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Porque
Porque os outros se mascaram mas tu no
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que no tem perdo
Porque os outros tm medo mas tu no
Porque os outros so os tmulos caiados
Onde germina calada a podrido.
Porque os outros se calam mas tu no.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos do sempre dividendo.
Porque os outros so hbeis mas tu no.
Porque os outros vo sombra dos abrigos
E tu vais de mos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu no.
Sophia de Mello Breyner Andresen
25 DE ABRIL
Esta a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silncio
E livres habitamos a substncia do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Enviado para a pt-net por A. Gomes (np40ba@mail.telepac.pt)
AUSNCIA
Num deserto sem gua
Numa noite sem lua
Num pas sem nome
Ou numa terra nua
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo to cansados floriremos
Irmos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levar os mil cansaos
Dos gestos agitados irreais
E h-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
S ento poderemos caminhar
Atravs do mistrio que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em ns germinar a sua fala.
Sophia de Mello Breyner
To Grande Dor
<<To grande dor para to pequeno povo>> palavras de um timorense RTP
Timor fragilssimo e distante
Do povo e da guerrilha
Evanescente nas brumas da montanha
<<Sndalo flor bfalo montanha
Cantos danas ritos
E a pureza dos gestos ancestrais>>
Em frente ao pasmo atento das crianas
Assim contava o poeta Rui Cinatti
Sentado no cho