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Arnóbio Marques de Almeida Júnior

Governador do Estado do Acre


Carlos César Correia de Messias
Vice-Governador do Estado do Acre
Fábio Vaz
Secretário de Governo
Carlos Alberto Ferreira de Araújo
Secretário de Estado de Articulação Institucional
Júlia Feitosa
Assessora Gabinete Governador
Nilton Luiz Cosson Mota
Secretário de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar
Mauro Jorge Ribeiro
Secretário de Estado de Agropecuária
Carlos Ovídio Duarte Rocha
Secretário de Estado de Floresta
Eufran Ferreira do Amaral
Secretário de Estado de Meio Ambiente
Cleísa Brasil da Cunha Cartaxo
Presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre
Felismar Mesquita
Diretor do Instituto de Terras do Acre
Paulo Roberto Viana de Araújo
Diretor Presidente do Instituto de Defesa
Agropecuária e Florestal do Estado do Acre
Iraílton Lima
Diretor do Instituto Dom Moacir
João César Dotto
Secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia
Diretor Presidente da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre
Maria de Nazareth Mello de Araújo Lambert
Procuradora Geral do Estado
Márcia Regina de Souza Pereira
Procuradora Geral Adjunta do Estado
Rodrigo Fernandes das Neves
Procurador de Meio Ambiente do Estado
Meri Cristina Amaral Gonçalves
Promotora de Justiça de Meio Ambiente
Jorge Henrique Bezerra Nogueira de Queiroz
Secretário de Estado de Comunicação
Elaboração/Consultoria

Márcio Rocha Francelino - UFRRJ

Organização

Edson Alves de Araújo – SEAP/SEMA

Colaboradores

Adriano Alex Santos Rosário – SEMA

Antonio Willian Flores de Melo

Eufran Ferreira do Amaral - SEMA

Eugênio Pantoja - SEMA

Francilino Monteiro e Silva – SEMA

João Batista Martiniano – Embrapa Acre

João Paulo Santos Mastrangelo – SEF

Júlia Feitosa - SAI

Lourival Marques de Oliveira Filho - SEAP

Maria Antonia Zabala de Almeida Nobre – SEMA

Maria Marli Ferreira da Silva - SEMA

Marília Guerreiro – SEMA

Nadia Valentim - ZEAS

Naika Andrea Silva Teixeira -SEMA

Nilson Gomes Bardales – SEMA

Ronei Santana de Menezes- SEAPROF

Rosangela Maria Cezino da Silva – SEMA

Sarah Zaire –SEMA

Sílvio Guedes - SEF

Sonaira Souza da Silva - UFAC


ÍNDICE 5
1 INTRODUÇÃO 5
2 CONTEXTUALIZAÇÃO 6
2.1 ZONEAMENTO DO ACRE 6
2.1.1 Subzona 1.1 – Produção familiar em Projetos de Assentamento
e Pólos Agroflorestais 8
2.1.2 Subzona 1.2 – Produção Agropecuária 10
2.1.3 2.1.3. Subzona 1.3 – Manejo e Proteção Florestal 10
2.2 SITUAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS 13
2.3 ANÁLISE MULTITEMPORAL (2004-2007) 15
2.4 SITUAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES NA ZONA 1
18
3 PROPOSTAS 19
3.1 Recomposição Florestal 21
3.1.1 Escolha das espécies 22
3.1.2 Preparo da área e plantio 22
3.2 Operações de manutenção 23
3.3 Contrapartida dos proprietários 24
Índice

3.4 Marcação de matrizes 25


3.5 Formação de coletores de sementes 26
3.6 Sistemas Agroflorestais 26
3.7 Regeneração natural 28
4 PROGRAMAS E EXPERIÊNCIAS PROMISSORAS DE RECUPERAÇÃO/UTILI-
ZAÇÃO DE ÁREAS ALTERADAS NO ESTADO 28
4.1 Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar –
SEAPROF 28
4.2 Secretaria de Estado de Agropecuária – SEAP e o Programa de Mecani-
zação 30
4.2.1 Escolha das áreas 31
4.2.1.1 Preparo da área e plantio 31
4.3 Secretaria Estadual de Floresta – SEF e o PROGRAMA DE FLORESTAS
PLANTADAS DO ESTADO DO ACRE 35
4.3.1 Objetivo do Programa 36
4.3.2 Componentes do Programa 36
4.3.3 Ações para Implementação do Programa 36
4.3.3.1 Desenvolvimento de Padrões de Projeto e Estudos Complemen-
tares 36
4.3.3.2 Construção e Ampliação de Viveiros para Produção de Mudas
Florestais 37
4.3.3.3 Produção de Mudas Florestais 37
4.3.3.4 Implantação de Florestas Plantadas 37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 38
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
ANEXOS 41
Anexo 1 42
Anexo 2 45
1 INTRODUÇÃO
Ainda predomina a percepção de que em diferentes estágios de degradação
a Amazônia é uma fronteira aberta de e, em alguns casos, abandonadas (DIAS-
recursos, o que induz o setor produtivo FILHO & ANDRADE, 2006). A pecuária é
a buscar maior rentabilidade no menor uma atividade que demanda extensas
tempo possível. Esse fato, no entanto, áreas de pastagens formadas por meio
tem resultado no modelo de exploração da derrubada e queima da mata, apre-
altamente impactante dos recursos na- sentando um perfil pioneiro por estabe-
turais na região, de acordo com o nível lecer zonas para posterior uso do solo
tecnológico adotado. A atividade agro- para outras atividades agrícolas, entre
pecuária na Amazônia seja em peque- outras.
na, média ou grande escala, acarreta, A situação do Estado do Acre não é di-
em muitas situações, a degradação do ferente, uma vez que aproximadamente
solo, comprometendo a produtivida- 12% (19.706,40 km2) dos seus 164.220
de do sistema e avançando e fragmen- km2 de território encontram-se desflo-
tando áreas consideráveis de floresta restados (INPE, 2007). Desse total, uma

(MULLER et al., 2004; ARAÚJO, 2008). proporção de 81% tem sido utilizados
A degradação do solo ocorre em ra- com pastagens (OLIVEIRA et al., 2006).
zão do manejo ineficiente da pastagem O desmatamento tem se concentrado,
e resulta no abandono da área, acar- em maior proporção, ao longo das prin-
retando o desmate de novas áreas de cipais rodovias, estradas vicinais e as
floresta nativa. Esse ritmo faz com que margens dos cursos d água situados a
a área desmatada aumente gradativa- Leste do Estado. A tendência tem sido
mente. A Amazônia Legal, cuja área é a implantação crescente de pastagens
cerca de 5,2 milhões de km2, possuía por colonos, extrativistas, ribeirinhos e
até 2007 uma área cumulativa desma- pecuaristas (AMARAL et al., 2000).
tada correspondente a 691.123 km2, o Além das pastagens, a capoeira
equivalente a cerca de 17,2% de toda ocupa 13,1% do total desmatado, o
a floresta amazônica brasileira. (INPE, que engloba uma área de 2.155,80
2007). Aproximadamente 80 % da área Km2. Essas capoeiras encontram-se
desmatada têm sido utilizada com pas- em diferentes idades e origens, fruto
tagens plantadas e acredita-se que me- da agricultura migratória. Já as ativi-
tade desta área esteja subutilizada e, ou dades agrícolas correspondem apenas

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a 573 Km2, que equivalem a 3,5% do Econômico Fase II aprovado pelo Estado
total desmatado. em escala de 1:250.000.
Devido a esse desmatamento sem Porém, em todas as áreas alteradas
adequado planejamento, atualmente no Estado do Acre são necessárias ações
a grande maioria dos produtores rurais diferenciadas de intervenções no mo-
se encontram em condição de irregu- mento da implantação de projetos de
laridade perante a legislação florestal, recomposição da cobertura florestal. De-
pois o Código Florestal, alterado pela vem-se considerar as características do
medida provisória 2166-67 de agosto meio físico, sua capacidade de suporte,
de 2001 estabelece que toda proprie- a resiliência do ecossistema (capacidade
dade rural com florestas na Amazônia de um dado ecossistema de se recompor
Legal, tenha um percentual de 80% do após um dado impacto), o potencial de
imóvel rural na forma de Reserva Legal uso, o comprometimento dos produto-
(RL). res rurais e outros aspectos sócio-econô-
Simultaneamente ao aumento das micos, de modo que se possa alcançar o
restrições para a conversão de novas sucesso almejado nessa empreitada que,
áreas de florestas, se ofereceu uma muitas das vezes, necessitam de tempo
gama variada de alternativas para a re- e recursos financeiros consideráveis.

gularização de imóveis rurais, que tran- Nesse sentido, o objetivo principal
sitam da recuperação total do passivo deste plano é apresentar diretrizes que
florestal com espécies nativas, passan- permitam orientar a elaboração de pro-
do pela possibilidade de condução da jetos de recuperação de áreas alteradas
regeneração natural ou plantio com es- e subutilizadas da região denominada
pécies exóticas, a compensação de áre- “Zona de Consolidação de Sistemas de
as equivalentes em outra área privada Produção Sustentáveis” no Estado do
ou unidade de conservação, até a pos- Acre, de forma a promover a recompo-
sibilidade de redução do percentual de sição da paisagem e o aproveitamento
reserva legal a partir de indicações fun- econômico dessas áreas em bases sus-
damentadas no Zoneamento Ecológico tentáveis.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO


2.1 ZONEAMENTO DO ACRE
No Zoneamento Ecológico-Econômi- semelhantes em termos de potenciali-
co do Acre Fase II (ZEE-AC;), concluído dades e vulnerabilidades do meio biofí-
em 2006, para fins de gestão territorial, sico, padrões de ocupação humana, for-
foram definidas quatro zonas (Acre, mas de utilização dos recursos naturais
2006): e arcabouço legal. Também constituem
Zona 1 - Consolidação de sistemas de espaços territoriais que compartilham
produção sustentável um conjunto de diretrizes de uso, tendo
Zona 2 - Uso sustentável dos recur- em vista suas características e as pro-
sos naturais e proteção am- postas de gestão negociadas entre o go-
biental verno e diferentes grupos da sociedade
Zona 3 - Áreas prioritárias para o or- acreana.
denamento territorial A Zona 1 corresponde às áreas de
Zona 4 - Cidades do Acre influência direta das rodovias BR- 364
e BR-317 (Figura 1), de ocupação mais
Cada zona apresenta características antiga do Estado com atividades agro-

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pecuárias e madeireiras, entre outras. dação de sistemas de produção agrope-
Possui uma área de 45.085 km2, cor- cuários, agroflorestais e florestais (silvi-
respondendo a 24,7% do Estado, e es- cultura) sustentáveis.
tão associadas às novas frentes de ex- A Zona 1 está dividida em 3 subzo-
pansão e conversão das áreas florestais nas:
para o desenvolvimento de atividades Subzona 1.1 - Produção familiar em
agropecuárias. É ocupada pela agricul- Projetos de Assenta-
tura familiar em projetos de assenta- mento e Pólos Agro-
mento (PA), pequenos produtores em florestais
posses, médios e grandes pecuaristas Subzona 1.2 - Produção agropecuá-
e áreas florestais de grandes seringais. ria
Parte das áreas desta zona está sem si- Subzona 1.3 - Manejo e Proteção
tuação fundiária definida ou não está Florestal
inserida no cadastro georreferenciado
do INCRA. As unidades territoriais des- As subzonas representam um deta-
ta zona incluem áreas de Reserva Legal lhamento das zonas, com maior grau de
e Áreas de Preservação Permanente especificidade em termos de suas ca-
(APPs). Nesta zona se concentra a maior racterísticas e diretrizes de uso. O mapa

proporção de propriedades com pas- de gestão está subdivido em zonas, que
sivo florestal e compreende a área da se constituem na unidade primária de
chamada “fronteira aberta”, não se so- estratificação. As subzonas se consti-
brepondo às áreas já delimitadas para tuem nas unidades secundárias de es-
as outras zonas. Ela se destina à consoli- tratificação.

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Figura 1: Área correspondente a Zona 1 - Consolidação de Sistemas de Produção Sustentáveis.

2.1.1 Subzona 1.1 – Produção familiar


10 em Projetos de Assentamento e
Pólos Agroflorestais
Corresponde às áreas com projetos Guiomard, Sena Madureira, Plácido de
de assentamento e pólos agroflorestais Castro e Acrelândia, que juntos somam
de pequenos produtores rurais (Figura 50% de toda a área (Tabela 1).
2), o que evidencia a mão-de-obra fami- A Subzona 1.1 possui uma área de
liar como forma predominante de uso 1.208.523 ha, dos quais 703.675 ha en-
da terra. Encontra-se concentrado prin- contram-se alterados, correspondendo
cipalmente nos municípios de Senador a 58% da sua área total.

Tabela 1: Área da subzona 1.1 em


relação aos municípios do Acre
NOME Área (%)
Acrelândia 9,8
Assis Brasil 0,3
Brasiléia 5,2
Bujari 1,0

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Tabela 1 - continuação
Tabela 1: Área da subzona 1.1 em
relação aos municípios do Acre
NOME Área (%)
Capixaba 1,9
Cruzeiro do Sul 6,8
Epitaciolândia 0,0
Feijó 2,7
Mâncio Lima 0,5
Manoel Urbano 2,5
Marechal Thaumaturgo 0,8
Plácido de Castro 12,4
Porto Acre 9,8
Porto Walter 0,3
Rio Branco 7,2
Rodrigues Alves 5,5
Santa Rosa do Purus 0,4
Sena Madureira 13,4
Senador Guiomard 14,3
Tarauacá 4,7
Xapuri 0,6
11

Figura 2: Áreas correspondentes a Subzona 1.1 - Produção familiar em Projetos de Assentamento e Pólos Agroflorestais

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2.1.2 Subzona 1.2 –
Produção Agropecuária
Nas áreas desmatadas fora dos fundiária ainda não está totalmente
projetos de assentamento há predo- definida ou não está inserida no ca-
minância do uso de pastagens, mui- dastro georreferenciado do INCRA, o
tas delas em diferentes níveis de pro- que acarreta uma dificuldade adicio-
dutividade. São áreas de pequenos, nal para a estratificação em função da
médios e grandes produtores (Figura destinação e do estrato a que perten-
3). Em muitas destas áreas a situação ce cada propriedade.

12

Figura 3: Áreas correspondentes a Subzona 1.2 (Produção agropecuária).

Essa subzona está localizada princi- 2). Ao total possui uma área de 996.788
palmente no município de Rio Branco ha, destes, 678.396 ha (68%) encon-
(17%), seguido de Xapuri (10%) (Tabela tram-se com suas áreas alteradas.

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2.1.3. Subzona 1.3 – Manejo e
Proteção Florestal
Estão incluídas as áreas florestais fora do INCRA (Figura 4). São áreas com po-
dos projetos de assentamento, carac- tencial florestal que permite o uso sus-
terizadas como Reservas Legais de pro- tentável da floresta. Há possibilidade de
priedades privadas, áreas já arrecadadas criação de áreas protegidas em fragmen-
pela união, imóveis com a situação fun- tos florestais com relevância ambiental,
diária ainda não definida ou áreas não com ênfase a criação de Reservas Parti-
inseridas no cadastro georreferenciado culares do Patrimônio Natural-RPPN.

Tabela 2: Distribuição porcentual da


subzona 1.2 nos municípios
NOME Área (ha) %
Tarauacá 47694 6,7
Senador Guiomard 45334 6,4
Rio Branco 121458 17,0
Porto Acre 45023 6,3 13

Manoel Urbano 4171 0,6


Feijó 30807 4,3
Bujari 68549 9,6
Môncio Lima 10980 1,5
Rodrigues Alves 16647 2,3
Cruzeiro do Sul 30225 4,2
Sena Madureira 31900 4,5
Assis Brasil 5518 0,8
Brasiléia 40237 5,6
Epitaciolândia 57874 8,1
Xapuri 71935 10,1
Capixaba 52946 7,4
Plácido de Castro 31545 4,4
Acrelândia 765 0,1

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A subzona 1.3 possui 2.303.248 ha, dos florestal, a parte alterada constitui-se em
quais 144.139 ha encontram-se desmata- área prioritária para recuperação.
do, correspondendo a cerca de 6% da área Três municípios concentram quase
total da subzona. Considerando tratar-se 60% de toda a área (Sena Madureira,
de área destinada ao manejo e proteção Tarauacá e Rio Branco) (Tabela 3).

14

Figura 4: Áreas correspondentes a Subzona 1.3 (Manejo e Proteção Florestal).

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Tabela 3: Distribuição porcentual da
subzona 1.3 nos municípios
Município Área (%)
Tarauacá 19,9
Senador Guiomard 0,7
Santa Rosa do Purus 0,0
Rio Branco 14,0
Porto Acre 4,1
Manoel Urbano 7,1
Feijó 13,5
Bujari 4,3
Mâncio Lima 0,5
Rodrigues Alves 1,2
Cruzeiro do Sul 1,0
Sena Madureira 23,9
Assis Brasil 1,6
Brasiléia 1,8
Epitaciolândia 1,6
Xapuri 2,5
Capixaba 1,5
Plácido de Castro 0,7 15
Acrelândia 0,1

2.2 SITUAÇÃO DOS


ASSENTAMENTOS RURAIS
Os assentamentos no estado do Acre 5. Projetos Casulo (PCA);
somam 1.714.817 ha, distribuídos em 6. Projetos de Assentamento Agro-
oitos modalidades (WOLSTEIN et al., Extrativista;
2006; Acre, 2006): 7. Projetos de Desenvolvimento Sus-
1. Projetos de Assentamento Dirigi- tentável (PDS);
do (PAD); 8. Projetos de Assentamento Flores-
2. Projetos de Assentamento (PA); tal (PAF).
3. Projetos de Assentamento Rápido
(PAR); Os Projetos de Assentamento Diri-
4. Projetos Estaduais Pólos Agroflo- gido (PAD) foram implantados durante
restal (PE); o período da ditadura militar e tinham

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como prioridade o assentamento de co- das áreas urbanas, com o objetivo de
lonos originários de outras regiões do garantir ocupação da população prove-
país, através do processo de migração niente do meio rural. A gestão dos refe-
induzida pelo governo federal, com o ridos projetos é de responsabilidade do
objetivo de viabilizar o sistema de agri- governo estadual, embora tenham sido
cultura familiar intensivo, articulada ao reconhecidos pelo INCRA, em 2001.
mercado. Os Projetos Casulo (PCA), como o PE,
Os Projetos de Assentamento (PA) tem o objetivo de integrar a população
não diferem dos PDA’s segundo o pro- ao processo produtivo, ao mesmo tem-
pósito da forma de exploração do solo, po em que buscam criar um espaço de
nem segundo a gestão. Inserem-se, no abastecimento das áreas urbanas. Cons-
entanto, em outro momento político e, tituem-se em uma parceria do INCRA
ao invés de promoverem a colonização, com as Prefeituras Municipais, cabendo
como os anteriores, busca equacionar a estas a gestão dos projetos. Consti-
os problemas gerados pela linha política tuem-se em pequenos lotes, voltados,
de reorganização do espaço, dominante prioritariamente, para a produção de
no período da ditadura militar. Voltam- horti-fruti-granjeiros.
se, assim, para a agricultura tradicional, Não foram consideradas as seguintes
16
procurando viabilizar o acesso à terra tipologias de assentamentos: Projetos
aos pequenos produtores rurais, bem de Assentamento Agro-Extrativista, os
como àqueles que, expulsos do espa- Projetos de Desenvolvimento Susten-
ço rural, não encontraram inserção no tável e os Projetos de Assentamento
mercado de trabalho urbano. Florestal, por considerar tratar-se de
Os Projetos de Assentamento Rá- modelos em que as áreas alteradas se-
pido (PAR) se constituem em ações de jam mínimas. Essas tipologias excluídas
regularização fundiária, no caso de pro- somam apenas cerca de 30% de toda a
dutores que ocupavam terras da União. área ocupada pelos assentamentos no
Não podem, a rigor, ser considerados Estado do Acre.
projetos, dado que não há uma gestão Em relação às tipologias conside-
propriamente dita, nem estão sujeitos à radas, verifica-se que os modelos de
políticas que buscam direcionar o pro- Projeto Casulo (PCA) e o de Pólo Agro-
cesso produtivo. florestal (PE) apresentam quase que a
Os Projetos Estaduais Pólos Agroflo- totalidade de suas áreas alteradas (Ta-
restal (PE) são assentamentos em pe- bela 4). Isso ocorre devido à proximida-
quenas parcelas, localizados no entorno de das áreas urbanas e as características

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próprias dessa tipologia, onde se verifi- 86% deles apresentam mais de 20% de
ca o uso mais intenso do solo. Porém, suas áreas desmatadas (Tabela 1A).
comparando com as demais tipologias, Com essa dimensão de áreas alte-
ocupam uma área insignificante, onde radas, tornam-se unidades prioritárias
juntas somam 0,4% do total da área. para intervenção no sentido de recom-
Os modelos que ocupam as maiores posição florestal, devendo ter soluções
áreas são o PAD e o PA, com aproximada- diferenciadas em relação ao passivo flo-
mente 94% de toda a área (1.113.166,2 restal devido às suas condições sociais
ha) e juntos somam 669.854,7 ha de e ambientais. Como corresponde basi-
área desmatada. Os projetos de assen- camente a subzona 1.1 da Zona 1, a ca-
tamentos com maiores percentagens de racterização dessas áreas estará incor-
áreas desmatadas estão concentrados porada na análise conjunta das demais
na região leste do Estado (Figura 5) e subzonas.

Tabela 4: Características dos Projetos de


Assentamentos do Estado do Acre (Fonte: Acre, 2006)
Área
CATEGORIA Qtde. Área total
desmatada 17

(ha) % (ha) %

PA 71 484.192,9 40,7 244.204,6 50,4

PAD 5 628.973,3 52,9 425.650,1 67,7

PAR 2 71.427,5 6,0 29.619,7 41,5

PCA 3 665,8 0,1 561,6 84,4

PE 11 3.270,2 0,3 2.743,9 83,9

Total 92 1.188.529,7 100 702.780,0 59,1

PA= Projetos de Assentamento; PAD = Projetos de Assentamento Dirigido; PAR = Projetos de


Assentamento Rápido; PE= Projetos Estadual Pólo Agroflorestal; PCA = Projeto Casulo

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Figura 5: Assentamentos com mais de 50% da sua área desmatada (em amarelo)

18
2.3 ANÁLISE MULTITEMPORAL
(2004-2007)
Sobrepondo o tema de áreas des- subzona 1.2, porém em menor inten-
matadas do ano de 2007 com o de uso sidade. Mesmo a subzona 1.3 (manejo
de solo do ano de 2004 das subzonas, e proteção florestal) teve uma redução
foi possível realizar algumas análises de 5% (96.751,3 ha) da sua floresta. No
que permitiram determinar a dinâmica total foram suprimidas aproximada-
de uso do solo no período de três anos mente 334 mil ha de florestas nas três
(2004-2007). Por exemplo: na subzona subzonas no referido período. Mesmo
1.1 entre os anos de 2004 e 2007, cer- as áreas antes ocupadas com capoeira
ca de 162 mil hectares que antes eram tiveram redução de 138.497 ha nas três
ocupados por florestas, referente a 23% subzonas.
de toda a área alterada, foram desma- A maior parte das áreas desmata-
tados. Fato que chama atenção, vis- das das subzonas 1.1 e 1.2 encontram-
to que representa um desmatamento se ocupadas por pastagem (59% e 74%
de 54 mil ha/ano. O mesmo ocorre na respectivamente) (Tabela 5), indicando

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Consolidação de Sistema de Produção Sustentável - ZONA 1.
que a pecuária é uma importante ati- assentados, enquanto que a agricul-
vidade econômica tanto para os pro- tura ocupa áreas proporcionais muito
prietários particulares como para os pequenas.

Tabela 5: Uso do solo nas áreas alteradas


conforme subzonas
Subzona 1.1 Subzona 1.2 Subzona 1.3
Tipo de uso
-----------------------------(%)---------------------------
Sem identificação 6,29 5,51 1,8
Agricultura 2,13 0,90 0,1
Capoeira 8,68 9,88 0,7
Espelho d’água 0,51 0,63 0,0
Floresta 23,43 8,67 95,0
Pastagem 58,81 74,20 2,3
Praia 0,04 0,03 0,0
Área Urbana 0,13 0,17 0,0

Em relação aos solos verifica-se na seridas no processo produtivo. Já os


Tabela 6 que mais da metade das áre- solos hidromórficos: Gleissolos e Ne-
19
as alteradas encontram-se na classe ossolos (Flúvicos) são os menos uti-
dos Argissolos, seguido pelos Latosso- lizados. Estes são encontrados prin-
los, justamente os solos com maiores cipalmente nos terraços fluviais, ou
potencias para uso agrícola, trata-se, seja, prováveis áreas de preservação
portanto, de áreas que podem ser in- permanente.

Tabela 6: Classes de solos nas áreas


alteradas conforme a subzona
Subzona 1.1 Subzona 1.2 Subzona 1.3
Classe
Área (%)
ARGISSOLO 50,9 56,9 48,8
CAMBISSOLO 2,8 7,0 26,4
GLEISSOLO 4,9 0,1 0,1
LATOSSOLO 29,1 20,6 2,7
LUVISSOLO 6,0 10,7 13,7
NEOSSOLO 0,7 0,1 0,7
PLINTOSSOLO 3,2 4,1 4,1
VERTISSOLO 2,4 0,4 3,5

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Consolidação de Sistema de Produção Sustentável - ZONA 1.
Em relação ao tipo de relevo, mas é o domínio dos topos tabulares (Dt),
da metade das áreas alteradas estão com rampas inclinadas e lombadas com
nos domínios dos topos convexos (Dc), vertentes de pequena a média declivi-
com vales pouco profundos e encostas dade. Essa feição resulta da instauração
de declividades suaves (Tabela 7), alta- de processos de dissecação atuando so-
mente favoráveis a pastagem e a agri- bre superfície de aplainamento (Brasil,
cultura. Outra unidade representativa 1976; Westaway, 2006).

Tabela 7: Classes de geomorfologia nas áreas


alteradas conforme subzona
Unidade* Subzona 1.1 Subzona 1.2 Subzona 1.3
Área
ha % ha % ha %
Af 20585 2,9 80,90 0,01 101,0 0,00
Aptf 10820 1,5 1954,45 0,29 27606,4 1,26
Aptfl 802 0,1 78,57 0,01 0,0 0,00
Atf 26252 3,8 25663,73 3,78 53817,0 2,46
20
Da 9654 1,4 33064,94 4,87 681101,1 31,14
Dc 329571 47,1 395763,78 58,34 1149694,9 52,56
Dt 191996 27,4 212272,91 31,29 214638,0 9,81
Pri 19999 2,9 7732,59 1,14 3034,7 0,14
s/inf 90296 12,9 1767,86 0,26 57235,9 2,62
* Legenda segue abaixo.

Legenda Descrição
Af Planície fluvial. Área plana resultante de acumulação fluvial sujeita
a inundações periódicas, correspondendo às várzeas atuais. Ocor-
re nos vales com preenchimento aluvial holocênico.
Atf Terraço fluvial. Acumulação fluvial de forma plana, levemente inclinada,
apresentando ruptura de declive em relação ao leito do rio e às várzeas
recentes situadas em nível inferior, entalhada devido às mudanças de
condições de escoamento e consequente retomada de erosão. Foram
mapeados três níveis de terraços fluviais: Atf1, atf2 e atf3.
Continua

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Consolidação de Sistema de Produção Sustentável - ZONA 1.
Legenda Descrição
Aptf Planície e terraço fluvial.
Implementar Área plana resultante
e difundir Acre, com de prioridade
acumulação flu-
nas
vial,operiódica
Programaou permanentemente alagada,
de Regulari- áreas podendode
alteradas comportar
proprie-
meandros
zação abandonados, ligada comdades
do Passivo Ambien- ou semprivadas
ruptura de
e declive
públicasa
patamar mais elevado.
tal Florestal do Estado do da Zona-01 do ZEE-AC.
Aptfl Planície e terraço fluviolacustre. Área plana resultante de acumu-

7 Objetivos Específicos
lação fluvial e lacustre, periódica ou permanentemente alagada,
podendo comportar lagos de meandro e de várzea, ligada com ou
sem ruptura de declive a patamar mais elevado.
Pri Pediplano retocado inumado. Superfície de aplainamento elabora-
da durante fases sucessivas de retomada de erosão, sem no entan-
to perder suas características de aplainamento, cujos processos ge-
ram sistemas planos inclinados às vezes levemente côncavos. Pode
apresentar cobertura detrítica e/ou encouraçamentos, indicando
remanejamentos sucessivos. Ocorre nas depressões e no sopé de
ressaltos que dominam os níveis de erosão inferiores.
Da Conjunto de formas de relevo de topos estreitos e alongados, es-
culpidas em rochas sedimentares dobradas, definidas por vales en-
caixados. Os topos de aparência aguçada são resultantes da inter- 21

ceptação de vertentes de declividade acentuada, entalhadas por


sulcos e ravinas.
Dc Conjunto de formas de relevo de topos convexos, esculpidas em
rochas sedimentares, às vezes denotando controle estrutural. São
definidas por vales pouco profundos, apresentando vertentes de
declividade suave, entalhadas por sulcos e cabeceiras de drena-
gem de primeira ordem.
Dt Conjunto de formas de relevo de topos tabulares, conformando
feições de rampas inclinadas e lombadas, esculpidas em rochas se-
dimentares, denotando eventual controle estrutural. São em geral
definidas por vales rasos, apresentando vertentes de pequena a
média declividade. Resultam da instauração de processos de dis-
secação atuando sobre superfície de aplainamento.

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2.4 SITUAÇÃO DAS
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTES NA ZONA 1
(As áreas de preservação permanen- das em função das diferentes subzonas
te foram geradas com base no código (Tabela 8). Ao total elas somam mais de
florestal de 1965 e suas alterações na 68 mil hectares, dos quais quase 32%
resolução CONAMA 303 de 2002). A estão desmatados. O caso mais grave
principal categoria existente no Acre é encontra-se na subzona 1.2, que possui
a mata ciliar, em suas diferentes faixas cerca de 90% das suas APP’s desmata-
marginais conforme a largura do rio: da, indicando um uso mais intenso do
solo nessas áreas. Entretanto, a maior
g Faixa marginal de 30 metros, área desmatada de APP encontra-se na
para cursos d’água com menos subzona 1.1, com mais de 32 mil hecta-
de dez metros de largura; res, correspondendo a aproximadamen-
g Faixa marginal de cinqüenta me- te 52% de toda sua APP. A subzona 1.3
22 tros, para cursos d’água com dez concentra uma área de APP maior que
a cinqüenta metros de largura; a soma das demais subzonas e apresen-
g Faixa marginal de cem metros, ta 6,4% desmatada, correspondendo a
para cursos d’água com cinqüen- quase 8 mil hectares. A princípio pare-
ta a duzentos metros de largu- ce pouco, porém ao se considerar que
ra. se trata de área destinada a manejo e
proteção florestal, é uma situação pre-
As demais categorias não foram con- ocupante.
sideradas, pois apresentam pequenas Como são áreas protegidas por
áreas e não são mapeáveis na escala de lei, essas se tornam prioritárias para re-
trabalho utilizada (1:250.000). cuperação, independe de possíveis po-
As APP’s também foram segmenta- tenciais para outros usos.

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Tabela 8: Áreas de preservação permanente e
desmatamento por subzona
Área Área - ha APP - ha APP desmatada
ha %
Subzona 1.1 1.208.523 61.582,9 32.233,4 52,3
Subzona 1.2 996.788 32.156,7 28.717,0 89,3
Subzona 1.3 2.303.248 123.371,1 7.908,3 6,4
Total 217.110,7 68.858,7 31,7

23

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3 PROPOSTAS
O Estado do Acre ainda mantém e proteção florestal. Somam 136.231
cerca de 88% da sua cobertura flores- há;
tal, representada por onze tipologias
florestais, dos quais as cinco principais III. Considerando o mapa de gestão
representam 83% da cobertura flores- Territoral do Acre (Acre, 2006), foram de-
tal e que abriga uma diversidade alta finidas três categorias de intervenção:
de plantas. A preservação dessa diver-
sidade deve ser priorizada, inclusive a) Áreas destinadas a recomposi-
nos projetos de recuperação das áreas ção florestal: aquelas destinadas a pre-
alteradas. servação da flora e fauna e sem aptidão
Como a área total desmatada nas agroflorestal;
três subzonas soma 1.526.210 ha, se-
riam necessárias mais de quatro bilhões b) Áreas destinadas a sistemas
de mudas considerando o espaçamen- agrosilvopastoril;
to recomendado de 2m x 2m entre as c) Áreas a ser mantidas ou incorpo-
mudas. Os recursos e esforços para tal radas ao sistema produtivo: são aquelas
24
empreendimento seriam astronômicos, que possuem solos e relevo adequados
tornando-o praticamente inviável. Nes- a atividade agrícola, com potencialida-
se sentido, foram selecionadas áreas de para produção intensiva de grãos e
prioritárias para intervenção, conforme de culturas perenes.
critérios abaixo:
Para todas essas áreas foram exclu-
I. Áreas de preservação ídas as APPs desmatadas. Ainda assim,
permanente desmatadas: a soma dessas áreas ultrapassa os 200
Subzonas Área (ha) mil hectares. Nesse sentido, a área se-
Subzona 1.1 32.233 lecionada para desenvolver o trabalho
Subzona 1.2 28.717 será as áreas desmatadas das APPs da
Subzona 1.3 7.908 subzona 1.1, que totalizam 32.233 ha.
Total 68.858 Pode-se verificar na Tabela 9, que a
tipologia predominante na subzona 1.1
II. Todas as áreas desmatadas da é a Floresta Aberta com Palmeira (FAP) e
subzona 1.3, excluindo as APPs: devido Floresta Aberta com Bambu (FAB), com
ao fato de tratar-se de zona de manejo 10,5% e 15,2% respectivamente.

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Tabela 9: Tipologias florestais
encontradas na subzona 1.1.
Tipologia1Florestal Área (ha) Área (%)
FAB + FAP 125.158,0 10,5
FAB + FAP + FD 16.072,7 1,3
FAB + FD 17.780,7 1,5
FAB – Aluvial 595,4 0,0
FABD 6.954,4 0,6
FAP 11.293,2 0,9
FAP + FAB 8.1724,2 6,8
FAP + FAB + FD 3.013,9 0,3
FAP + FD 181.300,2 15,2
FAP + FD + FAB 29.276,3 2,4
FAP – Aluvial 30.925,0 2,6
FAP - Aluvial + Pab 0,5 0,0
FD + FAP 90.314,0 7,5
Áreas Antropizadas 601.986,8 50,3

As ações serão apresentadas de for- da condição da área focal para recupe-


ma distinta, mas são complementares ração, o que implicará em redução de
25
entre si, de forma a viabilizar todas as custos e melhor eficiência nos resulta-
etapas necessárias para o sucesso do dos. Basicamente, os sistemas de reflo-
empreendimento. restamento se incluem:
Para o desenvolvimento dos projetos
de recuperação em áreas alteradas das a) Implantações – em áreas bas-
APPs, Rodrigues e Gandolfi (1993) em tante perturbadas que não conservam
trabalho sobre métodos aplicados em nenhuma das características bióticas
reflorestamento de APPs, recomenda das formações florestais ciliares origi-
que de início deve-se definir o sistema nais daquela condição. Situação típica
de reflorestamento, a partir do grau de áreas cuja floresta original foi subs-
de preservação das áreas. Este proce- tituída por alguma atividade agropasto-
dimento avaliado por meio de estudos ril.
florísticos e/ou fitossociológicos, ou
mesmo pela avaliação fisionômica da b) Enriquecimento – em áreas com
vegetação que ocorre na área. Neste estágio intermediário de perturbações
sentido o sistema de reflorestamento que mantém algumas das característi-
deverá ser definido a partir da análise cas bióticas e abióticas das formações

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ciliares típicas daquela condição. Situ- cas das formações florestais típicas da
ação de áreas cujas floresta original foi área. De preferência as áreas devem ser
degradada pela ação antrópica ocupada isoladas dos possíveis fatores de pertur-
por capoeiras, com domínio de espécies bações para que os processos naturais
dos estágios iniciais de sucessão. possam atuar. É considerado um siste-
ma de reflorestamento eficiente, uma
c) Recuperação natural – nas áreas vez que os custos são reduzidos e a di-
pouco perturbadas que retém a maio- nâmica florestal é mantida sem interfe-
ria das características bióticas e abióti- rência externas.

3.1 Recomposição Florestal


A ação de recomposição florestal tado, de forma a compor uma listagem
deve ser realizada utilizando apenas as própria para cada tipologia. Exemplo
espécies arbóreas típicas das diferentes desta listagem pode ser verificado no
tipologias encontradas no Estado do anexo 2A. Caso esses dados não sejam
Acre (Acre, 2006). Para isso será neces- suficientes para abranger todas as tipo-
26 sário compilar todos os dados dos in- logias existentes, será necessária a rea-
ventários florestais já realizados no Es- lização de levantamentos florísticos.

3.1.1 Escolha das espécies


Serão indicadas diversas espécies de morfológicas, de crescimento e disper-
ocorrência natural considerando as di- são que caracterizam as mesmas como
ferentes tipologias existentes no Acre, sendo típicas de cada estágio da suces-
escolhidas a partir de critérios estabe- são natural. Deste modo, as espécies
lecidos pelo diagnóstico ambiental. O sugeridas deverão estar classificadas
modelo de plantio parte do princípio em pioneiras e não pioneiras, sendo
de que as espécies arbóreas nativas observados os critérios de distribuição
apresentam características fisiológicas, espacial na ocasião do plantio.

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3.1.2 Preparo da área e plantio
a. Roçada: Será realizado o corte da mesmas, com dimensões de 30 x 30 x
vegetação herbácea, antes do plantio, a 30 cm;
uma altura máxima de 10 cm do solo,
com uso de roçadeira mecânica, e ou e. Transporte e distribuição das mu-
foice manual; das: O transporte das mudas até o lo-
cal de plantio deverá ser em caminhão
b. Controle das formigas cortadei- baú. Na área de plantio as mudas serão
ras: O controle será realizdo antes, du- transportadas manualmente. As mudas
rante e após o plantio, estendendo-se das espécies não-pioneiras receberão
até 180 dias após o plantio, com uso de marcação, com uma fita vermelha, para
iscas granuladas. Nos dois primeiros facilitar a sua distribuição no campo. O
meses após o plantio, o controle será arranjo espacial das mudas no campo
realizado através de rondas em dias obedecerá ao esquema de uma linha
alternados, e nos outros meses, uma de espécie pioneira e outra linha in-
vez por semana. As rondas ocorrerão tercalando uma muda de espécie pio-
sempre no final da tarde. As iscas são neira e outra de espécie não pioneira.
27
colocadas em portas iscas, para evitar Deste modo, o plantio será realizado
o contato direto com o solo e absorver utilizando-se 75% de espécies pionei-
umidade, além de evitar que as mes- ras e secundárias iniciais (denominadas
mas sejam transportadas pela água, conjuntamente como pioneiras) e de
devido à ocorrência de chuvas fortes. 25% de espécies secundárias tardias e
Todo controle está e será realizado clímax (denominadas conjuntamente
abrangendo 100 m além dos limites como não-pioneiras);
das áreas de plantio;
f. Plantio das mudas: De acordo com
c. Alinhamento e marcação das covas a análise química do solo da área será
e coveamento: O espaçamento utilizado definida a adubação. Em seguida, será
será o de 2 x 2 m; efetuado o plantio. Atenção especial
deverá ser tomada, para manter o colo
d. Coveamento: Será feita capina ao da muda perpendicular ao solo, evitan-
redor (coroamento) do local das covas, do sua inclinação. Após o plantio, todas
com aproximadamente 50 cm de di- as sacolas plásticas serão recolhidas.
âmetro e, em seguida a abertura das

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3.2 Operações de
manutenção
a. Controle das formigas cortadeiras: te da vegetação herbácea será feito
Semelhante à área de recomposição flo- com uso de foice, a uma altura máxi-
restal; ma de 10 cm do solo. Esta operação
b. Replantio: O replantio das mudas deverá ser realizada aos 4, 7 e 12 me-
será realizado aos 30 e 60 dias após o ses após o plantio, podendo ser rea-
plantio; lizada novamente, de acordo com o
c. Capina de manutenção: Capinar, grau de infestação da área. Cuidado
um raio de 50 cm ao redor das mudas, especial para evitar o corte de muda
aos 2, 4, 7 e 12 meses após o plantio; e não deixar o material roçado sobre
d. Roçada de manutenção: O Cor- a muda.

A Tabela 10 apresenta o cronograma de implantação e


manutenção no 1o ano após o plantio.
28

Tabela 10: Cronograma de implantação e manutenção


no primeiro ano após o plantio
Atividade -------------------------- Primeiro ano-------------------------
Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7
Roçada X X
Controle das formigas
X X X X X X X
cortadeiras
Aração e gradagem X X
Alinhamento e
X X X
marcação das covas
Coveamento X X X
Adubação e plantio X X
Replantio X X X X
1ª Capina de
X X
manutenção
2ª Capina de
X X
manutenção

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3.3 Contrapartida dos
proprietários
Para que o projeto tenha maior chan- substratos (solos) adequadamente
ce de sucesso é importante selecionar esterilizados, que impeçam a disse-
agricultores que realmente estejam en- minação de doenças e pragas.
gajados na atividade agrícola, freqüen- Os viveiros deverão ser do tipo per-
tando e participando de reuniões. O manente em áreas próximas das unida-
fato de um projeto poder ser a “fundo des de recuperação, visando um menor
perdido” atrai muitos agricultores, mas custo de transporte, uso de material
não deve ser esquecido que há necessi- genético local, diminuição de desloca-
dade de dedicação como qualquer ou- mento das mudas de forma a diminuir
tra atividade. Viveiros estresse e perdas de mudas. Como o
Para produção de mudas reco- plantio deverá ocorrer no período chu-
mendam-se a construção de viveiros, voso, evitaria o transporte em condi-
que propiciem às plantas expressa- ções de estrada inadequada.
rem todo seu potencial genético, Deverão ser construídos três vivei-
obtendo-se assim mudas vigorosas ros, dois com a capacidade produtiva 29
que garantem o sucesso do projeto de um milhão de mudas/ano, os quais
de recomposição das áreas alteradas. serão localizados nos municípios de Fei-
O viveiro garante aos materiais pro- jó e Cruzeiro do Sul, e outro com capaci-
pagativos, ambiente adequado, no dade de quatro milhões de mudas/ano
tocante aos fatores componentes do no município de Rio Branco, de forma
desenvolvimento vegetal, tais como: a diminuir o máximo possível o percur-
fornecimento de luz e água na me- so entre o viveiro e o campo para evi-
dida certa, obtidos com a utilização tar danos às mudas e diminuir custo de
de sistemas de irrigação e cobertura transporte (Figura 6).
com telas apropriadas (sombrites); Os viveiros contarão com mão-de-
eficiência no controle fitossanitá- obra local, o que representará uma
rio, propiciado por espaços adequa- oferta de empregos em cada um desses
dos entre as plantas, que permitam municípios. Esta etapa deverá contar
o manuseio de equipamentos para com a parceria com as respectivas pre-
a realização deste controle; além de feituras.

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Figura 6: Raio de abrangência dos viveiros no Estado do Acre.

30 3.4 Marcação de matrizes


Para se obter êxito no cultivo de de forma a garantir a manutenção dos
espécies arbóreas nativas é neces- atributos genéticos de cada região, se-
sário que se utilize mudas sadias, rão realizadas atividades de campo para
de espécies adaptadas às condições marcação de matrizes em cada uma das
ambientais. Para isso é fundamental tipologias. O número de matrizes mar-
um controle sobre todas as etapas cadas será em função das informações
na sua produção, principalmente na levantadas a partir do levantamento
escolha de sementes, visando ter florístico. Cada indivíduo arbóreo rece-
maior qualidade em relação ao seu berá uma plaqueta numerada em cam-
potencial genético, poder de germi- po e será georreferenciado com uso de
nação, sanidade e vigor. Para isso um GPS, em alguns casos a trilha de
torna-se fundamental conhecer as marcação será georreferenciada e ha-
matrizes que fornecerão o material verá um croqui esquemático-descritivo
utilizado. acompanhando os dados. Material bo-
Para ter controle das espécies que se- tânico será coletado e posteriormente
rão utilizadas na recomposição florestal, incorporado no acervo do herbário da

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UFAC. As informações registradas sobre produzidas nas matrizes marcadas irão
as árvores matrizes seguirão modelo de posteriormente abastecer os Viveiros
ficha que segue em anexo. As sementes Florestais.

3.5 Formação de coletores


de sementes
Para viabilizar o uso de material de-obra local (mateiros) para atuar na
genético local, as sementes deverão coleta das sementes. Deverão ser for-
de coletadas das matrizes marcadas necidos os equipamentos necessários
conforme descrito na etapa anterior. para a coleta, incluído os de seguran-
Para isso será necessário treinar mão- ça.

3.6 Sistemas Agroflorestais


Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são de produtos Florestais não-madeirei-
formas de uso e manejo dos recursos ros como sementes com potencial para
31
naturais, nas quais espécies lenhosas artesanato e reflorestamento, além da
(árvores, arbustos, palmeiras) são utili- borracha e castanha. O açaí, murmuru,
zadas em consórcio com cultivos agríco- andiroba e coopaíba são outros produ-
las e, ou com animais, em uma mesma tos que podem gerar rendas para os
área, de forma simultânea ou em uma produtores rurais. Como não é possível
seqüência temporal. Estes sistemas atuar numa área tão extensa, serão ins-
conjugam aspectos de conservação do taladas vinte unidades demonstrativas,
solo (controle da erosão, manutenção cada uma com 10 ha, de forma a divul-
da matéria orgânica, manutenção das gar essa prática entre os agricultores.
propriedades físicas) e da fertilidade do Deve ser levado em consideração
solo (ciclagem de nutrientes). que a doação de recursos é importante
As subzonas 1.1 e 1.2 apresentam apenas para iniciar o processo, e que os
848.781 ha de área com aptidão para agricultores deverão estar aptos a levar
atividades agrosilvopastoril, segundo o adiante a experiência após o término do
mapa de aptidão agrícola, já excluindo projeto. Ou seja, os lucros gerados pela
as áreas de APP desmatada. Nessas áre- experiência devem ser suficientes para
as pode-se incrementar a exploração prover o sustento da família e investir

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ainda mais na atividade. Para tanto, é a condução da experiência é extrema-
preciso ser criterioso na escolha das es- mente relevante. Para tanto, é necessá-
pécies a serem plantadas. É importante rio buscar parcerias institucionais e go-
selecionar espécies que frutifiquem em vernamentais, onde possa ser garantida
diferentes épocas, pois é uma maneira assistência técnica de qualidade e com
de garantir a renda do agricultor duran- freqüência.
te todo o ano. Também devem ser plan- Em áreas de pastagens, tem sido
tadas espécies que frutifiquem desde difundido o emprego de sistemas silvi-
o primeiro ano, pois como para os be- pastoris, ou seja, a utilização de espé-
neficiários se trata de uma maneira al- cies florestais com potencial madeireiro
ternativa de cultivar a terra, é de funda- juntamente com a pastagem (FRANKE &
mental importância mostrar resultados FURTADO, 2001; OLIVEIRA et al., 2003).
em curto prazo, motivando o agricultor. A interação das árvores e pasta-
Nesta fase também é importante pen- gens traz alguns benefícios, tais como:
sar no mercado consumidor. o bem-estar animal, enriquecimento
Outro ponto importante é a esco- do solo e melhoria no valor nutritivo
lha dos agricultores, dando preferência do pasto. Além disso, o incremento na
para os que têm mais experiência no renda com a comercialização de pro-
32
cultivo da terra. Devem-se considerar dutos, obtidos das árvores proporciona
as suas opiniões, pois quando isto acon- melhoria ao ambiente e valorização da
tece, o nível de aceitação e a probabi- propriedade.
lidade do projeto ser levado adiante Pode-se testar uso de plantas com
são muito maiores. A participação dos potencial para serem usadas como ma-
agricultores também é importante no téria prima para biocombustível.
sentido de fazê-los se sentirem respon- Outra opção é utilizar plantas de
sáveis pela experiência. Levando-se em maior valor econômico, como a serin-
consideração que a maioria dos agri- gueira (Hevea brasiliensis) ou mesmo
cultores não tem muita experiência no algumas exóticas, como a teca (Tectona
plantio consorciado, a orientação para grandis).

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Consolidação de Sistema de Produção Sustentável - ZONA 1.
3.7 Regeneração natural
Estudando a regeneração natural nejo e proteção florestal, que somam
de uma floresta de várzea na região 144.139 ha, serão submetidos a um
do Médio rio Purús, D’Oliveira (1989) processo de regeneração natural. De-
verificou que a floresta resultante verão ser instalado poleiro sistematica-
apresentou-se mais densa e com me- mente espalhados nas áreas desmata-
lhor distribuição das espécies. As áre- das de forma a promover a dispersão
as desmatadas na subzona 1.3 – Ma- de propágulos.

33

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Consolidação de Sistema de Produção Sustentável - ZONA 1.
4 PROGRAMAS E
EXPERIÊNCIAS
PROMISSORAS DE
RECUPERAÇÃO/
UTILIZAÇÃO DE
ÁREAS ALTERADAS
NO ESTADO

34

4.1Secretaria de Estado de
Extensão Agroflorestal e
Produção Familiar – SEAPROF
A atividade a ser desenvolvida por par- mamente nas características tradicio-
te dos pequenos produtores, necessaria- nais das famílias, considerando suas
mente, deverá passar por uma dinâmica limitações de mão-de-obra, calendário
de uso da terra que possa, ao mesmo agrícola e disponibilidade de recursos
tempo, recompor o passivo florestal e ge- técnicos, infra-estrutura e oportunida-
rar renda para as famílias envolvidas. des de comercialização dos produtos.
Essa iniciativa deverá estar baseada Os consórcios de plantios de cultu-
numa realidade que intervenha mini- ras de ciclos curtos médio e longo (na

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Consolidação de Sistema de Produção Sustentável - ZONA 1.
forma de sistemas agroflorestais) se Deste modo, ao longo dos últimos
constituem na condução de uso da ter- quatro anos a SEAPROF vem desenvol-
ra que, segundo a SEAPROF, instituições vendo um sistema denominado “ro-
de pesquisa, organizações não gover- çados sustentáveis” (Figura 7), como
namentais, e entidades representativas mecanismo de transição da agricultura
dos movimentos sociais é a metodolo- tradicional de corte-e-queima para sis-
gia mais adequada à realidade produti- temas produtivos de bases agroecológi-
va local. cas.

35

Figura 7: Roçado Sustentável.

O mecanismo consiste no plantio to tomado por invasoras, capoeiras de


de leguminosas (plantas com vagens, três a quatro anos, improdutivas) com a
como feijão, puerária e mucuna) para meta de torná-las viáveis à produção de
reincorporar áreas abandonadas (pas- arroz, feijão, milho e mandioca, princi-

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palmente para cumprimento das ações nesta mesma área no início das chuvas
de segurança alimentar. A prática é con- do ano 2.
siderada ambientalmente correta por- 3º- A outra metade da área queima-
que, à exceção do primeiro ano, as fa- da no ano 1 deverá ser ocupada com
mílias não precisariam mais usar o fogo leguminosas (de preferência a mucuna)
e evitariam novos desmatamentos. para que o capim e invasoras possam
O que se propõem aqui é uma adap- desaparecer (permanecendo pelo pe-
tação deste método para que as famílias ríodo mínimo de um ano) e incorporar
possam acrescentar os cultivos de ciclo matéria orgânica e nitrogênio. Neste
médio e longo (perenes e semi-perenes). momento as famílias necessitam de
Nesta derivação, os (as) produtores (as) custeio da mão-de-obra, mudas, horas
podem proceder do seguinte modo: de máquina (quando possível), insumos
1º- No primeiro ano e nos meses como as sementes de mucuna e, em
propícios realizam a queima (de forma muitas situações, calcário para melho-
controlada e com acompanhamento rar as condições de acidez do solo. O
técnico) ou mecanizam (com recursos crédito deve contemplar recursos para
próprios) as áreas (1 a 3 hectares, como financiar estas necessidades.
é tradicional) no (s) período (s) do ano 4º- Entre fevereiro e maio serão re-
36
propício. Este é o único momento em alizadas as colheitas de grãos, além das
que o uso do fogo seria adotado. É im- sementes de mucuna para plantio desta
portante enfatizar que não serão permi- metade da área (plantada ainda no ano
tidas derrubadas e queima de áreas de 1). A mandioca será colhida após um
floresta nativa, uma vez que estas pro- ano, isto é, no ano 2 do processo.
priedades já estão com passivo florestal 5º- No ano 2 faz-se o plantio de mi-
a ser recomposto. lho (consorciado com mandioca), arroz
2º- Metade desta área será destina- e feijão na outra metade anteriormente
da ao plantio de milho (podendo ser ocupada com leguminosas, podendo-
consorciado com mandioca), arroz e se fazer um segundo plantio de grãos
feijão. De acordo com a disponibilida- entre as culturas perenes do ano 1. No
de de mudas, nesta mesma fase do ano ano 2 completa-se o plantio de mudas
(início das chuvas) as famílias já podem semi-perenes entre as essências flores-
(se quiserem), se assim o desejarem, tais e fruteiras do ano 1. Repetem-se os
plantar 1 ou 2 culturas de ciclo perene mesmos procedimentos do ano 1.
(seringueira, fruteiras, essências). As 6º- Do ano 3 em diante as duas me-
culturas perenes podem ser plantadas tades da área estarão ocupadas com as

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espécies perenes e semi-perenes, com adicionar 1 a 3 hectares/ano. Se o TAC
possibilidade de mais uma colheita de assinado junto ao IMAC for de 30 hecta-
mandioca e milho e, dependendo dos res, por exemplo, segundo o Código Flo-
espaçamentos, arroz e feijão. restal, deveriam estar em recuperação
Ainda no ano 3 as famílias já deverão da reserva legal pelo menos 1 décimo
determinar no Termo de Ajustamento a cada 3 anos. Neste caso, as famílias
de Conduta (TAC) de outra área para re- cumpririam as exigências e até mesmo
petir os ciclos descritos acima. Seguindo ultrapassariam a meta, tornando-se
as seqüências acima as famílias podem muito eficientes.

4.2 Secretaria de Estado de


Agropecuária – SEAP e o
Programa de Mecanização
Conforme o mapeamento de apti- Capixaba, Epitaciolândia e Brasiléia em
dão agrícola do Acre, a SEAP vem tra- áreas com potencialidades para produ-
balhando nos municípios de Rio Branco ção intensiva de grãos, principalmente 37
(AC-090 - Transacreana km 40 ao 60), a cultura do milho, um dos principais
Senador Guiomard, Plácido de Castro, produtos para abastecimento da agroin-
Porto Acre (P.A Caquetá, P.A. Humaitá), dústria de frango em Brasiléia.

4.2.1 Escolha das áreas


As propriedades selecionadas são áre- e degradadas, onde serão transformadas
as de capoeiras e pastagens subutilizadas em áreas de produção agrícola.

4.2.1.1 Preparo da área e plantio


a) Destoca: Em áreas de capoeira nos laboratórios credenciados e
é realizado a destoca e enleira- após, o resultado é recomenda-
mento; do as necessidades de correção
(calcário) e adubação (fertilizan-
b) Correção do Solo: consiste na tes);
amostragem do solo e análise

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c) 1º corte com grade aradora: é g) Colheita: Após 100 a 120 dias ao
realizado o corte da terra com plantio dar-se início a colheita
uma grade aradora, o calcário é mecanizada, a produtividade che-
incorporado ao solo; ga a ser de até 130 sacos de 50kg
por ha, uma ótima produtivida-
d) 2º corte com grade aradora: de para as terras que antes eram
após 30 dias é realizado o 2º consideradas improdutivas;
corte com grade aradora para
incorporar a massa de capim e h) Contrapartida dos proprietários:
pragas ao solo; o produtor disponibilizará recur-
sos para aquisição de semente,
e) Nivelamento do solo: antes do adubo, calcário e pagamento da
plantio da semente é realizado o hora máquina ao valor de 50%
nivelamento do solo; mais barato do que é praticado
no mercado;
f) Plantio: após a 2ª chuva de se-
tembro dar-se inicio ao plantio i) Governo: Cabe ao governo dis-
mecanizado de milho, onde é ponibilizar as máquinas e equi-
38
utilizado uma plantadeira agrí- pamentos necessários para
cola acoplada com adubadeira atender a produção; garantir as-
e semeadeira, neste momento é sistência técnica; secar e arma-
utilizado uma adubação de NPK zenar os grãos nos silos grane-
recomendado conforme a análi- leiros. Todas as áreas plantadas
se do solo; são georeferenciadas.

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Figura 8. Diversas operações realizadas na recuperação de áreas alteradas com uso da mecanização

As dificuldades deste programa mas ainda é a melhor maneira de re-


são o número limitado de máquinas, cuperação de áreas degradadas onde
equipamentos e insumos para aten- o produtor é beneficiado financeira-
der a demanda dos produtores; os mente conforme o resultado da pro-
investimentos são altos e de riscos, dução.

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40
4.3 Secretaria Estadual de
Floresta – SEF e o PROGRAMA
DE FLORESTAS PLANTADAS
DO ESTADO DO ACRE
Nos últimos anos o Estado do Acre matamentos.
obteve grandes avanços com relação Atualmente o Estado está preocu-
ao uso sustentável do seu patrimônio pado, também, em desenvolver ações
florestal natural. Por meio de políticas que trazem em sua concepção “o re-
públicas de incentivo ao manejo flores- florestamento da região amazônica”.
tal de uso múltiplo em florestas estadu- A proposta ganha características de
ais, comunitárias e privadas, foi possível apelo popular, além de torna-se uma
praticamente inverter a base de supri- tendência nos campos empresariais
mento industrial madeireiro, que antes e científicos, unindo o sentimento de
grande parte era proveniente de des- conservação da principal floresta na-

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tiva e a demanda por atividades eco- forma de integrar políticas de con-
nômicas de maior rentabilidade e am- servação e preservação ambiental
bientalmente mais sustentáveis para com a geração de renda e a segu-
a população da região. Pelo exposto o rança alimentar;
Programa se fundamenta nas seguin-
tes premissas: • A estratégia de plantações flores-
tais e o conseqüente aumento da
• Existem áreas degradas e as plan- oferta de madeira é um fator im-
tações florestais se constituem em portante na atração de investimen-
uma forma de conciliar a recupera- tos na área industrial.
ção destas com atividade geradora
de trabalho e renda; Diante desta perspectiva, o Gover-
no do Estado pretende nos próximos
• Os bens e serviços gerados pelas anos desenvolver um conjunto de
plantações florestais são seme- ações visando à recuperação de ex-
lhantes aos gerados pelas florestas tensas áreas alteradas e degradadas,
nativas; que segundo o Zoneamento de Ecoló-
gico-Econômico do Acre (ZEE-AC), es-
41
• As florestas plantadas não compe- tão concentradas principalmente na
tem com as nativas, são comple- Zona 1 – Consolidação de Sistemas de
mentares na proteção e na conser- Produção Sustentável. Para isto, se-
vação ambiental; rão criados instrumentos de fomento
a implantação de florestas plantadas
• A madeira de plantações corrobora nestas áreas, visando à recuperação
para a melhoria da competitividade de áreas degradadas aliada a produ-
da indústria de madeira tropical; ção com fins madeireiros, não-madei-
reiros, energéticos e segurança ali-
• Sistemas agroflorestais são uma mentar.

4.3.1 Objetivo do Programa


Promover o estabelecimento de tratégico, aumentando a competitivi-
floresta plantadas em áreas alteradas dade das indústrias de base florestal
e degradadas, com vistas à oferta de do Estado, com geração de trabalho e
suprimento de caráter produtivo e es- renda.

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4.3.2 Componentes do Programa
Os componentes do programa são: Estes representam também as áreas
(i) Florestas Públicas; (ii) Florestas Co- prioritárias de implementação do pro-
munitárias; e, (iii) Florestas Privadas. grama.

4.3.3 Ações para


Implementação do Programa
4.3.3.1 Desenvolvimento de cação florestal;
Padrões de Projeto e Estudos
Complementares (v) Prospecção de espécies poten-
(i) Desenvolvimento de padrões ciais contemplando a tecnologia
de projetos para florestas com apropriada para produção de
fins madeireiros (madeira serra- mudas, os coeficientes técnicos
da, laminada, cavacos/resíduos, para implantação, produtivida-
painéis reconstituídos, energia de, rendimentos esperados, im-
– etanol e térmica); seringueira; pactos ambientais e opções de
castanha; sistemas agroflores- produto e mercado;
42
tais – SAF’s e agrosilvopastoril;
fruticultura/cosméticos; e, den- (vi) Ofertas e demandas de linhas de
dê; crédito para financiamento ope-
rado por agências oficiais (Pro-
(ii) Mercado de produtos florestais; naf Florestal, BB Florestal, Pro-
pflora, FNO Floresta e outros);
(iii) Diagnóstico das condições locais,
incluindo a situação fundiária, (vii) Viabilidade econômica e outros
aspectos sócio-econômicos, lo- inerentes ao processo de imple-
gística, infra-estrutura, aspectos mentação do programa.
legais e institucionais.
4.3.3.2 Construção e Ampliação
(iv) Análise de potencialidades, in- de Viveiros para Produção de
cluindo a obtenção de indicado- Mudas Florestais
res de aptidão dos fatores físi- (viii) Implementação de zonas para
cos, identificação de terras com rustificação no interior, deno-
aptidão florestal e macrozonifi- minados “viveiros de espera”;

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(xv) Concessão pública para plantio
(ix) Ampliação da capacidade insta- de áreas alteradas e degradadas
lada de produção do Viveiro Flo- das Florestas Estaduais;
restal da SEF em Rio Branco;
(xvi) Fornecimento de mudas de espé-
(x) Aquisição de tecnologia e implan- cies florestais nativas e exóticas
tação de laboratório para produ- para produtores comunitários;
ção de clones “in vitro”, visando o
desenvolvimento de programas de (xvii) Fornecimento dos insumos ne-
melhoramento florestal e forneci- cessários para implantação de
mento de mudas de alto valor ge- florestas plantadas em áreas de
nético. produtores comunitários;

4.3.3.3 Produção de (xviii) Implementação de cooperativa


Mudas Florestais de serviços para assistência téc-
(xi) Aquisição de sementes de coope- nica dos fomentados, sendo duas
rativas de produtores florestais; visitas técnicas, uma para implan-
tação e outra para manutenção;
(xii) Aquisição de insumos necessá-
43
rios para produção e expedição (xix) Implementação de cooperativa
de mudas florestais; de serviços para o gerenciamen-
to e fiscalização da implantação
(xiii) Implementar cooperativas de das florestas plantadas;
serviços para o gerenciamento e
produção de mudas nos viveiros (xx) Implementação de cooperativa
florestais da SEF. de serviços para operação da im-
plantação de florestas plantadas;
4.3.3.4 Implantação de
Florestas Plantadas (xxi) Articulação para promoção de
(xiv) Operacionalização da linha rela- mecanismos de financiamento destina-
tiva ao fomento florestal no âm- dos a estes investimentos;
bito do Fundo Estadual de Flo-
restas, criado pela Lei Estadual (xxii) Atração de investidores
n.º 1.426 de 27 de dezembro de para implantação de florestas planta-
2001; das.

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