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A leitura deste livro pode comear

por qualquer pgina. Mas, se se


comear pelo princpio, descobre
se que h aqui algum que gosta
de ver o que h do outro lado. E
que lado esse? Talvez o outro
lado do que se v, o outro lado do
que se ouve, o outro lado do que
se sente. At o outro lado de cada
palavra, que as palavras s vezes
tm vrios lados, como as coisas.
E
h prosa que parece poesia,
poesia
que parece prosa... Porque nem
tudo s o que parece ser. Como
dizia certo poeta, tudo sempre
outra coisa...

O teclado do computador guarda, ningum sabe


onde,
um ba cheio de poemas. De vez em quando,
quase
sem se dar por isso, um deles emerge e aparece
no ecr.

At quando entoa uma melodia alegre, a


voz do
violoncelo soa um pouco triste.

Se os lpis afiados tivessem nome, chamar-se-iam


nacionalidade.

Certos espirros soam como pratos numa


orquestra.

Para no se tornar intil, o pesa-papis recusa-se a


fazer

Os badalos batem mais nas paredes da


cabea do que

Domenico , Domingos ou Dominique. Dependia da

dieta.

Qual a pessoa, animal ou paisagem perdo!


qual o objeto que reclama mais ateno de
tanta gente? o telemvel!

nas campnulas dos sinos.

Borracha

Como um bombeiro
de apagar cinza em vez de
fogos,
a borracha apaga, apaga.
E quanto mais apaga
mais a si mesma se apaga
at ser nada.
(Pg. 18)

Era uma vez uma sombra


que no parava de estar quieta.
Quanto mais quieta estava

A sombra quieta
mais o pobre corpo
se mexia

e saltava, esbracejava, corria.


Tomado pelo medo,
o corpo acabou por fugir
daquele sinistro lugar.
Nunca mais ningum o viu.
E a sombra?
Ainda l est.
Ali, naquele lugar.
(Pg. 9)

Chama
Dana a chama, aquece,
queima,
prende o olhar e o
pensamento.
A chama extingue-se
sempre,
mas o seu mistrio nunca.
(Pg. 33)

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