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1 Introduo
Este texto pretende apresentar uma posio particular sobre a
relao entre evidncia e validade, assumida por W. Dilthey, a qual
oferece uma chave para se entender um dos fundamentos da
filosofia contempornea e o modo como ela tem tentado pensar sua
base cognitiva como ontologicamente distinta da base epistmica
das cincias empricas atuais.
Inicialmente preciso entendermos qual a importncia deste
autor. Dilthey o primeiro filsofo a estabelecer, no pensamento
alemo, a diferena entre dois grupos de cincias e a fixar esta
diferena terminologicamente, referindo-se as Geisteswissenschaften
e as Naturwissenschaften, ou seja, s cincias do esprito e s
cincias da natureza. Esta terminologia ser depois apropriada pela
Escola de Baden, da qual so nomes expressivos Windelband e
Rickert, os quais procuraram pensar esta distino a partir de
critrios lgicos. Afirmavam, assim, que estes dois grupos de
cincias diferenciavam-se por possurem interesses lgicos distintos.
As cincias do esprito intentavam apreender a realidade mediante
conceitos individualizantes, j as cincias da natureza pretendiam
descrever a realidade por meio de conceitos generalizantes. O modo
de apreenso da realidade destes dois grupos de cincias diferenciarse-ia, portanto, por sua respectiva Begriffsbildung, ou seja, pelo
modo como cada grupo formava seus conceitos e lhes dava uma
destinao cientfica.
A proposta de Dilthey, ao contrrio, bem mais arcaica, e
vale-se de um mtodo que nos acompanha desde a antigidade, a
saber: a Histria da Filosofia. E a partir desta Histria, Dilthey se
esfora em pensar esta distino a partir de um fundamento
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Wolff distingue causa e razo suficiente (J. cole, 1990, p. 148), considerando o
princpio de razo suficiente no somente como princpio de causalidade (como se
dispe as coisas em uma seqncia de atualizaes), mas como princpio de
inteligibilidade (o fundamento ou o porqu da ocorrncia de algo). Tambm
Dilthey faz uma distino similar entre causa e razo suficiente, justamente para
poder pensar o compreensivo no como mera decorrncia causal, mas para poder
conceb-lo como fundamento hermenutico, ou seja, como um modo de
inteleco promovido por inter-relaes e no somente por uma seqncia
mecnica de eventos.
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comum se apontar os elos de reciprocidade (Amaral, 1994) ou as
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