades – outras foram erguidas ao lado,
“Para haver de suprir o nosso chefe
Aqui nas terras das minas (que de tão gerais Das obras meditadas as despesas,
todas à prova de sopro (dica dos três porquinhos) – Consome do senado os rendimentos
fazem-nos perguntar: porque não só um belo horizonte
trarão energia, a elétrica, pra quem precisa dela. Aqui
ao invés dessa grande cidade!), trafegar não é mesmo E passa a maltratar ao triste povo”
em cima das minas, tem um tanto de desbravadores de
fácil. São morros de minas, morros de terra, morros
minas precisando, enquanto houver o que escavar.
que não acabam mais e seus sinais de 100 em 100 Bahia onde a “juventude” mineira foi apresentada a
Alguns aeroportos regionais, como o de Juiz de
metros, fazem-nos também perguntar: será que a uma repórter da Época -, as viagens têm sido feitas

Carta 8ª
Cidade Luz, nossa modelo, era assim tão sinuosa?
O meio urbano da nossa “cidade jardim” foi
planejado para abrigar 200 mil pessoas. Hoje, nos
vemos presos dentro de uma “contorno” que não
contorna mais ninguém, arrebatada...
Foi construído o complexo da Lagoinha, abertas
três grandes avenidas, “Catalão”, Antônio Carlos
e Cristiano Machado, e em seu envolto a cidade foi
crescendo, mas não se desenvolvendo. A zona sul
Fora, estão sendo “reformados” desde 2003, mas
pra quê? Ter aberto as pernas para os alemães, com
uma isenção fiscal maior do que se podia arrecadar em
vinte anos com a atividade da Mercedes, foi um fiasco,
vez que fecharam as portas sem que tivessem gasto,–
e pasme! – e vertido um centavo sequer à “burra”
mineira. Com o dinheiro, poderiam ser construídos
vários aeroportos, apesar de a demanda não exigir
tudo isso...
aos montes, mais para fora do país do que para as
veredas mineiras.
A linha verde, principal obra do Estado, facilitará
o caminho a Confins, mas só para quem vai a Confins.
Na MG-20, perpendicular “ali”, 500 famílias
aguardam ansiosamente a desapropriação prometida
há anos para fugirem do Ribeirão do Onça, que corre
e exala à porta detrás, enquanto a estrada corre a dois
O novo centro administrativo do Estado (sonho metros da porta da frente. Mas lá não é caminho para
continuou sendo o paradeiro e o porto seguro dos o aeroporto e a ETE onça já está pronta. O esgoto
do Governador, que brinca de imitar o Nonô),
abonados. Só a Pampulha, com seus atrativos, também será tratado logo à frente, né, à frente.
que será construído em um aeroporto, foi transferido
atraiu às lindas mansões outros muito abastados. Alguns reparos são bastante alardeados, em
para o jóquei clube, mas não deslanchou ainda,
O metrô (uma Belém-Brasília, que liga o nada ao momentos pontuais de nossa história. Afinal, o
porque a empresa responsável pela PPP não sabe
lugar nenhum, com o perdão da comparação e aos povos Mineirão recebeu cadeiras novas – apesar de o Kajuru
como transformar um rancho em uma secretaria de
desses lugares) não foi terminado ainda e não serviu ao e nenhum mineiro ter visto o jogo por menos de algumas
Estado. Dizem que o Estado não gastará nada, mas
desenvolvimento que propunha. Já consumiu todo o seu centenas de reais, a BR-040 ganhou iluminação e
só a maquete já consumiu alguns milhões de material
orçamento e o do Eurotúnel também, mas nem chegou duplicação até o condomínio Alphaville, a estrada
(sabe-se lá do que aquilo é feito...) e propaganda.
à Venda Nova. Atende a pouquíssimos cidadãos, não até Ouro Preto foi recapeada em um encontro do
E os cidadãos, para chegarem às portas do Estado,
abrange as áreas mais distantes do Centro, e nem tem Mercosul, assim como o Palácio das Artes, que é
terão que andar, andar, andar – será que até lá o metrô
conectividade com as vias periféricas da cidade. Por remodelado sempre que alguma coisa diferente acontece
chega a pelo menos uns 3 quilômetros de distância?...
isso esmorece como mais uma promessa ultrajante, na capital. Aí é bom, porque os mendigos desaparecem,
Vão ter que construir mais uns aeroportos lá, para
dessas que a gente até se esqueceu de cobrar... e de é decretado ponto facultativo e nossa cidade volta a ser
facilitar o deslocamento das Mangabeiras – o Palácio
quem cobrar. uma “cidade jardim”, bela e “bem” povoada.
da Liberdade descascou com tamanhas idiossincrasias
Mas não é só na capital que o tráfego não trafega. O Enfim, os tratores de Minas, ao contrário dos
– até Vespasiano. E o povo, tal como em Brasília,
Estado, entrecortado pela maior malha viária do país, tambores do Congado e da Folia de Reis, não são
continuará longe dos governantes, arautos intocáveis
tem a pior estrutura dentre todos os 27 Estados, mas afetos às coisas boas de nossa gente. Não desbravam a
e inacessíveis, enclausurados no novo condomínio da
com dois “poréns”: é o que recebe mais recursos para aridez do Jequitinhonha, não atendem às populações
capital (pra variar, noutra cidade)...
sua manutenção e é o detentor, depois de São Paulo, das áreas de risco na região metropolitana, nem
Com a reativação do Aeroporto de Confins, os
da maior extensão de rodovias estaduais. Estrada já tapam os buracos das estradas - hoje mineiras - que
usuários destes meios de transporte ficaram chateados.
serviu até para pagamento de 13º salário de servidor não levam Embaixadores e Ministros da Economia.
Quase os mesmos que assistiram, por não menos de
público, ou nessas bandas não avisaram o acordo feito Nem são iluminadas, como a que transporta deslizante
R$ 120, o jogo do Brasil contra a Argentina no
com o Governo da República nos idos de 2002, na moradores do Alphaville até a zona Sul.
Mineirão, o qual foi encolhido para bem receber seus
sucessão de governo? As PPP’s servem apenas ao novo centro
convidados. Se a Pampulha já era longe... ihh... ter
Pois bem, conserto de estrada mesmo só quando administrativo, não à construção de moradia para os
que parar lá no “confins do Judas”... nem pensar...
aparece o buraco naquele nobre aparelho contraceptivo menos abastados, de dutos de irrigação aos famintos
Para se ir ao Rio de Janeiro ficou mais rápido
(digo para os incautos, televisão). Mas não é só disso que sertanejos, nem de hospitais, escolas, universidades
pegar um carro do que “viajar” até um aeroporto,
se precisa, tem muita coisa para se fazer com cimento – este é um Estado que não tem uma decente – e
aguardar o vôo, e depois viajar de novo... Mas para
que não é feita... talvez por falta de criatividade... presídios.
um Fanfarrão que tem helicóptero bancado pela
No Jequitinhonha, projetos de irrigação para Enfim, nosso cimento parece mesmo servir só aos
“burra” mineira, o Palácio das Mangabeiras fica logo
agricultura familiar, como o Projeto Jaíba, foram propalados aeroportos, para levar-nos ao Rio de Janeiro
ali, dá até pra ver o mar do alto... pelo menos nos
largados de lado, pois a “burra estatal” não tem dinheiro para pegar uma prainha. É assim que se “obra” no
finais de semana, digo, em todos. Tirando os feriados,
para financiar seus pobres moradores necessitados de meu Estado, saudoso Doroteu.
em que os eventos cariocas são entrecortados por shows
água, e da comida que depende da água para brotar.
em São Paulo – como o show do U2 logo em seguida
Afinal, o Fanfarrão tem que poupar...
As usinas hidrelétricas que afogaram algumas
aos dos Rolling Stones, com a emenda do carnaval da T.S.S.
9
V o z M A L d i t a

Vozes de Baixo “A virtude,


nem sempre aos netos,
por herança desce”
Tomás Antônio Gonzaga

I n f o r m at i v o d e
Utilidade Pública

As drogas fazem mal à sociedade

“A Droga leva até as nuvens mas não oferece pára-quedas”

10
Outras Vozes

“Atrás de portas fechadas,


à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
“Escreva-me aquela letra
do versinho de Vergílio...”
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados
antes que tal verso escrevam...”
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus — pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).”

Cecília Meireles

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