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- Telma! Vieste...
- Sim, vim...
- Sentemo-nos, queres?
- Pois. Mas...
- Sabes... Queres... Quero dizer-te Eu, tu... compreendes...
- ... ...
- que... Escuta Telma: Sei que Slvia uma criana, muito nova,
mas eu amo-a perdidamente. Tenho vivido numa expectativa
tremenda, espera que descobrisses o meu segredo para me
ajudares, mas tu... enfim... andas preocupada talvez, com os teus
problemas... Prometo-te que a farei feliz... Esperarei dois, trs
anos... o tempo que queiras. Leio no teu rosto uma sombra de
inquietao... No. Telma. Tenho a certeza que a farei feliz...
Ergui-me. Estendi-lhe as mos num gesto de oferta e consegui
murmurar:
- Jorge! Que surpresa... E... Slvia?
- Telma, eu... Peo-te que lho digas... Umas vezes creio que me
ama... outras...
- Sim, dir-lhe-ei. Vem comigo.
Atravessamos a rua. Gente risos, sol, e dentro de mim aquele
rudo de cristais a partir... Dor. Desengano. Aniquilamento total.
Subi as escadas lentamente. Slvia veio receber-me. Parecia
angustiosamente preocupada.
Estendi-lhe os braos, apertei-a contra mim e disse-lhe de rosto
escondido:
- Slvia... O Jorge espera-te l em baixo. S compreensiva. Ele...
ama-te!
- Oh! Isso no verdade... O Jorge... Telma! Telma, como
sou feliz!
Soltei-a. Aquela alegria fazia-me mal. Olhou-me rosada, ofegante
como se fosse morrer...
- E eu... eu a pensar que ele gostava de ti, que vs eis casar...
Telma! Ento... ento posso ir dizer-lhe... ento posso descer e
dizer-lhe que... que... tambm o amo?
No sei se lhe respondi. Foi um novelo branco que eu vi deslizar
escadas abaixo em direo aos braos que a reclamavam.
Passaram primaveras de luz e outonos de sombras. Entretanto,
Jorge vinha encher de flores a nossa casa, de esperana o corao de
Slvia, de dor a minha pobre alma abandonada. Bordei para ela um
enxoval de rendas e para os dois constru uma Felicidade sem par.