Vous êtes sur la page 1sur 6
INTRODUCAO Este livso retine vitios escritos, publicados em perfoclos dife- rentes, A maioria foi redigida recentemente (entre 1965 ¢ 1968), No entanto, alguns foram claborados em ¢poca mais distante (em 1942 ¢ 1943 ou em 1951 © 1958). O tema central e dominante consiste sempre nafgituagio. do niegro_¢ co mulato na sociedad busi, visa a partir de Sio Paulof Esta cidade € mais tpi eamente brasileira do que parece, no seatido do que foi tradi cional ou, no oposto, do que & moderno, ofereceado um bom campo_para_o estzdo do padrio brasileito de relacSes. raciais. Como se pode vee, através dos livros de A. Taunay, H, de Freitas, A. Ellis Jr., R. Morse, E, Silva Bruno, G. Leite de Barros ¢ tantos outros, a cidade teve um longo passado de vida tradicional, da qual despertow para urbanizar-se ¢ industrial ante ara se converter em uma “mettdpole tentacular”. ss0, as das diwensOes, que articulam as expe. i ‘0 comum, do reine escra .Seia_’s_transformagGes.mais_avancadas_da_ Foci petitive” s io inch > Brasil? Por essa razéo, quando planejamos igacio, 0 Professor Roger Bastide e eu demos grande atencio as dois focos {vistas ¢ ligados como tendéncias que chegam a torserse concomitantes, em um processo continuo — ¢ nio como polos extremos ¢ estanques de um suposto gradient valturel,, sé tuado fora € acima do tempo e do espaca, camo & de gos de uma sociologia descritiva, que teve a sta voga no Brasil [T'am- bbém no tenzamos explicar 0 presente nelo passado, ov que seria irreal numa saciedade de classes em formagdo © ero sio. Porém, combinamos a andlise = lise diacranica, num modelo quase dialético de fusgq.da perspectiva histdrica com @ perspectiva estrunutal-funciongl} fm conseqiiéncia, © passado © 0 presente foram reconstraidos conjuntamente é interligados nas pontos de juncio,lem que a sockedade de classes emengente lan- é ela deparamos coi riéncias € contatos vocrata_¢ seni 7 §#Ve Stas talzes no anterior sistema de castas © estamentos ou AOS duals a modetnizagio nto possufa bastante forea para expur- jase de hibitos, padrdes de compurtamento © fungées sociais Institucionalizadas, mais ou menos atcaicos,f Assim, tornou-se pomlvel compreender coro 0 preconccito e a discriminagao ra clais, 0 modo sepundo o qual se manifestam no Brasil, sc ex- plicam diferentemente, segndo se considere a orpanizagio da sociedade. senborial © escravocrata; os efeitos da lenticlio com que negtos e molatos foram incorporados ao sistema de classes: ou 0s complexas cle valores, atitudes e otientagSes de comporta. mento vinculados aos estilos de vida dos diversos segmentos sociais ou. dos vtios grupos. éimicos ¢ zaciais, mais ou me determinados por situagées de classes, consolidadas ow nfio/_A intengHo foi Ligar a desintegracSo do sistema de castas © esti ientos 2 formacio.e i expansfio do sistema de classes, para desco- brit como yaridvels independentes, constienidas por fatores psico- sociais ou séco-culturais baseados_na_claboraca0_h ie los Trace niffica, que impunha aos autores que © complezo “cadinho de relacées taciais”” (que se constituiu € se exansfotmou, complicandose incessantemente, em torno da cidade), fosse considerado como um fafo fotal, ou seja, sob todos os aspectos que pudessem ser relevantes para uma descricio socio- lopica e uma interptetacio causel focalizadas sobre certos pro- blemas fundamentais.Algumes andlises, que nfo puderam ser cabalmeate completadas nios trabalhos em cooperacio com Roger Bastide, foram zetomadas em obra posterior, escrita com sua generosa anuéncia. Anenss os msteriais relativos ans aspertas PsicolSgicos, explorados tengencialmente nas abordagens desen- volvidas ou nelas discutidos de forma limitada, sofreram uma exploragio que nfo fax jus 20s materiais recolhicos (1), Os enssios acui reunidos nfo foram redigidos conforme «um propésito preestabelecido. Preparados 20 sabor das citcunstin- cias, cles itm, predominantemiente, em torno dos resultados (1) (GE, Roger Rasiide « Mlorestan Fereandes, O Precowceito Racial or Sio Pavfo, Sto Paulo, Instinuto de Administeage de U-S.P., 1951; fs rcapioulos redivides ex colaboragio com Roger Basride foram pabli- ids, parecladament>, pela tev'sta Anbertbi (Vols, X-XI-N.% 30.34, 1953), ceditados em ums obra cooperativisia (Hditore Auhambi, Relucies’ Rociais entre Negres ¢ Broncos cm Sao Paulo, 1933) e finalmente publicados em vont edieio autémoms, que coal 0 projet inicial da pesaiisa eum 8 Fendmeno gen emplticos ¢ tedricos da pesquisa feita em Sao Paulo, com Roger Bastide. Embora eu tenka suplementado a pesquisa poslerior mente, colhendo mais material de campo ¢ dando maior atencio as coleges de jornais do “meio negro” ou as fontes estatisuicas, © fulcro das questes debatidas ache-se no projet inicial da investigacSo. Os seis primeitos trabelhos € 0 tltimo capitulo prendem-se diretameate 2 temética dagyele projeto, embordg_naluteza do “problema racial brisileito™ Aeja conidetada cle ws forma moa livze, direta © absixata, em virmide dos tipos de publica a que se destinavany/ Eles contém uma conizibuicgo nova em dois pontos. Primeito, porque focalizam a nossa pectliar resistéacia ao reco- nhecimento das “barteiras de cor” ¢ 3 nossa negligéacia tipica do “Impasse racial” de forma especifica,t Partindo dos resulcados da investigacio, era possivel movimelitar a discussio. com maior liberdace e ir mais ao fundo das coisas, através de zeflexGes que sio por assim dizer pedagdgicas. O conhecimento produzido tem 4 sua T6gica ¢ ela pode ser explorada racionalmente: no primeira liveo, com Bastide, ¢ no segundo livso, a verdade consistia mama verdade enzpiricamente eproximada. A verdade assim estebelecida abre novos caminhos ao entendimento da situacio ¢, quigi, sua transformacio. O socidlogo, considerado individualmente, ode fazer muito ponco em ambas as diregdes. Consciente disso, aumen- tei o meu esforgo auma dizecio educativa, em si mesma visceral- mente contritia & perpetuacio do nosso farisafsmo racial. Segundo, porque tentef empreender uma Sondagem horizontal, com os pre- citios dados estatisticos disposiveisj com o intwito de vetificar os limites dentro dos quais a exifema desigualdade racial exis: tente em Sao Paulo vem a ser mats getal do que se supde, repe- tindose em outras unidades da federacéo, O gue. se, cones sobre_a_universalizacio do trabalho escravo ¢ do_padsio_bisico de relacio racial assiméirica fazia presumis que a coaceStracto “sacial” da renda, do prestigio social ¢ do - itu un Sat orate ee fcmonstrando que a maior miscegenasi a hipoiese, estudo adicional, claborado por Roger Bestide © Pierse Var dea Berpue (Roger Bastice © Florestun Fernandes, Drescos « Negros em Jao Pasta, 22 edigio, Sto Paulo, Corapanhia Paitora Nacional, 1959; Florestan, Fer nandes, A Integracio do Nesro- nz Sociedade de Clases, Sio Paulo, Tino. grafia da Fecaldsde de Filosofia, CiSncias © Letras éa U.S.P., 1964; 2° cdicao revises, So Paulo, Dominus Edison Edicora da Universidade de Sao Paulo, 2 vols, 1963). visibidade do “negro” e do “mulato”, em condiodes de sup tolerincia humana “ideal”, nao sc ascociam a. tansformagbes SStruturais significativas na participacio racial _(€, portanto, na sstratificagio racial}. Em_conseqindls, temox de_sdmitir que o mito da demo. ccacia racial fomenta outros mites partlelos, que concortem esconder ow “para enfe! Tidade”, que pecftthadas gem be meso els, “mulatas” “ineates 4 Bahia, Minas Gérais, por exemplo, suscitam reflesden amargas, 0 que dizer dos dacos relativos a0 Rio de Janciro? Costa Pinto havia considerado 4s tendtacias descritas com grande penetragio ¢ ho- nestidade cientifica. ‘Todavia, os dados sobre a participasio edu- cacional (ou, sctia melhor dizec, a falta de participagio ednca- ional) sugerem tum quadro sombtio (freqientemente suscitado em vo pelos esponidicos mavimentos sociais que ecloditam no “meio negro” carioea). O que € surpreundente, para mim, é jie na pesquisa efemnada em Sio Paulo ouvimos uma freciieate romanticizacdo do Rio de Jancira das presumiveis “melhores condicies humanas” abertas ao negro c ao mulato, seja em tcrmos de trstamento pessoul, seja em termos de oportunidndes concreta de ascensio socinl e da ncomodacio inter-racial “‘democrética’ Essa comparagio eatre estados presumivelmente tio diferentes Jevanta vm problema fundamental para fututas investigagses: até que pont Jato” esto socializados no 6. para tolerar, "Zomo oral c até enlossar as formas. ignaldade. racial, co npo- ‘entes dinlimicas == 5 preconcelto racial dissipated kati foal gue ve cabal pels rence an argem do mundo dagio sistemdtica das outras racas ¢ dos mesticos, que se dl ficayam (on se desclassifi ms ee —possui_ pouco valor nesta discussio, Socialmente falando, ele nip ern Branee ¢, a julgar por conhee imentos que obtive ao longo de minha cat- reins profissional, continua a nio ser considetado socialmente como brace. Cheguci, mesmo, a ouvir vina caractetizagio piblica (de brasileiro racial ¢ socialmente muito Brasco), em uma cidade famosa do Notdeste, em que esse tipo de “homem branco” foi caractetizado como “verdadeico animal” (0 equivalente da besta no regime da escravidio}. Concudo, issa carece de importéncia nesta discussio preliminar. O negro foi exposto_a um social que. se_oxpanizaz_nara_as segmenios_privilegiados da raca dominaate. Tile no foi inerte 3 ese mundo. Doutro lado, esse 4 endo tambéfn nao ficou imune_ao_negro, Todos os que Jcam_ Gilbetto Froyre sabem qual foi a clupla interacio, que se esta- bbelesen nas duas direcGes. /‘Todavia, ean aenhum momenzo esas Jinflngnsss teciprocas madam o sould do processo social ©. | Ree engi see | negro_permeneceu ado que io se zmano ¢ como “igual” Quan | ace revolucio social brasileira, na qnal esse mundo se desintogra em suas ralzes — absindo-se ou tachan- dose através de wétias fondas, como assinalon Nabuco — nem | por isso cle contermplou com eaitidade as “trés ragas"” e os “mes: tices” que nascctam do sen incereruzamento. Ao contrétio, para, articjpar desse mundo, o nejro ¢ 0 mulato se vitam_compelids ‘g-ge Teentcae cour 6 Pranueamertfa palceseial e port Te Seen le salt reas naka nate a ecittiey neaee paces do “mundo dos brancos” Essa situacio constitui, em si mesma, uma terrfvel provagio, Que equilfbrio podem ter o “negro” ¢ o “mulato”” se sio expastos, par principio ¢ como condigio de rotina, a formas de auto-atir- magio. que s40, a0 mesmo tempo, foment de suonezicio? No a ee iseensao social ou no fim de um Jonge. “processo de aper- 9a indivi cobre que extral o sc Rava ee eas oe i

Vous aimerez peut-être aussi