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Quantos Brasis
existem?
O Brasil é pouco conhecido, mesmo por aqueles que nele vivem e traba-
lham. A rapidez das transformações que se processaram nos últimos quarenta
anos dificulta a compreensão de suas reais dimensões. Ele não é um gigante
adormecido, como pregam alguns, nem tampouco apenas mais um dos mem-
bros do chamado Terceiro Mundo
Mundo, como acreditam outros. É um exemplo de
uma potência emergente de âmbito regional, marcada por muitos aspectos
contraditórios.
O Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaços
espaços. A veloci-
Wall Street:
dade de incorporação de inovações tecnológicas é extremamente rápida, em
rua da cidade
parcelas localizadas de seu território, ao mesmo tempo em que se vive em
de Nova York,
Estados Unidos,
condições primitivas, com ritmos determinados pela natureza, em imensas
considerada extensões. Grandes redes nacionais de televisão estabelecem diariamente a
importante ponte entre passado e futuro, entre garimpeiros isolados na selva em busca do
centro mundial Eldorado e gerentes de grandes corporações multinacionais instalados na
de negócios. Avenida Paulista, a “Wall Street” brasileira, na cidade de São Paulo.
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Contraste entre habitações sobre palafitas, na Amazônia, e os arranha-céus da Avenida Paulista, em São Paulo.
21 das mulheres com mais de 10 anos de idade não têm qualquer rendimento,
enquanto esse número atinge 24,7% dos homens. Negros e pardos, que em 1987
representavam 45% da população brasileira, são social e economicamente
discriminados quanto às oportunidades de mobilidade social, constituindo
o grosso do contingente de mão-de-obra com menor qualificação profissional,
em oposição ao que ocorre com os imigrantes asiáticos e descendentes, princi-
palmente os japoneses. A discriminação étnica também está presente no que
diz respeito aos 200 mil indígenas que sobreviveram aos massacres do coloni-
zador - seus direitos são restritos e sua capacidade de auto-determinação é
submetida à tutela burocrática do Estado.
A recente industrialização levou o Brasil a se destacar na América Latina.
O país suplantou largamente a Argentina e foi acompanhado com menor
intensidade pelo México.
PIB EM BILHÕES DE DÓLARES
Países 1970 1980 1985 1990 1994
Argentina 088,2 115,0 104,5 105,9 142,7
México 092,1 173,9 193,6 207,4 230,1
Brasil 106,4 243,5 259,3 284,4 311,8
Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e Caribe / ONU.
Exercício 3
Com base no quadro a seguir conclui-se que:
DISTRIBUIÇÃO DA RENDA NO BRASIL (ENTRE A POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA)
a) a distribuição da renda no Brasil, nos últimos anos, tem sido feita de forma
mais justa, o que, de certo modo, comprova o crescimento econômico do país
e sua caracterização como nação em desenvolvimento.
b) apesar do processo de crescimento da economia nacional, observa-se que há
uma progressiva concentração da renda, principalmente entre os 10% mais
ricos.
c) os 50% mais pobres da população economicamente ativa do Brasil, nos
últimos anos, vêm melhorando sua participação nos rendimentos, a exem-
plo do que vem ocorrendo com os 10% mais ricos.
d) a concentração da renda não pode ser justificada por esse quadro, uma vez
que o mesmo se resume à população economicamente ativa, que não chega
a ser significativa no conjunto da população brasileira.
Exercício 4
Quais das características enumeradas abaixo aplicam-se à atividade
industrial do Brasil na década de 1970?
I. Hegemonia do capital privado nacional.
II. Crescente participação do Estado na economia industrial.
III. Inauguração do processo de substituicão de importações de manufaturados.
IV. Acentuada internacionalização da economia.
a) I e II
b) I e III
c) I e IV
d) II e III
e) II e IV
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Cultura ibérica
e natureza tropical
Exercício 1
Enuncie qual a principal forma de inserção da economia da América Latina
e do Brasil na economia mundial. Explique por que formaram a mais antiga
periferia da economia européia.
Exercício 2
Qual o sistema agrícola em que podemos classificar a monocultura de
produtos tropicais para a exportação que se tornou a base da estrutura
econômica e social colonial:
a) agricultura intensiva de jardinagem;
b) agricultura de produtos temperados;
c) sistema de plantation;
d) sitema de rotação de culturas.
Exercício 3
Quais os efeitos da concentração da propriedade da terra, desde o período
colonial, sobre a distribuição de renda no Brasil?
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Uma fronteira
em movimento
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A U L A As condições naturais são importantes, mas não determinantes. Antes,
nosso país era um grande fornecedor de café, mas hoje passou a segundo maior
( EM MILHÕES DE HECTARES)
ÁREA DOS ÁREA DOS ÁREA DOS INCREMENTO INCREMENTO
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As frentes pioneiras iniciaram-se com a expansão do café no Estado de São A U L A
Paulo e avançaram em direção ao sul e ao oeste do Brasil, povoando o interior dos
Estados do Paraná, Goiás, e Mato Grosso do Sul, dentre outros.
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A U L A Na área urbana os trabalhadores podem estar empregados no setor formal
da economia, isto é, o que apresenta uma relação estável de trabalho e está
Exercício 1
A intensificação do processo de ocupação da região Centro-Oeste é recente.
Destaca-se como fator dessa ocupação:
a) a pecuária, iniciada nas últimas décadas, especialmente em trechos do
Planalto Central e no Pantanal Matogrossense;
b) a industrialização, estimulada pelo governo, que se tornou a atividade
econômica mais expresiva de Estados como Goiás e Mato Grosso do Sul;
c) a construção de Brasilia em uma das áreas mais valorizadas da região,
que possibilitou dinamismo econômico, tornou complexa a estrutura
do espaço regional e viabilizou a estratégia de “integração regional”;
d) a constução de ferrovias, que se constituem atualmente no mais expres-
sivo fluxo de circulação regional.
Exercício 2
A população rural da região Sul do Brasil foi a que conheceu o maior
decréscimo percentual entre 1970 e 1980 (-2,47% ao ano). Para que outras
regiões essa população tem se dirigido?
Exercício 3
Considerando o aspecto da dinâmica populacional, descreva:
a) um fator de atração;
b) um fator de repulsão da população.
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Condomínios e favelas:
a urbanização desigual
O Brasil transfor-
mou-se em um país
urbano em poucas dé-
cadas, comprimindo
no tempo um proces-
so que, em outros paí-
ses, se fez muito mais
lentamente. As áreas
urbanas passaram a
concentrar, em 1995,
mais de 120 milhões
de indivíduos, num
total de aproximada-
mente l60 milhões.
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A U L A Ao contrário dos países latino-americanos, como os do Cone Sul, que têm
urbanização mais estabilizada, o Brasil manifesta um processo extremamen-
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Dois movimentos complementares caracterizam a urbanização: a acentua- A U L A
ção da concentração populacional e a tendência à dispersão espacial.
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A U L A A terceira modalidade da dispersão é característica da fronteira. Inclui
centros regionais e locais que servem de suporte para as frentes de expansão
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No Nordeste são nítidos os efeitos territoriais da nova indústria nordestina, A U L A
cuja produção está fortemente centralizada nas áreas metropolitanas de Salva-
dor, Recife e Fortaleza (58,9%), com uma concentração superior à receita dos
serviços (50,1%). Isso constitui um efeito peculiar das políticas regionais centradas 24
na indústria como motor dinâmico do desenvolvimento, cujo melhor exemplo
está na região metropolitana de Salvador, que detém cerca de 80% do total do
valor da produção industrial do Estado da Bahia e aproximadamente 35% do
valor total da Região Nordeste.
O Norte e o Centro-Oeste revelam estruturas semelhantes, no que diz
respeito ao peso metropolitano da indústria e do comércio, em grande parte por
causa do papel de cidades médias, como é o caso de Goiânia e Manaus, que
dividem as funções urbanas com os aglomerados metropolitanos de Brasília
e Belém, respectivamente.
Dois aspectos devem ser ressaltados: a considerável presença de Belém no
comércio regional, atividade tradicional nessa cidade da foz do Amazonas, e o
papel de destaque de Brasília, na receita dos serviços da região Centro-Oeste,
reforçando sua centralidade na rede urbana regional, em grande parte devido
à função de capital federal.
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A U L A Exercício 1
Por que podemos afirmar que hoje o Brasil é um país urbano?
24 Exercício 2
Por que as metrópoles brasileiras podem ser consideradas lugares da rique-
za e da pobreza?
Exercício 3
Assinale a alternativa errada sobre a urbanização brasileira:
a) A aceleração do processo de urbanização ocorreu principalmente após a
Segunda Guerra Mundial, quando também se intensificou a industriali-
zação.
b) Uma das tendências da urbanização na década de 1970 diz respeito ao
aparecimento, no interior, de centros de contato e de intermediação entre
as regiões de desenvolvimento urbano-industrial e as áreas de avanço da
frente pioneira.
c) A tendência mais marcante da configuração espacial da urbanização,
no período de 1970 a 1980, refere-se ao aumento da concentração urbana
nos espaços metropolitanos.
d) O processo de urbanização no período de 1980 a 1990 estabiliza-se,
evidenciando um padrão definido na distribuição espacial da população
no território nacional.
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Cidade mundial,
domínios e fronteiras
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Oligarquia:
governo de poucas
mudanças aceleradas; garantir os domínios
domínios, ou seja, territórios controlados por
oligarquias solidamente estabelecidas, e consolidar uma cidade mundial -
São Paulo - como lugar que estabelece ligações com a economia mundial.
pessoas que A fronteira não se resume a uma vasta extensão de terras sem dono a ser
pertencem ao explorada por homens também - pretensamente - livres, tampouco represen-
mesmo partido, ta um determinado tipo de periferia dependente de um centro. Ela é um espaço
classe ou família, e
econômico, social e político que não está plenamente organizado e tem a
que compartilham
capacidade de gerar novas realidades.
os mesmos
interesses.
Os domínios são áreas consolidadas, com estruturas políticas relativamente
estáveis, mantidas por alianças com interesses locais e regionais que participam
diretamente do núcleo de poder político, e que deram sustentação ao projeto
de modernização conservadora.
Assim, perpetuaram-se formas tradicionais de propriedade da terra e de
controle do comércio, graças a toda sorte de instrumentos políticos que garantem
privilégios adquiridos e criam barreiras à entrada de novos concorrentes.
Fronteiras e domínios são articulados, ou seja, criados e postos em prática
pela cidade mundial, que, em países de industrialização recente, é, ao mesmo
tempo e no mesmo lugar, centro de gestão, de acumulação de capital em escala
mundial e núcleo de comando de uma vasta rede urbana que conecta a
multiplicidade de lugares existente no Brasil.
A política territorial do Estado manteve domínios, expandiu fronteiras A U L A
e fortaleceu a cidade mundial. Como exemplo de manutenção de domínio
domínio,
a persistência da questão regional no Nordeste; da expansão de fronteira
fronteira,
a configuração de uma imensa fronteira de recursos no Norte e Centro-Oeste 25
e de fortalecimento da cidade mundial
mundial, a conformação de um vasto complexo
urbano-industrial comandado por São Paulo.
Exercício 1
Exercício 2
Na região Centro-Oeste, do ponto de vista das características geoeconômicas,
quais são os fatores que permitem definir essa unidade espacial? Assinale
as respostas falsas e as verdadeiras.
a) alta concentração de população e de renda;
b) intensa aplicação de capital na agricultura;
c) comunicação precária por rodovias com o resto do país;
d) economia principalmente voltada para a exportação.
Exercício 3
A região Sudeste é a mais desenvolvida do país, concentra mais da metade da
população absoluta do Brasil, mais de 60% da renda nacional e tem o maior
complexo industrial da América Latina. Assinale a alternativa incorreta:
a) Esse progresso é explicado pelo grande fluxo de capital acumulado
na fase áurea da mineração no interior de Minas Gerais.
b) Isso ocorre devido ao seu potencial energético e à disponibilidade
de mão-de-obra vinda de outras regiões do país.
c) Embora tenha áreas pobres e grande número de favelados nos mais
importantes centros urbanos, apresenta o menor índice de desemprego
rural e urbano do país.
d) Apresenta os mais bem-equipados portos do país, como o de Santos,
no Estado de São Paulo, e o de Tubarão, no Espírito Santo.
e) O crescimento econômico do espaço regional foi favorecido pela boa
infra-estrutura dos transportes, com destaque para as rodovias que ligam
diferentes áreas de produção da região.
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Centro-Sul: o cinturão
urbano-industrial
FERROVIAS RODOVIAS
ENERGIA TELECOMUNICAÇÕES
ELÉTRICA
É importante destacar que essa é a área mais bem servida pelos novos
meios de comunicação desenvolvidos com a microeletrônica e a informática,
por onde circulam as idéias e as informações no país. Os principais corredores
de exportação, assim como os portos e aeroportos de tráfego mais intenso,
também estão no Centro-Sul.
Os fluxos de informação estão amplamente concentrados em São Paulo.
A cidade é sede da maioria dos bancos privados, que correspondem a 60% do
sistema bancário nacional, incluindo 18 dos 23 bancos estrangeiros que
operam no Brasil.
Os bancos são os principais clientes dos serviços de telecomunicações que
ligam o centro financeiro de São Paulo ao de outras cidades mundiais. São Paulo
também recebe metade das chamadas da rede de telex que chegam ao país.
A nova maneira como o Brasil participa da economia mundial deve-se à
formação da cidade mundial - São Paulo - e a uma estrutura urbano-
industrial intimamente ligada, que teve início no Sudeste com a concentração
e ampliação do núcleo econômico, durante os anos 60 e 70.
Essa área é a parte do país mais integrada à economia mundial e também
a mais dinâmica, tanto em termos de relações com o restante do país quanto
com o exterior. Aí se localiza o eixo de expansão metropolitano que liga São
Paulo ao Rio de Janeiro. E uma grande área industrial quase contínua, que parte
da cidade mundial, ultrapassa os limites do estado de São Paulo e inclui porções
dos estados vizinhos de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
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Exercício 1
A industrialização e a urbanização do Sudeste, que contribuíram para a
formação de um importante núcleo econômico no Brasil, podem ser
responsáveis:
a) pelo agravamento dos desequilíbrios regionais de desenvolvimento no país;
b) pela ampliação e fortalecimento do mercado consumidor interno do país;
c) pela grande diferença de ocupação espacial existente no interior do país.
Exercício 2
A concentração econômica determinou e elevou a aglomeração de população
e as atividades em grandes cidades. Qual a denominação desse processo?
Cite algumas dessas grandes cidades.
Exercício 3
O desenvolvimento da economia urbano-industrial refletiu-se na concen-
tração da produção e da força de trabalho e no crescimento do mercado
consumidor, em determinados pontos selecionados do território.
a) Cite dois exemplos importantes desse processo.
b) Diga quais são as suas origens.
Exercício 4
Apresente três fatores que aceleraram o crescimento econômico da Região
Centro-Oeste.
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Nordeste: o domínio
agrário-mercantil
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O Agreste se caracteriza por ser uma área de transição entre a Zona da Mata
e o Sertão. A região é marcada pelo Planalto da Borborema. Do lado leste do
planalto estão as terras mais úmidas; do outro lado, em direção ao interior, o
clima vai ficando cada vez mais seco.
A estrutura fundiária do Agreste é bem diferente da estrutura das demais
sub-regiões. Ela é basicamente formada de pequenas e médias propriedades.
Outra característica que marca o Agreste é a policultura (cultivo de vários
produtos agrícolas), muitas vezes associada à pecuária.
Grandes feiras de alimentos e de gado deram origem a cidades importantes
do Agreste, como Caruaru (PE), Campina Grande (PB) e Feira de Santana (BA).
Exercício 1
Quais são as origens estruturais do atraso da Região Nordeste? Qual a
importância das secas para a pobreza da população nordestina?
Exercício 2
Quais os principais efeitos dos programas de desenvolvimento regional
conduzidos pela Sudene?
Exercício 3
Por que se multiplicaram os movimentos sociais e ecológicos na Região
Nordeste?
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Amazônia:
a grande fronteira
28 l
l
a construção de Brasília e da rodovia Belém-Brasília marcou a abertura da
fronteira de recursos do Norte ao dinâmico centro nacional do Sudeste;
a Amazônia assume hoje a expressão básica das fronteiras, em que o
governo federal assumiu diretamente a iniciativa de sua efetiva ocupação
e integração à economia nacional, implantando redes técnicas em tempo
acelerado;
l essas iniciativas abriram verdadeiros vetores de expansão na área da floresta,
que estimularam tanto a colonização dirigida como a espontânea;
l os núcleos urbanos estão restritos às áreas ao longo das principais rodovias.
Zonas de criação de gado e agricultura comercial situados nas margens da
floresta foram criados ao longo da Belém-Brasília, favorecendo o crescimen-
to de Belém;
l em 1967, criou-se a Zona Franca de Manaus e estabeleceram-se diversas
fábricas montadoras de produtos eletroeletrônicos;
l da estratégia de ocupação regional resultaram também intensos conflitos
sociais e ecológicos
ecológicos, entre índios, garimpeiros, colonos, grandes empresas
e outros;
l a efetiva inserção da Região Amazônica no cenário econômico nacional deve
estar baseada nas propostas de desenvolvimento sustentável
sustentável.
Exercício 1
Durante muito tempo, a economia da Amazônia esteve pouco articulada
com a economia nacional. Apresente duas ações do Estado que facilitaram
a integração da produção regional ao restante do país.
Exercício 2
Qual a importância da Zona Franca de Manaus para a economia da Amazô-
nia, e quais os seus resultados sobre a distribuição da população no Estado
do Amazonas?
Exercício 3
Em que estados se localiza a ferrovia que liga Carajás ao porto de Itaqui?
Qual a finalidade da sua construção?
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A sustentabilidade 29
do desenvolvimento
brasileiro
29 verificar isso de forma muito simples, utilizando a divisão do PIB por habitante
enda per capita
do Brasil, para obter a sua renda capita. Hoje, o valor da renda per capita
anual no Brasil é de cerca de 3 mil dólares por habitante, o que é menos da
metade do valor encontrado na Argentina (6.015 dólares) e muito inferior à dos
Estados Unidos (23.240 dólares).
Atualmente, esse quadro está ainda mais grave, pois, na década de 1980,
a economia brasileira cresceu muito lentamente. Em primeiro lugar, por causa
da crise da dívida externa
externa, isto é, a dificuldade do país em pagar os emprésti-
mos tomados no exterior, cujo valor aumentou vertiginosamente com a eleva-
ção das taxas de juros pelos bancos estrangeiros. Em segundo lugar, porque a
economia brasileira viveu dificuldades internas que se manifestaram em altas
taxas de inflação. A combinação desses dois fatores praticamente paralisou a
economia brasileira durante os anos 80.
O gráfico ao lado
mostra que, embora o
PIB do Brasil tenha
crescido durante a dé-
cada de 1980 (o que
pode ser notado pelas
colunas do gráfico,
cujos valores, lidos no
eixo da esquerda, mos-
tram que passou dos
400 bilhões de dólares),
a renda per capita per-
maneceu praticamen-
te estagnada em torno
de 3 mil dólares (lidos
quando se acompanha
a linha cujos valores se
encontram no eixo da
direita).
Para que o desenvolvimento seja durável é necessária uma proposta que
tenha a sustentabilidade como meta principal, integrando as tensões ambiental,
econômica, social e institucional, em todas as etapas do planejamento, desde o
diagnóstico até a implementação, o monitoramento e a avaliação dos planos e
programas.
A questão agrária no Brasil permaneceu intocável desde o estabelecimento
da Lei de Terras, em 1850, que dividiu o território nacional em duas grandes
zonas: domínios e fronteiras, seguindo o padrão patrimonialista do colonizador
português, onde cabia ao aparelho de Estado regular as relações sociais, com o
controle do acesso à terra.
Enquanto principal divisão social e territorial do trabalho, a relação entre
domínios e fronteiras foi resultante direta da intervenção do Estado. Garantir os
domínios e abrir as fronteiras foi uma das principais atribuições do aparelho de
Estado no Brasil. Isso ocorreu com a Marcha para o Oeste no governo Getúlio
Vargas e atingiu o auge no modelo nacional-desenvolvimentista nos anos 50,
com a construção de Brasília por Juscelino Kubitschek, e foi levado ao extremo
com a conquista amazônica do período autoritário pós-1964.
Esse padrão de desenvolvimento esgotou-se na década de 1970, em grande A U L A
parte por causa da incapacidade financeira do Estado para administrar domí-
nios e fronteiras, e também porque ocorreram crescentes pressões da imensa
população urbana, mobilizada por diferentes movimentos sociais, que passa- 29
ram a cobrar sua representação no núcleo do poder. Hoje, a principal resultante
desse processo é a formação de uma economia industrial, construída num
ambiente em que coexistem uma sociedade de massas pobres, cristalizada no
interior dos domínios, junto com a maior floresta pluvial do planeta, expressão
máxima das fronteiras.
Cerca de 1/20 da superfície ter-
restre, 1/5 da água doce, 1/3 das
florestas pluviais do globo e apenas
3,5 milésimos da população mundi-
al estão contidos na Amazônia, 63,4%
dos quais sob a soberania brasileira.
Apesar de sua imensa riqueza mine-
ral e madereira, o que lhe confere
hoje maior valor é a diversidade bi-
ológica, isto é, sua biodiversidade
biodiversidade,
que se expressa na grande varieda-
de de espécies vegetais e animais
existentes na floresta. Tamanha con-
centração de vida significa, por um
lado, um símbolo ecológico único e,
por outro, uma fonte primordial para
o desenvolvimento científico-
tecnológico, particularmente da
biotecnologia.
É preciso separar o que é mito e o que é História. Para a ciência mundial,
a Amazônia é ainda uma incógnita. Teorias sobre os efeitos da destruição da
floresta na circulação atmosférica terrestre - tais como o efeito estufa - são, até
o momento, hipóteses apenas, não comprovadas e baseadas no pressuposto da
destruição total da floresta. Na realidade, apesar do desflorestamento rápido
e extenso das últimas décadas, 85% da floresta ainda permanecem intactos, o
que coloca o desafio de seu manejo sustentado.
Mas a incógnita amazônica não se restringe à ciência e à tecnologia. Além do
problema ecológico, seu significado como instrumento de pressão para adesão
ao “Norte” reflete as próprias lutas e os conflitos de interesses entre os países
industrializados na redefinição de suas áreas de influência, depois da queda do
Muro de Berlim e da derrocada da União Soviética.
A disputa por hegemonia entre as potências fica exposta na polêmica sobre
a construção e pavimentação da Rodovia BR-364 que, ao fazer a ligação do
Estado do Acre ao Peru, completa a articulação com a Rodovia Transamazônica
e acelera a conexão com o Pacífico Sul, onde interesses japoneses são cada vez
mais intensos. Neste cenário, os Estados Unidos exercem pressão sobre o Japão
para não liberar recursos destinados ao término da rodovia, a fim de manter a
tradicional porta amazônica aberta para o oceano Atlântico e o mar do Caribe.
Entretanto, é inerente à questão nacional a dificuldade em definir e negociar
um novo padrão de desenvolvimento regional para a Amazônia, que leve em
consideração não apenas a dimensão ambiental, mas também o problema social.
Confrontados hoje com uma profunda crise econômica, diversos grupos sociais
procuram consolidar posições e territórios na arena amazônica.
A U L A Neste quadro, a questão da sustentabilidade do desenvolvimento
é inseparável do desafio da eqüidade na distribuição de seus frutos, o que
Exercício 1
Como você diferencia desenvolvimento social de crescimento econômico?
Em sua opinião, qual predominou no Brasil nas últimas décadas?
Exercício 2
Por que o desenvolvimento sustentável permite conciliar o combate
à pobreza com uma melhor utilização dos recursos ecológicos?
Exercício 3
Por que o desenvolvimento sustentável da floresta amazônica é tão impor-
tante para o desenvolvimento brasileiro?
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O Brasil e a integração
latino-americana
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A U L A COMÉRCIO EXTERIOR BRASIL / PAÍSES DO MERCOSUL - 1994
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Entretanto, os níveis de produtividade na agropecuária entre os países A U L A
signatários do tratado são muito diferenciados, o que obriga a medidas de ajuste
a médio e longo prazo para evitar o sucateamento generalizado de parcelas
ponderáveis do complexo agroindustrial. No caso brasileiro, isso afetaria prin- 30
cipalmente a estrutura produtiva da Região Sul, área consolidada de produção
de grãos, couros e frutos de áreas temperadas, sendo que a produtividade da
economia agrária argentina é superior à dos produtos brasileiros. A produtivi-
dade superior na agropecuária argentina repousa, em grande parte, em fatores
naturais de distribuição regular de chuvas e fertilidade dos solos. Assim, os
custos de produção de cereais e oleaginosas batem até mesmo os do Paraná,
estado brasileiro de mais elevada produtividade.
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A U L A Para os trabalhadores, o Mercosul é uma realidade que deve ser tratada
com cuidado. De um lado, permite que as grandes empresas operem em escala
Exercício 1
A partir da observação dos meios de comunicação e transportes nos dois
mapas a seguir, avalie o que está expressando cada um, no que diz respeito
à integração do Cone Sul.
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Exercício 2
Os sucessivos fracassos de integração representados pela Alalc e pela Aladi
levaram ao lançamento do Mercosul.
a) Em que o projeto do Mercosul se distingue dos anteriores?
b) O sucesso do Mercosul poderá produzir importantes transformações nas
estruturas produtivas do Brasil e da Argentina. Comente essas possíveis
transformações.
Exercício 3
Justifique a convergência de interesses dos países membros e associados em
torno de um Mercado Comum.
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31 O meio
técnico-científico e
o papel da informação
Sem os equipamentos
computadorizados
não seria possível a
instalação de satélites
na órbita da Terra.
Exercício 2
A produção e a circulação mundial de mercadorias se expandem, sendo a via
marítima a opção para as trocas intercontinentais, cada vez mais valiosas e
volumosas. Em função disso, os portos sofreram profundas mudanças.
Antes localizavam-se preferencialmente junto aos aglomerados urbanos e
estimulavam sua expansão. Multidões de trabalhadores candidatavam-se
para carregar e descarregar os navios. Hoje, os maiores portos afastam-se das
grandes cidades e, em algumas zonas portuárias antigas, os armazéns vazios
foram transformados em áreas de lazer.
Exercício 3
Relate uma experiência de seu cotidiano que esteja relacionada com a
tecnologia da informação.
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32 Robôs e engenheiros:
para onde vão
os operários?
32 l
de 1929, atingindo o auge de dominação nos anos 50 e 60.
Avanços tecnológicos
O fordismo contou inicialmente com os avanços tecnológicos alcançados no
final do século XIX, como a eletricidade e o motor à explosão. Mais tarde
incorporou os avanços da alta tecnologia desenvolvida durante a Segunda
Guerra Mundial e que posteriormente passou para o uso da sociedade civil,
a exemplo dos materiais sintéticos e do motor a jato. E, finalmente, no pós-
guerra, começou a usufruir dos avanços científicos alcançados nas áreas
da eletrônica e da tecnologia da informação.
l Organização da produção
Nas grandes indústrias, longas esteiras rolantes levavam o produto semi-
acabado até os operários, formando uma cadeia de montagem. A produção
dos diversos componentes era feita em série. O resultado foi uma produção
em massa que utilizava maquinaria cara; por isso, o tempo ocioso deveria ser
evitado a todo custo. Acumularam-se grandes estoques extras de insumos e
mantinha-se alto número de trabalhadores para que o fluxo de produção não
fosse desacelerado. Os milhares de produtos padronizados eram feitos para
mercados de massa.
Os setores industriais mais destacados eram os de bens de consumo
duráveis (automóveis e eletroeletrônicos) e os de bens de produção
(destacadamente a petroquímica). Entre as décadas de 1940 e 1960 surgiu
uma interminável seqüência de novos produtos, a exemplo de rádios
portáteis transistorizados, relógios digitais, calculadoras de bolso, equipa-
mentos de foto e vídeo.
l Organização do trabalho
O trabalho passou a se organizar com base num método racional, conhecido
como taylorismo
taylorismo, que apresentava as seguintes características:
- separava as funções de concepção (administração, pesquisa e desenvol-
vimento, desenho etc.) das funções de execução;
- subdividia ao máximo as atividades dos operários, que podiam ser
realizadas por trabalhadores com baixos níveis de qualificação, mas
especializados em tarefas simples, de gestos repetitivos;
- retinha as decisões nas mãos da gerência.
Esse “método americano” de trabalho seguia linhas hierárquicas rígidas,
com uma estrutura de comando partindo da alta direção e descendo
até a fábrica. Os operários perderam o controle do processo produtivo
como um todo, e passaram a ser controlados rigidamente por técnicos
e administradores.
l Organização dos trabalhadores
Houve crescimento e fortalecimento dos sindicatos. Os contratos de traba-
lho começaram a ser assinados coletivamente. Os salários eram ascenden-
tes. E foram realizadas importantes conquistas de cunho social, tais como
garantias de emprego, salário-desemprego e aposentadoria.
l Mercado
Os mercados de massa ficavam garantidos por causa do aumento da
capacidade de compra dos próprios trabalhadores. Embora ocorresse uma
expansão dos mercados internacionais, eram os mercados internos que
garantiam o consumo da maior parte da produção. Surgia a sociedade de A U L A
consumo. Geladeiras, lavadoras de roupa automáticas, telefone e até
automóveis passaram a ser produtos de uso comum. Serviços antes
acessíveis a minorias, como no caso do setor de turismo, tranformaram-se 32
em serviços de massa.
l Papel do Estado
Ocorreu a ampliação e a diversificação da intervenção social e econômica
do Estado, inspirada nos princípios da teoria keynesiana e do Estado do
bem-estar social. O Estado nacional de caráter keyneisiano passou a
interferir mais diretamente na economia, por meio, por exemplo, dos
gastos públicos, dos planos de desenvolvimento regional, da criação de
um número significativo de empregos no setor público e do atendimento
às garantias reivindicadas pelos trabalhadores, a exemplo da garantia de
emprego. E o Estado do bem-estar social desenvolveu políticas destinadas
a reduzir as desigualdades sociais, como as de transportes urbanos, habi-
tação, saneamento, urbanização, educação e saúde.
l Organização do território
A organização da produção e do trabalho reorganizou o espaço geográ-
fico. O processo de urbanização acelerou-se. As unidades produtivas
atraíam umas às outras. Cresceram ainda mais as regiões industriais. As
cidades se tranformaram em grandes manchas urbanas. Surgiram novos
bairros residenciais e distritos industriais com o apoio e incentivo esta-
tais. Cresceram a construção civil e a massa construída de casas e prédios,
em grande parte incentivadas por programas governamentais de hipote-
cas e empréstimos.
As metrópoles, com seus centros de negócios e de decisões constituídos
pelas sedes sociais das grandes empresas, incorporaram os municípios
vizinhos. Grandes regiões urbanizadas - as megalópoles - se formaram
entre duas ou mais metrópoles devido à polarização que tais centros
exerciam sobre as pequenas e médias cidades que se encontravam ao seu
redor. Intensos fluxos de pessoas e mercadorias integraram o conjunto
formado por essas cidades.
Em todas as cidades intensificaram-se o comércio, os tranportes, as
comunicações e os serviços em geral. As redes urbanas tornaram-se mais
densas. Diversificaram-se as atividades culturais e de lazer. Cresceram as
universidades e centros de pesquisa e tecnologia. Mais capitais e traba-
lhadores foram atraídos pelas cidades. A geografia do fordismo foi a das
grandes concentrações urbano-industriais.
32 era flexibilizar, ou seja, golpear a rigidez nos processos de produção, nas formas
de ocupação da força de trabalho, nas garantias trabalhistas e nos mercados de
massa, então saturados.
As empresas multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade, expandi-
ram espacialmente sua produção por continentes inteiros. Surgiram novos
países industrializados. Os mercados externos cresceram mais que os mercados
internos. O capitalismo internacional reestruturou-se.
Os países de economia avançada precisaram criar internamente condições
de competitividade. A saturação dos mercados acabou gerando uma produção
diversificada para atender a consumidores diferenciados. Os contratos de trabalho
passaram a ser mais flexíveis. Diminuiu o número de trabalhadores permanentes
e cresceu o número de trabalhadores temporários. Flexibilizaram-se os salários -
cresceram as desigualdades salariais, segundo a qualificação dos empregados e as
especificidades da empresa. Em muitas empresas, juntou-se o que o taylorismo
separou: o trabalhador pensa e executa. Os sindicatos viram reduzidos seu poder
de representação e de reivindicação. Ampliou-se o desemprego.
Os compromissos do Estado do bem-estar social foram sendo rompidos
pouco a pouco. Eliminaram-se, gradativamente, as regulamentações do Estado.
As políticas keynesianas - que se revelaram inflacionárias, à medida que as
despesas públicas aumentavam e a capacidade fiscal estagnava - forçaram
o enxugamento do Estado.
A transformação do modelo produtivo começou a se apoiar nas tecnologias
que já vinham surgindo nas décadas do pós-guerra (automação e robotização)
e nos avanços das novas tecnologias da informação. O método de produção
americano foi substituído pelo método japonês de produção enxuta, que com-
bina máquinas cada vez mais sofisticadas com uma nova engenharia gerencial
e administrativa de produção - a reengenharia, que elimina a organização
hierarquizada. Agora, engenheiros de projetos, programadores de computado-
res e operários interagem face a face, compartilhando idéias e tomando decisões
conjuntas.
O novo método, rotulado
por muitos como toyotismo
toyotismo,
numa referência à empresa ja-
ponesa Toyota, utiliza menos
esforço humano, menos espaço
físico, menos investimentos em
ferramentas e menos tempo de
engenharia para desenvolver
um novo produto. A empresa
que possui um inventário
computadorizado, juntamente
com melhores comunicações e
transportes mais rápidos, não
precisa mais manter enormes
estoques. É o just in time.
O novo método permite variar a
produção de uma hora para
outra, atendendo às constantes
exigências de mudança do mer-
Fábrica com robôs. cado consumidor e das mudan-
ças aceleradas nas formas e técnicas de produção e de trabalho. A ordem A U L A
é manter estoques mínimos, produzindo apenas quando os clientes efetivam
uma encomenda.
As grandes empresas começaram a repassar para as pequenas e médias 32
empresas subcontratadas um certo número de atividades, tais como concepção
de produtos, pesquisa e desenvolvimento, produção de componentes, seguran-
ça, alimentação e limpeza. Isso passou a ser conhecido como terceirização
terceirização. Com
ela, as grandes empresas reduziram suas pesadas e onerosas rotinas burocráticas
e suas despesas com encargos sociais, concentrando-se naquilo que é estratégico
para seu funcionamento.
A produção flexível vem transformando espaços e criando novas geogra-
fias, à medida que ocorrem redistribuições dos investimentos de capital
produtivo e especulativo e, conseqüentemente, redistribuição espacial do
trabalho. Numerosas empresas se transferiram das tradicionais concentrações
urbanas e regiões industriais congestionadas, poluídas e sindicalizadas, para
novas áreas nas quais a organização e o poder de luta dos trabalhadores é
pouco significativa. Surgiram novos complexos de produção - os complexos
científicos-produtivos -, ligados a universidades e centros de pesquisa onde
as inovações são constantes.
Um caso exemplar desses complexos é o do Vale do Silício (Silicon Valley),
na Califórnia, cujo modelo se difundiu por vários países. Nesse complexo, a
Universidade de Stanford, juntamente com empresas do ramo da microele-
trônica, criou um parque tecnológico cuja fama cresceu com a produção de
semicondutores e o uso do silício como matéria-prima para sua fabricação. O
Vale do Silício faz parte de uma área maior em torno da baía de São Francisco
onde se estabeleceram numerosas indústrias de alta tecnologia.
Esses tecnopólos também são encontrados no interior das tradicionais
regiões industriais que vêm se modernizando, a exemplo da região industrial
de Frankfurt, na Alemanha, ou ainda daquelas que procuram sair de uma
situação de estagnação, como no caso da região de Turim, na Itália, ou de Lyon,
na França.
Exercício 1
“Depois de lutar contra a exploração capitalista, os trabalhadores têm agora
que lutar contra a falta dela. Do sistema de exploração passa-se para uma
situação de exclusão porque os grandes centros capitalistas prescindem
cada vez mais do trabalho...”
Adaptado de Kurz, Robert. O Colapso da Modernização . Paz e Terra, 1992.
Com o auxílio do texto acima, explique por que os trabalhadores vivem, hoje,
uma situação de exclusão
exclusão.
Exercício 2 A U L A
Elaborar um quadro comparativo do fordismo e do pós-fordismo, contendo
os seguintes aspectos:
a) a remuneração dos trabalhadores; 32
b) a organização dos trabalhadores;
c) o papel do Estado;
d) a organização do espaço.
Exercício 3
A rápida ascenção da Toyota no mercado mundial de automóveis revela
a sua estratégia transnacional de operação, com unidades de montagem
de carros espalhadas por todo o mundo.
33
33 O sistema financeiro
global e os limites
do Estado-nação
Qual o papel do sistema financeiro global, cujo campo de operações vai além
dos limites dos estados-nacionais? Quais os instrumentos de controle de que
dispõem os governos sobre as operações bancárias com títulos e moedas em
escala planetária? São elas operações lícitas ou simplesmente especulações
fraudulentas ou lavagem de dinheiro ganho ilegalmente?
Hoje, mais do que nunca, o poder dos grandes bancos e das grandes
empresas desafia os governos nacionais, propondo uma novo desenho político
e econômico para o espaço geográfico mundial, onde não exista limites, nem
controle, sobre a circulação dos capitais. No entanto, quais serão os efeitos desta
“nova ordem mundial” sobre a vida dos trabalhadores?
33
33
A U L A
O programa neoliberal reanimou as taxas de lucros, mas não as taxas de A U L A
acumulação, isto é, de investimentos para o crescimento do parque de equipa-
mentos produtivos. Isso porque a desregulamentação financeira, elemento
importante do programa neoliberal, gerou condições muito mais favoráveis para 33
investimentos especulativos do que produtivos. O boom das transações financei-
ras, nos anos 80, levou à redução do comércio mundial de mercadorias, penali-
zando os países mais pobres, principalmente os de economia basicamente
primário-exportadora.
Após atingir os países ricos da Europa Ocidental e da América, o neolibera-
lismo afetou os países do Leste europeu e, finalmente, os países da América
Latina. No entanto, a região que alcançou o maior êxito, nos últimos vinte anos,
é justamente a menos liberal. Trata-se do Extremo-Oriente, onde estão incluídos
o Japão e a Coréia do Sul. Esses países têm sofrido fortes pressões das potências
ocidentais para liberar, desproteger e desregulamentar suas economias.
33
Exercício 2
Com base no texto desta aula, explique qual é a relação existente entre
sistema monetário internacional e sistema financeiro internacional.
Exercício 3
Procure, em jornais ou revistas, notícias que contenham alguns aspectos do
sistema financeiro global, estudados nesta aula.
A UA UL L AA
34
34
Ritmos e movimentos
da população mundial
34
Exercício 1
Relacione as pirâmides etárias dos países A, B e C com o gráfico esquemático
da transição demográfica e responda às perguntas abaixo.
a) Por que a pirâmide etária do país A representa a população de um país
que se encontra na primeira fase da transição demográfica?
b) Apresente duas mudanças que devem ocorrer na dinâmica demográfica
do país A para que a estrutura etária da sua população passe a ser igual
à da pirâmide do país C.
PIRÂMIDES ETÁRIAS
34 representados.
Durante o
século XIX, a
explosão
demográfica e
as mudanças
na economia
européia
originaram
fluxos
migratórios
importantes
para o
povoamento
da América,
Austrália e
Nova
Zelândia.
Hoje, a
Europa vive
um problema
inverso:
milhares de
migrantes
tentam
instalar-se
nos seus
países mais
ricos.
Exercício 3
Numa área de atração turística que você conheça, responda:
a) Quais os efeitos dos fluxos turísticos na preservação das condições
ambientais locais?
b) De que modo os fluxos turísticos atuam na melhoria das condições
do espaço?
AUU
A L AL A
35
A energia vital: 35
os recursos naturais
são inesgotáveis?
35
distribuição
mundial das
fontes de energia
em dois
momentos:
1980 e 2000
GÁS NATURAL
ENERGIA SOLAR - DEVE AUMENTAR ENERGIA DOS OCEANOS ENERGIA GEOTÉRMICA - USADA
SUA PARTICIPAÇÃO NA TEM POTENCIALIDADE GIGANTESCA DIRETAMENTE OU PARA
PRODUÇÃO DE ENERGIA , DEVIDO AOS (ONDAS, MARÉS, CORRENTES MARI- PRODUZIR
GRANDES INVESTIMENTOS FEITOS EM NHAS ), MAS AINDA É POUCO USADA . ELETRICIDADE .
NOVAS TECNOLOGIAS DE USO .
A principal fonte de energia da sociedade industrial é o petróleo, que A U L A
representa aproximadamente 40% da energia comercial do mundo.
Por causa da ameaça de esgotamento das jazidas é possível que, no início do
século XXI, seu uso se modifique, passando a ser empregado mais como 35
matéria-prima para a indústria química do que como combustível.
As reservas mundiais de carvão, ao contrário, são suficientes para atender
à demanda nos próximos 250 anos, se forem mantidos os níveis de consumo
atuais. Os problemas ambientais devem, no entanto, inviabilizar uma volta
maciça ao seu uso.
As populações ribeirinhas,
em todo o mundo, abastecem-se
sem a preocupação com o fato de as
águas não estarem limpas.
A U L A A água é um recurso renovável mas suas reservas não são ilimitadas. O
problema de escassez é crucial para os países subdesenvolvidos, que têm um
As fotos mostram duas formas de poluição do ar: pelas fábricas e pelos carros.
A gestão dos recursos naturais nos últimos vinte anos ganhou maior
eficiência e, ao que tudo indica, uma nova orientação. Como seria impossível
mudar a matriz energética mundial, a solução encontrada foi obter economias
significativas no consumo de energia, graças a novas tecnologias. Assim, os
“sistemas inteligentes” de iluminação e aquecimento dos edifícios e os sistemas
eletrônicos para controle de consumo de combustível dos carros conseguiram
maior eficiência por unidade de energia consumida. O mesmo tipo de ação está
se realizando em relação à água. Ainda que ela seja um recurso renovável, é
preciso uma gestão cuidadosa dos recursos hídricos. Hoje, aproximadamente
trinta países vivem a ameaça de escassez de água.
A energia, a água, os minerais, entre outros recursos da natureza, não são A U L A
inesgotáveis. Nosso planeta é um sistema fechado e nós estamos alcançando os
seus limites. Por isso existe a necessidade de utilizar esses recursos de forma
racional. As novas tecnologias devem ser difundidas para que sejam adotados 35
novos comportamentos sociais, a partir de políticas ambientais. A sociedade
conservacionista depende, fundamentalmente, do compromisso dos indiví-
duos que a compõem.
Exercício 1
Quase ¾ do vapor d’água que se condensa e se precipita sob a forma de
chuva na Região Norte do Brasil são devolvidos à atmosfera pela
evapotranspiração da floresta pluvial amazônica.
35 vinte anos. Até 1973/1974, as “Sete Irmãs” (as grandes companhias petrolí-
feras ocidentais - Exxon, Royal Dutch-Shell, Mobil Oil, Texaco, British
Petroleum, Gulf Oil e Socal) controlavam o mercado mundial, mantendo
baixos os preços do petróleo, apesar do aumento do consumo. Os países
exportadores eram penalizados por essa política.
O primeiro choque do petróleo representa a revanche dos países produtores.
O preço do petróleo bruto duplicou em 1974. Em 1978, quando houve o
segundo choque, ele praticamente triplicou.
Com base nos dados dos dois gráficos, indique duas alternativas adotadas
pelos países consumidores de petróleo para enfrentar o aumento do preço
desse produto.
Exercício 3
“Cerca de 80% de todas as doenças do mundo se relacionam com o controle
inadequado dos recursos hídricos, seja devido à transmissão hídrica, como
a febre tifóide e cólera, seja pela deficiência de água para higiene, como em
verminoses e tracoma, seja devido à contaminação ou infestação de animais
aquáticos, como no caso da esquistossomose, seja devido às condições de
água onde se desenvolvem as larvas de insetos transmissores de moléstias,
como a malária, dengue, febre amarela e outros.”
Conferência de Alma Ata - Organização Mundial da Saúde - 1978
36
36
Produção/consumo de trigo
Pesquisadores do
Instituto Internacional de
Pesquisa do Arroz
selecionam, nas Filipinas,
espécies resistentes às
pragas e às condições
ambientais inadequadas
ao seu cultivo.
Exercício 2
Justifique a frase:
"O agricultor, hoje, não compra terra; compra o clima ."
Exercício 3
Apresente duas conseqüências positivas e duas negativas, dos avanços da
informática e da biotecnologia aplicados à agricultura.
A UA UL L AA
37 Para além
37 da polarização:
os novos
blocos políticos
Qual será o desenho do novo mapa político do mundo após o fim da Guerra
Fria? Qual a importância dos novos blocos geopolíticos da União Européia, da
Bacia do Pacífico e do Tratado Norte Americano de Livre Comércio (NAFTA)
sobre os demais países do planeta?
Sem dúvida o mundo ficou muito diferente após o desmonte da União
Soviética e o fim das economias centralmente planificadas do Leste Europeu. O
poderio militar norte-americano se estende por toda a superfície da Terra,
embora a economia da grande potência seja obrigada a compartilhar o mercado
mundial com novos e poderosos parceiros, como o Japão, a Alemanha e a
emergente China, o que permite supor que estamos assistindo à construção de
um mundo multipolar
multipolar.
37
37 Mundo foi maior do que o conjunto de países não alinhados que o compunha
inicialmente. O Terceiro Mundo passou a ser pensado como o mundo subde-
senvolvido. Nele, os Estados Unidos e a União Soviética se enfrentaram em
numerosos conflitos, entre países ou no interior de um mesmo país, nos quais
as partes em confronto se ligavam às lideranças da Guerra Fria. Nenhum
desses conflitos fez uso de armas nucleares, mas eles foram responsáveis por
mais de 30 milhões de mortes. No período 1945-1990, os conflitos se sucederam
e a paz esteve sempre ameaçada.
No entanto, alguns fatos da segunda metade da década de 1980 prepararam
caminho para o final da Guerra Fria. Em 1985, o primeiro ministro soviético
Mikail Gorbachev, avaliando a situação política e econômica em que se encon-
trava a União Soviética, afirmou:
A Europa, abrindo mão dos nacionalismos - que a levaram, por duas vezes
no espaço de uma geração, ao limite do caos -, vem procurando uma nova
ordem política e econômica. A situação crítica do pós-guerra levou à assinatura
do Tratado de Roma, em 1957, que criava a Comunidade Econômica Européia
(mais conhecida como Mercado Comum). A população européia, de aproxima-
damente 400 milhões de habitantes, alcançou os mais elevados indicadores de
qualidade de vida do planeta, além de um extraordinário dinamismo indus-
trial e comercial.
A U L A O Tratado de Maastricht, que come-
çou a vigorar em 1º de novembro de 1993,
37 novos blocos econômicos. O mundo bipolar vai dando espaço a uma nova
ordem geopolítica multipolar
multipolar.
Exercício 1
Leia este texto com atenção.
Exercício 2
Apresente duas tendências da geopolítica mundial após o fim da Guerra Fria.
Exercício 3
Leia este texto com atenção.
Indique duas estratégias adotadas pelo Japão, após a crise do petróleo, para
fazer frente aos Estados Unidos.
AUU
A L AL A
38
A pobreza das nações: 38
onde ficou o
desenvolvimento?
Qual o efeito das mudanças que estão ocorrendo no mercado mundial sobre
os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos? Qual será o papel da
América Latina e da África na nova ordem mundial que se impõe a partir dos
desígnios do Norte industrializado? Será que o Sul também existe, apesar da
miséria, das guerras fratricidas e do crescimento das doenças infecto-contagio-
sas, como a Aids?
Aparentemente, aquilo que fazia parte da agenda dos países industrializa-
dos logo após o final da Segunda Guerra Mundial, isto é, a busca do desenvol-
vimento de todos os países do planeta, deixou de ser relevante para as principais
economias industrializadas. Hoje, o futuro da África, aparentemente, depende
muito mais da cooperação dos países do Sul, do que da exclusão a que foi
condenada pelo Norte.
38
Mas o PIB não deve ser a única referência para mostrar as desigualdades
existentes entre os países de economia industrializada do hemisfério norte e os
de economia basicamente primário-exportadora do hemisfério sul. Outros indi-
cadores, a exemplo do consumo de energia, mostram com maior nitidez o nível
de desenvolvimento de um país. Os Estados Unidos, o Canadá e os países da
Europa Ocidental, com menos de 15% da população mundial, consomem mais
da metade da energia primária produzida no mundo. Um europeu consome
vinte vezes mais energia do que um africano.
Pode-se também adotar como referência, para diferenciar ricos e pobres, os
indicadores culturais, como o número de livros publicados em um ano, o número
de receptores de televisão por habitante, ou a porcentagem de adultos analfabe-
tos existentes na população. Enquanto, em 1992, o Canadá publicou em torno de
vinte mil títulos de novos livros, o Paquistão publicou menos de dois mil.
No Canadá existem seiscentos aparelhos de televisão por mil habitantes, o que
pode significar o acesso à informação e ao lazer. No Paquistão esse número cai
para quinze aparelhos por mil habitantes.
Também é possível confrontar indicadores sociais, como a quantidade diária
de calorias ingerida por habitante ou o acesso à água tratada e às instalações
sanitárias. Enquanto nos países industrializados a quase totalidade da popula-
ção tem acesso a água de qualidade, nos países subdesenvolvidos menos de 30%
da população recebe água tratada.
Existem ainda critérios de comparação entre riqueza e pobreza que são
difíceis de medir, como a manifestação livre de idéias ou a estabilidade política.
Afinal, o homem não é apenas um produtor/consumidor de mercadorias
e serviços. Seu bem-estar depende, também, desses valores não-materiais
que ainda não foram conquistados por grande parte da população mundial.
Várias teorias foram elaboradas para explicar “a a pobreza das nações
nações” .
Algumas delas, ainda que equivocadas, prevaleceram durante muito tempo.
Outras, embora corretas, explicavam apenas parcialmente a origem da pobreza.
Nenhuma delas foi suficientemente abrangente para atender a todas as sutilezas
da desigualdade sócio-econômica existente hoje entre os Estados-nações.
No século XIX, os europeus afirmavam que a pobreza dos povos do hemis- A U L A
fério sul era o resultado da combinação de fatores naturais hostis e fatores
humanos marcados pela inferioridade dos grupos raciais que habitavam “as
ásias e as áfricas tropicais”. Nesse período Grã-Bretanha, França e Alemanha 38
foram, com uma energia especial, potências coloniais. Era necessário difundir
entre os “povos inferiores” as conquistas materiais da Europa branca, indus-
trializada, “superior”. As metrópoles tinham uma visão positiva da sua “missão
civilizadora”. As lembranças desse período estão vivas no inconsciente coletivo
dos povos dos países dominados, assim como as conseqüências concretas
das formas de dominação a que foram submetidos.
Após a Segunda Guerra Mundial, essa explicação foi sendo substituída por
outra, mais consistente e largamente difundida entre as elites intelectuais dos
então chamados países subdesenvolvidos. Tal explicação afirmava que a pobre-
za da África, da Ásia e da América Latina decorria da exploração colonial a que
esses continentes foram submetidos. As relações impostas pelas potências
imperialistas às suas colônias teriam levado a uma extrema exploração da força
de trabalho, à manutenção de baixos níveis de escolaridade e, durante muito
tempo, teriam impedido a estruturação de Estados nacionais.
Essa explicação, embora coerente, lança toda a responsabilidade da pobreza
sobre os colonizadores, sem revelar que os bloqueios para o desenvolvimento
encontram-se também no interior desses países. Seus sistemas sociais eram
dominados por elites políticas que impediam as reformas modernizadoras e
mantinham a renda concentrada em suas mãos. Recursos eram perdidos com
excessivos gastos militares ou em obras de resultados econômicos duvidosos.
Os investimentos feitos em saúde e educação eram insuficientes, comprometen-
do a qualidade dos recursos humanos.
Na segunda metade do século XX, ocorreu o mais importante movimento
político de nosso século - a descolonização
descolonização. O direito dos povos a se autogover-
narem foi aceito como princípio, e as palavras “colonialismo” e “imperialismo”
passaram a ser condenadas. O colonialismo chegava ao fim. A descolonização passou
a ser vista como um triunfo da modernidade e uma derrota das forças reacionárias.
No entanto, outra circunstância poucas vezes percebida atuou na
descolonização: a perda do fundamento econômico do colonialismo. No século
XIX, o capitalismo industrial contava com as vantagens das relações de explora-
ção colonial, ou seja, a aquisição de matérias-primas e produtos tropicais
em troca do fornecimento de produtos industriais. Na divisão internacional
do trabalho, realizavam-se as denominadas trocas desiguais que permitiam
grandes lucros às economias industriais.
A partir da Segunda Guerra Mundial, os interesses das potências industriais
passaram a ser outros. Seu desenvolvimento econômico estava agora centrado
no desenvolvimento técnico-científico e o papel das colônias começava a perder
importância. O comércio entre as potências industriais passava a ser muito mais
importante do que as relações comerciais com os países do hemisfério sul.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, as colônias podiam se tornar independen-
tes porque o custo econômico desse fato político revelava-se muito pequeno.
Mas não estaria sendo estruturada uma nova forma de dominação mais sutil que
a anterior? No lugar da dominação imposta pelo Estado colonialista estava se
esboçando agora uma dominação patrocinada pelo setor privado, tendo como
instrumento visível a empresa transnacional. Essa idéia teve um importante efeito
no desenvolvimento econômico dos novos Estados nacionais, que resistiram ini-
cialmente aos investimentos estrangeiros. Essa nova política colocava os novos
Estados nacionais à mercê dos interesses e dos investimentos das grandes empresas.
A U L A Como conseqüência da Guerra Fria, os países pobres receberam, nos últimos
cinqüenta anos, uma grande atenção dos países ricos. Nos primeiros anos de
Exercícios
Cite três indicadores usados para medir a riqueza ou a pobreza de um
determinado país.
Exercício 2
Apresente duas teorias elaboradas para explicar "a pobreza das nações".
Exercício 3
Como a dívida externa, contraída pela América Latina, bloqueou o seu
desenvolvimento?
A UA UL L AA
39
39
O ovo da serpente:
a cultura da violência
39 como forma de preservação do meio ambiente. Até porque essa decisão serviria
para manter a atual distribuição desigual da riqueza mundial, que favoreceria
os países economicamente mais avançados sem dar chance de desenvolvimento
para os países mais pobres.
A taxa de desenvolvimento mundial deve ser reduzida, sim, mas ao limite
do sustentável, ou seja, com base num equilíbrio entre os homens, os recursos
(renováveis ou não) utilizados e os seus efeitos sobre o meio ambiente.
Mas, entre todas as situações vividas no mundo atual, aquela que provavel-
mente irá se tornar a principal causa de tensão e violência no século XXI é o
aprofundamento do fosso que separa os países ricos dos países pobres. Hoje,
entre os primeiros, alastra-se um sentimento xenófobo responsável por ações
dirigidas contra os imigrantes do Terceiro Mundo.
Se a prática mostrou que ainda não existe um sistema econômico capaz de
competir com o capitalismo, também é necessário reconhecer a incapacidade do
sistema de mercado de eliminar as desigualdades sociais e os bolsões dos
excluídos. No mundo contemporâneo, marcado pela revolução técnico-científi-
ca, a generalização do bem-estar e a redução das desigualdades devem ser as
principais prioridades. Porém, o modo como essas ações vão se realizar é a
grande incógnita.
A política do novo século deve ser dominada pela distribuição social.
A alocação dos recursos sem o objetivo exclusivo do lucro é essencial para essa
nova ordem, mas isso vai depender da restauração da autoridade pública
nacional ou supranacional. A ONU, nesse quadro, deveria exercer um papel
mais explícito e desenvolver ações mais enérgicas.
Não há solução milagrosa para o desmoronamento dos Estados nem receitas
de pacificação para as guerras civis. Rompida a política bipolar, reativaram-se
antigos conflitos que mostram a impotência das instituições internacionais para
resolvê-los. Neste final de século, os homens estão tateando os caminhos para o
século XXI. Enquanto se instala uma (des)ordem global, sem um mecanismo
capaz de acabar com ela ou mantê-la sob controle, falta um sistema internacional
que supervisione o novo desenho do mundo.
No filme O ovo da serpente , do cineasta sueco Ingmar Bergman, é retratada
a difícil situação vivida pela Alemanha nos anos 20 - inflação devastadora,
desemprego, crise. Ao encontrar a solução para a situação de violência apresen-
tada no filme, um dos personagens afirma: “É como o ovo da serpente. Nele você
pode acompanhar o desenvolvimento do monstro que está sendo gerado.”
Essa parece ser uma das poucas certezas deste final de século. Estamos assistin-
do, na nova ordem mundial, a uma escalada da violência.
Exercício 1
Leia com atenção o texto a seguir. Identifique, nele, “o patamar básico das
diferentes formas de violência do mundo contemporâneo”.
Exercício 2
A Europa foi, em vários momentos da História, pólo irradiador de migra-
ções, de onde saíram levas de homens e mulheres na direção de várias partes
do mundo. No entanto, a atual situação dos processos migratórios para
a Europa tem apresentado um novo panorama, cuja principal característica
é a hostilidade em receber novos migrantes.
Apresente duas manifestações contrárias à presença de imigrantes nos
países da União Européia.
Exercício 3
Durante uma semana, procure e recorte, em jornais diários, diferentes
situações de violência.
A UA UL L AA
40
40 O embrião de Gaia:
a ecologia
como utopia planetária
40 formos conhecendo melhor as relações entre os seres vivos nos daremos conta de
que sobrevive, não o mais forte, mas o melhor adaptado, aquele que melhor se
harmoniza com as condições ambientais. É por isso que sobrevivem seres tão
frágeis e vulneráveis, como a orquídea e o beija-flor.
Se a proposta inicial era a de que a natureza existe para servir aos homens,
como recurso a ser explorado, hoje a idéia mais aceita é a de que essa mesma
natureza é a fonte da vida, que não se pode usá-la de forma irracional.
Os interesses econômicos deixam de ser a única preocupação, pois a nature-
za, como palco das atividades humanas, deve ser preservada. A conservação
ambiental exige estratégias capazes de salvaguardar o nosso futuro comum.
No mundo contemporâneo, o desequilíbrio sócio-ecológico mostra aspectos
muito diferentes. Em países de economia desenvolvida, com uma sólida base
industrial, problemas como as chuvas ácidas, as montanhas de lixo e as doenças
provocadas pelo excesso de álcool e/ou pelo uso de drogas decorrem da criação
da riqueza. Nos países subdesenvolvidos, os problemas decorrem da pobreza -
fome, inexistência de serviços de água e esgoto, condições precárias de habita-
ção, atendimento médico-sanitário deficiente.
O Oceano Pacífico
visto de uma nave
espacial. O equilíbrio
existente na biosfera
deve ser preservado
porque dele depende
a manutenção da vida.
40 l
tem sido usada;
a crise ambiental
ambiental, que ameaça a sobrevivência da nossa própria espécie,
exige uma nova relação sociedade-natureza;
l o aumento da consciência ecológica e as novas propostas para a questão
ambiental são o resultado dessa busca - o equilíbrio entre desenvolvimento
e preservação da natureza.
Exercício 1
Faça uma pequena redação tendo como tema a capa da revista Correio da
Unesco, que mostra a Terra como um ser vivo.
Exercício 2
Apresente dois problemas ambientais que preocupam o mundo desenvolvido.
Exercício 3
Faça uma pesquisa em jornais e revistas e indique três agressões ambientais
ocorridas na sua cidade, ou região, no último ano.
Gabaritos
das aulas 21 a 40