a q h

João Cunha provoca polémicas Advogado de negócios em Belém? As histórias de Rui Mendes e Gullit
O HUMORISTA QUE FOI VITORINO, O PEQUENO NETO DE SPORTINGUISTA
À CADEIA DE SÓCRATES GRANDE FACILITADOR MORTO É DO BENFICA

www.sabado.pt N.º 564 – 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2015 – €3 (CONT.)

Um maçon
fotografado
na antiga sede
da Grande
Loja Legal
de Portugal,
em Alvalade,
Lisboa
 Sumário 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

Entrevista
Sociedade Carlos Urroz Director da ARCO fala da arte portuguesa 26

Destaque
Investigação As guerras internas na maçonaria 32

Portugal
Vitorino As ligações ao mundo dos negócios 44
Turismo O Porto está zangado com o Governo 49
Nomeações Afinal, o CDS também gosta de nomear boys 50

Mundo

68 Crise O que aconteceria se a Grécia saísse do Euro 52

Dinamarca Omar el-Hussein, o responsável pelos atentados 54

UM DIA A ACOMPANHAR Dinheiro

Swiss Leaks No rasto do dinheiro dos portugueses 56
OS CONCERTOS DOS D.A.M.A.
D.R.

Segurança
Têm um disco de ouro, mas comem hambúrgueres no café. A Sequestro Mulher torturada na passagem de ano 58
banda-sensação esgota salas e até tem fãs que tatuam o seu símbolo Sociedade
Perfil Quem é o Humorista que queria visitar Sócrates? 60
Sexo As Sombras de Grey e O Último Tango em Paris 66
Destaque Tentações Fenómeno Um dia com a boy band do momento, os D.A.M.A. 68
Diabetes Pâncreas biónico deve estar disponível em 2017 71

32 Tudo sobre o gin

As receitas dos barmen, sítios
Site
Livro
A maior base de dados sobre a escravatura
100 mil japoneses desaparecem todos os anos
72
73
para ir e sugestões de acessó- Documentário A vida do padre das prisões 74
rios. E ainda: sumos detox no
Família
Inverno;
CORBIS/VMI

Relações Como lidar com os filhos do namorado? 78

cinco escri-
tores por- Desporto
Sporting-Benfica Os insultos que causaram a guerra das claques 80
AS LUTAS SECRETAS tugueses;
novo filme Artes
ENTRE OS MAÇONS
de Paul Gonçalo Jordão Ele pintou os cenários de Grand Budapest Hotel 83
São poderosos na sociedade, Thomas Social
mas dentro dos templos per- Anderson Inglaterra William Tallon, o mordomo da Rainha-mãe 86
dem-se em guerras e intrigas
Opinião
Foto de capa: Fotomontagem Sábado

E mais...
José Nuno Alberto
4 Bastidores 12 Nuno Costa Santos 59 Eduardo Dâmaso
Pacheco Rogeiro Gonçalves
6 Editorial 17 Pedro Marta Santos 79 Dulce Garcia
Pereira 30 90
10 Do Leitor 24 Obituário 82 Ricardo Adolfo
8
11 A Abrir 57 Helena Garrido 88 Alexandre Pais

www.sabado.pt

Fotogaleria 9 A 15 DE
Estes são os mais + LIDAS FEVEREIRO
belos Ferraris, mas
aceitam-se outras 01.RAZÕESPARADESPREZAR
opiniões ASCINQUENTA SOMBRAS
Há 117 anos nasceu En- DEGREYEisseteargumentos
zo Ferrari. Depois nasce-
ram estas obras-primas. 02.OSPORTUGUESESCOM
CONTANO HSBC Uma desco-
Parlamento nhecida tinha 223 milhões
Eusébio deve ir para
o Panteão Nacional? 03. ESTE MIÚDO ACABOU
A questão é votada pe- Eurico:defutebolista COM A CARNE Em blogue
los deputados no dia 20. campeãoacantor

3
 Do director
B j
BASTIDORES
Foi difícil chegar à vivenda
que tem acolhido as
Os caricatos
reuniões da Respeitável
Loja de S. João Baptista,
conflitos
muito perto do restaurante
Meta dos Leitões, onde os
da maçonaria
irmãos costumavam jantar.
Agora, a tensão entre eles investigação sobre as guerras
já não permite grandes
convívios. Pelo contrário A internas que estão a abalar
a maçonaria levou a SÁBADO
até à Mealhada, local onde está um
dos mais importantes templos da
Grande Loja Legal de Portugal
(GLLP/GLRP). O jornalista António Jo-
sé Vilela levava algumas indicações,
mas quando chegou àterrados leitões
a tarefa revelou-se mais complicada
do que parecia. Depois de voltas e vol-
tas, sem conseguir encontrar o que
g procurava, teve de recorrer-se a uma
É esta antiga tipo- fonte jáantes consultadaparasolicitar
grafia, na Mealha-
da, que tem acolhi- detalhes mais concretos sobre o local.
do as sessões Só assim foi possível chegaràcasaque
maçónicas tem acolhido as reuniões daRespeitá-
vel Loja de S. João Baptista e da Brasí-
lia, muito perto do restaurante Meta
dos Leitões, onde os irmãos – muitos
com ligações àpolítica– costumavam
jantar. Agora, o clima de tensão entre
eles já não permite grandes convívios.
Pelo contrário. Os choques e proble-
mas vividos, ao longo dos anos, nestas
lojas são apenas um exemplo dos vá-
rios que a SÁBADO encontrou neste
trabalho, paralernas págs. 32 a42.
B BADO foi impedida de fazer retratos
Umhumoristaatempo inteiro
O primeiro contacto com João Cunha
B foi pelo Facebook. O jornalista André
Director Rito deixou-lhe uma mensagem com
Rui Hortelão o seu contacto e a explicar que pre-
4
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Esta semana expli-
camos-lhe tudo so-
bre gin e ainda lhe
damos 6 receitas
exclusivas, sugeri-
das pelos princi-
pais barmen de
Lisboa e do Porto
tendia fazer um perfil a propósito do
que ele tinha feito à porta do Estabe-
lecimento Prisional de Évora, em que
acabou detido pela polícia. O humo-
rista ligou pouco depois mas apre-
sentou-se como “assessor de João
Cunha”. A seguir, colocou a chamada
em espera com a música Simply the
Best, de Tina Turner, enquanto su-
postamente “transferia a chamada”.
Um dia depois, jornalista e humoris-
taencontraram-se num café em Alva-
lade. O telemóvel de João Cunha to-
cou, quando estava pousado em cima
da mesa. No visor, estrategicamente
virado para cima, uma frase e uma fo-
tografia que não deixava dúvidas:
“Cristiano: Atender?”, lia-se, sobre
umafoto do melhordo mundo. “Outra
vez este gajo…”, reagiu o humorista.
Durante três dias, aSÁBADO acompa-
nhou as gravações do que vai sero seu
novo programa de televisão. Filmado
como um documentário, mistura fic-
ção e realidade, tal como aconteceu
no seu primeiro programa. É nessadú-
vida que João Cunha faz o seu humor.
Como quando foi a Évora provocar os
que se manifestavam em apoio a José
Sócrates. Paralernas págs. 60 a64. !
Reserve já
B e faça grátis
D.A.M.A., abanda-sensação uma horta
Todos queriam fazer uma selfie com em sua casa
É já a partir da próxi-
os D.A.M.A., a banda-sensação dos ma edição que a
mais novos. Com stick, sem stick, SÁBADO lhe vai ofe-
com braço, com artista sem artista. recer um pacote de
Até os próprios artistas faziam selfies sementes, dois va-
sos biodegradáveis,
em palco e fora do palco, sozinhos, duas etiquetas e um
acompanhados.... todos a viver o livrinho explicativo.
momento através das redes. E essa é É tudo grátis, mas
a condição: após a entrevista a SÁ- até por isso convém
reservar já a sua
revista, para que não
em pose. Argumento: “Temos uma perca esta oportuni-
política de concentração de imagem, dade de fazer em
por isso tem de ser tudo espontâ- casa uma horta com
salsa, manjericão,
neo.” Nada que tire brilho à reporta- tomilho, hortelã e
gem das págs. 68 a 70. W tomate-cherry.
 Opinião
E
EDITORIAL
“Dos bancos espera-se que
façam coisas duvidosas,
O papel
mas as agências
de notação de crédito
comercial do
deviam ser aquelas em
que confiávamos para nos
GES e outros
orientarmos.” Neste caso,
só precisamos substituir
papéis
agências de notação
Q
por banco central uanto mais sabemos, maiores
são as dúvidas sobre onde ter-
mina a má-fé dos que levaram
o Banco Espírito Santo (BES) àruínae a
cumplicidade dos reguladores – Ban-
co de Portugal e CMVM – que foram
sendo enganados ou dando cobertura
ao que iasendo feito. Não háinocentes
e a defesa que Carlos Costa fez na Co-
missão Parlamentar de Inquérito à
gestão do BES e do Grupo Espírito San-
to confirmou-o. “Se pudesse, tirava a
idoneidade a Ricardo Salgado. Mas
não tinhapoderes”, disse o governador
do Banco de Portugal. No entanto, bas-
tava que tivesse tido a coragem para o
enfrentar, não quando o mal todo es-
tava feito, mas antes, por exemplo, de
milhares de investidores trocarem
quase dois mil milhões de euros por
papel comercial daESI e daRioforte. A
taxade juro eraatractivae o capital ga-
rantido tornava o investimento ainda
mais aliciante. A documentação apro-
vada pela CMVM, apesar das contas
estarem – sabe-se hoje – adulteradas,
em nada contrariava o discurso entu-
siasmado com que toda a máquina do
BES vendia o produto. Os que o com-
praram eram os únicos que não sa-
biam da armadilha em que estavam a
entrar. O BdP tinha pelo menos uma
ideiae provadisso é que, faz em Março
um ano, obrigou a Espírito Santo Fi-
nantial Group a provisionar 700 mi-
lhões de euros, que garantiam a pro-
tecção dos que tinham comprado o
papel comercial aos balcões do BES.
Entretanto, veio a resolução, a cria-
ção do Novo Banco, meses de pro-
messas de que tudo haveria de se re-
solver e, agora, afinal, ninguém vai
receber nada. Até os 700 milhões de
segurança desapareceram ou foram
aplicados noutra coisa que não aque-
la para que foram provisionados.
O presidente do Novo Banco, Eduar-
do Stock da Cunha, foi claro a assumir
6
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
a dificuldade de encontrar uma solu-
ção para o problema: “O Banco de
Portugal determinou que essa com-
pensação tem pelo menos de ser neu-
tra em termos de liquidez, capital e
rentabilidade do banco. O que é muito
difícil de atingir.”
Uma afirmação desagradável de
ouvir, mas que os lesados do papel
comercial certamente agradecem,
pois foi ela que acabou por forçar o
esclarecimento definitivo do BdP. Em
comunicado, este lavou as mãos do
assunto e remeteu a decisão para o
Novo Banco, que, ironicamente, está
limitado pelas regras que o próprio
BdP lhe impôs.
“Sentimos que fomos usados para
financiar um grupo económico fali-
do, com conhecimento e autorização
do BdP. Sobretudo, quando, como
resulta de cartas do regulador, o mes-
mo conhecia todos os factos desde o
exercício da auditoria ETTRIC2”, rea-
giu a associação de subscritores de
papel comercial do GES, numa sínte-
se elucidativa.
Comas devidas distâncias, é impossí-
vel assistirao que se passaem Portugal
e não recordar as recentes palavras
do procurador-geral do estado do Mis-
sissípi sobre a condenação da Stan-
dard&Poor’s a pagar 1500 milhões de
dólares aos governos central e esta-
duais dos EUA, por ter inflacionado a
notação de obrigações subprime, que
originaram a crise financeira de 2008:
“Dos bancos espera-se que façam coi-
sas duvidosas, mas as agências de no-
tação de crédito deviam ser aquelas
em que confiávamos para nos orien-
tarmos.” No caso do papel comercial
do GES, só precisamos substituiragên-
cias de notação porbanco central.
E
Ascertezassobre o SwissLeaks
Aparentemente, e ao contrário do que
aconteceu comoutros países, ninguém
em Portugal com responsabilidades
teve conhecimento do escândalo Swiss
Leaks antes das recentes notícias. Es-
peremos que os membros do anteriore
do actual Governo tenham certezaab-
soluta disso e que, a bem de todos, o
assumam de umaformatão concretae
frontal como Pedro Silva Reis, presi-
dente da Real Companhia Velha, con-
firmou tertido contano HSBC. W
  '

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PEUGEOT 2008
 Opinião
ALAGARTIXA
E O JACARÉ
Grite-se Sócrates, Costa,
Boaventura, Syriza, Bagão,
Louçã, Manuela, eu próprio,
os gregos, Varoufakis e logo
uma pequena multidão
começa a salivar nas redes
sociais, nos blogues, nos
“porta-vozes” oficiais e
oficiosos do PSD e do CDS.
Muita desta raiva vem do
desespero. Os melhores dias
já estão no passado e as
perspectivas são sombrias
O
Professor
José Pacheco Pereira
8
O O
Portugal,
2015 (1)
Portugal em 2015 está um país muito
esquisito, amorfo e ao mesmo tempo
zangado; cansado e ao mesmo tem-
po agitado, cheio de “criadores cul-
turais” e ao mesmo tempo ignorante
como nunca; egoísta, mas incomo-
dado pelo seu egoísmo, com má
consciência.
O Portugal urbano, precise-se. O
rural move-se por outros mecanis-
mos, mas não tem visibilidade a não
ser na televisão aos domingos. O
Portugal urbano de Lisboa, e, como o
mal é contagioso, o do Porto vai a
caminho. Coimbra continua muito
solidamente provinciana e tem estu-
dantes a mais. Muitos estudantes si-
gnificam um deserto cultural exten-
so. Praxes, copos e Rosinha. A Rosi-
nha ainda é o melhor. W
O muito pior. W
Portugal,
2015 (2)
Olhe-se em volta. Nos cinemas dos
centros comerciais (não há outros),
a parte da Humanidade que é do
sexo feminino faz fila para com-
prar bilhetes para ver um vago fil-
me erótico, com chicotes e alge-
mas, mas onde tudo é bonito, mi-
lionário, com gosto e controlado,
asséptico. Parece que o sadomaso-
quismo chique está na moda entre
as mulheres. Na verdade, não é
uma grande novidade, mas presu-
mo que os homens se interrogam
sobre o que é que não tinham per-
cebido nas suas mulheres, compa-
nheiras, namoradas, amantes e
seja lá o que for. Vão continuar
sem saber nada.W
Portugal,
2015 (3)
A crise grega entra nas redes sociais
por via da roupa do ministro Varou-
fakis. Discute-se o blusão de couro, o
cachecol, as camisas de fora ou de
dentro. Não admira. Muita da nossa
inteligência feminina, metrossexual e
gay gosta muito de discutir roupas e
ocasionalmente gatinhos. Sendo as-
sim, não admira que tenham passado
dos sapatos Prada, dos fatos Armani e
Boss do nosso ex-primeiro-ministro
caído em desgraça, para a discussão
contínua das gravatas e terminar na
mais imbecil crítica feita alguma vez
a Passos Coelho, a dos fatos suburba-
nos de segunda. Essa gente não se
enxerga mesmo. É isto segredo para
alguém, indiscrição, boato, ou má lín-
gua? Não, não é. É o conteúdo habi-
tual desse ruído moderno do Twitter
e do Facebook, feito por gente que
diz abominar a Caras e a Lux e faz
O
Portugal,
2015 (4)
O que tem mais graça, aliás o que é
mais ridículo, é que esta gente que
discute roupas, restaurantes e outros
ademanes da cultura urbana, que fa-
zem a Time Out ganhar a sua vida
(honestamente), é toda muito de es-
querda, muito de causa dos costu-
mes, muito do social, muito moder-
naça. Seja dito, no entanto, que há
também uma fauna de direita, muito
“ajustadora”, que é exactamente
igual. Aliás dão-se bem e exercem
activamente a boa prática do fishing
for compliments, ajudando-se uns
aos outros na luta pela vida. W

O O Correio daManhãnão quer saber
Portugal,
2015 (5)
A comunicação social continua a en-
ganar-se no remédio para a sua crise,
com excepção do Correio daManhã.
O nosso velho semanário de referên-
cia é cada vez mais escrito por qua-
rentões (e acima) que pensam que fa-
zem um jornal para os jovens de 18
anos. Valia a pena, passados um ou
dois anos, fazer uma lista dos jovens
prometedores que todas as semanas
promovem e saber o que é que lhes
aconteceu. Para onde foram todos
esses talentos que “descobriram” no
seu culto da novidade e da juventude
perdida? Valia a pena acrescentar
também o que é que aconteceu às
prometedoras start-ups nos “ninhos
de empresa”, que têm sido neste últi-
mos anos o “Portugal positivo”, para
dar corpo às teses governamentais
sobre o “empreendedorismo”.
SUSANA VILLAR
destas coisas, nem de modas urbanas
dos glitterati. O seu negócio é outro.
Fornece todos os dias umas postas de
carne crua aos leões de café, que pre-
cisam de muitas proteínas para rugir
alto e bom som. E prospera. W
O pequenos propagandistas não pode
Portugal,
2015 (6)
Em política, Pavlov reina como mes-
tre de cãezinhos. É tudo tão previsí-
vel, tão fácil de identificar, tão rudi-
mentar, tão… pavloviano. Grite-se
Sócrates, Costa, Boaventura, Syriza,
Bagão, Louçã, Manuela, eu próprio,
os gregos, Varoufakis e logo uma pe-
quena multidão começa a salivar nas
redes sociais, nos blogues, nos “por-
ta-vozes” oficiais e oficiosos do PSD
e do CDS. Muita desta raiva vem do
desespero. Os melhores dias já estão
no passado e as perspectivas são
sombrias. É verdade que muitos
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
aproveitaram estes anos de ouro
para se incrustar em lugares de no-
meação ou influência governamen-
tal. E vão continuar lá.
Claro que há de vez em quando uns
pequenos grãos na engrenagem. Jar-
dim, por exemplo, do “je suis Syriza”,
ou Marcelo que dá uma no cravo e
outra na ferradura. Mas para estes
haver hesitações. É o combate final e
não há “mas”, nem meio “mas”, é
tudo a preto e branco. Ou se é grego
ou alemão. W
O
Portugal,
2015 (7)
Animam-se com o facto de as mani-
festações pró-gregas terem pouca
gente, mas ignoram as sondagens
que mostram que muita gente ultra-
passou os argumentos mesquinhos
de Cavaco e Passos e tem simpatia
pelos gregos. À direita e à esquerda,
porque toda a gente precisava de um
assomo qualquer de dignidade na-
cional numa União Europeia manie-
tada pela elite política mais autoritá-
ria e escassamente democrática que
chegou ao poder nestes últimos anos.
Enganam-se se pensam que são os
esquerdismos do programa do Syri-
za que mobilizam as simpatias. É por
isso que há pouca gente nas mani-
festações, porque elas são miméticas
desse esquerdismo. Mas o que faz as
sondagens maioritárias pró-gregos,
a “maioria silenciosa”, é a afirmação
nacional, a independência, a sobera-
nia, a honra perdida das nações res-
gatada por um povo. É uma gigan-
tesca bofetada nos patriotas de boca
e empáfia que aceitaram tudo, assi-
naram tudo, geriram o “protectora-
do” com zelo e colaboração, e termi-
nam o seu tempo útil servindo para
fazer o sale boulotalemão. W
9
 Do leitor
Cristina Ferreira: aquela
máquina de fazer dinheiro
L Vítor Matos (vmatos@sabado.cofina.pt)
Hugo Cardoso
Proença-a-Nova
Numa sociedade onde as mulheres são inferiorizadas em relação aos ho-
mens, surge um exemplo de como contrariar essa posição. Cristina Ferreira
é uma mulher de armas, que luta pelos seus objectivos e que não desiste à
primeira adversidade. É uma comunicadora nata, não se envolve em polé-
micas. Um exemplo para muita gente. Precisamos de mais mulheres como
ela, que sigam os seus sonhos e que não vivam na sombra dos homens.
L nal grego em solidariedade com o
Ana Maria Fontes
Lisboa
Não podemos calar-nos!
O que aconteceu com o medica-
mento que cura os doentes com
hepatite C, que só foi disponibiliza-
do depois da morte de uma pessoa
e de ter havido “barulho” no parla-
mento, é um exemplo de que essa é
a atitude. Não podemos calar-nos
porque é a vida que está em causa.
Quantos mais medicamentos para
outras doenças estão na mesma si-
tuação? E as farmacêuticas que ga-
nham 1.000% na venda destes fár-
macos continuarão impunes?
L mente nesta idade é trocar de clu-
Joaquim Cunha
Almada
Jardim e a sua ilimitada falta
de responsabilidade
Este Carnaval, o presidente cessan-
te do Governo Regional da Madeira
desfilou com um chapéu tradicio-
10
Syriza, gritando, “não pagamos,
não pagamos”. A falta de responsa-
bilidade de um governante conse-
gue chegar a este ponto!
L Marketing
Jorge Morais
Porto
Lição de uma criança
Há dias foi divulgada a carta de
uma criança de apenas 6 anos, Ju-
de Branson, que, triste por o seu
clube não ganhar há bastante tem-
po, escreveu ao seu treinador favo-
rito, o português Mourinho, pedin-
do-lhe que viesse treinar o seu clu-
be. Ora o que acontece normal-
be. No entanto, este grande miúdo
optou pelo caminho mais difícil ou
mesmo improvável desafiando o
seu ídolo a mudar-se. Que grande
lição aos vira-casacas adultos que
todos os dias vemos a saltar de
partido logo que lhes cheira tacho.
Jude, obrigado pelo teu exemplo. W
www.sabado.pt
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João Borges de Oliveira, Pedro Mendonça, Luís Santana,
Alda Delgado, Pedro Araújo e Sá e António Simões Silva
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 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

j
Em cima (da
Aabrir esq.ª para a
dir.ª): Cristiano
Ronaldo (Real
Madrid), Fer-
nando Alexan-
dre (Académi-
ca), André Car-
valho (Tirsen-
se), Diogo An-
drade (sem clu-
be), Filipe Duar-
te (Benfica de
Macau), Chris-
topher
(Ribeirão).
Em baixo (da
esq. para a dir.):
Hugo Monteiro
(Leixões), Ste-
ven (Salguei-
ros), Costinha
(Palmelense),
Ricardo Costa
(Lixa), Pedro
Araújo
(Tondela)
JORNAL TORREJANO

O DIA EM QUE CRISTIANO RONALDO

SE ESTREOU PELA SELECÇÃO
FOI A 24 DE FEVEREIRO DE 2001, contra a África do Sul, num jogo de preparação da selecção sub-15, disputado em Torres No-
vas. Portugal ganhou 2-1 e Ronaldo marcou um dos golos. Já dizia que ia triunfar no Sporting e ambicionava estar no Euro 2004

André Carvalho, hoje no Tirsense, e
que também se estreou na selecção
frente à África do Sul em 2001, re-
corda que Ronaldo se destacou
nesse jogo: “Ele ganhava os troféus
de melhor jogador em todos os tor-
neios da selecção ou dos clubes.”
Na altura no FC Porto (Ronaldo
estava no Sporting), André adianta:
“Ele tinha uma característica pouco
comum nos jogadores daquela ida-
de, porque aliava a força à técnica.
Era rápido e explosivo, mas tam-
bém muito habilidoso. Se calhar
até usava a técnica mais do que faz
hoje, porque ele no Real Madrid é
mais objectivo”, conta à SÁBADO.
Outra característica era a sua am-
bição. “Lembro-me que quando fo-
mos ao Europeu sub-17, em 2002,
na Dinamarca, a certa altura estáva-
mos a conversar no quarto e surgiu
na TV uma referência ao Euro 2004.
E o Ronaldo disse logo: ‘Eu vou estar
ali.’ Nós começámos a gozar, a dizer:
‘Tens é sorte se estiveres a jogar da-
qui a dois anos.’ Mas a verdade é
que ele esteve mesmo lá.”
Entre os 17 convocados para a par-
tida frente à África do Sul, além de
Ronaldo só Fernando Alexandre (era
da formação no Benfica) fez carreira
em clubes da I Liga – está na Acadé-
RONALDO mica e já jogou no Est. Amadora, Sp.
GANHAVA Braga e Olhanense. Quanto aos ou-
SEMPRE OS tros, há quatro na II Liga, cinco na III
TROFÉUS e quatro nos distritais. Há ainda os
PARA ME- casos de Filipe Duarte (no Benfica de
LHOR JOGA- Macau) e de Luís Frangão, que na úl-
DOR, NA SE- tima época jogou no Uster, de uma
LECÇÃO OU liga regional suíça, e este ano está
NO CLUBE sem clube. CARLOSTORRES

ELES QUEREM TER PATENTES PARA A SUAS PALAVRAS

TENDÊNCIA. A cantora Taylor Swift pediu agora o registo legal sobre frases e termos da sua autoria. Mas não é um caso isolado

Taylor Swift Donald Trump Paris Hilton Snooki

A cantora pediu Registou A milionária é A estrela de
para registar “You’re fired” dona da expres- Jersey Shore foi
comercialmente (estás despedi- são “simple life” a tribunal para
frases do álbum do/a), que usa- (vida simples). registar o seu
1989, como a va no reality Em 2007, pro- nome (igual a
letra da canção show The cessou a Hall- uma personagem
This Sick Beat Apprentice mark por a usar de livros infantis)

11
 Aabrir
O marginal ameno
O País e se preocupa com a poupança
Nuno Costa Santos
Escritor
Sem sombra
de dúvida
1. Os bombeiros de Londres es-
tão alerta para o arrojo sexual
dos cidadãos inspirado pelo fil-
me As Cinquenta Sombras de
Grey. Exemplos: uso de algemas
sem ter a chave ao pé, anéis pre-
sos em zonas perigosas, intimida-
des capturadas por aspiradores e
utilização daquelas máquinas
para fazer torradas – ainda co-
nhecidas por torradeiras – com o
objectivo de recriação erótica.
Sim, em relações pífias é neces-
sário apagar os incêndios artifi-
ciais. Resta saber o que vai acon-
tecer por cá, o País das “Cartas de
Amor de uma Freira Portuguesa”.
(Temos uma Ana Steele. A nossa é
a Ana Zanatti).
57 mil lusitanos seres compra-
ram por antecipação bilhetes
para a obra. As opiniões, segundo
o Correio da Manhã, vão muito
num sentido: a grande falha é a
ausência de passagens da histó-
ria. Há quem comente a película
assim: “As cenas de sexo não são
muitas nem há muita violência.
Adorei.” Queridas pessoas, para o
chamado êxtase intelectual o
melhor é ler uns livros do Eduar-
do Lourenço.
2. Uma mãe solteira de 49 anos
colocou-se amorosamente à
venda no eBay. Apresenta-se
como “tendo sido usada” mas en-
contrando-se ainda em “bom es-
tado”. Já recebeu licitações no va-
lor de 272 euros. Qual é o target
desta mamã? Um grego “lindo” e
“simples”. A senhora devia colo-
car um anúncio nas reuniões do
Eurogrupo. W
12
Para ti (lha)
h
O SIMque não paga roaming
Este cartão SIMcusta €10 e possibilita
a troca de mensagens gratuitamente.
É útil para quem viaja para fora do
de tarifas internacionais
O MAIS JOVEM DO
MUNDO ASER
TRANSPLANTADO
CIÊNCIA
Com apenas seis dias, Oliver
Crawford tornou-se o bebé
mais novo da História a ser
submetido a um transplante
cardíaco. O recém-nascido
norte-americano foi operado
na semana passada no Hos-
pital Infantil de Phoenix, no
Arizona, EUA. Tinha miocar-
diopatia, malformação que
reduz a capacidade do cora-
ção de bombear o sangue.
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JOÃO COSTA, activador de marcas
anuel Zanella, CEO da Zero-
M mobile, (operadora de tele-
comunicações italiana), lan-
çou o WhatSim, um cartão SIM (Subs-
criber Identity Module) que permite
enviar mensagens de texto sem liga-
ção à Internet, através de várias apli-
cações de mensagens, entre as mais
conhecidas e populares, a whatsapp.
É também possível enviar imagens,
áudios e vídeos, mas para isso, é ne-
cessário efectuar um carregamento
mínimo de €5 no site da organização
whatsim.com. Está disponível em 150
países, entre eles, Albânia, Malásia ou
Zimbabwe, através de 400 operado-
ras de telecomunicações. É compatí-
vel com todos os smartphones livres
ou desbloqueados, idealmente, com
dispositivos equipados com dual sim.
Este cartão (nano, micro ou normal),
tem um custo de €10 + despesas de
envio e sem mensalidades fixas.
joaocosta@yap.pt
q
Três coisas sobre...
Adelaide Ferreira. A cantora vai regressar ao
Festival da Canção, 30 anos depois de ter ganho
com o tema Penso em Ti (Eu Sei)
1. É UMA DAS CONVIDADAS
DA RTP PARA O GRUPO
DE 12 COMPOSITORES
DO CONCURSO
2. TORNOU-SE BUDISTA
BRUNO COLAÇO/CM
3. FORMOU-SE NA ÁREA
DA REPRESENTAÇÃO

!
Saúde
Quantas horas de sono
são precisas por noite?
1. Um novo estudo da Natio-
nal Sleep Foundation, dos
Estados Unidos, ajustou os
tempos ideais para dormir
por várias faixas etárias.
2. Recém-nascidos Desde
o nascimento até aos 3 me-
ses devem dormir entre 14
e 17 horas por dia.
3. Bebés Dos 4 aos 11 meses
o sono deve oscilar entre
12 a 14 horas por noite.
4. Entre 1 e 2 anos O tempo
ideal é de 11 a 14 horas.
5. Entre 3 e 5 anos O horário
de sono deve ser entre 10 e
13 horas.
6. Dos 6 aos 13 anos Por noi-
te, devem dormir de nove
a 11 horas.
7. Adolescentes Oito a 10
horas de sono por noite.
8. Adultos Sete a nove horas.
9. Idosos Sete a oito horas.
A DIVA NETANYAHU
ISRAEL
A polémica que envolve Sara
Netanyahu, a mulher do pri-
meiro-ministro israelita, está
a marcar a campanha eleito-
ral no país. O antigo mordo-
mo, Meni Naftalí, acusa-a de
desvio de dinheiro da reci-
clagem das embalagens dos
produtos consumidos na re-
sidência oficial, pagos com
fundos públicos, num valor
que ascende a mais de 4 mil
euros. E em 2013, Sara Ne-
tanyahu exigiu uma cama
no avião na viagem a Lon-
dres, um capricho que terá
custado 112 mil euros. O ma-
rido defende-a e diz que de-
viam centrar-se nas propos-
tas dele. “É um assunto de
Estado. Benjamin Netanyahu
não faz nada sem a autoriza-
ção da mulher, mesmo na
política”, diz o jornalista Ben
Caspit ao El Mundo.
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Cruzados
na batalha
de Lisboa
Vieram de França,
Inglaterra, Alema-
nha, Itália. Na con-
quista da Península
Ibérica aos mouros
entraram mais es-
trangeiros do que se
supunha, talvez de-
zenas de milhares. A
tese é do historiador
espanhol Francisco
García Fitz. Eram
tantos, diz, que sem
os cruzados não te-
ria sido possível a
reconquista de Lis-
boa, em 1147.
PUB
13

Aabrir
A criada malcriada
Winter Break
FERNANDO ESTEVES
Sobe
S nhecida por “Guida Gor-
Maria Luís Albuquerque
Ministra das Finanças
Sim, é verdade que as
condições de vida dos
portugueses desceram a
níveis preocupantes nos
últimos três anos. E tam-
bém não é falso que o
Governo tem responsabi-
lidades no desastre. Mas,
sejamos justos, é igual-
mente verdade que o
Executivo tem mérito no
facto de, pela primeira vez
desde há muito, a econo-
mia nacional crescer:
0,9% em 2014.
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Iniciativas SÁBADO
FACEBOOK.COM/ACRIADAMALCRIADA E SÁBADO.PT
UMA HORTA GRÁTIS
LÁ PARA CASA
NOVIDADE
Salsa, manjericão, tomilho,
hortelã e tomate-cherry. São
estas as ervas aromáticas e
frutos que fazem parte da ini-
ciativa da SÁBADO Canteiros
da Cidade. Nas próximas se-
manas, oferecemos-lhe um
pack composto por dois vasos
biodegradáveis, duas etique-
tas e um livro explicativo,
onde poderá aprender mais
sobre plantação de hortas. Na
primeira semana, leve para
casa sementes de salsa.
Salsa
ASÁBADO
oferece-lhe
sementes para
a semana
2.875
títulospor
milhãode
Desce habitantes
põem a Inglaterra
D no nº 1 da lista de
Margarida Martins países com o
Pres. da J. F. de Arroios maior rácio de OIÇA SHERLOCKNA
livros impressos PRÓXIMA EDIÇÃO
Aquela que, nos loucos (no total são 184
anos 80, como porteira da mil), diz a Interna- LITERATURA
discoteca Frágil, era co- tional Publishers A colecção de clássicos que
Association tem saído com a SÁBADO nas
da”, é agora acusada de últimas semanas não deixou
empregar amigos na junta de fora Sherlock Holmes, um
de freguesia de Arroios,
que lidera. Os autarcas do
444
millivros
dos mais populares detectives
da literatura. Para a semana,
PSD requereram as actas foram editados leve por €4,95 A Aventura da
do executivo para o con- e reeditados na Fita Manchada, disponível em
firmar. A ex-presidente da China em 2014. edição bilingue e em duplo
Abraço, eleita pelo PS, re- Nos Estados formato (CD e livro).
cusou. Uma ilegalidade Unidos, o núme-
lamentável . ro ultrapassou
os 304 mil
25
millivros
foram publicados
em Portugal em
2014, de acordo
com a Associação
Portuguesa de SherlockHolmes. A AventuradaFitaManchada
ArthurConanDoyle
Editores 26 de Fevereiro €4,95
e Livreiros
 sĄůŝĚŽƉĂƌĂŶŽǀĂƐĂĚĞƐƁĞƐĂƚĂƌŝĨĄƌŝŽƐŵſǀĞŝƐhŶůŝŵŝƚĞĚ͕ŵĞĚŝĂŶƚĞĮĚĞůŝnjĂĕĆŽĚĞϮϰŵĞƐĞƐ
ĐŽŵ&ĂƚƵƌĂůĞƚƌſŶŝĐĂĞĠďŝƚŽŝƌĞƚŽ͕ĂƚĠϮϴͬϬϮͬϮϬϭϱ͘DĂŝƐŝŶĨŽƌŵĂĕƁĞƐĞŵŵĞŽ͘Ɖƚ

ADIRA JÁ
1696 | meo.pt
ATÉ
 Aabrir

As frases da semana

F
VascoPulidoValente, comentador, Público
“O couro preto e o pormenor moderno da fralda de fora
indicam agressivamente o macho-alfa, a sua virilidade e a sua
vontade de domínio. Características que, se não comovem
a sra. Merkel, intimidam os burocratas da economia”

F F F F
FranciscoLouçã UmaThurman PedroBritoeCunha NaomiKlein
“Portugal tem pela primeira actriz, que pareceu “Quem era a Tranquilidade para “A desregulamentação climática
ter feito uma plásti-
vez um governo que nos ca e desmentiu,
dizer que não quando o principal tornou-se uma crise existencial
representa na Europa, o grego” Today parceiro era o BES?” para a Humanidade. O único
Ex-líder do BE, Observador Ex-presidente da seguradora, precedente remonta à Guerra
“Eu sei que Jornal de Negócios
Fria, quando havia a convicção
F
pareço de um holocausto nuclear”
AnaDrago estranha! F Activista canadiana contra a globalização
e autora do livro This Changes
“O PS tem que decidir. Acho que JosédeMatos Everything, Actes Sud
Costa não pode discutir ninguém “Quanto é que a GCD perdeu
às segundas com Catarina com o GES? Foi muito dinheiro,
Martins e às terças com Rui Rio” gostou da mas não vou dizer o número” F
Ex-deputada do BE e um dos rostos do minha Presidente do banco, que teve 348 milhões PanosKammenos
Tempo de Avançar, i de euros de prejuízos, Diário de Notícias
maquilha- “Se virmos que a Alemanha
gem. Mas continua intransigente e que
F F quer rebentar com a Europa,
RuiRio faço isto EduardoStockdaCunha então teremos a obrigação
“Quando um partido está no há anos “Estamos a sair dos cuidados de passar para o Plano B”
Ministro da Defesa da Grécia, segundo o qual
poder, particularmente em e anos” intensivos, mas ainda estamos
o plano B é pedir ajuda fora da UE, BBC News
situação económica difícil, na sala de observação”
não é patriótico alguém Presidente do Novo Banco,
Jornal de Negócios
vir criar instabilidade” F
Ex-presidente da Câmara Municipal GilbertCollard
do Porto, justificando porque não concorrerá
contra Passos Coelho, Diário de Notícias
F “Ganharemos tranquilamente
MarinhoePinto [as presidenciais] em 2017”
“O caso do BESprovou que o Advogado francês e deputado da Frente
Nacional, Paris Match
F Presidente da República sabia que
JoséGil o banco era uma porcaria (...).
“Como não saudar a irrupção Em vez de pedirdesculpa
do Syriza na cena-político- ou calar-se, anda agora F
-existencial da Europa auto- a culparterceiros” CavacoSilva, Presidente da República, RTP
-anestesiada pela sua moral Líder do Partido Democrático
Republicano, Correio da Manhã
“Portugal está a transferir
niilista do ‘bom senso’, do
‘justo meio’, da ‘via única’?”
[para a Grécia] muitos
Ensaísta, Visão F milhões que são
MiguelPoiaresMaduro tirados dos bolsos
F “Nunca sugeri, nem discuti dos contribuintes
CarlosCruz qualquer nome do conselho de
“Quando me tiraram a Administração [da RTP], nada”
(…). Os gregos não
condecoração, os outros Ministro Adjunto e do Desenvolvimento podem fazer
Regional, Observador
presos disseram-me: ‘Não aquilo que
ligue, é um pedaço de lata’” muito bem
Ex-apresentador, i F
GentilMartins
entendem”
“Este SNS foi um feito histórico
GETTYIMAGES

irresponsável”
Cirurgião pediátrico, Jornal de Negócios

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MYRIAM GASPAR O moralista

F F
VitóriaGuerra, actriz, Vogue InêsPedrosa
“Não tenciono ver o filme [50
“Eu comecei a Sombras de Grey]. Já ia morrendo
trabalhar por ser de tédio com o trailer”
Escritora, Sol O
bonita. PedroMartaSantos
Jornalista e argumentista
F
Aceito isso. JoãoGabriel
As 50 trombas
“Acabou o blackout do
Epá, hei-de Sporting, começou o folclore” de Grey
envelhecer Director de comunicação do
Benfica, Record
Éhabitualdizer-sequeoshomens
e deixar F
e mulheres de direita olham para
o mundo como ele é e os de esquer-
de ser DominiqueStrauss-Kahn dacomo gostariam que ele fosse. Pe-
“Devo ser um pouco mais las declarações públicas das últimas
bonita. bruto no sexo quando semanas, os líderes portugueses não
É chato…” comparado com a média
dos homens. Estas práticas,
são sonhadores de esquerda ou rea-
listas de direita, são fãs de BDSM
embora minoritárias, (Bondage, Disciplina, Dominação,
estão extremamente Submissão, Sadismo e Masoquismo).
divulgadas” Cavaco Silva, o dungeonmasterde
Ex-presidente do FMI, Belém, defende o spanking (açoita-
durante o seu julgamen-
to por acusação de
mento) dos gregos por nos surripia-
proxenetismo, rem milhões (só ele sabe do que fala
Libération e poderá esquecer-se daqui a três
dias). Passos Coelho, o submisso fã
de shibari (técnica japonesa que es-
F teve na origem do bondage), apre-
HelenMirren senta-se à Europa de pés e mãos
“Na família real atadas, parecendo apreciaro chicote
[inglesa] são, austeritário da dominatrix Merkel e
de certa forma, insurgindo-se contraqualquerfugaà
extraterrestres” disciplina da masmorra em que nos
Actriz, The Independent enfiaram.
António Costa, cuja especialidade
F é fazer de morto, arte muito apre-
GiseleBündchen ciada entre os masoquistas, dá uma
“Se pudesse escolher, no cravo e outra na ferradura, a ver
viveria descalça, com se escapa às sevícias eleitorais de
animais à volta e uma casa uma colagem à ruptura grega. A es-
construída numa árvore. tética bondagechicjá contagiou os
Como Tarzan e Jane” grandes palcos: os milhares de arti-
Modelo, Vogue gos sobre o cachecol e calças pretas
de Varoufakis ou o blusão de cabe-
F dal de Christine Lagarde colocaram
JoãoPauloRodrigues a discussão ao nível dos livros (des-
“Não tenho piada nenhuma culpem o eufemismo) de E. L. Ja-
(...). Tenho saudades mes. Esta tendência S&M não é es-
do tempo em que tranha à natureza lusitana: estar
era só o Quim Roscas” quietinho; não fazer barulho; apa-
Humorista e apresentador, Notícias TV nhar porrada quando é preciso;
GONÇALO CLARO/VOGUE

obedecer. Fizemo-lo durante 41

anos no século XX. Podemos fazê-
-lo por mais 41 já neste século. De-
pois queixem-se. W

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Indiscretos

k k
O fim do eixo Lisboa-Cascais Luís Suspiro e os
O que une o PSD a Sequeade, Creixo- pastéis gourmet
mil, Roriz e Gamil, no Minho? Os depu- Inesperado encontro, dia
tados do partido visitaram por lá em- 12, no Pingo Doce das
presas no âmbito do Roteiro da Agri- Torres da Luz: “Quer ex-
cultura. É o fim do eixo Lisboa-Cascais, perimentar um pastel de
que supostamente domina o PSD. M.H.E. massa tenra? É de vitela
nacional e está cinco ho-
ras ao lume!”, convidou o
k chef, numa acção promo-
PSD BATE PS EM MEDALHAS cional da cadeia de super-
SETE PARA O PSD, SEIS PARA k mercados. N.P.L.
O PS E UM PARA A CDU. O
PRESIDENTE DA REPÚBLI- Fátima pendurada
CA, CAVACO A jornalista da RTP Fátima Campos Fer-
SILVA, CON- reira tinha uma entrevista agendada
DECOROU com Cristiano Ronaldo, em Madrid, na
15 ANTIGOS semana passada. O jogador português
PRESIDEN- passou dias agitados, com a derrota da
TES DE CÂ- sua equipa, o Real Madrid, frente ao ri-
MARA COM val Atlético, a que se somou a polémica
O GRAU DE festa do seu 30º aniversário, alvo de fe-
COMENDADOR rozes críticas dos adeptos. Não se sabe
DA ORDEM DE MÉRITO. FOI NA qual terá sido o motivo, mas o certo é
SEXTA-FEIRA, DIA 13, AZAR que o jogador português resolveu can-
celar a entrevista à última hora, deixan- k
PARA O PS, QUE TEVE MENOS Uma ex-ministra
CONDECORAÇÕES DO QUE do a apresentadora do Prós e Contras da Saúde popular
O PSD. V.M. pendurada. L.S. Rui Nunes, presidente da
Associação de Bioética,
teve Maria de Belém na
k apresentação do seu livro
A Sara Sampaio Regulação da Saúde. O
não é brasileira! médico desejou felicida-
A modelo portuguesa Sara des à ex-ministra, em
Sampaio continua em desta- “qualquer cargo que ve-
que nas principais revistas de nha a ocupar”. A simpatia
moda internacionais. Na vés- foi mútua. Maria de Belém
k pera do Dia dos contou que quando Nunes
O cachecol Burberrys Namorados, foi k lhe disse que fora nomea-
à esquerda e à direita até uma das Fãs da política do para a Entidade Regu-
O deputado do CDS Michael protagonistas da de ficção ladora da Saúde lhe res-
Seufert saiu assim à rua na sex- fotogaleria Las A série da RTP 2 Borgen pondeu que lhe devia ter
ta-feira passada: de cachecol Chicas de la (castelo em português), dito que desejava o cargo:
Burberrys. Exibiu a peça ao Semana, no sobre uma primeira- assim em vez de ser no-
mundo nas redes sociais, com o site da revista -ministra dinamarquesa meado pelo PSD, ela pró-
comentário: “Hoje, a manifestar GQ (edição em e com muita intriga po- pria o teria nomeado. V.M.
a minha solidariedade com o castelhano). lítica, tem dois fãs in-
governo de Louçã.” Yanis Va- Até aqui, tudo condicionais: o socialis-
roufakis, o novo ministro das bem. O pro- ta João Soares e a euro-
Finanças grego com que o BE blema é que deputada do PSD Regi-
simpatiza, tinha dado nas vis- o texto diz na Bastos não falham
tas ao surgir no Eurogrupo que Sara um episódio. Talvez re-
com um idêntico. No site da Sampaio é... conheçam algumas es-
marca, custa 395 euros. M.H.E. brasileira. L.S. tratégias. M.H.E.

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Veja
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Acordo
arrancado
a ferros
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Foram 16 horas de nego-

ciações na capital da
Bielorrússia, Minsk, até
ser alcançado, no dia 12,
o acordo de cessar-fogo
entre a Rússia e a Ucrânia,
com início marcado para
dia 15. Arrancado a ferros,
foi anunciado pelo próprio
Presidente russo, Vladimir
Putin, triunfante. Antes,
o Presidente da Ucrânia,
Petro Poroshenko, tinha
dito que “a Rússia faz exi-
gências inaceitáveis”, mas
assinou o documento em
nome da paz. Achanceler
alemã, Angela Merkel,
e o Presidente francês,
François Hollande, respi-
raram de alívio. Mas,
menos de 24 horas depois,
na sexta-feira 13, os Esta-
dos Unidos acusaram
os russos de estarem a
descarregar armamento
pesado para os rebeldes.

FOTO GRIGORY DUKOR /

REUTERS

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Insólito
NUNO PAIXÃO LOURO

Uma ópera de citrinos

Um trabalhador dá os retoques finais na réplica
de uma máscara da Ópera de Pequim, feita com
limões e laranjas, para o 82º Festival do Limão
de Menton, na região francesa dos Alpes Maríti-
mos, na Provença, que se realiza até dia 4 de
Março. Foram gastas mais de 20.000 horas de
trabalho para criar várias peças decorativas com
145 toneladas de citrinos para o festival, cujo
tema é: As Tribulações de um Limão na China.

! !
Laranja mecânica
tatuado na testa
O americano Edwin Ja-
mes Ross, de 33 anos,
foi preso durante um
assalto a uma casa em
Eugene, no Oregon, e
ficou conhecido por ter
tatuado na testa o
nome original do filme
de Stanley Kubrick:
Clockwork Orange.
Salvou o assassino
A australiana Casey Veal,
revelou na semana passa-
da que o assaltante que
em 2012 matou o seu filho
de 10 meses, Zayden, num
caso que chocou a Austrá-
lia, foi um antigo colega de
escola que ela salvou de
cometer suicídio. Harley
Hicks cumpre pena de 32
anos de prisão.
!
NOCASAMENTODAEX-NAMORADA,UMHOMEM
FALHOU O TIRO E MATOU O CONVIDADO QUE ES-
TAVA AO LADO DO NOIVO, QUE
SERIA O ALVO. FOI EM
NEWTOWNBUTLER, IRLANDA
DO NORTE, E O HOMEM, EMBRIA-
GADO, BALEOU OUTRA PESSOA E
ESFAQUEOU UMA TERCEIRA, AN-
TES DE SER PRESO PELA POLÍCIA.

! nistério da Cultura gre-
Gata recordista
Chama-se Tiffany Two e,
no próximo dia 13 de Mar-
ço, vai completar 27 anos.
Nasceu em San Diego, na
Califórnia, e foi reconheci-
da pelo Guinness Bookof
Records como “o gato
vivo mais velho do mun-
do”. A dona, Sharon Voor-
hees, comprou-a com seis
semanas numa loja por 10
dólares (cerca de 8 euros).
A idade de Tiffany Two
equivale a 121 anos nos
humanos.
! !
3.800 Ladrão de saltos altos Diamantes em
Um homem com peruca loira e sal- cratera vulcânica
Número de anos con- tos altos assaltou, na semana passa- 1. Dean Filppula, ame-
firmado pelo teste do da, um McDonald’s, em Melbourne, ricano natural do Loui-
carbono 14 que tem o Austrália, dizendo que levava uma siana, encontrou um
casal pré-histórico des- bomba. Ao fugir perdeu um sapato. diamante de dois quila-
coberto por arqueólo- tes no Parque Crater of
gos na gruta de Diros, Diamonds, no Arkansas.
na costa da península ! 2. Com 900 hectares, o
do Peloponeso. O mi- Dinossauros tomavam LSD parque é lugar habitual
Estudo da Universidade do Oregon, nos para quem procura dia-
go revelou, dia 12, a ra- EUA, revela que os dinossauros comiam mantes naquela antiga
ridade do caso: o casal um fungo que continha um componen- cratera vulcânica com
estava abraçado no in- te alucinogénio do LSD. A amostra foi 100 milhões de anos.
terior da sepultura. feita a uma erva preservada em âmbar. 3. Do tamanho de
uma ervilha, o diaman-
te é o terceiro maior já
! encontrado no local e
Lei para banir calças de ioga recebeu o nome
David Moore, deputado estadual do MERF, iniciais da mãe
Montana, EUA, apresentou uma pro- de Filppula.
posta de lei na semana passada para 4. Em 1924 foi encon-
alargar a actual lei da exposição inde- trado naquela cratera o
cente às roupas “que deixam ver ou si- maior de sempre, com
mulam” mamilos, rabos, área genital ou 40 quilates; há um par
pélvica. Moore defende que “usar calças de anos foi descoberto
de ioga em público devia ser ilegal”. outro com 3,8 quilates.

22
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 19 FEVEREIRO 2015
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Obituários
LUÍS SILVESTRE

Michele Ferrero (1925-2015)

Era o homem mais rico de Itália,
dono das fábricas de Nutella e
Ferrero Rocher. Vivia no Mónaco e
deslocava-se de helicóptero para
as suas fábricas, mas ficou conhe-
cido como um milionário discreto
sede do império da família
festas e acontecimentos sociais. Vi-
via numa luxuosa villa no Mónaco
e deslocava-se habitualmente de
helicóptero todos os dias úteis para
a sede da empresa em Alba. Usava
habitualmente óculos escuros e era
um católico fervoroso, devoto de
Nossa Senhora de Lourdes, tendo
ERA DEVOTO do em larga escala em 1964, já
DE Nª Sª DE quando Michele Ferrero estava à
LOURDES E frente dos negócios. Actualmente,
TODOS OS 15% da produção mundial de ave-
ANOS SE lãs destina-se às 11 fábricas da fa-
DESLOCAVA mília Ferrero espalhadas por todo o
AO planeta. Apesar do carácter reser-
SANTUÁRIO vado, o milionário era um grande

A Ferrero fica na pequena ci-

dade de Alba, no Norte de
Itália. Era aí que Michele Ferrero
costumava testar novos produtos e
sabores, no complexo de fábricas
de onde se produzem guloseimas
famosas em todo o mundo, como o
creme para barrar Nutella, as pasti-
nhas Tic Tac, ou os chocolates Fer-
rero Rocher, Mon Chéri e Kinder. O
milionário italiano tomava as prin-
cipais decisões estratégicas numa
pequena divisão, por cima do bloco
de escritórios, conhecida como la
saletta, onde se realizavam os tes-
tes de novos sabores, equipada
com bancadas e recipientes para
cuspir. “Fazemos aqui provas todos
os dias, das 8h até às 19h”, contou
um dos executivos da empresa ao
jornal britânico The Guardian,
numa das poucas reportagens au-
torizadas pela família no local.
Michele Ferrero era dono da
maior fortuna de Itália e, segundo a
revista Forbes, ocupava a trigésima
posição na tabela dos mais ricos do
mundo, com um património ava-
liado em 20,5 mil milhões de euros.
Sempre foi um homem discreto,
nunca deu conferências de im-
prensa e raramente aparecia em
até o hábito de ir em peregrinação
ao santuário na zona montanhosa
do Sul de França, pelo menos
EM FRANÇA benemérito, tendo apoiado várias
obras sociais, sobretudo na sua re-
gião natal. Orgulhava-se de nunca
uma vez por ano. Diz-se que a ter tido uma greve nas suas
forma e o nome dos bombons empresas e era muito es-
Ferrero Rocher foram inspi- timado pelos emprega-
rados precisamente na co- dos. Um dos momen-
lina Rocher de Massa- tos mais duros na sua
bielle, onde ocorreram vida foi a morte do fi-
as aparições no século lho mais velho, Pie-
XIX. O certo é que todas tro, vítima de um ata-
as fábricas e escritórios que cardíaco em 2011
da empresa espalhados quando fazia ciclis-
pelo mundo têm uma mo na África do Sul.
imagem da santa. A gestão da empre-
A empresa da família sa passou então para
começou como uma modes- o seu outro filho, Gio-
ta fábrica de chocolates em vani, mas o milionário
1946. Logo a seguir à II manteve-se a par dos ne-
Guerra Mundial, o cacau foi gócios, apesar de a sua
racionado e os preços dispa- saúde se ter deteriorado
raram. Para contornar o pro- muito nos últimos meses.
blema Pietro Ferrero, pai de Michele Ferrero mor-
Michele, decidiu fazer um reu, aos 89 anos, no
creme de chocolate adicio- passado dia 14 de Fe-
nando à receita uma dose vereiro. Pouco depois,
de avelãs, muito mais bara- as contas de Twitter
tas e abundantes na região. encheram-se de milha-
Assim surgia Nutella, um res de mensagens de
dos doces mais famosos consumidores, agradecendo
do mundo mas que só os doces momentos que ele lhes
começaria a ser produzi- tinha proporcionado. W
LUIS GRAÑENA

Louis Jourdan Nasceu em Marselha e foi estu- David O. Selznick o contratou

(1921-2015) dar teatro em Paris, sendo logo
escolhido para O Corsário, filme
Interpretou vários papéis que acabaria por nunca estrear
de galã no início da carreira devido ao início da II Guerra
mas com a idade especiali- Mundial. Juntou-se à resistência
zou-se em vilões. Foi um dos francesa contra os nazis, depois
poucos actores franceses de o pai ter sido preso pela
a conquistar Hollywood, Gestapo. Fez vários filmes na
depois da II Guerra Mundial Europa e chamou a atenção de
Hollywood, onde o produtor
para O Caso Paradine (1947)
contra a vontade do realizador,
Alfred Hichcock. Foi o galã de
Gigi (1958), que conquistou nove
óscares, mas no fim da carreira
ficou célebre em papéis de vilão,
como em 007– Operação Ten-
táculo. Morreu no passado dia
13 de Fevereiro, na sua casa em
Beverly Hills. Tinha 93 anos. W

24
 Entrevista
Estudou Gestão, mas nunca quis trabalhar em empresas sem ligação à arte,
o seu mercado preferido. É director da ARCO, a feira de Madrid, desde 2011,
que hoje é um êxito e na altura estava em risco de acabar. Por Rita Bertrand
“O melhor
écomprarartistas
do nosso tempo”
a semana em que abre a
N 34ª edição da ARCO, a
feira de arte de Madrid,
onde qualquer pessoa
pode apreciar e comprar obras de
mais de mil artistas, falámos com
Carlos Urroz, que a dirige há três
anos e que a tornou num evento de
referência ao nível mundial.
Este ano, a ARCO Madrid reforçou
o orçamento para a promoção in-
ternacional, em que investiu 1,5
milhões de euros, de um total de 5
milhões. Qual é objectivo?
A ARCO sempre lutou pela inter-
nacionalização. Tem muito êxito
no mercado espanhol, mas a
maior parte do nosso investimen-
to destina-se a trazer galerias de
qualidade, coleccionadores inte-
ressantes e directores de museus.
Apostamos nisso e dedicamos
muito tempo e recursos a fazê-lo,
para termos uma feira melhor, que
seja, de forma ampla, um espelho
do mercado.
Com 12 galerias, Portugal tem a
presença mais forte da feira?
A participação portuguesa é uma
das mais importantes, ao lado das
de Alemanha, França e Brasil. As
galerias portuguesas sempre apos-
taram na ARCO e são importantes.
26
CARLOS URROZ
F Como se articulam as galerias de
“A feira foia
peça-chave
de uma
geração e
impulsionou
diferentes países, lado a lado, com
linguagens tão diferentes?
São 218 galerias de 29 países e con-
vivem de forma estupenda, nos pa-
vilhões 7 e 9 da Ifema (a FIL madri-
muitas lena), graças ao desenho espacial do
galerias e arquitecto Andrés Jaque. Haverá
colecciona- muitas linguagens distintas, de facto:
dores” ao todo deverão ser mostradas
obras de mais de mil artistas.
A ARCO Madrid é mais um espa-
ço de descoberta para leigos cu-
riosos ou uma oportunidade de
negócio para coleccionadores
experientes?
É uma feira de descoberta de novos
talentos e de aprofundamento das
obras dos próprios artistas – para
todos. Para os coleccionadores em
particular, é uma oportunidade de
ampliarem as suas colecções com
novos artistas.
É director da feira desde 2011,
mas está ligado a ela, noutras
funções, desde 1994. E também
Mínimo5 mil a conhece desde que começou,
Um pequeno es- nos anos 80. O que mudou desde
paço na ARCO
custa, no mínimo,
então?
5 mil euros; stands Nestes 34 anos, o mercado espanhol
maiores, de gran- mudou muito. Na década de 80, a
des galerias, che- feira tinha um cariz mais festivaleiro.
gam aos 40 mil Na de 90, quando se formou o nú-
cleo forte dos galeristas actuais, tor-
nou-se mais académica. Actualmen-
te, é uma plataforma de mercado.
Esta feira foi a peça-chave de uma
geração e impulsionou o desenvolvi-
mento de muitas galerias e coleccio-
nadores, além de ser uma ferramen-
ta fundamental para a difusão, pro-
moção e gestão da arte em Espanha.
Como está o mercado da arte? De
que modo a crise o afectou?
A crise afectou o mercado da arte, tal
como afectou todos os outros. Po-
rém, este ano estou a aperceber-me
de sinais evidentes de recuperação e
acredito que isso se traduzirá em
grandes volumes de negócios na fei-
ra. De facto, ainda antes de abrir, já
recebemos confirmações de com-
promissos de compra por parte de
empresas e colecções importantes.
A ARCO é uma feira de sucesso,
mas nem sempre foi assim. A que
se deve este êxito recente?
Sempre quisemos aproximar a arte
contemporânea de todo o tipo de
públicos. Nos últimos anos, tivemos
a capacidade de tornar isso uma
realidade, chamar pessoas de todo
os lados, de diferentes áreas, mas
não gosto que me vejam como sal-
vador da ARCO. Atravessou uma
fase difícil, sim, mas é um evento
 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

j importante há mais de 30 anos e

Carlos Urroz fará interessa a muita gente, incluindo
50 anos em 2016,
quando a ARCO ao Governo, e que assim continue,
completar 35. A comigo ou com outro.
preparação dos
festejos já está em
marcha. Tudo em A participação dos museus tam-
segredo bém aumentou. Porquê? São os
melhores clientes?
Se são! Este ano, em que o número
de convidados cresceu cerca de
30%, há uma grande predominân-
cia de directores de museus. A feira
acolherá o IV Encontro de Museus
da Europa e da América Latina, à
qual se soma uma sessão de traba-
lho exclusiva, que terá cerca de 50
directores e representantes de mu-
seus. Não só da Europa: temos con-
firmada a presença de directores e
comissários, acompanhados de co-
mitivas dos seus mecenas, de 19 de-
legações de museus norte-america-
F nos e canadianos. Teremos mece-
“Não gosto nas da Tate (Londres), do Centre
que me vejam Pompidou (Paris) e do Bonniers
como Konsthall (Estocolmo).
salvadorda
ARCO. Teve No total, quantos coleccionadores
uma fase espera receber nesta edição?
difícilmas Cerca de 300, de 33 países, mais de
éimportante metade pela primeira vez.
há mais de
30 anos” Que artistas vale a pena coleccio-
nar hoje?
Acredito que o melhor é comprar
artistas do nosso tempo. Defendo
um coleccionismo mais passional,
mais baseado na ideia do que re-
flecte o nosso tempo do que em va-
lores de mercado. O meu conselho,
para os coleccionadores principian-
tes, é que prefiram os artistas mais
jovens e os que são representados
pelas galerias da sua própria cidade.
Depois, se a carreira correr bem ao
artista escolhido, fantástico! Se não,
a obra nunca deixará de ser um tes-
temunho do seu tempo e da sua
biografia – além de que, desse
modo, terá ajudado um jovem cria-
F dor a continuar o seu trabalho.
“Há artistas
que usam Ao longo dos anos, a ARCO reve-
as novas lou artistas completamente des-
tecnologias, conhecidos que hoje têm cotação
mas está elevada no mercado?
longe de ser Claro. Por exemplo, Secundino Her-
o suporte nández e dois vencedores de edi-
D.R.

dominante” ções passadas do prémio Aude- Q

27

Entrevista
Q mars Piguet, que todos os anos
patrocina a produção de uma obra
inédita. Guillermo Mora, que venceu
em 2014, e Juan Luis Moraza, que
ganhou em 2013, este ano já estão
a expor no museu Reina Sofía.
Também há espaço para a perfor-
mance na ARCO Madrid. O que
destacaria este ano?
Precisamente a aposta de uma gale-
ria portuguesa, a Cristina Guerra,
que trará uma performance da artis-
ta brasileira Adriana Barreto.
Há uma tendência dominante na
arte actual?
Está de volta a pintura de artistas jo-
vens e há uma atenção cada vez
D.R.
maior em torno da escultura, um
tipo de escultura que desemboca na
instalação. Há artistas que usam as
novas tecnologias, mas estão longe
de ser o suporte dominante.
São sempre as galerias que con-
tactam a feira, a fim de partici-
par? Ou a ARCO faz convites?
Passamos o ano inteiro a viajar e a
visitar galerias e feiras de arte, para
promover a ARCO. Damo-nos a co-
nhecer e depois são as galerias que
enviam a sua candidatura, que é
apreciada pelo comité organizador,
que as selecciona, segundo critérios
rigorosos. Este ano, certamente por
termos investido mais na promoção,
recebemos mais 25% de candidatu-
ras do que é costume.
Dedicam a feira à Colômbia, mas
toda a América Latina tem forte
representação. Porquê?
Este ano a participação latino-ame-
ricana cresceu 52%, com um total de
47 galerias de 10 países, o que vem
consolidar o papel já tradicional da
ARCO enquanto ponte para o mer-
cado europeu e o asiático. Isso é re-
forçado por termos a Colômbia
como país de honra e por dedicar-
mos o programa Solo Projects à in-
vestigação da produção artística la-
tino-americana.
Quem são os maiores artistas co-
lombianos? Estarão na feira?
A Colômbia tem muitos artistas com
reconhecimento internacional,
28
g como Oscar Murillo, Oscar Muñoz e
A feira é exclusiva Doris Salcedo. Interessa-nos mais
para profissionais
da arte nos dias 25 divulgar artistas superinteressantes,
e 26 de Fevereiro; mas quase desconhecidos. O comis-
de 27 a 1 de Março, sário Juan Andrés Gaitán, crítico de
é para todos. Espe-
ram-se mais de 100 arte, fez uma selecção, que decerto
mil visitantes será uma boa surpresa.
A sua formação é em Gestão de
Empresas. Como se tornou espe-
cialista em arte?
É a minha vocação. Não tirei um
curso de História de Arte, mas entre
1994 e 1997 trabalhei com Rosina
Gómez-Baeza, que foi directora da
ARCO durante mais de 20 anos.
Com ela aprendi a adaptar os prin-
cípios da gestão ao mundo da arte. E
na Galería Helga de Alvear, que diri-
gi até 2005, aprendi a trabalhar com
artistas, a montar exposições, a
apreciar arte. Foi a melhor universi-
dade que podia frequentar.
Montou exposições, em Espanha,
de artistas muito famosos, como
Thomas Ruffe JeffWall. Como foi
Prémios conhecê-los?
A ARCO dá nove: Todos os artistas são pessoas espe-
um à melhor expo- ciais, mas um jovem talento mere-
sição, cinco a artis- ce-me o mesmo respeito que um
tas e três a colec- artista de grande projecção. Foram
cionadores (priva-
trabalhos excelentes.
dos, corporativos,
internacionais):
são os prémios “A” Os mais famosos não são os mais
de Coleccionismo. procurados?
O BES Arte rece- Há dois tipos de arte contemporâ-
beu um em 2011 nea: a muito visível, orientada pelo
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
dinheiro e a que já nem os museus
têm acesso por ser demasiado cara,
e a dos artistas emergentes, que são
quem faz evoluir a arte e o mercado,
e que só têm visibilidade entre os
profissionais mas acabam por ser
mais interessantes. A ARCO é maio-
ritariamente deles, embora por ve-
zes também apareçam obras de Pi-
casso, Miró e Warhol.
Quantos portugueses, em média,
costumam visitar a feira?
Não podemos saber exactamente
quantos, mas é um público numero-
so, pois a ARCO é a grande feira de
arte de referência em Portugal.
E profissionais portugueses?
Nos Encontros Profissionais, um
dos grandes marcos da feira, estará
João Fernandes, que é português e
actual subdirector artístico do Mu-
seu Reina Sofía. Será ele também a
co-dirigir o Encontro de Museus da
Europa e da América Latina. Conta-
remos com a presença de Isabel
Carlos, directora do Centro de Arte
Moderna, da Gulbenkian, de João
Laia, fundador da plataforma (sem
fins lucrativos, sediada em Espa-
nha) The Green Parrot, de João
Mourão e Luís Silva, da Kunsthalle
Lissabon, de Margarida Mendes, di-
rectora do espaço The Barber Shop,
em Lisboa, e de Miguel Amado, co-
missário independente, como nosso
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 Opinião

O de discutir a política doméstica russa

RELATÓRIO desde 1991, com a ascensão de

MINORITÁRIO A Bela Ieltsin, protegido por um colete à

prova de bala, os sucessivos pronun-
No desenlace da Ucrânia
está o futuro da Europa. E o
adormecida ciamentos militares, a ameaça de
guerra civil, a destruição por tanques
seu passado, com todas as da “Casa Branca”, o Vietname san-

D
sombras e luzes. A nação evemos dar graças pelo pe-
retalhada dorme um sono riclitante cessar-fogo na
sangrento. O despertar Ucrânia?
pode ser doloroso, mas virá Sim, mas sem ignorar que naque-
las paragens pode habitar a maior
ameaça a uma sociedade decente
de nações.
Ameaça às nossas vidas, mas so-
bretudo à existência daqueles a quem
legarmos a terra.
Falando claro, o problema não é o
dos acontecimentos internos – de
Kiev à Crimeia – verificados há exac-
tamente um ano.
As interpretações sobre a “revolu-
ção” de Maidan são imensas, no que
tocaarazões próximas e remotas. Mas
averdade é que se tratade um proces-
so que só aos ucranianos diz respeito,
e que só estes podem sarare resolver.
A não ser assim, teríamos também
grento na Chechénia, as discussões
sobre o controlo da comunicação so-
cial e os vícios do processo eleitoral, a
eclosão dos oligarcas e a desconside-
ração de outras línguas nacionais,
num estado com 20% de não russos.
A única coisa a debater é a legalida-
de internacional. Gostando ou não do
Governo de Kiev, Moscovo conti-
nuou a reconhecer o Estado ucrania-
no, as suas embaixadas e consulados,
e jurou respeitar as suas fronteiras.
Sentou-se com ele na ONU, na OSCE,
no Conselho da Europa (de onde en-
tretanto foi suspenso).
A que título apoia assim a Rússia
uma partilha territorial do vizinho,
com armas, munições, “voluntários”,
treino, enquadramento, e a ocupação
militar de dezenas de quilómetros de
fronteira ucraniana? Q

O j
Verdade e
consequências
No fim do dia, portodaaluminosape-
nínsula grega, há que ter tempo para
pensar, e mediras consequências.
No fundo, mesmo que o Syriza fe-
chasse fronteiras provisoriamente,
denunciasse tratados e acordos, re-
volucionasse a lei interna, cobrasse
100% de impostos sobre as fortunas
que restam, voltasse à dracma, re-
construísse a agricultura e a indústria
para um mercado interno mirífico,
não haveria outra solução a não ser
mais trabalho, trabalho mais intenso,
trabalho mais prolongado, sem refor-
ma, para todos os cidadãos.
Da austeridade mandatada pelo ex-
terioriríamos paraaausteridade deci-
didapelos próprios. AGréciaviveriaos
O
Politólogo mesmos apertos, mas sob o consolo
REUTERS

Nuno Rogeiro da“soberania”. Quem o quer? W

nrogeiro@gmail.com

30

REUTERS
Q Potência em potência, rica em
história, talento e tecnologia, aUcrânia
dorme. O seu passado está ligado ao
da Rússia, o que mereceria mais res-
peito. Lembremos um nome imortal,
como exemplo.
Sergei Prokofiev foi um dos mais
brilhantes compositores ucranianos,
que progrediu no fim da Rússia cza-
rista e da URSS.
Em 1927, regressado de 10 anos de
vida no estrangeiro, foi interrogado
pela Associação Russa de Músicos
Proletários (ARMP), acerca do seu
bailado O Passo de Aço, a estrear no
Bolshoi. Perguntaram-lhe: “A fábrica
aqui representada é uma empresa
O h
A sonda
Em apropriado “fundo” (no Público),
Vasco Pulido Valente reflecte sobre
as últimas sondagens, e vê no Portu-
gal de 2015 o de 1976. É verdade, se
olharmos para as posições relativas
dos partidos tradicionais, adiciona-
GETTYIMAGES
das aos restos “revoltados”.
Salvo se forem cometidas grandes
asneiras pelo comedido António Cos-
ta (o que não é crível), e grandes ma-
ravilhas pelo objectivamente sacrifi-
cado Passos Coelho (não acredito em
milagres de origem humana), é muito
possível que o próximo governo seja
PS, sozinho ou acompanhado.
O que coloca a questão das presi-
denciais.
Iria o pêndulo compensar com uma
maré de votos num candidato dife-
RICARDO PEREIRA
rente, de equilíbrio, ou num apêndice
(sem ofensa) de Costa? W
capitalista, onde o trabalhador é es-
cravo, ou uma companhia soviética,
onde o operário é senhor?”
Prokofiev recusou-se a retorquir:
“Isso é política, não é música. Com
músicos, só respondo a questões mu-
sicais.”
Resultado: a ARMP sentenciou que
o ballet era um “insípido e ordinário
episódio anti-soviético, uma compo-
sição contra-revolucionária a roçar o
fascismo”.
Claro que, poucos anos depois, Es-
taline e Hitler mandavam assinar um
pacto maldito, dividiam a Europa e
faziam reinar a sua mundividência
totalitária. Mas o “quase-fascismo”
de Prokofiev fez com que a obra ti-
vesse de ser rejeitada pelo magnífico
teatro de Moscovo.
O músico morreria no mesmo dia
do anúncio do falecimento de Estali-
ne. O principal boletim musical so-
viético (Sovetskaya Musica) dedicou
a pequena secção de uma página ao
compositor, e 115 ao tirano.
Sessenta e dois anos depois, o ultra-
moderno e modelar aeroporto de
j tro da Politécnica. Inspirado pelo
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Donetsk, que fora rebaptizado com o
nome de Prokofiev, transformou-se
num monte de ruínas.
Mais uma vez a força das armas ca-
lou o poder do espírito.
Mas não para sempre.
A Bela há-de voltar à vida, desper-
tada do sono trágico, algures nas pro-
fundezas da Europa.
PS – Os acontecimentos em Cope-
nhaga, ou na Líbia, provam mais uma
vez que se pode matar o Dito Estado
Dito Islâmico no berço, algures entre
o Tigre e o Eufrates, mas as metásta-
ses do cancro autonomizaram-se, e
viverão connosco. São uma forma
aparentemente “ideológica” e con-
certada de velhas raivas e manias,
marcação de território por gangues de
marginais, guerra assimétrica de de-
senquadrados a tudo o que se mova,
além do horizonte das suas fantasias.
Não há nenhuma solução lógica que
não passe por firmeza, paciência,
bom senso, solidariedade, civismo
militante (sem “mas” de desculpa) e
superioridade de informações. W
O
Fora do comum
A minha filha canta muito melhor o
Autumn Leaves. Mas não é esse o
ponto. Ancião de voz roufenha e frá-
gil, Bob Dylan decidiu gravar Frank
Sinatra, o mestre do timbre. Sha-
dows in the Night (Columbia), pode
parecer uma bizarra brincadeira,
mas vem do coração.
Experimental, também, é OsAcon-
tecimentos, de David Greig, no Tea-
massacre de Oslo de 2011, pergunta
sobre o absurdo, a humanidade e o
seu inverso.
E há uma grande mostra de origi-
nais de Almada Negreiros, o nosso
pai da invenção, no Museu da Electri-
cidade, em Lisboa.
Por fim, espera-se outro inspirado
concerto do genial LST, no CCB, em
Belém. Eis o trio de cordas mais sur-
preendente do mundo. W
31
 Destaque

INVESTIGAÇÃO. AS LUTAS INTERNAS DA MAÇONARIA PORTUGUESA

MAÇONS
EM GUERRA
Uns ameaçam com greve de fome, outros com tribunais. Uns insultam, outros andam
à bofetada na rua. Há queixas de roubos, juras de vingança e agentes infiltrados. Os
quatro mil irmãos estão (quase) sempre em conflito. Com eles mesmos. PorAntónioJoséVilela

O
email deixou os maçons à beira da
guerra total. Era dirigido a António
Justino Ribeiro, um dos candidatos a
grão-mestre adjunto na lista do his-
toriador e ex-secretário de Estado
socialista da Cultura António Reis.
“Caro amigo Justino, na sequência
da nossa conversa de ontem confirmei que o comunica-
do que fiz sobre o [Filipe] Frade [o outro candidato a
grão-mestre] está a circular. Já pus os meus homens a di-
zerem (…), como o combinado, que o Frade é paneleiro.
Vamos estar alerta. Com um abraço amigo e fraterno,
Vasco Lourenço”, dizia a mensagem alegadamente escri-
ta por um dos mais conhecidos militares do 25 de Abril.
Em causa ficava outro militar, um coronel na reserva que
participara na luta armada contra o Estado Novo e inte-
grara a Liga de Unidade e Acção Revolucionária.
A confusão instalou-se e houve quem se oferecesse
para resolver o assunto com as próprias mãos. O Conse-
lho da Ordem – a estrutura que manda no Grande
Oriente Lusitano (GOL) – decidiu intervir até porque se
temia, a qualquer momento, a “divulgação pública não
controlada” do episódio. Os maçons Vasco Lourenço, da
Loja 25 de Abril, e António Justino, da Loja Montanha,
negavam a toda a irmandade qualquer envolvimento na
VASCO zar a “mentira” a “difamação” e a “vilania” para “desviar
LOURENÇO o foco das atenções da campanha”.
FEZ QUEIXA Vasco Lourenço foi mais longe e, depois de anunciar
À PJ POR que tinha feito queixa à Polícia Judiciária, acusou a lista
CAUSA DE de Filipe Frade de estar por trás do que se estava a pas-
UM EMAIL sar. “Já previa situações desta natureza (…). Confesso, no
ONDE SE entanto que nunca imaginei que alguém, no seio da NAO
CHAMAVA [Nossa Augusta Ordem] pudesse descer tão baixo!”
“PANELEIRO” Este episódio, de Maio de 2008, não está isolado na
A UM IRMÃO história da maçonaria portuguesa. Hoje, os cerca de qua-
tro mil maçons activos que fazem parte da Grande Loja
Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal
(GLLP/GLRP) e do GOL – as duas maiores correntes na-
cionais – são um exército de influência política, econó-
mica e social, mas também um corpo de rivalidades es-
condidas que podem explodir a qualquer momento.
Numa sociedade iniciática como a maçonaria, o segre-
do organiza as relações entre profanos e iniciados e é
um meio poderoso de coesão e acção do segundo grupo.
Mas o ambiente fechado, exclusivo e secreto das lojas e
das sessões nocturnas também facilita as conspirações
O cadastro avulsas internas e guerras que esquecem a apregoada
As leis internas solidariedade da irmandade. Nessas alturas, os maçons,
das maçonarias cujo dia mundial se assinala no domingo, 22, tornam-se
obrigam os nos piores inimigos e juram vinganças para sempre.
ALEXANDRE AZEVEDO

história. Segundo Justino, que garantiu não ter endereço novos maçons Duas semanas antes do explosivo email, Vasco Lou-
de email ou sequer saber como “funcionava tal coisa”, a apresentarem renço e 22 outros mestres maçons (um deles o histórico
tratava-se de uma armadilha concebida por maçons o registo Edmundo Pedro) das lojas 25 de Abril, Romã, Estrela
“peritos” em “contra-informação” e que estavam a utili- criminal do Norte e Utopia, tinham subscrito e divulgado uma Q

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 www.sabado.pt

j
Nos templos da
maçonaria há
guerras pelos
cargos da loja que
são quase incom-
preensíveis para os
não iniciados
 Destaque

Q declaração em que defendiam que a hipotética eleição NA

do adversário de António Reis “abriria as portas (…) à MEALHADA
destruição” do GOL. A poucos dias das eleições, a comis- HOUVE UMA
são da candidatura opositora queixou-se que as “torpes GUERRA DE
acusações” representavam um “autêntico assassínio de MAÇONS NA
carácter” de Filipe Frade e dos seus apoiantes. Entre os LOJA DO
sete subscritores da longa queixa ao conservador geral PRESI-
de Justiça do GOL, o juiz conselheiro Artur Costa, esta- DENTE DA
vam as assinaturas do socialista Luís Grave Rodrigues e CAIXA DE
do jornalista Inácio Ludgero. CRÉDITO
Filipe Frade perdeu a eleição. A investidura do novo AGRÍCOLA
grão-mestre aconteceu a 27 de Setembro de 2008, na
sede do GOL, em Lisboa, onde estiveram maçons de
todo o País e irmãos das mais importantes maçonarias
mundiais. Numa rua do Bairro Alto, logo após o almo-
ço, vários irmãos perceberam que o fim das eleições
não pacificara a irmandade. Depois de uma troca aze-
da de palavras em que Frade criticara o “majestático
trono” de soberano grande comendador dos altos
graus, em que se sentara durante a cerimónia o pro-
fessor universitário João Alves Dias, este deu-lhe uma
bofetada e os óculos do velho coronel partiram-se no
chão. Foi um prenúncio.
Passado pouco tempo, Filipe Frade foi suspenso do
GOL por causa de mais uma zanga com António Reis,
mas o processo disciplinar arrastou-se durante anos até
se concluir que o coronel não tinha culpa. Para o ajudar
na defesa jurídica maçónica Frade contou nos bastidores
com os conselhos de um maçon de peso, o juiz desem-
bargador Ricardo Cardoso, conhecido por julgar o pro-
cesso de corrupção que envolveu o antigo governador
de Macau, Carlos Melancia. O juiz está hoje encarregue
de decidir na Relação de Lisboa o recurso da prisão pre-
ventiva do ex-motorista de José Sócrates.

AntónioAleixoea loja dospolíticos

O ambiente estava cada vez pior na moradia alugada de
dois pisos, que já fora tipografia, na Mealhada. Na saída
Miguel
esconsa do IC2, por trás da estação de combustível da
Relvas
Galp, o nº 6 da Rua do Cabeço do Coito transformara-se
A forma como
no palco de mais uma guerra entre maçons. E já nem os tuguesa), Cruz Martins tinha saído da loja David de
o ex-ministro
jantares mensais no restaurante Meta dos Leitões, ali ao Tábua e sido integrado na primeira oficina da
do PSD
lado, ajudavam a aliviar a tensão na Respeitável Loja GLLP/GLRP, a Fernando Teixeira, que reunia no Chia-
(RL) de S. João Baptista. (membro da do, em Lisboa, e que antes das últimas eleições legisla-
Entre as colunas do templo nº 82 da GLLP/GLRP, os loja Universalis) tivas recebeu Pedro Passos Coelho e António José Se-
31 homens perceberam que os insultos e as ameaças fí- conseguiu a guro em sessões abertas a não iniciados.
sicas, até a familiares, tinham vindo para ficar e cres- licenciatura Pouco tempo depois, Cruz Martins saiu da loja Fer-
ciam de tom. Na origem da violenta zanga estavam in- provocou nando Teixeira para integrar os fundadores da nova
compatibilidades pessoais e quezílias internas por cau- enorme oficina que abriu a 1 de Junho de 2011 na Mealhada,
sa de questões que aos não maçons parecem comezi- indignação no onde o empresário vivia. Um dos outros mestres ma-
nhas: as nomeações para os cargos da loja e as subidas GOL. Houve çons da nova loja era João Peres, presidente da Caixa
de grau – estas últimas são uma espécie de promoções maçons que já de Crédito Agrícola da Bairrada e Aguieira e do Hospital
internas que levam os irmãos da condição inicial de só o queriam da Misericórdia da Mealhada, que foi o principal bene-
aprendiz à de companheiro, depois à de mestre e mes- ver longe e até mérito do templo: pagou as contas das obras de recon-
tre instalado (o chefe da loja). uma loja- versão da casa degradada.
Um dos irmãos mais revoltados era o empresário An- -fantasma, a Não demorou muito até os dois se incompatibilizarem.
tónio Cruz Martins, mestre e tesoureiro com o nome Pátria, surgiu A guerra alastrou a outros maçons como o director fi-
simbólico Chopin. Antigo membro de outra corrente a criticá-lo de nanceiro Paulo Rola e o advogado Bruno Loureiro, que
maçónica regular, a GLNP (Grande Loja Nacional Por- forma violenta desempenhavam as funções de chefes da loja frequenta-

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A LOJA drão…/Mas há muitos que eu conheço/Que não parecen-

BRASÍLIA do o que são/São aquilo que eu pareço” – e ameaçava
ABATEU queixar-se “à Polícia e ao Ministério Público”.
COLUNAS Na GLLP temeu-se então o pior, pois os maçons não
PORQUE OS gostam de guerras na praça pública, sobretudo quando,
MAÇONS em templos como os da Mealhada, reúnem outras lojas
NÃO SE bem mais poderosas que se querem manter discretas. O
ENTENDIAM. Mosteiro de Santa Cruz, dos altos graus maçónicos do
REABRIU Rito de York, é uma delas. A outra chama-se Brasília, a
COM VÁRIOS loja reerguida em 2006 pelo antigo espião Jorge Silva
POLÍTICOS Carvalho, pelo ex-líder da Juventude Socialista (JS) Duar-
te Cordeiro e pelo actual deputado socialista Rui Paulo
Figueiredo, entre outros mestres maçons. Ecléctica em
termos políticos, teve entre os seus membros o hoje
vice-presidente do PSD, Marco António Costa (que en-
trou depois na loja Camilo Castelo Branco), os deputados
do PS João Portugal, António Calvete, Vítor Salgado e Jo-
sé Cruz. Em 2013, o venerável da loja era o social-demo-
crata e já secretário de Estado do Desporto e Juventude,
Emídio Guerreiro.
A primeira sessão da Loja Brasília, nº 11, ocorreu a 22
de Setembro de 2006, e o objectivo era recrutar profa-
nos influentes, ou que pudessem vir a sê-lo, no Norte e
no Centro do País (no eixo Coimbra, Porto e Viseu), uma
mudança radical em relação ao que acontecera anos an-
tes quando a oficina foi fundada e os maçons se envol-
veram numa guerra interna com insultos, acusações de
roubos e pancadaria. Em 2001, a Brasília estava sediada
em Lisboa e era vista por muitos maçons regulares, e
pelo então grão-mestre José Manuel Anes, como uma
das mais promissoras porque recebia candidaturas pela
Internet. No entanto, uma zanga acabou com todos os
sonhos de grandeza e a loja abateu colunas (fechou). Um
dos seus membros, Mário Parra da Silva, até saiu da
GLLP/GLRP para fundar uma corrente maçónica autó-
noma, a Grande Loja Tradicional de Portugal.

O general eomaçon dosóvnis

Miguel
Por estranho que possa parecer a quem vê a maçonaria
Albuquerque apenas como um grupo de poder e influência até o criar
Acusado de
da por gestores, médicos, arquitectos, professores uni- uma loja pode nada ter de espírito maçónico. Muitas ve-
“conduta
versitários, administradores judiciais, um poeta e até po- zes as novas oficinas são abertas (ou reabertas) porque
líticos como o deputado do PSD Pedro Campilho e o en- antimaçónica”, os maçons simplesmente já não se suportam nas que
tão secretário-geral da Comissão Política Nacional da um irmão da frequentam. “As lojas são autênticos covis de cobras
JSD, Bruno Coimbra. Num ápice, até as mães dos ma- loja João onde reinam as invejas, a maledicência e as brigas por
çons foram chamadas à contenda verbal. Na documen- Gonçalves dá cá aquela palha”, confidencia à SÁBADO um velho
tação interna da GLLP/GLRP, a que a SÁBADO teve Zarco, n.º 71 maçon, sob anonimato, antes de rematar com ironia:
acesso, garante-se que teve de ser nomeada uma comis- (GLLP), colocou “Quem quiser amigos não deve vir para a maçonaria.” O
são para avaliar o conflito. em polvorosa general Carlos Chaves, que já assessorou Passos Coelho
A decisão final, ratificada pelo Tribunal da Apelação da os maçons no Governo, sentiu isso mesmo.
GLLP/GLRP, concluiu pela expulsão de Cruz Martins da da Madeira. Quando foi iniciado em 1999 na loja Marquês de Pom-
loja da Mealhada e da Grande Loja. Mas o rebuliço pro- Fernando bal, a convite de um amigo, acreditava nos princípios
longou-se durante mais de um ano, até meados de 2013. Teodoro dos maçons: liberdade, igualdade e fraternidade, mas
Aborrecidos com a confusão e a decisão final, vista como ameaçava expor desiludiu-se rapidamente. “Fui (…) maçon durante cerca
um saneamento, vários membros deixaram de ir às ses- toda a gente de dois minutos e frequentei o templo maçónico durante
sões maçónicas. O próprio Cruz Martins não ajudou, pois e um dos aproximadamente quatro horas, pois, na verdade, após a
andou meses a escrever mensagens de email a dezenas visados era o cerimónia de iniciação (mais ou menos quatro horas)
de maçons, incluindo aqueles com quem estava em con- actual líder do quando recuperei a visão [os futuros aprendizes são
flito. Citava António Aleixo – “Sei que pareço um la- PSD Madeira vendados na iniciação], verifiquei que estava em má Q

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Destaque www.sabado.pt

j
Vasco Lourenço já
considerou que
há lojas maçónicas
que não são
respeitáveis. Isaltino

VASCO NEVES/CM
Morais entrou e saiu
da cadeia sem deixar
de ser maçon

Q companhia e, desde logo, decidi desligar-me”, recor-
dou por escrito à SÁBADO.
As guerras assumem diversos contornos. Na loja V Im-
pério, da GLLP/GLRP, 2013 e 2014 foram anos bastante
conturbados. Diversos documentos internos a que a SÁ-
BADO teve acesso revelam que a guerra incluiu saídas
da loja, atestados de quite (adormecimento de maçons,
em que o irmão se auto-exclui da oficina), processos in-
ternos que qualificaram membros como persona non
grata e acusações de roubos de dinheiro e objectos ma-
çónicos da loja. Houve também tentativas de expulsões
devido ao não pagamento das quotas e devido a insultos
nas sessões e no Facebook recorrendo a “expressões de
vernáculo jocoso”. Os exemplos? “El taberneiro”, “intru-
ja”, “plagiador” e “falhado da vida”.
Um dos envolvidos na briga (quase) colectiva foi Paulo
Cosmelli, maçon há cerca de 20 anos e o autor do livro
Ovnilogia. Desafio para a Ciência do Século XXI, tendo
também escrito e apresentado na V Império várias pran-
chas (comunicações) sobre a relação dos óvnis e a ma-
çonaria. Já com a confusão instalada há muito, Cosmelli
chegou a ser criticado por não pagar mais de um ano de
quotas apesar de ser visto a guiar um Jaguar.
Outro maçon da mesma loja implicado na guerra,
Henrique Tigo, já vinha marcado da anterior oficina a
que pertencera. Numa moção aprovada a 14 de Março
de 2013, os responsáveis da loja Lusitânia nº 14 escre-
veram que as “acções perturbadoras da harmonia” ti-
nham sido “inúmeros telefonemas, mensagens e mes-
mo abordagens a irmãos (...) visando fomentar a intriga
e a discórdia”.
Por vezes, basta um pormenor para lançar o caos nos
templos maçónicos. Entre 2009 e 2011, José Forte (o
procurador do Ministério Público nomeado pelo gover-
no de José Sócrates em 2010 para presidir à Autoridade
para as Condições do Trabalho), mestre da loja Ociden-
te, instruiu o processo de suspensão decretado pelo
grão-mestre António Reis ao alegado mau comporta-
mento maçónico de António Pereira, o venerável mestre
“Platão” da Sympatia e União, uma loja com cerca de
150 anos. O maçon foi acusado de utilizar “termos e ex-
pressões que ofendem a honra e a consideração dos ór-
gãos do poder executivo da NAO”.
Os delitos maçónicos invocados por António Reis es-
LUSA
tavam relacionados com emails que o advogado envia-
ra a muita gente queixando-se de censura no GOL. No
centro da polémica estava sobretudo o pré-escrutínio
dos conteúdos das lojas que quisessem utilizar o novo
portal da Internet da maçonaria do Bairro Alto. Depois
de uma acalorada discussão na loja, os maçons da
Sympathia e União colocaram a sua própria página da
Internet toda de negro e anunciaram ao grão-mestrado
Tomás que, se não os recebesse no prazo máximo de cinco
Taveira dias, havia voluntários para, trajados a rigor, iniciarem
O arquitecto “uma greve de fome frente ao Palácio Maçónico, por
que desenhou tempo indeterminado”.
as Amoreiras, e Na maior parte das vezes, as guerras maçónicas tra-
ficou conhecido vam-se durante os períodos eleitorais internos, como a
pelas cassetes disputa do cargo de grão-mestre. Por exemplo, nos anos
eróticas que 90, uma contenda começou no Grande Tribunal Maçó-
gravava, esteve nico, que excluiu uma das duas candidaturas a grão-
para entrar no mestre do GOL, liderada pelo médico legista Santinho da
GOL, mas os Cunha e o seu adjunto, o advogado Nuno Godinho de
maçons Matos. O outro concorrente era o médico Ramon La Fé-
anunciaram ria, ex-preso político e membro do mais alto patamar da
que o iam vetar. maçonaria, o grau 33.
Acabou por ser Em plena campanha, a decisão dos órgãos superiores
iniciado na do GOL incendiou os maçons: uma loja inteira, a Rebel-
Grande Loja dia, cujo venerável era o historiador Oliveira Marques,
Legal de assumiu a insólita decisão de suspender a actividade
Portugal maçónica durante um ano. Meses depois, já com Ra-
mon La Féria eleito, Santinho da Cunha abandonou o
GOL, juntamente com alguns apoiantes, entre eles Vas-
co Franco, então vereador socialista na Câmara de Lis-
boa (depois regressou). O médico derrotado entrou na
maçonaria regular, na Loja Fraternidade, mas ao fim de
seis meses, saiu com um grupo de apoiantes e criou a
Associação de Lojas Independentes Maçónicas de Por-
tugal (ALIMP).
NA LOJA V
NINGUÉM IsaltinoMoraiseTorquemada
SE ENTEN- As eleições maçónicas costumam deixar marcas profun-
DIA E HAVIA das. Já depois do fim da campanha eleitoral para grão-
INSULTOS mestre da GLLP/GLRP, entre 1 e 20 de Junho de 2010, o
COMO “PLA- candidato e ex-dirigente do CDS Paulo Miranda quei-
GIADOR” E xou-se aos seus apoiantes de que tinha sido “caluniado”
“FALHADO e que não lhe tinham deixado apresentar o compro-
DA VIDA” misso eleitoral em 25 lojas, porque os respectivos ve- Q

36
 ENERGIA TESTADA PELA VIDA

QUANDO A VIDA PEDE MAIS,

PUXA POR SI

NOVO

ENERGIA OSSOS MEMÓRIA CORAÇÃO

DIÁRIA SAUDÁVEIS SAUDÁVEL

Os suplementos alimentares não devem ser utilizados como substitutos

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 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

nócio da Primavera da GLLP/GLRP constava a “votação

do recurso do irmão João dos Santos Fernandes…”,
membro da loja de São Miguel, nº 17, que entretanto
abatera colunas depois de várias deserções e guerras
MANUEL MOREIRA/CM

internas. Em várias pranchas, lidas durante anos na loja

Q neráveis nem sequer lhe haviam respondido ao pedi-
do para visitar as lojas.
A confusão também se instalara na própria loja do can-
didato que defrontava José Moreno, um advogado so-
cial-democrata que tinha assessorado Manuela Ferreira
Leite. “Venho por este meio informar que a loja Excali-
bur nada tem a ver com a candidatura do irmão Paulo
Miranda.” O curto email do venerável mestre da loja, Jo-
sé Godinho, seguiu a 28 de Maio para o grande secretá-
rio da GLLP/GLRP Victor Duarte, dizendo que a decisão
tinha ficado até registada na acta da reunião da loja
ocorrida no dia anterior. Quando acabou a campanha, a
desilusão do ex-dirigente do CDS/PP era evidente. Aos
apoiantes anunciou que já enviara, a 22 de Junho, o pe-
dido de atestado de quite para se afastar da Excalibur.
Poucos anos depois, Miranda foi expulso da maçonaria
apesar de insistir que não era ele que divulgava, através
de um email identificado como “ML (Maçons Livres)”,
várias criticas ferozes à hierarquia da GLLP.
Internamente, um dos maçons que interveio no pro-
cesso de expulsão de Paulo Miranda foi o advogado que
desempenhava as funções de porta-gládio (uma espécie
de procurador-geral) e que integrava a loja Anderson, nº
17. Por causa do cargo que exercia na maçonaria, José
Motta Veiga chegou a ser alcunhado por alguns irmãos
como “Torquemada do Santo-Ofício”. O maçon tinha
sido ex-deputado do PSD entre 1987/95, era irmão de
Ana Cristina Veiga, a primeira mulher de Marcelo Rebelo
de Sousa, e filho de um eminente universitário e antigo
ministro de Oliveira Salazar.
Até há poucos anos, as expulsões (e respectivos recur-
sos) de maçons da GLLP/GLRP eram sempre votadas
em Assembleia de Grande Loja, como sucedeu a 17 de
Março de 2012, quando se encerrou mais uma guerra
interna. Entre os 21 pontos da magna reunião do equi-
(e que depois chegaram pela Internet a não iniciados na
maçonaria), Santos Fernandes criticou de forma violen-
ta quem mandava na maçonaria regular e também os
alegados métodos que estariam a ser usados: “Parece
g que estamos condenados ao jantarismo e a ser agên-
Quando foi grão- cias de empregos, com a remessa de emails pelo Res-
-mestre do GOL, An-
tónio Reis foi acusa- peitável Grande Secretário às Respeitáveis Lojas, para
do de fazer censura empresas de luxo”, escreveu dizendo que se recusava a
e vários maçons “participar em tais corrupções”.
ameaçaram com
greve de fome Nesta mensagem, dirigida em primeiro lugar ao grão-
mestre José Moreno, Santos Fernandes manifestou-se
revoltado: “(…) O que nos interessa é gente influente,
importante e figuras públicas que nos venham dar em-
pregos (...).” E acrescentou: “Trocar cargos e admissões
rápidas por favores parece-me não ser Iniciático, cha-
mando-se, profanamente, tráfico de influências.” Ma-
çon há mais de 17 anos, Santos Fernandes acabou ex-
pulso, sem surpresa: dois anos antes, a 2 de Outubro de
2010, o Conselho de Jurisdição da GLLP/GLRP tinha-
lhe instaurado o processo disciplinar e o advogado ma-
Rui Gomes
çon encarregue do relatório preliminar, Esteves de Al-
da Silva
meida, defendera que tinha de se aplicar a pena máxi-
O então ministro
ma e “sem atenuantes”.
dos Assuntos
De nada valeu a Santos Fernandes invocar nos recur-
Parlamentares
sos que a maçonaria era sinónimo de liberdade e que
provocou, em
não seria ele que teria de mudar o comportamento
2004, a saída de que sempre tivera: “Tudo talvez fosse de ‘bons costu-
Marcelo Rebelo mes’ se a primeira prancha do ‘participado’, no grau de
de Sousa da TVI. Aprendiz, não arrolasse o espavento e o luxo desne-
Vários maçons cessário de milhares de contos feitos pela GLRP no ho-
ficaram tel Estoril-Sol, hoje já implodido. (…) Tudo talvez fosse
possessos e de ‘bons costumes’ se o ‘participado’ nada tivesse dito
quiseram sobre a ilegal entrada maçónica do Sr. Dr. Isaltino de
expulsar Gomes Morais na GLRP…”
da Silva do GOL. A iniciação maçónica do ex-ministro e antigo presi-
Mesmo sabendo dente da Câmara de Oeiras tinha ocorrido em 2005, na
que já tinha fase final do grão-mestrado de Trovão do Rosário, um
saído há anos sexagenário que fora director-geral do Ministério da
por opção Educação. Na altura, muitos irmãos queixaram-se que Q

O que vale a maçonaria portuguesa?

As duas maiores grandes lojas têm cada vez mais gente e mais dinheiro

1.400.000 4.000 190 400 54

O orçamento total Osmaçons que inte- Aslojas das duas ma- Ainiciação de um Asquotas na maço-
anual das duas maiores gram a Grande Loja Le- çonarias estão em fun- maçon na GLLP não é naria regular são pagas
correntes maçónicas gal de Portugal (GLLP) cionamento em todos barata, mas o preço já trimestralmente. Se
portuguesas já tem al- e o Grande Oriente os distritos de Portugal. inclui avental, luvas, os maçons se atrasarem
gum peso. O dinheiro Lusitano (GOL) são cada Os maçons reúnem gravata e um exemplar no pagamento de um
vem quase todo das vez mais, mas a GLLP em discretos templos dos regulamentos semestre é a própria
quotas pagas e da inicia- diz que já se tornou montados em aparta- internos. Os estudantes loja que tem de pagar
ção de novos maçons a maior maçonaria mentos e moradias só pagam 250 euros os valores em falta

38

Destaque
Q a entrada de Isaltino Morais na loja Mercúrio, alegada-
mente por indicação directa do grão-mestre e do seu
porta-voz maçónico, o socialista Paulo Noguês, fora feita
sem informação prévia às outras lojas. Nas oficinas e
fora delas, as discussões foram muitas e as ondas de
choque também porque Isaltino já então estava envolvi-
do no longo processo judicial em que foi condenado em
primeira instância, em Agosto de 2009, por crimes de
fraude fiscal, abuso de poder, branqueamento de capi-
tais e corrupção passiva para acto ilícito.
Nessa altura, Isaltino desempenhava as funções de
mestre-de-cerimónias da Mercúrio. Em Outubro de
2012 – meses antes de ser preso para cumprir dois
anos de prisão – o autarca foi promovido a “grande
superintendente de honra” pelo grão-mestre José Mo-
reno. A razão? “A sua permanente disponibilidade e os
serviços prestados à GLLP/GLRP”, referia o decreto
287 da maçonaria regular.
Neste caso, o comportamento interno da hierarquia
não destoou: Isaltino era um amigo da Ordem e foi trata-
do como tal. Os regulamentos internos da GLLP/GLRP
estabelecem uma particularidade que permite várias in-
terpretações no caso de um tribunal comum condenar
um maçon: os irmãos só poderão ser expulsos quando o
crime “comprometa o bom nome da Grande Loja”.
Em termos estatísticos, também não são seguramente
os problemas com a justiça profana que preocupam as
duas principais maçonarias portuguesas, já que as penas
de suspensão, exclusão ou expulsão de maçons são qua-
se sempre justificadas não pelo que os maçons fazem lá
fora, mas por brigas antigas, faltas injustificadas às ses-
sões das lojas e o não pagamento das quotas.
Atentadoà bomba elutasnostribunais
Os escândalos e as guerras internas têm sido tantas
nas duas maçonarias que, em Janeiro do ano passado,
260 mestres maçons fecharam-se discretamente em
dois templos do palácio do GOL para discutir, durante
h tos episódios que marcaram a história recente da ma-
Fernando Lima,
grão-mestre do
GOL, diz que já
está habituado
às brigas internas
dos maçons
40
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
dois dias, os problemas da maçonaria portuguesa.
Nesse encontro, Vasco Lourenço defendeu que tinha
de ser travada a “proliferação da entrada de indesejáveis
no GOL” e que deviam ser expulsos os muitos que já lá
João Tocha estavam entretidos em jogos de “influências e conspira-
Na campanha
ções”, segundo é referido na comunicação escrita a que
para a liderança a SÁBADO teve acesso.
do PS, foram Para o militar, a tarefa de limpeza caberia às dezenas
muitas as de lojas espalhadas pelo País: “São as Respeitáveis Lo-
críticas deste jas que têm de assumir as suas responsabilidades! Co-
consultor a meçando, precisamente, por serem Respeitáveis!” Opi-
António Costa. nião semelhante tinha Manuel Pinto dos Santos, mes-
Maçon do GOL, tre na loja Transparência também presente na sigilosa
Tocha usou as reunião e para quem o problema estava no facto de as
redes sociais lojas estarem há anos a recrutar um autêntico “exérci-
para afrontar o to invasor” com base em “interesses socioprofissionais,
“Alcaide” e isso económicos, de estatuto social, políticos e partidários”
incomodou que se sobrepunham “aos critérios tradicionais de ho-
vários irmãos, mens livres e de bons costumes”.
que o acusaram As críticas aos comportamentos internos seguiam o
de ajudar o que já dissera o antigo grão-mestre adjunto António Jus-
maçon João tino Ribeiro num longo desabafo escrito. Para o maçon,
Proença, havia até períodos-chave para os ataques de irmãos “in-
apoiante de filtrados”: “Nas lojas, sobretudo em momentos eleitorais,
António José lançam mão de expedientes administrativos e de tesou-
Seguro raria para desprestigiar ou mesmo inviabilizar a eleição
de pessoas honestas.”
Muitos anos antes, em 2000, José Manuel Anes tam-
ISALTINO bém tinha defendido que a GLLP/GLRP só conseguiria
MORAIS FOI recuperar a “boa imagem pública” se os irmãos se
PROMOVIDO mantivessem bem comportados e evitassem as “dispu-
NA MAÇO- tas fratricidas”, lê-se num documento interno da ma-
NARIA, MAS çonaria. No entanto, caso a guerra se tornasse inevitá-
A SUA PRE- vel, o maçon dava um conselho: “Será necessário que
SENÇA NUN- as disputas internas não cheguem aos media, para evi-
CA FOI CON- tar que a imagem da desunião volte a manchar o nome
SENSUAL NA da nossa obediência.” E assim impedir o contínuo re-
GLLP/GLRP crutamento de políticos, gestores, sindicalistas, juízes,
jornalistas e até padres.
O receio da divulgação dos conflitos é permanente
porque a maçonaria só subsiste pela via do segredo e,
por isso, o grupo vive sempre sob ameaça e pela amea-
ça. O juramento maçónico, feito na iniciação e repetido
na elevação aos graus seguintes, tem tido na base os
compromissos da preservação da solidariedade e dos
segredos através da teatralização dramática dos rituais,
um psicodrama que serve, em teoria, para tornar mais
forte o grupo – em termos simbólicos, a iniciação com-
porta sempre a morte e o renascimento de um novo
membro, uma experiência que deve ser compartilhada
por toda a irmandade.
NUNO PINTO FERNANDES/GLOBAL IMAGENS
Com tantas emoções misturadas percebem-se cer-
çonaria regular portuguesa: um dos mais emblemáti-
cos foi a cisão maçónica da célebre Casa do Sino,
ocorrida em 1996/97. Durante essa luta pelo poder,
quase tudo aconteceu: um atentado à bomba à porta
da sede em Cascais e várias agressões, a destruição
e a divulgação pública de ficheiros maçónicos e até Q
www.sabado.pt

EM 2015 ÁFRICA DESTACA-SE NO MUNDO.

ESTA SEMANA DESTACA-SE NA SÁBADO.

A SÁBADO lançou, em parceria com o New York Times,
uma edição extra dedicada a África. Uma visão global
sobre este continente para o ano de 2015 em áreas como
a economia, os negócios, as artes, a moda e a arquitectura.
Já nas Bancas, por apenas 3€

JOSÉ PAULO/FPF
Q a destituição do grão-mestre Nandin de Carvalho.
Depois da detenção de José Braga Gonçalves no caso
da gigantesca burla da Universidade Moderna, os ma-
çons ficaram divididos em dois grandes grupos que
continuaram a travar uma intensa luta judicial no Tri-
bunal de Cascais.
Ambos reivindicavam ser os legítimos donos dos ar-
quivos, dos artefactos maçónicos, mas sobretudo do
próprio nome da maçonaria herdeira da Casa do Sino.
Nos tribunais, um grupo minoritário de maçons man-
teve a posse legal da original Grande Loja Regular de
Portugal (GLRP), mas a maior parte dos maçons teve
de criar uma nova associação que começou por ser li-
derada, respectivamente, pelos grão-mestres Nandin
de Carvalho e José Manuel Anes: a GLLP/GLRP-Asso-
ciação. Há cerca de seis anos juntaram-se todos outra
vez. Nandim de Carvalho ficou de fora e não quer ain-
da hoje falar disso à SÁBADO. Já sobre as constantes
guerras entre maçons tem um curto desabafo: “Nas lo-
jas há coxos, cegos e surdos também a nível espiritual.
É normal e não existe uma varinha de condão para
transformar as pessoas.”
Há maçons que nunca farão as pazes. E percebe-se
Os maçons, as dívidas e os carros
A maçonaria regular quer pagar mais cedo o
empréstimo que fez ao banco Montepio
AsededeTelheiras
Os maçons regulares pediram um total de 1.068.500
euros ao Montepio Geral para terem uma sede pró-
pria. O imóvel ocupa uma área de 1.070 m2 e fica no
n.º 102 da Estrada de Telheiras, em Lisboa. O negócio,
que foi feito em 2013 com a Empresa Pública de
Urbanização de Lisboa, implica um forte peso para
a tesouraria dos maçons: cerca de 8.200 euros/mês,
durante 15 anos, e um pagamento final ao banco de
250 mil euros. Mas os maçons já querem amortizar
mais cedo o empréstimo. Em 2014 contavam gastar
cerca de 250 mil euros. Só não se en-
tendiam por causa dos poucos lu-
gares de estacionamento no lo-
cal e das queixas dos vizinhos,
que os acusavam de deixar os
carros em qualquer lugar.
42
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
porquê quando se lê um email como o enviado a deze-
nas de irmãos do GOL pelo presidente dos Inválidos do
Comércio, Vítor Damião. Depois de garantir que estava
arrependido de ter nomeado, desde 2008, maçons
“para todos os órgãos sociais” da associação de solida-
riedade que geria um património imobiliário avaliado
em mais de 70 milhões de euros, o maçon acusava dois
irmãos de o estarem a tentar destruir acusando-o de ir-
regularidades na gestão da instituição.
g
O secretário de Es- As vinganças e os bichos carpinteiros
tado do Desporto
e Juventude, Emí- No pedido de auxílio maçónico a que a SÁBADO teve
dio Guerreiro, inte- acesso, Vítor Damião identificou até os conspiradores:
gra uma das mais “Estes maçons têm nome e loja, Álvaro Ricardo Nunes
poderosas lojas:
a Brasília [ex-gestor] e Joaquim Pedro Canas Mendes [médico],
ambos da loja Liberdade.” Para Damião, o que estava
em causa era a “mais vil atitude de um maçon, a vin-
gança”, e também o controlo do valioso património
imobiliário dos Inválidos do Comércio.
Por isso, o maçon pediu ajuda à sua própria loja, a
Montanha, mas o auxílio estava a tardar. E Damião não
gostou. “No passado dia 7 de Março [2012], enviei-vos
um email (…). Contudo uma semana depois reparo que
dos 30 e muitos irmãos da minha loja, apenas três me
responderam dando-me o seu apoio e solidariedade,
Adolfo afirmando que acreditavam no meu comportamento
Luxúria (…). Os inimigos da Maçonaria não estão no exterior do
Canibal templo, mas no nosso seio.”
O último vídeo Um mestre e colega de loja, Albano Pires, respondeu
do músico ao pedido incitando outros maçons: “A nossa oficina
(Horas de tem vindo a ser atacada por bichos carpinteiros que se
Matar) tem a introduziram num dos seus pilares de sustentação, cla-
participação de ro que se não actuarmos de imediato, com o seu fraco
um mestre poder mas com a determinação com que estes bichos
maçon de actuam, acabam por atingir o seu objectivo que passa
Guimarães no pela destruição.”
papel de um O episódio passou as portas dos templos do GOL por-
banqueiro que que os maçons intentaram mútuas queixas-crime que
leva um tiro. ainda hoje estão a ser apreciadas nos tribunais. Um dos
Isso provocou advogados maçons que tratou da defesa dos dois ho-
polémica entre mens da loja Liberdade foi Ricardo Sá Fernandes. No
os maçons do meio da contenta maçónica até o grão-mestre Fernan-
GOL que viram do Lima foi arrastado para a confusão. Num documen-
no caso um to interno dirigido ao chefe do GOL, que depois circu-
incentivo à lou na Irmandade do Bairro Alto, o médico Canas Men-
violência des acusou-o de não intervir e de proteger o maçon
Damião. “O silêncio é criminoso e a protecção do in-
fractor faz lembrar a quinta em que todos os animais
eram iguais, mas alguns eram mais iguais que outros.” E
“HÁ SEMPRE concluiu: “Façam justiça como é vosso dever ou assu-
PEQUENOS mam que o templo está tomado por um tumor.”
PODERES, O grão-mestre do GOL recusou sempre pronunciar-se
PEQUENAS à SÁBADO sobre o caso concreto, mas diz que encara
FRUSTRA- com naturalidade as brigas internas entre os maçons.
ÇÕES, ENFIM, Até porque conhece a longa história da maçonaria e as
ACONTECE”, suas inúmeras cisões. “Há sempre pequenos poderes,
LAMENTA O pequenas frustrações, enfim, acontece, mas acredito
GRÃO-MES- que a maioria dos maçons não é assim”, conclui Fer-
TRE DO GOL nando Lima. W
 FACTOS | SABIA QUE...?

MALO CLINIC 1.

2.
A MALO CLINIC Dental Care é reconhecida como líder mundial
em Implantologia e Estética Dentária.
A MALO CLINIC Dental Care em Lisboa recebe mais de 612
novos casos por mês; realiza 360 consultas por dia.
3. A MALO CLINIC Dental Care tem um dos maiores centros de

LÍDER MUNDIAL EM
formação contínua – a MALO CLINIC Education. Composto
por uma equipa de colaboradores a tempo inteiro e mais de
40 médicos dentistas, recebe anualmente 3.500 dentistas e

IMPLANTOLOGIA E 4.
cirurgiões orais de vários países para formação.
A MALO CLINIC Dental Care desenvolveu o MALO CLINIC
Protocol (técnicas cirúrgicas e produtos inovadores, tais como o
ESTÉTICA DENTÁRIA All-on-4®, o novo implante Zigomático e a cirurgia Extra-
Maxilla, o implante NobelSpeedy™ e a prótese fixa MALO
CLINIC Bridge). Tem hoje 14 produtos patenteados.
5. A equipa da MALO CLINIC Dental Care é autora e coautora
EUROPA Alemanha AMÉRICA Japão de vários capítulos em livros da especialidade e mais de 80
Portugal Frankfurt DO NORTE Tóquio artigos científicos publicados a nível internacional.
Lisboa Mönchengladbach EUA Sapporo
Telheiras New Jersey 6. A MALO CLINIC Dental Care tem o maior Laboratório de Prótese
Almada Itália Beverly Hills MÉDIO ORIENTE Fixa da Europa - a MALO CLINIC Ceramics, especializado em
Cascais Milão Cincinnati Israel
Porto Genova Telavive trabalhos complexos de prótese fixa.
V. N. Gaia Canadá Ramat-Hasharon 7. O departamento de Investigação e Desenvolvimento da
Braga Reino Unido Montreal
Coimbra Londres Trois-Rivières Qatar MALO CLINIC Dental Care integra colaboradores a tempo
Luso Doha inteiro e vários em tempo parcial, formando uma equipa que
Portimão Polónia AMÉRICA coordena a execução de estudos científicos e desenvolve
Faro Varsóvia DO SUL Arábia Saudita
V.R. St.º António Colômbia Riade novos materiais e protocolos de importante valor científico e
Funchal ÁFRICA Bogotá económico.
Marrocos OCEANIA
Espanha Casablanca ÁSIA Austrália 8. A MALO CLINIC Medical Care disponibiliza um conceito de
Corunha China Melbourne excelência de medicina preventiva e integrada, através de um
Barcelona Angola Macau Sydney conjunto alargado de especialidades médicas e comple-
Luanda Xangai Perth
França Pequim Brisbane mentares, exames de diagnóstico e variados Check-up de
Paris Guangzhou saúde.
9. Enquadrada num conceito de saúde e bem-estar, a MALO
CLINIC Beauty Care complementa os cuidados médicos com
serviços de estética, beleza e bem-estar, beneficiando de uma
linha própria de cosméticos.
10. A sede do Grupo em Lisboa, localizada num moderno edifício
de 18 andares com 50.000m2 e aproximadamente 600
colaboradores, inclui a maior clínica dentária do mundo.
11. A MALO CLINIC é um dos grupos de saúde com maior
distribuição geográfica e está presente em 43 locais
distribuídos pelos 5 continentes. Em Portugal tem atualmente
98.000 pacientes, provenientes de vários países.
12. A MALO CLINIC, Paulo Malo e alguns colaboradores têm
sido distinguidos pela inovação e empreendedorismo com
a atribuição de diversos prémios e distinções nacionais
e internacionais como: “Best Luxury Medical Spa 2014
– Country Winner” na China, pelo World Luxury Spa Awards™;
Prémio Mercúrio na categoria de Serviços 2012/2013;
Vencedora nacional nos prémios European Business Awards
2013/14; Prémio Projeto Inovação Investigação 2013 nos
Prémios Saúde Oral; Nomeação para o Prémio “Portugueses
de Valor 2013” – Lusopress; Prémio “Most Reliable Dental Group”
na China – 2013; “Best Luxury Medical Spa 2013” – Global
Winner na Ásia; “Best Luxury Medical/Wellness Spa 2012” –
Country Winner na China; “Best Luxury Medical/Wellness Spa
2011” – Global Winner na Ásia; Atribuição do nome Paulo Malo
ao curso de Medicina Dentária da Universidad Tecnológica
de San António de Machala no Equador – 2011; “Innovator of
the Year 2011” na China; Prémio COTEC-UNICER 2010; Prémio
CESPU – “Jovem Investigador 2010”; Top-Ten Medical Spa Asia
2010; “China’s Top Ten Spas” 2009; 3º Prémio Hospital do Futuro
2008/2009; Prémio “Professor Armando Simões dos Santos”
2006 e 2008; Medalha Tiradentes ABOP 2008; Prémio Santiago
2008 – Espanha e Argentina; Finalista “Prémio Mercúrio” – 2008;
Prémio INSEAD de Entrepreneurship 2007; Líder 2020 – AESE
2007 e III Prémio Ibérico de Implantologia Clínica 2001 – SEPA
e Nobel Biocare.
13. A MALO CLINIC assume a Responsabilidade Social junto das
comunidades onde está presente, tendo como principal
preocupação o apoio médico e dentário a crianças, jovens e
adultos desfavorecidos.
14. A MALO CLINIC tem mais de 1500 colaboradores espalhados
CUIDE DA SUA SAÚDE pelos 5 continentes, tendo em Portugal aproximadamente 750.
NA MALO CLINIC
EXIJA PARA SI www.maloclinics.com
O MELHOR! www.facebook.com/MALOCLINIC
MALO CLINIC Lisboa
 Portugal

PRESIDENCIAIS. AS INÚMERAS LIGAÇÕES DO POTENCIAL CONCORRENTE SOCIALISTA

ELE
É O...

António
Vitorino
56 anos
Altura: a doutrina
divide-se. Fontes
próximas oscilam
entre 1,59 e 1,60 m ...PEQUENO...

É pequeno mas só em altura. António Vitorino gere uma rede gigante de influências – o que, no
44
 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

Cargos

( )
Vogal do conselho de
administração dos CTT;
administrador não
executivo da Áreas
Portugal; presidente do
Conselho Fiscal da

GA
Siemens Portugal

...
R D
N
E
Assembleias
...

( )
gerais
Preside às da Novabase,
Finpro (sociedade
Privatizações gestora controlada pelo

( )
ePPP Estado, Banif e Américo
O seu escritório, o Cuatre- Amorim), Brisa, Banco
casas, assessora várias Santander Totta, Banco
concessionárias de PPP Caixa Geral Totta de
(algumas com renegocia- Angola e BCI Fomento
ções a calhar no próximo
ciclo político) e um candi-
dato à privatização da TAP Presidente

( )
econsultor
Foi vice-presidente
da PT Internacional e
consultor da EDP e do
Grupo José de Mello

...FACILITADOR
momento em que trocar a advocacia pela política, lhe pode gerar anticorpos. Por Gustavo Sampaio
45
 Portugal

anuela Moura

M Guedes já fora
afastada com es-
trondo da condu-
ção do jornal mais
polémico da televisão portuguesa
quando, em Dezembro de 2009,
fez uma revelação controversa
durante uma audição na Entidade
Reguladora da Comunicação
(ERC), destinada a apurar se José
Sócrates pressionara de forma
ilegítima os órgãos de comunica-
ção social. Segundo a ex-pivô, o
socialista António Vitorino teria
participado activamente num “es-
quema” engendrado pelo então
primeiro-ministro com o objecti-
vo de a afastar da TVI, acabando
com o Jornal Nacional à Sexta, o
espaço informativo que
Sou durante vários me-
laranjinha ses exibiu sucessi- 1
LUSA

e estou vamente peças in-

em trânsi-
to para a cómodas para o lí-
página 50 der do executivo. 1 que José Sócrates sempre disse me óbice para outros, como Alfre-
Segundo Moura Na tomada de desconhecer. do Barroso, que na semana passa-
posse como juiz do
Guedes, Bernardo Tribunal Constitu- Na altura, o advogado recusou da, perante a possibilidade de Vi-
Bairrão, CEO da Me- cional, em 1989 comentar o que classificou de torino poder assumir-se como
dia Capital, confi- 2 “mexericos”, mas acabou por ad- candidato presidencial do PS caso
denciara-lhe que Na apresentação mitir que tinha conhecimento António Guterres não avance, es-
António Vitorino, do livro de António “profissional” da intenção da Prisa creveu na sua página no Facebook:
amigo e camarada de Sócrates, Costa, Caminho em vender a estação – negócio “[Vitorino] É o Proença de Carva-
Aberto, em 2012
fora o homem escolhido pelo go- que acabou por falhar na sequên- lho do PS.” Na cabeça do ex-chefe
verno para pressionar a adminis- cia do escândalo público que essa da Casa Civil de Mário Soares, es-
tração da Prisa, proprietária da possibilidade gerou. Nessa altura, tava a rede de relações que o ex-
TVI, no sentido de a tirar do ar. como hoje, o socialista já se movi- comissário europeu alegadamente
Vitorino teria falado várias vezes mentava com grande à-vontade gere. Dias depois, em entrevista à
com os donos da TVI – até sobre entre a política e os negócios. Um SÁBADO, a eurodeputada euro-
a venda da estação à PT, negócio grande talento para uns; um enor- peia Ana Gomes foi taxativa: “Não
é adequado ver um advogado de
negócios na Presidência.”
Vitorino candidato? O PS divide-se Não é segredo para ninguém
Costa lançou-o, ele próprio não disse que não, mas alguns socialistas criticam que o perfil “presidenciável” de
António Vitorino gera resistências
no interior do PS. Ninguém ousa
duvidar da sua competência polí-
tica, mas também são poucos os
que ficam indiferentes aos cons-
trangimentos potenciais que as
suas relações profissionais podem
António António Alfredo AnaGomes colocar no exercício de um man-
Costa Vitorino Barroso “Ver um advogado dato em Belém.
“Tem todas as “Um dia destes “Mais um de negócios como A TAP é um exemplo claro. Sobre
qualidades para falarei sobre facilitador PR não é o mais ade- a privatização da companhia aérea
poder ser um esse tema [uma de negócios quado, independen- nacional, António Costa, líder do
excelente eventual em Belém? temente do apreço partido, alertou, durante a campa-
Presidente da candidatura Francamente, e da admiração que nha para as primárias do partido:
República” presidencial]” ó PS!” tenho por ele” “É mesmo aquela empresa que não

46
 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

Quer saber
quem sou? Só
na página 51...

Vitorino seria capaz de

estancar todas estas li-
1,2
milhões
nhas de potencial conta-
minação entre a activida-
deeuros de política e a esfera dos
foi quanto factu- negócios. A título
rou o escritório de exemplo, re-
presentantes da empresa Nova-

2 Estado desde
deveria ser privatizada porque os
riscos da privatização são muito
grandes.” Já para Vitorino – cujo
escritório, a Cuatrecasas, Gonçal-
ves Pereira, assessora, na corrida à
compra, o fundador da companhia
aérea brasileira Azul, David Neele-
man – a questão essencial é se o
capital é credível, sustentável e se
está em linha com os interesses
fundamentais do Estado português.
De resto, nada a opor. Pergunta:
com Vitorino em Belém e Costa em
São Bento, poderá a “cooperação
estratégica” ser atropelada por este
tipo de diferenças de opinião?
O milagre da multiplicação
Durante a liderança de António Jo-
sé Seguro, o PS opôs-se a outras
privatizações, nomeadamente a
dos CTT. Apesar de ser uma em-
presa lucrativa, acabou mesmo por
ser alienada. Consumada a privati-
SERGIO LEMOS/CM
zação, Vitorino foi nomeado para o
cargo de vogal do Conselho de Ad-
ministração da instituição.
Além de estar nos CTT após a pri-
vatização, Vitorino acumula os car-
gos de administrador não executi-
vo da Áreas Portugal, é presidente
do Conselho Fiscal da Siemens
Portugal (após seis anos como ad-
ministrador não executivo) e presi-
de às assembleias gerais da Nova-
base, Finpro (sociedade gestora
controlada pelo Estado, Banif e
Américo Amorim), Brisa, Banco
Santander Totta, Banco Caixa Geral
Totta de Angola e Banco Comercial
e de Investimentos de Moçambique
(BCI Fomento). Também foi vice-
presidente da PT Internacional e
consultor da EDP e do Grupo José
de Mello, entre outras funções.
A questão que se coloca é se ao
tomar posse de um eventual man-
dato na Presidência da República,
de Vitorino em
contratos com o base integraram a comitiva do
Presidente Cavaco Silva na via-
2008 gem oficial à República Checa, em
2010, com uma agenda repleta de
iniciativas de diplomacia econó-
mica. Mais recentemente, na via-
gem à China, em 2014, a comitiva
de Cavaco Silva incluiu os presi-
dentes executivos do Grupo José
de Mello e dos CTT – tudo empre-
sas com quem Vitorino tem ou
teve negócios.
Ajustes directos e privatizações
Os potenciais conflitos de interes-
ses não se limitariam aos cargos
empresariais de Vitorino. A activi-
dade como sócio da Cuatrecasas –
A CUATRE- onde coincide com Paulo Rangel
CASAS (eurodeputado do PSD) e Francis-
APOIOU ca Almeida (deputada do PSD) –
O BPP E A poderia ser outra dor de cabeça.
SOMAGUE/ Trata-se de uma firma de advoca-
IRMÃOS cia que facturou mais de 1,2 mi-
CAVACO EM lhões de euros em contratos por
ACÇÕES ajuste directo celebrados com en-
CONTRA tidades públicas, de acordo com
O ESTADO os registos do portal Base (desde Q

PUB
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ESTREIA QUARTA 25
ÀS 22H15

axn.pt 47

Portugal
LUSA
Q Outubro de 2008). Ao que
acrescem as adjudicações que não
constam do portal. Exemplo: os
vários serviços que a Cuatrecasas
prestou à Agência de Gestão da
Tesouraria e da Dívida Pública.
Na área das privatizações, des-
taque para a assessoria a um dos
candidatos à compra da TAP, cuja
decisão poderá derrapar para o
próximo ciclo político. O mesmo
se aplica ao ajuste directo que a
Empordef, Empresa Portuguesa
de Defesa, atribuiu à Cuatrecasas,
em Dezembro de 2014, visando a
alienação da EID, Empresa de In-
vestigação e Desenvolvimento de
Electrónica.
Projecto do TGV
Cuatrecasas apoia uma das
empresas do consórcio Elos
Apesar de ter sido cancelado,
já custou ao erário público cerca
de 153 milhões em estudos e
encargos, mais um contrato
swap assumido pelo Estado,
com perdas potenciais de 152
milhões. A este prejuí-
zo poderá ainda
somar-se uma in-
demnização de
169 milhões ao
consórcio Elos.
48
g Por sua vez, a venda da participa-
Em 2009, Vitorino ção de 15% que o Estado português
foi o coordenador
do programa ainda detinha na central hidroeléc-
eleitoral com que trica de Cahora Bassa, em Moçam-
José Sócrates bique, já foi concluída, tendo a
venceu as
legislativas Cuatrecasas assessorado a Parpú-
blica nesse negócio.
Privados contra o Estado
A firma de Vitorino ora trabalha
para o Estado, ora representa
empresas privadas em acções
movidas contra os interesses do
Estado. Como, por exemplo, no
caso em que o consórcio Soma-
32
anos
gue/Irmãos Cavaco pediu uma
indemnização de 16 milhões de
era a idade que euros ao Instituto Portuário e dos
Vitorino tinha Transportes Marítimos, segundo
quando se o directório Chambers & Partners
tornou juiz de 2014. Ou a acção de anulação
do Tribunal que o Banco Privado Português
Constitucional (BPP) intentou contra uma deci-
são do Tribunal de Justiça da
União Europeia, no sentido de o
BPP devolver ao Estado
português uma verba
COSTA É de 450 milhões de eu-
CONTRA A ros. No caso do BPP, a
PRIVATIZA- assessoria da Cuatreca-
ÇÃO DA TAP. sas baseou-se no res-
O ESCRITÓ- pectivo departamento de Di-
RIO DE reito Europeu e da Concor-
VITORINO rência, dirigido pelo próprio
ASSESSORA Vitorino.
UM DOS Na lista de clientes da Cua-
CONCOR- trecasas também há ligações a
RENTES concessionárias de parcerias
Pois... também estou em trânsito...
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
público-privadas (PPP) no sector
rodoviário, algumas das quais com
processos de renegociação em cur-
so que poderão concluir-se no pró-
ximo ciclo político. Nomeadamente
a Auto-Estradas Norte Litoral (deti-
da pelo Grupo Ferrovial) e a Auto-
Estradas do Atlântico (controlada
pela Brisa). Aliás, Vitorino preside à
Assembleia Geral da Brisa, uma
empresa que dispõe de várias par-
ticipações cruzadas com o Grupo
Lena (alegadamente no centro das
suspeitas em torno do ex-primeiro-
ministro José Sócrates) em PPP ro-
doviárias.
Mais, a Cuatrecasas está a asses-
sorar a Iridium no âmbito das
participações que a empresa es-
panhola detém em três PPP con-
tratualizadas em Portugal: as sub-
concessões do Baixo Alentejo e
do Algarve Litoral, no sector ro-
doviário; e a concessão da linha
de TGV entre Poceirão e Caia, no
sector ferroviário. No que respeita
ao projecto do TGV, a Iridium in-
tegra o consórcio Elos (formado
por Brisa, Soares da Costa, Grupo
Lena, Odebrecht, Edifer, Zagope,
entre outros) que ganhou a adju-
dicação e está a pedir uma in-
demnização ao Estado no valor
de 169 milhões.
Vitorino é ex-deputado, ex-se-
cretário de Estado dos Assuntos
Parlamentares, ex-eurodeputado,
ex-ministro da Presidência e da
Defesa Nacional, ex-comissário
europeu para a Justiça e os Assun-
tos Internos e ex-muitas outras
coisas. A sua carreira política ces-
sou no dia 20 de Julho de 2007,
quando abandonou o parlamento
para se focar em definitivo na ad-
vocacia. Já era sócio da Cuatreca-
sas desde Dezembro de 2005.
Aquando da saída, Vito-
rino requereu a subven-
ção vitalícia a que então
tinha direito – a lei que
proíbe a atribuição de pen-
sões vitalícias só foi altera-
da em 2005, não tendo
efeitos retroactivos. O advo-
gado ficou assim a auferir
dois mil euros por mês. Quando
alcançar os 60 anos de idade,
em 2017, o valor duplicará. W

h
A promoção do turis-
mo interno começou
em 2012, para comba-
ter os efeitos da crise.
A responsabilidade dos
conteúdos é de cada
região de turismo
PROMOÇÃO. SPOT SOBRE O NORTE NÃO MOSTRA A INVICTA
O PORTO NÃO APARECE
EMANÚNCIOAO...PORTO
Rui Moreira critica um filme produzido pela SIC sobre a região de turismo
da sua cidade, onde não há uma única imagem dela. Por Vítor Matos
SIC recebeu um apoio do
A Turismo de Portugal no va-
lor de 198,4 mil euros, em
2014, para produzir e divulgar sete
filmes para cada uma das regiões
de turismo portuguesas. Rui Morei-
ra, presidente da Câmara do Porto,
contesta o facto de a sua cidade não
aparecer no filme protagonizado
pela apresentadora Raquel Strada
sobre a região denominada “Porto e
Norte”. “Para os responsáveis pelo
Turismo de Portugal, o Porto é uma
abstracção”, diz à SÁBADO.
O filme de dois minutos sobre o
Porto e o Norte começa pela
Peneda-Gerês, passa por Castro
Laboreiro, mostra os caretos de
Salsas, a Geira Romana e vai ao
centro de arte contemporânea em
Bragança. Nada de Porto nem de
Douro, nem de vinhos. Segundo a
SIC, “os conteúdos foram definidos
pela SIC com o apoio das regiões
de turismo”. Uma fonte oficial do
Turismo de Portugal explica que,
através desta estratégia de promo-
Q Adolfo Mesquita Nunes deu uma
h ção do turismo interno, apoiou
O autarca acha
que decisões como
esta mostram que
se olha para o País
projectos na RTP, TVI e SIC.
Começou em 2012, “concerta-
da com as Entidades Regio-
“com um centralis- nais de Turismo (ERT)”, que
mo paternalista
preocupante” têm a responsabilidade de
desenvolver esta vertente.
PARA RUI Portugal por descobrir
MOREIRA, O Turismo de Portugal
O PORTO confirma que disponibili-
É QUE zou os meios, mas diz que
PROMOVE os conteúdos “são da res-
A REGIÃO ponsabilidade das ERT”,
NORTE cujas escolhas recaíram
E NÃO O em destinos “ainda pouco
CONTRÁRIO conhecidos do público
português”. Por exemplo,
no filme do Algarve não
aparecem praias, mas sim a
montanha, e no do Alentejo a
cidade de Évora é ignorada. A
estratégia, segundo o Turismo
de Portugal, visa demonstrar
que “há muito ainda por desco-
brir em cada uma das regiões”.
O presidente da câmara do
Sim, sou do CDS, mas não lhe posso
dizer mais que isso. Vire a página...
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
A polémica
A guerra de Moreira com
o secretário do Turismo
Aentrevista
entrevista em Janeiro a dizer que
o turismo no Porto estava estag-
nado e que disparou em 2013
O pontosensível
Disse que a estratégia “baseada
em eventos agrada a autarcas”,
depois de ter cortado a verba à
corrida no Circuito da Boavista
Opost
Em resposta, Rui Moreira escre-
veu no Facebook sobre o secre-
tário de Estado: “Palavras para
quê, é um artista português”
Porto, que tem mantido uma polé-
mica pública com o secretário de
Estado do Turismo, Adolfo Mesquita
Nunes, discorda. Rui Moreira defen-
de a estratégia inversa, por entender
que “é pela potenciação da marca
Porto e da sua promoção que é pos-
sível rentabilizar sinergias a favor de
toda a região Norte”. Na sua
opinião, “continua-se a olhar
para o País com um centralis-
mo paternalista muito preocu-
pante, não percebendo
que o turismo de cidade
é hoje o principal filão
do sector”. Para o au-
tarca, “a política do
turismo pretende
defender que em
Portugal há uma ci-
dade – Lisboa. O res-
to é paisagem”.
Segundo dados do
INE, o turismo inter-
no teve o melhor ano
de sempre, e ganhou 1,5
milhões de dormidas, ba-
tendo o recorde de 2010. A
SÁBADO contactou o pre-
sidente da Câmara de Évo-
PEDRO CATARINO/CM
ra, mas uma fonte do gabi-
nete disse que Carlos Sá
“não vê motivos para co-
mentar essa decisão”. W
49
 Portugal
NOMEAÇÕES. AS CONTRADIÇÕES DO CDS
FECHAM
OS OLHOS
AOS BOYS
Na oposição, Paulo Portas e Pedro
Mota Soares agitavam as bandeiras do
CDS contra as clientelas do PS e do
PSD. Agora, mudou a cor: onde havia
apenas socialistas, só há dirigentes
laranjas ou azuis. PorVítor Matos
uís Pedro Mota Soares era
L um deputado indignado. No
parlamento, em Fevereiro
de 2011, usou toda a sua iro-
nia para confrontar a socialista Hele-
na André, ministra do Trabalho, com
a promoção de 41 dirigentes na Se-
gurança Social (SS). “Todas estas pes-
soas têm uma ligação directa ao PS.
Não tenho a mínima dúvida, agora
que se fala de reduções nos cargos
dirigentes, que para estas pessoas há
zero de incertezas, zero de preocu-
pações. A redução a estes não toca
não”, versejou, concluindo com uma
pergunta retórica: “O que está por
trás destas promoções?”
A denúncia ia mais longe: o CDS
pôs a circular um documento em
PowerPoint a demonstrar que to-
dos os dirigentes dos centros da
Segurança Social eram do PS,
como forma de provar a coloniza-
ção do aparelho de Estado pelos
boys socialistas. O CDS transforma-
ria o anticlientelismo numa ban-
deira eleitoral. O discurso acen-
tuou-se antes das eleições anteci-
padas de Junho de 2011: um dos ar-
gumentos de Paulo Portas na cam-
panha era que o CDS tinha “uma
vantagem comparativa” por “não
depender do Estado para satisfazer
clientelas”. Daí a importância de
50
h
Paulo Portas
queria garantir
que o salário
dos gestores
públicos baixa-
va. Acabou por
não o conseguir
DOS 18 PauloPortas cial passaram a ser, todos eles, mili-
DIRECTORES
REGIONAIS
DA SEGU-
RANÇA
SOCIAL, 14
“O PS e o PSD são estruturalmente
dependentes do Estado. É uma
vantagem comparativa do CDS
não depender do Estado para
satisfazer clientelas”
tantes ou dirigentes do PSD e do
CDS. Os laranjas ganharam por 11 a
3 aos centristas, denunciou o Jornal
de Negócios há uma semana. O
PowerPoint mudou de cor, apesar
SÃO DO CDS SÁBADO, 3 de Fevereiro de 2011 de agora haver uma entidade criada
E DO PSD por este Governo para aferir o méri-
“
“Não acredito que o PS ou o PSD
por si só tenham uma vontade refor-
madora que seja efectiva em relação
to dos candidatos aos lugares e aca-
bar com o partidarismo: a Comissão
de Recrutamento e Selecção para a
Administração Pública (CRESAP).
ao Estado clientelar. Não por
480
emcasa
nenhum defeito congénito, mas pela
dependência das suas clientelas”
A estes também não toca não
Uma fonte oficial do Ministério da
É o número de SÁBADO, 3 de fevereiro de 2011 Solidariedade responde à SÁBADO
funcionários da que “a melhor forma de acabar
Segurança So-
cial colocados
este mês na mo-
bilidade espe-
“
“Tanto o PSD como o PS têm
uma prática de colonização
do Estado pelos partidos”
com os boys é acabar com os jobs”,
e que, nesse sentido, o Governo
eliminou 357 cargos dirigentes no
ministério. De resto, Mota Soares
cial. Devem JN, 1 de Fevereiro de 2011 atribui à CRESAP o escrutínio sobre
chegar aos 630 todos estes candidatos que chega-
ram às short lists. Refira-se que
integrar um Governo de coligação. cada lista de finalistas proposta
O MINISTÉ- Assim, poderia atenuar a natureza pela CRESAP é composta por três
RIO DA tentacular do PSD. nomes, dos quais o Governo esco-
SEGURANÇA Mas o mundo pula e avança. Em lhe um. Nestes casos, a escolha
SOCIAL DIZ Junho do mesmo ano, Mota Soares pertenceu à direcção do Instituto
QUE ELIMI- passou a ocupar o gabinete ministe- da Segurança Social, liderado por
NOU 357 rial, na Praça de Londres, que era da Mariana Ribeiro Ferreira, do CDS.
CARGOS DI- socialista Helena André. E quatro Em Dezembro passado, esta diri-
RIGENTES DA anos depois, 14 dos 18 directores dos gente anunciou que não se recan-
ESTRUTURA centros regionais da Segurança So- didatava ao cargo. Mas os três fina-
 UM MUNDO DE ESPETÁCULOS
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

j A PENSAR EM SI!

PUB
Mota Soares
vociferou
contra as cu-
nhas partidá-
rias na oposi-
ção. Agora é
acusado do
contrário

SÉRGIO LEMOS/CM

LuísPedroMotaSoares
“O que está por trás destas
chefias e destas promoções?”

COLISEU LISBOA 19.04.2015

“
“Todas estas pessoas têm uma
relação directa com o PS”
15 de Fevereiro de 2011, no parla-
CASA DA MÚSICA 20.04.2015
mento, sobre as nomeações do PS
para a Segurança Social

listas entretanto seleccionados pela

CRESAP para a substituir também
têm ligações ao PSD e ao CDS.
Uma das primeiras polémicas deste
Governo com nomeações foi a esco-
lha da nova administração da CGD,
em que Nuno Fernandes Thomaz, do
CDS, foi um dos nomeados. Outro
caso foi a saída de Álvaro Castelo
Branco, do CDS, da câmara do Porto,
para a administração da Águas de
Portugal. Em 2012, no âmbito do Mi-
nistério da Saúde, foram nomeados
na região do Porto militantes do PSD
e do CDS, a maioria sem experiência
na área, para dirigirem os agrupa-
mentos de centros de Saúde do Nor-
te. Uma dessas dirigentes acabou por
ser demitida por apresentar um cur-
rículo falso. Os outros ficaram. A es-
tes nada toca não, diria Mota Soares,
na sua versão de deputado. W

51
 Mundo
CRISE. O QUE ACONTECE AOS GREGOS SE SAÍREM DO EURO
HÁESPERANÇA
FORADAUNIÃO
EUROPEIA?
Se a Grécia sair do euro, a dracma regressa,
a inflação dispara, as falências multiplicam-se. E Portugal?
Não afunda – mas treme. Por Joana Carvalho Fernandes
Grécia é repetente nesta
A crise. Não é a primeira
vez que fica à beira da
saída do euro. Só que
agora há uma diferença: segundo
vários analistas, o risco de contágio
imediato é muito menor do que nas
últimas crises. A queda de Atenas
será uma catástrofe para o país, mas
já não precisa de ser uma calamida-
de para os vizinhos europeus, por-
que o Banco Central Europeu (BCE)
está mais bem preparado para ac-
tuar. Mas então porque é que a Eu-
ropa tenta segurar a Grécia e não a
deixa, simplesmente, voltar à drac-
ma? Porque abrir a porta à saída do
euro pode significar, a longo prazo,
o início do fim da moeda única.
AGRÉCIANÃOPODESAIR
DOEURO.OUPODE?
Em teoria pode e até tem duas hi-
póteses: sair a bem ou a mal. O
economista Luís Aguiar-Conraria,
professor na Universidade do Mi-
nho, explica que “não há uma ma-
neira formal de obrigar países a
saírem do euro, dado que essa hi-
pótese nem está prevista nos trata-
dos”. No entanto, o BCE pode pres-
sionar Atenas: “Corta o financia-
mento aos bancos e a crise que se
52
segue é tão violenta que o país não
Oprazo
O actual plano
de resgate da
Grécia termina a
28 de Fevereiro.
tem outra alternativa a não ser a
emissão de uma nova moeda.” De-
pois disso, o Governo toma uma
medida de emergência para legali-
zar a moeda, estabelecer taxas de
Sem acordo conversão e imprimir dinheiro. Se-
não há ria uma saída “a mal”.
financiamento
ERAMELHORSAIRABEM?
Não necessariamente. O abandono
do euro podia ser programado da
mesma forma que foi feita a transi-
ção da dracma para o euro – com
acordos de regulação, acrescidos de
alguns detalhes importantes. Por
exemplo: o que se faria à dívida
contraída em euros? “Teria de ser
convertida na nova moeda”, explica
Aguiar-Conraria.
A saída teria ainda de ser feita de
surpresa – o que, com todo o escru-
tínio que existe, parece difícil – e OQUEMAISACONTECERIA
conjugada com a proibição de mo- ÀGRÉCIA?
A NOVA vimentos bancários e transferências Seria uma espécie de filme de ter-
DRACMA financeiras. “Só assim se evitaria a ror: “A dracma desvalorizaria entre
DESVALORI- fuga em massa de capitais”, diz o 40% e 70%, a inflação diminuiria o
ZARIA ENTRE economista. poder de compra das famílias e ar-
40 E 70% – O Depois, era preciso produzir uma rastaria consigo as poupanças dos
PODER DE nova moeda (grande parte das que gregos, que começariam uma corri-
COMPRA DAS eram usadas antes da entrada no da aos bancos”, resume João Du-
FAMÍLIAS euro foram destruídas) e colocá-la que, presidente do Instituto Supe-
CAIRIA em circulação. rior de Economia e Gestão (ISEG). O

Governo teria de limitar a movi-
mentação de capitais, como acon-
teceu no Chipre em 2013.
“O património das pessoas e das
empresas desvalorizaria e as suas
dívidas multiplicar-se-iam, porque
os compromissos foram assumidos
em euros”, acrescenta.
A Grécia e as empresas gregas fi-
cariam impossibilitadas de aceder a
empréstimos internacionais, in-
cluindo aos do BCE – o Governo se-
ria forçado a criar novos impostos
ou a deliberar cortes na despesa pú-
blica. “O país entraria numa reces-
são profunda, com a multiplicação
das falências e o aumento do de-
semprego, que hoje já está nos
25,8% – e que só não cresceria tanto
porque seria compensado pelo au-
mento da emigração”, explica Pedro
Lino, da corretora Dif Broker.
ÉTUDOMAU?
Quase. Ter uma moeda mais fraca
pode ajudar as exportações. Os pro-
dutores de azeite, fruta, iogurte, ma-
teriais de construção e medicamen-
tos podiam beneficiar. O sector do
turismo também – passaria a ser
mais barato fazer férias na Grécia.
Problema? “Para que as exportações
disparem, é preciso que haja maté-
ria-prima e que as empresas este-
jam abertas”, lembra Pedro Lino.
João Duque levanta outras duas
questões. Primeira: “Quem é que vai
querer fornecer a Grécia se houver o
risco de ela não pagar?” Segunda:
“O maior país exportador de turistas
para a Grécia é a Alemanha. De Ja-
neiro a Setembro, o país recebeu
11,2 milhões de visitantes, 2 milhões
eram alemães. Com o discurso ex-
tremado dos gregos contra a Alema-
nha, será que eles não vão optar por
outro destino de férias?”
AGRÉCIASAIDOEURO.EM
QUEESTADOFICAAEUROPA?
Na perspectiva do ministro das Fi-
nanças da Grécia, Yanis Varoufakis,
a união monetária “desmorona-se
como um castelo de cartas”. Tradu-
ção: haverá outros países a abando-
nar a moeda única. Para os especia-
listas, o risco de contágio é hoje
muito inferior ao que era em 2012:
“As taxas da dívida pública espa-
g nhola nunca estiveram tão baixas, e
Alexis Tsipras já as portuguesas estão a bater míni-
reúne mais apoio
do que aquele que mos históricos – na crise anterior
recebeu nas chegaram aos 22% a dois anos”, re-
últimas eleições: corda Pedro Lino.
hoje teria 45%
dos votos Aguiar-Conraria considera que “o
poder de chantagem da Grécia de-
sapareceu”. E explica: “Grande parte
da dívida grega é hoje detida por
credores institucionais – Estados
europeus e instituições como o Fun-
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
do Monetário Internacional e o BCE
– e não por bancos”, acrescenta.
No entanto, sublinha Danae
Kyriakopoulou, economista do Cen-
tre for Economics and Business Re-
search, esta saída abre um preceden-
te: a adesão ao euro deixa de ser irre-
versível. “Os países passam a consi-
derá-la entre as alternativas ao seu
dispor para resolverem problemas.
Isso aumenta a probabilidade de a
união monetária ruir”, defende. Este
será o principal risco de longo prazo.
COMAGRÉCIAFORADOEURO,
PORTUGALVAIATRÁS?
O economista João Ferreira do Ama-
ral, do ISEG, considera que Portugal
ficaria “sob vigilância mais apertada
por parte dos mercados”, mas não
acredita que o País “fosse empurra-
do para fora da união monetária no
dia seguinte”. Até porque, explica
Pedro Lino, “está protegido pelo pro-
grama de compra de dívida pública
do BCE”. É claro que há sempre uma
dose de imprevisibilidade: se Atenas
sair do euro, é difícil que isso não te-
nha impacto, mesmo que ligeiro, nas
taxas de juro da dívida portuguesa,
lembra Aguiar-Conraria.
QUEMÉQUENÃOVAISER
APANHADODESPREVENIDO?
Só o Reino Unido assumiu que estava
a preparar um plano de contingência
para o caso de a Grécia sair do euro.
“Se um país do euro anunciasse uma
medida desse tipo, isso geraria um
grande alarme. A existirem, esses pla-
nos serão ultra-secretos”, explica
Ferreira do Amaral.
Em 2012, Portugal não tinha um
plano para responder à queda da
Grécia. A SÁBADO voltou a questio-
nar o Governo, mas não obteve res-
posta. Os Estados não são os únicos
a precaver-se. Em Maio de 2012, a
De La Rue, que fabrica notas para
150 países, até testou regras de se-
gurança e imagens para novas drac-
mas. Mais, explica Pedro Lino: “Mui-
tas empresas, nomeadamente do
sector financeiro, reviram os contra-
tos que estavam a fazer na Grécia –
com pessoas e com empresas –
para incluírem uma cláusula que
contemplava a eventualidade de o
país mudar de moeda.” W
53

Mundo
o início da tarde de sába-
A do, 14 de Fevereiro, Omar
El-Hussein irrompeu no
café de um centro cultural em
Copenhaga, Dinamarca, e dispa-
rou cerca de 30 vezes contra os
participantes de um debate em
homenagem às vítimas do Charlie
Hebdo. Matou um documentarista
e feriu três polícias. O encontro
estava sob vigilância especial da
polícia por causa da presença de
Lars Vilks, um cartoonista “maldi-
to” para a comunidade árabe (ver
caixa). Tal como o malogrado di-
rector do Charlie Hebdo, Stépha-
ne Charbonnier, Vilks figura numa
alegada lista da Al-Qaeda com
“alvos a abater”.
Nessa mesma noite, o jovem di-
namarquês de 22 anos efectuou
um segundo ataque, contra a prin-
cipal sinagoga da cidade, matando
um membro da comunidade ju-
daica que estava de guarda ao lo-
cal. A cidade ficou em choque.
Depois da França e da Bélgica,
chegava a vez da Dinamarca, em
pouco mais de um mês. A polícia
lançou uma operação de caça ao
homem até conseguir encurralar
El-Hussein numa rua estreita jun-
to à estação de comboios de Nor-
rebro, um bairro nos subúrbios da
capital dinamarquesa, na madru-
gada de domingo. Após uma troca
de tiros testemunhada pelos resi-
dentes, a polícia abateu El-Hus-
sein. Entretanto, na segunda-feira,
a polícia dinamarquesa deteve
dois suspeitos de terem auxiliado
El-Hussein no dia dos ataques: te-
rão acolhido o suspeito e ajudado
a esconder a arma do crime.
Nascido e criado em Copenhaga,
filho de um casal de palestinianos
que partiu de um campo de refu-
giados na Jordânia para o exílio na
Dinamarca, Omar El-Hussein saíra
da prisão há apenas duas semanas,
depois de cumprir metade de uma
pena de dois anos por ter apunha-
lado um jovem de 19 anos. Tinha
cadastro relativamente a posse ile-
gal de armas e estaria ligado a dois
gangues, o La Raza (conotado com
práticas de recrutamento para mo-
54
O ATAQUE...
Os cerca de 30 disparos que efectuou
no café mataram uma pessoa e feriram ou-
tras três. A polícia estava a vigiar o debate
VIOLÊNCIA. TERROR NA DINAMARCA
OMAR,
OGANGSTER
RADICAL
Um jovem islâmico de 22 anos espalhou o
terrornacidade de Copenhaga: cometeu dois
atentados em poucas horas. Por Gustavo Sampaio
...AFUGA...
Terá contado com a ajuda de dois
residentes do bairro Norrebro, para se
esconder e para se livrar da arma do crime
...EAMORTE
Os vizinhos ouviram o barulho da troca de
tiros, mas pensaram tratar-se de uma dis-
puta entre gangues do tráfico de drogas
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Dano colateral
Ataque era dirigido a um;
mas foi outro que morreu
Odebate em Copenhaga ti-
nha sido organizado pelo sueco
Lars Vilks, conhecido por, em
2007, ter desenhado uma série
de cartoons onde o profeta Mao-
mé surge com uma cabeça de
cão. Vilks seria o alvo do ata-
que, mas a vítima mortal
acabou por ser Finn
Norgaard, um realiza-
dor de documentários,
com 55 anos.
vimentos radicais islâmicos) e os
Brothas, por sua vez sedeados no
bairro de Norrebro, onde El-Hus-
sein foi morto.
Inspirado pelo Charlie Hebdo
Em Novembro de 2013, El-Hussein
esfaqueou um jovem de 19 anos na
estação de comboios de Norrebro.
Foi detido dois meses mais tarde e
condenado, em Dezembro de
2014, a dois anos de prisão. No en-
tanto, acabou por ser libertado no
fim de Janeiro deste ano, por já ter
cumprido metade da pena.
Estava na prisão quando acom-
panhou as notícias sobre os ata-
ques à redacção do jornal satírico
Charlie Hebdo e a um supermer-
cado kosher em Paris. As autori-
dades dinamarquesas acreditam
que esses ataques terroristas terão
sido a “inspiração” para El-Hus-
sein fazer o que fez duas semanas
após a libertação. Terá sido ainda
na cadeia que El-Hussein mani-
festou a intenção de ir combater
na Síria, o que o colocou na lista
de suspeitos sob vigilância dos
serviços secretos.
Desde Setembro de 2005, quan-
do o jornal dinamarquês Jyllands
Posten publicou 12 cartoons com
o profeta Maomé (um deles com
uma bomba disfarçada no turban-
te), que a Dinamarca se debatia
com a possibilidade de um atenta-
do. Aconteceu agora. W
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 Dinheiro
SWISS LEAKS. 611 CLIENTES ASSOCIADOS A PORTUGAL
NORASTODOS
PORTUGUESES
COMCONTAS
NASUÍÇA
A lista inclui o dono de uma empresa que só não fechou
para recuperar uma dívida de 22 mil euros e uma
transmontana que “só com o Euromilhões” teria tanto
dinheiro. Por André Rito, Joana Carvalho Fernandes e Maria Espírito Santo
a entrada não há qual-
N quer inscrição ou refe-
rência ao nome da em-
presa. É preciso subir a
um discreto primeiro andar da rua
de São Nicolau, no coração da Bai-
xa Lisboeta, para confirmar que ali
funciona a empresa J. Amaro da
Cruz, cujo nome do fundador sur-
giu há duas semanas na lista da
Swiss Leaks. Segundo a “lista La-
garde” – revelada pelo Consórcio
Internacional de Jornalistas de In-
vestigação (ICIJ) e que envolve 220
nomes de nacionaldade portuguesa
–, Joaquim Amaro da Cruz e a mu-
lher, ambos emigrados na Suíça,
são titulares de duas contas sepa-
radas no HSBC no valor total de
362 milhões de euros.
A empresa do ramo da ourivesa-
ria, lançada nos anos 80, é hoje ge-
rida por um filho. Contactado pela
SÁBADO, Pedro Amaro da Cruz
não quis prestar declarações justifi-
cando nada ter a ver com as contas
bancárias do pai. Apesar disso,
considerou os valores em causa um
“absurdo”.
O empresário afirma que a em-
56
presa do pai – de que é actual-
mente gerente – só não está inac-
tiva porque tem créditos a recupe-
rar no mercado. É o caso da
Gomsworld, uma sociedade por
quotas que se dedica ao comércio
Hervé a retalho de relógios e artigos de
Falciani joalharia e ourivesaria. Sediada na
O informático Quinta da Beloura, em Sintra, en-
que revelou as frenta actualmente um processo
informações do de insolvência, tendo entre os seus
Swiss Leaks já credores a J. Amaro da Cruz, que
é conhecido reclama um total de 22.696 euros.
como o Edward Um valor que não se adivinha fácil
Snowden de recuperar: contactado pela SÁ-
da banca BADO, o administrador de insol-
vência, António Magalhães, reve-
lou que o ex-proprietário se en-
contra “em parte incerta” e que o
processo está parado.
Apesar de praticamente não fun-
JOAQUIM cionar, a sede da J. Amaro da Cruz
AMARO DA continua a ser vigiada em perma-
CRUZ TEM nência por uma câmara de segu-
UMA EMPRE- rança e um potente holofote que se
SA NO RAMO acende sempre que alguém se
DA OURIVE- aproxima da porta de entrada. A
SARIA, campainha toca mas ninguém
CRIADA NOS atende. Pedro Amaro da Cruz assu-
ANOS 80 miu a empresa há 10 anos, desde
Fisco pede lista
Finanças já estão em
contacto com França
O Ministério já pediu às au-
toridades francesas a lista de
portugueses envolvidos no
caso Swiss Leaks. Segundo o
Diário Económico, entre os 611
clientes com ligações a Portu-
gal – cujas contas atingem os
85 milhões de euros – está a
neta de um conhecido milio-
nário português, já falecido,
que acumulou 10,2 milhões de
euros no HSBC. A lista contém
ainda nomes de vá-
rios membros
de um escritó-
rio de advoga-
dos e de uma
aristocrata pro-
curada pela
justiça portu-
guesa.

que os pais emigraram para a Suí-
ça. Em 2013 teve um prejuízo de
4.751 euros, mas o seu negócio não
é apenas o ouro.
Em seu nome está também a Cos-
mobliss, cuja sede está registada
num condomínio privado na Pare-
de, que é também a residência de
Pedro Amaro da Cruz. Constituída
em 2009 como sociedade por quo-
tas, dedica-se ao comércio de per-
fumes e artigos de higiene.
Pedro Amaro da Cruz é ainda só-
cio-gerente da TopSpas, “uma em-
presa de Consultoria e Gestão de
Spas”, constituída em 2005, que
oferece “soluções profissionais al-
ternativas ao tradicional outsor-
cing/exploração de unidades spa”,
lê-se na descrição da empresa. Se-
gundo dados recolhidos pela SÁBA-
DO, a TopSpa teve em 2013 vendas
superiores a 400 mil euros e resul-
tados líquidos de 51 mil euros.
Sem sinais de riqueza
Desde que foram revelados os pri-
meiros nomes de titulares de con-
tas no HSBC, a administração fiscal
portuguesa fez várias diligências –
como o pedido às autoridades
francesas da lista de portugueses
envolvidos. Em Espanha já foram
recuperados 260 milhões de euros,
em Itália 570 milhões e no Reino
Unido, de acordo com os dados
mais recentes, 180 milhões de eu-
ros. Por cá sabe-se apenas que
existem 611 clientes com ligações a
Portugal e contas num valor global
de 856 milhões de euros – o que
não significa, por si só, qualquer
fuga aos impostos.
Um dos nomes conhecidos é o de
Sílvia Caçador. Natural de Vila
Real, casada, tem 40 anos e alega-
damente uma conta de 227 milhões
de euros no HSBC. Mas as pistas
apontam em direcção contrária: os
pais têm uma padaria no Luxem-
burgo, os sogros vivem da terra, em
Garganta, e todos os conhecidos
torcem o nariz à riqueza que nunca
se demonstrou nas férias discretas,
GETTYIMAGES
passadas na terra. Sílvia trabalha
na Maitland, empresa de consulto-
ria com filial no Luxemburgo, que
não quis prestar declarações.
Celestino Ruivo Caçador, marido
g da misteriosa milionária, emprega-
A multinacional é do na Caterman SA, empresa de
também o segun-
do maior banco do catering, disse à SÁBADO que “a
mundo. É inglês e situação está a ser tratada”. Na se-
nasceu nos anos mana passada ambos se riram
90 através da
Hong Kong and quando a RTP ligou e perguntou
Shanghai Banking pelos 220 milhões de euros que
Corporation Sílvia terá numa conta no HSBC:
– daí a sigla
“Nunca tive nada desse dinheiro
por isso a lista deve ser errada.”
Sem qualquer tipo de comércio, a
maioria da população da vila de
Garganta dedica-se à agricultura –
como aconteceu com os pais de
Sílvia, antes de emigrarem para o
Luxemburgo, onde têm actualmen-
te uma padaria. A família mantém
a casa na terra, que só é utilizada
em Agosto. “A vila é pequena, qua-
se toda a gente se chama Ruivo,
Caçador, Correia, ou Botelho”, con-
SÍLVIA NÃO ta à SÁBADO Luís Gonçalves, pre-
QUER FALAR. sidente da União das Freguesias de
É EMIGRAN- São Martinho de Anta e Paradela
TE, COMO de Guiães. Acrescentando ainda
OS PAIS, QUE que numa terra daquelas, de “gente
TÊM UMA humilde e séria” é improvável que
PADARIA Sílvia tenha essa quantia numa
NO LUXEM- conta: “Só com um totoloto ou um
BURGO Euromilhões.” W
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Semanada
O
Helena Garrido
Directora do Jornal de Negócios
Para uma nova
crise novas
políticas
Nós sabemos que vocês sabem
que nós sabemos que a política
europeia de combate à crise das
dívidas foi desenhada para evitar
colapsos bancários, evitando tem-
pestades como a gerada pela op-
ção da administração Bush de dei-
xar falir o Lehman Brothers. Foi
uma escolha correcta. Em 2010,
com a Grécia, em 2011 e ainda em
2012. Hoje é tempo de reavaliar as
medidas de política. A crise já não
é a mesma.
Sim, pode ser cansativo falar da
Zona Euro. Mas é do seu futuro
que todos nós dependemos, é de
uma visão de médio e longo pra-
zo e não de vistas curtas que de-
pende uma União Europeia forte,
capaz de enfrentar os desafios da
consolidação da era pós-muro de
Berlim.
A atitude que alguns Governos
da Zona Euro têm tido com a Gré-
cia, incluindo o português, revela
uma visão táctica de curtíssimo
prazo. Claro que se percebe que
Lisboa, Dublin e Madrid nem quei-
ram ouvir falar em mudar de polí-
tica depois de terem sido relativa-
mente bem-sucedidos no progra-
ma classificado de “austeridade”
desenhado logo em 2010.
Como vemos pelos resultados,
os programas da troika funcionam
quase na perfeição em países com
fortes instituições. Irlanda melhor
que Portugal, só para dar um
exemplo. A grande reforma estru-
tural da Grécia é a construção de
uma administração central, um
Estado forte. É preciso aceitar que
o programa da troika não funcio-
nou nem funcionará. W
57
 Segurança

SEQUESTRO. RAPTORES FICARAM EM PRISÃO PREVENTIVA

TORTURADA
NAPASSAGEM
DE ANO
Uma mulher foi agredida, regada com gasolina e colocada numa
banheira de água gelada por uma família que achava que ela
lhes tinha roubado droga. Foram presos pela PJ. Por Nuno Tiago Pinto

ra a primeira madrugada do h

E ano. Tudo parecia tranquilo

na localidade de Irivo, em
Penafiel. De súbito, um dos
moradores começou a ouvir uns ba-
rulhos estranhos na rua. Logo depois
A vítima, de 35
anos, passou duas
noites amarrada
a uma cadeira
enquanto
era agredida
Técnicas de terror
As torturas aplicadas
pareciam saídas de um filme
Chaves de parafusos. Junta-
RUI RICARDO

o cão começou a ladrar. Passavam mente com canetas e alicates,

poucos minutos das 6h. O homem
encaminhou-se para a porta. Quan-
do a abriu, encontrou uma mulher
estendida no chão, com feridas por
todo o corpo.
Reconheceu-a imediatamente. A
primeira reacção do homem foi ten-
tar localizar o companheiro da víti-
ma, uma vizinha de 35 anos. Não
conseguiu. Depois foi a casa de uma
família cigana que também a conhe-
cia. Não se mostraram preocupados.
A solução foi chamar os bombeiros.
“Quando lá chegámos ela já tinha
sido levado para dentro da casa das
pessoas que a encontraram. Estava
muito maltratada, com hematomas,
ferimentos com hemorragias e em
hipotermia. Os nossos termómetros
nem detectaram temperatura, o que
significa que estava com menos de
30º”, conta à SÁBADO o chefe dos
bombeiros de Paço de Sousa, Agosti-
nho Coelho. “Contou-nos que tinha
foram usadas para perfurar o
corpo da mulher.
Sono. Durante duas noites, a víti-
ma foi impedida de dormir pelas
agressões constantes.
Fogo e água. Depois de regada
com gasolina os agressores dis-
seram-lhe que lhe iam atear fogo.
Mais tarde colocaram-na numa
banheira de água gelada.
NUM BARRA-
CÃO DE estado amarrada dois dias e sem co-
VALONGO, A mer”, continua. Depois, levaram-na
MULHER FOI para o Hospital Padre Américo onde
AGREDIDA ficou internada 13 dias.
COM BARRAS O pesadelo tinha começado na tar-
DE FERRO de de dia 30 de Dezembro de 2014.
E REGADA Era terça-feira. Uma família sua vizi-
COM nha – aquela a quem o homem que
GASOLINA a encontrou foi pedir ajuda – quis
encontrar-se com ela. Mas quando
chegou junto do casal e da filha de
ambos, percebeu que algo se passa-
va. “A família estava convencida de
que ela tinha roubado uma quanti-
dade de droga que tinham enterrado
num local ermo, perto da zona onde
residiam”, conta à SÁBADO uma
fonte judicial.
Num instante, obrigaram-na a en-
trar para um automóvel e levaram-
-na para o local onde os estupefa-
cientes tinham estado escondidos.
Pelo caminho, bateram-lhe e amea-
çaram-na para a fazer confessar o
que tinha feito à droga.
Torturasem série
Em seguida, transportaram-na para
um barracão na zona de Valongo
onde costumam fazer festas de famí-
lia. Aí a mulher foi amordaçada,
amarrada e torturada com vários
instrumentos: alicates, chaves de pa-

58

rafusos e canetas. “Ficou com o cor-
po crivado de perfurações e hemato-
mas”, diz a mesma fonte. Foi ainda
agredida com barras de ferro e rega-
da com gasolina. “Disseram-lhe que
lhe iam atear fogo”, recorda fonte
próxima da investigação.
Aterrorizada, a vítima foi levada
para um bairro social de Valongo,
onde passou a noite de 30 para 31 de
Dezembro, num apartamento, amar-
rada a uma cadeira. Os três agresso-
res e outros familiares revezaram-se
nas agressões. No dia seguinte volta-
ram a Irivo. Aí, os raptores optaram
por uma nova estratégia: enfiaram a
vítima numa banheira cheia de água
gelada e deixaram-na lá dentro du-
rante 30 minutos. Encharcada, foi
novamente amarrada a uma cadeira
e deixada enquanto a família festeja-
va o novo ano. De madrugada, con-
seguiu libertar-se e arrastar-se até à
rua onde o vizinho a encontrou.
No Hospital Padre Américo, aca-
Objectivo bou por contar o que tinha aconteci-
Família de ven- do aos inspectores da Polícia Judi-
dedores ambu- ciária (PJ). Já no terreno, eles desco-
lantes com ante- briram que o companheiro da vítima
cedentes por também tinha sido ameaçado: se
tráfico queria re- contasse alguma coisa às autorida-
cuperar a droga des, a mulher seria morta. Ele acre-
desaparecida ditou. E não colaborou. Mas, na pas-
sada terça-feira dia 10, a PJ prendeu
o casal e a filha, que já têm antece-
dentes por tráfico. Perante os inspec-
tores, terão acusado a vítima de lhes
ter roubado dinheiro.
Levado a tribunal, o casal ficou em
prisão preventiva. A filha foi coloca-
O CASAL FOI da em prisão domiciliária. Um quar-
COLOCADO to familiar que participou nas agres-
NUMA INSTI- sões ficou obrigado a apresentações
TUIÇÃO DE diárias às autoridades. Já a vítima e o
APOIO ÀS companheiro não puderam regressar
VÍTIMAS, POR a casa: por medo de represálias, fo-
RECEIO DE ram colocados numa instituição de
REPRESÁLIAS apoio às vítimas. W
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Segredos da justiça
O
EduardoDâmaso
Director Adjunto do Correio da Manhã
Brincar com o fogo
Todos os partidos parlamentares
estão muito satisfeitos porque
negociaram um novo “pacote”
contra a corrupção que prevê au-
mentos de penas e algumas medi-
das destinadas a facilitar a prova,
entre as quais a dispensa de pena
para “arrependidos”.
Sobre isto convém clarificar algu-
mas coisas. Desde logo, este conjun-
to de nove alterações ao Código Pe-
nal e à lei dos crimes de responsabi-
lidade dos titulares de cargos políti-
cos enche o olho com alguns au-
mentos de penas mas estes resultam
do incumprimento português em re-
lação às recomendações do Grupo
de Estados Contra a Corrupção (Gre-
co). Há uma década que as avalia-
ções do Greco chumbam Portugal no
combate ao crime económico e no
financiamento ilegal da política mas
praticamente nada foi feito.
Agora, que avançaram, deviam ter
aproveitado para criar um direito
para arrependidos a sério – que foi
decisivo nos EUA e em Itáliano com-
bate àmáfia, como estáaserno Brasil
contra a corrupção – mas não o fize-
ram. Fazer depender de um prazo de
30 dias a contar da prática do acto a
dispensa de pena é mesmo só para
inglês ver. Visaapenas arecuperação
do bem mas não a investigação cri-
minal propriamente dita. Por fim – e
sem prejuízo de uma análise mais
detalhada– também não adiantaau-
mentar as penas de corrupção no
sector privado quando ele é abrangi-
do por uma lei que, tal como está,
nem permite uma real investigação
desses crimes. Esperemos que, mais
uma vez, o parlamento não esteja a
brincarcom o fogo, voltando adistin-
guir a árvore quando devia estar a
tratar dessa imensa floresta que são
os crimes económicos. W
59
 Sociedade

PERFIL. HUMORISTA INFILTROU-SE NUMA MANIFESTAÇÃO A FAVOR DE SÓCRATES

60
ESTE TIPO FOI ÀCADE
 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

...e quase apanhou

pancada. João Cunha já
trabalhou nas Finanças
e foi quadro superior
numa consultora. Aos
39 anos, intitula-se
“O Humorista”. É uma
espécie de terrorista do riso.
Por AndréRitoe RaquelWise(fotos)

primeiro contacto foi

O feito através do Face-

book, poucos dias
após a sua performan-
ce à porta do Estabe-
lecimento Prisional (EP) de Évora,
onde se infiltrou numa manifestação
a favor de José Sócrates. Seguiu-se
um telefonema: “André Rito? Daqui
fala o assessor de João Cunha. Quei-
ra aguardar alguns instantes en-
quanto transfiro a chamada.” Música
em escuta: Simply the Best, de Tina
Turner. Logo a seguir vem “O Hu-
morista”. Mas a voz é igual à do su-
posto assistente... Durante três dias,
a SÁBADO acompanhou João Cu-
nha nas filmagens do que será o seu
novo programa de televisão. A fór-
mula mantém-se: misturar ficção
com realidade e provocar o con-
fronto. Tudo sem guião.
João Cunha, que diz pertencer a
uma das maiores famílias portugue-
sas, raramente despe a personagem.
Sentado numa esplanada do Centro
Comercial Alvalade, é interrompido
j após cinco minutos de conversa. “É o
João Cunha foto- humorista?”, pergunta um rapaz com
grafado na semana
passada num hotel pinta de ainda não ter 18 anos. “Im-
de cinco estrelas, porta-se que tire uma fotografia
em Lisboa. Foi lá consigo?” O humorista fica inchado
fazer um casting
de vaidade, ainda que aquela bizarra
aparição seja apenas uma das muitas
artimanhas que usa para construir a
sua personagem megalómana. Meia
hora depois, nova investida: o telefo-

EIADEÉVORA...
ne vibra em cima da mesa. Nada de
especial, não fosse o nome “Cristia-
no”, acompanhado pela fotografia
do jogador de futebol no visor e a Q

61
 Sociedade
Q palavra: “Atender?” “Outra vez
este gajo”, desabafa, aborrecido.
João Cunha ganhou notoriedade
com a série documental O Humoris-
ta, que produziu com Jel para a SIC
Radical, em 2013. Ao longo de seis
episódios, provocou, humilhou e re-
baixou comediantes desprevenidos
– como Nilton, Ricardo Vilão e Car-
los Moura – que convidara para os
seus espectáculos, filmados ao vivo
no Teatro Estúdio Mário Viegas.
Considerada uma caricatura dos
“humoristas medíocres e megalóma-
nos” que nasceram da stand-up co-
medy em Portugal, a série foi a afir-
mação de uma personagem incómo-
da e arrogante, sem graça mas que
se julga a maior. E é precisamente aí
que Cunha, o actor, se sente em casa:
nas piadas básicas, nos trocadilhos
forçados e na vontade de contrariar
todas as regras dos manuais da co-
média. Acima de tudo, o seu humor
vive de uma dúvida: onde acaba
João Cunha e começa o humorista?
“Libertem oZé”
A 25 de Janeiro, abriu os telejornais
porque apareceu infiltrado numa
manifestação a favor de Sócrates, à
porta da prisão de Évora. Partira ce-
do de Lisboa para chegar antes dos
autocarros que vinham da Covilhã;
era necessário perceber onde ia po-
sicionar-se e calcular o percurso a
pé até à prisão. Para não dar nas
vistas, separou-se do operador de
imagem que o acompanhava e es-
perou pelo primeiro autocarro, de
onde saíram uma mãe e o filho,
ambos fãs do humorista.
O momento pacífico – deu até
para tirar uma foto com o miúdo –
não evitou a confusão que se seguiu.
“Vim fazer humor, estou aqui pelo
engenheiro José Sócrates”, provoca-
va Cunha com uma moldura de car-
tão (a simular a janela de uma cela,
com a inscrição #libertemoze). “Fui
dos primeiros a apoiar, estive no
Campus de Justiça.” O objectivo era
aparecer nas televisões que cobriam
o acontecimento. Entrevistado, teve
o seu momento de glória em directo:
“Fui eu que incitei toda a romaria
aqui na prisão de Évora, trouxe in-
clusivamente [chocolates] Mon Ché-
ri, que era uma coisa que o enge-
62
1
No Cinema City,
João Cunha partici-
pou numa sessão
de stand-up. Foi
o último a subir
ao palco
2
Durante o casting 1
para o novo pro-
grama do humoris-
ta, entrevistou uma vado pela polícia. Numa mensagem
candidata: pediu- deixada mais tarde aos fãs no Face-
-lhe para dançar, Palavra de humorista
falar e fez pergun- book, tranquilizou os que temiam a
João Cunha fala de futebol e
tas de cultura geral sua detenção: “Como é natural, os
dá conferências em empresas
agentes da PSP que me identificaram
Sporting TV. Uma vez por eram meus fãs e este dia vai ficar nas
semana, faz comentários des- suas memórias como o dia em que
portivos no canal do Sporting. conheceram O Humorista.”
25
minutos
A família é natural de Alvalade. No Cinema City, em Alvalade, há
stand-up comedy todas as sema-
de O Humorista TEDx. Em 2010 foi convidado nas. Uma espécie de divisão regio-
é o que poderá para dar uma palestra: nal da comédia, onde João Cunha e
ver no Cinema Mentes Abertas em Lugares Fe- Jel começaram a fazer as primeiras
City, em Alvala- chados e Conclusões Fechadas experiências para O Humorista, em
de, nas sessões em Finais Abertos. 2011: Jel filmava escondido, en-
de stand-up quanto Cunha provocava quem su-
comedy MBA. Todos os anos, o humoris- bia ao palco, roubando piadas e re-
ta passa um fim-de-semana com velando uma enorme sobranceria.
os alunos de MBA da Universida- Quando a SÁBADO o acompanhou,
de Lusófona. A ideia é comunicar não foi diferente. À empregada do
melhor através do humor. balcão, que lhe perguntou se queria
um brigadeiro para acompanhar o
café, respondeu: “Para ficar com o
queixo como o seu, todo rebentado
nheiro Sócrates comia em Paris.” de acne? Deixe estar.”
Com vários canais de televisão pre- Em palco, desafiou o público, picou
sentes, tratou de monopolizar, uma a outros humoristas e fez piadas sobre
uma, as entrevistas dos manifestan- espectadores com formas generosas:
tes. “Uma salva de palmas para o en- “Não é verdade que as gordinhas são
genheiro. Estão-lhe a negar botas, esforçadas?”, perguntou a uma jo-
um édredon e um cachecol do Benfi- vem, incrédula. A amiga respondeu:
ca. Toda a gente sabe que o enge- “Já acabou? Estou à espera da pia-
nheiro Sócrates sofria de frio, por isso da.” Resposta: “Oxalá não te aconte-
é que precisava de luvas.” A festa vi- ça como à tua mãe, que esperou
rou confusão e a polícia teve de ser nove meses para depois perceber
Veja a reportagem
com o Humorista chamada. “Gandas democratas que que estava enganada.”
a partir de dia 21 vocês são!”, gritou enquanto era le- Por vezes corre mal, como aconte-
em sabado.pt
2
“TROUXE
MON CHÉRI,
QUE ERA
UMA COISA
QUE O EN-
GENHEIRO
SÓCRATES
COMIA EM
FRANÇA”

ceu na Malveira da Serra, em 2010.
Num snack-bar com uma bola de es-
pelhos, mesa de snooker, máquina de
setas e montra de bolos, o espectácu-
lo teve direito a um público ecléctico:
famílias, prostitutas a começar a noite
e um grupo de homens de rastilho
curto. Com um copo de Carolans na
mão, o humorista entrou em palco a
dançar kuduro com uma das mulhe-
res e disparou uma frase venenosa ao
microfone: “Boa noite, Mafra!”, preci-
samente a terra rival.
Jel, que estava incógnito com uma
câmara na mão, ainda se lembra. “O
João tinha mandado calar o público
várias vezes, disse-lhes que não se
riam das piadas porque estavam to-
dos bêbedos”, conta à SÁBADO o
autor de Homens da Luta. Foi ele
que conseguiu acalmar os ânimos
quando à porta do snack-bar se for-
mou um grupo para pedir explica-
ções ao humorista. “Estás a ver
aquele BMW a passar o vermelho?
Sabes quem vai ali?”, perguntou um
deles. “É a minha mulher, vai para
casa. Está assim porque sabe que vai
haver merda, que vou andar à porra-
da. Achas que sou otário?” João Cu-
nha não vacilou, manteve a perso-
nagem, até à intervenção de Jel.
Outroanimal feroz
“O João é incontrolável, um animal
selvagem da comédia. Sempre gos-
tou da proximidade com o público
[risos]. Já era um tipo popular na se-
cundária de Odivelas, tinha uma
enorme queda para o riso”, diz Jel,
que o conheceu aos 14 anos. Volta-
ram a cruzar-se em 2010. E desse
reencontro nasceu a ideia para a sé-
rie documental O Humorista. Objec-
tivo: convidar alguns humoristas co-
nhecidos para um espectáculo estilo
3 Exímio a provocar a vergonha
4
5 O Humorista
“João Cunha convida”, apesar de o
próprio João Cunha ser então um
perfeito desconhecido.
“Foi-me apresentado um progra-
ma-piloto e achei imensa piada”, re-
corda à SÁBADO Pedro Boucherie
Mendes, que lançaria o programa na
SIC Radical. “A ideia era desconstruir
aquela moda dos humoristas portu-
gueses, satirizar à volta de certas
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
manias. Como é que isso podia fa-
zer-se? Com O Humorista a atrope-
lar outros comediantes, a roubar-
-lhes as piadas e o protagonismo.
Muitas vezes é desconfortável, mas o
humor quando é bom causa descon-
forto. Senão, não passa daquela coi-
sa dos alentejanos e das loiras.”
alheia, João desfiou piadas duras e
PARA ELE outras secas, envolveu-se em dis-
ESTAVA cussões com o público e gozou
RESERVADO com os colegas. Para ele estava
UM CAMA- sempre reservado um camarim lu-
RIM LUXUO- xuoso, com massagistas e uns
SO. OS SEUS quantos “mimos da produção”, que
CONVIDA- negligenciava os restantes come-
DOS FICA- diantes, confinados a camarins no
VAM NO meio do corredor e tratados como
CORREDOR artistas de segunda.
Houve alguns à beira da loucura.
Ricardo Vilão, que participou no se-
3 gundo episódio, saiu de lá aos ber-
Daniel Oliveira ros: “Se voltas a falar mal de mim re-
entrevistou João
Cunha no último bento-te as fuças.” Nilton, que viu
episódio de Cunha abrir o espectáculo com uma
piada sua, também foi surpreendido
4 quando este lhe pediu para fazer um
Fotografado à elogio público ao Humorista. “Sabia
porta da prisão que ia ser provocado mas decidi ali-
de Évora, onde
participou numa nhar, sem saber o que ia acontecer.
manifestação a Aquilo chega a ser constrangedor.
favor de Sócrates. João Cunha estica a sua personagem
Foi identificado
até ao limite”, diz à SÁBADO.
5 Num dos episódios gravados ao
Em 2013, foi aos vivo no Teatro-Estúdio Mário Viegas,
Globos de Ouro
reclamar o prémio houve um espectador indignado que
revelação. “Sou o abandonou a sala após uma longa
maior humorista discussão com João Cunha – ainda
português”
hoje corre um processo em tribunal
contra a SIC. Nas gravações de outro
episódio, os espectadores pediram a
devolução do dinheiro.
O programa foi bem recebido pela
crítica, que o comparou a séries de
referência como The Office. Um con-
selho para quem está a começar?
“Vão ver um espectáculo meu”, diz
Cunha no início de cada episódio,
acompanhado pela canção Ninguém
45
minutos
ÉQuem Queria Ser, de Manel Cruz
(Foge Foge Bandido).
foi o tempo que Para o crítico de televisão e profes-
demorou o cas- sor universitário Eduardo Cintra Tor-
ting. Ao anúncio res, O Humorista foi dos “programas
de jornal respon- mais interessantes na área do humor
deram várias em vários anos”. “Tinha piada e Cu-
pessoas, mas só nha era convincente, assemelhava-
uma apareceu se aos humoristas sem qualidade Q
63

Sociedade
1 2
Q que andam pelas televisões ou
pelo País a fazer stand-up. Alguns ti-
veram dificuldade em enfrentar a si-
tuação, o que mostra que não são as-
sim tão humoristas. Há muito corpo-
rativismo no humor”, diz à SÁBADO.
Dasfinançasaohumor
João Cunha tem 39 anos e é natural
de Moçambique. Antes de começar a
trabalhar na comédia, foi funcionário
público numa repartição de finanças
em Lisboa durante sete anos e inte-
grou os quadros superiores de uma
consultora. No fisco, trabalhou no
IVA, no serviço de cadastro dos con-
tribuintes e participou na consolida-
ção das cobranças. Embora não te-
nha curso superior, terminou o 12º
ano com média de 17 e não entrou
por décimas em Fisioterapia. Foi jo-
gador de andebol e chegou a ser
campeão nacional. Pelo caminho fez
um curso de Marketing e Vendas no
IADE e outro de escrita para televi-
Posterà venda na Net
O dia em que um fã visitou
o humorista em sua casa
Nofimde2014, João Cunha
teve um espectáculo no Teatro
Villaret, em Lisboa, chamado Sexo
ao Vivo. O cartaz, com as letras
amarelas e uma fotografia do hu-
morista, foi colocado no site de lei-
lões eBay. Preço: 10 euros. Foi as-
sim que João Cunha
recebeu um fã em
sua casa. O poster,
autografado, era para
a namorada.
64
3 À frente de um gru-
são nas Produções Fictícias.
Casado pela segunda vez, sem fi-
lhos, em 2011 mudou de vida: largou
o emprego na consultora, para onde
tinha ido ganhar quase três vezes
mais do que na função pública, dedi-
cou-se ao humor, e aprendeu a viver
sem horários. “Veio ocupar o lugar
deixado pelos Homens da Luta”, dis-
se à SÁBADO Fernando Alvim.
Em 2013, invadiu o palco dos Glo-
bos de Ouro para a entrega do pré-
mio revelação. Foi o apresentador
Daniel Oliveira que o serenou quan-
do reclamou o prémio para si. “Boa
noite, sou o maior humorista portu-
guês. Uma salva de palmas para a
Victoria [Guerra, actriz], uma salva
de palmas para mim.”
Daniel Oliveira diz à SÁBADO
que só percebeu o que estava acon-
tecer quando viu João subir as esca-
das atrás da vencedora. “O essencial
naquela situação é minimizar o
dano, se possível não hostilizando o
invasor. Ao subir ao palco ele já con-
seguiu o seu propósito e joga com o
facto de estar em directo para todo o
País”, explicou o apresentador, que
também participou no último episó-
dio de O Humorista. A razão? “O hu-
morista só podia aspirar ao firma-
mento depois de ser entrevistado
pelo Daniel Oliveira”, acredita Jel.
À porta da secretaria da Meo Arena,
João Cunha combina com elementos
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
1 da sua equipa uma estratégia para fu-
O humorista a ten- rar a segurança e ser fotografado no
tar furar a seguran-
ça da Meo Arena. centro do pavilhão. “Decidi que este
Queria ser fotogra- era o local certo para começar uma
fado no centro do digressão”, explica à SÁBADO. “Já se
pavilhão, mas não
o deixaram está a rir... Sabe quem sou, não é?”,
diz para a funcionária assim que en-
2 tra na recepção. “Só com autoriza-
po de adolescen- ção.” Meia-hora depois chega um
tes, Cunha experi- responsável. A resposta é não: a sala
mentou algumas está ocupada com o staffde Pedro
piadas. Depois
pediu 1 euro Abrunhosa, que no dia seguinte ac-
tuava ao vivo. “Vá lá ter com os seus
3 amigos da Covilhã”, disse-lhe perante
A personagem do
humorista foi cria- a insistência do humorista.
da em 2011 para No exterior, Cunha aborda um gru-
um programa da po de adolescentes que passeia pelo
SIC Radical
Parque das Nações. Conta meia dúzia
de piadas e pede dinheiro: “Muito
obrigado, cada um paga um euro.”
Seguiu-se o castingpara escolher
uma assistente para o programa.
Num hotel de cinco estrelas, no cen-
tro de Lisboa, reservou uma sala do
rés-do-chão. Há apenas uma candi-
data, brasileira, que mal sabe ao que
vai. Tem experiência em televi-
são, mas não imagina que se trata
de um programa de comédia. De-
pois de responder a umas quantas
perguntas e de ensaiar algumas
danças, Cunha mostrar imagens em
papel: “Que tipo de sentimento lhe
transmite?”, pergunta, enquanto exi-
be uma fotografia de Vladimir Putin.
Priscila, 36 anos, não sabe de
quem se trata: “Inspira-me calma,
confiança, bondade.” Estranha-
EM 2013, mente, o humorista é brando: “Ai é?
INVADIU Então está bem.” Casting termina-
OS GLOBOS do: um BMW M5 com motorista es-
DE OURO E pera-o à porta. Sai do hotel como
RECLAMOU se estivesse rodeado de fotógrafos
O PRÉMIO e fãs. “Obrigado, obrigado”, cum-
REVELAÇÃO primenta. Mas não estava lá nin-
PARA SI guém. E o carro era alugado. W
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CINEMA. 40 ANOS DE FILMES ERÓTICOS
O TANGO
EA
CHIBATA
Há 40 anos o mundo tremeu de
excitação com os devaneios anais de
Bertolucci. Hoje, um par de algemas
e um milionário asséptico deixam
as mulheres em polvorosa.
PorJosé Couto Nogueira
oda a gente já ouviu dizer
T que o livro As Cinquenta
Sombras de Grey é litera-
tura cor-de-rosa, na fron-
teira da pouca-vergonha, vendeu
mais de 100 milhões de exemplares
e foi traduzido para 52 idiomas. Não
surpreende que o filme homónimo,
acabadinho de lançar, já supere to-
das as expectativas em termos de
bilhetes vendidos.
Não vou aqui falar do livro de E. L.
James, unanimemente destruído
pelos críticos e universalmente
aplaudido como sendo um passo
em frente no erotismo à disposição
das senhoras e meninas que vibram
com os incontáveis remakes que se
vão fazendo da velha história do
Príncipe Encantado. Porque a histó-
ria, desde que a Cinderela foi in-
ventada (primeira versão: 1634),
continua a mesma: jovenzinha ino-
cente e pobrezinha encontra belo e
poderoso príncipe que se apaixona
por ela e, após algumas peripécias,
encontram a felicidade.
Com os tempos, ou seja, com o
evoluir das mentalidades, a história
foi sofrendo alterações várias, como
sejam a idade e a ocupação dos pro-
tagonistas, passando a integrar tam-
bém um certo erotismo, depois se-
66
1
1 xualidade aberta e finalmente, nesta
Um homem de
negócios, Marlon
Brando, envolve-se
com uma jovem
parisiense, Maria
Schneider. E a man-
teiga ganha novo
década do século XXI, sadomaso-
quismo. Ou seja, as obras literárias (e
depois cinematográficas) cor-de-
-rosa sempre existiram, o que varia é
a noção de “pouca-vergonha” –
significado com porque se não estiver na fronteira do
O Último Tango proibido, mesmo ali nas bordinhas
em Paris
da indecência, não tem piada.
2 to mais ousado do que qualquer coi-
É uma mulher – Apressa devera manteiga
Sam Taylor-
-Johnson – a reali- Na minha geração, por exemplo – e
zar o filme que es- saltando séculos e décadas de obras-
treou no dia 14 com -primas – o filme-choque foi O Últi-
Dakota Johnson
e Jamie Dornan mo Tango em Paris e o limite estava
na sodomia, bastante subentendida,
diga-se de passagem, e simbolizada
pelo uso de... manteiga. Isso, mantei-
ga, “um nojo”, como diziam os púdi-
cos que tinham visto o “esgar lúbri-
co” de Bertolucci. Pois estávamos em
Brinquedos 1972 e os portugueses, protegidos
sexuais torna- dessas infâmias por uma censura
ram-se mais po- casta e atenta, tiveram de fazer
pulares. A loja on- como eu, ir ao estrangeiro para ver
line americana, “aquilo”. (Inaugurou em Lisboa a 30
Babeland, regis- Abril de 1974, cinco dias depois da
tou um aumento Revolução, para se ter uma ideia da
de 92% na venda pressa que havia na manteiga.)
de artigos que Mas O Último Tango em Paris não
aparecem no aguentou a passagem do tempo.
livro, como os Para começar, via-se muito pouco,
chicotes além dos seios lindos de Maria
Schneider e da expressão concupis-
cente de Brando. Para acabar, pouco
depois surgiu uma verdadeira mara-
vilha da intensidade sensual, O Im-
pério dos Sentidos, de Nagisa Ôshi-
ma. (Estava-se em 1976, os portu-
gueses puderam apreciá-la junta-
mente com o resto dos países civili-
zados.) Era muito mais bonito e mui-
sa que se tivesse filmado até aí.
Contudo, o amor praticado à japo-
nesa tinha algo que escapava aos
ocidentais, menos sensuais; era mais
lento, mais profundo, mais perverso.
Foi preciso mais uma geração para,
em 1986, se atingir novas fronteiras:
Nove Semanas e Meia de Adrien
Lyne. O sexo era à ocidental (mais
concretamente, à americana): a co-
res, sem sombras, com eles a gritar, a
pular e a contorcerem-se à fria luz
da modernidade. Mais ainda, era as-
sumidamente sexual; não havia cá
promessas de casamento ou suges-
tões de amor eterno. Uma novidade,
há algum tempo praticada na vida
real, mas que ainda não tinha atingi-
do o mercado de massas com tanto à
vontade. Tinha a ver com a agressi-
vidade social, a procura do dinheiro
fácil e o hedonismo com que se pas-
sou a classificar essa década.

Masoquismo e mel
Algumas cenas eróticas
icónicas do cinema moderno
Acaixa, prenda de um
cliente, é motivo de intri-
ga e choque no filme
em que Catherine De-
neuve faz de prostituta
– A Bela de Dia (1967).
Luciasótem sus-
pensórios sobre o peito
e canta para guardas
nazis. A relação sado-
masoquista faz O Porteiro
da Noite (1974).
Explícitas cenas de
O Império dos Sentidos,
de 1976, incluem o mes-
tre a colocar um ovo den-
tro da vagina da súbdita.
Jalapeñosemel
de Mickey Rourke para
a boca de Kim Basinger:
um jogo sexual de sabo-
res em Nove Semanas e Meia,
de 1984.
E quanto ao sadomasoquismo?
Só estava presente, de forma indi-
recta, em O Império dos Sentidos
(porque sodomia só pode ser con-
siderada a porta do verdadeiro sa-
domasoquismo...).
Todavia os amantes do género
receberam um brinde difícil de ul-
trapassar, logo em 1974 – tão hard
que só dois anos depois chegou a
Portugal – O Porteiro da Noite, de
Liliana Cavani. Eh, pá, aquilo até
metia nazis, os tipos que industria-
lizaram o esquema senhor/servo!
Cavani, que depois se limitou a fil-
mes divertidos, fica na história com
aquelas cenas entre Charlotte
Rampling e Dirk Bogarde.
Sexocorriqueiro
Claro que não se pode falar em per-
versão cinematográfica sem se dizer
alguma coisinha de Buñuel – Trista-
na, a Bela de Dia, por exemplo, tanto
mais que a católica Espanha mistura
religião e sadomasoquismo em do-
ses letais – não tanto como os nos-
sos brandos costumes, claro, e por
isso Buñuel aqui sempre foi um culto
de intelectuais perversos.
Então e As Cinquenta Sombras de
Grey? Bem, não quero alinhar com
os intelectuais que arrasaram com o
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
livro; já sou experiente de mais para
cair nessas armadilhas e não o li;
nem quero comparar-me aos críti-
cos que vomitam a falar do filme. É
preciso vê-lo em função da intenção
com que foi feito: reeditar, no século
XXI, o mito do Príncipe Encantado.
138
milhões
Não vale reduzir a coisa a um co-
mentário como o que lemos no Fa-
de euros foi cebook: “Uma parvinha a ser sodo-
quanto rendeu mizada por um queque, enquanto
em bilheteira, bate com a cabeça numa cómoda
nos cinemas fora feita em Santo Tirso.”
dos EUA, As Cin- É verdade que Christian Grey, o
quenta Sombras multimilionário das novas tecnolo-
de Grey, nos pri- gias que sabe pilotar helicópteros,
meiros três dias tem a colecção completa de carros
em sala. Na Amé- topo de gama e se parece mais com
rica atingiu os 70 Batman, nunca se apaixonaria por
milhões de euros uma saloia desmazelada; também é
verdade que Anastasia, uma virgem
de 19 anos (interpretada por Dakota
Johnson, que tem 26), nunca assina-
CINQUENTA ria a frio um contrato que inclui in-
SOMBRAS troduzir coisas grossas no ânus; mas,
NÃO IM- fora isso, o filme é bonito, tem belas
PRESSIONA paisagens, um apartamento bem
NEM CHOCA apinocado e algum sexo – doce,
UMA GERA- suave, corriqueiro. Nada que impres-
ÇÃO EDUCA- sione ou choque uma geração edu-
DA A VER cada na Casa dos Segredos. Essa é
A CASA DOS que, se chegar a filme, será a pouca
SEGREDOS vergonha da nossa geração. W
67
 Sociedade
REPORTAGEM. UM DIA COM A BANDA QUE JÁ TEM DISCO DE OURO
CHEGOU A
D.A.M.A. MANIA
A SÁBADO acompanhou o novo grupo-sensação da música pop
portuguesa. Centenas de autógrafos e selfiesdepois, este é o relato
da experiência que terminou às 2h da manhã. Por Diogo Lopes
om apenas um álbum
C lançado – Uma Questão
de Princípio, em Setem-
bro de 2014–, já têm dis-
co de ouro, com mais de 10 mil
cópias vendidas, lideram o top de
vendas do iTunes português e so-
mam quase 10 milhões de visuali-
zações no YouTube. Não sabe de
quem estamos a falar? E se lhe
dissermos que são os autores da
música que passa em loop na rá-
dio e que soa a algo como “uma
vez não são vezes, e eu não digo a
ninguém”. Para conhecer melhor
Francisco Pereira, Miguel Coim-
bra, Miguel Cristovinho, os
D.A.M.A., a SÁBADO seguiu-os
durante um dia.
Sexta-feira, 13 de Fevereiro, co-
68
meçou às 11 da manhã. Como
combinado com o manager do
grupo, Joaquim Fonseca, fomos
ter à rádio Mega Hits no Chiado,
em Lisboa, onde os rapazes –
ainda encasacados mas já a tocar
os instrumentos com o resto da
banda, Guilherme Silva, na bate-
O símbolo ria, Francesco Meoli, no teclado,
Um triângulo Pedro Castro, na guitarra e João
com um círculo Almeida, no baixo, – faziam o
à volta represen- sound check para o concerto. Iam
ta os três tocar em directo para a rádio e
vocalistas e para umas dezenas de fãs que já
a banda que os esperavam no átrio do edifício.
os une Não tardou até surgirem os pedi-
dos de autógrafos – uma das fãs
tinha o símbolo do grupo tatuado
no pulso. A adolescente fez a ta-
tuagem às escondidas dos pais.
FOTOS MARISA CARDOSO
1
Antes de alguma vez sonharem
dar concertos ou autógrafos, os
D.A.M.A eram um grupo de hip-
-hop lisboeta formado apenas por
Miguel Coimbra, Francesco Meoli
(teclista) e Francisco Pereira, tam-
bém conhecido por Kasha – o
apelido que tem desde miúdo,
quando o tratavam por caixa de
óculos. “Eu e o Miguel conhece-
mo-nos desde os 6 anos e sempre
gostámos muito de escrever”,
conta Kasha. Mas foi só em 2007
que a ideia de um grupo arran-
cou. “Quando começámos a ouvir
mais hip-hop português, decidi-
mos aproveitar a nossa escrita
para fazer um projecto dentro
desse estilo. Aí nascem os
D.A.M.A, que são a sigla de Deixa-
me Aclarar-te a Mente, Amigo. E
mais tarde o Miguel Cristovinho,
que já era do nosso grupo de ami-
gos e gostava de cantar, juntou-se
a nós”, diz o cantor.
Concerto pela manhã
Depois de uma entrevista na esta-
ção da Mega Hits, chegava a hora
do concerto. De volta ao backsta-
ge – onde os outros músicos já os
esperavam – sentia-se algum ner-
vosismo. Lá fora, a sala estava
cheia de raparigas entre os 15 e os
17 anos, todas de telemóvel em
riste. Com os últimos toques dados
no cabelo, os rapazes partiram
para o palco e desencadearam um
coro de aplausos e gritos. “Quere-
mos ver toda a gente a cantar aqui
 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

1
Os três amigos são
licenciados (da
esq.ª para a dir.ª):
Miguel Coimbra e
Miguel Cristovinho
em Gestão; e Kasha
em Direito
2
A manhã começou
com uma entrevis-
ta e um concerto
na rádio Mega Hits
3
No Barreiro para
mais um concerto
ou como destabili-
zar uma escola. As
miúdas faltaram às
aulas para os ver

e aí em casa”, dizia Miguel Coim-
bra, de 24 anos, antes de os
D.A.MA. começarem a tocar.
A meio da segunda música, Já
não Quero Falar (ver caixa), já o
público dançava, sem deixar de ti-
2 UMA FÃ VEIO 3
DE SANTO
TIRSO PARA
O CONCER-
rar fotografias. No fim do concer- TO NA RÁ- de 17 anos, corada, enquanto
to de 15 minutos, seguiram-se os DIO MEGA prendia uma pulseira no pulso de
autógrafos. “Vim de Santo Tirso HITS E GA- Kasha – que retribuiu oferecen-
só para vos ver e tenho uma pul- NHOU UMA do-lhe uma sua. “Posso tirar uma
seira, que fui eu que fiz, para cada PULSEIRA selfie com vocês?”, perguntava
um de vocês”, dizia uma rapariga DO GRUPO outra rapariga, enquanto ajeita- Q
PUB

69
 Sociedade
1 2
Q va o telemóvel num selfie stick.
Este cenário repetiu-se mais de
20 minutos.
Próxima tarefa na agenda, a via-
gem para o Barreiro, onde iam dar
um concerto à noite. Já eram 15h e
a banda ainda não tinha almoçado.
Primeiro tiveram de deixar os ins-
trumentos no Auditório Augusto
Cabrita, no Barreiro, e logo ali se
avistaram fãs. Cenário que se re-
pete onde quer que eles vão. “Uma
vez, uma rapariga veio ter comigo
a chorar sem parar e disse: ‘Podes
dar-me o teu cap [boné]? É que
vou ter uma operação amanhã e
não sei se vou sobreviver.’ Obvia-
mente dei-lhe o chapéu”, recorda
Kasha, de 25 anos.
Histórias como esta são recorren-
tes. Basta ver como foi o percurso
do auditório até ao snack-bar mais
próximo. Nas grades de uma esco-
la, grupos de adolescentes vinham
a correr, sôfregas e a gritar: “São os
D.A.M.A.! São os D.A.M.A.!” “Po-
dem-me tocar, por favor!”
Depois de fotos e autógrafos, já à
mesa do café Boa Onda, no Barrei-
ro, mostraram que não são banda
de luxos e contentaram-se com
cachorros, hambúrgueres, tostas
mistas e Coca-Colas. O assédio,
A história da música Já Não Quero Falar
A depressão do amigo que foi deixado pela namorada foi receita para um êxito
Amúsica, que também é conhecida
pela sigla JNQF, é uma das mais cantadas
nos espectáculos. É verdade que o grupo
assina todas as suas letras, mas o tema Já
Não Quero Falar consegue ser mais pes-
soal – é inspirada numa história verídica.
“Tínhamos um amigo que andava super-
70
www.sabado.pt
1 fizéssemos”, confessa Kasha. E
O grupo começou
em 2007, mas só Cristovinho, de 23 anos, acrescen-
gravaram o ta: “Estar em palco é aquilo que
primeiro álbum queremos fazer para o resto da
no ano passado
vida.”
2 São nove e meia da noite e o
Antes do concerto, 3 concerto começa. Os 350 lugares
um almoço nada
gourmet: cachor- da sala estão ocupados. A grande
ros e hambúrgue- esse, não parava. Seis raparigas fu- maioria são raparigas adolescentes
res no café Boa giram das aulas para pedir um au- mas também se vêem pais, casais
Onda, no Barreiro
tógrafo; uma senhora de 50 e pou- de 20 e poucos anos e até crianças
3 cos anos implorou por uma assi- pequenas. Há cartazes onde se lê
Todos os momen- natura para a filha que os acha “Estive no Dragão” (abriram o
tos são bons para
uma selfie e... para “todos lindões”. concerto dos One Direction no
alimentar as redes Porto), T-shirts com a frase “I love
sociais. Têm 107 Casa cheia D.A.M.A.”, pais que levantam
mil gostos
na página De volta ao auditório, entre sound crianças no ar e uma histeria des-
de Facebook checks e afinações de instrumen- mesurada à medida que as músi-
tos, conhecemos um pouco melhor cas se vão sucedendo – o êxito
os três rapazes de Lisboa que gos- Luísa (que dedicam a “todas as
tam de escrever letras sobre os mulheres que têm uma Luísa den-
amigos. tro de si, ou seja, todas as mulhe-
“Quando estamos em palco e as res são lindas e misteriosas”) foi
DEPOIS DO pessoas cantam as nossas músicas das mais celebradas.
CONCERTO isso é a realização máxima”, diz O concerto durou uma hora e
NO BARREI- Miguel Coimbra. Para estes jovens, meia. No fim, ninguém arredou
RO, AINDA o palco é o mais importante, mas pé do átrio do auditório – ia ha-
FORAM PARA foi só quando acabaram os cursos ver mais uma sessão de autógra-
O FUNDÃO. que decidiram avançar. “Depois fos e pelo menos dois terços do
FIZERAM de concluirmos as licenciaturas público não ia deixar escapar a
MAIS decidimos investir a sério na mú- oportunidade de mais uns minu-
DE 200 KM sica porque nos iríamos arrepen- tos com os seus ídolos. Era 1h da
DE NOITE der para o resto da vida se não o manhã quando o último poster foi
assinado. Até já tinham dado um
autógrafo numa guitarra. Exaus-
tos, os rapazes despediram-se e
seguiram rumo ao Fundão. Ainda
tinham pela frente mais de 200
deprimido porque a namorada o tinha dei- km para fazer. É que no dia se-
xado. Um dia tivemos uma sessão criativa guinte iam ter mais umas cente-
e ele quis vir também. No fim acabámos nas de jovens à espera para no-
por aproveitar a tristeza dele e fizemos vo concerto. E vai ser assim até
uma música de revolta, que espelhava 10 de Abril, quando terminar a
tudo o que ele estava a sentir naquele mo- digressão. W
mento”, conta Francisco Pereira.
Veja a reportagem com os
D.A.M.A. em sabado.pt

Sociedade
DIABETES. NOVO TRATAMENTO DEVE ESTAR DISPONÍVEL EM 2017
ELE FEZ UM PÂNCREAS
NOVO PARAO FILHO
Acordarquatro vezes pornoite, mediros níveis de açúcarno sangue, compensá-
-los com um sumo – arotinaque o pai de David automatizou. PorMariaEspíritoSanto
que mais assustava Edward
O Damiano era ver o filho a
dormir. David tem um sono
profundo, e o mais certo é que não
se apercebesse do nível de açúcar
demasiado baixo no sangue. Assim,
Edward e a mulher faziam o esforço
de acordar todas as noites, três a
quatro vezes, para lhe picar o dedo,
ou para lhe dar um sumo enquanto
dormia. Mas sempre que via o filho
afundado na almofada, o pai conti-
nuava a recear: e quando fosse para
a faculdade, como seria?
Já passou uma década desde que
o engenheiro biomédico se propôs
a arranjar uma solução para con-
trolar a diabetes tipo I. O pâncreas
biónico, que deverá estar à venda
em 2017, é um sistema dividido em
três: um monitor, colocado por bai-
xo da pele, uma caixa com duas
bombas – uma de insulina e outra
de glucose – e, finalmente, uma
peça que se encaixa no iPhone. O
monitor envia informação ao tele-
móvel sobre a glucose e, através de
um algoritmo matemático, são to-
madas decisões sobre o que é pre-
ciso administrar. Se, numa situação
normal, o doente tem de verificar
constantemente os níveis de açúcar,
fazer cálculos e tomar decisões,
com este sistema já não é preciso
pensar em números. Nem tomar
decisões: a insulina e a glucose são
libertadas de forma automática.
Foi aos 11 meses que a mãe de Da-
vid, pediatra, descobriu que o filho
tinha diabetes. A partir daí, verificar
os níveis de açúcar passou a fazer
parte do dia-a-dia: níveis muito altos
podem causar falência renal e levar
à amputação de membros; níveis
j
Edward e o filho
(aqui com 12 anos,
hoje tem 16). A lei
impede que David
use o sistema
antes de este
estar no mercado
REUTERS
288
decisões
por dia. De cinco
em cinco minu-
tos, o monitor re-
gista os níveis de
açúcar e toma
decisões. Se for
necessário, o sis-
tema injecta in-
sulina (que baixa
o nível de açú-
car) ou glucose
(que o aumenta)
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
demasiado baixos geram tremores,
convulsões e até a morte. Com o
tempo, as rotinas tornaram-se mais
exigentes: era preciso contar as bola-
chas que David levava para a escola
e acompanhá-lo nas visitas de estu-
do (os pais iam a todas).
A fuga de um doente
O pâncreas biónico começou por ser
testado em porcos e já foi utilizado
por crianças e adultos em ensaios
clínicos; até houve quem desapare-
cesse com ele, para não ter que o
devolver, como o miúdo de 11 anos
que fugiu dos investigadores e foi
encontrado uma hora depois. Há
ainda registos de pessoas que se
sentiram nauseadas, ou que não
apresentaram melhoras, mas as
perspectivas são positivas. A revista
Time, que conta a história, avança
com um estudo do New Journal of
Medicine. Conclusão: 81% dos que
usaram o pâncreas biónico controla-
ram melhor os níveis de açúcar.
Para já, David usa um monitor
CGM, colocado na barriga, que faz o
controlo e apita se os níveis estive-
rem demasiado altos ou baixos. Para
que o pâncreas biónico possa ser uti-
lizado por David e chegar ao resto
do mundo, tem de ter a cobertura
dos seguros, ou custará milhares de
euros. E nem todos os seguros de
saúde comparticipam os diferentes
sistemas para tratar a diabetes. Mas,
antes da questão financeira, ainda há
outra prova: o último ensaio clínico,
que será realizado em 2016. W
71

FOTOS BRIDGEMAN/AIC
1 lhos duros em plantações de algo-
SITE. SÉCULOS DE HISTÓRIA NUM MEGA ESTUDO INTERNACIONAL
PORTUGAL E BRASIL
FORAM OS PIORES
Metade do negócio mundial foi feito pelos dois países. Aconclusão é damaiorbase
de dados daescravatura, que vai terversão portuguesa. Por Maria Espírito Santo
o início eram pequenos na-
N vios com 50 pessoas. Nos sé-
culos XVIII e XIX, as embar-
cações já tinham quatro ou cinco
andares e viajavam com 400 e 500
pessoas a bordo. Homens, acorren-
tados nas laterais, e mulheres com
crianças, ao centro, conviviam,
apertados e com poucas condições;
a desidratação, assim como a disen-
teria, entre outras doenças conta-
giosas, matavam. A viagem podia
durar mais de um mês e muitos não
chegavam ao destino. Também ha-
via revoltas e confrontos a bordo.
Onde e quando embarcaram e de-
sembarcaram, qual o navio e o res-
pectivo capitão, a viagem ao passa-
do faz-se num clique, indo ao
Trans-Atlantic Slave Trade Data-
base (Slavevoyages.org), que este
ano vai ter uma versão portuguesa.
A base de dados monumental, com
autores de várias nacionalidades,
revela novas conclusões sobre o ne-
gócio.
72
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
(5.848.265) – um recorde no tráfico
de pessoas. Trata-se de metade dos
escravos capturados em África: as
pesquisas apontam para que
12.521.336 pessoas tenham sido
apanhadas no negócio para traba-
dão ou de café, como no Brasil; a
este país terão chegado, vivos, 4.9
milhões de escravos.
O estudo começou nos anos 90,
como uma iniciativa de dois inves-
tigadores, o britânico David Eltis e
o norte-americano Stephen
Behrendt, ambos interessados no
negócio negreiro inglês. Ganhou
dimensão com ajuda internacional
e em 2006 nasceu o site com a
base de dados. O investigador por-
tuguês António de Almeida Mendes
está envolvido no projecto, assim
como colegas brasileiros, cubanos
ou holandeses. Durante sete meses,
e a tempo inteiro, estudou docu-
1 mentos e registos, em Lisboa, na
Trabalhavam nas
plantações de
algodão e de cana-
-de-açúcar. No Bra-
sil ajudaram ao
Para saber mais
Depois de visitar o site, pode
participar num workshop
Torre do Tombo, mas também em
Sevilha, Espanha.
Tráfico legal
crescimento de
uma enorme Investigadores brasileiros e Para os investigadores, a escravatura
indústria do café franceses participam no work- é um embate entre culturas e um ne-
2 shop Escravidão, Resistências e gócio: “Inicialmente não tem nada a
Havia escravos que Identidades. Investigações sobre ver com a cor das pessoas, com ra-
se revoltavam e o Brasil e o Mundo Atlântico (sé- cismo. A escravatura não era nova e
outras embarca- culos XVI-XIX), que acontece nos tinha muito dinheiro por trás”, diz
ções que intercep-
tavam os navios e dias 19 e 20 de Fevereiro na António de Almeida Mendes.
mudavam o rumo FCSH, Universidade Nova de Lis- O site inclui já 95 por cento das
da viagem boa. A cor da pele e a constru- viagens negreiras, sendo que só é
ção da identidade será comenta- tido em conta o tráfico legal. O
da pelo investigador António de tema parece inesgotável: o investi-
Almeida Mendes. gador português revela que falta
pensar e contabilizar os próprios
A VIAGEM brasileiros indígenas (também eles
PODIA escravizados). Acrescenta ainda
DURAR MAIS Espanha e Uruguai contam com que é preciso reavaliar a presença
DE UM MÊS. um milhão (1.061.524) de trafica- portuguesa, recuar aos tempos em
A DESIDRA- dos, os Estados Unidos com que se vendiam escravos no Ros-
TAÇÃO E A 305.326. O Brasil (contabilizado em sio. “Pensa-se nas descobertas e
DISENTERIA conjunto com Portugal) chega pra- no Vasco da Gama e menos no
MATAVAM ticamente aos seis milhões lado negro da expansão.” W

Sociedade
LIVRO. JORNALISTA FRANCESA RELATA HISTÓRIAS DE DESAPARECIMENTOS
JAPONESES QUE SE EVAPORAM
É mais comum do que se poderia pensar: todos os anos, cerca de 100 mil habitantes do arquipélago
do Pacífico partem sem deixar rasto. O número de suicídios é menor – 30 mil. Por Tânia Pereirinha
1
STEPHANE REMAEL
esaparecem porque sim.
D Porque têm dívidas que não
conseguem pagar, porque
ficaram sem emprego, porque os
maridos as trocaram por outras,
porque foram diagnosticados com
doenças incuráveis ou só embara-
çosas. Desaparecem porque po-
dem. Porque é uma espécie de tra-
dição feudal enraizada no país.
Quando alguma coisa corre mal, há
duas opções: o suicídio ou o exílio
auto-imposto. Qualquer uma das
saídas é horrível – para quem toma
a decisão e para os familiares.
“Falámos com uma mulher cujos
pais se suicidaram e que, apenas por
isso, é impedida pela sogra de servir
sequer o chá”, diz à SÁBADO a jorna-
lista Léna Mauger, co-autora de Les
Évaporés du Japon (os evaporados
do Japão, sem edição portuguesa).
Foi com o fotógrafo Stéphane Re-
mael, com quem viajou para o Japão
em trabalho, que ouviu falar pela
primeira vez no fenómeno que, por
ano, afasta de casa cerca de 100 mil
japoneses – 0,08% da população,
diz. O número de suicídios é menor:
30 mil. Na altura, em 2008, Léna
Mauger escreveu uma reportagem
para a revista francesa XXI. Não che-
gou. Entre 2008 e 2013 o par viajou
várias vezes para o Japão. Estiveram
no submundo de Tóquio, Osaka e
Nagoya. “Muitos tradutores recusa-
ram trabalhar connosco. Fomos a
associações de ajuda a familiares de
desaparecidos, aos bairros e aos
guetos onde muitas vezes se refu-
giam os evaporados. Para os encora-
jar a falar, trocámos-lhes nomes e
elementos das respectivas histórias,
para que ninguém os pudesse reco-
nhecer”, diz Léna Mauger.
No livro, contam a história do casal,
proprietário de um restaurante cheio
de dívidas, que fugiu numa noite de
tempestade; do rapaz que desapare-
ceu para não passar pela vergonha
2 JÁ TINHA
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Até na banda desenhada
O fenómeno é contado
em filmes e livros de BD
Manga. Um Bairro
Distante, de Taniguchi,
conta a história de um
homem que volta ao
passado, para impedir o
desaparecimento do pai.
Cinema. Realizado por Shoei Ima-
mura, em 1967, A Evaporação do
Homem é um mistodedocumen-
tárioeficção e parte de
um desaparecimento real.
1 de não conseguir pagar os cuidados
Na baía de Tóquio,
Tsuyoshi ainda es-
pera encontrar o ir-
mão Naori, que apa-
médicos de que a mãe precisava e
que, quando decidiu voltar, desco-
briu que ela já tinha morrido; do an-
nhou um ferryem tigo banqueiro, decidido a ajudar ou-
2002 e não voltou
tros como ele, que criou uma espécie
2 de agência de auxílio à evaporação.
Depois da sua par-
tida precipitada,
Ichiro usa pela pri- Desemprego e falta de dinheiro
meira vez o traje Apesar de ter encontrado uma cor-
de kendo, arte mar- relação entre a crise económica e o
cial, junto do filho
aumento considerável do número de
desaparecidos – sobretudo a partir
dos anos 1990 –, a jornalista france-
sa também chegou à conclusão de
que os despedimentos e a falta de
dinheiro não justificam tudo.
A dignidade está envolvida no pro-
cesso – “Nas sociedades ocidentais,
fugir é sinónimo de cobardia. Lá,
quando se perde a face, deve-se
NÃO PODIA partir, para salvar a honra” – muitos
PAGAR OS dos que se evaporam procuram ape-
CUIDADOS nas um novo início, do zero. Rara-
DE SAÚDE mente conseguem, escreve o Le Fi-
DA MÃE. garo: “Alojados nos bairros mais
FUGIU. sombrios de Tóquio e Osaka, erram
QUANDO pelas ruas, com as suas memórias
VOLTOU, ELA amputadas. Às vezes chegam a tra-
balhar para a Yakuza, a máfia japo-
MORRIDO nesa, a troco de salários baixos.” W
73
 Sociedade
PERFIL. SACERDOTE ATÉ PREPARA REFEIÇÕES NA CADEIA
O PADRE QUE PASSAAV
Começou a apoiar reclusos na prisão de Aveiro nos anos 70 e nunca mais deixou de lá ir. João
ra noite de Ano Novo e a
E década de 80 estava à
porta. Como já vinha sen-
do hábito, o padre João
Gonçalves juntou um grupo de vo-
luntários e preparou-se para passar
o serão na cadeia de Aveiro. Há al-
guns anos que visitava os reclusos
do estabelecimento e acostumara-
se a organizar a ceia daquela data
especial. A seu pedido, o hotel Im-
perial e o restaurante Cozinha do
Rei tinham oferecido bacalhau,
bolo-rei e outros doces de Natal.
Um amigo, produtor de vinho, en-
viara garrafas da Bairrada. Pelo
menos nesse dia, servia-se comida
quente no refeitório.
O padre ocupou um lugar na
mesa e preparou-se para umas
horas entre condenados. Há anos
que ali ia, todos o conheciam e
sentia-se bem-vindo. Nessa noite,
ninguém o tratou mal, mas não
deixou de estranhar que, sempre
que se levantava, um preso de
fato e gravata lhe seguisse os pas-
sos. Antes de ser detido, o homem
frequentava a paróquia da Sé,
onde o padre estava colocado. Os
dois tinham alguma proximidade.
Só alguns dias depois percebeu o
que se passara. O preso engrava-
tado estava a protegê-lo: desco-
74
1 brira que dois detidos tinham um
O padre nasceu em
1944 junto à ria de
Aveiro numa famí-
lia profundamente
crente
plano para o sequestrar. Queriam
fechá-lo numa cela e usá-lo para
fazer exigências ao director da ca-
deia. Daí que não o tivesse larga-
do um segundo. Valeu a pena: o
padre escapou ileso.
Em mais de 40 anos de trabalho
nas cadeias portuguesas, João
Gonçalves, 70 anos, protagonista
do documentário O Padre das Pri-
40
anos
sões, que estreia a 20 de Fevereiro
no site Vimeo, nunca se sentiu em
Desde meados perigo atrás das grades. Nem teve
da década de medo. “A única coisa que podia
70 que o padre acontecer-me era levar uma bola-
João Gonçalves da no nariz quando falava com
faz visitas aos eles no pátio, durante jogos de fu-
presos da ca- tebol, mas sempre preferi estar
deia de Aveiro próximo a esconder-me num ga-
binete”, diz à SÁBADO o coorde-
nador nacional da Pastoral das Pe-
nitenciárias, o organismo da Igreja
Católica que se ocupa do serviço
junto da população prisional.
QUASE FOI João Gonçalves nasceu na Gafa-
RAPTADO nha do Carmo, em 1944, e cresceu
POR DOIS junto à ria de Aveiro numa família
DETIDOS, profundamente crente. Era o mais
QUE QUE- novo dos nove filhos de um mestre-
RIAM USÁ-LO de-obras católico e sacristão da ca-
PARA FAZER pela da aldeia, que se ocupava das
EXIGÊNCIAS cerimónias religiosas quando não
NA CADEIA havia padre. Sempre foi bom aluno
e, por isso, deixaram-no seguir os
estudos depois da quarta classe.
Frequentou Teologia no Seminário
de Aveiro antes de ir para Lisboa
aprender Filosofia no dos Olivais,
onde a missa de domingo era canta-
da em gregoriano e transmitida pela
Emissora Nacional. Ali chegaram os
ecos revolucionários do Maio de 68
e do Concílio do Vaticano II, que in-
troduziu enormes mudanças na
vida da Igreja, nessa mesma década
de 60. Em 1969, terminou o curso,
voltou a Aveiro como pároco da
Glória e juntou-se aos dois padres
mais velhos que se ocupavam da Sé.
Estava nessa paróquia há três
anos quando um grupo de jovens
lhe disse que queria trabalhar com
os presos da cadeia da cidade.
João tinha lá ido com o capelão,
ainda enquanto seminarista, mas
não se tornara visita regular. No
início dos anos 70, percebeu que
havia muito a fazer dentro da pri-
são. Passou a aparecer todas as
quartas de manhã, para conversar
com os reclusos. Nunca mais dei-
xou de ir. Todas as segundas, às
14h30, faz uma celebração da pa-
lavra, e às quintas de manhã rece-
be em privado os reclusos que pe-
THINKSTOCK
dem assistência espiritual.
“No início, a cadeia era pequeni-

2 3
IDAATRÁS DAS GRADES
Gonçalves é o protagonista de um documentário que estreia no dia 20 na Internet. Por Rita Garcia
na, só tinha um carcereiro, às vezes
quase não havia presos”, recorda à
SÁBADO. “Não se falava em fraude
fiscal nem em corrupção. Estava lá
quem tinha matado alguém com
um sacho, ou assassinado o aman-
te da mulher. Percebi que essas
pessoas existiam mesmo, que não
era só nos romances.” Os presos
eram gente sem apoio, vestidos
com roupa andrajosa que sobrevi-
viam em condições difíceis. “Uma
das coisas que mais me chocava
eram os cheiros da cadeia. Os es-
gotos eram a céu aberto, os detidos
faziam as necessidades em baldes
sanitários que ficavam toda a noite
nas celas. De manhã, havia um
odor terrível a dejectos humanos e
a creolina (desinfectante).”
Perdeu a conta ao número de
homens com quem já se cruzou na
cadeia. De muitos, nem sequer
chegou a saber o nome. E até hoje
nunca perguntou a ninguém o cri-
me que os levou ali. “É uma coisa
que não me interessa.” Só conhece
as histórias que lhe contam, e
mesmo assim dá o desconto. “Às
vezes, eles mentem.”
Há, no entanto, algumas histórias
de que não se esquece, como a do
rapaz que roubava para sustentar a
família, mas não quis roubar um
2 por ter sido tão simpático”, recorda.
Antes de visitar os
presos, João Gon- O documentário
çalves tem que ser Inês e Daniela Leitão assinam
revistado, como
qualquer outro o filme sobre João Gonçalves
visitante
Estavam de regresso a Lis-
3 boa, vindas do Vaticano, onde ti-
Todas as segundas,
às 14h30, faz uma nham entregado pessoalmente
celebração da pala- ao Papa Francisco uma cópia do
vra. Às quintas dá documentário O Meu Bairro, so-
assistência espiri-
tual aos reclusos bre o trabalho da Igreja no Bair-
ro do Zambujal. O telefone de
Inês Leitão tocou. Do outro lado,
o padre João Gonçalves convi-
dava-a a conhecer o trabalho
que vinha fazendo com os pre-
sos de Aveiro, há 40 anos. Des-
sa conversa nasceu a ideia
para realizar O Padre das Pri-
sões, com estreia marcada para
20 de Fevereiro, no site Vimeo.
cordão de ouro a uma velhota por
QUANDO OS esticão, para não a magoar. “Seguiu-
PRESOS NÃO a com uns cúmplices e assaltaram-
TÊM ONDE na em casa. Enquanto os outros pu-
FICAR NAS seram os objectos de valor num
SAÍDAS PRE- saco, fez companhia à senhora.
CÁRIAS, O Explicou-lhe que não queriam fazer-
PADRE PAGA lhe mal, mas precisavam do dinheiro
A ESTADIA para comer. Depois contou que, no
EM PENSÕES fim, a senhora lhe pediu dois beijos
www.sabado.pt
Há ainda a história do homicida que
nunca foi capaz de dizer que matara
um homem: “Dizia sempre: ‘Não
queria ter feito o que fiz.’”
Ele paga saídas precárias
Para João Gonçalves, nem todos os
presos são criminosos. “Uma coisa
é alguém que matou uma pessoa
num momento de loucura, outra é
alguém que o faz de forma repetida.
Alguém que fuma um charro e fica
pedrado não é um toxicodepen-
dente, da mesma forma que quem
apanha uma bebedeira não é al-
coólico”, diz. “Quem comete um
crime isolado, mostra arrependi-
mento, reconhece que merece estar
ali para pagar à sociedade. Aos que
repetem devemos dar mais atenção
para isso não acontecer de novo.”
Muitos dos homens que procu-
ram o apoio do padre não têm fa-
mília. Outros deixaram de saber
dela quando entraram na cadeia.
Quando recebem autorização para
saídas precárias, não têm para
onde ir. João Gonçalves paga a es-
tadia dos mais solitários em pen-
sões. “Uma pessoa é melhor do
que o crime que cometeu, mas é
preciso ir à procura do principezi-
nho que está lá debaixo.” W
75
Plante a sua horta em casa.
 www.sabado.pt

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 Família

RELAÇÕES. REGRAS PARA MADRASTAS E PADRASTOS

GUIAPARA
LIDARCOM OS
FILHOS DELE
Evite ir às reuniões da escola, não seja demasiado autoritário e deixe
que seja o seu namorado a tomar as decisões. Por Ana Catarina André

stavam a tomar o pequeno- h

E -almoço juntos: José (os no-

mes são fictícios) tinha le-
vado as duas filhas, na altu-
ra com 8 e 5 anos, e a namorada,
Maria, mais os dois filhos desta –
Alguns miúdos
tornam-se agressi-
vos quando des-
cobrem que os
pais têm uma
nova relação

um rapaz de 9 e outro de 6. “Às tan-

tas, para me testar, o mais velho pe-
gou em todo o fiambre e queijo que
havia na mesa e fez uma sandwich
só para ele. Virei-me e disse-lhe: ‘Já
reparaste que estás a portar-te
como um animal?’ Ele desatou a NO INÍCIO,
chorar e começou a fazer queixi- A MADRASTA
nhas à mãe. Claro que nem eu, nem E O PADRAS-
ela, valorizámos a cena”, conta o TO DEVEM
gestor de 40 anos, que há dois ini- SER POUCO
ciou uma relação com Maria. INTERVEN-
Como tinham filhos de casamen- TIVOS NA
tos anteriores, foram obrigados a VIDA DAS
aprender a lidar com as reacções e CRIANÇAS
os comportamentos dos miúdos.
“Por exemplo, a elas não preciso de
THINKSTOCK E GETTYIMAGES

mandar lavar as mãos antes de

jantar. Com eles, tenho sempre
de verificar.”
Um relacionamento com al-
guém que já tenha filhos suscita,

78

muitas vezes, dúvidas sobre a atitude
mais correcta a adoptar. Como devo
comportar-me com o miúdo? Posso
castigá-lo? Ralhar é permitido? Para
a terapeuta familiar Sofia Nunes da
Silva, a madrasta e o padrasto de-
vem ser figuras pouco interventivas
na vida das crianças, sobretudo nos
primeiros meses e nos casos em que
o casal ainda não vive na mesma
casa. “Ainda assim, e mesmo ao fim
de alguns anos, são os progenitores
que devem estar à frente das deci-
sões sobre a rotina e o comporta-
mento dos miúdos.”
Foi isso que José fez. Quando foi
viver com a namorada, decidiu ser
brando com os rapazes. “Acho, por
exemplo, que eles não devem jogar
PlayStation durante a semana, mas
é a mãe que decide isso.”
Hábitosdiferentes
O gestor confrontou-se, também,
com uma educação distinta. “As mi-
nhas filhas tratam toda a gente por
tu. Eles não (a mim, chamam-me
tio) e fazia-lhes confusão a atitude
delas. Lembro-me de dizerem: ‘Que
falta de educação. De onde conhe-
ces a minha mãe para lhe falares
assim?’ Agora, já lidam bem com as
diferenças.”
Se um dos quatro fizer asneira, tan-
to ele como Maria o repreendem.
“Mesmo que não estejamos de acor-
do, não dizemos à frente deles. Con-
versamos depois, como casal. Às ve-
zes, ela brinca: ‘Lá estás tu a defen-
der as princesinhas. A culpa é sem-
É pre dos animais [os rapazes].’”
Se um deles precisa de ir ao médi-
assim co, não há distinções entre o casal.
Castigos “Quem estiver mais livre, vai.” Nos
Nos primeiros trabalhos de casa não é assim. Cada
três meses de um ajuda as respectivas crianças. “A
relação com as excepção é a matemática. Sei mais
crianças, evite sobre o tema”, diz o gestor.
repreensões Nos primeiros tempos, e antes de
excessivas assumirem a relação, reuniam os
filhos em férias e fins-de-semana.
Trabalhos “Foi assim que ficaram amigos.
decasa Nessa altura, eu e a minha mulher
Se a criança se dormíamos em quartos separados,
mostrar recepti- quando íamos todos para fora.”
va, pode ajudá-la Para a psicóloga Ana Durão “é im-
com os TPC portante dar tempo e espaço a esta
desde o início nova realidade familiar. E, claro, só
devem envolver-se os miúdos
quando a relação é madura. Caso
contrário, sofrerão uma perda se-
melhante à que tiveram com o di-
Médico vórcio dos pais.”
Se for necessá- Sílvia, 28 anos, conheceu o namo-
rio, pode acom- rado ao mesmo tempo que o seu fi-
panhá-lo a uma lho, hoje com 8. “Íamos ao mesmo
consulta. “Ainda café. Ele acabou por acompanhar a
assim, deve ser relação, mas não lhe contámos logo
uma excepção. que estávamos juntos.” No início,
Esse papel é dos teve de enfrentar a rebeldia do
pais.” miúdo. “Tinha ciúmes. Fazia birras
porque queria dormir com o pai.
Era bruto a falar e chegou a empur-
rar-me, mas foi esporádico. Agora,
damo-nos bem.”
De vez em quando, fica com ele
quando o pai vai jogar futebol com
os amigos. “Jantamos juntos e po-
Presentes nho-o na cama à hora a que ele está
Pode oferecê-los habituado.” Apesar de ser o namora-
em conjunto do a tomar a maioria das decisões,
com o pai ou Sílvia faz questão de fazer algumas
com a mãe coisas em casal. “Muitas vezes ofere-
da criança, cemos-lhe presentes em conjunto.”
sobretudo se Nem todas as crianças reagem as-
vivem todos sim. Sara, hoje com 6 anos, ficou feliz
juntos quando soube que a mãe já não es-
tava sozinha. Liliana conta que a fi-
lha “passava a vida” a sugerir-lhe
que arranjasse alguém. “Dizia-me:
‘mãe, aquele é giro’ ou então ’aquele
parece simpático’.” E recorda: “Esta-
va nervosa quando lhe disse que ti-
nha um namorado mas ela fez uma
festa. Hoje, ele é como um pai para
ela: vai às festas da escola, ajuda-a
com os trabalhos de casa e se for
preciso também ralha.” W
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Lá em casa tudo bem
O
Dulce Garcia
Subdirectora
A tua cara
não é tua
– Estás a ver este pé de galinha
no olho direito? Se me saísse o
Euromilhões acabava com ele.
Puxava as pálpebras como a Re-
né Zellweger.
– ...
– E ajeitava o nariz que é dema-
siado abatatado. Faz-me lembrar
o do meu avô, que era um bêbedo
da pior espécie. Vê lá se a Uma
Thurman não mexeu no dela.
– Diz que é mentira, que aquilo
era só maquilhagem...
– Deve ser, deve. E punha um bo-
cadinho de botox na boca para fi-
car como a Angelina Jolie. Tem cá
uns lábios, a safada. Eu está visto
que saí à minha mãe...
– ...
– E estas peles aqui no pescoço?
Deus me livre, estou um caco.
– Não digas isso.
– Se me saísse o Euromilhões
metia-me numa clínica e só saía
de lá toda turbinada. Era a cara
da Jolie, as maminhas da Pame-
la Anderson, o rabo da Kim Kar-
dashian. Até ando a fazer um
dossiê com recortes de famosas.
Se um dia me sair o guito, é só
pedir ao médico para copiar um
bocadinho desta, um niquinho
da outra...
– Se estiveres à espera do Euro-
milhões... Porque é que não pe-
des um empréstimo ao banco?
– Achas que o Banco Bom vai
emprestar dinheiro para plastifi-
cações? Além disso, não gosto de
ficar a dever. Enquanto não pa-
gasse, era como se a minha cara
fosse do BES ou da Caixa Geral. E
a minha cara é a minha cara!
– Mesmo que depois ninguém te
reconheça? W
79
 Desporto

DÉRBI. CORTE DE RELAÇÕES ENTRE SPORTING E BENFICA

GULLITEVERYLIGHT
INCENDIARAM
AS CLAQUES
Insultos à memória de dois adeptos mortos há mais de 20 anos atearam a última
polémica entre as claques – e entre os clubes. Lembramos a história do sportinguista Rui
Mendes e do benfiquista Jorge Maurício. Por Carlos Torres e Tiago Carrasco

80

ullit. É este o nome que está
G na origem da guerra entre
as claques de Benfica e
Sporting e do corte de rela-
ções entre os clubes, na semana pas-
sada. O que é que o antigo interna-
cional holandês, bicampeão europeu
pelo Milan em 1990, tem a ver com
esta história? Directamente, nada,
mas para o explicar temos de recuar
mais de 20 anos, até à altura em que
Jorge Maurício era o líder da claque
No Name Boys (NN), do Benfica.
O ultrabenfiquista, de 22 anos, que
não falhava um jogo do clube, era
fã de Ruud Gullit e ficou conhecido
por essa alcunha porque andava
sempre com um boné com a foto
dele. No dia 14 de Setembro de
1994, no regresso a Lisboa após ter
ido apoiar o Benfica à Croácia, num
jogo da Liga dos Campeões contra o
Hadjuk Split, Jorge Maurício morreu
num acidente de automóvel em Es-
panha, num desastre que vitimou
mais dois adeptos benfiquistas, Rita
e Tino, de 20 e 26 anos.
Vinte anos depois, na véspera do
último Sporting-Benfica, elementos
da claque Juventude Leonina fize-
ram uma T-shirtprovocatória, com a
foto de Jorge Maurício e o título:
“Vão demorar muito a chegar?” Por
baixo: “Auto-estrada 94. Uma via-
gem inesquecível! Bateu forte!”
Os NN reagiram e no sábado, 7,
durante o jogo de futsal Benfica-
Sporting, surgiram na bancada com
a faixa “Very Light96”. Para Liliana
Mendes, isso foi um choque. Mas ela
já viu coisas ainda mais desrespeito-
sas para com a memória do pai, Rui
Mendes, que morreu atingido por
um very lightdisparado por um
adepto do Benfica na final da Taça
de Portugal de 1996.
É o caso de uma T-shirt, feita pe-
los NN, onde se lê: “Foi no Jamor
que o lagarto ardeu, na final da
Taça o very light é que o f**eu”; ou
ainda vídeos, postos no YouTube,
com adeptos do Benfica a elogia-
rem Hugo Inácio, o autor do dispa-
THINKSTOCK
ro. “Há um que diz, e peço desculpa
pela linguagem: ‘É bem feito para
j esse filho da puta desse sportinguis-
As claques de Ben-
fica e Sporting co-
meçaram a trocar
insultos antes do
dérbi de dia 8
ta ter morrido’”, revela à SÁBADO.
“Essas pessoas são doentes, só têm
ódio na cabeça. Mas, se as claques se
querem atacar, que o façam sem uti-
lizar o nome do meu pai e sem ofen-
der a sua memória e a sua família.
Porque para nós isto foi como revi-
ver a morte dele.”
Liliana tinha na altura 14 anos e o
irmão, Diogo, 9. Rui Mendes foi ver
o jogo ao estádio Nacional integra-
do numa excursão do Núcleo Spor-
tinguista da Mealhada, como era
costume, e a família ficou na aldeia
14
anos
de Lameira de São Pedro, perto do
Luso, a assistir pela TV. Depois da
(1960-74) durou morte do pai, Liliana e Diogo mu-
o corte de rela- daram-se com a mãe para casa dos
ções entre Spor- avós. “O Sporting ajudou-nos mui-
ting e Benfica to”, revela. “No primeiro ano, o se-
devido à contra- nhor Maurício do Vale [director de
tação de Eusé- Relações Públicas] deixou a sua fa-
bio, que jogava mília e passou o Natal connosco”,
numa filial do conta Liliana, que se lembra das
Sporting prendas: bolas e camisolas autogra-
fadas pelos jogadores, um guarda-
jóias e peluches com o emblema do
clube. O Sporting atribuiu ainda
Tornados mártires
Rui e Gullit sempre foram
contra a violência nos estádios
O Sporting
cortou relações
com o Benfica e
quer que o está-
dio da Luz seja
interditado por
dois jogos devi- RuiMendes tinha 36 anos
do ao arremes- quando morreu, atingido por um
so de tochas verylightdurantea final da
pelos adeptos Taça de Portugal de 1996 entre
Benfica e Sporting. Jorge Maurício,
conhecido por Gullit, era o líder da
“SE AS claque No Name Boys e morreu
CLAQUES SE num acidente após uma viagem à
QUEREM Croácia para apoiar o Benfica. Rui
ATACAR, QUE vivia no Luso e trabalhava na cons-
O FAÇAM trução civil. Gullit era de Lisboa.
SEM USAR
O MEU PAI”,
DIZ LILIANA
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
bolsas de estudo aos dois irmãos –
Liliana concluiu o 11º ano e Diogo o
9º – e disponibilizou dois advoga-
dos, que após oito anos de proces-
sos e recursos nos tribunais conse-
guiram que a Federação pagasse
uma indemnização de 300 mil eu-
ros à família de Rui Mendes.
“As claques só causam desordem.
Vejam o que aconteceu ao meu pai,
que era suposto ter ido a uma festa e
saiu de lá morto”, lamenta Liliana.
Tanto ela como o irmão continuam a
seguir o Sporting, mas só na TV. “Não
vamos aos estádios. Temos medo”,
diz, enquanto revela que o filho, de 8
anos, até é adepto do Benfica.
JuveLeonofuneral deGullit
Em 1994, quando o caixão de Jorge
Maurício chegou ao estádio da Luz
tinha à espera 500 adeptos benfi-
quistas e alguns jogadores, como
João Vieira Pinto, Veloso e Eusébio.
No meio dos cachecóis, distinguia-se
uma coroa de flores da Juventude
Leonina, o principal grupo de apoio
do Sporting. “Ele respeitava as cla-
ques rivais”, conta à SÁBADO um
antigo membro dos No Name, que
abandonou o grupo depois do episó-
dio do very light. “Era contra cânticos
que insultassem o FC Porto e o Spor-
ting. Era suficiente apoiar a equipa
sem pisar ninguém.”
Gullit nunca largava o seu boné, e
isso originou um episódio curioso.
“Em Setúbal, num jogo em que
perdemos 5-2, tivemos um episó-
dio à Vítor Baptista: ele perdeu o
boné e o público pôs-se todo à
procura dele”, recorda outro antigo
membro dos No Name.
Dissidente dos Diabos Vermelhos,
Gullit criou os NN. Era o principal
criador de cânticos e coreografias e o
seu lema pessoal – Sempre Presente
– tornou-se o slogan da claque.
Poucos meses antes de morrer, es-
creveu num panfleto: “Há pessoas
que se dedicam à claque e gastam
muitas horas para aparecerem meia
dúzia de otários de vez em quando a
estragarem tudo. Não sejas mais um
deles. Canta! Apoia o teu clube!” W
81
 Crónica
LONGE
DATERRA
Aautoridade queria saber se
estávamos casados por amor. Na
sua inocência, a minha metade legal
apressou-se a confirmar a verdade
do sentimento que nos unia
C mar a verdade do sentimento que
Suspeito do
costume II
Ser confrontado sobre as nossas in-
tenções matrimoniais pelaguardanão
é um experiência dignificante para o
casal. A autoridade, do alto da sua di-
rectriz para controlar as uniões legíti-
mas e as ficcionais, obriga-nos a figu-
ras que não são àprovade divórcio.
De mãos dadas com a minha espo-
sa, em Jimbocho, fomos intercepta-
dos como uma dupla de assaltantes
em fuga. Os senhores suados rodea-
ram-nos, puxaram dos cartões, e
procederam ao interrogatório em es-
trangeiro, sem saberem que sou
fluente em ilhéu.
Primeiro perguntaram à minha mu-
lher que vida era a nossa, ou mais es-
pecificamente que tipo de relação era
anossa. Ela, que nuncaforaparadano
meio daruapelaguarda, começou por
pedirmuitas desculpas, numareacção
típica de quem foi forçado a acreditar
que em caso de ser abalroado pela
guardaantes de mais pede-se perdão.
Eu não concordei com a resposta ins-
tintiva mas também não fiz ver o meu
ponto de vista alternativo, visto que
ainda estava a representar o meu pa-
pel de alien ignorante incapacitado
paracomunicar.
Num ataque de transparência, ex-
plicou que éramos um casal. Os se-
nhores suados entreolharam-se e o
que estava a fazer papel de mau con-
tinuou o interrogatório. Quis saber
que tipo de casal era o nosso. Casal
C de amigos, namorados, noivos ou ca-
Escritor sal de casados? Na passada poderia
Ricardo ter acrescentado à lista casal de bom-
Adolfo bistas, casal amigo, casal ventoso.
82
Deixei-me estar. Eles nunca iriam
perceber o humor da terra.
De imediato aesposaconfirmou que
éramos um casal de casados, reco-
nhecidos pelo notário de Shinbashi.
No entanto, a legalidade da união era
só parte do que queriam saber. O mau
suado continuou a investigação es-
pontânea no passeio de frente para o
alfarrabistade livros de manga.
Queria saber se estávamos casados
por amor. Na sua inocência, a minha
metade legal apressou-se a confir-
nos unia.
O suadinho afazero papel de menos
mau tomou notano seu bloco de bolso
com uma capa de pele falsa, e argolita
paraacaneta.
Só poramor?, perguntou o mau.
Aperguntamaldosadeixou asenho-
rasem sabero que responder.
Não fazia ideia do que mais poderia
levar alguém a jurar amor eterno.
Parte dela ainda vivia num conto de
fadas, e a outra parte só tinha conhe-
cimento de golpes no baú. Como eu
não tinha nada de velho e muito me-
nos de rico, ficou a olhar para a auto-
ridade num pedido de desculpas infi-
nito. O guarda percebeu que a moça
era pobre de imaginação e decidiu
ajudar. Quis saber se eu alguma vez
pagara pela sua afeição. Mais uma
pergunta maldosa, que na terra teria
sido o suficiente para dar azo. Na ilha
a relação amor, mala nova ou viagem
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
de férias era mais complexa. E a mi-
nha senhora sabia disso.
A afeição não vive exclusivamente
de troca directa. As variações à linha
são mais que muitas. Pouquíssimas
são mal vistas ou condenadas. E os
membros masculinos do casal têm por
obrigação demonstrar o quanto sen-
tem pelas suas legítimas e ilegítimas
cadavez que mudaacolecção.
Aproveitar os saldos também é per-
mitido mas não contatantos pontos.
Aflita da vida, ia confirmar aquilo
que poderia vir a ser o início de um
belo caldinho para o meu lado. E foi
nessapausaparaarfarque eu me che-
guei à frente, no meu melhor ilhéu.
Sem saberem onde é que eu tinha ido
buscar tantas palavras perfeitamente
alinhadas num raciocínio lógico, os
guardas arregalaram-se na minha di-
recção. A sua surpresa era insultuosa,
mas decidi não fugir com o discurso
poraí. Até porque poderiam estarape-
nas chocados com atragédiaque erao
meu sotaque. Com mil desculpas à
mistura também, disse-lhes que o
meu amor se expressava de diversas
formas. Umas eram imateriais e outras
nem por isso. A minha defesa conti-
nuou decidida, até que reparei nas vé-
nias cortadas por desculpas dos guar-
das. Já não queriam saber mais nada.
Um alienque falava ilhéu como eu só
poderiaserboapessoa. W
http://instagram.com/p/zAYnYOAw8P/

Afechar
Artes
h
Os murais foram
cópias do pintor
realista alemão
Caspar Friedrich
o de 27 milhões de euros. Revelou
Oportuguêsquepintou
o filme dos Óscares
Entrevista a Gonçalo Jordão, o muralista que ajudou a erguer,
e a embelezar, GrandBudapestHotel. Por Diogo Lopes
magine que trabalha na indús-
I tria do cinema, ainda no início
de carreira, e um dia alguém
lhe faz esta pergunta: “Queres
trabalhar com o Wes Anderson?”
Esta situação é verídica e aconteceu
com Gonçalo Jordão, pintor decora-
tivo português que acabaria assim
por fazer parte da equipa de Grand
Budapest Hotel, o último filme do
realizador americano.
Em entrevista à SÁBADO, feita
“FOI
TALVEZ DAS
SITUAÇÕES
EM QUE EU
MAIS SENTI
pouco tempo depois de serem re-
velados os nomeados para os Ós-
cares – a gala é no domingo, dia
22, e o filme está nomeado para
nove categorias, uma delas Me-
O PESO DA lhor Direcção de Arte –, o artista
RESPONSABI- contou como é trabalhar nos bas-
LIDADE QUE tidores de um filme de Hollywood
TINHA EM e como são os ritmos de produção
MÃOS” de um projecto que custou cerca
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
FOTOS D.R.
ainda como foi confraternizar
com estrelas de cinema como F.
Murray Abraham, Jude Law ou
Ralph Fiennes.
Comecemos bem do início:
como foi o seu percurso aca-
démico?
Fiz a minha formação na Funda-
ção Ricardo Espírito Santo, em
pintura decorativa – é uma escola
excepcional – e comecei a traba-
lhar quase imediatamente nessa
área (o que eu gosto mesmo de fa-
zer). Também fiz algum restauro.
Depois fui continuando na mesma
área – fazia pintura mural em ca-
sas particulares, palácios, coisas
assim –, mas sempre com o sonho
do cinema. Ao fim de algum tem-
po, decidi autopropor-me para
trabalhar com os estúdios Ba-
belsberg [ver caixa], local onde Q
83
 A fechar
Artes
1 3
2 4
Q Hitchcock filmou, e consegui
entrar.
O GrandBudapestHotelfoi
o seu primeiro trabalho para
cinema?
Não, já tinha feito o último A Bela
e o Monstro e pintei uns murais
para O Quinto Poder, filme sobre
Julian Assange com o Benedict
Cumberbatch.
Como foi parar ao filme do Wes
Anderson?
Precisamente através dos estúdios
Babelsberg. Depois do trabalho
para A Bela e o Monstro, e de ou-
tras coisas que foram aparecendo,
um dia o head painter dos estú-
dios, quase do nada, perguntou-
me: “Queres trabalhar com o Wes
Anderson?”. Eu não conseguiria
dizer “claro que sim!” em menos
tempo do que disse...
O que é que lhe foi pedido?
Inicialmente, fui destacado para
fazer vários painéis art déco para
a zona em volta do guichê de en-
trega das chaves no lóbi do hotel.
Ainda não vi como está distribuído
a nível de filmagens, mas era tudo
na mesma área, exceptuando os
que estão no primeiro piso, esses
eram diferentes. Dei um prazo
para cada um, mas depois o Adam
[Stockhousen, director de arte do
filme] disse-me: “Esquece os pai-
84
5
1 néis, vamos fazer isto”. E Wes Anderson é um realizador
A sinalética usada mostrou-me quadros de paisagens com um estilo muito próprio.
nos cenários do fil-
me é um exemplo bucólicas ao estilo de Caspar Frie- Como é trabalhar com alguém
da minúcia envol- drich, um pintor romântico ale- com uma visão tão definida.
vida no seu visual mão. A partir daí tudo ficou mais Existe liberdade criativa?
2 complicado, é uma diferença Não há liberdade, mas eles con-
Os painéis iam sen- enorme a nível de trabalho. No fi-
do alterados con- nal acabei por fazer oito painéis –
soante os planos
nenhum deles ao estilo art déco Estúdios Babelsberg
3 [risos].
Gonçalo com a Aventura do português
cópia do quadro
Como foi o primeiro contacto começou na Alemanha
original e a amplia- com Wes Anderson?
ção transposta Eu trabalhava com o Adam mais Abriuem1912 e aí se filma-
para os painéis directamente. Tinham-me sido ram algumas cenas de Grand Bu-
4 pedidas cópias dos tais quadros dapest Hotel (o outro local eleito
Parte do filme foi românticos (dois deles, por exem- foi um centro comercial antigo
gravada num anti- plo, estão à esquerda e à direita na cidade de Görlitz, Alemanha).
go centro comercial
adaptado do guichê do lóbi). Como é normal É aqui que Gonçalo Jordão cos-
nas ampliações (as cópias que es- tuma trabalhar com mais fre-
tava a fazer eram ampliações de quência. Recebeu figuras como
quadros originais, mais pequenos), Fritz Lang, Marlene Dietrich
a imagem fica sempre um bocado ou Alfred Hitchcock – o realiza-
desfocada – um dia, o Wes che- dor teceu-lhe muitos elogios:
gou ao pé de mim e disse-me “Tudo o que aprendi sobre cine-
“está bom, está mesmo muito ma foi graças a Babelsberg”.
bom, mas eu quero isto com os
detalhes completos. Quero ao
pormenor, não pode ser este mist
Mais [névoa].” E eu respondi que não
em sabado.pt tinha cópias que me permitissem
Pode ver excer- fazer esse tipo de pormenor. O
tos desta entre- Adam acabou por conseguir ar-
vista em vídeo ranjar uma pessoa que tinha có-
e imagens pias decentes dos quadros e man-
do filme dou-as vir para o estúdio.

fiam muito. Foi talvez das situa-
ções em que mais senti o peso da
responsabilidade que tinha em
mãos. Tudo tinha de sair bem fei-
to, porque se não eles não iam
pôr nenhuma fotografia na pare-
de. Ele confia muito nas pessoas
que escolhe. Tive de adicionar
várias vezes pinceladas de realis-
mo mais específicas porque An-
derson dizia-me: “Tenho aqui um
grande plano desta cara e por
trás desta pessoa tem de estar
uma coisa bem feita, não se po-
dem ver falhas nenhumas!”
Como é então o seu modo de
trabalho?
Envolve-se em tudo. Dava imen-
sas voltas ao estúdio a verificar
coisas como os acabamentos da
goma laca na parede, os porme-
nores do chão, as alcatifas, as tor-
neiras, as tabuletas com o número
de cada quarto... tudo mesmo. É
muito focused [concentrado], só
pensa naquilo. É realmente o re-
flexo da sua linguagem cinemato-
gráfica. Até quando improvisa é
organizado.
Como estavam organizados os
dias de filmagem?
Entravamos às 7h, nem um minu-
to a mais nem um minuto a me-
nos. Às 10h havia um tea time –
de 10, 15 minutos –, depois voltá-
6
7 direita da primeira
vamos. Por volta das 13h e pouco
tínhamos meia hora para comer
qualquer coisa, às 16h havia outra
pausa para café ou cigarro, depois
da qual voltávamos a entrar, para
só sair às 19h, 19h30. Foi assim
durante dois meses.
Como era o ambiente?
Até chegarem os actores é pacífi-
co. Toda a gente a fazer barulho,
toda a gente a trabalhar, cada um
na sua, de headphones, ou sim-
plesmente a conversar. As abelhi-
nhas todas a funcionarem no seu
ritmo sempre acelerado e certi-
nho. Quando chegam os actores,
as coisas mudam. De vez em
quando ouvimos alguém gritar:
“Silêncio! Silêncio! Tudo calado!”.
E somos forçados a parar tudo, a
largar as ferramentas. Quando
acabam de filmar, voltam a avi-
sar-nos e recomeça tudo de novo.
É esse o tipo de dinâmica durante
as filmagens porque tem de ser
sempre tudo feito ao mesmo tem-
po, tudo encaixado, umas coisas
nas outras, para que se demore o
menos tempo possível. No cinema
é tudo muito caro, não se pode
perder tempo nenhum.
Teve oportunidade de conhecer
membros do elenco?
Num dia em que deviam estar
uns 17 graus negativos, fui fumar
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
um cigarro lá fora com alguns
colegas e apareceu o Abraham
Murray. Ficou ali connosco, todo
vestido de roxo dos pés à cabeça,
com uns sapatos super brilhantes,
já todo fardado para ir filmar –
havia uns paparazzi do outro
lado da rua, num café, a fotogra-
farem furiosamente. Ficámos um
bocado à conversa e de repente,
por trás de mim, apareceu o
FOTOS D.R.
Ralph Fiennes, que disse qual-
quer coisa como: “Vamos antes lá
para dentro, que está aqui um
5 gelo que não se aguenta!”. E eu
Cena protagoniza- fui [risos]. Também estive com o
da por Ralph
Fiennes Jude Law – uma vez ele ficou a
ver-me a pintar.
6 Que ideia guardou das pessoas
Imagem do filme com quem trabalhou?
onde se pode ver
um dos trabalhos São essencialmente frios, mas
de Gonçalo Jordão depois são quentes com as pala-
– à esquerda e à vras. São pessoas com quem
secção de degraus gostei muito de trabalhar. No iní-
cio nunca acreditaram que eu era
7 português – “Mas se és português
Plantas para identi- como é que falas tão bem
ficar algumas das
obras produzidas inglês?”.
pelo português Quando não está ligado à ceno-
grafia, em que consiste o seu
trabalho?
“NO MEIO Neste momento, por exemplo, es-
DISTO, DE tou a fazer o parlamento angola-
TRÁS DE MIM, no, todas as salas são de mármore.
APARECE Costuma dizer-se que nestes
O RALPH meios o mais difícil é dar o pri-
FIENNES, QUE meiro passo. Depois de se en-
SE JUNTA trar no meio, tudo fica mais fá-
A NÓS” cil. É mesmo verdade?
Eu consegui sentir que nós, portu-
gueses, estamos um bocado fe-
chados, sempre. Cheguei lá fora
para trabalhar e senti que temos
imensa capacidade para fazer coi-
sas incríveis. A minha formação
académica era muito melhor do
que a da grande maioria dos ou-
Gonçalo tros, porque tive um ensino que
Jordão me levou a saber fazer as coisas
Tem 41 anos bem, como deve ser, com preci-
(20 deles a tra- são. Eles [cenógrafos internacio-
balhar como nais] não vêem assim. Sentem que
muralista), resi- a cenografia é uma ilusão que, por
de perto de Évo- onde passa a câmara, deixa de fa-
ra e gere com a zer sentido… Depois, quando as
mulher, Raquel coisas são filmadas ao pormenor
Jordão, uma já não há o mesmo impacto. Foi
empresa de isso o que mais me valorizou lá
pintura mural, fora. Foi por isso que fui trabalhar
a Afterwal com o Wes Anderson. W
85
 A fechar
Social
Billy, prepara-me
um gin como
só tu sabes
Foi o empregado mais fiel da Rainha-mãe. Assediado pelos
tablóides, nunca contou as suas histórias. Agora escreveram
a sua biografia. Tem muito álcool e algum sexo. Por Sónia Bento
illiam Tallon foi o
W empregado de maior
confiança, confiden-
te, conselheiro e es-
pião da Rainha-mãe durante mais
de 50 anos. Com o discreto mordo-
mo, a monarca britânica partilhou
os seus momentos mais pessoais e
ele conhecia todos, ou quase todos,
os seus segredos, mas levou-os
para o túmulo. Nunca contou abso-
lutamente nada sobre os muitos
episódios que viveu na intimidade
do palácio, quando a família real
falava de tudo à sua frente.
Oportunidades para isso não lhe
faltaram. Chegou a receber propos-
tas de tablóides dispostos a pagar-
-lhe uma fortuna para ouvir as suas
histórias, mas recusou sempre. Até
quando foi dispensado, ficando a
viver de uma pensão modesta,
após a morte da mãe de Isabel II,
em 2002, Tallon mostrou uma re-
sistência impressionante. Agora,
oito anos após a sua morte, Thomas
Quinn decidiu fazer as revelações
por ele em Backstairs Billy: The
Royal Life ofWilliam Tallon (Backs-
tairs Billy: a vida real de William Tal-
lon). Nesta biografia sobre o mordo-
mo, que será lançada no próximo
mês, a Rainha-mãe é a vítima cola-
teral. O escritor, especialista em li-
vros polémicos sobre a realeza, refe-
re que a mulher de George VI, um
dos membros mais populares da fa-
mília real inglesa, passou os últimos
86
1
anos de vida, alcoolizada e de-
mente. Segundo Quinn, a Rainha
adorava o seu mais fiel colabora-
dor porque ele lhe preparava os
gins bem fortes, “nove décimas
de gin e uma de água tónica”,
como ela gostava.
Bebidas e piadas cruéis
“A família real parecia um
REUTERS
modelo de recato. Mas Tallon
via-os na intimidade. Bebiam, fu-
mavam, criticavam e diziam pia-
das cruéis uns dos outros. A Rai-
nha-mãe era especialmente
sarcástica. Em parte pelo seu
grande sentido de humor e
também porque nos últimos 20
anos foi do juízo à demência”,
descreve o autor numa passa-
gem do livro.
Margaret Rhodes, sobrinha
da monarca, diz que esta bio-
grafia não é mais do que um
rol de disparates. Garante
que a bebida preferida da
tia era martini com gin e
não gin tónico, e que ela ti-
nha o cuidado de beber
apenas um ou dois, por ter a
perfeita consciência do seu
estatuto, além de que se man-
teve lúcida até ao fim.
Billy (diminutivo de William),
como o chamavam no palácio,
era uma espécie de figura nacio-
nal, reconhecido pelo público
por causa das suas aparições
 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

Desgosto de morte
Depois da morte da Rainha-
-mãe, William Tallon adoeceu
Quando a Rainha-mãe morreu,
a 30 de Março de 2002, no caste-
lo de Windsor, William não estava
com ela. Soube da notícia através
do telefonema de uma jornalista
do Mail On Sunday e ficou devas-
tado. Pediu para se despedir em
privado da monarca para quem
trabalhou durante mais de 50
anos, o que lhe foi negado.
A partir daí, William dis-
se que não tinha ne-
nhuma razão para vi-
ver. Adoeceu e mor-

GETTYIMAGES
reu cinco anos depois.
2

anuais ao lado da Rainha-mãe, 1 tas de Tallon, agora reveladas. Se-

quando ela cumprimentava os
súbditos nos portões de Cla-
rence House, a sua residência
– um hábito instituído pelo
próprio mordomo, em 1970.
Filho de uma família mo-
desta de comerciantes, sem-
pre foi fascinado pelos
Windsor. Aos 15 anos, es-
creveu uma carta ao Rei
George VI a pedir-lhe em-
prego e foi chamado para
lacaio. Dois anos mais tar-
de, em 1953, começou a
acompanhar a Rainha,
Billy foi condecora- gundo contam, Billy era um preda-
do com a medalha
de ouro da Real dor sexual e escolhia as suas “pre-
Ordem Victoriana sas” entre o pessoal do palácio.
pelos seus serviços
2 Gay, promíscuo e vingativo
O príncipe Carlos Ele e o seu amante, Reginald Wil-
via no mordomo cock – pajem da Rainha-mãe, que
da avó uma figura
paterna. Quando morreu um ano antes dela – eram
ele foi dispensado déspotas insaciáveis, alcoólicos e
foi o único que lhe vingativos. Perseguiam os que resis-
deu apoio
tiam aos seus avanços, obrigando-os
3 a limpar as pratas ou a apanhar as
Era o único que en- folhas das figueiras. “Os dois leva-
trava nos aposen-
tos reais sem bater vam vinhos caríssimos das cozinhas
à porta e passeava reais”, revela um dos criados.
FOTOBANCO

trabalho que executou os corgis da A Rainha-mãe perdoava todos os

tão bem que lhe valeu
várias condecorações, a
mais importante de to-
das a medalha de ouro da Real Or-
dem Victoriana.
O seu dia começava às 7h30, hora
a que servia o pequeno-almoço, na
cama, à sua Rainha – um chá agua-
do, um bolo com sementes de pa-
poila e uma fatia de melão – e ter-
minava bem tarde, já que a avó do
príncipe Carlos nunca se deitava
cedo. Ele era o único que entrava
nos aposentos reais sem bater à
porta e até comprava os presentes
de Natal que a monarca oferecia.
Billy tinha sempre uma solução para
tudo, conhecia muito bem o proto-
colo e sabia preparar bebidas
como ninguém – a sua vida deu
origem a um documentário trans-
Rainha-mãe 3
mitido pelo Channel 4, em 2009.
Culto, amigo de pintores e artis-
Livro tas, era um homem com muito boa
Backstairs apresentação, charmoso, divertido
Billy e homossexual. Sempre se soube
Autor que, entre o pessoal de serviço, a
Tom Quinn Rainha-mãe dava preferência aos
Editora gays – muito antes de a homosse-
The Robson xualidade ser aceite – para evitar
Press preocupações com as suas filhas,
Isabel e Margarida. A importância
e o estatuto do mordomo – que
morava num anexo, à entrada de
Clarence House – provocavam in-
veja nos outros empregados, que o
odiavam e temiam. Aliás, alguns
deles foram as fontes de Quinn
para esta biografia.
A promiscuidade é uma das face-
deslizes ao mordomo. O príncipe
Carlos via nele uma figura paterna
porque quando os pais viajavam fi-
cava ao cuidado da avó e de Billy,
que o divertia. Quando ele foi dis-
pensado, convidou-o a passar uns
dias em Balmoral. O filho de Isabel II
arranjou-lhe ainda um pequeno
apartamento no bairro de Kenning-
ton, em Londres, além de ter conse-
guido que Clarence House lhe pa-
gasse 100 libras (cerca de 135 euros)
por semana para complementar a
reforma. O mordomo viveu ali até à
sua morte, em 2007, com 72 anos,
rodeado dos mais de 600 objectos
que acumulou ao serviço da família
real, entre cartas da Rainha-mãe, da
princesa Diana, de quem foi confi-
dente, e várias fotografias informais
com os Windsor. W

87
 A fechar
Parecequefoiontem
“A grosseria só começa quando
começa a delicadeza; e o impudor
desde que o pudor exista” –
Fernando Pessoa
No tempo
em que a RTP
era puritana
Há28anos,surgianasbancasa re-
vista Élan, que veio agitar o conser-
vadorismo editorial dos anos 80. Os
seus defensores estavam longe de
entender que a nova publicação,
adiantada no tempo, constituía ape-
nas um sinal do que estava para
chegar: uma mudança de mentali-
dades que rapidamente faria a Élan
parecer uma edição soft, cujo target
não iria além dos adolescentes atre-
vidos mas ingénuos.
A revista começou por recorrer a
modelos profissionais e a grandes
fotógrafos, tentando atingir um ní-
vel que depressa se percebeu ser
impossível de manter. Logo no nú-
mero 2, ousámos optar por uma
capa em que se via um seio nu, na
sequência de uma produção de Ana
Maria Lucas com Joanne, uma mu-
lher belíssima, que foi fotografada
por João Raul – os melhores num
trabalho magnífico.
Como havia um acordo de permuta
com a RTP, fizemos um spotpublici-
tário, informativo, discreto e apenas
com a reprodução da capa. Mas na
Avenida 5 de Outubro a puritana RTP
entrou em transe e fomos obrigados a
repetir o spot, inclinando a capa de
maneira que não se visse o peito do
modelo. E a partir daí, lá se foi a per-
muta... A própria Joanne – que tinha
assinado um contrato impeditivo de
uma futura utilização da sua imagem
mas que era omisso quanto à promo-
ção – ficou em choque com a divul-
C gação televisiva e sentiu dificuldade
em enfrentar o preconceito vigente.
Jornalista
Alexandre O Mundo girou e a sociedade mu-
Pais dou muito, desde 1987. Se calhar, es-
www.alexandrepais.pt cusava era de ter mudado tanto. W
88
www.sabado.pt
Observador
O
Guterres
anda por aí?
Não sei se António Guter-
res virá ou não a jogo nas
presidenciais, mas se vier
porque na ONU a vida não
lhe correu como queria, ar-
risca-se a que o eleitorado
reaja mal ao facto de não ter
sido aprimeiraescolha.
O número 2 da Élan
g
foi publicado em
Por outro lado, se o can-
didato preferido nas son-
Fevereiro de 1987,
com uma capa polémica
dagens de há um mês fugir
ao reencontro com o País,
António Costa terá um pro-
blema de difícil solução, já
que o substituto natural,
António Vitorino – muitos
Antónios há no PS –, não
tem o mesmo carisma do
antigo primeiro-ministro,
pois não liderou um gover-
no de benesses, nem faz
um ar tão piedoso com os
pobrezinhos. E anda a tra-
tar da vida nos negócios em
vez de se preocupar com as
desgraças do Mundo e dos
desperados.
Sem Guterres, as últimas
sondagens dão, aliás, vanta-
gem a Marcelo Rebelo de
Sousa. Clara no caso de Vi-
torino, esmagadora se de-
g frontasse – em Júpiter, que
A divulgação da capa, naTerraisso não serápossí-
pela RTP, só foi possível vel – Mariade Belém.
com esta inclinação, que
permitia esconder o seio Essas eleições dependerão
igualmente dos resultados
das legislativas – uma vitó-
ria de Costa reforçaria Mar-
celo – e do final de mandato
de Cavaco Silva, que pro-
mete ser penoso e levar a
que a direita veja também
afundar-se o seu candidato.
Muito girará o Planeta até
que todos os cenários se de-
finam. E a dúvida que ficará
ainda por meses é esta: re-
sistirá Guterres à vaga de
g fundo que Costa terá de ge-
O contrato com os
modelos contemplava rar para evitar a derrota em
apenas uma publicação e 2016? É capaz de não. W
era conferido à lupa
 19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt

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89
 Opinião
JUÍZO FINAL
Esses portugueses não compreen-
dem que isto de nos subjugarmos
aos partidos que elegemos e aos
países que nos sustentam não
pode continuar. Que aausteridade
não é resposta à escassez de di-
nheiro. Que contrairempréstimos
é preferível apagá-los
O cadilhos e voltar a assuntos sérios.
Somos todos
gregos,
caramba
IsabelMoreira, deputada socialista e
filhade um ex-governante salazarista,
escreveu no Facebook: “O ministro
das Finanças grego é sexy, porra.” In-
trigado com este interessante critério
de avaliação política, mostrei uma fo-
tografiado sujeito em causaaum gru-
po restrito de amigas. Não notei parti-
cular entusiasmo, mas mal a conversa
resvalou para os subscritores da carta
aberta a Passos Coelho uma amiga
achou Ferro Rodrigues “sensual, chi-
ça”, outra descobriu que Carvalho da
Silvaé “erótico, caraças”, e umatercei-
O O
O bom
Afelicidadenumfrasco
Michele Ferrero não inventou o
creme Nutella, receita do pai Pie-
tro, mas foi quem o baptizou, di-
vulgou e garantiu que a suprema
qualidade daquilo não se perdes-
se. Numa prova cega, pelo menos
quando o cego sou eu, o Nutella
ganha de longe aos caríssimos
Godivas deste mundo. Em época
de ódio aos ricos, o multimilioná-
rio italiano merece incontáveis
louvores. A julgar pelo milagre
O que nos deixou, Michele era um
Sociólogo santo. Morreu agora. O que é que
Alberto o Vaticano espera?
Gonçalves
90
ra confessou que Bagão Félix é “libidi-
noso, raios me partam”.
Como, dado o nível de lucidez habi-
tual na criatura, não percebi se a
aprovação da dona Isabel é um bom
ou um péssimo sinal, também hesito
em decidir se o tal sr. Varoufakis si-
gnifica uma esperança para todos os
homens capilarmente alternativos.
Certo é que o sr. Varoufakis e a calví-
cie do sr. Varoufakis têm causado
sensação ao andar pela Europa vesti-
dos à imagem do baixista dos Bon Jo-
vi, enquanto tentam o haircut– é ver-
dade: o haircut – da dívida. Em prol
da decência, prometo não fazer tro-
A questão é que a seriedade não é
para aqui chamada. Desde logo, não
sei se excitados com os atributos físicos
e o blusão de cabedal do sr. Varoufakis,
os pândegos do costume assinaram a
referida carta ao primeiro-ministro a
reclamarsolidariedade com aGrécia–
embora não abrissem uma conta de
modo a financiá-la dos seus bolsos.
Entretanto, alguns dos pândegos pas-
saram a despachar directamente com
o Syriza. O sr. Jardim da Madeira pas-
sou ausarum barrete grego. Aquele sr.
Césardos Açores ficou indignadíssimo
perante o facto de o presidente da Re-
públicase identificarcom aposição do
nosso Governo em vez de jurar fideli-
dade sob aAcrópole. E o incontornável
O mau
Testamentovital
O Facebook vai passar a permitir
que as pessoas herdem as pági-
nas dos utilizadores falecidos. Até
que enfim os testamentos deixa-
rão de se limitar ao materialismo
de casas, contas bancárias e fa-
queiros. Por uma vez, um indiví-
duo poderá legar a sua essência:
fotos de comida, frases “filosófi-
cas”, scores atléticos, selfies ao
espelho, erros de português e
anedotas tontas. Por uma vez, um
indivíduo despede-se na certeza
de que fez a diferença.
19 FEVEREIRO 2015
www.sabado.pt
Francisco Louçãgarante que o Gover-
no do sr. Tsipras é o primeiro a repre-
sentarcondignamente Portugal.
Caso a tendência persista, a prazo
não bastará estar solidário com a Gré-
cia: será imprescindível ponderar a
mudança da capital de Lisboa para as
bandas do Pireu. Dado que a mesma
em tempos andou pelo Rio de Janeiro,
aitinerânciados poderes não seriano-
vidade. Aliás, o povo, sempre pioneiro,
saiuàs ruas aprestarvassalagemaAte-
nas. E por “povo” entenda-se as 40 ou
50 alminhas reunidas na grandiosa
manifestação da Praça de Camões,
leia-se arapaziadado BE mais amédi-
caIsabel do Carmo e o “realizador” An-
tónio Hífen Pedro Vasconcelos. Com
enorme penaminha, os restantes nove
milhões e tal de portugueses não com-
preendem aimportânciado momento.
Esses portugueses não compreen-
dem que isto de nos subjugarmos aos
partidos que elegemos e aos países
que nos sustentam não pode conti-
nuar. Que a austeridade não é respos-
taàescassez de dinheiro. Que contrair
empréstimos é preferível a pagá-los.
Que abancarrotaheróicaé aalternati-
va à responsabilidade acabrunhada.
Que a única maneira de assegurar a
soberania nacional é abdicar da dita
em favor da Grécia. Se ainda não so-
mos todos gregos, devíamos sê-lo sem
demora. Amim só me faltao blusão de
cabedal e o hábito da mendicância ir-
reverente: o haircut do sr. Varoufakis
jáninguém me tira, poça. W
O
O vilão
Ondeestãoos“charlies”?
Não vale a pena sublinhar a ironia
do atentado terrorista durante a
realização de um colóquio intitu-
lado “Islamismo e Liberdade de
Expressão”, em Copenhaga. Vale
notar a deprimente falta de ironia
e novidade do atentado ocorrido
logo a seguir numa sinagoga da
mesma cidade. Tantas tragédias,
evocações, memoriais, vigílias e
colóquios depois, acabámos nis-
to: em 2015, é impossível ser-se
judeu na Europa sem medo. E isto
é pior do que uma evidência tris-
te: é a História.
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As receitas, os acessórios
e os truques – tudo o que
precisa de saber para
preparar o seu gin em
casa está aqui. Também
lhe dizemos onde pode
ir beber um copo

O Provador do Leitor
Todas as semanas testamos um serviço, uma loja ou um produto
v
Rita Bertrand:
Os egípcios erames-
pertos: paraevitarem
os piolhos–esses parasitas que
vivemnas cabeças humanas des-
deoNeolítico–,rapavamocabe-
loeusavamperucas. NaLisboa
doséculoXXI,porém,amodaé
outra–eos piolhos aproveitam
paraseinstalar. Comos rapazes,
oproblemaécontrolável: corta-
seocabelorenteeéfácildarcom
abicharadaecomas lêndeas,os
seus minúsculos descendentes.
Nas raparigas,tudosecomplica.
Amodaéocabelocompridoe
cortá-lodáorigemapromessas
detraumas inultrapassáveis. Ne-
nhumamãequervivercomo
complexodeculpae,portanto,
quasetodas deixamandaras
miúdas comumparaísodepio-
lhos nacabeça–uminfernopara
quemtemdeos exterminar.
Tenhovividoestedramacom
aminhafilha. Passeidias inteiros
acatá-la,comelaaqueixar-sede
dores nopescoçoeagritar“Já
chega!” acada10minutos –mas
bastavaláficarumamalditalên-
deaparatudovoltaraoinício. O
pesadelorepetiu-seumavez,
duas,dez,aolongodecinco
anos epercebiqueos champôs e
loções dafarmácia,compreços
acimados €20,nãosãoefica-
zes,emboraas embalagens
garantamquematama
bicharadatoda. Aver-
dade,nuaecrua,é
queos piolhos
sãomais esper-
tos quenós:
ganharamre-
sistênciaaos
produtos quese
usamparaos exterminar
esobrevivem. Nós,mães defi-
lhas queabraçamas amigas eti-
ramselfies portudoepornada,
desesperamos.
Tentações r P.3
Foi,portanto,desesperada,e
semfé,queleveiaminhafilhaà
O método Clínicado Piolho,queabriuem
Novembro naCruzQuebrada. O
conceito éimportado (existem
muitas clínicas do género em
Espanha,porexemplo) eo trata-
mais eficaz mento começacomadesidrata-
ção dos piolhos elêndeas com
umamáquinanorte-americana,
semelhanteaumsecadordeca-
de eliminar os belo. Morretudo easeguiraspi-
ra-se(os bichos ficamno filtro
do aspirador),antes dapassa-
malditos dos gemdo tradicionalpentedos
dentes finos. Naverificação,não
seescapaàpartedecataras lên-
deas,umaauma– pelo menos,
jáestão mortas. Quemo faztem
paciênciadesanto: éumaex-
(Levámos uma criança à Clínica do Piolho, educadoradeinfância,agoraex-
terminadoradapragacapilara
um conceito novo em Portugal) tempo inteiro.
No caso daminhafilha, en-
tretidacomumtabletquelhe
deramparaas mãos eportanto
Apraga
menos queixosaqueemcasa,
capilar só estapartedemoroutrês ho-
édos ras (pode-sedeixarláacriançae
miúdosmas
a chaticeé irtratardavida). No fim, valeua
dospais pena: elasaiudeládecabeça
limpinhae, ummês depois
(comaprecaução deterandado
semprederabo-de-cavalo), não
voltouaterpiolhos. O trata-
mento custa€80, mas,
vendo bem, não éassim
tanto paraquatro ho-
ras detrabalho – e
emloções gasta-
sepouco me-
nos. Único se-
não: nadaga-
ranteque
elanão apa-
nhepiolhos
THINKSTOCK
outravez.
ClínicadoPiolho q R. Sacadura Cabral,65, Loja 11,
CruzQuebrada, Dafundo q Tel. 214191 349 /
965 024470 q €80(1 tratamento) a €300
(5 tratamentos)
P.4 r Tentações q Tema de capa

Estas
receitas
são para
conhecer de
ginjeira
Arregaceasmangas, escolhaocopocertoepeguenacolherdebar. Prepareos
ingredientes, tratedogeloeaventure-se: temosseisreceitasdeginssugeridas
FOTOMONTAGEM COM FOTO GETTYIMAGES

porbarmen deLisboaedoPortoparareproduzirem casa. Vejaaindaasnossas

sugestõesdeacessórios esaibaondepodeirbeberum copofora.
Por Ágata Xavier, Luísa Marinho e Sara Chaves
Fotos Jorge Miguel Gonçalves e Ricardo Rocha
Tema de capa q Tentações r P.5

s
P.6 r Tentações q Tema de capa

Lisboa
LECHAT
BarmanRicardoPinto

Gin N.o 3com

limãoezimbro
ACOMPANHARCOM...
...um combinado de sushi
(niguiris, sashimi, urumakis
e hot rolls) ou com camarões
fritos em tempura.

SABIAQUE...
...este gin é produzido
poruma das marcas de
bebidas mais antigas do
Mundo, a BerryBros &
Rudd? Têm negócios nes-
ta área desde 1698.

Ingredientes
5 cl de gin Num copo em balão colocar os 5
1 raspa de limão cl de gin (sem gelo).
3 a 4 bagas de zimbro Passar umaraspade limão em
1 água tónica Fever- todo o rebordo do copo e espre-
-Tree Indian Tonic mê-lade seguidaláparadentro –
gelo o objectivo é que o óleo dacasca
entre em contacto com o gin.
Deitar amesmaraspadentro
do copo e três ou quatro bagas de
zimbro. Deixar em fusão durante
um minuto.
Colocar pedras de gelo até que
fique 70 a80% do copo cheio.
Deitar suavemente aáguatóni-
caaté encher o copo.

LISBONITAGINBAR
BarmaidMagdaViegas
Gin Martin Miller
com laranja,
canelaezimbro
ACOMPANHARCOM...
...qualquerprato de carne, por
exemplo, magret de pato.
Tema de capa q Tentações r P.7
Ingredientes
5 cl de gin
1 raspa de laranja em
Refrescar um copo suficiente-
mente largo e colocarládentro
forma de rectângulo
Metade de um pau
de canela
cubos de gelo grandes.
Passar em todo o rebordo do
copo araspade laranjarectangu-
3 bagas de zimbro lar (atenção paranão incluir apar-
SABiAQUE... (uma esmagada) te brancadacasca) e extrair o óleo
...apesarde serum gin 1 água tónica Silver- paradentro do copo – de seguida,
inglês, a água utilizada -Tree Indian Tonic deitar araspa, metade do pau de
para fazera bebida vem gelo canelae as bagas de zimbro.
de nascentes na Islândia? Colocar os 5 cl de gin no copo.
De seguida, com aajudade uma
colher com aparte côncavapara
cimae num processo lento, en-
cher o copo com aáguatónica.
s
P.8 r Tentações q Tema de capa

MATIZPOMBALINA
BarmanJoãoSilva

Gin Hendrick’s Ingredientes

com xarope 6 cl de gin

3 fatias de pepino finas
Encher um copo grosso alto
com gelo (de preferênciaseco e

derosas Xarope de rosas

ACOMPANHARCOM...
...uma salada fria em que o sal-
mão fumado e o queijo façam
parte dos ingredientes.
1 água tónica Fever-
-Tree ElderflowerTonic
transparente). Com umacolherde
bar(ou de galão) mexerentre 15 e
20 segundos e retiraro excesso de
gelo águaparagelaro copo.
SABiAQUE... Verter os 6 cl de gin e juntar à
...ogin Hendrick’stem mistura, de seguida, as três fatias
16anose foi o primeiro de pepino (cortar um pouco da
gin a serserservido com cascaé facultativo).
pepino? Até esta “revolu- Deitar aáguatónicadelicada-
ção” o gin era servido mente no copo e adicionar duas a
com limão. três gotas de xarope de rosas. Por
último, com acolher usadapara
gelar o copo, mexer até misturar
tudo.
 Tema de capa q Tentações r P.9

Porto
ZÁZÁ
BarmanJoãoSimões

Gin Magellan
com morango
emanjericão
ACOMPANHARCOM...
...salmão gravlax , uma recei-
ta nórdica de salmão marinado
durante várias horas numa mistu-
ra de açúcare endro.

SABIAQUE...
...ogin Magellaninspi-
ra-se na viagem de cir-
cum-navegação do sécu-
lo XVI de Fernão de Ma-
galhães? Usa botânicos
de locais poronde passou
o navegadorportuguês.

Ingredientes
5 cl de gin Encher um copo de balão com
3 lâminas de pedras de gelo e mexercomuma
morango fresco colherdurante alguns segundos
2 folhas de paraarrefecero copo. Retiraro ex-
manjericão fresco cesso de águaque tenharesultado
20 cl de água tónica deste processo.
FeverTree Com o doseador, verter os 5 cl
gelo de gin Magellan. Colocar o mo-
rango, jálaminado, no copo e a
seguir juntar as duas folhas de
manjericão fresco.
Verter lentamente aáguatóni-
caparapreservar as bolhas. Mis-
turar com cuidado.

s
P.10 r Tentações q Tema de capa

PINGUIMCAFÉ
BarmanPauloPires

Gin FilliersDry Ingredientes

28com pomeloe 5 cl e gin
1 ramo de endro
Gelar bem o copo, enchendo-o
de pedras de gelo. Torcer sobre

raminhodeendro zestsde pomelo

ACOMPANHARCOM...
...sushi ou sashimi de salmão.
20 cl água tónica
Schwepps premium
estas umapele (zest) de pomelo e
passar pelabordado copo ames-
mapele.
gelo Aquecer ligeiramente um ra-
SABIAQUE... minho de endro e com ele pentear
...adestilariabelga o gelo. Depois, juntar esse rami-
Filliers nasceu no século nho àmistura, de preferênciacom
XIXe lançou o seu primei- o talo parabaixo. Adicionar os 5 cl
ro gin no início do século de gin e verter cuidadosamente a
XX, após a Primeira Guer- águatónicasobre umapedrade
ra Mundial? gelo.
Com um palito ou umacolher
fina, envolver o preparado com
cuidado de formaapreservar o
gaseificado daágua.
 Tema de capa q Tentações r P.11

GINSIGNATURE
BarmanRubenMata

Gin Citadelle Ingredientes

Reserve2014com 5 cl de gin
2 folhas de eucalipto
Num almofariz de pedra, quei-
mar uma folha de eucalipto com

folhadeeucalipto cruzado com lúcia-

lima
um maçarico. Colocar o copo vira-
do parabaixo em cimadafolha

cruzadocom
20 cl água tónica até que fique cheio de fumo.
FeverTree Virardepois o copo e, numpro-
gelo cesso que deve serrápido, acres-

lúcia-lima centaro gelo, umafolhade euca-

ACOMPANHARCOM...
...tábua de enchidos de porco
preto e queijos fortes.
lipto comdois outrês cortes para
libertaras suas essências, o gine a
águatónicavertidadevagar.
SABiAQUE... Não havendo eucalipto cruza-
...ogin francêsCitadelle do com lúcia-lima, queimar ape-
Reserve é o único do nas umafolhade eucalipto e com-
mundo envelhecido du- pletar areceitacom duas de lúcia-
rante seis meses em cas- limafresca.
cos de carvalho?

s
P.12 r Tentações q Tema de capa

Tudo para Ginasticar

Copos Vamosbeber
redondos umgin?
Tornou-se o copo oficial Escrito por Miguel
para quem prefere pas- Somsen e Daniel Carvalho
sear o gin em vez de o be- e ilustrado por Ana Gil, é o
ber. Nele consegue simu- primeiro livro português
lar o Mar Morto e pôr sobre o universo do GIn
qualquer coisa a boiar. Preço €17,01
(estadoliquido.pt) (Fnac)
Preço €4,83 Preço €5,58 Preço €7,70

Copoalto
Pinçapara Para os puristas, este é o
especiarias copo clássico de gin, alto
e comprido – para gelo,
Sendo esta uma bebida limão e pouco mais.
delicada, há que tratar Preço €3
dos ingredientes com (Garrafeira
todo o cuidado. Nacional)
Preço €14,90
(tescomaonline.pt)

Cuvete
paragelo Avental
deBarman
Dê um toque de humor
à sua bebida com gelo Para um look
em forma de peixe, profissional há que vestir
estrela ou nuvem. a camisola.
Preço €0,99 Caixade Neste caso, o avental.
(Ikea) especiarias Preço €5
(Continente)
Solte o obsessivo-com-
pulsivo que há em si e
guarde tudo direitinho
numa caixa própria.
App Preço €54,90 Colheres
GinLovers (theginbox.pt) paragin
Receitas para fazer em Um par de colheres torci-
casa, bares para beber das, e coloridas, para
um copo e novidades alegrar a performance
para ginéfilos. do seu Gin
Preço Grátis (iTunes Preço €4
ou Google Play ) (tescomaonline.pt)
 Tema de capa q Tentações r P.13

GinLovers
Ralador Selection2
vertical Copo medidor, coador,
Os mais experientes po- colher de bar, infusor e
dem aventurar-se a ralar especiarias numa única
Descascador os ingredientes directa- caixa de madeira.
JamieOliver mente para o copo. Preço €53
Preço €16,90 (ginlovers.pt)
Para aquela casca de (bodum.com)
limão perfeita que faz
falta em qualquer gin.
Preço €9,95 Copo
(A Loja do Gato
Preto)
doseador
Um gin no ponto, nem
muito forte nem muito
fraco, exige um
doseador profissional.
Preço €10,80
MiniBar (estadoliquido.pt)
Globo
A prenda ideal para Capapara
quem começava a equi- Gin&Tonic iPhone
par a sua casa no jogo
The Sims (simulador da
HomeKit A união de dois elemen-
vida real) pelo bar. É uma espécie de tudo- tos chiques, o iPhone e o
Preço €602 em-um – e vai ser como gin, com uma capa
(eglobes.co.uk) abrir a caixa de Pandora. protectora
Preço €27,50 elegante e clean.
(garrafeiranacio- Preço €31
Caixascom nal.com) (society6.com)
especiarias
Um herbário vertical
com alcaçuz, estrela de
anis, flor de hibisco, pi-
menta rosa e zimbro.
Preço €19,90 Preço €7
(ginlovers.pt) Preço €6,20 (Casca de limão
Preço €5,90 (Pétalas de rosa desidratada)
(Coco liofilizado) desidratadas)
Ralador
comcaixa
Pode ralar o que quiser
que a bancada fica sem- Preço €10,90
pre limpa por causa da (Fava Tonka)
caixa que tem na base. Preço €7,90 (Morango
Preço €6,99 Preço €6,50 liofilizado inteiro) Especiarias
(Ikea) Colher (Pepino desidratado) paragin
paragin
Quer faça combinações
Clássica, em inox, para clássicas ou mais arroja-
que o gin escorra das, há que contar com
primeiro por ela e depois os ingredientes certos.
pela sua goela. Preço €5,20 Preço €4,25 Aqui encontra de tudo.
Preço €4 (Kumquat desidratado) (Zimbro) (my7gourmet.com)
(jarrodourado.com) s
P.14 r Tentações q Tema de capa
Eirtomarumcopo?
(Escolhemos dez sítios com muitas marcas e barmen criativos)
D.R
Obladi Oblada
(Setúbal)
Nas paredes deste bar, em Setúbal, estão
escritas frases como “Life goes on, bra”
(um excerto do clássico dos Beatles que dá
o nome ao bar) e “All you need is love”.
Nas prateleiras estão mais de 85 gins, que
pode beber enquanto ouve êxitos dos anos
60 e 70. Vá até lá, aproveite o espaço, e
peça o Amo.te Gin com morango e canela
(€7), o Templus de Évora com zest de li-
mão (€9), o Oxleycom zest de laranja
(€10), o Elephant com citrinos (€12) ou o
Ferdinand Gold Cap (€18).
Obladi Oblada q Av. Luísa Todi, 329, Setú-
bal q Tel. 265405993 q Horário21-2h
(6ª e sáb. até 4h; fecha dom.)
OBom, oMaueoVilão
(Lisboa)
Neste bar–com o nome de um filme de
1966 em que Clint Eastwood andava à pro-
cura de uma caixa com 200 mil dólares
roubados –há uma parte da carta só dedi-
cada ao gin. Procure o Bulldog com moran-
gos, manjericão e pimenta rosa (€10), o
Martin Miller’s com laranja, limão e zimbro
(€11), o Gin Mare com manjericão ou ale-
crim e laranja (€12) ou o Monkey47 com pi-
menta da Jamaica e lima ou vagem de
baunilha e laranja (€14).
OBom,oMau eoVilão q R. do Alecrim,
21, Lisboa q Tel. 967950287 q Horário
19h-2h (5ª a sáb. até 4h; fecha dom.)
ChampanhariadoCais
(Lisboa)
Abriu em 2013, e embora o champanhe
seja a estrela principal do bar há uma par-
te da carta só dedicada ao gin –na descri-
ção das bebidas até há imagens ilustrati-
vas dos ingredientes. Prove o Greenall’s
com limão (€6,50), o Nordés com laranja
e hortelã (€12), o Ophir com canela e la-
ranja (€10), o Nº3 com louro, limão e la-
ranja (€12) ou o Old English com chili e
maçã (€15).
Champanharia doCais q R. Nova do Carva-
lho, 37, Lisboa q Tel. 213470466
q Horário19h-4h
CincoLounge
(Lisboa)
É um dos bares de cocktails mais procura-
dos de Lisboa –culpa da extensa carta com
cerca de 100 cocktails, do espaço (sofistica-
do e descontraído) e do atendimento per-
sonalizado. Na carta há gins como Beefea-
ter (€6), Bombay(€6), Citadelle Reserve
(€10), G Vine Floraison (€6) ou Tanqueray
Ten (€10). Se preferir algo mais elaborado,
prove o cocktail Propaganda 13 com gin,
sumo de lima, essência de dente de leão e
limão (€8).
CincoLounge q R. Ruben A. Leitão 17-A,
Lisboa q Tel. 213424033
q Horário9h-2h
PensãoAmor
(Lisboa)
Uma antiga pensão deu lugar a este
bar com várias salas decoradas com
muitas fotografias na parede, poltronas
e candeeiros antigos. Da carta escolha
entre o Bombay Sapphire com lima e zim-
bro (€8), o Magellan com maçã verde,
cardamomo e lima (€11), o Gin Mare com
manjericão ou rosmaninho e zimbro
(€12) e o Hendrick’s com pepino e botão
de rosa (€12).
PensãoAmor q R. do Alecrim, 19, Lisboa
q Tel. 213143399 q Horário 12h-3h
(5ª a sáb. até 4ª; fecha dom.)
D.R.
JORGE MIGUELGONÇALVES
PortusBar
(Porto)
Foidosprimeirosbaresespecializadosem
cocktailsaabrirnaBaixaportuense.Desdeo
Verãodoanopassadoqueosmixologistas
doPortustêmcriadoeservidonovasbebi-
das,apardaspropostasclássicas.Nacarta
há15marcas,10fixasecincorotativas,oque
dáoportunidadeaoclientedeexperimentar
coisasnovascomfrequência,ecincovarieda-
desdeáguatónica.Ospreçosvariamentre
os€5(Beefeater),os€8(Nordés,Hendrix)e
€10(Monkey47).Assextas-feirassãodedica-
dasaestabebida,fixando-seopreçodeto-
dososgins(exceptooMonkey47)em€5.
PortusBar q R. de Sá de Noronha, 76-78,
Porto q Tel. 938232027 q Horário19h30-
1h (5ª até 2h; 6ª e sáb. até 4h)
PortoTónico
(Porto)
Clubenocturnoparadançaratédemadruga-
da,oPortoTónicoservemaisde30ginsinter-
nacionais.Asaromatizaçõesdosginspodem
serfeitasdeváriasformas.Tantosesegueà
riscaasrecomendaçõesdecadamarcacomo
sefazemcombinaçõesoriginaisdeacordo
comascaracterísticasdosginsedaságuastó-
nicas.OginsmaisbaratossãooTanqueraye
oBeefeater(€6).Entreosmaiscarosestãoos
Brockmans(€16)eoMonkey47(€22).
PortoTónico q R. Cândido dos Reis, 96,
Porto q Tel. 961 512811 q Horário19h-4h
Copos&Cusquices
(Porto)
Quandoabriu,noVerãode2013,estebare
casadepetiscosnãoeraconhecidoporter
muitasvariedadesdegin.Aprocuracadavez
maiordestabebidafez,contudo,aumentaras
propostas.Agora,hámaisde10marcasnalis-
ta.OgindacasaéoBombay(€4,50),omais
barato.Seguem-seosTanquerayRangpur,o
SaffroneoHendrick’s(€7),osquetêmmais
adeptos.Osginstónicospodemserservidos
comomandamasmarcas,masoespaçoé
democráticoeoclientetemsempreaúltima
palavra.Porisso,podepedirogincomasaro-
matizaçõesquemaislheagradarem.Entreas
aromáticasebotânicosàescolhaháalecrim,
hortelã,bagasdezimbro,laranja,lima,canela
e,naépocadela,uva.
Copos& Cusquices q R. do Almada, 426,
Porto q Tel. 918911 152 q Horário18h-24h
(6ª e sáb. até 2h; fecha dom. e 2ª)
Bonaparte
(Porto)
Nopubàinglesamaisantigodacidadecome-
çouaservir-seginemcopodebalãoantesde
amodaterpegado.Nãotendomuitasrefe-
rênciasdegin,oBonapartetemasmarcas
consensuais.Oscítricoslaranja,limãoelima
continuamaserosaromatizantesmaisutiliza-
dos,mastambémhápimenta-rosa,carda-
momo,zimbrooucanela.Dalistafazempar-
teoBulldog,TanquerayNo.10,Hendrick’seo
G’Vine(a€8).
Bonaparte q Av. do Brasil, 130, Porto
q Tel. 226188404 q Horário17h-3h
CLAUDIA RIBEIRO
The Gin House
(Porto)
Pode irà Gin House todos os dias e não repe-
tirum único gin durante um ano, isto por-
que aqui há 365 referências, incluindo mar-
cas portuguesas como a NAO, Templus, Big
Boss e Gina (a €8). O balcão está repleto de
especiarias prontas a entrarnos copos de
balão. Os mixologistas da casa criam as aro-
matizações para os diversos gins e utilizam
cerca de duas dezenas de especiarias e botâ-
nicos, menos ou mais conhecidos –como a
fava tonka ou o cravinho. Peça o gin inglês
TanquerayMalacca (€26).
TheGin House q R. Cândido Reis, 70, Porto
q Tel. 962448739 q Horário19h-2h
(6ª e sáb. até às 4h; fecha dom.)
P.16 r Tentações

Restaurantes
Acordaresubstituirastorradasporum copo com um líquido verdelá dentro éuma tendência
queveio definitivamentepara ficar. Caso ainda não seja um perito na matéria, eismaisumasajudas

Sumosdetox
noInverno?
(Workshops, retiros, sites e a opinião de uma nutricionista sobre o tema)

v
Luísa Marinho
e Sara Chaves:
Ameloae amelancia
não devemsermisturadas com
vegetais, jáamaçãvaibemcom
tudo. Hásumos que devemser
preparados emcentrifugado-
ras, outros emliquidificadores.
Estas serão algumas das indica-
ções que a“healthcoach” Tere-
saBaratadaránumworkshop
sobre sumos detoxque vai
acontecera26 de Fevereiro.
Estejaounão habituado a
prepararos sumos que juntam
fruta, vegetais, superalimentos
e anti-oxidantes, haverámuitas
lições úteis noworkshop. Du-
rante umahorae meiaé-lhe ex-
plicado como escolheros ingre-
dientes, que frutas e legumes
combiname que truques deve
usar. No final, TeresaBaratafaz
quatro bebidas e dá-as aprovar
aos participantes.
Nestas páginas saibaquem
faladestes sumos naInternet,
os prós e contras de os bebere
aindaworkshops e retiros de-
toxonde se pode inscrever. T
DetoxLoungebyLiquid r R. da Trindade,
1, Lisboa r 26/2; 18h-19h30
r Inscrições para teresa.barata@
liquid.com r Preço €25

GETTYIMAGES

4 sites para
seguir
www.jessyjames.ptAactrizJessicaAthaídeé
adeptadossumosdetoxepartilhanoseublo-
gue(nacategoria“farmácia”)asreceitasque
costumafazer.
www.santamelancia.blogspot.ptLillianBarros,
aautoradesteblogue,énutricionistaefazpubli-
caçõessobrealimentaçãosaudável.Noblogue
encontratambémreceitas.
www.kimberlysnyder.comUmsitecomdicas
debelezaesaúdedanutricionistaeautoranor-
te-americanaKimberlySnyder,criadoradossu-
mosdetoxorgânicosGlowBio.
www.detoxandbodycleanse.comTodoum
mundododetoxdentrodeumsite:receitas,
planoseprogramasdedietaseváriosartigosso-
breotema.

SABIA QUE...
...se fizerum sumoànoite
e oguardarnum local
fechadopode consumi-lo
nodiaseguinte sem que ele
percapropriedades?
Os sumos são práticos
Consumir hortofrutícolasemformadesumo
podetervantagens.Bebersumosdetoxéuma
formapráticadeaumentaroconsumodehorto-
frutícolasaconselhado,quemuitasvezesédescu-
radonodiaadia.Atenção:devemosconsumir
entretrêsacincoporçõesdehortícolasetrêsa
cincoporçõesdefrutaspordia.
>>>
&
Prós Contras
Perguntámos a Alexandra Bento, da Ordem dos Nutricionis-
tas, quais são os prós e contras de beber sumos detox
Dieta de sumos
não é equilibrada
Asdietasfeitasexclusivamenteàbasedesumos
nãosãoequilibradasenãocumpremoscritérios
fundamentaisde umaalimentaçãosaudável,
quedevesercompletaevariada.Sebeberape-
nassumosficarãoemdéficenomeadamenteos
aminoácidosessenciaiseosácidosgordos,como
oómega-3eoómega-6.
Frutos e vegetais
são saudáveis
Ricosemfibras,vitaminasmineraiseágua,osfru-
toseoshortícolasdevemserconsumidosnuma
basediária.Sãocomplexosericosemvariadíssi-
mosnutrientes,masdevemsersempreconsumi-
dosnoâmbitodeumaalimentaçãoequilibrada.
Os sumos ajudam a
diversificaro consumo de
hortofrutícolas
Normalmente estes sumos são compostos por
mais do que um fruto ou hortícola, sendo, desta
forma, uma boa solução para quem não come
diariamente uma grande variedade destes pro-
dutos. Devem incorporara fruta triturada com-
pleta, para permitirum melhoraproveitamento
das fibras.
>>>
Há falta de evidências
científicas
Apesardeasdietasdetoxbaseadasnoconsumo
desumosnaturaisserempromovidastendo
comoprincípioqueestesprodutosajudamaeli-
minartoxinasegordurasconsumidaseacumu-
ladasaolongodotempo,atéaomomentonão
existequaisquerevidênciacientíficaquevalide
estasafirmações.
Nem todas as pessoas
devem consumir
regularmente
hortifrutícolas
Pessoas com doença inflamatória do intestino,
como doentes de Crohn, ou com problemas re-
nais devem teratenção especial ao consumo
de produtos hortofrutícolas, querem forma de
sumo querem peça. Asua alimentação deve
seracompanhada porum especialista. Mesmo
uma pessoa saudável que faça uma dieta ba-
seada apenas em sumos, desenvolverá, a curto
ou longo prazo, problemas de saúde prove-
nientes do desequilíbrio provocado poresta ali-
mentação.
Tentações r P.17
Retiros e workshops
ProgramaonlinesumosdetoxMagicJuice
Ideal para quem não tem muito tempo livre –o
acompanhamento profissional é feito por
email. O programa, que substitui o pequeno-al-
moço e lanches porsumos detoxMagicJuice,
tem três fases: a primeira para os primeiros oito
dias, em que perde cinco quilos; uma segunda
onde emagrece dois quilos pormês; e uma últi-
ma, que é a da manutenção de peso. Durante
todo o programa segue um plano e tem supor-
te online da clinica.
ClinicaPesoIdeal r www.clinicapesoideal.com r 236023
026epesoidealclinica@gmail.com r Preçoapartirde€39
DetoxRetreat
Caminhadas na Serra de Sintra, sessões de ioga
e meditação e workshops de nutrição e sauna
são só algumas das actividades que pode reali-
zardurante os três dias de programa detox(que
inclui muitos sumos, smoothies e chás). AMora-
da do Sol, em Cascais, aceita grupos mínimos de
seis pessoas que ficam alojadas em quartos indi-
viduais ou partilhados.
Morada doSol r R.deItália,2,Cascais r 934331 327
eretreats@sol-domus.com r Preço€380/3dias
RetiroWithYouWeChange
Acontece de 20 a 22 de Março, mas na sua
agenda marque também o 19 –é que um dia
antes não pode fumar, bebercafé, refrigerantes
e álcool, comeraçúcar, enlatados e enchidos. Já
entre 20 e 22, no Monte da Orada, em São Teo-
tónio, há aulas sobre detoxe desintoxicação cor-
poral, caminhadas, ioga e uma alimentação
crudívura à base de sumos.
Monteda Orada r MontedaOrada,SãoTeotónio,Odemira
r info@withyouwechange.com r Preço€190
NutrilifeDetox4noites
Neste programa –em que dorme quatro noites
num quarto com vista para o mar–tem duas
consultas com um nutricionista: uma de dia-
gnóstico logo quando chega e outra no fim,
para avaliação dos resultados. Durante cinco
dias tem um plano alimentarpersonalizado
(que inclui seis refeições diárias); exercícios com
um personal trainere um tratamento corporal
pordia. No fim é-lhe dado um plano de alimen-
tação saudável para os meses seguintes. Se pre-
ferirum programa mais longo, há a opção de
seis e oito noites.
Eurotel Altura r Av.24deJulho,Altura r 281 956450
r Preçoapartirde€895/4noites
Almoçojaponês
(GoJuuabriuemLisboacomumbardesaquê)
Omenu Sushi-Teishoku tem 22peças
Tudomuitocaseirinho
noMeiodaRua
v
Sara Chaves:
No espaço onde an-
tes existia um cabe-
leireiro, na rua do Jasmim,
em Lisboa, abriu agora um
restaurante “muito caseiri-
nho”. Quem o diz várias ve-
zes enquanto apresenta as
opções da carta é um dos
simpáticos proprietários.
Se for até lá prove o prato
do dia “muito caseirinho”, o
sumo “muito caseirinho” e a
sobremesa “muito caseiri-
nha”. O menu com prato do
dia, bebida e sopa ou café
custa €5,50. T
D.R.
Risotodecamarão
Meio da Rua q R. do Jasmim, 16,
Lisboa q 213 470 968 q Fecha sáb.
e dom. q Horário 10h-16h (jantares
por marcação) q Preço médio
€5,50 (almoço)
ÁGATA XAVIER
Não, nãosãodonuts
v
Diogo Lopes:
Afebredos bagels
estáachegar. Estaes-
péciedepão emformato dedo-
nutganhouumanovacasano
bairro deCampo deOurique,
emLisboa: aRaffi’s Bagels.
Numespaço pequeno mas
acolhedoredeaspecto sofistica-
do,servem-sesanduíches com
nomes dezonas dacidadede
NovaIorque(ondeos bagels há
muito tempo são populares).
Paraprovarháo Manhattan,
comqueijo creme, frango,
agrião, abacatetomateesalsa
(€5,10) – nafoto – ouo Soho,
quelevaqueijo creme, atum, al-
face, pepino, cebolaroxa, coen-
v
Ágata Xavier:
Háumnovo restau-
rantedecomidajapo-
nesa,queincluiaindaumbarde
saquê,perto daFundação Ca-
lousteGulbenkian,emLisboa.
Chama-seGo Juueabriueste
mês naruaMarquês deSáda
Bandeira,entreumapadaria,
umrestaurantevegetariano e
umsapateiro.
Entramos porumagrande
portadevidro quenos levaaté
ao balcão,lugarprivilegiado
paraquemgostadeverapró-
priacomidaaserfeita. Para
quemestálongedo balcão,há
umaparedecomvárias televi-
sões onde,numaespéciedeBig
Brother,o sushimanparece ac-
tuaremdirecto. O restaurante
temumasalamaior,outramais
pequenaeumaprivada. No to-
talsão 45 lugares sentados.
O menutempura,comvege-
tais envolvidos numpolme,é
umbomprato ligeiro,embora
sejafrito (€14,50). Paradividir,
sugerimos o menuSushi-
Teishoku(€18),com22peças –
algumas vêmnumprato àparte,
outras são apresentadas numa
tijelacomarroz. T
Go Juu q R. Marquês Sá da Bandei-
ra, 46, Lisboa q 917126 320q Horá-
rio 12h-15h(fecha 2ª)q Preço €25
tros ealcaparras (€4,80) – eain-
dapodeescolhero recheio que
quer(cinco ingredientes por
€5,50). Parasobremesapode(e
deve) provarumbrowniecasei-
ro por€1,60. T
DIOGO LOPES
Bagel Manhattan (€5,10)
Raffi’s Bagels q R. Saraiva de
Carvalho, 120, Lisboa q Não fecha
q Horário 8h-18h (sáb., 10h-16h)
q Preço médio €7
Queralmoçar
comestavista?
v
Marco Alves:
Recorda-sedaquelecé-
lebrevídeoondeapare-
ciaRaulSolnadoadizerquefoi
paraaguerra,mas aditaguerra
estavafechada?Foifeitoaqui,
ondehojeéaQuintadoTagus,
umbelíssimolocalnamargem
suldoTejo,comvistaparaLis-
boa.
Agrandenovidadeéque,
alémdesepoderdormir,tam-
bémsepodeagoraalmoçare
jantarnonovorestaurante(não
precisadeestarhospedadopara
entrar) - temaopçãodentrode
portas,juntoàlareira,oufora,na
esplanada. Orestaurantechama-
seTagus bySushic,etemesse
nome porquequemoexploraé
HugoRibeiro,chefedonodo
Sushic,restauranteafamadode Para ficarhospedadoou iraorestaurante
Almada. Hátempuras,carpac-
cios egunkans,porexemplo. T

Tagus by Sushic q Quinta do

Tagus, Costas de Cão, Monte de
Caparica, Almada q 212 954 359
JORGE SIMÃO

q Não fecha q Horário 12h-15h

e 19h-23h q Preço médio €25 Aassinatura édoSushic

AltoAlentejonaLapa
v
Markus Almeida:
Háumnovoenclave
alentejanoemLisboa.
Abriua28 deJaneironaLapa,
mas afestadeinauguraçãoseráa
21deFevereiro. Os produtos
vêmdaregiãodePortalegre,tal
comoos dois sócios responsá-
veis pelataberna. Equeprodutos
–opresuntoBolota,decorte
fino,desfaz-senaboca. O queijo
deNisacumprearegra: quanto
D.R.

piorocheiro,melhorosabor. As Tábua depresuntoequeijo(€8)

tábuas,generosas naquantidade
comonaqualidade,custamentre
€8 e€16. HávinhoUrra(tinto,
brancoerosé) acopo(€1,10) T
Taberna à Lapa q R. Garcia
da Orta, 12, Lisboa q 216 033 987
q Fecha 2ª q Horário 11h-22h
(6ª e sáb. 12h-2h) q Preço médio €7
P.20 r Tentações q Restaurantes
CervejaartesanalnoPorto
v Mr. Pizza
Luísa Marinho:
Abriu no Porto e é
um espaço totalmen-
te dedicado às cervejas artesa-
nais. O Catraio é “catraio” por-
que quer ter airreverênciada
juventude. Ricardo Queirós e
MariaAfonso decidiram criar
umalojacom zonade degusta-
ção porque o Porto “estavaa
precisar de ter um ponto de
encontro paraos entusiastas
dacerveja”.
ACatraio tem 60 variedades
de cervejade 15 marcas. A
apostavai mesmo paraas por-
tuguesas, com 10 marcas, en-
tre elas aSovina(entre €3,30 e
€8,60), Burguesa(€3,80 a
€4,20), Letra(€3,50 a€3,80),
CasadoMarco
Eleédescontraído
v
Luísa Marinho:
Marco Gomes,conhe-
cido chefdo restau-
ranteFozVelha,sentiunecessi-
dadedeinovar,porisso come-
çou2015 comduas novidades:
renovouaimagemdo seures-
tauranteedividiu-o emduas sa-
las comdois conceitos.
Deumlado continuaafun-
cionaro restauranteantigo,com
novas propostas gastronómicas,
edo outro abriuaCasado Mar-
co,umespaço quesequermais
descontraído,eque,ao contrá-
Asgarrafasestãotodasexpostas
Toira(€3,30), Passarola, (€4,20
a€4,50), Mirandum (€12/75
cl), Mean Sardine. Àpressão
serve-se achecaBudvar
(€1,20-€3), abelgaKapittel
(€1,70 a€4), abritânica
rio do outro, não funcionacom
menus dedegustação pré-defi-
nidos.
O chefpreparouumacarta,
bastante informal, divididaem
várias secções. Hápratinhos
parapicar: picapau(€10) alhei-
ragrelhada(€5), tábuas de
queijos e enchidos (€9 e €10,
respectivamente). Nasecção “O
que o chefmais gosta” hácos-
teletão de vitelagrelhado
(€34/duas pessoas) oucosteli-
nhas de porco commolho bar-
becue (€11). Nas “Inovações”
Brewdog (€3 e €6) e aportu-
guesaPassarola(€2,50 a€5). T
Catraio q R. de Cedofeita, 256,
Porto q 934 360 070 q Fecha
dom. q Horário 14h-20h (6ª e sáb.
até 24h Preço €5
Bochechasdeporco(€11)
hávieiras frescas compuré de
ervilhae pó de chouriço (€13),
entre outras propostas. Dos
pratos mais substanciais desta-
que-se bochechas de porco
confitadas com pêrabêbeda
(€11). Todos os dias háumasu-
gestão diferente de almoço (en-
trada, prato, sobremesae copo
de vinho, €14). T
Casa do Marco q Esplanada do
Castelo, 141, Porto q 226 154 178
q Fecha 2ª ao almoço e dom. q
Horário 12h30-15h e 19h30-23h (6ª
e sáb. até 24h) Preço médio €30
Massas
epizzas
nonovo
v
Luísa Marinho:
Numprédiodoséculo
XIXdabaixadoPorto,
completamenterenovado,abriu
umfranchisingdaMr. Pizza.
Esteapostanumanovafórmula
quesedistinguedos restantes
restaurantes. Aquinãohásópi-
zzas,hátambémpastas,feitas à
frentedocliente. EsteMr. Pizza
assume-se,assim,mais como
umrestauranteitalianodoque
umapizzeriafast-food.
Oespaçoremete,emtodos os
pormenores,paraItália. Opri-
meiroandar temumasalapara
jantares degrupos oueventos
privados eéumaespéciedemu-
seuinformalcomreproduções
deobras deLeonardodaVinci.
As pastas,servidas numprato
fundoàitaliana,variamentreos
€4,50(carbonara,bolonhesa,4
queijos,amatriciana) eos €8 (re-
ceitas comobianca,delgiardino,
tutti verdiebasilicoepinoli). As
pizzas,paracomerláoulevar
paracasa,custamentreos €5,70
eos €11,90(médias) eentreos
€8,30eos €14,90(grandes). Afa-
tiadepizzacusta€2. T
Mr. Pizza q Praça Carlos Alberto,
105, Portoq 211 363 519 q Não fe-
cha q Horário 12h-24h q Preço
médio €6
FOTOS JORGE MIGUELGONÇALVES
Massa bolonhesa (€4,50)

Mais pregos
que barriga
Dona Maria Pregaria q Rua de Ceuta, 63, Porto q 223 271 112
q Fecha ao dom. q Horário das 12h às 24h q Preço médio € 7,50
q Nota 68%
Sente-seondequiser,mesasnãofaltam
v
Ana Maria Henriques:
Abriu no final do ano
passado, com uma
localização muito central, a
Ruade Ceuta, depois de játer
feito currículo em Famalicão. O
DonaMariaPregariatem adi-
minutacozinhavoltadaparao
passeio, culpadafachadaenvi-
draçada, e muitagente àporta
com vontade de provar os pre-
gos em bolo do caco.
Paraumespaço tão peque-
no, o restaurante tem, pelo me-
nos, dois problemas que se
destacame reflectemno servi-
ço: mesas amais e umaementa
muito grande. Asalafacilmente
ficacheia, apertadíssimae des-
confortável (quemdisse aos
donos dos restaurantes que pe-
ças de mobiliário de jardim são
boas opções paraum espaço
interior, enganou-os).
Ter disponíveis sete tipos
diferentes de pregos e oito de
hambúrgueres também não
ajuda. A simpatia dos poucos
funcionários equilibra a equa-
ção mas não diminui os 50
minutos de espera pelos pedi-
dos – nem o facto de as entra-
das, que podiam entreter du-
rante esse tempo, não estarem
disponíveis.
Impedida de provar o prego
de atum para começar – entre-
tanto também tinha acabado
Restaurantes q Tentações r P.21
–, optei pelo “Está-se nas tin-
tas” (€6,90), com salmão,
maionese cítrica, tomate assa-
do e alface iceberg em bolo do
caco normal. Apesar de bem
servido, este prego não enche
as medidas: a maionese, bas-
tante adocicada, abafa os res-
tantes sabores e as chips de
batata doce que escolhi para
acompanhamento chegaram
frias à mesa, ainda que boas.
O “Chamava-lhe umfigo”
(€10,30) salvouahonradacasa,
que rebentavapelas costuras na
noite danossavisita. O óptimo
e suculento hambúrguerDOP,
comcompotade figo, queijo
brie e orégãos, parece-me uma
JORGE MIGUELGONÇALVES
escolhasegura, talcomo as ba-
tatas fritas comqueijo ralado e
maionese de alho.
Estavamais reconfortada
após um início atribulado e de-
cidipedirumasobremesa. De-
pois de esperarmais de 30 mi-
nutos pelo doce, acabeipor
cancelaro pedido, pormanifes-
tafaltade paciência.
Talvez volte paraexperimen-
taro prego de atum e acombi-
nação de línguadasograque
não chegueiaprovarmas, na
noite deste jantar, limitei-me a
atravessararuae deliciar-me
comos clássicos dagelatariada
frente. Comdireito asombri-
nhade papel e tudo. T
P.22 r Tentações q Restaurantes

Fazanosdecasado?
(Dizemos-lhe onde levar a sua cara metade a jantar. Parabéns e bom apetite)
ou seja, no início da refeição os chefs apresentam- à “chasseur”, molho apurado e emulsão de zim-
Para celebrar se em cada mesa, de forma a perceberem os gos-
tos de cada pessoa. Experimente o menu de de-
bro e cedro (€46) ou a dourada assada com
cépes e alho preto, molho de aves acidulado
o aniversário gustação em cinco momentos (€40/sem bebi-
das). q R. das Pedrinhas, 32, Famalicão q 252 911
(€42). q Estrada do Guincho, Cascais q 214 870

de casamento... 700 q Fecha dom. ao jantar e 2ª q Horário12h-

14h30 e 20h--22h30 q Estacionamento: não tem
491 q Não fecha q Tipo de cozinha: autor q Ho-
rário 12h30-15h e 19h30-22h30 q Estaciona-
mento: tem q Preço médio € 65 (menus a €50)
Grande Lisboa q Preço médio € 35
Grande Porto
... e para BARÃODEFLADGATE
A vista sobre o Douro e a música ao vivo ajudam
celebraras a criar um ambiente muito especial. Há sopa rica
de peixes aromatizada com poejo, croutons de
bodasde prata alho e ervas (€4,80) e costeletas de borrego, ba-
tata confitada em leque e pêra cozida lentamente
Grande Lisboa em vinho do Porto (€22), por exemplo. q R. do
AROLA Choupelo, 250, Vila Nova de Gaia q 223 742 800
Num complexo turístico de luxo como é o Penha q Não fecha q Tipo de cozinha: tradicional q Ho-
Longa, os espaços de restauração teriam de ser rário12h-15h e 19h30-23h30 (dom., 12h-16h)
muito exigentes. O Arola serve tapas e tem a assi- q Estacionamento: tem q Preço médio €40
natura do chefespanhol Sergi Arola. Experimente
o menu de degustação Sergi, com seis tapas
(€39/sem bebida) ou o menu descoberta Arola,
FABRICE DEMOULIN

com nove tapas (€54/sem bebidas). q Est. da La-

goa Azul, Penha Longa Hotel, Spa & GolfResort,
Linhó q 219 249 094 q Fecha 2ª e 3ª ao jantar
q Horário 7h30-17h30 e 19h30-23h q Estacio-
LARGO namento: tem q Preço médio €50
É um dos espaços mais glamourosos da cidade,
ou não tivesse sido desenhado porMiguel Câncio
Silva. Na cozinha está o chefMiguel Castro Silva,
que faz pratos como o bacalhau a 80 graus de
cura português com migas de hortelã da ribeira e
poejo (€21,50) e o bife do lombro com molho de
queijo de Azeitão (€23,50). q R. Serpa Pinto, 10 A,
Lisboa q 213477225 q Não fecha q Tipo de cozi-
nha: autor q Horário12h-15h e 19h30-24h q Esta-
cionamento: não tem q Preço médio €45
RUBROAVENIDA
É um restaurante de petiscos espanhóis e carnes
BOEIRA
A cozinha é tradicional, mas na carta há pratos
grelhadas e fica numa antiga sala histórica, mesmo
na Avenida da Liberdade (na lateral, na Rodrigues de autor. O restaurante fica num palacete classifi-
Sampaio). Só o edifício em si encanta. Depois, a re- cado como património municipal, cujas primeiras
feição pode começarcom uns ovos rotos (€6) ou os referências remontam a 1790. Prove o polvo com
ovos com espargos (€8) e seguirpara as carnes, molho de champanhe (€15) ou os lombinhos
com as plumas de porco preto (€12), ou para o pei- de porco preto com castanhas e maçã salteada
D.R.

xe, com o lombo de robalo com legumes do mer- ao aroma de canela (€14,50). q Qta. da Boeira.
cado (€12). q R. Rodrigues Sampaio, 35, Lisboa R. Conselheiro Veloso da Cruz, 608, V. N. de Gaia
FORTALEZADOGUINCHO q 223 757729 q Fecha dom. ao jantar q Horário
q 213 144656 q Fecha sáb. ao almoço e dom.
Nalguns locais da sala, quando se olha para o 12h-15h e 20h-23h q Estacionamento: tem
q Horário12h30-15h e 19h30-23h q Estaciona-
mar nada estraga a paisagem – nem a costa se q Preço médio €30
mento: não tem q Preço médio € 20
vê, é mesmo só mar. O charme está por todo o
Grande Porto lado e a comida tem influência francesa. Prove o www.sabado.pt GPS
EGOÍSTA veado assado com raízes de Outono, cogumelos Leia a crítica de mais restaurantes no site
Nesterestaurantehádoismenusdedegustação:
omenudedegustaçãonormal(€45/sembebida)
ondeoclienteescolheumaentrada,umpratode
peixe,umpratodecarne,umqueijoeumasobre-
mesaeomenusugestãodochef(€40combebida), Não é um espaço muito grande, Hábito Wine and Sushi
emqueochefsugereumaentrada,umqueijo,uma
sobremesaeumpratodepeixeoudecarne. q Casi-
nodaPóvoadoVarzim q 252690888 q Horário
6ªesáb.,20h30-23h q Estacionamento:tem q Pre-
5555 mas o conceito é abragente: funcio-
na como restaurante de sushi, um
bar de vinhos e gins e ainda uma
Bar q R. dos Jerónimos, 14 C,
Lisboa q 214 065 675 q Tipo
de cozinha: japonesa q Não
fecha q Horário 9h30-22h
çomédio€45(menudedegustaçãosembebida) Hábito garrafeira. Peça dois copos de vinho (6ª, sáb. e dom. até 23h)
FERRUGEM
Dalila e Renato Cunha são dois chefs que fazem
Wine and (€4/cada), duas miso shiro
(€2/cada) e um combinado especial
q Estacionamento: tem
q Preço médio €15
quatro menus de degustação no seu restaurante.
Cada menu é personalizado à medida do cliente,
sushi bar do chef(€42/40 peças).
 Tentações r P.23

Séries A dinastia do hip-hop

O que anda aí
na televisão e em DVD
(“Empire” estreia na FOX Life, esta quinta-feira,
e vale a pena ser visto 19 de Fevereiro, às 22h20)

v
Diogo Lopes:
Conhecemos muitas
histórias de artistas do
hip-hop que começaramasua
carreirarecorrendo ao crime. De
Jay-Z a50 cent, exemplos não
faltamparacomprovarque
grandes impérios podemter
começos menos legais.
É pegando nesse imaginário
que anovasérie daFOXLife,
“Empire”, contaahistóriado
magnataLucious Lyon, uman-
tigo rapperque, graças ao di-
nheiro que juntou “nas ruas”,
fundou asuacompanhiadisco-
gráfica– aEmpire.
Averdade é que tudo muda
paraele quando descobre que
tem umadoençaterminal. Lu-
cious Lyon (interpretado por
Terrence Howard) tem, então,
de escolher aqual dos três fi-
lhos (Andre, Jamal ou
Hakeem) vai passar o seu im-
pério discográfico. É apartir
desse momento que as confu-
sões começam: família, amigos
e conhecidos vão cercá-lo e lu-
tar pelo poder, guerreando-se
uns aos outros.
Parao ajudaracompreender
melhoras ligações entre todas
as personagens que compõem
o elenco de “Empire”, aTENTA-
ÇÕES fez umalistade todos os
envolvidos natrama. Agoraé só
vero primeiro episódio esta
quinta-feira, 19 de Fevereiro.
Empire q Com Terrence Ho-
ward, Taraji P. Henson e Ga-
bourney Sidibe q EUA q 1.a
temp. q Drama q FoxLife, 5.a,
19/2, 22h20

Anika Lucious Cookie

Calhoun noivos Lyon Lyon
Anoiva do magnata Ochefedafamíliae Aex-mulherdeLu-
musical, arqui-inimi- dacompanhiadisco- ciousemãedosseus
ga de Cookie e chefe gráficaEmpire.Vaiter trêsfilhos.Estevepre-
da secção de pros- deescolheroseusu- sadurante17anos
pecção musical da cessordepoisdesa- portráficodedroga.
Empire. Ela é respon- berquesólherestam Foielaqueajudoua
sável porter“desco- trêsanosdevida. juntardinheiroparaa
berto” os artistas criaçãodaempresae
mais influentes da quandoregressaexi-
editora. gepartedamesma.
(divorciados)

Andre Jamal Hakeem

Lyon Lyon Lyon
O filho mais velho. Aovelha negra da fa- Obcecado pela fama,
Educado nas melho- mília e o irmão do dinheiro e mulheres,
res escolas e o mais meio. É um talento- Hakeem é o filho
“certinho” dos três. so músico e cantor mais novo. Esta “pro-
Aparenta sero me- homossexual que messa do hip-hop” é
lhorcandidato para não se dá bem com o filho favorito de Lu-
substituiro pai mas o o pai poreste não cious, apesarda sua
facto de serbipolar respeitara sua orien- vida de excessos.
não o vai ajudar. tação sexual.

Rhonda Michael Tiana

Lyon Sanchez Brown
Amulherde Andre Namorado de Jamal Aartista bissexual
Lyon. Altamente ma- Lyon e razão para que namora com
nipuladora, não vai muitos conflitos Hakeem.
descansaraté vero entre ele e o pai,
seu marido como lí- Lucious.
derda empresa.
FOTOS D.R.
P.24 r Tentações

Cinema
EstánomeadoparaosÓscaresde“Melhor ArgumentoAdaptado”e“MelhorFigurino”efoidosfilmesmais
aguardadosde2014.O realizadorde“Magnolia”e“BoogieNights”estádevolta.Vamosconhecê-lomelhor

Ospioresvíciosdão
grandesfilmes?
(“Vício Intrínseco”, de Paul Thomas Anderson, estreia esta quinta-feira, 19)

Um realizadordegostosimples

v
Ângela Marques:
Paul Thomas Ander-
son gostade um bom
vício. Como realizador, olha
sempre paraos lugares mais
escuros e inconfessáveis das
pessoas. Por outras palavras,
tem sempre sexo, álcool e dro-
gas presentes no sangue. Aliás,
estáaí, apartir destaquinta-
feira, 19 de Fevereiro, “Vício
Intrínseco” parao provar.
Nascido em 1970, Thomas
Anderson faz parte da primei-
ra geração de realizadores
que cresceu com o vídeoclube
no fim da rua. O seu pai, de
resto, foi o primeiro no bairro
a ter um leitor de vídeo – o
mesmo pai que era também
apresentador de um progra-
ma de televisão de terror (o
que, diz-se, terá influenciado
a sua proposta artística – se
há coisa que Paul Thomas
Anderson não é, como reali-
zador, é medroso).
Paraabagagem que traz de
cadavez que parte paraum
novo filme terácontribuído
também o sítio onde cresceu –
o Valley, em Los Angeles, um
poço de vícios.
“Vício Intrínseco” é resulta-
do disso. É um clássico de es-
pionagem: aex-mulher do de-
tective Doc Sportello pede-lhe
ajudaparadescobrir o paradei-
ro do namorado bilionário. Há
chulos, prostitutas e toxicode-
pendentes. Hádinheiro, háví-
cios e háum filme estranhíssi-
mo. Um clássico Thomas An-
derson, portanto. T
 Tentações r P.25

Outros
Sexoeclasse
filmes Vício Intrínseco q EUA q Comédiaq 148m q M/16
q De Paul ThomasAnderson q Com Joaquin Phoenix
e Josh Brolin q Nota 83%

BoogieNights
Éoprimeirograndefilmedo
realizador.Éumolharpene-
trantesobreaindústriapornográ-
ficadosanos70–umolharsobo
efeitodeácool,drogasemuito
sexo,apenasdistraídopelaestéti-
camuitodiscodaépoca.

Magnolia
ThomasAndersonseguea
vidadenovepersonagens.Para
filmaresteargumentofoibuscar
velhosamigos–JulianneMoore,
WilliamH.Macy,PhilipSeymour
HoffmanouAlfredMolinajáti-
nhamfeito“BoogieNights”.

FOTOS D.R.
Joaquin Phoenix volta para os braços de Anderson

PunchDrunkLove
MaismarcanteparaAdam
Sandler(quesurgiuaquimais
adultodoqueohabitual)doque
paraThomasAnderson,nãofoi
adoradopelacríticanemsetrans-
formounumfilmedeculto.Foi,
contudo,brilhante.
OMentor
JoaquinPhoenixéumvete-
ranodaMarinhanorte-ameri-
canaqueregressaàCalifórniade-
poisdaIIGuerraMundial.Álcoole
sexoestãodebaixodoolhardo
realizador.
v
Tiago R. Santos:
Não épreciso fumar
umcharro paraapre-
ciar“Vício Intrínseco”, mas es-
toucerto queajuda. Ou, como
no caso destecrítico queaqui
escreve, vero filmeduas vezes. É
umobjecto único ebizarro, me-
lancólico ehilariante, comuma
narrativaassumidamentedis-
persamas umcontrolo admirá-
velno seutom.
O inigualávelJoaquinPhoe-
nixéDocSportello,umhippie
detectiveprivado numacidade
costalfictíciaemLos Angeles em
1970. Quando Shasta,umaex-
namorada,o visitacomahistó-
riado seuromancecomMickey
Wolfmann,ummagnatada
construção,edecomo asuamu-
lhereamanteplaneiaminterná-
lo numainstituição psiquiátrica,
Doceos seus pés sujos descobre
ummundo denazis,polícias
comapetênciaparaaviolação
dos direitos civis,motoqueiros,
músicos dejazzinformadores e,
rodeando todas as excêntricas
personagens eas absurdas si-
tuações,aameaçada“Golden
Fang”– quetanto podeseruma
associação dedentistas ouum
barco – como umnevoeiro cria-
do pelo fumo dos charros quese
fumametransformamo univer-
so emsombras.
Não tendo lido o romance de
Thomas Pynchonque é adapta-
do por“Vício Intrínseco”, é
bomredescobriro sentido de
humorabsurdo de PaulTho-
mas Anderson, umdos melho-
res realizadores dasuageração
que játinhasido responsável
pelamais estranhacomédiaro-
mânticado século XX(“Punch
DrunkLove”) mas que, apesar
dos méritos dos dois últimos
projectos (o brilhante “Haverá
Sangue” e o opressivo “The
Master”), pareciaterprescindi-
do dalevezapelo drama– ca-
racterísticas que não são mu-
tuamente exclusivas.
O resultado é quase um cru-
zamento entre “O Grande Le-
bowski” e “O Imenso Adeus”
(realizado porRobert Altman,
ídolo de Thomas Anderson),
com magníficas sequências e
um elenco – com destaque para
Josh Brolin– que vaideslizan-
do pelas alucinações de Doce
pelo mundo que se transforma.
Rodaaíantes que acabe. T
P.26 r Tentações q Cinema
Oslimitesdeumavocação
Mil vezes boa noite q Noruega q Dramaq 117m
q M/12 q De Erik Poppeq Com Juliette Binoche
e Nikolaj Coster-Waldauq Nota 72%
Rebecca (Juliette Binoche) é uma repórter fotográfica de guerra
v
Pedro Marta Santos:
Oarranqueémais do
queprometedor:
numasequênciaverista,cuida-
dosamenteencenada,aprotago-
nistaRebecca(JulietteBinoche,
denicabenegro),repórterfoto-
gráficadeguerra,acompanhaas
horas finais deumabombista
suicida,daaldeiaorigináriaaum
mercadoderuarepletoemCa-
bul,Afeganistão.
Ajornalistanão consegue
permanecerneutrafaceàmorte
iminentedos passeantes,anun-
ciaabomba,equaseperdeavida
Esganemo-nosunsaosoutros
RelatosSelvagensq Argentinaq Comédiadramática
q 122m q M/14 q De Damián Szifrón q Com RicardoDarín
e ÉricaRivasq Nota77%
v
Pedro Marta Santos:
Candidata oficial
pela Argentina ao
Óscar de Melhor Filme Estran-
geiro deste domingo, “Relatos
Selvagens” é uma longa-me-
tragem produzida pela “El De-
no desastre. Numhospitaldo
Dubai,conheceremos o marido,
Marcus (Nikolaj Coster-Waldau,
o JamieLannisterde“AGuerra
deTronos”) e,no regresso a
casa,jánaIrlanda,depararemos
como dramafamiliarquea
aguarda– Marcus eas filhas de
ambos,StepheLisa,não aguen-
tammais o perigo constanteda
profissão deRebecca. Algo terá
demudar. No entanto,Steph,
sensívelàs preocupações sociais
damãe,acabaporpersuadir
Marcus aqueelaeRebeccapas-
semuns dias numcampo dere-
Festa de casamento infernal
FOTOS D.R.
fugiados no Quénia,no que
constituirápesquisaparaumtra-
balho escolar.
Aí,aameaçaregressa,quando
umconfrontoentreclãs rivais se
transformaemmorticínio. Ome-
lodramaé,porvezes,desnecessa-
riamentesustentadonasimbolo-
gia–umacriançaafegãrecorda-
danomeiodarua,os balões
azuis evermelhos queesvoaçam,
Rebeccaafogando-seemposição
invertida–mas aenormeexpres-
sividadedeBinocheguiatudo
comoumfarolnanoite,eoepílo-
goéjustoeimpressivo. T
seo” dos irmãos Pedro e Au-
gustín Almodóvar.
Composta por seis episó-
dios cujo fio comum é um ne-
gríssimo humor. Aviolência e
o absurdo tornam-se instru-
mentos de observação da na-
tureza humana, num desfile
de personagens mesquinhas,
imprevisíveis, explosivas, com
várias vedetas latino-america-
nas (Ricardo Darín, Leonardo
Sbaraglia, Darío Grandinetti)
Cabeças
explosivas
Kingsman: Serviços Secretos
q Reino Unido q Comédia/
Acção q 129m q M/14 q
De Matthew Vaughn q Com
Taron Egerton e Colin Firth
q Nota67%
v
Tiago R. Santos:
Matthew Vaughn,
que começou por
produzir a boa versão de Guy
Ritchie antes de passar à rea-
lização com projectos como
“KickAss: O Novo Super-He-
rói” e “X-Men: O Início”, sabe
que não há nada como um
pouco de hiper-violência para
alegrar o dia.
Fica quase a sensação que
toda a construção deste
“Kingsman”, a adaptação de
uma novela gráfica de Mark
Millar e David Gibbons onde
um grupo de cavalheiros in-
gleses – incluindo “Eggsy”,
um adolescente das classes
baixas com um passado pro-
blemático – lutará para salvar
o mundo do terrível plano de
um magnata género Steve
Jobs (Samuel L. Jackson), é
apenas uma obrigação para
justificar os momentos das
cabeças que explodem.
Nada de errado com isso,
desde que se entenda esta sá-
tira a James Bond e aos filmes
de espiões como simples e
puro entretenimento e se co-
loque as bizarras opções polí-
ticas – e a sua preocupante vi-
são sobre as classes sociais –
de lado.T
como rosto e corpo.
Atragédia banal do ressen-
timento e da vingança é gerida
com panache e grande ener-
gia, embora os primeiros
“sketches” sejam melhores do
que os últimos.
Adenúncia classista é frágil
mas, da fúria na estrada a uma
festa de casamento infernal,
o conjunto torna-se uma inte-
ressante bofetada na face da
civilização. T

Em exibição
Annie
De Will Gluck q Com QuvenzhanéWallis
eJamieFoxx q EUA q 136m q Musical
q M/6 q Nota 29%
“Vida Difícil”é uma variação do que can-
tam as crianças que estão ao cuidado de
Hannigan (Cameron Diaz, nunca pior),
uma frustrada cantora que recebe um che-
que do Estado para cuidardas raparigas. É
também o que disse a mim próprio depois
de sairdo visionamento. Aversão de 1982,
realizada porJohn Huston, não era grande
coisa mas esta actualização consegue até
banalizara adorável Quvenzhané Wallis
(“Bestas do Sul Selvagem”). Ninguém,
desde realizadora actores, parece acreditar
no que está a fazer. TRS
Selma
De Ava DuVernay q Com David
OyelowoeTom Wilkinson q EUA
q 128m q Dramaq M/12 q Nota 85%
“Selma –AMarcha da Liberdade”revela
todo o trabalho de bastidores da luta pelos
direitos civis dos afro-americanos em 1965.
É esse o grande mérito de Ava DuVernay:
perceberque os sonhos só ganham signifi-
cado em oposição com a realidade, tal
como Martin LutherKing, a lenda e o herói,
só existe se as suas fragilidades humanas
(as inseguranças, o cansaço da luta justa e
os pecados) não forem esquecidas. TRS
A Teoriade Tudo
De JamesMarsh q Com Eddie
RedmayneeFelicityJones q EUA
q 123m q Biografia q Nota 57%
Nesta biografia delicodoce do cosmólogo
britânico sob o olharda primeira mulher
sente-se o sofrimento de Hawking com a
esclerose lateral amiotrófica que o paralisa
e a amplitude do sacrifício de Jane enquan-
to cuida do marido, mas a grandeza da
gesta intelectual do cientista nunca trans-
parece na narrativa. PMS
Whiplash –NosLimites
De Damien Chazelle q Com MillesTeller
eJ.K. Simmons q EUA q 107m q Drama
q Nota 88%
Andrew, um jovem baterista de jazz, entra
numa escola onde se confronta com
Fletcher, um irascível professor. É um ex-
traordinário trabalho de actores, com Mil-
les Tellera confirmartodo o seu potencial
e J.K. Simmons porfim com um papel à
sua altura. Chazelle transforma a relação
entre professore aluno numa batalha
sádica. TRS
Miúdos
Aindaem cartaz
Spongebob: EsponjaFora
de Água
De Paul Tibbitt q Com asvozesdePedro
CardosoeMárioBomba q EUA
q 92min q Animação q Nota 65%
Quemconheceodesenhoanimado,já
sabequepodeesperarumagrandedose
dehumor,sarcasmoeumpoucodenon-
sense–éistoquesevênofilmetambém.
Mantendo-sefielaooriginal,estefilmeé
leve,massatisfaz.Nãoficapelarama,
comooutrosfilmesdeanimaçãoficam,
apresentandoumargumentobemtraba-
lhadoeinteligente.DL
sssOsmaisvistosdasemana
q SniperAmericano
q ATeoria de Tudo
q O Excêntrico Mortdecai
q O Jogo da Imitação
q Taken 3
Cartaz de cinema Lisboa
@Cinema
Av.FontesPereiradeMelo-EdifícioSaldanhaResidence-
Tel.210995752
q AsCinquenta SombrasdeGrey 15h30,18h15,
21h30
Cinema City Alvalade
Av.deRoma,nº100-Tel.218413040
q OJogoda Imitação Seg19h40,21h40 q Selma -
AMarcha da Liberdade 13h40,16h15,18h50,Sex,
Sáb 00h05 q OMeu NomeéAlice Seg13h25,
15h20,17h45,19h45,21h50 q AsCinquenta Som-
brasdeGrey 13h10,15h50,18h40,21h30,Sex,Sáb
00h10 q Grand BudapestHotel 13h20 q ATeoria
deTudo 15h25,17h20,21h45,Sex,Sáb 00h20
q OsPinguinsdeMadagáscar Sáb,Dom11h10
(V.Port.) q Big Hero6-OsNovosHeróis Sáb,Dom
11h20(V.Port.) q Abelha Maia -OFilme Sáb,Dom
11h25(V.Port.)
Cinema Ideal
RuadoLoreto,15/17-Tel.210998295
q OGrandeDitador Sáb,Dom10h45(V.Port.)
q Ida 23h q OEspíritode45 17h45,21h15
q ANoiteCairá 13h q OHomem Decente 16h10
q OMeu NomeéAlice 14h20,19h30
CinemaCity Campo Pequeno
CentrodeLazerdoCampoPequeno-Tel.217981420
q Annie Seg13h50,16h10,18h45,21h35,24h
q AsCinquenta SombrasdeGrey 13h10,15h50,
16h15,18h40,19h30,21h30,22h10,00h10
q SpongeBob: Esponja Fora deÁgua Seg11h35,
13h35,15h30,17h25,20h10(V.Port.) q Birdman
ou (AInesperada Virtudeda Ignorância) 19h20
q Whiplash -NosLimites 13h15,21h55 q AAscen-
sãodeJupiter 13h40(3D),15h20,21h40,00h20
(2D) q OJogoda Imitação Seg19h50,22h q Sel-
ma -AMarcha da Liberdade 13h,17h45,00h05
q OExcêntricoMortdecai 19h45,00h25 q Sniper
Americano 21h45,00h25 q OMeu NomeéAlice
Seg11h20,13h20,15h25,17h45,19h45,00h20
q ATeoria deTudo 15h20,17h25,21h50 q OsPin-
guinsdeMadagáscar Sáb,Dom11h15,17h40
(V.Port.) q Big Hero6-OsNovosHeróis Sáb,Dom
11h20(V.Port.) q Abelha Maia -OFilme Sáb,Dom
11h40,13h40,15h40(V.Port.)
Cinemas Nos Alvaláxia
EstádioJoséAlvalade,CampoGrande-Tel.
q OJogoda Imitação Seg15h50,18h25,21h10
q AsCinquenta SombrasdeGrey Seg15h40,
18h35,21h30 q SpongeBob: Esponja Fora de
Água Seg15h30,17h45,20h50(V.Port.) q Wild
Card -JogoDuro Seg17h,19h20,21h50 q Annie
Seg16h10,19h,21h35 q AsCinquenta Sombras
deGrey Seg16h40,21h q Birdman ou (AInespera-
da Virtudeda Ignorância) 18h55 q SniperAmerica-
no Seg16h50,21h20 q AAscensãodeJupiter Seg
16h,18h50,21h40 q Um AnoMuitoViolento
18h40 q Taken 3 Seg16h05,21h25 q OExcêntrico
Mortdecai Seg16h30,21h45 q ASaga Viking Seg
Filme
16h20,18h45,21h55 q OsPinguinsdeMadagás-
car Seg16h20,18h30(V.Port.) q Selma -AMarcha
da Liberdade 21h,Sex,Sáb 23h45
Cinemas Nos Amoreiras
Av.Eng.DuartePacheco-Tel.
q Birdman ou (AInesperada Virtudeda Ignorân-
cia) 13h40 q Foxcatcher 12h50 q OMeu Nome
éAlice 16h20,19h10,21h50,00h05 q ATeoria
deTudo 15h30,18h20,21h10,23h50 q AsCin-
quenta SombrasdeGrey 13h,15h50,18h40,
21h30,00h20 q Grand BudapestHotel 19h
q SniperAmericano 17h30,21h,23h55 q Um
AnoMuitoViolento 14h20 q Attila Marcel 13h20,
16h10,21h20,00h10 q Boyhood: Momentosde
Uma Vida 18h10 q Big Hero6-OsNovosHeróis
Dom11h(V.Port.) q OJogoda Imitação 13h10,
15h40,21h40,00h20 q Whiplash -NosLimites
17h50 q Selma -AMarcha da Liberdade 14h,
20h45,23h30
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada-Tel.
q SpongeBob: Esponja Fora de Água 13h15,
15h25, 20h50, 23h30 (V.Port./2D), 18h
Devido
à antecipação
de fecho desta edição,
a lista de cinema que
publicamos é da semana
passada. Esta 5.a, estreiam
novos filmes. Consulte
a nova lista no site
www.sabado.pt
(V.Port./3D), Dom 11h, 10h50 q ASaga Viking
Seg 13h10, 15h55, 00h10 q Boyhood: Momentos
de Uma Vida 13h25 q O Jogo da Imitação 18h15
q AsCinquenta Sombrasde Grey 16h30, 19h25,
22h20 q SniperAmericano 12h40, 15h35, 21h30,
00h35 q AAscensão de Jupiter 17h, 21h, 23h55
q Annie Seg 12h55, 15h40, 18h25, 21h10, 00h20
q AsCinquenta Sombrasde Grey 12h50, 15h45,
18h40, 21h35, 00h30 q O Meu Nome é Alice
18h20 q ATeoria de Tudo 12h45, 15h30, 21h20,
00h15 q Selma -AMarcha da Liberdade 18h30
q AAscensão de Jupiter Seg Sala IMAX-13h,
15h50, 18h35, 00h20
Cinemas Nos Vasco da Gama
ParquedasNações-Tel.
q SniperAmericano 21h20,00h10 q ATeoria
deTudo 12h50,15h50,21h40,00h30 q Um Ano
MuitoViolento 18h40 q SpongeBob: Esponja Fora
deÁgua Seg13h10,15h20,17h20,19h20(V.Port.)
q Cometa 13h30,16h,18h10,21h,23h50 q AAs-
censãodeJupiter 12h40,15h30,21h10,24h(2D),
18h20(3D) q Annie 13h20,16h10,18h50,
21h50,00h40 q AsCinquenta SombrasdeGrey
13h,15h40,18h30,21h30,00h20
Cinema q Tentações r P.27
Salas Espectadores
66 42.935
36 35.827
70 32.474
53 21.160
66 17.816
Cinemateca Portuguesa
R.BarataSalgueiro,39 -Tel.213596200
q Diáriodeum PárocodeAldeia Sáb21h30
q Chamada para a Morte Qui15h30 q Para Além
dasNuvens Sex18h q LesDamesdu BoisdeBou-
logne Sex21h30 q LesAffairesPubliques Sex
15h30 q OsDominadores Sáb15h30 q Profissão:
Repórter Qui18h q NósControlamosa Noite Sáb
15h30 q Diálogoscom JoãoBénard Da Costa Sex
19h q LesAngesdu Péché Qui19h q AEstrela En-
volta em Nuvens Qui21h30 q Performance Sex
24h q OCarteirista Ter19h q Diáriodeum Pároco
deAldeia Seg15h30 q APaixãodeJoana d’Arc
Qua19h q ACulpa Foi doMacaco Qua15h30
q ORei da Comédia Ter21h30 q Jerry,Tu ÉsLou-
co! Ter15h30 q LeTrou Seg21h30 q Peregrinação
Exemplar Qua21h30 q WeCan’tGoHomeAgain
Ter18h q Fugiu um Condenadoà Morte Seg19h
q CurtasdeAntónioCampos Seg18h
Medeia Fonte Nova
Est.Benfica,503-Tel.217145088
q SonodeInverno 14h15 q AAscensãodeJupiter
19h15,21h45 q Grand BudapestHotel 16h30
q ATeoria deTudo 14h,19h,21h30 q AsCinquen-
ta SombrasdeGrey 14h30,17h,19h30,22h
Medeia Monumental
Av.PraiadaVitória,72-Tel.213142223
q OMeu NomeéAlice 14h40,17h,19h,21h30,
Sex,Sáb 24h q AAscensãodeJupiter 12h10
q ATeoria deTudo 12h20,14h45,17h10,22h,
Sex,Sáb 00h20 q Um AnoMuitoViolento 19h35
q SonodeInverno 14h10,17h45 q SniperAmerica-
no 21h30,Sex,Sáb 00h20 q AsCinquenta Som-
brasdeGrey 12h,14h20,16h45,19h15,21h45,
Sex,Sáb 00h10
Nimas
Av.5Outubro,42B-Tel.213574362
q OPequenoQuinquin 14h,17h30,21h
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av.Ant.Aug.Aguiar,31-Tel.707232221
q Cometa 11h30,14h15,16h45,19h15,22h,00h15
q Invencível 18h50 q OExcêntricoMortdecai Seg
11h30,14h10,16h30,21h45,00h10 q AAscensão
deJupiter 14h,16h35,21h50(2D),19h15,00h30
(3D) q Abelha Maia -OFilme 11h30(V.Port.)
q SniperAmericano 14h20,18h,21h20,00h20
q Annie 11h30,14h05,16h40,19h20,21h55,
00h25 q OJogoda Imitação 22h,00h30 q Spon-
geBob: Esponja Fora deÁgua 11h30,15h50,20h
(V.Port./2D),13h45,18h(V.Port./3D) q Grand Bu-
dapestHotel 14h15 q Um AnoMuitoViolento
16h30,00h30 q Selma -AMarcha da Liberdade
11h30,19h10,21h50 q Big Hero6-OsNovosHe-
róis 11h30,14h20(V.Port.) q Whiplash -NosLimi-
tes Seg16h40,19h,00h05 q AsCinquenta Som-
brasdeGrey 14h,16h35,19h10,21h45,00h30
q AsCinquenta SombrasdeGrey 11h30,21h30
q Boyhood: MomentosdeUma Vida 21h30
q Birdman ou (AInesperada Virtudeda Ignorân-
s
P.28 r Tentações q Cinema
s
cia) 14h,16h30,19h,21h35,00h15 q OJogoda
Imitação 11h30,14h05,16h40,19h05 q ATeoria
deTudo 14h,16h35,19h10,21h50,00h25 q Grand
BudapestHotel 19h15 q OMeu NomeéAlice
11h30,14h15,16h50,19h20,21h40,24h q Selma -
AMarcha da Liberdade 14h,16h35,00h15
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R.Dr.ManuelArriaga,CentroComercialCarcavelos
(JuntoàEstaçãodeCP)-Tel.214565653
q OMeu NomeéAlice 15h30,21h30,Sáb,
Dom 18h15 q ATeoria deTudo 15h30,21h30,
Sáb,Dom 18h15
Castello Lopes - Fórum Sintra
Loja2.21-AltodoForte-Tel.760789789
q AAscensãodeJupiter 12h50,18h20(3D),
15h30,21h25(2D),Sex,Sáb 18h20,24h q Spon-
geBob: Esponja Fora deÁgua 13h10,19h
(V.Port./3D),15h10,17h10,21h10(V.Port./2D)
q OExcêntricoMortdecai Seg19h10 q Wild Card -
JogoDuro 13h,15h20,17h15,Dom 13h q AsCin-
quenta SombrasdeGrey Seg13h,15h40,18h30,
21h30,21h50 q ATeoria deTudo 12h55,16h,
18h50,21h45,Sex,Sáb 00h15 q SniperAmerica-
no 15h20,21h15,Sex,Sáb 23h55 q Um AnoMuito
Violento 12h45,18h10 q Annie 13h20,15h50,
18h40,21h40,Sex,Sáb 00h05
Cinema City Beloura
BelouraShopping,R.MatosCruzadas,EN9,
QuintadaBelouraII,Linhó-Tel.219247643
q Annie Seg11h15,13h10,15h25,17h50,21h50
q SpongeBob: Esponja Fora deÁgua Seg11h35,
13h35,15h30,17h25,20h05(V.Port.) q ATeoria
deTudo Seg13h35,15h55,18h50,21h35 q AsCin-
quenta SombrasdeGrey Seg13h10,15h50,18h40,
19h20,21h30,22h q OJogoda Imitação 17h35,
19h45,21h55,Sex,Sáb 00h10 q OMeu Nomeé
Alice Seg17h40,19h40 q OExcêntricoMortdecai
Seg17h35,19h40 q SniperAmericano 18h35,
21h20,Sex,Sáb 24h q AAscensãodeJupiter Seg
13h20,16h,21h45,00h25(2D) q Selma -AMar-
cha da Liberdade Seg12h45,21h40
CinemaCity
Alegro Alfragide
C.C.AlegroAlfragide-Tel.214221030
q As Cinquenta Sombras de Grey 13h10, 15h50,
16h10, 18h40, 19h20, 21h30, 22h10, 00h10
q SpongeBob: Esponja Fora de Água 13h30,
15h30, 17h25, 20h (V.Port.), Sáb, Dom 11h35
q ÀNoite no Museu: O Segredo do Faraó 13h20,
Sáb, Dom 11h25, 17h45 q Selma - AMarcha
da Liberdade 13h15, 18h45, 00h05, Sáb, Dom
15h25 q O Jogo da Imitação 19h40, 21h50
q Annie 13h35, 15h20, 17h35, 21h50, 23h50,
Sáb, Dom 11h10 q Cometa 13h30, 15h55, 17h50,
22h, 00h20 q SniperAmericano 21h35, 00h15
q O Meu Nome é Alice 13h20, 15h25, 17h40,
19h50, 21h45, 23h55, Sáb, Dom 11h20 q AAs-
censão de Jupiter 13h45, 16h, 21h45, 00h25
(2D), 18h50 (3D) q ATeoria de Tudo 13h05,
15h20, 17h25, 21h40, 00h15 q Grand Budapest
Hotel 19h45 q Birdman ou (AInesperada Virtude
da Ignorância) 13h25 q Taken 3 19h40 q O Ex-
cêntrico Mortdecai 19h50, 21h55, 24h, Sáb,
Dom 15h40, 17h45 q Os Pinguins de Madagás-
car Sáb, Dom 11h25, 15h40 (V.Port.) q Big Hero 6
- Os Novos Heróis Sáb, Dom 11h20, 17h20
(V.Port.) q Abelha Maia - O Filme Sáb, Dom
11h30, 15h25 (V.Port.)
Cinemas Nos
CascaiShopping
CascaiShopping-EN9,Alcabideche-Tel.
q AsCinquenta Sombrasde Grey 12h30, 15h30,
18h30, 21h30, 20h50, 23h40, 00h20 q Sponge-
Bob: Esponja Fora de Água 13h20, 15h40, 17h50
(V.Port.), Dom 11h q Boyhood: Momentosde
Uma Vida 18h05 q SniperAmericano 12h25,
15h15, 21h35, 00h25 q AAscensão de Jupiter
12h40, 15h25, 21h, 23h50 q Um Ano Muito Vio-
lento 18h15 q O Jogo da Imitação 18h q Foxca-
tcher 12h50 q O Meu Nome é Alice 13h10, 15h50,
21h10, 23h30 q ATeoria de Tudo 15h55, 18h40,
21h20, 24h q Annie 13h25, 16h, 18h55, 21h40,
00h15
Cinemas Nos
Dolce Vita Miraflores
C.C.DolceVita-Av.dasTúlipas-Tel.707246362
q SniperAmericano 15h,18h,21h,Sex,Sáb 24h
q AAscensãodeJupiter 15h10,18h10,21h10,
Sex,Sáb 00h10 q AsCinquenta SombrasdeGrey
15h30,18h30,21h30,Sex,Sáb 00h30 q Sponge-
Bob: Esponja Fora deÁgua Seg14h50,17h10,
19h20,21h40
Cinemas Nos
Odivelas Parque
C.C.Odivelasparque-Tel.
q SniperAmericano 15h10,18h,21h,Sex,Sáb
23h50 q Abelha Maia -OFilme Dom11h(V.Port.)
q OExcêntricoMortdecai 21h35,Sex,Sáb 24h
q AAscensãodeJupiter Seg15h50,21h10(2D),
18h40(3D) q Annie Seg13h,15h30,18h20,21h30
q AsCinquenta SombrasdeGrey Seg12h50,
15h40,18h30,21h20 q SpongeBob: Esponja Fora
deÁgua Seg13h30,16h,18h10(V.Port.)
Cinemas Nos Oeiras Parque
C.C.Oeirashopping-Tel.
q OJogoda Imitação 18h30 q OMeu Nome
éAlice 13h05,15h50,21h15,23h50 q SniperAme-
ricano 21h,24h q AsCinquenta SombrasdeGrey
12h45,15h40,18h40,21h40,00h30 q Sponge-
Bob: Esponja Fora deÁgua 13h,15h15,18h10
(V.Port.),Dom 10h45 q Cometa 13h10,16h,
18h50,21h10,23h55 q Foxcatcher 12h30 q ATeo-
ria deTudo 12h50,15h30,21h45,00h25 q AsCin-
quenta SombrasdeGrey 15h20,18h20,21h20,
00h15 q Boyhood: MomentosdeUma Vida 18h15
q Selma -AMarcha da Liberdade 18h35 q AAs-
censãodeJupiter 12h55,15h45,21h30,00h20
Cineplace - Loures Shopping
QuintadoInfantado,LojaA003-
CentroComercialLouresShopping-Tel.
q OExcêntricoMortdecai 19h40,Sex,Sáb,Seg
24h q AsCinquenta SombrasdeGrey Seg14h50,
16h30,18h,19h10,21h10,21h50,00h20 q ASaga
Viking Seg15h,17h10,19h20,21h40,23h50 q Big
Hero6-OsNovosHeróis Sáb,Dom15h(V.Port.) q
OJogoda Imitação Seg23h30 q SniperAmerica-
no 17h,Sex,Sáb,Seg 24h q Wild Card -JogoDuro
22h30 q Um AnoMuitoViolento Seg24h q Annie
Seg15h10,17h35,20h q SpongeBob: Esponja Fora
deÁgua Seg15h30,19h30(V.Port./3D),17h30,
21h30(V.Port./2D) q AAscensãodeJupiter Seg
18h50,00h05(3D),16h10,21h30(2D)
UCI Dolce Vita Tejo
C.C.daAmadora,EstradaNacional249/1,Venteira-
Tel.707232221
q OsPinguinsdeMadagáscar 14h,16h10(V.Port.),
Dom 11h30 q Taken 3 18h50,21h30,Sex,Sáb
24h q AsCinquenta SombrasdeGrey 14h,16h40,
19h15,21h55,Sex,Sáb 00h30 q SpongeBob: Es-
ponja Fora deÁgua 14h10,16h20(V.Port./2D),
18h15,21h15(V.Port./3D),Dom 11h30,11h30
q Abelha Maia -OFilme 14h05,16h45(V.Port.),
Dom 11h30 q OJogoda Imitação 21h50,Sex,
Sáb 00h15 q Um AnoMuitoViolento 18h45 q
Blackhat: Ameaça na Rede Qui23h50 q Selma -
AMarcha da Liberdade 13h40,16h25,19h05,
21h45,Sex,Sáb 00h25 q Big Hero6-OsNovos
Heróis 13h45,16h05(V.Port.),Dom 11h30 q OEx-
cêntricoMortdecai 13h50,16h30,18h55,21h30,
Sex,Sáb 00h20 q ATeoria deTudo 13h35,16h15,
18h55,21h30,Sex,Sáb 00h10 q Wild Card -Jogo
Duro 18h50,21h40,Sex,Sáb 00h10 q Annie Seg
13h55,16h35,19h05,21h35 q SniperAmericano
14h30,17h45,21h25,Sex,Sáb 00h05 q AAscen-
sãodeJupiter 13h30,16h15,21h45(2D),19h(3D),
Sex,Sáb 19h,00h25
Porto
Cinemas Nos Dolce
Vita Porto
R.dosCampeõesEuropeus,28-198-Tel.
q AsCinquenta SombrasdeGrey 13h30,16h40,
21h10,00h20 q Selma -AMarcha da Liberdade
22h40 q SpongeBob: Esponja Fora deÁgua Seg
13h10,15h35,18h05,20h30 q Boyhood: Momen-
tosdeUma Vida 18h10 q OMeu NomeéAlice
13h20,15h45,21h40,00h10 q Grand Budapest
Hotel 18h50 q ATeoria deTudo 13h,16h,21h20,
00h30 q SniperAmericano Seg14h50,21h,24h
q OJogoda Imitação 18h q Annie 12h55,15h40,
18h40,21h30,00h25 q Foxcatcher 14h10 q Whi-
plash -NosLimites 20h20 q AAscensãodeJupiter
17h10,23h30
Medeia Teatro
Municipal Campo Alegre
R.dasEstrelas-Tel.226063000
q OPequenoQuinquin 17h45,21h15,Sáb,
Dom 14h15
Grande Porto
Cinemas Nos GaiaShopping
Av.Descobrimentos,549-Tel.
q Wild Card -JogoDuro Seg15h15,17h35,19h45,
22h,00h10 q Taken 3 Seg15h50,18h25,21h05,
00h05 q AsCinquenta SombrasdeGrey Seg
15h40,16h,18h40,19h,21h30,21h50,00h40,
00h25 q AAscensãodeJupiter Seg16h05,18h55,
21h45,00h35 q OExcêntricoMortdecai Seg
15h30,18h35,21h10,00h20 q Annie Seg15h45,
18h20,21h20,00h15 q SniperAmericano Seg
15h35,18h30,21h40,00h30 q SpongeBob: Es-
ponja Fora deÁgua Seg15h05,17h20,19h35,
21h55,24h(V.Port.)
Cinemas Nos MaiaShopping
MaiaShopping,LugardeArdegaes-Tel.
q AsCinquenta SombrasdeGrey Seg15h30,
18h20,21h20 q AAscensãodeJupiter Seg14h,
16h40,21h q Taken 3 21h40,Sex,Sáb 00h25
q SpongeBob: Esponja Fora deÁgua Seg13h10,
15h50,18h40 q SniperAmericano Seg13h40,
16h50,21h10 q OExcêntricoMortdecai Seg13h20,
16h,18h30,21h30
Cinemas Nos Mar Shopping
IKEAMatosinhos,Av.ÓscarLopes-Tel.
q AsCinquenta SombrasdeGrey 12h40,
15h30,18h30,21h20,21h30,00h20,00h30
q SpongeBob: Esponja Fora deÁgua 12h30,
14h50,16h50,19h(V.Port.),Sáb,Dom 10h50
q SniperAmericano 12h50,15h40,18h40,21h40,
00h40 q AAscensãodeJupiter 13h10,16h,18h50,
21h50,00h35 q OExcêntricoMortdecai 13h20,
16h10,19h10,22h,00h25 q Wild Card -Jogo
Duro 14h30,17h,22h10,00h15 q Selma -AMar-
cha da Liberdade 19h20 q Annie 13h,15h40,
18h20,21h,23h50
Cinemas Nos NorteShopping
NorteShopping,R.SaraAfonso-Tel.
q Cometa 13h40, 16h10, 18h25, 21h35, 24h
q Foxcatcher 12h40 q As Cinquenta Sombras de
Grey 13h30, 15h10, 17h, 17h50, 20h40, 21h,
23h30, 00h10 q Boyhood: Momentos de Uma
Vida 18h15 q ATeoria de Tudo 12h50, 15h30,
21h40, 00h25 q SniperAmericano 21h50,
00h30 q SpongeBob: Esponja Fora de Água
Seg 11h, 13h20, 15h40 (V.Port./2D), 18h10
(V.Port./3D) q Annie 13h10, 15h45, 18h30,
21h30, 00h15 q O Jogo da Imitação 18h20
q O Meu Nome é Alice 16h, 21h10, 23h40
q Um Ano Muito Violento 13h05 q Selma -
AMarcha da Liberdade 18h40 q AAscensão
de Jupiter 13h, 15h50, 21h20, 00h20
Cinemas Nos
Parque Nascente
PracetaParqueNascente,nº35-Tel.
q SpongeBob: Esponja Fora de Água 13h50, 16h,
18h50, 21h10, 23h30, Dom 11h10 q AAscensão
de Jupiter 14h30, 17h30, 21h20, 00h10 q AsCin-
quenta Sombrasde Grey Seg 12h50, 15h30,
16h20, 18h30, 19h10, 21h30, 22h, 00h30 q Fox-
catcher 13h30 q ATeoria de Tudo 13h, 15h40,
18h35, 21h40, 00h20 q Annie 13h10, 15h50,
18h20, 21h, 23h40 q Birdman ou (AInesperada
Virtude da Ignorância) 18h40 q O Excêntrico
Mortdecai 13h20, 16h05, 21h25, 24h q OsPin-
guinsde Madagáscar 14h (V.Port.), Dom 10h50
q Taken 3 16h10, 19h20, 21h50, 00h35 q Big He-
ro 6 -OsNovosHeróis 14h20 (V.Port.), Dom 11h
q O Jogo da Imitação 17h, 20h50, 23h50 q ASa-
ga Viking 14h10, 16h40, 19h30, 21h45, 00h40
q Boyhood: Momentosde Uma Vida 18h q Sni-
perAmericano 15h, 21h15, 00h15 q Wild Card -
Jogo Duro 13h40, 16h15, 22h10, 00h45 q Selma -
AMarcha da Liberdade 19h
UCI Arrábida
ArrábidaShopping-Tel.707232221
q SpongeBob: Esponja Fora de Água 13h50,
16h15 (V.Port./2D), 18h35 (V.Port./3D) q AsCin-
quenta Sombrasde Grey 13h50, 14h05, 16h30,
16h45, 19h10, 19h25, 21h30, 21h55, 22h05,
00h40, 00h50 q Interstellar 00h15 q Sniper
Americano 15h15, 18h20, 21h20, 00h20 q Come-
ta 14h20, 16h40, 19h, 21h40, 00h10 q OsPin-
guinsde Madagáscar 14h15 (V.Port.) q ASaga
Viking 14h, 16h20, 18h40, 21h25, 00h05 q Grand
BudapestHotel Seg 16h35, 19h05, 00h15 q
Birdman ou (AInesperada Virtude da Ignorância)
15h25, 18h25, 21h25, 00h25 q Invencível 18h35
q Whiplash -NosLimites Seg 13h50, 16h15,
00h30 q Blackhat: Ameaça na Rede 13h40,
16h20, 19h05, 21h50, 00h35 q O Jogo da Imita-
ção 13h45, 16h15, 18h45, 21h25, 00h10 q O Ex-
cêntrico Mortdecai 14h10, 16h35, 19h, 21h35,
00h25 q Annie 13h40, 16h15, 18h50, 21h30,
00h20 q AAscensão de Jupiter 13h45, 19h05
(3D), 16h25, 21h45, 00h30 (2D) q O Meu Nome
é Alice 14h, 16h20, 18h50, 21h20, 00h15 q Big
Hero 6 -OsNovosHeróis 13h45, 16h15 (V.Port.)
q Um Ano Muito Violento 18h45, 00h05 q Spon-
geBob: Esponja Fora de Água 21h25 (3D) q Abe-
lha Maia -O Filme 13h50, 16h25 (V.Port.) q Taken
3 Seg 18h45, 21h30, 00h25 q Boyhood: Momen-
tosde Uma Vida 15h50, 21h15 q ATeoria de Tudo
13h40, 16h15, 18h55, 21h35, 00h15 q Wild Card -
Jogo Duro 13h40, 19h10, 00h40 q Selma -
AMarcha da Liberdade 13h40, 16h20, 19h05,
21h50, 00h35
Aveiro
Cinemas Nos Fórum Aveiro
R.HomemCristo-Tel.
q SniperAmericano 14h30, 17h40, 21h10, Sex,
Sáb 00h20 q Foxcatcher 18h30 q Whiplash -
Nos Limites 13h, 15h45, 21h40, Sex, Sáb 00h25
q Boyhood: Momentos de Uma Vida 18h10
q O Jogo da Imitação 14h20, 21h50, Sex, Sáb
00h40 q ATeoria de Tudo 14h, 17h0, 21h20,
Sex, Sáb 00h15 q Os Pinguins de Madagáscar
14h15, 16h40, 19h05 (V.Port.), Dom 11h q Selma
- AMarcha da Liberdade 21h30, Sex, Sáb 00h30
q Birdman ou (AInesperada Virtude da Ignorân-
cia) 19h q O Meu Nome é Alice 13h50, 16h25,
22h, Sex, Sáb 00h35 q As Cinquenta Sombras
de Grey 14h10, 17h20, 21h, Sex, Sáb 00h10
Cinemas Nos Glicínias
C.C.Glicínias-Aradas -Tel.
q OExcêntricoMortdecai 13h50,16h30,19h10,
21h50,Sex,Sáb 00h35 q Taken 3 14h40,21h30,
Sex,Sáb 00h15 q Um AnoMuitoViolento 18h30
q Annie 14h20,17h30,21h10,Sex,Sáb 00h05
q AAscensãodeJupiter 14h10(2D),18h(3D),21h
(2D),Sex,Sáb 21h,24h q Wild Card -JogoDuro
14h45,17h10,19h35,22h,Sex,Sáb 22h,00h25
q AsCinquenta SombrasdeGrey 14h30,17h40,
21h20,Sex,Sáb 00h30 q SpongeBob: Esponja
Fora deÁgua Seg14h,16h20,18h40,21h40
(V.Port.)
Braga
Cinemas Nos Braga Parque
R.dosCongregados,S.Victor-Tel.
q OMeu NomeéAlice 12h50,15h20,20h50,
23h20 q Um AnoMuitoViolento 17h50 q OJogo
da Imitação 18h30 q AAscensãodeJupiter 12h40,
15h30,21h20,00h20 q AsCinquenta Sombras
deGrey 14h,16h30,17h,21h,21h30,24h,00h30
q SniperAmericano 14h30,20h40,23h50 q Sel-
ma -AMarcha da Liberdade 17h40 q Foxcatcher
13h20 q Cometa 13h10,15h40,18h40,21h40,
00h05 q Boyhood: MomentosdeUma Vida 13h
q ATeoria deTudo 16h40,21h10,00h10 q Wild
Card -JogoDuro 21h50,00h15 q Annie 13h50,
16h50,20h30,23h30 q SpongeBob: Esponja
Fora deÁgua 13h30,15h50(V.Port./2D),18h20
(V.Port./3D),Dom 11h11h10
Coimbra
Cinemas Nos
Dolce Vita Coimbra
C.C.DolceVita,R.GeneralHumbertoDelgado,207-Tel.
q AsCinquenta Sombrasde Grey 14h, 17h, 21h10,
00h10 q O Meu Nome é Alice 14h10, 16h30, 19h,
21h20, 23h40 q SpongeBob: Esponja Fora de
Água 13h50, 16h10, 18h30, 20h50, 23h (V.Port.),
Dom 11h20 q SniperAmericano 14h30, 17h30,
21h30, 00h30 q Big Hero 6 -OsNovosHeróis
13h45, 16h25 (V.Port.), Dom 11h q Birdman ou
(AInesperada Virtude da Ignorância) 19h20,
22h10 q ATeoria de Tudo 14h20, 17h10, 21h,
23h50 q Boyhood: Momentosde Uma Vida 18h
q Whiplash -NosLimites 14h50, 21h50, 00h20
q Grand BudapestHotel 19h10 q Selma -AMar-
cha da Liberdade 13h30, 16h20, 21h35, 00h25
q O Excêntrico Mortdecai 13h40, 16h15, 21h40,
00h15 q Um Ano Muito Violento 18h50 q O Jogo
da Imitação 14h40, 20h40, 24h q Foxcatcher
17h40
Cinemas Nos
Fórum Coimbra
FórumCoimbra-Tel.
q OsPinguinsdeMadagáscar 13h40,16h,18h30
(V.Port.) q Taken 3 22h10 q Wild Card -JogoDuro
13h50,16h20,19h,21h20,23h50 q Annie 13h30,
16h10,18h50,21h40,00h20 q OExcêntrico
Mortdecai 14h,16h30,19h10,22h,00h30
q AsCinquenta SombrasdeGrey 14h20,17h20,
21h30,00h25 q AAscensãodeJupiter 14h30
(2D),18h(3D),21h10,24h(2D)
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C.C.FórumAlgarve-Tel.289887212
q Annie 13h, 15h45, 18h25, 21h15, 24h q O Ex-
cêntrico Mortdecai 21h, 23h40 q ATeoria de
Tudo 13h10, 15h50, 21h20, 00h10 q Selma -
AMarcha da Liberdade 18h40 q SpongeBob:
Esponja Fora de Água Seg 13h20, 16h, 18h10
(V.Port.) q Big Hero 6 - Os Novos Heróis Sáb,
Dom 10h50 (V.Port.) q AAscensão de Jupiter
12h40, 15h30, 18h15, 21h05, 23h50 q As Cin-
quenta Sombras de Grey 12h50, 15h40, 18h35,
21h30, 00h20
Figueira da Foz
Cinemas Nos Foz Plaza
C.C.FozPlaza,R.Condados-Tel.
q Abelha Maia -OFilme 15h,17h50(V.Port.),
Dom 11h,12h50 q OExcêntricoMortdecai 21h35,
Sex,Sáb 23h50 q Annie Seg15h40,18h30,
21h30 q AAscensãodeJupiter Seg15h10(2D),
18h(3D), 21h(2D) q AsCinquenta Sombrasde
Grey Seg15h20,18h20,21h20 q SniperAmerica-
no Seg15h30,18h10,21h10
Guimarães
Castello Lopes -
Espaço Guimarães
EspaçoGuimarães -Loja154,R.25deAbril,1-Silvares-
Tel.760789789
q OJogoda Imitação 16h,18h50 q Um Ano
MuitoViolento Seg13h20 q AsCinquenta Som-
brasdeGrey Seg21h40 q SpongeBob: Esponja
Fora deÁgua 13h05,19h15(V.Port./3D),15h10,
17h15,21h20(V.Port./2D),Sex,Sáb 21h20,23h50
q OMeu NomeéAlice 13h10,15h15,17h25,
19h30,21h25,Sex,Sáb 24h q ATeoria deTudo
13h30,16h05,18h40,21h40,Sex,Sáb 00h15
q AsCinquenta SombrasdeGrey 13h,15h40,
18h30,21h30,Sex,Sáb 00h10
Castello Lopes -
Guimarães Shopping
LugardasLameiras-GuimarãesShopping-
Tel.760789789
q Wild Card -JogoDuro 15h20,21h10,Sex,Sáb
23h40 q Selma -AMarcha da Liberdade 12h50,
18h10 q AsCinquenta SombrasdeGrey Seg13h10,
15h50,18h40,21h20,21h40 q AAscensãodeJupi-
ter 13h(3D),15h30(2D),18h30(3D),21h30(2D),
Sex,Sáb 21h30,00h10 q Taken 3 Seg19h45
q OExcêntricoMortdecai 13h20,15h40,Dom
13h20 q SniperAmericano 12h45,15h15,18h15,
21h15,Sex,Sáb 23h50 q Annie 13h,15h35,
18h20,21h35,Sex,Sáb 00h20
Setúbal
Auditório Charlot
Av.Dr.AntónioManuelGamito,11-
Tel.265522446
q Mamã Sex21h30 q AsCinquenta Sombras
deGrey 21h30,Sáb,Dom 16h
Torres Novas
Castello Lopes -
TorreShopping
BairroNicho-PonteNova-Tel.707220220
q AsCinquenta Sombrasde Grey 13h, 15h40,
18h30, 21h30, Sex, Sáb 00h10 q SpongeBob:
Esponja Fora de Água 13h10, 19h20 (V.Port./3D),
15h20, 17h20 (V.Port./2D) q O Excêntrico Mortde-
cai Seg 12h50 q SniperAmericano 15h50, 18h40
q AsCinquenta Sombrasde Grey Seg 21h45
www.sabado.pt GPS
Consulte os horários das salas do País no site
P.30 r Tentações

Livros
OsnovosromancesdeJorgeAraújo,FlávioCapuleto,InêsPedrosa,PauloReisePedroJardimemanálise–
unssãomaisconhecidosdoqueoutros.Depois,vejaoqueocríticoachoudabestsellerturcaElifShafak

Ficçãoàportuguesa
(Cinco obras de autores nacionais acabadinhas de serem publicadas)

v
Marco Alves:
Comecemos pelo
mais velho, mas não
menos jovial, Flávio Capuleto,
nome tão inusitado como asua
obra, que começou aos 71 anos
com “Inferno no Vaticano”. O
autor eradesconhecido, mas a
obravendeu-se bem. Eis Capu-
leto de volta, novamente com
um thriller clássico e leve pas-
sado nos meandros eclesiásti-
cos – abatinanacapae o título
dizem tudo.
Mais conhecidaé Inês Pe- O Cemitério dos Amores Vivos Amar Não é Pecado
q Jorge Araújo q Flávio Capuleto
drosa, aregressar com “De- q Clube do Autor q Guerra & Paz
samparo”, históriade uma q 148 págs. q €13,50 q 272 págs. q €15,99
mulher, JacintaSousa, que re-
gressaaPortugal paraver a
mãe – 50 anos antes, tinhaela
apenas três, foralevadapara
longe dela, parao Brasil. É um
“regresso” difícil, e é também
um retrato do País emigrante.
Vamos agoraparatrês des-
conhecidos. Pedro Jardimmete
Monsanto, em Lisboa, como
cenário de crime que é preciso
desvendarporumainspectora
daPolíciaJudiciária. Paulo Reis
piamais fino e vaiaté àaltacor-
rupção de estado, ao concubi-
nato com os media, às fugas
nos serviços de inteligênciae Operação Negócios Privados
até às ramificações do terroris- q Paulo Reis
mo islâmico em Portugal. q Planeta
q 248 págs. q €16,95
Se recuperardisto tudo, pre-
pare-se para“O Cemitério dos
Amores Vivos”, romance nada
alegre, que retratao que sofrem
os filhos namão de pais sepa- Desamparo O Monstro de Monsanto
q Inês Pedrosa q Pedro Jardim
rados. Aqui, é amulherque pa- q Dom Quixote q Esfera dos Livros
rece fazero piorpapel. T q 320 págs. q €15,90 q 280 págs. q €16

O peso do passado
A Bastarda de Istambul q ElifShafak q Romance
q Jacarandá Editora q 372 págs. q €17,90 q Nota 85%
Elif Shafak, perseguida e muito lida na Turquia
v
Eduardo Pitta:
Aidentidade pode ser
umempecilho. Veja-
mos o caso de ElifShafak, escri-
toraturcanascidaem1971, em
Estrasburgo, cidade francesa
onde os pais viviam. Elifé o
caso-padrão dos filhos de di-
plomatas: cresceuemMadride
Amã, depois emIstambul, vi-
veuemBostone outras cidades
americanas, temresidênciaem
Londres. Formada, nos Estados
Unidos, emciênciapolíticae es-
tudos de género, nuncacortou
os laços comaTurquia.
Críticado regime de Erdo-
gan, tem-se distinguido nade-
fesados direitos das minorias,
em artigos que publicanaim-
prensaanglo-americanae na
turca. No livro mais recente,
“The Architect’s Apprentice”
(2014), recuaao século XVI
para, através dafigurade Mi-
mar Sinan, o arquitecto cristão
dos sultões otomanos, estabe-
lecer um nexo de causalidade
com equívocos que persistem
naactualidade.
Autora de uma obra que in-
clui ficção e ensaio, traduzida
em quarenta países, acaba de
chegar à edição portuguesa
um dos seus romances mais
aclamados, “ABastarda de Is-
tambul”. Atradução de Maria
João Freire de Andrade é uma
mais-valia.
É naáreamovediçadas sub-
culturas étnicas oude género
(emespecialo feminismo) e, de
modo mais lato, no multicultu-
ralismo, que aobraassenta, sal-
tando comà-vontade do sufis-
mo paraas “fracturas” dacon-
temporaneidade. ElifShafak
acreditae defende que o Islão
não é incompatívelcomos regi-
mes democráticos. Sermuçul-
mano, diz ela, não colide com
as liberdades individuais. APri-
maveraÁrabe foiumadesilu-
são, mas não se pode desistir.
BestsellernaTurquia, “A
Bastardade Istambul” levoua
autoraàbarrado tribunal, acu-
sadade “denegriraidentidade
turca”. Passou-se isto em2006,
tendo os juízes decretado que
personagens do romance pro-
feremheresias. ElifShafakou-
saratocarno ponto entre todos
sensíveldo Genocídio Arménio.
Tentações r P.31
GETTYIMAGES
Escapouàprisão graças aos
protestos internacionais. Nessa
altura, aindaaTurquiasonhava
entrarnaUE.
Anarrativaapoia-se num
patchworkde episódios por
vezes desconexos. E amatança
ordenadapelos Jovens Turcos
soaprofessoral nabocade ado-
lescentes de 19 anos. Diriaque
são dois óbices que podem
desconcertar o leitor.
Por outro lado, o retrato da
famíliaKazanci estábem esga-
lhado, emboraaIstambul de
ElifShafaknão sejaade Orhan
Pamuk. Entretanto, aintriga
transfere-se de Istambul parao
Arizona(onde ElifShafaklec-
cionou) e São Francisco, lá
onde Armanoush estásempre
atropeçar em rapazes armé-
nios. O inesperado desfecho
explicao passado. T
P.32 r Tentações
Recém-chegado deFrança, ondedeu 13 concertoslotados, o fadista alentejano prepara-separa encher
oscoliseus. Imaginámosum percurso pelassuascanções. Na Culturgesthá festivalsem regras
v
Rita Bertrand:
Foiumtriunfo,apassa-
gemdeAntónioZam-
bujoporFrança,ondeemJaneiro
deu13 concertos em12dias (es-
gotandoatéamíticasalaLaCiga-
le,emParis),depois detersido
apresentadonocanalTelerama
como“orenovadormais sedutor
dofadomasculino” easuavoz
tersidoelogiadapelarevista“Les
Inrockuptibles”.
Agoraprepara-separaencher
as duas salas portuguesas mais
emblemáticas: os coliseus de
LisboaePorto.
“RuadaEmenda”, o último
álbum, éumdos pretextos – eé
aprimeiraparagemdo percurso
imaginário queaquifazemos,
pelos lugares das suas canções.
Música
Emenda
Nãosendonomedecanção,dá
títuloaoálbumenãoéporacaso:
énaRuadaEmenda,às portas do
BairroAlto,queZambujoensaia:
éacasadeRicardoCruz,ocon-
trabaixistaquecostumaacom-
panhá-lo. Comoficapertodasua
casa,noLargodeCamões,étam-
bémondeseencontracomos
músicos,quandoestãodeparti-
da,paraconcertos foradeLisboa.
Ciúmes
Umclássico,deNelsondeBarros
eFredericoValério,queTonyde
Matos popularizounos anos 60,
“NaRuados Meus Ciúmes” ga-
nhounovavidaem“Quinto”,o
álbumqueZambujoeditouem
2012. Segundoaletra,deixoulá
(Viagem pelas
esquinasevielas
dasletrasque
elevai cantar
em Lisboa
ePorto)
ocoração. Aindabemqueésó
poesia: precisamuitodeolevar
paraos coliseus,pois semcora-
çãonãosecantanadadejeito.
Alentejo
EmboraLisboaotenhaconquis-
tado–afinal,tornou-sefamosoa
cantaremAlfama,noClubede
Fado,echegouafazerdemarido
deAmálianoTeatroPoliteama
(naRuadas Portas deSantoAn-
tão,amesmadoColiseu) –,An-
tónioZambujonuncaesquece
quenasceu(em1975) emBeja.
Podetersaídodelá,mas oAlen-
tejonãosaiudedentrodele: no
segundoálbum,“PorMeuCan-
te”,cruzouofadocomocanteeé
rarooconcertos emquenãoen-
toe“TragoAlentejonaVoz”.
Lisboa
Atirachaves aoTejoem“ACasa
Fechada” epercorreruas num
eléctricodaCarris em“Picado7”
– dois exemplos decanções em
queLisboaéocenáriodas histó-
rias deamorqueZambujocanta.
Humor
Oraapanhadocomas calças na
mãoem“Flagrante”,oraasedu-
zirumamulherquetrazomari-
doparajantarem“OTiropela
Culatra”,Zambujodáumjeito
marotoàs letras cómicas. Ohu-
moréolugarporondetemanda-
doemquetemsidomais feliz. T
AntónioZambujoq Coliseude
Lisboaq 5ª e 6ª, 21h30 q €20 a
€45 q ColiseudoPortoq Sáb.,
21h30 q €18 a €35

Quem sãoos
exploradores
doRescaldo?
v
Rita Bertrand:
São 11 concertos de
artistas portugueses
concentrados emcinco datas. O
que têmemcomum? O gosto
pelas aventuras exploratórias
emredordamúsica. No Festival
Rescaldo, entre 20 e 28 de Feve-
reiro, não entrapop ligeiranem
rockradiofónico, jazz ordeiro,
folkcertinhaouqualquereru-
dição que sigaparâmetros orto-
doxos. Hápop, jazz, folk, rock,
electrónicas e instrumentos
eruditos, sim, mas emaborda-
gens originais – aúnicaregraé
contrariaras regras.
Aabrir, háumencontro in-
classificávelentre o trompete
de Luís Vicente e as electrónicas
do finlandês JariMarjamaki,
que actuamnamesmanoite em
que aNovaOrquestraFuturista
do Porto mostraque é possível
José
Gonzalez
sónoCCB
v
Rita Bertrand:
É ummestre das ver-
sões, desde que apare-
ceucom“Veneer”, em2003, a
recriar, emmodo acústico, de
voz fundae guitarradedilhada,
“Heartbeats”, dos The Knife.
No álbumseguinte, “InOurNa-
ture”, de 2007, outraversão, na
mesmaonda: “Teardrop”, dos
Massive Attack. Mas o sueco
(de ascendênciaargentina) José
González tambémjáprovouser
umprodigioso escritorde can-
ções, alémde ummúsico tão
inquieto que divide acarreiraa
AdolfoLuxúria Canibal
fazerboamúsicacomteleviso-
res, consolas de jogos, motores
de aquário e cones de papel. De-
pois, o Coclea, projecto do gui-
tarristaGuilherme Gonçalves,
divide o palco comafolksem-
pre misteriosade LulaPena.
No segundo fim-de-semana
destaca-se anoite psicadélica
dos Gesso e dos Caveira, mas
tambémos Estilhaços de Adol-
Em foco,“Vestiges& Claws”
solo como projecto (de electró-
nica) Junip.
Agora, é o novo álbum(sem
versões), “Vestiges & Claws”,
que o ocupa. Apresenta-o num
concerto único, emLisboa. T
José Gonzalezq Centro
Cultural de Belém, Lisboa
q 5ª, 21h q €20 a €40
Tentações r P.33
LaLaLaRessonance
FOTOS D.R.
GuilhermeGonçalves,dosCoclea
iii
LulaPena Ocartaz
Festival Rescaldo Culturgest,Lisboa
fo LuxúriaCanibal, ajuntara
q 6ª,20/2,21h30,Peq. Auditório: Vicente
suaspoken-word(comtextos & Marjamaki + Nova Orquestra Futurista do
baseados emfilmes de Herzog, Porto q Sáb.,21/2,21h30,Peq. Auditório:
Hitchcocke Jarmusch) aam- Coclea + Lula Pena q 6ª,27/2,21h30,Peq.
Auditório: Con Con & Joana Guerra + La La
biências movidas acomputa-
La Ressonance q Sáb. ,28/2,21h30,Peq.
dor, guitarrae contrabaixo. Na Auditório: Luís Fernandes & Joana Gama
mesmasessão, JoanaGama(ao (Quest) + Adolfo Luxúria Canibal (Estilhaços)
piano) e Luís Fernandes (elec- q 22h30,Cafetaria: Sumbu Dunia
trónicas) apresentamo mini- GaleriaZédosBois,Lisboa
malismo contemporâneo do q 5ª,26/2,22h: Gesso + Caveira
seuálbumde estreia, “Quest”. T q €6(pordia); 4diasCulturgest: €14,40
Arrancanovadigressão
deAdrianaCalcanhotto
Rita Bertrand:
AdrianaCalcanhotto
Como nunca esqueceu a noite q FundaçãoCalouste Gul-
mágica em que se estreou em benkian, Lisboaq 4ª, 21h q €25
Lisboa, em 2000, na Cultur-
gest, foi nesse palco que, em
Abril de 2014, Adriana Calca-
nhotto mostrou pela primeira
vez aos portugueses o espectá-
culo em que celebra 20 anos
de carreira, “Olhos de Onda”.
Agora trá-lo de volta, numa
digressão que arranca na quar-
ta-feira na Fundação Gul-
benkian e depois segue para
Coimbra (dia 2 de Março),
Faro (dia 5) e Braga (7). T
Ela traz“OlhosdeOnda”
P.34 r Tentações q Música
A banda que não se extingue
como a ave que lhe deu nome
Individ q The Dodos q Indie-pop q Ed. PolyVynil
q €6,99 (iTunes) q Nota 78%
Aosétimoálbum,elescontinuam em grandeforma
v
Filipe Lamelas:
O dodó ficounaHis-
tóriacomo símbolo
dos efeitos perniciosos dainter-
acção dos marinheiros euro-
peus comumconjunto de reali-
dades autóctones no tempo dos
descobrimentos. Extinto em
pouco mais de umséculo (cul-
pemos holandeses…), aave
das Ilhas Maurícias, é, poresse
motivo, parte integrante do fol-
clore europeue, também, um
dos cromos mais difíceis de
conseguirnumacadernetalan-
çadapelaWorldWide Fundfor
Nature háumparde décadas.
O duo californiano The Do-
dos, no que diz respeito ao pa-
noramapop, tambémtemal-
gumas características muito
próprias, que o tornamumcro-
mo interessante paracoleccio-
nar, aindaque, tanto quanto se
saiba, não estejaàbeiradaex-
tinção. Ao longo de seis álbuns,
asonoridade dabandafoi-se ca-
racterizando pelo seuformato
semi-acústico acentuado, com
nuances folk, algumainfluência
psicadélicae, acimade tudo,
porumapercussão bemvinca-
da(emboamedida, aprincipal
responsávelpelaforçadas suas
músicas).
Se em“Carrier” (o disco an-
terior, de 2013) abandaensaiou
umformato mais dado ariffs e
solos eléctricos, o novo (e séti-
mo disco) “Individ” – semassi-
milarnaplenitude essainflexão
e mantendo, portanto, amatriz
sonorade sempre – acolhe tam-
bém, aespaços, essanova
orientação. “Goodbyes andEn-
dings” é umadas canções mais
fortes e bemrepresentativadis-
so: faz apelo àescolade “Bewa-
re ofthe Maniacs” (2006) ou
FOTOS D.R.
“Visiter”(2008) e, porbaixo de
umasimplicidade aparente,
quando escutadaatentamente,
revelatodaacomplexidade de
umprocesso de composição
bemtrabalhado que não descu-
ra, no entanto, o imediatismo
que umacanção pop deve ter.
“Bubble”, porsuavez, começa
comumriffeléctrico que se dis-
solve emmelodias semi-acústi-
cas paradepois irressurgindo
discretamente ao longo damú-
sica. Já“Retriever” é acanção
mais “fuzzy” do disco, reprodu-
zindo aqueles “ah-ah-ah-oh”
que caracterizamas composi-
ções mais orelhudas dabanda,
mas agoracomumtoque mais
psicadélico.
“Individ” é o retrato de uma
bandaque se mantémnasua
ilha, alheiaàs influências exter-
nas e conservando asuaidenti-
dade, mas não descuraaevolu-
ção – desde que ao seuritmo,
claro. Nesse sentido, não parti-
lhaatrágicahistóriado dodó. T
Dagaragem,
com força
genuína
Transfixiation q A Place To
Bury Strangers q Pós-punk
q Ed. Dead Oceans q €15
q Nota 74%
v
Filipe Lamelas:
Imaginem-setrês ti-
pos fechados numa
salaescuraatocarcadaumparao
seulado,comumvocalistaque
nãoéparticularmentedotado,
mas convencidos dequeasua
complexidademusicaléseme-
lhanteàdos PinkFLoyd. Na
maioriadas vezes,aindaqueos
miúdos nãotenhamnoção,um
baixo,umaguitarraeumabate-
riaconseguemserparticular-
mentedesagradáveis,mas,oca-
sionalmente,semqueseconsiga
explicarporquê,hábandas que,
sendoiguais atantas outras,aca-
bamporfuncionar.
“Transfixiation”,oquartodis-
codos APlaceToBuryStrangers
(APTBS),transmitetodaessaat-
mosfera. Asuasonoridadepodia
seradequalquerbandadegara-
gem,independentementedaci-
dadeoudosubúrbioetemafor-
çadagenuinidade,mais doqueo
engenhodotalento. Impressio-
naacontiguidade,emalguns
momentos,comos JoyDivision,
especialmentenas linhas debai-
xomarcadas erepetitivas,aojeito
dePeterHook. Nessesentido,os
APTBS aproximam-sedasonori-
dadepós-punke,apesardete-
remelementos mais noisenas
suas composições,afastam-sedo
psicadelismoeshoegazingde
uns MyBloodyValentine.
Omaiorelogioquesepodefa-
zera“Transfixiation” édizerque
qualqueradolescente,comas
perturbações normais daidade,
queouça“Transfixiation” insis-
tentemente,emprincípiodará
umadultoequilibrado. T

Música Lisboa
Auditório Carlos Paredes
Av. Gomes Pereira, 17 (Benfica) –217 123 000
Celina da Piedade
A cantora e acordeonista Celina da
Piedade é colaboradora habitual de
nomes como Rodrigo Leão, Mayra
Andrade, Amor Electro, Fernando Alvim
ou Kepa Junkera... As músicas do
mundo são o seu palco. O cancioneiro
do Alentejo e Algarve inspira “O Cante
das Ervas”, o novo álbum.
q World q Sáb., 21h30 q €5
B.Leza
R. Cintura do Porto de Lisboa, Armazém B
Armando Tito
O guitarrista cabo-verdiano radicado
em Portugal sobe ao palco acompa-
nhado por convidados que ilustram
musicalmente não apenas as suas raí-
zes mas também as de outros espaços
da lusofonia. São eles Rui Veloso,
Celina Pereira, Mário Rui, Aidimara
Silva, Nancy Vieira e Valéria Carvalho.
q World q 5ª, 22h30 q €10
Café Teatro Santiago Alquimista
R. Santiago, 19 –218 884 503
The Raw Sample Project
O ex-Black Company Makkas (aka
LaCrau) regressa com um novo projec-
to de hip-hop. “Rotina” é o álbum
de estreia.
q Hip-hop q Sáb., 22h30 q €5
Casa Independente
Lg. Intendente, 45 –218 875 143
They’re Heading
West & Camané
Mariana Ricardo, Francisca Cortesão,
João Correia e Sérgio Nascimento for-
mam o projecto They’re Heading West,
que investe na partilha do palco com
convidados especiais. Depois de nomes
como Bruno Pernadas, Ana Bacalhau
ou JP Simões, chega a vez do fadista
Camané.
q Pop-rock q Dom., 18h q €5
Centro Cultural de Belém
Pç. do Império –213 612 400
Rodrigo
O fadista, conhecido por clássicos como
“Coentros e Rabanetes” ou “Fado do
31” celebra 50 anos de palco na com-
panhia de convidados da “nova guar-
da”: Carminho e Ricardo Ribeiro.
50 Anos de Fado. Com os convidados
Carminho e Ricardo Ribeiro.
q Fado q 6ª, 21h q €5 a €18
Schostakovich Ensemble
Num único concerto, são apresentados
dois dos mais famosos quartetos com
piano de Schumann e Dvorák. Filipe
Pinto-Ribeiro (piano, direcção e comen-
tários) toca com instrumentistas de
renome: o violoncelista canadiano Gary
Hoffman, o violetista norueguês Lars
Anders Tomter e os violinistas britâni-
cos Victoria Sayles e Jack Liebeck.
q Clássica q Dom., 17h q €12,50 a €15
Culturgest
R. Arco do Cego (Sede CGD) –217 905 155
Yuri Daniel Quartet
Na liderança de um quarteto, o baixis-
ta brasileiro radicado em Portugal –
que há seis anos foi convidado por Jan
Garbarek para integrar o seu quarte-
to, em substituilção de Eberhard
Weber – apresenta “Ritual Dance”,
um trabalho sobre as influências
mútuas entre a música dos dois paí-
ses. É o mais recente capítulo de uma
carreira construída ao lado de artistas
como Dulce Pontes, José Mário
Branco, Maria João e Mário Laginha
ou John Stubblefield. Acompanham-
no Johannes Krieger (trompete),
Filipe Raposo (piano) e Vicky Marques
(bateria).
q Jazz q 5ª, 21h30 q €12
Duetos da Sé
Travessa do Almargem, 1-B –218 850 041
Anthony John
& Bruce Henri
O “slide guitarist” inglês Anthony John
e o contrabaixista e cantor norte-ame-
ricano Bruce Henri tocam música situa-
da no encontro entre as variantes
blues dos respectivos países. No reper-
tório há novos arranjos para temas
conhecidos, mas também originais.
q Jazz q 6ª, 22h q €5
Escola de Música
do Conservatório Nacional
R. dos Caetanos, 29 –213 425 922
Ethno Portugal
On The Road
Primeiro, a Orquestra Ethno Portugal
partilha em “workshops” os seus
conhecimentos de música tradicional
e alguns métodos para “tocar de ouvi-
do”. Depois, convida os participantes
para subir ao palco para um concerto
conjunto.
q World q Dom., 18h q €10.
Alunos do Conservatório €5
Fórum Lisboa
Av. de Roma, 14L–218 170 400
Orquestra Philarmónica
de Lisboa
A Orquestra Philarmónica de Lisboa,
dirigida por Miguel Madaleno, convida
para o concerto os jovens músicos da
Orquestra Nova de Guitarras.
q Clássica q Sáb., 21h30 q €5
Fundação Calouste Gulbenkian
Av. de Berna, 45A –217 823 000
José Miguel Wisnik
+ Arthur Nestrovski
O pianista, cantor e compositor José
Miguel Wisnik – autor de canções cele-
brizadas por Maria Bethânia, Gal
Costa, Zélia Duncan e Djavan, entre
outros – volta a juntar-se ao composi-
tor, guitarrista, crítico e escritor Arthur
Nestrovski para um concerto dedicado
a canções do Brasil. Junta-se-lhes a voz
de Lívia Nestrovski, filha de Arthur e
musicóloga.
q World q 6ª, 21h q €18
Mário Laginha
e Orquestra Gulbenkian
O pianista e compositor Mário
Laginha, um dos mais prestigiados,
criativos e activos músicos portugue-
ses, interpreta com a Orquestra
Gulbenkian uma obra de um autor
que, como ele, se destacou na constru-
ção de pontes entre a música popular
e erudita: “Rhapsody in Blue”, de
Gershwin. O concerto, dirigido por
Pedro Neves, compreende ainda obras
de Stravinsky e Ravel.
q Clássica q Dom., 11h e 16h q €10
Hárock
nacave
SpiderTracksEP q CaveStory
q IndieRockq EdiçãodeAutor
q €5q Nota 64%
v
Diogo Lopes:
De umacave escondi-
dano fundo de um
prédio abandonado, sente-se o
cheiro afumo e álcoolde “Spi-
derTracks EP”, o último traba-
lho dos portugueses Cave
Story. Como EP que é, com-
preende-se avariação de músi-
caparamúsica– dentro de um
estilo indie-rockvincado, ora
oscilamos paraumazonamais
Pavement, oradescambamos
mais paraSonicYouth.
Sejaqualforo lado para
onde nos viremos, hásempre à
mão umbaixo robusto (desta-
que paraBuzzardFeed), uma
bateriavitaminadae umagui-
tarraque – tambémela– orase-
gue pautadae certinha, oraex-
plode numnovilho de distor-
ção. Numtrabalho pouco coe-
rente (oucoerente q.b.), onde
háespaço paraboas malhas
como “FantasyFootball”, fica
no aravontade de vercomo
seráo salto paraumálbumde
originais completo. T
Música q Tentações r P.35
Galeria Zé dos Bois
R. da Barroca, 59 –213 430 205
Equations + Killimanjaro
+ Marvel Lima
Depois de terem embarcado em
“Frozen Caravels”, os Equations mos-
tram o novo “Hightower”, enquanto
os Killimanjaro explicam por que razão
o seu stoner-rock os tem colocado
entre as mais entusiasmantes produ-
ções da colheita barcelense recente.
De Beja chegam os Marvel Lima, pron-
tos a exibir “Mi vida”.
q Rock q 6ª, 22h q €6
Pega Monstro
+ Éme + Iguanas
A Cafetra Records abre o seu catálogo
para exibir “Alfarroba”, o novo disco
das duas irmãs Pega Monstro (Júlia
na bateria, Maria na voz e guitarra),
o “Último Siso” de Éme (João Marcelo)
e os “beats” festivos da dupla Iguanas
(Leonardo Bindilatti e Lourenço
Crespo). Os três projectos andam jun-
tos numa digressão ibérica.
q Pop q Dom., 18h q €6
Hot Clube de Portugal
Pç. da Alegria, 48 –213 619 740
Liftoff
O projecto junta grandes músicos do
jazz nacional: Jeffery Davis (vibrafone),
Óscar Marcelino da Graça (piano),
Nelson Cascais (contrabaixo) e, na
bateria, David Pires (dia 19) e
Alexandre Frazão (dias 20 e 21).
q Jazz q 5ª a sáb., 22h30 e 24h
q €7,50
Lounge
R. Moeda, 1 –213 953 204
Putan Club
“Iconoclasta, violento, ‘groovy’ e, como
é óbvio, profundamente sensual”. É
assim que se define o projecto artístico
Putan Club, que se dedica a percorrer
o globo e acumular centenas de actua-
ções, com o propósito fixo de estimular
a revolução através de “beats”, melo-
dias e palavras. Os agitadores são
François R. Cambuzat (o fundador) e
Gianna Greco.
q Pop-rock q 5ª, 23h q Grátis
Lux Frágil
Cais da Pedra a Santa Apolónia –218 820 890
Erol Alkan + Hard Ass
Sessions #23
Além de ter ficado conhecido como
fundador do lendário Trash, Erol Alkan
tornou-se uma figura incontornável do
movimento electro a nível mundial.
São famosas as suas remisturas para
temas de Kylie Minogue, New Order,
The Chemical Brothers, Justice e Franz
Ferdinand, entre outros. Antes de des-
cer à pista de dança, o bar do Lux cede
a mais uma sessão Hard Ass, com
Rastronaut, Max Le Daron e Branko.
q Electrónica q 6ª, 24h q €15
MusicBox
R. Nova do Carvalho, 24 –213 430 107
Os Capitães da Areia
Pelo palco sopra a nova brisa dos auto-
res de ”O Verão Eterno”. Chama-se
“Viagem dos Capitães da Areia a Bordo
do Apolo 70” e é um álbum conceptual
de 31 temas entre pop, psicadelismo e
art-rock.
q Pop-Rock q Sáb., 24h q €5
P.36 r Tentações q Música
Palácio Marquês da Fronteira
Lg. S. Domingos de Benfica, 1 –217 782 023
Matilde Loureiro e Vadim
Parra Trouchina
O recital junta dois jovens instrumentis-
tas: a violinista portuguesa Matilde
Loureiro e o pianista colombiano
Vadim Parra Trouchina. Tchaikovsky,
Luis Antonio Calvo, Beethoven, Sibelius
e Vieuxtemps ocupam as partituras.
q Clássica q 4ª, 19h q €15
Sabotage Club
R. de São Paulo, 16 –213 470 235
The Kafkas + Earth Drive
Os lisboetas The Kafkas exibem um
“rock psicadélico conceptual”. Do
Montijo chegam os Earth Drive, com
propostas de rock em tons hipnóticos.
q Rock q 6ª, 22h q €5
Soc. Instrução Guilherme Cossoul
Av. D. Carlos I, 61, 1º –213 973 471
O Cão da Morte
Antes de se recolher ao estúdio para
gravar um disco a solo, Luís Gravito, o
homem que se auto-intitula O Cão da
Morte, promove uma pré-audição dos
temas novos, alinhados com canções
já conhecidas do seu espólio “lo-fi”.
q Folk q 5ª, 21h30 q €3
Teatro Armando Cortez
Estrada da Pontinha, 7 –217 110 890
Homenagem
a Celeste Rodrigues
A fadista lisboeta (e irmã de Amália)
Celeste Rodrigues, uma das mais tradi-
cionais vozes do género, é homenagea-
da por António Pinto Basto, Cristina
Nóbrega, Fábia Rebordão, Jorge
Fernando, Marco Rodrigues, Ricardo
Ribeiro e Yola Dinis. O espectáculo tem
carácter solidário: os lucros de bilhetei-
ra contribuem para apoiar o trabalho
desenvolvido pela Casa do Artista.
q Fado q 2ª, 21h30 q €10
Teatro da Trindade
Lg. da Trindade, 7A –213 420 000
Blind Zero
A banda portuense celebra 20 anos
de carreira com um “best of” em for-
mato acústico.
q Pop-rock q Sáb., 22h q €10 a €12,50
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38 –213 257 650
Pedro Burmester
e Quarteto de Cordas
de Matosinhos
O destacado pianista português torna
a associar-se aos jovens músicos do
Quarteto de Cordas de Matosinhos
(Vítor Vieira e Juan Maggiorani nos vio-
linos, Jorge Alves na viola e Marco
Pereira no violoncelo) para abordar
peças de Schumann e Dvorák. O pro-
grama inclui também peças interpreta-
das a solo por Burmester.
q Clássica q 6ª e sáb., 21h (no Jardim
de Inverno) q €12
Teatro Nacional de São Carlos
Lg. de São Carlos, 17 –213 253 045
Macbeth
Giuseppe Verdi e William Shakespeare:
dois génios num só espectáculo.
A ópera do compositor italiano (com
libreto de Francesco Maria Piave),
baseada na tragédia do dramaturgo
inglês, regressa ao São Carlos com
FOTOS D.R.
Reinventar
astradições
Campaniça do Despique
q Pedro Mestre q Popular
portuguesa q Ed. Compact
Records q €14,90 q Nota 76%
v
Pedro Salgado:
Impulsionado pela
suaexperiênciade di-
vulgação do cancioneiro alente-
jano e daviolacampaniçaem
particular, Pedro Mestre trans-
portaparao seunovo disco um
conjunto de soluções musicais
emque interagemtradição e
modernidade. “Campaniçado
Despique”, que incluiconvida-
dos como JanitaSalomé, Antó-
nio Zambujo e Jorge Fernando,
exploraos diferentes timbres da
violacampaniçaemconjugação
como cante alentejano e instru-
mentos como piano, órgão de
tubos, acordeão oubaixo.
“Olhos Verdes” revelahabi-
lidade naconstrução melódica,
“Ilhados Vidros” (com aparti-
cipação dos Cantadores do
Sul), concretizaumencontro
místico entre o coro e apercus-
são e, entre os temas mais ani-
mados, “QuemNão Tem Amor
Sou Eu!” destaca-se pelaapro-
ximação àpop.
Umtrabalho notável. T
novo elenco. A soprano portuguesa
Elisabete Matos e o barítono espanhol
Àngel Òdena são agora os protagonis-
tas. A encenação é de Elena Barbalich;
a direcção musical, de Domenico
Longo.
q Ópera q De 21/2 a 1/3 q Sáb., 2ª,
4ª e 6ª, 20h; dom. (só a 1/3), 16h
q €10 a €50
Teatro Thalia
Estrª. Laranjeiras, 205 (Palácio das Laranjeiras)
Jorge Moyano e Orquestra
Metropolitana de Lisboa
Jorge Moyano é solista no Concerto
para piano e orquestra n.º 20 de
Mozart, obra articulada com
“Blumine”, de Mahler, e com a
Sinfonia n.º 9 de Schubert, conhecida
como “A Grande”.
q Clássica q Sáb., 21h30 q €12
Grande Lisboa
Centro Cultural Olga Cadaval
Pç. Dr. Fr. Sá Carneiro, Sintra – 219 107 110
Rita Redshoes
A cantora e compositora dá a conhecer
o sucessor de “Golden Era” e “Lights
& Darks”. Chama-se “Life Is a Second
of Love” e foi gravado entre Portugal
e o Brasil e é definido pela própria
como o “mais pessoal e real”.
q Pop-rock q Sáb., 21h30 q €12,50
Porto
Casa da Música
Av. da Boavista, 604/610 –220 120 220
Orquestra Sinfónica
do Porto Casa da Música
O alemão Jörg Widmann marca pre-
sença, quer como clarinetista, quer
como compositor. No programa desta-
ca-se a sua peça “Labyrinth III”, apre-
sentada em estreia nacional, com a
soprano Sarah Wegener a juntar-se
à Orquestra Sinfónica do Porto Casa
da Música. Antes, ouvem-se obras de
Wagner e Weber. Antes, há palestra
pré-concerto por Daniel Moreira
(Cibermúsica, 17h15).
q Clássica q Sáb., 18h q €17;
com jantar: €33
Deau
O “rapper” portuense, que se lançou
em 2012 com “RetiEssências”, tem já
em mãos os temas para o sucessor.
Neste concerto, mostra um pouco do
que será esse álbum, contando com
a ajuda de convidados.
q hip-hop q Sáb., 23h q €10;
pré-venda: €8
Hard Club
Mercado Ferreira Borges –707 100 021
Pop Dell’Arte + Plaza
A banda de João Peste estilhaça tradi-
ções por meio de devaneios “arty”, psi-
cadelismos e transgressões, enquanto
promete novidades para suceder a
“Contra Mundum” (2010). Antes, os
irmãos Praça mostram como é que se
dança ao som de resgates revivalistas
em tons electro-rock bem-humorados.
q Pop-rock q 6ª, 22h q €10
Maus Hábitos
R. Passos Manuel, 178 –222 087 268
Birds Are Indie
Depois de ter explicado “How Music
Fits Our Silence”, a dupla conimbricen-
se debruça-se sobre as dúvidas e
(in)certezas do amor, nas canções
do novo “Love Is Not Enough”.
q Pop-rock q Sáb., 22h30 q €3
Cosmic Mess
No cartaz convivem seis projectos
portugueses: The Lazy Faithful, Before
and After Science, Stone Dead, Pista,
The Japanese Girl e Pitch.
q Pop-rock q 4ª, 21h q €5
Pega Monstro
+ Éme + Iguanas
A digressão ibérica da Cafetra Records
também passa pelo Porto.
q Pop-rock q 6ª, 22h q €5
Grande Porto
Auditório de Espinho
R. 34, 884, Espinho – 227 340 469
Trio Dorogi
A violinista Dora Schwarzberg, o violon-
celista Romain Garioud e o pianista
Giuliano Mazzoccante apresentam-se
em várias formações. No programa
surgem obras de Scriabin, Franck,
Mozart e Beethoven.
q Clássica q Sáb., 21h30 q €7
Fórum da Maia
Praça do Município –229 408 643
Espiral
A música celta é a base de trabalho
deste trio de flauta transversal, harpa
e violino.
q World q Sáb., 21h30 q €5
Abrantes
Cine-Teatro de São Pedro
Lg. de São Pedro –241 366 321
Time – Tributo a Pink Floyd
A banda presta tributo aos Pink Floyd,
recorrendo à recriação dos temas mais
marcantes da banda britânica.
q Pop-rock q Sáb., 21h30 q €7,50
Albergaria-a-Velha
CineTeatro Alba
Alameda 5 de Outubro –234 529 305
Valter Lobo
O cantor e compositor instala-se para
mostrar “Inverno”, o EP que o apresen-
ta como um músico a reter para o futu-
ro. “Pensei que fosse fácil”, um dos
temas, foi incluído na selecção “Novos
Talentos FNAC 2012”.
q Folk q 5ª, 22h q Grátis
Arcos de Valdevez
Casa das Artes
de Arcos de Valdevez
Jardim dos Centenários –258 520 520
Mundo Segundo
Mundo Segundo, dos Dealema,
apresenta o novo “Neons & Lasers”,
sucessor de “Segundo o Ancião”.
q Hip-hop q Sáb., 23h q €8
Aveiro
Mercado Negro
R. João Mendonça, 17 –234 100 052
Putan Club
“Iconoclasta, violento, ‘groovy’ e,
como é óbvio, profundamente sen-
sual”. É assim que se define o projecto
artístico Putan Club, que se dedica a
percorrer o globo e acumular centenas
de actuações, com o propósito fixo
de estimular a revolução através de
“beats”, melodias e palavras. Os agita-
dores são François R. Cambuzat (o fun-
dador) e Gianna Greco.
q Pop q 4ª, 22h q Consumo
obrigatório
Baixa da Banheira
Fórum Cultural
José Manuel Figueiredo
R. José Vicente –210 888 900
D’Alva
No contexto do selo Flor Caveira surgiu
este colectivo de electro-pop-punk
comandado por Alex D’Alva Teixeira.
Agora, tem em mãos o primeiro longa-
duração, “#batequebate” (2014).
q Pop q 6ª, 21h30 q €3,66
Braga
Theatro Circo
Av. da Liberdade, 697 –253 203 800
Lula Pena
O fado dá as mãos ao exótico na voz e
na guitarra de Lula Pena. No segundo
álbum, “Troubadour” (sucessor do
aclamado “Phados”), a música portu-
guesa volta a ser atravessada por sons
árabes, africanos e de outras paragens.
q Portuguesa q 6ª, 21h30 q €8
Bragança
Teatro Municipal de Bragança
Pç. Prof. Cavaleiro Ferreira –273 302 744
Nuno Prata
O baixista dos extintos e saudosos
Ornatos Violeta apresenta o novo
álbum, “Deve Haver”.
q Rock q 5ª, 21h q €6
Cartaxo
Centro Cultural do Cartaxo
Rua 5 de Outubro, Cartaxo - 243 701 600
Asimov + Qwentin
Ao palco sobem os Asimov – a “dupla
psicadélica do Cacém” – e os Qwentin,
banda do Cartaxo que se propõe reno-
var o seu rock experimental.
q Pop/Rock q Sáb. às 23h00
q (Cartaxo Sessions. M/12) q €5
Castelo Branco
Cine-Teatro Avenida
Av. Gen. Humberto Delgado –272 349 560
The Legendary Tigerman
Apresentação de “True”.
q Blues-rock q 6ª, 21h30 q €10
Coimbra
Teatro Académico Gil Vicente
Pç. da República –239 855 630
Deixem o Pimba em Paz
Bruno Nogueira e Manuela Azevedo
(Clã) reinventam canções de Ágata,
Quim Barreiros e outros.
q Pop q 3ª, 21h30 q €12
Faro
Teatro Municipal de Faro
Horta das Figuras (E. N. 125) –289 888 110
Amália por Júlio Resende
Amália é a grande homenageada
neste espectáculo de Júlio Resende. O
desafio está em conseguir que a voz da
diva se faça ouvir nas teclas do piano.
q Fado-jazz q Sáb., 21h30 q €12,50
Miúdos
Música Lisboa
Museu do Oriente
Av. Brasília, Alcântara Norte –213 585 200
VII Escola de Gamelão
da Ilha de Java
Actividades com o gamelão – uma
orquestra de percussão composta por
uma grande variedade de instrumen-
tos de bronze e um conjunto de tam-
bores e gonzos – em primeiro plano.
q De 1 a 3 anos q Sáb., 10h30 q €5
Filme-concerto:
As Aventuras
do Príncipe Achmed
Remontando a 1926, “As Aventuras
do Príncipe Achmed” corresponde à
mais antiga longa-metragem de ani-
mação a “sobreviver” até aos nossos
dias. Além de ser um marco da séti-
ma arte, o filme da alemã Lotte
Reiniger, que recorre a sombras chi-
nesas, é um marco da História da
marioneta. Neste espectáculo, ganha
outra dimensão com a adição de
música ao vivo, pelo Aroma Jazz Trio.
q Maiores de 6 q Dom., 16h q €5
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38 –213 257 650
Mais Novos: Pedro
Burmester e Quarteto
de Cordas de Matosinhos
A propósito do concerto conjunto,
o pianista Pedro Burmester e o
Quarteto de Cordas de Matosinhos
prepararam uma sessão especial para
os mais pequenos, com vista à intro-
dução ao mundo da música erudita.
q Maiores de 6 q Sáb, 16h (no Jardim
de Inverno) q €3 (crianças); €7
Porto
Casa da Música
Av. da Boavista, 604/610 –220 120 220
Aquilo Que Vocês Quiserem
O quinteto feminino mostra como
se faz música só com a voz e instru-
mentos de bolso. A base de trabalho
vem “Do Bolso de Walt”. Este Walt é
Disney, criador de personagens asso-
ciadas às melodias aqui reinventadas.
q Maiores de 6 q Sáb., 18h q €6
Coimbra
Salão Brazil
Lg. do Poço, 3, 1º –239 837 078
Luís Arede
O pianista dá um recital com obras
de grandes compositores, mas apon-
tado aos pequenos apreciadores.
q Maiores de 6 q Dom., 17h q €7
(criança + adulto)
Loulé
Cine-Teatro Louletano
Av. José da Costa Mealha –289 414 604
Avô Cantigas
– É Bom Sonhar
O avô celebre 30 anos de cantigas,
de “Fungagá da bicharada” a
“Fantasminha brincalhão”.
q Maiores de 3 q Dom., 15h30
q €8
www.sabado.pt GPS
Saiba o que vai acontecer na sua cidade no site
P.38 r Tentações
Teatro & dança
Ana Nave e João Reis são pela primeira vezcriadores e actores de um espectáculo – que não é um recital,
mas é feito de poesia. Explicam-nos tudo, em discurso directo. No D. Maria II, há septuagenárias
v Elesdão
Rita Bertrand:
Jáemtempos João
Reis esteveparafazer
umespectáculoapartirdeAle-
xandreO’Neill,paracelebrar
umaefeméride,mas encalhou
nadramaturgiaepôs oprojecto
nagaveta. Semsaberdenada,há
dois anos,AnaNavepediuàbió-
grafadopoeta,MariaAntónia
Oliveira,quelheseleccionasse
textos,emversoeprosa(incluin-
doinéditos,comocartas amor),
paralevaràcena. Depois desa-
fiouocolegaeamigo. “Nemde
propósito!”,pensouele–elogo
assumiramjuntos odesafiode
criar“Portugal,MeuRemorso”.
AnaNave
Tinhavontadedetra-
zerapoesiadeO’Neill
paraodomíniopúblico
Nãoquisemosfazerum
recitaldepoesia,mas
umespectáculoactual,
queabordasseO’Neille
falassedeumPortugal
queexisteequeelesou-
beconduzir,através
daspalavras,parafora
davidacorrente
Nãoháumaestrutura
narrativa,oespectácu-
loédivididoemblocos
O espectáculovisita
momentoscomooamor,
aliberdadeePortugal.
Sãoasmúltiplasvozes
deAlexandreO’Neill
Jácomoutros projectos na
calha– ela, umanovatelenove-
laparaaSIC, aestrearemMaio,
ele apreparar-se paranarrar“As
Sete Últimas Palavras de Cristo
acarapor
naCruz”, de JosephHaydn, em
Março naGulbenkian– é apri-
meiravez que acumulamadi-
recção e ainterpretação de um
espectáculo. Clasificam-no
O’Neill
como completo, porcruzarlin-
guagens: texto, vídeo (incluin-
do parte dapoesiavisualde
O’Neill) e movimento (com
apoio do coreógrafo FélixLoza-
no), “prolongando alingua-
gempoéticano corpo”. T
(Falámoscom a JoãoReis
dupla de“Portugal,
Meu Remorso”,em Nãohápersonagens,é
umavisãonossa,pes-
estreia noSão Luiz) soal,deO’Neill.Muitas
vezeseusouavozdas
mulheresqueelereferiu
eaAnaéavozdele
Écomosepartíssemos
domesmocorpo.Somos
umactoreumaactriz,
emcontracena,masa
nossavozépoética,não
narrativa
Somossugeridospelos
poemasumdooutro,
numefeitodecontami-
nação.Asligaçõesnas-
cemdanossaintuição
O’Neilléumpoetain-
conformadoe,hoje,com
Portugal, MeuRemorso omedoemtodosossec-
q TeatroMun. SãoLuiz, Lisboa toresdasociedade,faz
RAQUELWISE
q De 25/2 a 1/3 q 4ª a sáb., 21h; sentidoredescobri-lo
dom., 17h30 q €12 a €15

Paula Só,Graça LoboeMariema misturam asprópriasmemóriascom asdaspersonagens
Tchekhovsénior
àportuguesa
v
Rita Bertrand:
A“culpa” foideVerdi,
quefundouumlares-
pecialemMilão: aCasaTosca,
ondeos artistas reformados po-
diamcontinuarafazerespectá-
culos. Umdocumentário sobreo
assunto emocionouMartimPe-
droso,dramaturgo eencenador
conscientedeque,emPortugal,
os séniores retirados dos palcos
são esquecidos emuitas vezes
vivemnamiséria,sempensão
nemtrabalho.
“Como Verdiéumclássico da
OsImprováveisimprovisam
–masagoracom convidados
v
Rita Bertrand:
Os portugueses jása-
bemo que acontece
quando Os Improváveis, trio de
comediantes formado porPe-
dro Borges, Telmo Ramalho e
MartaBorges, se juntamem
palco: muito riso, apartirde su-
gestões do público.
Este estilo de comédia, sem
texto prévio, é tambémaespe-
ópera,resolvicombinaressa
ideiacomumclássico do teatro e
penseilogo emTchekhov,por-
queescreveuumapeça-fetiche
paraas actrizes”,explicaàTEN-
TAÇÕES o autordapeçaemes-
treiano D. MariaII,referindo-se
ao clássico russo “As Três Irmãs”
– querecriouacrescentando “ve-
lhas” no título ejuntando em
palco GraçaLobo,Mariemae
PaulaSó,“porterempercursos
totalmentediferentes,queabar-
camo teatro independente,po-
pularecontemporâneo”.
Um brasileiroeum espanhol juntam-seaotrioportuguês
Tentações r P.39
Irish Celtic
vezescinco
v
Rita Bertrand:
“SpiritofIreland”, es-
pectáculo do colectivo
irlandês de dançae músicaIrish
Celtic(que tomao nome de um
pub centenário emCork), pres-
tahomenagemaos milhares de
irlandeses que emigraramnos
finais do século XIX.
Aacção passa-se numpub
ALÍPIO PADILHA
actual, mas háreferências ao
tempo dos celtas, paraquemo
contacto comanaturezaanda-
vaaparcomas danças e as tra-
dições, que os IrishCelticfazem
questão de mantervivas. Pode
vê-los estasemana, emLisboa,
Porto e FigueiradaFoz. T
SpiritofIrelandq CAE, Figueira
daFozq 5ª, 21h30 q €25 e €30 q
ColiseudoPortoq 6ª, 21h30 q €10
a €32,50 q CCB, Lisboaq Sáb.,
21h; dom., 16h e 21h q €10 a €35
Comaajudadelas,cruzoua
históriadapeça– emquetrês ir-
mãs,paradas no tempo enum
lugarrecôndito,sonhamcom
maridos perfeitos evidas inte-
ressantes emMoscovo,então
capitaldeprogresso – comas
suas próprias memórias,bem
portuguesas: Mariemaatécanta
umfado eaMoscovo deGraça
Lobo chama-seLondres... T
AsTrês(Velhas) Irmãsq
TeatroNac. D. MariaII, Lisboa
q De 19/2 a 15/3 q 4ª, 19h15; 5.ª a Há dança a
sáb., 21h15; dom., 16h15 q €12 paresenãosó
cialidade de DanielNascimento
(dacompanhiaBarbixas, do
Brasil) e Gustavo Miranda(da
companhiaÁccionImpro, da
Colômbia), que vão juntar-se
ao trio português emtrês es-
pectáculos emLisboae outro
no Porto – comumaúnicaga-
rantia: nadase repetirá. Afinal, é
tudo de improviso. T
OsImprováveis–Internacionais
q TeatroTivoli BBVA, Lisboaq
6ª e sáb., 21h30; dom., 16h q €8 a
€15 q TeatroSádaBandeira,
Portoq 4ª, 21h30 q €10 e 15
P.40 r Tentações q Teatro & dança
Estreiam
Teatro Lisboa
Centro Cultural de Belém
Pç. do Império –213 612 400
The Blue Boy
Foram as experiências de homens e
mulheres fechados em regime de inter-
nato em instituições católicas, enquan-
to crianças, que deram origem ao pre-
miado espectáculo da companhia irlan-
desa Brokentalkers. A dar corpo a histó-
rias de abuso infantil, sete artistas mas-
carados desenvolvem em palco uma
“performance” extremamente física,
que se faz acompanhar por gravações
de testemunhos dessas pessoas – e
com música ao vivo, por Lucy Andrews.
q Experimental q De 20 a 21/2 q 6ª
e sáb., 21h q €15
Goethe-Institut
Cp. Mártires Pátria, 37 –218 824 510
Dix
A companhia 33 Ânimos parte da obra
do pintor expressionista alemão Otto
Dix para um espectáculo que resume
como uma viagem “profunda, um
salto angustiado para dentro da
Humanidade, um sorriso amargo num
auto-retrato”. Ricardo Cabaça assina
o texto, Daniela Rosado interpreta.
q 6ª às 19h30 q Grátis
Teatro da Comuna
Pç. de Espanha –217 221 770
Menina Else
Adaptação do romance do austríaco
Arthur Schnitzler sobre uma rapariga
da alta sociedade vienense que, aos
19 anos, tem de salvar a sua família
da ruína. Encenação de Luís Moreira.
q Drama q De 25/2 a 1/3 q 4ª a sáb.,
21h30; dom., 16h q €5 a €10
Teatro da Politécnica
R. Escola Politécnica, 56 –961 960 281
Frágil
Escrita por David Greig para o Theatre
Uncut Project – o projecto de activismo
político que colocou escritores a escre-
verem peças em resposta aos cortes
nos serviços públicos no Reino Unido,
como forma de protesto –, a peça
(interpretada por Pedro Carraca) revela
um tenso diálogo entre Jack, um jovem
dependente de cuidados de saúde
mental, e Carolina, terapeuta do cen-
tro de apoio comunitário que os provi-
dencia e que vai fechar. Ele aparece
de surpresa na casa dela, rega-se com
gasolina e ameaça autoimolar-se.
O público na sala interpreta o papel
dela – pondo-se no seu lugar e assu-
mindo os seus dilemas morais.
q Experimental q De 20/2 a 14/3
q 5ª a sáb., 19h q €6
Teatro da Trindade
Lg. da Trindade, 7-A –213 420 000
Gôda
Ana Lázaro cria e interpreta esta peça
sobre uma “mulher muito antiga” que,
num aniversário, sozinha em frente ao
seu bolo, não sabia quantos anos con-
tar. Parou de somar um dia quando já
tinha contado muitos, por se ter atra-
palhado.
q Drama q De 19/2 a 8/3 q 4ª a sáb.,
21h45; dom., 16h (na Sala Estúdio)
q €10
Teatro-Estúdio Mário Viegas
Lg. do Picadeiro –213 257 650
Os Belos Dias de Aranjuez
Depois de se ter estreado no Lisbon
& Estoril Film Festival (2014), a peça
em francês do austríaco Peter Handke
regressa, com encenação de Tiago
Guedes e interpretações de Isabel
Abreu e João Pedro Vaz.
q Drama q De 19 a 22/2 q 5ª a sáb.,
21h; dom., 17h30 q €12
Porto
Teatro de Marionetas do Porto
R. de Belomonte, 57 –222 083 341
Fausto
Numa homenagem ao fundador do
Teatro de Marionetas do Porto, João
Paulo Seara Cardoso, Roberto Merino
adapta a história de Fausto (a partir de
Christopher Marlowe), fazendo da peça
sobre o homem que fez um pacto com
o diabo um encontro “clássico com a
contemporaneidade, onde a época
é intemporal”.
q Marionetas q De 20/2 a 8/03
q 3ª a sáb., 21h30; dom., 16h q €10
Teatro Rivoli
Pç. Dom João I –223 392 200
Medeia
O colectivo Cão Danado apresenta
uma nova Medeia, que surge da fusão
de uma actriz e de um músico (Rui
Oliveira) “num monólogo interior”.
Assenta na Medeia clássica (de Séneca
ou Eurípides), mas também no seu cru-
zamento com textos contemporâneos,
como “Material Medeia” e “Margem
ao Abandono”, de Heiner Müller.
q Experimental q De 20 a 22/2
q 6ª e sáb., 21h30; dom., 17h q €5
Almada
Teatro Municipal Joaquim Benite
Av. Professor Egas Moniz –212 739 360
O Pelicano
A famosa obra de August Strindberg é
encenada por Rogério de Carvalho e
protagonizada por Pedro Lima e Teresa
Gafeira. Nesta peça, todo o negativis-
mo do autor é resumido numa perso-
nagem: a mãe, que tem nos seus
filhos, Gerda e Fredrik, as vitímas da
sua opressão através da mentira.
q Drama q De 20/2 a 8/3 q 4ª
a sáb., 21h30; dom., 16h q €13
Arcos de Valdevez
Casa das Artes
Jardim dos Centenários –258 520 520
Todo Encaja
Matt Ledding (Canadá) e Nicolás
Cubelli (Espanha) inspiram-se no “vau-
deville” (o típico teatro de variedades
norte-americano dos anos 1930) num
peça que cruza circo, teatro e humor.
q Comédia q 6ª, 22h (repete no sába-
do, às 15h, no Teatro Municipal de
Bragança, e às 21h30 no Teatro Ribeiro
Conceição, em Lamego) q €3
Torres Novas
Teatro Virgínia
Lg. José Lopes dos Santos –249 839 300
Cheio
Filipa Francisco e Thorsten Gruetjen sur-
preendem com “transformações”: um
intérprete pode tornar-se um “clown”
FILIPE FERREIRA
Oamoreuma
personagem
AsTrêsIrmãsq Teatro Nacional
D. Maria II, Lisboaq Tel.
800 213 250 q Até 1/3 q 4.a, 19h;
5.a a sáb., 21h; dom., 16h
q €5 a €17 q Nota 80%
v
Nuno Costa Santos:
“Cyrano deBergerac”
éumacriação fabulo-
sadeEdmondRostand,partin-
do dabiografiado escritorHec-
torSaviniendeCyrano deBerge-
rac(1619-1655),queantecipou
o racionalismo antes do espírito
das luzes. Cyrano transportaum
exagero físico e, ao mesmo tem-
po quedesafiaos queo apon-
tam,sabenomeá-lo deforma
criativaeelegante: “Amo Cleó-
patra. Acaso pareço umCésar?”
É comumamultiplicidadede
cenários degrandepreocupação
plástica(JoséManuelCastanhei-
ra),músicadePedro Carneiro,fi-
gurinos dos Storytailors euma
generosafamíliadeactores que
o D. Mariaapresentaapeça,tra-
duzidaporNuno Júdice,sob a
batutadeJoão Mota.
O resultado éumafestatea-
tralnaqualseelevao sentimen-
to amoroso eacapacidadeque
temdeinspirarquemcultivaum
poético domdapalavra. Diogo
Infanteassumeumpapelparao
qualtemtalento,capazdemis-
turaro cómico eo trágico,deso-
rientando,no melhordos senti-
dos,o público. T
e sacos de papel podem ganhar vida
e ser personagens...
q Comédia q Sáb., 21h30 q €7,50
Vila Real
Teatro de Vila Real
Alameda de Grasse –259 320 000
Gernika
Com texto de Fernando Arrabal,
a Urze Teatro conta a história do
bombardeamento nazi em Guernica,
País Basco (Espanha), que Picasso
depois imortalizou na sua mais famo-
sa obra-prima.
q Drama q 5ª, 10h30 e 14h30
(para escolas) q €2 q 6ª, 22h q €7
Continuam
Teatro Lisboa
Casino Lisboa
Parque das Nações –218 929 000
40 e Então?
Ana Brito e Cunha, Fernanda Serrano
e Maria Henrique falam do que é a
vida, para as mulheres, aos 40 anos.
q Comédia q Até 8/3 q 5ª a sáb.,
21h30; dom., 16h30 q €12 a €16
Clube Estefânia
R. Alexandre Braga, 24A –217 780 987
Marleni – Divas
Prussianas, Loiras
como Aço
Fernanda Lapa e Io Appolloni ficcio-
nam um encontro entre a cineasta
Leni Riefenstahl e a actriz Marlene
Dietrich. Ambas estão velhas e são
símbolos do cinema alemão. Será
que vão voltar à ribalta?
q Drama q De 20/02 a 8/3 q 5ª
a sáb., 21h; dom., 17h q €10
Teatro Aberto
Pç. de Espanha –213 880 089
Amor e Informação
A partir da peça da britânica Caryl
Churchill, e em modo caleidoscópico,
mais de cem personagens desfilam
brevemente pelo palco, num espectá-
culo que pretende trazer à vista os
“múltiplos aspectos da nossa infinita
necessidade de amor e de conheci-
mento”. João Lourenço encena.
q Drama q Até 15/3 q 4ª a sáb.,
21h30; dom., 16h q €15
Teatro da Comuna
Praça de Espanha, Lisboa - 217 221 770
Play Loud
Álvaro Correia, Carlos Paulo, Cucha
Carvalheiro, Lia Carvalho e Vicente
Wallenstein, ao lado do músico Hugo
Franco, interpretam esta pujante
peça do alemão Falk Richter. Em
palco, mostram-se realidades munda-
nas, entre ambições e estados de
alma, através de relações humanas.
q Drama musical q Até 22/2 q 4ª
a sáb., 21h30; dom., 16h q €5
(à 4ª e 5ª) e €10
Teatro da Cornucópia
R. Ten. Raúl Cascais, 1A –213 961 515
Lisboa Famosa
(Portuguesa e Milagrosa)
Luís Miguel Cintra leva à cena uma
mistura de diferentes autos quinhen-
tistas e seiscentistas que revelam a
vida social da época em Lisboa.
Textos de Gil Vicente ou Baltazar Dias
estão na base da peça, que inclui um
retrato de Santo António.
q Comédia q Até 15/3 q 3ª a sáb.,
21h; dom., 16h q €15
Teatro da Politécnica
R. da Escola Politécnica, 56 –961 960 281
Os Acontecimentos
Andreia Bento e João Pedro Mamede
encabeçam um elenco que inclui um
coro ao vivo, para dar vida à peça de
David Greig, inspirada no massacre
de Anders Breivik, que vitimou 68 pes-
soas, em 2011, na Noruega.
q Drama musical q Até 14/3
q 3ª e 4ª, 19h q €5 q 5ª e 6ª, 21h;
sáb., 16h e 21h q €10
Porto
Mosteiro de São Bento da Vitória
R. de São Bento da Vitória –223 401 900
Zerlina
Micaela Cardoso parte de “A Criada
Zerlina”, do austríaco Hermann Broch,
e estreia-se na encenação do espectá-
culo a solo que também interpreta.
A história é a da velha criada que des-
perta para a paixão numa relação
com a patroa e o amante desta.
q Drama q Até 22/2 q 5ª a sáb., 21h;
dom., 16h q €10
Teatro Carlos Alberto
R. das Oliveiras, 43 –223 401 900
Music-Hall
“Music-Hall” (1989) é umas das 25
peças de Jean-Luc Lagarce e apresenta
uma actriz de teatro de variedades e os
seus dois inseparáveis “Boys”, a repre-
sentar uma história de precariedade.
q Drama q Até 1/3 q 4ª, 19h; 5ª
a sáb., 21h; dom., 16h q €10
Dança Lisboa
Teatro Meridional
R. do Açúcar, 64 (Poço do Bispo) –218 689 245
Play False
António Cabrita e São Castro assinam
e interpretam uma coreografia que
recorre a personagens de Shakespeare
(Lady Macbeth, Hamlet, Romeu e
Julieta...) para, através da conversão
das suas palavras e acções em gestos
e movimentos, questionar a condição
humana.
q 6ª e sáb., 21h30 q €10
Teatro Municipal Maria Matos
Av. Frei Miguel Contreiras, 52 –218 438 801
A Tecedura do Caos
A coreógrafa Tânia Carvalho traz a
Lisboa a sua nova criação, que preten-
de dar corpo ao lado emocional da
“Odisseia”, de Homero.
q 6ª e sáb., 21h30 q €7,50
Porto
Teatro Rivoli
Pç. Dom João I –223 392 200
Both SittingDuet + Body
Not Fit For Purpose
Trabalhos do coreógrafo Jonathan
Burrows e do músico Matteo Fargion.
q 6ª, 21h30 q €10
Cheap Lecture
+ The Cow Piece
Mais dois duetos de Jonathan Burrows
e Matteo Fargion. q Sáb., 21h30 q €10
Miúdos
Teatro Lisboa
Lisboa Comedy Club
Av. Duque de Loulé, 22 –213 520 742
ABC – Jogo
do Conhecimento
Neste espectáculo de teatro musical
infantil quem lidera são os dois ami-
gos inseparáveis Gui e Mafalda. Um
dia entram numa sala e são magica-
mente transportados para um enor-
me jogo de tabuleiro onde podem
aparecer visitantes tão inesperados
como D. Afonso Henriques, Newton,
Camões ou William Shakespeare...
q Maiores de 4 q Até 1/3 q Sáb., 17h;
dom., 15h q €8
Teatro Turim
Estrada de Benfica, 723A –217 606 666
Carochinha
Nuno Loureiro adapta ao palco a his-
tória de tradição oral, apresentando
uma versão moderna que inclui
humor, música e acção.
q Maiores de 6 q Até 1/3 q Sáb.,
16h; dom., 11h q €5 (crianças) e €8
Grande Lisboa
Auditório Mun. Ruy de Carvalho
Centro Cívico de Carnaxide –214 170 109
Dois Reis e um Sono
As palavras de Natália Correia habi-
tam este musical para miúdos. A his-
tória de dois reis irmãos, em comple-
to desacordo acerca do sono.
q Maiores de 4 q Até 1/3 q Sáb.
e dom., 16h q €10
Quinta da Regaleira
R. Barbosa du Bocage, Sintra – 219 106 650
Os 3 Mosqueteiros
A partir do romance histórico de
Alexandre Dumas, a companhia
Byfurcação transporta o público
para França, no século XVII, onde
ocorrem as aventuras de D’Artagnan
e dos seus valentes amigos mosque-
teiros: Porthos, Aramis e Athos.
q Maiores de 3 q Até 31/5 q Sáb.
e dom., 16h q €7
Porto
Teatro da Vilarinha
R. da Vilarinha, 1386 –226 108 924
O Lugar Desconhecido
Versão do conto “O Lugar
Desconhecido”, de Álvaro Magalhães,
sobre uma “águia que adivinha o
Tempo” e que anuncia a proximidade
de uma grande “intempestade”...
q Maiores de 4 q De 23/2 a 20/3 q
3ª a 6ª, 11h e 15h (escolas) q €3,40
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
Av. D. Afonso Henriques, 701 –253 424 700
Auto da Barca do Inferno
Duas barcas. Uma conduz ao Inferno.
A outra, ao Paraíso. Quem irá em
qual? É bem conhecido o tema
da famosa tragicomédia alegórica
que Gil Vicente assinou no início do
século XVI, revista aqui pelo grupo
Propositário Azul.
q Maiores de 12 q De 25 a 26/2
q 4ª, 15h; 5ª, 10h30 e 15h q €2
www.sabado.pt GPS
Saiba o que vai acontecer na sua cidade no site
P.42 r Tentações

Exposições
Imagens da vida no Brasil entre a Segunda Guerra Mundial e o início da ditadura militarestão em
exibição na Fundação Calouste Gulbenkian. Há ainda esculturas de Monika Sosnowska em Serralves

FotografaroModernismo
Brasileiro
(Exposição de pioneiros do movimento mostra o quotidiano de 1940 a 1964 )

v
Ágata Xavier:
Quatro fotógrafos –
Thomaz Farkas
umbrasileiro etrês es- Brasília, 1960
trangeiros quefizeramdo Brasil Nasceu em Budapeste, na Hungria, com o nome
o seupaís – mostramo moder- Farkas Tamás György, mas abreviou-o para Thomaz
nismo do Brasilentreos anos de Farkas. Filho do dono da Fotoptica, uma importante
1940e1964naexposição que loja de material fotográfico, foi um dos pioneiros da
inauguranaFundação Calouste fotografia moderna brasileira, ao acompanhar a
Gulbenkian, emLisboa, estesá- construção e inauguração da cidade de Brasília. Fez
bado, 21. É umolharsobreo parte de um dos clubes de fotografia mais importan-
dia-a-diados meios urbanos en- tes do Brasil, o Foto Cine Clube Bandeirante e criou
treaSegundaGuerraMundiale uma galeria especializada em fotografia, a Galeria
o início daditaduramilitarde Fotoptica, em 1979, em São Paulo.
1964até19 deAbril. T
Modernidades: Fotografia
Brasileira (1940-1964)
q Fundação Calouste
Gulbenkian, Av. de Berna, 45,
Lisboa q Até 19/4 q 10h-18h
(fecha 2ª) q €3

Hans GünterFlieg
São Paulo, 1960
Mais um nome que de português do Brasil
tem pouco (ou nada). Chegou com a família a
São Paulo quando tinha 16 anos, fugindo da
repressão nazi. Cedo começou a registar o
desenvolvimento urbano e industrial da cida-
de e a trabalhar profissionalmente como fotó-
grafo de publicidade e arquitectura a partir de
1945, ano em que fundou o seu estúdio. Três
anos depois estava a fotografar o primeiro ca-
lendário Pirelli. Ao dedicar-se à fotografia in-
dustrial fez a ligação entre o documental e o
artístico pois usava as linhas rectas e metálicas
das construções numa lógica próxima da abs-
tracção.

José Medeiros. Rio de Janeiro, 1952
Piauisense, José Medeiros dei-
xou o estado nordestino natal
para viajar pelo país, sempre
acompanhado por uma máqui-
na fotográfica. Inventariou a cul-
tura, as paisagens e as pessoas
criando um espólio de cerca de
20 mil imagens – entre negati-
vos e fotografias em papel. A
cultura afro-brasileira foi um dos
seus temas de eleição. Fez a sua
carreira na revista “O Cruzeiro”,
entre 1928 e 1975, onde regis-
tou o Brasil modernista.
Marcel Gautherot
Bahia, 1940
Nasceu em Paris, filho de uma
operária e de um pedreiro, e foi
aprendiz numa escola de arqui-
tectura até se fartar. Antes disso
apaixonou-se pela Bauhaus e
pela estética de Le Corbusier.
Chegou ao Brasil em 1939 por
causa de “Jubiabá”, o romance
escrito por Jorge Amado que o
fez querer conhecer o país. Insta-
lou-se no Rio de Janeiro, onde
privou com Mário de Andrade,
Carlos Drummond ou Lúcio Cos-
ta, membros da elite intelectual.
Fotografou 18 estados brasilei-
ros, os seus costumes, festas e ar-
quitectura.
Fragmentos
(i)materiais
v
O corpo desfragmen-
tado, descontextuali-
zado e em crise dáo
mote a“Fragmentos (i)mate-
riais”, aexposição que ajapo-
nesaNoriko Yanagisawaleva
ao Museu do Oriente, em Lis-
boa.
As 20 gravuras combinam
técnicas como água-tinta,
água-forte, serigrafia, papel
colado e desenho. T
Fragmentos (i)materiais
q Museu do Oriente, Av. Brasí-
lia, Lisboa q Até 29/3 q 10h-18h
(6ª até 22h; fecha 2ª)q €6
Exposiçãopodeservista
até29deMarço
Sidewinder, versão2015
v
Desintegrar para
construir, é o que faz
Pedro Henriques nas
fotografias que compõem “Si-
dewinder”, aexposição que
inaugura naGaleriaPedro Al-
facinha, em Lisboa, naquinta-
feira, 19 de Fevereiro.
O autortranspõe paraas pa-
redes dagaleriaquinze ima-
SizaDesign em Matosinhos
v
Quando em 1992 Ál-
varo Siza escreveu
“Sobre a dificuldade
de desenhar um móvel” não
desistiu ou dei-
xou de os
fazer. Pelo
contrário.
Aexposi-
ção que
inaugurana
Cadeira
Capitone
Tentações r P.43
Obra de2013
Sosnowska
em Serralves
v
“Arquitetonização”,
que inauguranaFun-
dação Serralves, no
Porto, nasexta-feiradia20 de
Fevereiro, é aprimeiraexposi-
ção que aescultorapolacaMo-
nikaSosnowskaapresentaem
Portugal.
As instalações e objectos em
ferro forjado, feitos desde 2003
até agora, dialogam com o mu-
seu, criado por Álvaro Siza, e o
pátio daAdelina, no exterior. T
Arquitetonização q Fundação
Serralves, R. D. João Castro,
210, Porto q Até 31/3 q 10h-19h
(sáb. e dom. até às 22h)q €8,50
gens provenientes do livro ho-
mónimo“Sidewinder”– que
contou com duas edições, uma
de 2013 e outrade 2015.
Estaúltimaé lançadana
inauguração daexposição. T
Sidewinder q Galeria Pedro
Alfacinha, R. de São Mamede,
25C, Lisboa q Até 21/3 q 14h-
20h (fecha dom. e 2ª)q Grátis
GaleriaMunicipal de Matosi-
nhos no sábado, 21 de Feverei-
ro, mostrapeças de mobiliário,
de cerâmica, de tapeçaria, ouri-
vesariaou ilumináriado
Pritzker(prémio
maiordaarquitectu-
ra) português. T
Siza Design qGal.
Mun.de Matosinhos,
Av. Afonso Henriques,
FOTOS D.R.
Matosinhosq9h-12h30
e 14h-17h30 (sáb. 15h-
18h; fecha dom.)q Grátis
P.44 r Tentações
Inauguram
Exposições Grande Lisboa
Palácio Nacional de Sintra
Lg. Rainha Dona Amélia, Sintra –219 106 840
Camélias e Orquídeas
em Sintra
Mostra de flores. Inclui workshops.
q De 21 a 22/2 q Sáb., 15h-17h30;
dom., 10h-17h30 q Grátis
Porto
Museu de Serralves
R. Dom João de Castro, 210 –226 156 500
Salomé Lamas: Paraficção
O director adjunto e curador sénior
do Museu de Serralves, João Ribas,
inaugura uma nova sala de exposições,
a Sala de Projectos, no 2.º piso do
museu e de entrada gratuita. Salomé
Lamas é a primeira ocupante, com
o filme “Paraficção”.
q De 20/2 a 3/5 q 3ª a 6ª, 10h-17h;
sáb. e dom., 10h-19h q Grátis
Continuam
Exposições Lisboa
Arquivo Fotográfico
R. da Palma, 246 –218 844 060
Palavra Arquivada
Este trabalho de Carla Cabanas parte
de um conjunto histórico de postais
do início do século XX.
q Até 14/3 q 2ª a sáb., 10h-19h
q Grátis
Baginski Galeria/Projectos
R. Capitão Leitão, 51/53 –213 970 719
Cosmos
João Paulo Serafim apresenta traba-
lhos numa exposição cujo subtítulo
é “Sobre Arte, Ciência e Óptica”.
q Até 21/3 q 3ª a sáb., 14h-19h
q Grátis
Carlos Carvalho
– Arte Contemporânea
R. JolyBraga Santos, Lote F –217 261 831
Tóxico Trópico
Obras em desenho e instalação
do artista brasileiro Daniel Caballero.
q Até 2/4 q 2ª a 6ª, 10h-19h30;
sáb., 12h-19h30 q Grátis
Casino Lisboa
Parque das Nações –218 929 000
Alma de Deusa
Pinturas figurativa de Anna Rocheta.
q Até 26/02 q 3ª a 5ª e dom., 15h-3h;
6ª e sáb., 16h-4h q Grátis
Centro Cultural de Belém
Pç. do Império –213 612 400
Homeland, News
from Portugal
Representação oficial portuguesa
na 14ª Exposição Internacional de
Arquitectura da Bienal de Veneza deste
ano, comissariada por Pedro Campos
Costa. Na Garagem Sul (entrada pelo
Jardim das Oliveiras).
q Até 28/2 q 3ª a dom., 10h-18h q €2
A Coisa Mais Importante
Fotografias de Brian Sokol que retra-
tam 14 famílias e as suas histórias de
refugiados do Sudão do Sul. Ao ar livre,
na praça principal do CCB. q Até 8/3
q Todos os dias, 24h q Grátis
Centro de Arte Moderna
– José Azeredo Perdigão
R. Dr. Nicolau Bettencourt –217 823 474
Arshile Gorky e a Colecção
Retrato, Natureza-Morta, Surrealismo
e Abstracção. São estes os quatro
grandes temas desta exposição.
q Até 31/5 q 3ª a dom., 10h-18h
q €5; grátis ao domingos
Isto É Uma Ponte
Não é uma retrospectiva nem uma
mostra de trabalhos recentes. A pintura
do artista francês Bernard Frize surge
no Centro de Arte Moderna pela mão
da curadora e directora Isabel Carlos.
q Até 31/5 q 3ª a dom., 10h-18h q €5;
grátis ao domingos
Antes e Depois
Esculturas de Miguel Ângelo Rocha
numa exposição comissariada por
Nuno Crespo, crítico de artes plásticas.
q Até 31/5 q 3ª a dom., 10h-18h q €5;
grátis ao domingos
Espaço Novo Banco
Pç. Marquês de Pombal, 3-B –213 508 975
Eu (título em construção)
Fotografia e instalação de autores
como Marina Abramovic, Helena
Almeida, Vasco Araújo ou Nan Goldin,
da colecção Novo Banco. Nesta exposi-
ção, comissariada por Hugo Dinis, o
rosto humano serve para investigar
diferentes “eus” e uma possível identi-
dade colectiva.
q Até 31/8 q 2ª a 6ª, 9h-19h q Grátis
Fundação Arpad Szenes
– Vieira da Silva
Pç. das Amoreiras, 56 –213 880 044
Sonnabend.
Paris, New York
Obras de Andy Warhol, Jasper Johns,
Robert Rauschenberg, Roy Lichtenstein,
Jim Dine e George Segal, entre outros,
pertencentes à colecção da Galeria
Sonnabend.
q Até 3/5 q 3ª a dom., 10h-18h q €5;
grátis ao dom. até às 14h
Galeria Filomena Soares
R. da Manutenção, 80 –218 624 122
HelenaAlmeidae ArturRosa
Duas exposições individuais: de Helena
Almeida, que mostra novas fotografias,
ou melhor, desenhos em suporte foto-
gráfico, e de Artur Rosa que apresenta
uma escultura dos anos 1970 e uma
projecção de “slides”.
q Até 7/3 q 3ª a sáb., 10h-20h q Grátis
Galeria Pedro Cera
R. do Patrocínio, 67E –218 162 032
On Shunga
Trabalhos do artista alemão Tobias
Rehberger.
q Até 21/3 q 3ª a 6ª, 10h-13h30 e
14h30-19h; sáb., 14h30-19h q Grátis
Galeria Quadrado Azul – Lisboa
R. Reinaldo Ferreira, 20-A –213 476 280
Protótipos
Francisco Tropa apresenta os seus “pro-
tótipos”, obras datadas dos anos 1990
que detêm ideias desenvolvidas na sua
produção subsequente, inspirando-se
na ideia de “utensílio/instrumento/
máquina”.
q Até 18/4 q 2ª a sáb., 15h-19h30
q Grátis
D.R.
Anarquia
esotérica
Sauvage Européen – Gonçalo
Pena q Galeria Graça
Brandão q R. Caetanos, 26-A,
Lisboa q Tel. 213 469 183
q Até 7/3. 3.a a sáb., 11h-19h
q Grátis q Nota 90%
v
Carlos Vidal:
Georges Bataille,se-
guindoLuquet,acha
queacriaçãodas primeiras obras
dearteserelacionacomas man-
chas esborratadas edesfeitas das
crianças eestas serelacionam
comodesejodemutilareque-
brar(brinquedos,objectos). Esta
exposiçãodeGonçaloPena,pin-
toreilustradorquefezocircuito
dos jornais edas galerias desde
os 90,éaconfirmaçãodaselvaja-
riaeuropeiaedodesenhoeda
pinturacomoaquiloquenão
temlimitenemordem.
Nocaos,nãoseiseviumre-
tratode“Kaboom”,tambémco-
nhecidopor“anarcaesotérico”,
mas conseguiler: “Deixem-me
falar,mas nadatenhoparadi-
zer.” Restaapintura,anarquista,
esotéricaeracional.
Antepassados recentes disto
sãoPettibon,ManuelOcampo
ouShrigley,mas Penafaztudoà
suamaneira: encheagaleriade
imagens ealucinações,mas com
umsaberfazerquetornaúnicos
asuapinturaedesenho. Obriga-
tório. T
Lumiar Cité
R. Tomás del Negro, 8-A –213 521 155
Gravidade
Robin Vanbesien, que vive e trabalha
em Bruxelas, apresenta um filme,
“Gravidade”, produzido durante uma
residência da Maumaus, e uma série
de pinturas.
q Até 22/3 q 4ª a dom., 15h-19h
q Grátis
Módulo - Centro Difusor de Arte
Cç. dos Mestres, 34A/B –213 885 570
Casa das Sete Senhoras
Depois de apresentações, em 2014,
nos Encontros da Imagem de Braga
e no Museu de Ourense, em Galiza,
a série Casa das Sete Senhoras, de Tito
Mouraz, chega ao circuito galerístico.
Eis, assim, uma oportunidade para
apreciar um trabalho que, tendo na
paisagem da Beira Alta o seu motivo
central, se furta ao documental, ao
etnográfico e ao realismo.
q Até 21/2 q 3ª e 4ª, 15h-19h; 5ª
a sáb., 15h-20h q Grátis
Museu Colecção Berardo
Pç. do Império (CCB) –213 612 878
Palmeiras Bravas
/The Current Situation
Exposição individual de Pedro
Barateiro, composta inteiramente por
peças inéditas – esculturas, fotografias,
instalações e filmes – feitas para as
salas do museu. Mas o que investigam
e sugerem são temas e obsessões
recorrentes no seu trabalho.
q Até 24/5 q 3ª a dom., 10h-19h
q Grátis
Museu de Lisboa – Palácio Pimenta
Campo Grande, 245 –217 513 200
Tesouros Submersos
do Antigo Egipto
Esculturas, moedas, objectos de culto
e de uso que fazem referência a várias
épocas do Antigo Egipto. Francisco
Tropa fez obras de arte que podiam
ser artefactos ou pedaços de História.
q Até 22/2 q 3ª a dom., 10h-13h e das
14h-18h (no Pav. Branco) q Grátis
Varinas de Lisboa
– Memórias da Cidade
A história da varina, vendedora de
peixe e símbolo da cidade de Lisboa,
através da obra de artistas plásticos
como João Abel Manta ou Alice Jorge.
q Até 24/5 q 3ª a dom., 10h-13h e das
14h-18h (no Pav. Preto) q Grátis
Museu Rafael Bordalo Pinheiro
Campo Grande, 382 –218 170 667
Bordalo à Mesa
Dentro da exposição permanente
do Museu Bordalo Pinheiro, uma expo-
sição dividida por três salas que se
dedica aos desenhos de Bordalo com
temática gastronómica.
q Até 18/5 q 3ª a dom., 10h-18h q
€1,50; grátis ao domingo até às 14h
Vivinha a Saltar!
Esta exposição apresenta obras em
cerâmica e desenhos de Rafael Bordalo
Pinheiro relativos ao tema da varina,
bem como interpretações contemporâ-
neas por outros autores de um tema
relacionado: a sardinha.
q Até 21/6 q 3ª a dom., 10h-18h q
€1,50; grátis ao domingo até às 14h

Padrão dos Descobrimentos
Av. Brasília –213 031 950
Os Arquitectos São Poetas
Também – Cottinelli Telmo
(1897-1948)
O Padrão dos Descobrimentos recebe
uma exposição sobre o seu autor: o
arquitecto, cineasta, bailarino, poeta,
autor de banda desenhada, fotógrafo,
ilustrador e músico Cottinelli Telmo.
q Até 6/4 q 3ª a dom., 10h-18h q €3
Teatro da Politécnica
R. da Escola Politécnica, 56 –961 960 281
De Novo
Desenhos de Joaquim Bravo, instalados
na sala preta (cheia de janelas que
dão para o Jardim Botânico).
q Até 14/3 q 3ª e 4ª, 15h-21h; 5ª
a sáb., 15h-23h q Grátis
Porto
Câmara Municipal do Porto
Pç. Gen. Humberto Delgado –222 097 000
Um Ano a Desenhar
com a Cidade
Esta exposição revisita os projectos des-
envolvidos pelo Pelouro da Cultura
durante o primeiro ano de mandato,
através dos materiais de comunicação
comissariados a designers e artistas
plásticos, entre finais de 2013 e 2014.
Os projectos são apresentados através
de mupis, desdobráveis, catálogos,
“flyers”, desenhos e pinturas de criado-
res como Bolos Quentes, R2, Manuel
Granja ou Pedro Cabrita Reis.
q Até 6/3 q 2ª a 6ª, 10h-18h q Grátis
Casa-Museu Guerra Junqueiro
R. de Dom Hugo, 32 –222 003 689
Histórias de Travessas:
a Mesa bem Servida
O ponto de partida desta exposição
são duas “plantas” de mesa encontra-
das em livros de cozinha, pertencentes
à Biblioteca Nacional e à Biblioteca
do Palácio Nacional de Mafra.
q Até 18/5 q 2ª a sáb., 10h-17h30;
dom., 10h-12h30 e 14h-17h30 q €2,20;
grátis ao fim-de-semana
Culturgest
Av. Aliados, 104 (Edifício CGD) –222 098 116
Pinceladas de Celulóide:
uma antologia da percepção
fílmica do artista de 1942
até hoje
Obras de Jos de Gruyter e Harald Thys,
Koenraad Dedobbeleer, Bernard Voïta
e Danh Võ, entre outros, numa exposi-
ção organizada pelo colectivo
Établissement d’en face em 2011.
q Até 24/4 q 2ª a sáb., 12h30-18h30
q Grátis
Dama Aflita
R. da Picaria, 84 –927 203 858
Spleen
Júlio Dolbeth apresenta trabalhos
em desenho e pintura.
q Até 14/3 q 2ª a sáb., 15h-19h
q Grátis
Fundação EDP
R.Ofélia Diogo da Costa, 39
In Utilitas
A pergunta desta 8ª edição da exposi-
ção Remade é “Será que já não cabe
mais nada nas artes?”. q Até 1/3
q 3ª a dom., 13h-19h q Grátis
Galeria Adorna Corações
R.Miguel Bombarda, 10
Memórias
Fotografias de Ingrid Milhaud e joalha-
ria de Estefânia R. de Almeida, Malgo
e Miguel Ângelo.
q Até 5/3 q 2ª a sáb., 12h-20h q Grátis
Galeria Artes Solar Sto. António
R. do Rosário, 84 –222 013 009
Cura 2015
Colectiva de artistas convidados
pelo escritor Valter Hugo Mãe.
q Até 28/2 q 3ª a 6ª, 15h-19h; sáb.,
14h-20h q Grátis
Galeria Fernando Santos
R. Miguel Bombarda, 526/536 –226 061 090
Esculturas e Desenhos:
obra recente
Esculturas em madeira de buxo,
mogno e tola (sete no total) de Alberto
Carneiro, acompanhadas por uma série
de desenhos.
q Até 14/3 q 3ª a 6ª, 10h-12h30 e 15h-
-19h30; 2ª e sáb., 15h-19h30 q Grátis
Galeria Pedro Oliveira
Calçada de Monchique, 3 –222 007 131
Espelho Negro
Rita Magalhães apresenta obras
que usam o suporte fotográfico.
q Até 21/3 q 3ª a sáb., 15h-20h
q Grátis
Galeria Porto Oriental
R. Barros Lima, 851 –225 102 456
Uma Viagem Linear
Trabalhos em pintura de Rui Sousa.
q Até 21/3 q 3ª a sáb., 15h-19h
q Grátis
Galeria São Mamede
R. D.Manuel II, 260 –226 099 589
Gervásio
Obras em pintura do autor Gervásio.
q Até 5/3 q 3ª a 6ª, 14h-20h; sáb.,
15h-20h q Grátis
Galeria Vieira Portuense
Lg. dos Lóios, 50 –222 005 156
Consequência de Um Poema
Pintura figurativa de Dunieski Garcia.
q Até 7/3 q 2ª e sáb., 9h30-12h30
e 14h-19h; 3ª a 6ª, 14h-19h q Grátis
MCO Arte Contemporânea
R. Duque de Palmela, 141/143 –225 102 328
A Survivor is Born
Pintura de Ana Allen.
q Até 7/3 q 4ª a sáb., 15h-19h q Grátis
Museu de Serralves
R. Dom João de Castro, 210 –226 156 500
Oskar Hansen:
Forma Aberta
A obra do arquitecto, urbanista, artista
e pedagogo polaco.
q Até 3/5 q 3ª a 6ª, 10h-17h; sáb.
e dom., 10h-19h q €850; grátis
ao domingo até às 13h
Pode o Museu Ser
um Jardim?
Obras de Vasco Araújo, Stanley
Brouwn, Fernando Calhau e Alberto
Carneiro, entre outros, numa exposi-
ção que investiga as ligações entre
a natureza e o espaço do museu.
q Até 13/9 q 3ª a 6ª, 10h-17h; sáb.
e dom., 10h-19h q €8,50; grátis
ao domingo até às 13h
Teatro Rivoli
Pç. Dom João I –223 392 200
A Medida do Ocidente,
Viagem na Representação
Álvaro Siza mostra 60 desenhos e
Giovanni Chiaramonte apresenta em
diálogo 40 fotografias. Mostra comis-
sariada por Roberto Cremascoli e Laura
Geronazzo, com desenho expositivo
da Cremascoli Okumura Rodrigues.
q Até 31/3 q 2ª, 13h-18h; 3ª a sáb.,
13h-20h q Grátis
Grande Porto
Caves Porto Cálem
Av. Diogo Leite, 344, Vila Nova de Gaia
–223 746 660
Douro, da Nascente
até à Foz
Pintura de António Casimiro Moreira.
q Até 12/4 q Todos os dias, 10h-18h
q Grátis
Almada
Casa da Cerca – Centro
de Arte Contemporânea
R. Cerca (Almada Velha) –212 724 950
Monólito
A obra “Monólito”, de Pedro Vaz,
é composta por um filme e uma escul-
tura. Parte integrante do Festival
Temps d’Images Lisboa.
q Até 24/5 q 3ª a 6ª, 10h-18h; sáb.
e dom., 13h-18h q Grátis
Braga
Museu Nogueira da Silva
Av. Central, 61 –253 601 275
The Wall ofPleasure
Instalação de Tiago Estrada que inclui
uma composição sonora feita pelo
autor, em parceria com Adolfo Luxúria
Canibal e António Rafael.
q Até 26/2 q 3ª a 6ª, 10h-12h e 14h-
-18h30; sáb., 14h-18h30 q Grátis
SomethingStrange
Obras de Joana Pimentel.
q Até 3/3 q 3ª a 6ª, 10h-12h e 14h-
-18h30; sáb., 14h-18h30 q Grátis
Coimbra
CAPC – Círculo de Artes Plásticas
de Coimbra
Parque de Santa Cruz, Jardim da Sereia (Piso -1
da Casa Municipal da Cultura) –239 401 764
Alpha Béton
Obras de Nuno Cera.
q Até 28/2 q 3ª a sáb., 14h-18h
q Grátis
Colégio das Artes
Colégio das Artes, Ap. 3066 –239 857 019
Configuracões
(im)prováveis
Fotografias de Filipe Branquinho e
Mauro Pinto. Uma mostra coordenada
por Alexandra Pinho e Jorge Figueira.
q Até 6/3 q 2ª a 6ª, 14h-18h q Grátis
Évora
Fórum Eugénio de Almeida
Lg. do Conde de Vila Flor –266 748 350
Tão alto quanto
os olhos alcançam
Exposição que cruza a arte sacra (desde
o século XV) com arte contemporânea.
q Até 15/3 q 3ª a dom., 10h-19h q €4;
grátis ao domingo, das 10h às 13h
Tentações r P.45
Miúdos
Exposições Lisboa
Museu da Água – Estação
Elevatória a Vapor
dos Barbadinhos
R. Alviela, 12 –218 100 215
Museu da Água
Uma renovada exposição permanen-
te, que aborda quatro temas cen-
trais: “A Água no Planeta Terra”,
“A História do Abastecimento de
Água”, “Água: Ciência e Tecnologia”
e “Água: Educação e Sensibilização
Ambiental”.
q Maiores de 6 q Até 31/12 q 3ª a
sáb., 10h-12h30 e 13h30-17h30 q €5
Museu de Lisboa
– Palácio Pimenta
Campo Grande, 245 –217 513 200
Lisboa 1755. A Cidade
à Beira do Terramoto
O Museu da Cidade, em conjunto
com a empresa portuguesa SWD
Agency, recriou virtualmente ruas,
praças e edifícios emblemáticos da
capital antes da destruição provocada
pelo sismo de 1755.
q Maiores de 8 q Até 31/12 q 3ª
a dom., 10h-13h e 14h-18h q €2
Museu da Marioneta
R. Esperança, 146 –213 942 810
Monstra 2015
Exposição do Festival de Animação
que este ano apresenta os cenários
e adereços do filme “Papel de Natal”,
de José Miguel Ribeiro, e marionetas,
cenários e adereços de todos os fil-
mes de marionetas em “stop-
motion” de Spela Cadez.
q Maiores de 4 q De 19/2 a 19/4
q 3ª a dom., 10h-13h e 14h-18h q €5;
até 30 anos: €3; escolas: €1,50
grátis ao domingo de manhã
Grande Lisboa
Biblioteca Municipal Fernando
Piteira Santos – Bedeteca
Av. Conde Castro Guimarães, 6, Amadora
–214 369 054
O Resto da Revista –
O que (quase) fica de fora
das histórias de banda
desenhada
Exposição comissariada por Mário
Moura, parte do espólio bibliográfico
da Bedeteca.
q Maiores de 6 q Até 31/3 q 3ª
a sáb., 10h-18h q Grátis
Grande Porto
Solar – Gal. Arte Cinemática
Solar de S. Roque, V. do Conde –252 646 516
Estação Animar
Colectiva baseada no tema das via-
gens e na curta-metragem”Fuligem”,
de David Doutel e Vasco Sá (2014).
A mostra inclui filmes dos primórdios
do cinema e fotografias. Parte inte-
grante das celebrações da 10.ª edição
da Animar, projecto dedicado ao
cinema de animação.
q Maiores de 6 q Até 1/6 q 3ª a 6ª,
14h30-18h; sáb. e dom., 10h-12h30
e 14h30-18h q Grátis
www.sabado.pt GPS
Saiba o que vai acontecer na sua cidade no site
P.46 r Tentações
Não, não passou nenhum camião porcima destas peças de roupa nem ninguém as usou antes de serem
postas à venda. Já estava na altura de lhe falarmos de uma das tendências de moda deste ano
v Mulher
Sara Chaves:
As avós deitam as
mãos à cabeça e vão
a correr buscar a caixa da cos-
tura. Muitos amigos, em tom
de troça, perguntam “se não
havia mais cinco euros para
comprar o resto das calças”.
Os peritos da moda chamam-
-lhes “destroyed jeans” (calças
destruídas) e não têm dúvi-
das: é uma das tendências
para este ano.
Com pequenos rasgões ou
grandes buracos, as calças de
ganga das novas colecções das
marcas parece que foram atro-
peladas numa auto-estrada em
hora de ponta mas se levanta-
ram imediatamente, prontas
para continuar o seu caminho
– é que mesmo novas têm um
ar rasgado e destruído.
Esta semana sugerimos-lhe
dez calças de ganga (são cinco
para homens e cinco para mu-
lheres, mas sinta-se à vontade
para experimentar todas) de
vários tons, mais curtas ou
mais compridas, mais justas
ou mais largas.
E há outra hipótese: dar
uma nova vida a um modelo
que já tem dentro do armário.
Se preferir essa opção, siga os
sete passos que explicamos
em baixo e rasgue-as em casa,
sem gastar dinheiro. T
Querrasgar
assuas
calçasem
casa?
Estilo
Blanco
R. Garrett, 25-35,
Lisboa
R. de Santa Catarina,
370-374, Porto
Preço: €29,99
Zara
R. Augusta, 157-171,
Lisboa
Arrábida Shopping,
Vila Nova de Gaia
Preço: €29,95
Escolha bem as calças. Opte por
1
um modelo que se adeque ao
seu corpo e que já tenha há al-
gum tempo – além de não se
aventurar logo com as calças
que comprou no último fim-de-
semana, acaba por trabalhar
umas que já conhece bem. As
de tons mais claros dão um re-
sultado mais natural – parecem
mesmo gastas.
Levi’s
R. Nova do Almada,
105, Lisboa
C. C. Norte Shopping,
Matosinhos
Preço: €99
TopShop
www.topshop.com
Preço: €59
Lefties
Olivais Shopping,
R. Cidade de Bolama,
Lisboa
R. Santa Catarina,
307-309, Porto
Preço: €19,99
Pense durante algum tempo Organize os materiais de que
2
qual é o estilo que quer: buracos
pequenos ou grandes, muitos
rasgões pelas calças todas ou só
alguns. Mesmo que não tenha
nenhum Picasso em si, desenhe
alguns modelos. Pesquise nos si-
tes das marcas – muitas vezes há
3
precisa. Se quiser fazer buracos
tem de ter uma tesoura ou um x-
acto. Se preferir uns rasgos,
para dar a ideia de que as calças
estão gastas, compre lixa ou use
pedra pomes. Uma dica: procure
ter uma superfície dura perto de
imagens de pessoas com calças si para pôr dentro das calças
vestidas e a partir daítira logo al- quando as for cortar – não vá
gumas ideias. cortar os dois lados do tecido.

Quando for escolher jeans,
por favor tenha algum rasgo
(Dez sugestões para homem e mulher e ainda um faça você mesmo)
Homem
Zara
C. C. Vasco da Gama,
Lisboa
Dolce Vita Porto, Porto
Preço: €39,95
H&M
R. do Carmo, 42, Lisboa
C. C. MarShopping,
Matosinhos
Preço: €39,99
Estenda as suas calças numa
4
mesa ou mesmo numa tábua de
passar a ferro e delimite com
uma régua e um lápis as zonas
onde planeia fazer uma obra de
arte. Se se sentir mais seguro (e
quiser os buracos ou rasgos mais
ou menos do mesmo tamanho),
vá anotando num papel as medi-
das e os formatos que está a
usar para que nada lhe escape.
Depois de delimitar tudo, colo-
5
que a superfície dura dentro das
calças e comece a pressionar as
zonas que quer rasgar com lixa
ou pedra pomes (se lhe der mais
jeito vá alternando os materiais).
Com o tempo (e dependendo da
espessura das calças que esco-
lheu trabalhar), o tecido vai co-
meçar a ficar mais fino e frágil.
Prepare-se.
Tentações r P.47
Bershka
R. Augusta, 71-81, Lisboa
C. C. Norte Shopping,
Matosinhos
Preço: €39,99
Levi’s
Amoreiras Shopping
Center, Lisboa
Arrábida Shopping,
Vila Nova de Gaia
Preço: €99
Mango
C. C. Colombo, Lisboa
Arrábida Shopping,
Vila Nova de Gaia
Preço: €49,99
Agora tem duas opções: se qui- Se não se importa que, com o
6
ser apenas rasgos, fique-se por
puxar com um x-acto apenas os
fios brancos das calças. Se prefe-
rir mesmo buracos, faça um pe-
queno corte com a tesoura na
zona gasta e aumente-o com as
suas próprias mãos. Depois puxe
7passar do tempo, os buracos au-
mentem, não precisa de ler este
ponto. Caso se preocupe com o
tamanho dos rasgos (e não quer
mostrar demasiado ao mundo),
à medida que as calças forem la-
vadas e usadas vá costurando
também os fios brancos, para o em redor dos rasgões, à mão ou
rasgão parecer o mais natural à máquina (ou peça a alguém
possível. para fazê-lo).
P.48 r Tentações

Espaços
Empate técnico: duas lojas novas em Lisboa e outras duas no Porto. Decoração de interiores,
livros de cinema, roupa e malas de viagem – muitas sugestões para iràs compras
Pura cal
Comumaprimeiralojaaberta
em2010, aPuraCalreinventa-se
cincoanosdepoiscomumnovoes-
paçonaLXFactory,emLisboa.
Criada porJoão Bernardes Vile-
la e Tiago Patrício Rodrigues fun-
ciona como um atelier, uma loja e
uma galeria, assim mesmo, três-
em-um. Aqui encontra produtos
da marca Pura Cal, com peças de
designers e artesãos portugueses
–o que faz disto uma loja, claro.
Como realiza projectos de ar-
quitetura, design e interiores, aca-
ba porsertambém um atelier–
caso esteja a remodelaruma casa
é o sítio ideal para teraconselha-
mento ou comprarmateriais, so-
bretudo de interiores, como teci-
dos, papéis de parede, tapetes ou
iluminação especializada.
Finalmente, funciona ainda
como uma galeria, estando previs-
ta a realização de seis a oito expo-
sições anuais.
Pura Cal R.RodriguesFaria,103,LXFactory,
LisboaTlf.: 962921413 Horário: 11h-
-20h(dom.12h-17h;fecha2ª)
Linha de sombra

O nome relembra uma das úl-

timas obras que Joseph Con-
rad assinou,“Linha de Sombra”.
Esta livraria especializada vende
sobretudo livros ligados ao cine-
ma e filmes, ou não ocupasse
ela um cantinho da Cinemateca
Portuguesa –Museu do Cinema,
em Lisboa.
Se procura a biografia de Audrey
Hepburn, “Casa de Lava –Cader-
no”, de Pedro Costa, ou “Os mais
antigos cinemas de Lisboa: 1896-
1939”, de FélixRibeiro, é aqui que
os encontra sem terde procurar
muito. Abriu a meio de Janeiro e é
um bom lugarpara fazertempo
antes da sessão começar.
Linha deSombraR.BarataSalgueiro,39,
LisboaTlf.: 213570328Horário: 13h-
-22h(fechadom.)
 Tentações r P.49

Dê uma volta à casa, ao roupeiro

e à estante dos livros e vá viajar
(Novidades fora do circuito das grandes cadeias)
Rimowa
OPortoestánarotadasmar-
casdeluxointernacionais.Depois
damarcaalemãdemalasdevia-
gemRimowaterabertoemLisboa,
em2013,inaugurourecentemente
asuasegundalojaemPortugal,na
AvenidadosAliados.
São 100 metros quadrados divi-
didos em duas partes. Numa, em
tons escuros, encontram-se as ma-
las de alumínio, das colecções To-
pas e Topas Titanium. Na outra
parte estão as colecções coloridas,
fabricadas em policarbonato,
como a Salsa Deluxou a Salsa Air.
Criada porPaul Morszeck, a Rino-
wa marcou a diferença logo no iní-
cio do século XX, quando come-
çou a tentar(e conseguiu) reduzir
o peso de malas e baús e desen-
volverdesigns cómodos e práticos
para transporte.
Rimowa Av.dosAliados,145,Porto
Tlf.: 918724531 Horário10h-13h30
e14h30-19h(fechadom.)
Cubik

Chama-seCubikporque,como
umcubo,temváriasfaces.Éuma
lojaderoupadeautor,desegunda
mão,dedesign,mobiliárioedeco-
ração.Temtambémumacafetaria
comhappyhoursentreas18heas
21h.Alojaescolhemarcasdenovos
designersquevendemassuaspe-
çasonlineeemmercadosnacio-
naiseinternacionais,havendotam-
bémespaçoparapeçasúnicas.A
prioridade,contudo,édadaaosde-
signersportugueses.PeçasdeJane
Insane,B_Akward,projectodaMa-
rianaRamos,eoutrascomoG
Thang,Chick’piueRenaestãolá.A
Cubikétambémgaleriade
arte,ondeosartistasportugueses
podemmostraroseutrabalho.Ac-
tualmenteestãoemexposiçãotra-
balhosdeLeo.
CubikTrav.deCedofeita,51,Porto
FOTOS D.R.

Tlf.: 223261725 Horário14h-22h(5ª,6ª

esáb.atéàs2h;fechadom.)

Novosbares, restaurantesqueacabamdeabrirasportas, filmesqueestreiamegaleriascomnovas
propostas– todasasnovidadesquelheinteressamestãoaqui, na palma da sua mão. Divirta-se
Onde comer sabores
africanos?
(Dizemos-lhe os melhores sítios para ir)
v iii
Lisboa e Porto estão
cada vez mais africa-
nos – nas pistas de
dança, nos cabeleireiros, nas
lojas e no prato. Esta semana a
It’s Appning associa-se à re-
vista especial “Africa Power”
que a SÁBADO pôs nas bancas
em parceria com o “New York
Times” e faz-lhe um roteiro
africano à mesa.
O Zambeze, em Lisboa, e o
Tambla, no Porto, são duas
das sugestões que pode en-
contrar (com mais pormenor)
na aplicação. Aproveite o fim-
de-semana para sair e conhe-
cer o que há de mais africano
em Portugal. T
Tentações r P.50
Como
descarregar
eusaresta
app?
Vá a itunes.apple.com/us
/app/its-appning. A app é
gratuita. Lá encontra suges-
tões para três dias, numa ti-
meline para percorrer na ver-
tical. Em cima, na horizontal,
estão os destaques: Love is in
the Air, Africa Power, New
Restaurants, It Don’t Cost a
Thing e Music for the Soul.
Zambeze
Fica em Lisboa e é um nome a
decorar se quer explorar a gas-
tronomia moçambicana. Está
aberto das 10h às 23h e serve
pratos como caril de carangue-
jo (€22) ou camarão com quia-
bos e leite de coco (€18).
Tambla
Da cozinha de Albertino Almei-
da saem pratos tradicionais.
Experimente gigoti (€8), fei-
joada de polvo (€9,90), ou pi-
cantes pastéis de milho com o
diabo dentro (€2,50). O preço
médio? €20.
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www.galadepremios.com. Para mais informações contacte a linha de apoio à campanha 218 941 274 (dias úteis, das 9h às 13h e das 14h às 18h). Acção desenvolvida
pela TLC Marketing Ibérica, Lda. Imagens não contratuais.