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«0 MUNDO EM QUE VIVI 4» Depois de ter lido a 1a da minha mie, 0 avo suspirou como se fosse assaltado por uma dor forte: ~ So me faltava mais esta. E depois duma pausa: Rose Katarina, queres deixar 0 teu av6? Nao quero, nao quero, respondi. Que mais podia ter respondido? Nao estava ha muito combinado que nunca o deixaria? Noentanto, muita coisa se modificara em nossa casa. O avo ji nao brin cava comigo, passava os dias sentado no sofa, de ollios tristes ede pernas in- chadas metidas num balde de agua. Que era feito do meu avo Markus, homem sem igual, que me levava as cavalitas para a mesa, contaya as mais maravilhosas hist6rias e cantava as mais lindas cangOes? Acabaram-se as nossas horas intimas, acabaram-se as visitas a lojado sr. Meyer, acabaram— -se as cumplicidades alegres enquanto a av6 lavava a louga na cozinha. Era ‘a.av6 quem, pela manhi, batia o ovo na chavena para depois me chamar: “Levanta-te, mandriona, O café ja esta frie”. Os teus pais querem que vas viver com eles, continuou 0 avd, E que tens de aprender a lere a eserever. Quero aprender com a senhora Lebehuhn, avo. Um sorriso de satisfagao deslizou-lhe pela cara: - Dizes bem, filhinha. Pediu-me que the levasse 0 bloco de cartas e a caixa de charutos em que guardava a tinta azul e a vermetha, a pena e os lapis. Comegou a escrever uma carta que, como a mao Ihe tremia, levou muito tempo aacabar, Fazia pensar num menino a escrever, de tao desajeitado, ele, que costumava de senhar letras bonitas, para cima finas, para baixo grossas. Dias depois chegou o meu pai num carro de cavalos, beijou-me na testa edisse: Estds bonita. E que precisava de falar com os avés. Vai a sala de visitas ver os élbuns, Rose, propuseram-me, ¢ a avé abriu. me a porta sem objecao. Mas cu no queria saber dos dlbuns, queria saber o que se dizia na outra sala, Tratava-se de mim, eu bem sabia, ¢ isso ndo me podia deixar indife~ rente, Gelada, a sala de visitas. Antipdticas, as capas brancas que cobriam 0 sofa ¢ os maples. Tive med. Sentei-me no sofa como se fosse uma visita estranha e esperei. Finalmente chamaram por mim. ~ Rose, amor, disse oavd, esbogando um gesto Leu pai, Os filhos pertencem aos p Tao velho, tao cruelmente velho o meu avo Markus. ansado ~, tens de ir com ais, 6a lei da vida Nao! Nao vou! Nao vou!, gritei. O avé abanou a cabeg ~ Vamos 08 dois canta “Tenho de deixar a minha cidade.. 45 Deuotom eentrei. A sua voz era quebrada ea minha desafinada. Alguém de fora talvez se risse ao ouvir-nos cantar, mas as duas pessoas junto de nds, aavé Ester e 0 seu filho mais velho, sabiam: a um homem doente de corpo c alma estava a ser roubada a ultima alegria lagrimas nos olhos. Decerto era por isso que tinham, 20 Maseu, de stibito, senti-me invadida por um rancor. Rancor por o meu avo ja nao ser o homem bonito, forte, protetor, por o seu cabelo estar reduzido a umas pobres repas desalinhadas, por ter pernas grossas como cepos ¢ metidas num reles balde de agua. Achei-me atraigoada, miseravelmente atraigoada Mas apesar disso recusei-me a seguir o meu pai, que entao resolveu lan ss car-mea isca: Repara, minha filha, s6 queremos o teu bem. E ainda nao te disse que a lua mae Le comprou um lindo vestido de seda. ~ Onde esta? ~ Em casa, a tua espera. so “Em casa”, disse. Viera para me tirar da minha casa e ia levar-me para casa... Mas um vestido de seda? Ina tinha vestidos de seda. A avé nunca me deixara usar nenhum. Abracei o avo Markus, beijei-Ihe a cara, em tempos tao bela. Segui o pai. Reprimi os solugos. Virei-me. E para sempre levei a imagem: © um velho alquebrado, de kigrimas a cairem no jode descurado. “Limpa ahoca, avo”, dizia euem tempos. “Ora, ora”, respondia ele, um poucoem- baracado. Agora nenhum de nés falou. Os nossos olhares cruzaram-se pela uiltima vez. A avé acompanhou nos a rua. Silenciosa, de porte rigido, beijou-me yo na testa. Sé boa, Rose, disse. E mais nada. Subi com o pai para o carro. Ao de leve, tocou com 0 chicote no dorso do cavalo, que se pos trotar. ~ Adeus! Adcus! © Ocarro ganhoua subida da rua, A silhueta negra da av6 Fster permane- ceu imével e cada vez mais pequena. Havia a rosa dum vermetho carregado no frisoda tantes em terras distantes. Havia vestidos de seda. Ea miragem dum mundo desconhecido tomou conta de mim nela. Havia rosas dis~ tke Losa, © Mundoem que Viet, Porto, Fdigoes Afrontamento, 1987, pp. SO-S2 ‘Saber Ler 1 ON icio do texto, é comunicada uma novidade aos presentes. 1.1. Identifica: a) a personagem que anunciou essa novidade. b) omeio através do qual teve conhecimento da mesma. c) oemissor da novidade. d) as pessoas visadas pela noticia comunicada. 2. Oantincio feito ve perturbar a tranquilidade das personagens. 2.1. Comenta a reacao da netae do avo. 3. “Dias depois chegou o meu pai num carro de cavalos [....” (inha 28) 3.1. Esclarece o objetivo da visita do pai. 4, “= Vaia sala de visitas ver os slbuns, Rose [...].” (linha 22) 4.1. Indica 0 que motivou a ordem dada a Rose. 4.2. Relaciona o estado de espirito de Rose com a descricao da sala. 5. Adadaaltura, Rose sente-se traida 5.1. Explica o que despertou esse sentimento em Rose. 5.2. Transcreve a enumeracao que evidenciz aimagem afetuosa do avé Markus. 6. "[...]o meu pai[...] entao resolveu lancar-me aisca [...]"{iinhas 54-55) 6.1, Esclarece 0 sentido da expressio sublinhads. 6.2. ustifica a atitude do pai. 7. “Viera para me tirar da minha casa e ia levar-me para casa...” (inhas 50-61) 7.1. Esclarece 0 sentido da afirmacao anterior 8. OavOMarkuse a ave Ester manifestam-se de forma diferente relativamente 3 partida da neta, 8.1. Estabelece a comparacao entre a reacao de ambos. 9. Atribui um outro titulo sugestivo ao texto, justificando a tua escolha. 10. “Deu o tom e entrei. A sua voz era quebrada e 2 minha desafinada. Alguém de fora talvez se risse ao ouvir-nos cantar, mas as duas pessoas junto de és, 2 av6 Ester e 0 seu filho mais velho, sabiam: a um homem doente de corpo e alma estava a ser roubada a tltima alegria.” linhas 4522) 10.1. Classifica o narrador do texto quanto & presenca 10.2. Reescreve o excerto transcrito como sede um narrador nao participante se tratasse. 2. Léas frases com atencdo. a) Rose Katarina nao queria deixar 0 avo. b) *- Rose Katarina, queres deixar 0 teu av0?” linha 5) 2.1. Completa a frase seguinte: R —_Naprimeira frase, Rose Katarina desemnpenha a fungio sintatica de na segunda, a de vocativo, ocotrendo neste caso sepatado do predicade por uma 2.2, identifica 0 vocativo, nas frases que se seguem. a) "~ Quero aprender com a senhora Lebehuhn, v6." (isha 20) b) “~ Vai a sala ver os élbuns, Rose [..].” (linha 32) c) "= Rose, amor, disse 0 avd, esbocando um gesto cansado|..]" inna 29) 4) *~ Repara, minha filha, 6 queremos o teu ber.” (nhs 6) ¢) *- Sé boa, Rose, disse.” (iha71) Saber ler 4A. a) Oavd (Markus) b) Uma corta €) Amae de Rese 4) Rose eos avs. 24. Rose, surpreendida com a noticia, declarou que nao se queria separar do avd nem da 61. Aexpressio significa que o pai atual professora, Por sua vez. procurou sedusi-la com 0 av6 ficou muito transtornada presentes. com a noticia: no entanto, tratou 6.2, Como Rose se mostrava de escrever aos pais de Rose. reticente em acompanha-lo, 34. 0 paifoi buscar Rase para 9 pai procurouconvencé-la com merece a promessa de presente. pai queria falar em privado TA. Para Rose, a casa dea ere aquela coms avs de Rose sobre onde sempre viveu com os avis 0 destino da filha # nBo a casa dos seus pis 4.2, Rose sentia-se ansiosa 8.41. Enquanto 0 avé se mostra e assustata devido & iminente abatido e choreso, @ ave revela- sepsraga das avis 2, coma tal se mais forte e austera a sala gelada parecia-Ihe 9. Respasta pessoal antigatica e descontortave 10.1 0 narrador ¢ partcipante (como 5.1, Rose sente-se traida pelo facto personagem principal. de constatar que 0 av jé n80 10.2.Deu o tome ela entrou. A sua 60 que era, pois esta vor era quebrada € a da neta desamparado, fraco ¢ doente, desafinade.Alguém de fora talvez e de ja nto serem tao cuplices se risse ao ouvi-los cantar, ‘como outrora ('acabaram-se mas as duas pessoas junto deles, as cumplicidades alegres’ aav6 Ester e 0 seu filho mais tnnas 415), velho, sabiam: a um homem 5.2. “o homem bonito, forte, doenie de corpo e alma estava 1 wa protetor” Ginna sh. Estabelece a correspondénci entre as frases pode suelo, a ser roubada a ultima alegria. Kt 2) Sat simples: 1,4 6.7 Sujet conposto:2, 8 1. O pede Rose envio ura carta aos pas Siete skeet: 5 2. Oavbe os ficaram pesrses com a novia, Sue ineriao 9 3. “Finalmente chamaram por mim." (nha 33} e 21 eet! vigda ‘ pari.) 2) Suto smpes da'at 4. "Ds filhos pertencem aos pais[..]” ine 4), 1B) Rose” 5, “race oavb Matus |.)"nae) 4) yea compsto ae "minha filha” 6. “Dsnessschaescursa-se pela ve) te beter oe! ina 7-58) €) uj indeteminado 1. “Ravbacompanhou-nos rua”) 8. ose opal subiram para caro decaaos .Diz-se que os fihos pertencer aos pai. 1 Lise fenenr eam stones 2. Atenta nas frases a seguir transcritas e nhada pelas expresses sublinhadas. ica a funcao sintatica desempe- a) “Os professores s20.as pessoas mais caprichosas do mundo [...}” inhas10-1) b) “Dou-me razoavelmente com os professores e com as professoras.” linha 3) ©) “0Sr. Kepler, ovelho professor de matemstica, a0 principio embirrava co- migo [...]." (linhas 14-15) 4) “Meti o cademo de exercicios na pasta [..]" (nhas 18-19) ¢) “Roi um boca ho a_pena [...].” (linhas 20-21) 1) “De repente 2s palavras surgiram.” (inhe 24) 3. Hi tantos mand: 3.1, Reescreve a frase anterior, subst A.um sindnimo. B. um anténimo. 2 Fungées sintaticas: a) Predicativo do sujeito ) Moiticador €) Modificador do nome positive, @) Complement obliquo. @) Complements direto. 1) Predicado, 34. Exemplo: ‘A. Hé tantos preguicosos ra minha turma, B, Ha tantos estudiosos na minha turma 44, Anne disse que 0 seu profeszor/o professor dela he tinha marcado/marcara aquele trabalho de castigo. — sna minha turma [.]."(Inhos 9-10) ido a palavra destacada por:

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