EU E MINHA PEQUENA (1332) (ME AND MY GAL) Hiysado em Manhattan, o filme conta a histéria de um policial de coragao mole e nao ‘to inteligente (Spencer Tracy) que se envolve com uma gargonete de um restaurante de {iulos do mar Joan Bennett) e, por pura sort, captura um famoso gangster que, conve- Hleniemente, escolheu © sétdo da ima dela para se esconder. Raoul Walsh ¢ seus ‘oiplistas usaram essa premissa fajuta como desculpa pata fazer o que bem entendiam. O {esultado 6 um filme delicioso, despretensioso e, muitas vezes, completamente maluco. (© apelo popular de Eu e minha pequena soa convincente e, embora 0 retrato que 0 Wine faz da vida dos imigrantes irlandeses na América da Grande Depressao seja sem ‘livida idealizado, a autenticidade do otimismo, da temura, do fervor e da profun- ‘iidade da experigncia compartithada por tras da idealizagao é inconfundivel. Neste {Wine anterior a revogacao da Lei Seca, vemos nao s6 um bebado brigao servindo de {Hotivo cOmico (o excéntrico will Stanton), como também uma cena de casamento que ‘telebra escandalosamente a bebida, com o pai da noiva (Farrell MacDonald) andando ‘9 diresao a um close e lancando um alegre convite para a camera: “Quem gostaria de lina bebida, heinz™ Com toda a comicidade de Eu e minha pequena, nao € de se surpreender ou Jjnentar que a parte séria da trama fique em segundo plano. A ousadia despojada com que Walsh lida com 0 espaco, seu carinho pelas pessoas tudes e de bom coracao € 0 Jomninio que tem de cada nuance do seu material ficam claros no decorter do filme, ue, por milagre, nao cai em nenhum momento no convencional. Cfu ZERO DE CONDUTA (1923) (ZERO DE CONDUITE) Diabinhos na escola": o subtitulo de Zero de conduta sugere uma comédia leve, no estilo dos filmes da sé inglesa Carry On, mas o classico méd metragem de Jean Vigo Injo brinca em servico. © que esta por tras deste esquete de rebeli3o infantil contra uma \nstituigao de ensino opressiva é nada menos que um auténtico manifesto surrealista ja dimensio césmica é assegurada pelo dltimo plano, no qual os diabinhos, lvlunfantes em um telhado, parecem prontos para alcar v6o, Fste € um 6timo filme para se mostrar para estudantes desprevenidos do que estao para ver: nu frontal, humor escatolégico e obcecado com 0 corpo, blastémia e ho: \noerotismo incessante. Porém ele transcende a simples dicotomia juventude versus \itoritarismo (ao contrario da sua fraca refilmagem, Se... de 1968) através da sua visio Je uma petversidade inescapavel e polimorfa: aqui, mesmo os mais formalistas dos jiofessores sao degenerados, devassos no seu intimo. A vigorosa provocacao se da tanto no ambito da forma quanto do contetido: as pperiéncias com camera lenta, animacao e truques de fotografia sdo prodigiosas € (raordinarias. Vigo absorveu o vanguardismo de Luis Buftuel e René Clair, mas tam bem inventou uma estética singular: o “plano aquario”, um espaco claustrof6bico em |e aparigdes estranhas surgem de cada canto e fresta disponiveis ~ cinema na forma Je um namero de magica. AM EUA (Fox) 79 min. P&B ‘Idioma: ingles Diretor: Raoul Walsh Roteiro: Philip kein, Barry Conners, arthur Kober Fotografia: Arthur . Miller Miisica: James F Hanley Elenco: Spencer Tacy, joan Bennett, Marlon Burns, George Walsh, J Farrell MacDonald, Noel Madison, Henry Walthall, Bert Hanlon, Adrian Mortis, George Chandler, Will Stanton Franca (Argui-Film) 41 min, P&B Idioma: frances Diregao: jean Vigo Produgao: jacquies-Louis Nounez, Jean Vigo Roteiro: Jean Vigo Fotografia: Boris Kaufman ‘Misica: Maurice Jaubert Elenco: Jean Dasté, Robert le Flon, Du Verron, Delphin, Léon Larive, Mme, Emile, Louis De Gonzague= Frick, Raphiel Diligent, Louis Lefebvre, Gilbert Pruchon, Coco Golstein, Gérard de Bédarieux 101