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Capítulo especial de

Toma lá da cá

Escrito por João Felipe Vieira e Silva


Personagens deste episódio:

Celinha

Mário Jorge

Rita

Arnaldo

Copélia

Adonnis

Isadora

Dona Àlvara

Tatalo

Bozena

Dona Deise

Edileusa
Cena 01 Casa de Celinha – INT/DIA.

Celinha arrumando a mesa do café da manhã. Mário Jorge aparece vindo do quarto.

Mário Jorge – Celinha meu bem, porque é que você esta arrumando a mesa? Cadê a Bozena?

Celinha – A Bozena teve que ir em Pato Branco urgente.

Mário Jorge – Mas o que foi que aquela “proaca” aprontou dessa vez?

Celinha – Algo relacionado a sem terra, não sei direito, ela começou a surta e a pular, dizendo que
tinham invadido Pato Branco e não ia deixar pegar o que é dela.

Celinha e Mário Jorge sentam na mesa.

Mário Jorge – Mas já até imagino essa Bozena expulsando esses sem terras de lá. Chata do jeito
que ela é, vai ficar falando de Pato Branco pra lá, Pato Branco pra cá, que ninguém vai suportar e
vai sair correndo!

Celinha – Coitada da Bozena, o pedacinho de terra que ela tem...tadinha da bichinha, tenho medo
que corram atrás dela de machado e foice.

Mário Jorge – Ai vão estar fazendo um grande favor pra nós! Mas quando é que essa
desequilibrada paranaense vai voltar?

Celinha – Eu não sei. Esses problemas de sem terra as vezes demoram muito.

Mário Jorge – Mas o que é que a gente vai fazer então? Eu não vou ficar fazendo serviços
domésticos não! Imagine só que cena horrível, eu de avental com um espanador na mão! Tenho
horror a isso! Parece até que é de outra encarnação!

Celinha – Não se preocupe, eu consegui uma substituta pra ficar no lugar da Bozena até ela voltar.
Já já ela deve estar chegando ai!

RITA entra na casa de Celinha.

Rita – Mas Celinha, me diga uma coisa, porque é que você deu férias a Bozena sem me consultar
antes? Porque até onde eu sei, ela também é minha empregada!

Celinha – Calma Rita! Calma! A Bozena teve que ir resolver uns problemas lá em Pato Branco.
Parece que os Sem Terra invadiram o terreno da família dela. Por isso que deixei ela ir!

Rita – Gente, mas é inacreditável, a Bozena indo resolver problemas com os Sem Terra? Imagino a
cena dela expulsando todo mundo. Vai sair contando história de Pato Branco pra lá e pra cá até
todo mundo ir embora!

Rita imita Bozena.


Rita – “Gorette, esposa de Jorgette, cortou o dedo de Donizette com um canivete”! Coitados
desses Sem Terra.

Mário Jorge- Mas essa mulher é assim desde que a gente se casou. Entra, não da bom dia. Foi com
isso que eu me casei. Oh atraso de vida!

Rita senta na mesa e começa a comer.

Rita – Olha Mário Jorge, não tenho tempo para ficar te dando explicações não ta? Agora com
licença que a “Sem Comida em Casa” aqui vai fazer uma refeição porque o dia hoje promete! Meu
horóscopo mandou eu tomar cuidado porque hoje um pesadelo só passado pode voltar pra me
atormentar.

Mário Jorge – Mas então basta olha nosso álbum de casamento!

Celinha faz cara de quem não gostou. ADONNIS entra na sala irritado.

Adonnis – Não agüento mais a parenta! Assim eu vou ter que ir morar na casa da Dra. Percy!

Mário Jorge – O que foi que a Cópelia fez dessa vez?

Adonnis – Não agüento mais ter que dormir ouvindo os gemidos da parenta! Ela fica fazendo sexo
via telefone!

Todos fazem cara de assustados. Adonnis senta a mesa.

Rita – Gente, mas a Copélia ela não se enxerga! Que vergonha, fazendo tele sex?

Celinha começa a se tremer.

Celinha – Pelo menos ela faz alguma coisa. Não é Mário Jorge?!

Mário Jorge – Meu bem, você esta sendo injusta comigo!

COPÉLIA entra na sala.

Copélia – “Nen”, me descola o seu “cel”?

Celinha – Pra que, mamãe?

Copélia – Porque eu “tava” chegando no clímax com o Shake da Arábia Saudita, daí o meu celular
descarregou. Me descola um ai rápido antes que ele broxe!

Celinha – Como assim mamãe? Você tava fazendo sexo via celular com um Shake da Arábia
Saudita? Como é que você faz isso.

Copélia – Ah “nem”, é só usar o vibra call. De lá ele da as coordenadas, e de cá eu obedeço.

Celinha – E onde você põe o vibracall?


Copélia – Erh...prefiro não comentar!

Rita – Meu deus, essa mulher deveria trabalhar na ONU! Já viu alguém fazer mais amizade com
líderes mundiais do que a Copélia?

Celinha – Mamãe, onde foi que você conheceu esse Shake Árabe?

Copélia – Ah, eu estava passeando pelo oriente médio, quando me deparei com aquele Árabe com
a roupa amarela e a túnica na cabeça, vermelha, me lembrou uma...

Celinha – (gritando) Não complete! Não complete!

Copélia – Erh, então, entrei no palácio dele, mas ele tinha várias mulheres, então tive que me
disfarçar de servente para não me descobrirem. Mas ai em uma visita as plataformas de petróleo,
uma das mulheres dele me desmascarou, arrancou minhas roupas, rolou comigo no chão. Daí eu
tive que sair fugir de lancha pelo Mar Vermelho, nua! Toda Nua pilotando uma lancha em alta
velocidade!

Mário Jorge – (gritando)É mentira! É mentira!

Copélia – É verdade! É verdade sim! Depois eu cheguei no outro lado do Mar Vermelho, e peguei
um Camelo para atravessar o deserto do Saara.

Celinha – E você já tava de roupa nessa hora?

Copélia – Eu até tinha, mas eu tirei! Pra pegar um bronze naquele deserto!

Copélia começa a rir e vai tomar um drink.

Adonnis – Meu deus, escutando isso toda manhã, eu acho que eu vou crescer e virar um de vocês!
Que futuro ruim eu tenho!

Mário Jorge – Eu acho que esse seu medo todo se chama frescura!

Celinha – Olha aqui, vocês se comportem que a substituta da Bozena esta chegando ai e eu não
quero que ela pense que somos pessoas anormais.

Adonnis – Ah, mãe! Faça-me o favor. Pedir isso justo a gente já é demais.

O Interfone toca. Celinha se levanta e vai atender.

Celinha – Alô, sim, pode falar? Já chegou? Pode mandar subir?

Celinha desliga o interfone.

Celinha – Ta chegando, tãnãnã! Ta chegando, tãnãnã!

A campainha toca.
Celinha – (gritando) Se comportem!

Câmera filmando Celinha de fora da casa, abrindo a porta sem mostrar quem é a empregada.

Celinha – Muito prazer, pode entrar, sinta-se a vontade!

Mário Jorge olha pra ver quem é a nova empregada.

Mário Jorge – (assustado) Nããããããããããããããããão!?!?!?!?!?!?

Rita – Mas Mário Jorge, que maneira é essa de receber a empregada. Seja mais educado...

Rita também olha pra ver quem é a empregada.

Rita – (assustada) Nããããããããããããããããão!?!?!?!?!?!?

Celinha fica envergonha e acompanha a empregada, que neste momento já deve ter sido filmada,
até a mesa.

Celinha – Deixa eu te apresentar aqui, esse é meu marido, Mário Jorge!

Edileusa – Encantada!

Celinha – Meu filho, Adonnis, minha mãe, Copélia.

Edileusa aponta pra Rita.

Edileusa – Essa aqui é agregada da família, não é?

Rita se levanta da cadeira.

Rita – Mas meu deus do céu, o meu horóscopo hoje me disse! Ele me alertou que um pesadelo iria
voltar e me atormentar! Eu não mereço.

Mário Jorge – Então o seu signo é o meu ascendente, porque estamos compartilhando do mesmo
sofrimento!

Celinha – Gente, olhar o modo, o que que ela vai pensar de nós?

Edileusa – Ah, não esquenta não! Desse capim ai, eu já comi faz tempo!

Arnaldo entra na casa de Celinha.

Arnaldo – Rita, o povo da favela Nova Jambalaya vai ter um atendimento comigo daqui a pouco, eu
preciso da sua ajuda! Eu não agüento tanto pobre junto.

Celinha mostra Edileusa a Arnaldo.

Celinha – Arnaldo, essa é a substituta da Bozena por uns tempos.


Arnaldo – Oi! Prazer, eu sou o Arnaldo, marido da Rita.

Edileusa – Marido dessa ai? Gente, mas essa mulher tem é dedo podre pra escolher marido, hein?
Não é seu Mário Jorge? Trocou 6 por meia dúzia.

Mário Jorge – Não entendi onde você quer chegar.

Edileusa – Venha cá senhor Arnaldo, você tem horror a pobre, é?

Arnaldo – Bem, eu não quis dizer assim...

Edileusa – Entra ano e sai ano essa mulher só arranja homens com pobrefobia.

Arnaldo – Como assim, não entendi.

Rita puxa Arnaldo pelo braço em direção a porta da casa de Celinha.

Rita – Não tenta entender não Arnaldo, isso ai é um pesadelo em forma de botijão de gás que veio
atormentar a minha vida, vamos amor, vamos sair daqui.

Rita sai com Arnaldo e deixa a porta aberta. Edileusa chega na porta e começa a grita.

Edileusa – Melhor ser botijão de gás do que ser uma mal vestida e descabelada feito você. Que
decadência, hein? Vai embora mesmo! Rua, que eu tenho que trabalhar!

Edileusa bate a porta.

Cena 02 Casa de Rita - INT/DIA

Rita e Arnaldo na sala.

Arnaldo – Rita, o que que houve? Porque que você fez aquilo com a Edileusa?

Rita – Olha aqui, você não me irrite! Aquela mulher veio das profundezas do tártaro para acabar
com minha vida!

Arnaldo – Explica essa história direito, Rita!

Rita – (gaguejando) É É , são vidas passadas! Prefiro nem comentar!

TATALO entra na casa VESTIDO DE SUPER HOMEM.

Arnaldo – (rindo) Ai Rita, você não disse que a Edileusa ia acabar com sua vida?! Chegou ai o super
homem para te salvar.

Rita – Tatalo meu filho, que roupa é essa?


Tatalo – Se você não se lembra, eu sou pai de gêmeos e está pra chegar mais um ai! Foi o único
bico que eu consegui descolar. Ta difícil de viver nesse país! Eu, um garoto de classe média, com
ensino médio concluído, trabalhando de animador de festa.

Rita – Pois bem feito! Se tivesse estudado teria se formado em médico, advogado...

Arnaldo – Dentista...

Rita – Não! Dentista não!

Arnaldo – Porque dentista não?

Rita – Nada esquece.

Isadora entra na sala.

Isadora – Ih Tatalo, tu é mó vacilão! Nem ensino médio eu tenho, e já faturei altas granas. Tudo
bem que estou no período de antas magras, mas já fui uma anta gorda também.

Arnaldo – Realmente Isadora, você vive como uma anta. Gente essa menina não merece nem o
pão que o diabo amassou. É Vacas Magras sua anta!

Isadora – É É isso ai!

Rita – Eu já sei! Eu sei porque Isadora nasceu assim. Foi por causa de vidas passadas! Aquela ali
(aponta pra casa de Celinha se referindo a Edileusa) foi quem atormentou minha vida e fez Isadora
nascer assim.

Isadora – Aquela ali quem mãe?

Arnaldo – Ah Isadora, sua mãe hoje acordou inspirada! Acredita em tudo que horóscopo diz e ta ai
dizendo que a Edileusa é o mal do passado que veio atormentar ela.

Rita – Mas é sim! É sim! Só quem ta de fora entende o que eu estou falando.

Cena 03 Casa de Celinha INT/DIA

Mário Jorge sentado no sofá lendo jornal. Celinha ajudando Edileusa na cozinha.

Mário Jorge – Meu bem, não está estranhando a Dona Álvara quieta não?

Celinha se assusta.

Mário Jorge – O que foi meu amor?

Celinha – Você falou Dona Álvara e nada aconteceu? É milagre!

Mário Jorge – É milagre mesmo, pois ela entra as vezes sem ser invocada.
Celinha – Fiquei até feliz agora! Dona Álvara! Tãnãnãnã! Dona Álvara! Tãnãnãnã!

Dona Álvara entra na casa de Celinha com uma PASTA na mão.

Dona Álvara – Já que você insiste tanto, então eu entro! HAHAHAHAHAHA

Dona Álvara senta no sofá e cruza as pernas.

Edileusa – Essa ai também é agrada da família é?

Celinha – Escuta aqui Dona Álvara, hoje eu tenho muita coisa pra fazer, estou de empregada nova,
tenho que dar instruções a ela, então rua! Rapa fora daqui!

Dona Álvara – Se eu fosse você eu não faria isso! HAHAHAHAHAHA

Mário Jorge – Mas o que é isso, essa mulher esta nos ameaçando agora?

Dona Àlvara – É isso mesmo! HAHAHAHAHAHA Tenho aqui em mãos papéis com revelações
bombásticas!

Celinha – O que que a senhora tem ai dentro dessa pasta? Fala logo e da o fora daqui antes que eu
me irrite mais ainda.

Dona Álvara – Mas o que é isso?! Nem comecei as ameaças e já esta desistindo? HAHAHAHAHA A
partir de hoje vou ser considerada a rainha da Inglaterra nesta casa! HAHAHAHAHA

Mário Jorge – Dá pra senhora “desembuchar” de uma vez por todas o que tem ai dentro?

Dona Álvara – Tenho aqui nesta pasta as mais diversas intimidades do 11° andar o bloco C do
Jambalaya HAHAHAHAHAHAHAHA

Mário Jorge – Mas o que é isso? Você esta espionando o que a gente faz?

Celinha começa a ter um ataque.

Celinha – Dona Álvara, o que que a senhora vai fazer com essas intimidades?

Dona Álvara – Pois bem, pois bem, caso não sejam cumpridas minhas ordens, vou publicar tudo
isto na Folha da Barra e todos vocês estão acabados! HAHAHAHAHAHAHA

Mário Jorge – Mas isso é um absurdo! Esta mulher quer revelar o que acontece aqui e na casa da
Rita! Mas o que é que você vai querer em troca.

Dona Álvara chega manhosa perto de Mário Jorge.

Dona Álvara – (manhosa) Eu só preciso de um pouquinho de carinho, atenção...uma coisa bem


selvagem na cama! Mário Jorge, vamos roteirizar essas intimidades aqui escritas e fazer uma cena
de verdade?
Celinha separa Dona Álvara de Mário Jorge.

Celinha – (gritando) Sai pra lá! Xô! Aqui tem dono!

Mário Jorge – Mas como é que a senhora conseguiu isso?

Dona Álvara – Foi fácil, bem fácil, bastei negociar com a Bozena!

Celinha e Mário Jorge – A Bozena?!

Dona Álvara – Pois é, pois é!

Mário Jorge – Mas porque que aquela proaca fez isso com a gente?

Dona Álvara – Bastei aproveitar-me do momento de solidão da Bozena, prometi arrumar um


macho alfa para ela em troca disso! HAHAHAHAHAAHAHA

Celinha – E a senhora arranjou?

Dona Álvara – Não! HAHAHAHAHAHA eu a enganei. No dia de ela me entregar estes relatórios,
vesti o Sapatão da Dona Deise de homem, e fiz a troca! HAHAHAHAHAHAHA

Mário Jorge – Você usou a Dona Deise como homem?

Dona Álvara – Nem foi tão difícil assim HAHAHAHAHAHAHA

Celinha – Mário Jorge, me segura Mário Jorge! Pelo Amor de deus! Eu vou ter um ataque.

Celinha começa a se tremer.

Edileusa – Mas ela já ta tendo um ataque, meu deus do céu.

Dona Álvara – Agora, eu sou a nova dona deste lar! HAHAHAHAHA Doméstica! Traga-me um copo
d’água.

Edileusa olha para Mário Jorge com cara feia.

Edileusa – Ela ta falando comigo? Essa sem vergonha ta se dirigindo a mim?

Mário Jorge – Traz a água para essa pilantra, vai!

Edileusa pega a água e chega perto de Dona Álvara, mas não entrega.

Edileusa – Oh moça, deixa eu ver o que tem escrito ai?

Dona Álvara – Só por cima do meu cadáver! HAHAHAHAHAHA

Edileusa – Ah, não seja por isso!

Dona Álvara – Ah não ser que você queira fazer uma sociedade comigo.
Edileusa – Sociedade, é?

Dona ÁLvara – É sim, sociedade! Basta você me manter informada de mais coisas que acontecem
aqui, que eu lhe arrumo uns trocados.

Edileusa – Ah ta, pode deixar. Deixa comigo que vou lhe dizer tudinho!

Edileusa mete o copo de água na cara de Dona Álvara.

Dona Álvara – Mas, mas, mas o que é isso?

Edileusa – É para a senhora aprender a não tentar me fazer de besta.

Edileusa se dirige até a porta, abre, e diz.

Edileusa – (voz de aeromoça) Passageiros do vôo 171, com destino ao olho da rua. Favor apressar-
se pois eu tenho mais o que fazer. Saída por bem imediata. Caso deseja sair por bem, basta esperar
eu pega rum cabo de vassoura.

Dona Álvara – (triste, falando e andando em direção a porta)Mas, mas, mas Celinha, você vai
deixar ela falar assim comigo?

Edileusa – Deixando ou não, rapa fora sua bruxa!

Dona Álvara – Escute bem sua doméstica, eu vou me vingar! Você me paga! Ninguém mexe com
Dona Álvara! HAHAHAHAHAHAHA...Vingança!

Edileusa – Ta, pode deixar que eu lhe pago de 10 vezes sem juros!

Edileusa bate a porta.

Edileusa – Pronto! Agora ao trabalho!

Celinha –(feliz) Viu Mário Jorge, como ela é eficiente?!

Mário Jorge – Estou vendo! Tenho até medo de fiar entre essa guerra Edileusa Vs. Dona Álvara. Se
prepare porque ai vem bomba!

Cena 04 Casa de Rita INT/DIA

Dona Álvara entra na casa de Rita segurando a PASTA com escritos.

Rita – Mas o que é isso Dona Álvara, a senhora entra assim sem ser chamada.

Arnaldo – Rita, e essa mulher precisa de autorização pra entrar aqui? Ela é pior que os EUA pra
invadir país.

Dona Álvara – Sem mais conversa, eu vi aqui para tratar de um assunto muito sério com vocês.
Rita – Mas o que será que essa mulher tem pra tratar com a gente uma hora dessas?

Arnaldo – Olha aqui Dona Álvara, se for cobrar taxa extra, a senhora pode dar meia volta pois eu
não vou pagar um centavo sequer!

Dona Álvara - Pois então guarde o seu pobre dinheiro pois eu não vim aqui para falar de taxas
extras!

Rita – Mas então desembucha de uma vez o que a senhora quer!

Dona Álvara – Eu vim aqui para formar alianças para declarar guerra a Edileusa!

Rita – A Edileusa? Meu deus do céu Arnaldo, eu disse que essa mulher é o cão. Não tem nem um
dia aqui e ela já arranjou briga com essa....essa sem vergonha ai. Tenho até medo do que possa
acontecer. Olha! Eu disse que essa Edileusa não é flor que cheire.

Arnaldo – Calma Rita, vocÊ sabe que a Dona Álvara arruma confusão com todo mundo! Coitada da
Edileusa, que recepção calorosa!

Dona Álvara chega perto de Arnaldo.

Dona Álvara –(voz triste) Aquela empregadinha me escorraçou de lá, fui maltratada, desfizeram da
minha pessoa!

Dona Álvara começa a agarrar Arnaldo

Dona Álvara – Estou tão triste e sozinha, ninguém me quer por perto.

Rita separa os 2.

Rita – Sai, larga! Agora me diz, o que que a senhora fez pra Edileusa te expulsar de lá?

Dona Álvara – Nada demais, apenas tentei suborná-la.

Rita – Mas meu deus, você tentou subornar a Edileusa?! Eu não sei quem é pior. Ela aceitou?

Dona Álvara – Não, infelizmente aquele botijão de gás não aceitou.

Arnaldo – Mas o que que você ofereceu a ela.

Dona Álvara – (meio triste) Bem bem, eu ofereci um macho a ela em troca de ela se tornar espiã
minha aqui no décimo andar...

Rita – Mas eu não posso acreditar! Essa mulher querendo colocar uma espiã aqui dentro!

Dona Álvara – Querendo não, eu já tenho! HAHAHAHAHAHA

Arnaldo – Como assim já tem? Olha se isso tiver o dedo da Isadora no meio, eu não vou me
assustar.
Dona Álvara – Tolinho, tolinho! Não é a Isadora! É a Bozena!

Arnaldo – A Bozena?

Dona Álvara – Sim sim, eu ofereci um homem forte e musculoso pra ela em troca de saber
intimidades das vidas de cada um aqui, ela aceitou e aqui esta tudo escrito em minhas mãos
HAHAHAHAHAHA

Rita – Arnaldo, eu não posso acreditar nisso! A Bozena nos trocou por um homem!

Arnaldo – É muita falta de caráter mesmo! Sai daqui Dona Álvara! Rua! Rua sua delinqüente!

Dona Álvara – Mas eu ainda tenho os escritos em minhas mãos! HAHAHAHAHAHAHAHA

Arnaldo expulsa Dona Álvara de casa.

Arnaldo – Agora estamos fritos, quando o jambalaya todo saber que minhas cuecas são guardas
em degrade eu estou acabado!

Rita – Ah meu deus, e quando souberem que eu deixo calcinha pendurada no banheiro depois do
banho...Arnaldo, a gente tem que tomar providências!

Cena 05 Casa de Celinha INT/DIA

Rita e Arnaldo entram na casa de Celinha

Rita – Celinha, eu estou pasma com as últimas da Dona Álvara.

Mário Jorge – Essa mulher já foi infernizar vocês também?

Arnaldo – Mas eu estou sem graça, eu não sei o que vai ser da minha reputação! Imagina quando
os meus clientes souberem que eu só faço papai-mamãe com a Rita.

Rita – Escuta aqui Arnaldo, da pra falar menos? A empregada nova ta ai escutando tudo.

Edileusa – Ah, não esquenta não Dona Rita, eu já sou acostumada com essas coisas. Na época do
canguru perneta, do meu quartinho dava pra ouvir.

Edileusa começa imitar um canguru.

Mário Jorge – Meu deus, mas essa mulher quer fazer da minha vida, um inferno!

Rita – Das nossas! Das nossas vidas!

Celinha – O problema é o seguinte, a Dona Álvara tem nossas intimidades em mãos, e ela quer que
a gente se torne escravo...o que é que a gente vai fazer?

Isadora entra na casa de Celinha neste momento.


Edileusa – Gente, só ta faltando o capeta vir morar aqui. Que inferno essa casa, tem gente demais!

Isadora – O que vocês vão fazer eu não sei, mas eu vou pegar esses escritos, transformar em um
livro com o título “A zoomofação do homem”.

Mário Jorge – Mas essa menina não da trégua mesmo, tudo culpa sua Rita!

Edileusa – Pera ai, é filha? É filha da Dona Rita? Mentiiiira! Gente, mas não é que puxou a mãe?!

Mário Jorge – Ainda bem que puxou a mãe!

Rita – Olha aqui Edileusa, você vai me pagar, hein?!

Edileusa – Mas como são as coisas, hein? Tal mãe, tal filha!

Mário Jorge – Tia Hêda na maternidade já tinha me dito que essa menina tinha cara de marginal.

Arnaldo – É zoomorfização, Isadora! Mas que vergonha.

Isadora – Ah, não interessa, o que é interessa é que eu vou escrever um livro e com isso conseguir
uma vaga na Academia Brasileira de Bestas.

Mário Jorge – Mas só se for de bestas mesmo. Besta é pouco, é jegue, anta e tudo que você
merecer mais sua mal caráter! Tia Hêda na maternidade me dizia que ela parecia um ornitorrinco!
Oh desgosto, onde foi eu que errei?!

Rita – Foi tudo culpa dessa ai, oh! (aponta para Edileusa)

Edileusa – Vixe, agora ta sobrando pra mim. Quem manda ter espírito de porco, minha filha?

Isadora – Vocês tem é inveja de mim! Pois eu vou publicar é um “vest-meller” e vou ficar rica.

Arnaldo – Mas essa menina ainda quer escrever um livro? Olha, eu tenho até medo do choque
cultural que essa mulher pode causar no mundo.

Mário Jorge – Mas é uma vergonha, que desprezo! Tida Hêda na maternidade...

Edileusa interrompe

Edileusa – Mas que saco homem, tia Hêda pra lá, tia Hêda pra cá, você não tem mais nada pra fizer
não? Mas que cérebro vazio esse seu, hein? Acho que o resultado dessa copulação da Rita com o
senhor, foi contagiosa viu!

Mário Jorge – (triste) Cavala!

Rita – Essa mulher vai me pagar caro, escuta o que estou dizendo!
Cena 06 Casa de Rita INT/DIA

Edileusa esta arrumando a casa de Rita. Arnaldo esta sentado no sofá. O Telefone toca.

Edileusa – Consultório odontológico do Dr. Arnaldo, bom dia. No momento todos os ramais estão
ocupado, favor aguarda “tanãnãnãnãnãnã nãnãnãnãnãnã”, por favor, não desligue, a sua ligação é
muito importante para nós.

Rita aparece e fica abismada com o que ver.

Arnaldo – Viu Rita, ela é eficiente!

Edileusa – Olá, bom dia o que deseja? Oh meu deus! Mas e agora...Oh meu deus. Mas você, Oh
meu deus!

Arnaldo fica preocupado com o que Edileusa fala. Edileusa desliga o telefone.

Arnaldo – O que foi Edileusa, o que aconteceu?

Edileusa – A mãe do traficante da favela Nova Jambalaya disse que o implante que o senhor
colocou nela caiu e ela esta vindo ai pra pegar o senhor.

Arnaldo – Mas meu deus, como é que eu deixei isso acontecer?

Dona Álvara e Dona Deise invadem a casa de Rita. Dona Deise esta vestida de POLICIAL.

Edileusa – Meu Jesus, isso aqui parece mais um baile de carnaval...a senhora não tinha uma roupa
melhor não?

Dona Álvara – Edileusa seu barril de vinho, eu disse que ia me vingar de você. Trouxe aqui o
sapatão para lhe pegar a força.

Dona Deise – Pelo menos ela é mais cheia. A Bozena é muito magrinha.

Dona Álvara – Ande logo seu sapatão, pegue este barril e vamos desovar no matagal.

Rita – mas o que é isso Dona Álvara, você entra na minha casa assim desse jeito e já manda o
sapatão levar minha empregada.

Arnaldo – Isso é um absurdo, ninguém vai tirar a Edileusa de mim.

Edileusa – Oh meu deus, que bonitinho, ninguém nunca tinha me dito isso antes.

Dona Álvara – Adiante logo seu sapatão, capture a inimiga!

Dona Deise começa a correr atrás de Edileusa.

Edileusa – Socorro! Socorro, estou sofrendo tentativa de estupro.


Dona Deise – Volte minha linda, volte!

Rita – Minha nossa senhora, nunca pensei em ver um absurdo desses! Para com isso Dona Deise.

Edileusa – Mas que castigo, hein?

Edileusa começa a bater com um ESPANADOR na cabeça de Dona Deise.

Edileusa – Me solta seu sapatão estranho, me larga, eu não gosto disso não. Minha fruta é
comprida e cilindra. Socorro!

Edileusa sai correndo, abre a porta da casa de Rita e sai.

Cena 07 Casa de Celinha INT/DIA

Mário Jorge esta sentado no sofá. Edileusa entra e começa a andar em direção a cozinha.

Edileusa – (gritando) CACO!

Mário Jorge se assusta.

Mário Jorge – O que que você disse?!

Edileusa – Um caco de vidro no chão! Que horror, hein? Imagina se alguém se corta.

Edileusa pega o caco de vidro no chão e joga fora.

Dona Deise entra na casa de Celinha.

Dona Deise – Edileusa, minha broa de milho, volta meu amor, volta.

Edileusa – Mas meu deus, agora de barril de vinho eu virei broa de milho. De que forma mais a
senhora quer me devorar hein? Que tal um bolo de chocolate bem redondinho, hein?

Dona Deise – Com chocolate, ou sem chocolate, eu estou apaixonada pela senhora. Vem Edileusa,
vem!

Edileusa – Socorro meu deus do céu, o sapatão que me violentar.

Copélia aparece.

Copélia – Eu ouvi a palavra a palavra sexo?

Mário Jorge – Não ouviu não.

Copélia – Não ouvi o que?

Mário Jorge – O que você disse.

Copélia – E o que que eu disse?


Mário Jorge – Sexo.

Copélia – Pronto, agora ouvi a palavra sexo! Quem ai quer pegar quem.

Edileusa – Copélia, esse sapatão quer me pegar! Eu estou desesperada!

Dona Deise – Pela primeira vez a Dona Álvara fez algo de bom por mim. Vem Edileusa, vem!

Dona Álvara entra na casa de Celinha com a pasta na mão.

Dona Álvara – Com licença subalternos, a Lady Álvara chegou!

Edileusa – Com licença não! A senhora vai dando o fora que eu tenho mais o que fazer. Depois que
eu me livrar desse sapatão, a senhora vai pagar caro!

Dona Álvara – Se esta obesa mover um dedo contra mim, eu publico tudo no diário da Barra.

Celinha entra na sala.

Celinha – Ah meu deus, de novo a Dona Álvara aqui?

Copélia – Álvara querida, assim, tem umas intimidades minhas ai ta ligado?! Mas o problema é que
a maior parte das minhas intimidades eu faço no matagal, então queria que você colocasse mais
umas minhas ai, pro pessoal ficar ciente, ta ligado?1

Celinha – (gritando) Mamãe!

Copélia – Poxa Célia Regina, me esquece cara, deixa eu fazer o meu marketing.

Dona Álvara – Independe dessas suas intimidades no matagal, você já tem um marketing pelo
jambalaya inteiro! Aliás! (senta no sofá) Doméstica, me traga um cálice de vinho por favor, hoje eu
vou pernoitar aqui.

Edileusa – Um cálice de vinho é?! Pode deixar.

Celinha – Dona Álvara, o que é que a senhora quer em troca desses escritos?

Dona Álvara – (manhosa) Eu quero...eu quero o Mário Jorge.

Celinha – (gritando) Nunca! Nunca!

Edileusa chega com uma garrafa de vinho perto de Dona Álvara.

Dona Álvara – Mas o que é isso? Eu pedi um cálice, e não uma garrafa.

Edileusa – Mas eu vou é lhe encher de garrafadas se você não sair daqui agora.

Edileusa começa a perseguir Dona Álvara e pega os escritos da mão dela.


Edileusa – Rua! Sai daqui!

Dona Álvara – Sapatão, me defenda!

Dona Deise – Eu não.

Dona Álvara – Socorro, Mário Jorge, a baleia orça quer me agredir!

Edileusa – Quem defender ela vai apanhar mais ainda.

Mário Jorge – Mas eu não vou correr o risco de apanhar assim.

Dona Álvara é expulsa por Edileusa.

Celinha – A Edileusa é eficiente , hein?

Rita entra na casa de Celinha.

Rita – Mas que escândalo é esse aqui? O que é que aconteceu.

Edileusa – Consegui pegar os escritos das mãos daquela bruxa.

Rita – Ah é? Então da pra gente rasgar e jogar fora!

Edileusa – Ah meu amor, só amanhã, pois hoje eu vou me divertir muito lendo tudinho!

Cena 08 Casa de Celinha INT/DIA

Mário Jorge esta tomando café com Celinha e Edileusa oferece um copo de gemada pra ele.

Edileusa – Aqui, seu Mário Jorge, um copo de gemada pro senhor.

Mário Jorge – Mas um copo de gemada pra que?

Edileusa – Ué, eu li la nas suas intimidades que a sua esposa só vive dizendo: “ta mole! Ta mole!”
Toma essa gemada ai pra curar a sua diarréia!

Celinha – É Mário Jorge, toma...aproveita e toma o liquidificador inteiro!

Mário Jorge – Celinha, você esta sendo injusta comigo!

Arnaldo entra na casa de Celinha.

Arnaldo – Celinha, eu quero que a Edileusa vá para a minha casa hoje.

Celinha – Não senhor! Hoje é dia da Edileusa ficar aqui!

Arnaldo – Ah Celinha, você não precisa de empregada. A Edileusa é muito eficiente, eu preciso dela
lá comigo!
Edileusa – Ai gente, me sinto uma estrela de Hollywood sendo cobiçada por inúmeros diretores!
(se joga no sofá)

Mário Jorge – Só se for cobiçada pra tapar os bueiros de Hollywood, porque você é um peso morto
que só serve pra atrapalhar a vida dos outros.

Arnaldo – Mário Jorge, olha lá como você fala com a Edileusa! Ela é muito especial pra mim! Vem
Edileusa, eu vou cuidar de você.

Edileusa – Ah, quem da mais? Quem da mais?

Neste momento Bozena abre a porta e entra VESTIDA DE COWBOY.

Bozena – Bom, voltei pra casa!

Edileusa fica triste.

Mário Jorge – Bozena! Nunca fiquei tão feliz em te ver!

Edileusa –(triste) Bem, ela voltou...então chegou a minha hora de partir.

Edileusa se levanta do sofá e vai pegar a sua bolsa.

Edileusa – Foram muito bons os momentos que passei aqui.

Edileusa abre a porta.

Edileusa – Mas agora o destino me chama...

Arnaldo – Edileusa...por favor Edileusa, fica!

Edileusa – Eu me vou! (sai e bate a porta)

Arnaldo se ajoelha na porta e começa a chorar!

Arnaldo – Não! Volta Edileusa! Volta!

Mário Jorge – Nunca fiquei tão feliz em rever essa paranaense chata! Me conta, como foi lá o
problema com os sem terra.

Bozena – Lá em Pato Branco...

Todos se irritam e saem de cena.

Sonoplastia da música do Rei do Gado

Bozena – Como eu dizia, lá em Pato Branco estava tendo uma invasão de terra, então eu fui lá
resolver. Só que no meio da briga, eu me apaixonei por Donizette, um sem terra que era filho de Zé
Foguete, um inimigo dos meus pais. Então a gente começou uma história de amor muito linda e
fugimos para nos casarmos. Mas daí meu pai foi atrás da gente, dizendo que nosso amor era
impossível...

A platéia pergunta:

Platéia – E daí?

Bozena – Daí eu não sei, porque a gente tentou fugir pra tão longe que acabamos nos perdendo
um do outro...ai eu vim parar aqui.

Fim

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