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Cinzas de setembro

Um dia o sol de setembro se turvou;


Rasgou sua cortina de luz e se fez sombras
Prometendo negrume primavera que se avizinhava:
Derrubou ptalas, abafou perfumes, calou gorjeios,...
Os mais belos cantos dos mais belos pssaros silenciaram.
Neste dia, setembrino, o alvorecer da flora no se fez,
Cantou-se a despedida em tom de fria
No enterro da guitarra feito aos vmitos.

Outro dia, outro setembro, outro negror;


O corao do homem latino se fez pedaos
E em fogueira arderam seus pensamentos libertrios.
O quinchamali no se abriu ao frio sol deixando caules secos ao vento de sal.
Os versos do poeta se calaram no mesmo instante
Em que se calaram as alvssaras do novo tempo.
O verdugo, travestido de cordeiro,
Sangrou a cordilheira naquele setembro promissor.

Novo setembro, nova derrama de plen.


Apagando-se aos guerrilheiros,
O primaveril setembro fez-se peso de chumbo.
A luta do homem novo cravou-se em agreste solo deixando silncios de
pedras.
O verde oliva na caatinga ops vida e morte,
Nas cidades cruzou fugas e sorte.
Velhos carrascos e novos patbulos,
Faziam festas sob a ordem do temor.

De novo o setembro, de novo o esperar


Que a primavera raie enfim com novas e acetinadas flores.
Eis que elas surgem dos cus rasgando o teto do mundo.
Trazem em suas ptalas-asas a morte lquida incandescente.
Ardem e se contorcem ferro e concreto
Num rodopio de horror e cinzas
Derramando pelas ruas o temor do novo sculo
A inflamar nossas vidas em ideologias e napalm.

Setembros so luzes de diferentes tons


Divinais e diablicos a sugar e soprar os mesmos tantos.
Trazem as bombas que explodem e a esperana que invade,
Trazem as ditaduras temporais e prenunciam o vero,
Impem a degola da luta e alimentam a cano,
Turvam as vistas cansadas e se abrem a outras em claro
Deixando em flor a verdade
Que a paz no diz servido.

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