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SO ara UTA 2 Te LIA CALABRE ' NCC IATUCOL ens] Copyright © 2002, Lia Calabre Copyright desta edigao © 2004: Jorge Zahar Editor Leda. rua México 31 sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ tel: (21) 2240-0226 / fax: (21) 2262-5123 e-mail: jze@zahar.com.br site: www.zahat.com.br Todos os direitos reservados. A reprodugio nao-autorizada desta publicacao, no todo ou em parte, constitui violagio de direitos autorais. (Lei 9.610/98) Edigio anterior: 2002 Capa: Sérgio Campante nica: TopTextos Edigaes Grificas Ltda. mosete Grafica ¢ Editors Composicio eletr Impressao: ‘na-fonte CIP-Brasil.. Cataloga Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Calabre, Lia Cl4le Aera do radio / Lia Calabre. — 2.ed. — Rio de Janeiro: 2ed. Jorge Zahar Ed., 2004 il, —(Descobrindoo Brasil) Inclui bibliografia ISBN 85-7110-684-3 1, Radiodifusio — Brasil - Histéria. 2. Rédio ~ Aspectos sociais — Brasil. I. Titulo. I. Série. CDD 791.440981 04-0745 CDU 654.19(81) Sumario Introdugao 7 A estruturagao do rddio brasileiro 12 O radio e 0 ouvinte 21 O radio popular e seus “anos dourados” 30 Novos tempos para o rddio brasileiro 49 Cronologia 51 Referéncias e fontes 54 Sugestoes de leitura 56 Sobre a autora 59 Iustragoes (entre p.32-33) Créditos das ilustragdes 1, 4. Agéncia Nacional, acervo do Arquivo Nacional. . 2, 6, 7. Arquivo do Correio da Manhi, acervo do Arquivo Nacional. 3, 5, 8, 9. Acervo do Arquivo Rddio Nacional. Introdugdo A cldssica imagem de uma enorme caixa de madeira falante representa um tipo de radio que nao existe mais. Esta afirmativa, mais do que se referir ao aparelho receptor de radio, diz respeito 4 programagio veiculada pelas emissoras. Ao pensarmos nos programas transmi- tidos pelo rddio brasileiro da década de 1920 até o inicio da de 1960, 0 que se destaca sao as radionovelas, os programas de auditério, as cantoras eleitas “rainhas do radio”, os programas humorfsticos ¢ de variedade — estilos que no s40 mais produzidos pelas emissoras brasileiras. O rddio criou modas, inovou estilos, inven- tou prdticas cotidianas, estimulou novos tipos de socia- bilidade. {cone de modernidade até a década de 1950, ele cumpriu um destacado papel social tanto na vida privada como na vida publica, promovendo um pro- cesso de integracéo que suplantava os limites fisicos ¢ os altos indices de analfabetismo do pats. Langado como uma novidade maravilhosa, o r4- dio transformou-se em parte integrante do cotidia- no. Presenga constante nos lares, converteu-se em LIA CALABRE um meio fundamental de informagao ¢ entreteni- mento. Ao longo da década de 1950 0 radio tor- nou-se um objeto acessivel a grande maioria da populacao, no mesmo momento em que tinha inf- cio o processo de langamento e valorizagéo da te- levisio no Brasil. Nos anos 1960 o formato de programas de rddio que havia feito tanto sucesso nas décadas anteriores j4 havia se transferido, em grande parte, para a televisiéo. Essas mudangas de- ram origem a novos modelos de programagao ra- diofénica, cada vez mais distantes daquele que pre- valeceu nos “anos dourados” do radio brasileiro. O rddio, no Brasil, acompanhou de perto as inova- ges tecnolégicas ocorridas em todo o mundo. Apesar das diversas experiéncias realizadas em varios pafses desde os primeiros anos do século XX, a radiodifusio0 como um servico de transmissio regular surgiu em novembro de 1920, nos Estados Unidos. A KDKA, como foi batizada a primeira emissora radiofénica, utilizava equipamentos fabricados pela Westinghouse e tinha como base de sua programagio a produgao de coberturas jornalisticas. Na Inglaterra ¢ na Franga, as primeiras emissoras radiofénicas regulares surgiram no ano de 1922. Nos Estados Unidos, 0 sucesso do radio foi imedia- to, produzindo uma verdadeira explosio do setor. Em outubro de 1921 foram registradas 12 novas emissoras; em novembro, mais 9; em dezembro, outras 9. Em TO AERA DO RADIO janciro de 1922, 26 novas emissoras entravam no ar. Ao final do ano de 1924, os Estados Unidos ja conta- vam com 530 emissoras de rddio em funcionamento! As empresas norte-americanas de equipamentos e apa- relhos de rddio logo iniciaram o processo de expansio para outros paises, mas em nenhum outro lugar foram registrados {ndices de crescimento do setor similares aos dos Estados Unidos. Na década de 1930, o rddio ja trazia 0 mundo para dentro da casa. O historiador Eric Hobsbawm, em seus estudos sobre o século XX, aponta o rddio como uma poderosa ferramenta de comunicagio e integragao entre os individuos. O rddio foi o pri- meiro meio de comunicagio a falar individualmente com as pessoas, cada ouvinte era tocado de forma particular por mensagens que cram recebidas simul- taneamente por milhdes de pessoas. O novo meio de comunicagao revolucionou a relagao cotidiana do individuo com a noticia, imprimindo uma nova velocidade e significagao aos acontecimentos. Ao partilharem das mesmas fontes de noticias, os in- dividuos se sentiam mais integrados, possufam um repertério de questées comuns a serem discutidas. No campo especifico da producao cultural, o radio inovou, ao mesmo tempo em que absorveu e adap- tou outras formas de arte jé existentes. Estavam presentes no rddio, por exemplo, a musica em seus diversos géneros e 0 teatro — drama e comédia. O iQ) LA CALABRE radio tornou-se um excelente meio de divulgagio de outras manifestacées artisticas. Entre as mudangas efetuadas na cidade do Rio de Janeiro, entao capital federal, no infcio da década de 1920, com pretensdes a romper, definitivamente, com © passado colonial, destaca-se a derrubada do Morro do Castelo, que cedeu lugar & construgao de pavilhdes onde foi instalada parte da Exposigio Nacional, preparada especialmente para os festejos do Centenario da Independéncia Brasileira, em 1922. A extensdo (e pretensao) dos festejos podia ser medida através da grandiosidade desses pavi- Ihées: 0 pats desejava mostrar-se préspero, saudavel, desenvolvido, e, acima de tudo, moderno. Assim sendo, nao poderia haver momento mais propicio para apresentar a sociedade brasileira uma das mais recentes novidades tecnoldgicas que encantava o mundo: o radio! No dia da inauguragao da exposig&éo ocorreu a primeira demonstragao publica, no Brasil, de uma transmissao radiofénica, levando espanto e curiosi- dade aos visitantes da Exposigao Nacional. No pa- vilhao principal puderam ser ouvidos o discurso de Epitdcio Pessoa (entao presidente da Republica) ¢ trechos da épera O Guarany, de Carlos Gomes, que estava sendo executada no Teatro Municipal. As transmiss6es, ainda que acompanhadas de muitos rufdos, espantaram e maravilharam as pessoas pre- 2410 A ERA DO RADIO sentes, muitos dos quais imaginaram que estivessem presenciando algum tipo de truque. O sucesso ea repercussao das primeiras transmiss6es radiofénicas na imprensa resultaram, logo no ano se- guinte, no estabelecimento da Radio Sociedade do Rio de Janeiro, Organizada gracas aos esforgos de Roquette Pinto e Henrique Morize, pretendia criar uma rddio cuja programagfo teria finalidades estritamente cultu- rais ¢ educativas. Essa foi oficialmente a primeira de muitas emissoras de rddio que surgiriam em todo o pais. Apesar de o rddio ter se desenvolvido em diversas regides do pais ao mesmo tempo, as emissoras de radio cariocas e paulistas tiveram uma posigéo de destaque no cenério radiofénico nacional. Durante as décadas de 1940 € 1950, dentro do conjunto das emissoras cariocas, especificamente, e mesmo bra- sileiras em termos gerais, destacava-se a Radio Na- cional do Rio de Janeiro, que criou uma espécie de modelo de programagio radiofénica seguido pelo restante do pais. As radios Mayrink Veiga, Tupi ¢ Tamoio, junto com a Nacional, eram as que obti- nham os maiores indices de audiéncia. Em outras regides podem ser destacadas as rddios: Clube de Pernambuco; Jornal do Comércio, de Recife; Far- roupilha e Gaucha, do Rio Grande do Sul; Incon- fidéncia, de Belo Horizonte; ¢ as paulistas Excelsior, Record, Sao Paulo e Tupi.

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