Vous êtes sur la page 1sur 3

Para entrar no terceiro milênio

Eles já estão entre nós


Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Augusto de Franco: Escola-de-Redes (06/01/10)

O terceiro milênio ainda não começou. Sobre a primeira década deste


século, que ora se esvai, podemos afirmar que o que nela vivemos foi, em
grande parte, uma espécie de rescaldo do século 20.

A despeito do inegável avanço econômico-quantitativo dos últimos dias, sob


vários aspectos pode-se afirmar que os anos 2000 significaram um
retrocesso em relação à década anterior.

Grandes “verdades” do final século 20 não foram ainda revistas, conquanto


não faltem evidências de seu envelhecimento. Quatro exemplos eloqüentes:
1 - O mundo virou uma aldeia global? Não. Está virando miríades de aldeias
globais.

2 - Pensar globalmente e agir localmente? Não. Pensar e agir glocalmente!

3 - Sustentabilidade é resguardar recursos para as futuras gerações? Não. É


aprender a fluir com o curso...

4 - Pobreza é insuficiência de renda? Não. É falta de conexões e atalhos


entre clusters.

Ainda não logramos perceber o que está em gestação neste período. A


revelia dos cegos “líderes mundiais” e além da compreensão dos analistas
de governos e corporações, grandes movimentos subterrâneos estão em
curso neste momento. De modo molecular, distribuído e conectado de sorte
a formar um feixe intenso de fluxos, estão se articulando e se expressando
glocalmente experiências inovadoras que tendem a alterar na raiz a
estrutura e a dinâmica da sociosfera. Eis quatro exemplos fulcrais do que
está emergindo:

1 - Não-Escolas: comunidades de aprendizagem (homescooling e,


sobretudo, communityschooling, cada vez mais na linha de unschooling) em
rede, sem currículo e sem professor e aluno.

2 - Não-Igrejas: formas pós-religiosas de espiritualidade, livres das


ordenações das burocracias sacerdotais vendedoras de ilusões.

3 - Não-Partidos: redes de interação política (pública) exercitando a


democracia local na base da sociedade e no cotidiano dos cidadãos.

4 - Não-Estados-nações: cidades inovadoras que assumem a governança


do seu próprio desenvolvimento em rota de autonomia crescente em
relação aos governos centrais que tinham-nas por seus domínios.

Nada disso está sendo percebido pelos mantenedores do velho mundo que
são, invariavelmente, “net-avoids”, ou seja, aqueles que desconfiam das
redes quando não deveriam fazê-lo, posto que justamente em uma época
de transição para uma sociedade em rede. E estes são, quase sempre,
hierarcas. Não conseguem ver o que está ocorrendo porque, do lugar onde
operam, objetivamente, contra os novos mundos que estão emergindo, a
mudança não pode mesmo aparecer. Alguns exemplos dessas categorias –
que freqüentemente se misturam e incidem em alguma combinação
particular sobre um mesmo indivíduo “vitorioso” (segundo os critérios do
milênio pretérito) – merecem ser destacados: os colecionadores de
diplomas, os codificadores de doutrinas, os vendedores de ilusões, os
aprisionadores de corpos, os construtores de pirâmides, os fabricantes de
guerras e os condutores de rebanhos.

A resiliência dessas velhas funções, agenciadoras de um tipo de mundo que


teima em não desaparecer, não está conseguindo impedir o surgimento de
novos papéis sociais que antecipam uma nova época.

Caminhando fora dos trilhos estabelecidos, emergem a cada dia novos


atores do mundo glocalizado. Sim, eles já estão entre nós. Não são
conhecidos porquanto não são pessoas que ficaram famosas segundo o que

2
até então era considerado indicador de sucesso: pelo seu poder, pela sua
riqueza ou pelo seu conhecimento atestado por títulos. Quem são? Ora são
os múltiplos anônimos conectados, habitantes de uma diversidade incrível
de Highly Connected Worlds, que não foram produzidos por broadcasting.
São como aquele personagem do romance “Distraction” de Bruce Sterling
(1998) que, para se identificar, afirmou: “Não temos raízes. Somos pessoas
da Rede. Temos antenas”.

Tais papéis inéditos que estão sendo produzidos pela (ou em) rede são
também múltiplos. Por enquanto só conseguimos divisar alguns. Três
exemplos marcantes são os hubs, os inovadores e os netweavers.

Nas próximas décadas, ao que tudo indica, a livre interação de múltiplos


mundos altamente conectados, estruturados com outras topologias e
regidos por outras dinâmicas, vai substituir processualmente as
remanescências deste mundo aprisionado, sob o influxo de velhas
narrativas ideológicas totalizantes, em grandes estruturas hierárquicas
unificadoras top down.

A nova integração será fractal. Os novos sistemas de governança confluirão


para uma ecumene planetária, ao mesmo tempo global e local. Teremos
não uma aldeia global, mas miríades de aldeias globais. E cada local
conectado será o mundo todo.

Que seja essa a promessa do terceiro milênio. Quando ele começar.

Para acompanhar o desenvolvimento deste texto clique no link abaixo:

http://migre.me/hyxE

Vous aimerez peut-être aussi