Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Programa:
I. Teoria da Justiça
II. Ética, política, paideia e estética jurídicas
III. Panorama de Memórias e Sistemas de Filosofia e Metodologia Jurídica
IV. Direito e Retórica
Bibligografia Princiapal:
CUNHA, Paulo Ferreira da;Tratado da (In)Justiça, Quid Juris, 2008. ISBN:
9789727243723 (Parte I do programa)
CUNHA, Paulo Ferreira da;Filosofia Jurídica Prática (Em preparação - Parte II do
programa)
Cunha Paulo Ferreira da 1959-;Filosofia do direito. ISBN: 972-40-2914-X (Parte III do
programa)
MALATO, Maria Luísa; CUNHA, Paulo ferreira da;Manual de Retórica & Direito,
Quid Juris, 2007. ISBN: 9789727243310 (Parte IV do programa)
______________________________________________________________________
15.09.2008
Sumário: Apresentação e motivação.
Exposição dos objectivos, programa e forma de avaliação da disciplina.
Indicação da bibliografia principal da disciplina; complementarmente, remissão para a
bibliografia geral e para alguma bibliografia específica, a indicar oportunamente, para a
preparação de aulas concretas.
Notas para a aula n.º 2: preparação do debate em torno de um texto previamente
seleccionado.
O bom jurista deve saber pensar a justiça da Lei. Abordam-se questões de legitimidade
da lei; de validade da lei, será que basta a simples positivação? Ou a Lei tem que estar
de acordo com ideia de justiça ou qualquer outro critério meta-jurídico (existem duas
correntes de pensamento a este respeito); abordam-se ainda questões de alcance da lei.
1
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
O programa tem quatro grandes tópicos, os quais correspondem a quatro livros (há
ainda depois a bibliografia geral):
Para a próxima aula: preparar o texto “The Case of the Speluncean Explorers, de Lon
L. Fuller, in Harvard Law Review, vol. 62 (1949), p. 614-645.
Este é um texto de um caso hipotético muito interessante porque choca a posição de
cinco juízes com diferentes opiniões. Estão reflectidas as grandes questões e posições
abordadas na cadeira.
Ler também o tratado da (in)justiça (não para a próxima aula, ir lendo para começar a
formar ideias).
_____________________________________________________
18.09.2008
Sumário: Debate em torno de um texto previamente seleccionado*; primeira
abordagem, a partir do mesmo, às grandes correntes de pensamento e de acção jurídica:
jusnaturalismo(s) e juspositivismo(s); pensamento tópico-problemático e pensamento
sistemático ou dogmático; judicialismo e normativismo. Debate.
*The Case of the Speluncean Explorers, de Lon L. Fuller, in Harvard Law Review, vol.
62 (1949), p. 614-645.
2
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
“The case of the speluncean explorers” the
LON L. FULLER
2º Juiz-
FOSTER, J.:
Está em causa a aplicação da lei,
Considera-os inocentes: apoia a sua opinião do Direito Natural visto que o
Direito deve facilitar sempre a convivência humana;
Valoriza a questão territorial e considera que eles não estavam no território
abrangido pela ordem jurídica, não podendo, por isso, ser aplicada a lei.
Os sujeitos não estavam num estado de civilizado, não podendo assim ser
responsabilizados. Em Portugal, como o direito à vida não é direito disponível,
ou seja, esta solução não é aplicável).
Os homens violaram um princípio legal, se considerarmos a lei na sua
interpretação literal. A legítima defesa foi durante séculos causa de exclusão da
ilicitude. Considera os homens inocentes de qualquer crime - a letra da lei pode
ser infrigida sem que isso vá contra o seu espiríto.
É de salientar a necessidade que o juiz teve em se justificar, argumentado que a
sua posição não vai contra a lei.
3
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
ter sido julgados com base no Direito Positivo; é preciso saber qual a relevância
que o contrato feito pelos sujeitos tem para o Direito Natural.
Simpatiza com as pessoas, sentido que não pode aplicar a letra da lei, mas não os
pode declarara inocentes porque violaram a lei.
Questão:
-Se a pessoa que foi morta se tivesse defendido e matado umas das outro 4 pessoas?
Estariamos face ao direito de defesa.
-Se a decisão de matar um dos 5 fosse tomada pela maioria, qual seria a consequência.
-O facto de terem morrido 10 pessoas a tentar salvá-las será motivo para não se aplicar
penal de morte, ou seja, para evitar que essas mortes tenham sido desnecessárias?
4
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Questões:
1) Qual seria a actuação correcta daquelas pessoas?
2) Qual a decisão correcta a ser tomada pelos juizes?
Próxima aula: Para a aula da próxima sexta-feira, sugere-se aos alunos a leitura do
texto abaixo indicado.
Is there a Prima Facie Obligation to Obey the Law?, de M.B.E. Smith, in The Yale Law
Journal, vol. 82, pp. 950-973.
O artigo referido encontra-se republicado, por exemplo, em Philosophy of Law (8.ª ed.),
de Joel Feinberg e Jules Coleman, Belmont, Wadsworth Publishing, 2007, pp. 214-230.
Recordamos que a Biblioteca da FDUP conta no seu fundo bibliográfico com a 7ª
edição desta obra (link para a ficha do catálogo).
______________________________________________________________________
19.09.2008
Sumário: Análise de um texto previamente seleccionado*.
*Is there a Prima Facie Obligation to Obey the Law?, de M.B.E. Smith, in The Yale
Law Journal, vol. 82, pp. 950-973.
“Is there a prima facie obligation to obey the law”de M.B.E Smith
É um texto norte-americano de 1973, coloca-se aqui uma questão que era muito
importante na época dada as condições sociais; coloca-se em destaque o problema da
vinculação do cidadão à lei.
Este é um texto diferente do anterior, está em causa saber se a não obediência à lei é em
si um acto imoral. Interessa saber se existe uma obrigação prima facie obedecer a lei. É
ou não é imoral pelo simples facto de desobedecer á lei. É errada a mera desobediência
á lei ainda que não provoque danos a ninguém?
5
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Quanto a este assunto existem diferentes teses:
1- Baseando-se nos benefícios: o cidadão recebe benefícios do estado logo deve
obedecer
2- O simples facto de o cidadão pertencer á sociedade quer dizer que acedeu a uma
espécie de contrato de obediência
3- Em ultima instancia o cidadão obedece porque é o que trás mais benefícios para a
sociedade em geral.
Esta não é uma questão que seja colocada com frequência nos dias de hoje mas na época
em que o texto foi escrito corria uma revolução dos direitos civis na América porque
não estavam contemplados os direitos das minorias.
6
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Por outro lado pergunta-se se os cidadãos que não têm poder de voto (um turista de
ferias) se também está sujeito á lei. Cada um de nós nasce num pais e só por isso
está vinculado ás regras do país, mesmo sem ter tido escolha?
3) A ultima teoria entende que o cidadão deve obedecer à lei pois essa é a atitude
mais positiva- teoria utilitarista
3.1- Teorias do acto: comprara os actos de obediência e desobediência a lei
propriamente ditos e analisa e compara objectivamente as consequências
praticas de cada um deles.
3.2- Teorias da regra: tem de haver alternativa
Poder-se-á argumentar que se cada cidadão desobedecer á lei vai gerar-se o caos,
e reconhecendo a possibilidade de um cidadão desobedecer tem que se abrir a
mesma possibilidade a todos os cidadãos, e esta generalização seria muito
perigosa. O autor afirma que não basta pesar as consequências para definir a
obrigação de obedecer: por exemplo se todas as pessoas resolverem jantar as 5
em ponto seria desastroso para a comunidade pois todos estariam a comer ao
mesmo tempo mas mesmo assim o autor afirma que ninguém teria a obrigação
moral de comer as 5. Por outro lado o simples facto de desobedecer á lei não tem
só efeitos de facto o que dificulta este raciocínio. Há um 3º argumento de
comparação de regras, pois abre-se sempre a possibilidade de desobediência
geral, existem muitas razoes de vinculação á lei, á partida o cidadão razoável faz
uma análise de custo beneficio e não desobedece á lei por receio das sanções em
que poderá vir a incorrer. Alem disso certas leis subjacentes a outras razões
morais: eu não mato o sujeito A porque isso é proibido mas porque considero
moralmente que isso não é correcto.
Até este ponto o autor esteve a tentar refutas as teses existentes, e daqui para a frente
passa a elaborar a sua tese tentando demonstrar que essa obrigação não existe.
O autor concorda que há vantagens praticas para aderir a esta teoria, pois permite às
pessoas concentrar-se nas questões realmente importantes quando confrontadas com
estas questões, se não se colocar o problema da moralidade ou imoralidade da
desobediência é possível analisar com mais coerência as outras questões morais conexas
á desobediência.
Formulação de pergunta do advogado: será que o simples facto de um acto ser ilegal
constitui um indício de que o acto é imoral? Sem saber o contexto a pergunta não pode
7
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
ser respondida, a ilegalidade só por si não vale, tem que se ter em atenção ou outros
deveres morais.
Para as próximas aulas: CUNHA, Paulo Ferreira da, Filosofia do Direito, Coimbra,
Almedina ate pag 180.
_____________________________________________________
23.09.2008
Sumário: NOTA: Esta «Parte 0», para que se reservou a quarta aula, configura uma
abordagem concisa dos fundamentos jusfilosóficos, conforme o sumário detalhado
abaixo, e corresponderá, grosso modo, em termos de bibliografia mínima, às primeiras
180 pp. (ou, se se preferir, ao Livro I) do manual Filosofia do Direito*. Entendemos ser
este o momento mais adequado para abordar tais matérias, de cariz verdadeiramente
preliminar (sem prejuízo, evidentemente, da possibilidade de as retomar a todo o
tempo), sacrificando a esse esforço de coerência lógica uma qualquer correspondência
exacta - de resto sempre impossível de assegurar - entre a sucessão das aulas e a
bibliografia de base.
*CUNHA, Paulo Ferreira da, Filosofia do Direito, Coimbra, Almedina, 2006. ISBN:
9789724029146
Parte 0 - Fundamentos Jusfilosóficos
DA FILOSOFIA
1. Da importância da Filosofia para o Direito e os juristas.
1.1 Da negação da Filosofia
1.2 Da defesa da Filosofia para o Direito e os juristas
2. Da importância do Direito para outros saberes, designadamente os filosóficos e
humanísticos.
3. Aproximações à Filosofia e às filosofias
3.1 Da Filosofia para candidatos a juristas
3.2 Da noção de Filosofia
3.3 Do espírito filosófico
3.4 Dos ramos da Filosofia e das Filosofias especiais
3.5 Prolegómenos filosóficos gerais - convite ao estudo
DO DIREITO
1. O Direito posto à prova: alternativas, normatividades e doutrinas
1.1 O Direito como alternativa humana e as alternativas ao Direito.
1.2 Crise das normatividades não jurídicas e suas consequências jurídicas
1.3 O conflito doutrinal
2. Direito: das abordagens filosógicas rigorosas a uma tópica sociológica.
DA FILOSOFIA E DO DIREITO, DA FILOSOFIA DO DIREITO
1. Justificação (ou legitimidade) da Filosofia e justificação do Direito
2. Os juristas e os filósofos frente a alguns vizinhos que sabem tudo
3. Atitude e método
4. Juristas, filósofos e outros
5. Direito, Filosofia, Religião e Ideologia
6. Aproximação e objecto entre Filosofia e Direito
7. Filosofia no Direito, Filosofia do Direito
8
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
8. Nascimento epistemológico da Filosofia do Direito
9. Filosofia, Direito e Forma. Dos géneros literários na Filosofia e no Direito.
9.1 Filosofia e comunicação.
9.2 Jusfilosofia e formas literárias.
10. Filosofia do direito implícita e filosofia do direito explícita.
11. A Filosofia do Direito entre Filosofia e Direito.
12. A Filosofia do Direito no quadro das ciências jurídicas ‘lato sensu’
12.1 Das ciências jurídicas humanísticas: catálogo sucinto.
12.2 Os grandes temas e problemas da Filosofia do Direito
TEORIA E PRÁTICA
1. Primado da Prática da Filosofia do Direito
2. Experiência da Filosofia do Direito
3. Concepções teleológicas da Filosofia do Direito
3.1 Conhecer e descrever
3.2 Legitimar
3.3 Compreender e valorar
4. Dimensão axiológica da Filosofia do Direito.
Filosofia em sentido lato: Mais do que uma definição a filosofia reconhece-se como um
modo de estar e pensar. Está sempre associada a um desprendimento, uma certa calma,
ócio negativo. Por outro lado a filosofia nasce do espanto das pessoas com o mundo e
com as coisas.
Ser filósofo é tentar continuar sempre maravilhado com o mundo, a filosofia apesar da
sua serenidade implica ao mesmo tempo um impulso ou acção, porque o filosofo
dificilmente resiste a tentação de mudar o mundo, de mudar aquilo que está mal, é uma
certa maldição como aconteceu a Sócrates.
Surge ainda uma certa metodologia de investigação filosófica: disputas filosóficas não
resultam de haver diferentes informações do facto, existem outros factores
determinantes, logo pode haver divergências entre duas pessoas que estão bem
informadas acerca dos factos e por isso a filosofia não parte dos factos; a filosofia não
se importa tanto com a solução dos problemas mas antes com a sua discussão.
A filosofia potencialmente abarca tudo o que é humano; tudo o que são questões da
humanidade.
9
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Há vários ramos da filosofia, mas não é fácil fazer separações estanques dos ramos da
filosofia:
Surge então o Direito: é uma alternativa humana (uma das possíveis,) é possível
imaginar um mundo sem direito, tal como o conhecemos, mas importa ter em mente que
nem sempre o direito é o que mais importa na vida, às vezes os problemas têm de ser
abordados de uma forma inter-disciplinar.
No mundo actual estão de certa forma em crise as normas não jurídicas (religião por
exemplo) porque deixaram de exercer pressão social e isto tem reflexos importantes no
mundo do direito, porque este muitas vezes reproduz as normas morais e se o comando
de base é colocado em causa também a norma jurídica será posta em causa. Esta crise
não é necessariamente ma.
Por outro lado tentar definir direito é uma tarefa muito árdua porque implica desde logo
tomar uma posição filosófica principalmente acerca do monismo (conjunto de normas
estaduais coercivamente imposto) ou dualismo jurídico (a validade depende da
adequação).
Há ainda quem fale dos riscos que uma posição naturalista implica porque não é
facilmente abarcada e acarreta um certo risco de arbitrariedade, juiz não deve ter
capacidade de fuga á lei.
10
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Filosofia parte de uma apetência natural do homem para o conhecimento e o direito
parte da relação do homem com a injustiça: em ambos os casos o homem procura o
conhecimento e o bem e recusa o mal e a ignorância.
Os juristas devem adoptar uma atitude paralela para tentar alcançar estes objectivos;
uma forma de encarar o mundo e um estado de espírito muito próprios dos juristas e dos
filósofos. Para os romanos o direito era uma filosofia prática.
Seria de pensar que isto ocorreu por um entusiasmo acentuado pela disciplina como
aconteceu com as outras cadeiras, porem a filosofia do direito foi autonomizada até num
momento de decadência e serviu para acantonar as matérias, o que ainda hoje é uma
tentativa recorrente.
A filosofia surge portanto de uma serie de formas literárias, e são muito variáveis :
ensaios, diálogos, discursos, cartas, auto-biografias, etc.
A filosofia do direito, apesar de direito der filosofia prática, não tem uma solução única,
é bastante teórica.
11
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Quando se autonomizaram as varias disciplinas de saber distinguiam-se pelo método e
pelo objecto mas hoje em dia recorre-se também á finalidade: qual é o problema
concreto (a filosofia compartilha o seu método e o seu objecto com outras áreas mas
tem uma finalidade independente)
A filosofia do direito pode ser tratada tanto por juristas como por filósofos, porem
embora de forma paralela haverá formas de encarar a cadeira diferentes – numa
faculdade de direito é dada por um jurista e numa de filosofia por um filósofo, para
evitar dificuldades de comunicação que são bastante acentuadas pois é necessária por
exemplo alguma pratica vivida do direito para um jurista o que nunca acontece com os
filósofos, que nunca se deparam com as questões práticas.
Na pratica torna-se difícil de distinguir estes tópicos pois um mesmo problema pode
enquadrar-se em vários tópicos.
Depois há uma serie de temáticas:
o Definição de direito e assuntos conexos
o A realidade do direito
o Direito natural
o Problema da injustiça
o Problema das correntes filosóficas propriamente ditas.
12
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Há varias forma de utilizar a filosofia do direito:
o Conhecer e descrever a realidade do direito
o Usada como função legitimadora de um sistemas justo e bom mas
também para legitimar uma ordem injusta.
o Compreender e valorar o mundo do direito
Deve-se compreender que o filosofo toma sempre uma perspectiva distanciada mas com
perspectiva de acção, é uma experiencia teórica mas pode sempre ser utilizada em
termos práticos.
Próxima aula: Para a aula da próxima sexta-feira, sugere-se a leitura dos textos
incluídos na Bibliografia específica (barra horizontal) sob o tópico B - Obediência ao
Direito. Note-se, a este respeito, que o primeiro artigo ali referido foi já analisado na
aula n.º 3.
______________________________________________________________________
25.09.2008
Sumário:
NOTA:
A
aula
n.º
5
foi
reservada
à
introdução
à
primeira
parte
do
programa,
conforme
o
sumário
detalhado
abaixo,
e
corresponderá,
grosso
modo,
em
termos
de
bibliografia
mínima,
aos
Livros
I
e
II
do
manual
Tratado
da
(In)Justiça*.
*CUNHA, Paulo Ferreira da, Tratado da (In)Justiça, Lisboa, Quid Juris, 2008. ISBN:
9789727243723.
Parte I - Teoria da Justiça
ESTADO(S) DA JUSTIÇA
1. Tratar a (In)Justiça
2. Sentimento Jurídico e Revolta da Justiça
3. Direito (In)Definido Justiça Ausente
DIMENSÕES DA (IN)JUSTIÇA
1. Do Vício à Virtude. Um Percurso Intelectual
2. Tempos de Olvido e Negação da Justiça
3. Da Justiça como Divindade à Justiça como Princípio
4. Princípio, Valor e Virtude
5. A Justiça e o Direito
6. Leitura(s) da Justiça Contemporânea
7. Renascimento Jurídico
Debate sobre algumas das questões levantadas.
13
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
A comunicação social reflecte, aparentemente, o que se passa nos tribunais,
dando aos cidadãos a ilusão de que participam na Justiça, quando na realidade
está completamente de fora- divórcio entre o cidadão e a sociedade.
É ilusório pensar que é possível criar um direito acessível a todos e organiza-lo
de forma eficiente para todos. No entanto, o cidadão é obrigado a respeitar a lei
e não a compreende. Tem de haver o m+inimo de cognoscibilidade do direito
para que este seja cumprido.
• Intervenção cada vez mais progressiva do Estado em áreas que eram deixadas
ao Direito Privado. Há necessidade de manter uma certa quantia de liberdade
para dispôr dos seus próprios bens.
É preciso saber até onde pode ir esta intervenção. Por exemplo, a lei do tabáco,
as novas tendências para legislar sobre os habitos alimentares, são formas de
proteger o cidadão de si mesmo, mas a questão está em saber até onde é
legítimo.
Assiste-se a uma hipertrofia legislativa: excesso de regulação. É completamente
impossível ao cidadão conhecer toda a legislação, principalmente com a
legislação internacional. No exercício da actividade económica é necessário
haver um controlo da intervenção.
• Quando o Direito e a Justiça se separam de tal forma que deixa de ser exigível
o cumprimento do Direito por parte do cidadão, o que é suposto fazer. Saber
quando o cidadão pode/deve desobedecer a uma lei injusta.
• Relação entre Justiça e Igualdade : bibliografia extensiva.
• Solidarismo: volta a colocar problemas que pareciam já resolvidos. Isto
acontece principalmente depois do 11 de Setembro.
Os Direitos Humanos são a face do Direito Natural, constituindo uma base
comum, aceite por todos.
Interessa saber se a abertura nacional é justificável ou não quando se colocam
problemas como os actuais ( guerras), colocando-se a dúvida de se saber até que
ponto deve intervir adiplomacia.
14
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
2) Virtude teologal
Depois desta fase passa-se para a Justiça como valor que fundamenta o
Direito: proibição da intormissão na vida privada: chegariamos a uma
solução mais justa se invadissemos a esfera da vida privada, mas a Justiça
entende que não deve interferir no âmbito privado.
o Actualidade: Justiça é também um princípio, um comando que serve de base á
actuação judicial.
O direito conhece uma grande dispersão a nível das ciências jurídicas
humanísticas ( que utilizam um estudo interdisciplinar) como a sociologia e a
psicologia do Direito, como nas ciências materiais do Direito (ramos do Direito).
Esta últimas são influenciadas pelo desenvolvimento da sociedade e da
tecnologia, levando á constante actualização dos vários ramos do Direito.
Mesmo com tantos problemas, a Justiça continua a ser o único pano de fundo para a
resolução de todos os problemas da sociedade.
Paideia: educação completa do cidadão, exigindo uma forma muito mais completa para
exercer bem o papel de cidadão. O Prof Paulo Ferreira da Cunha utiliza este tema
principalmente na educação dos juristas, uma vez que são eles que vão aplicar o direito.
Próxima aula: Para a aula da próxima sexta-feira, sugere-se a leitura dos textos
incluídos na Bibliografia específica (barra horizontal) sob o tópico B - Obediência ao
Direito. Note-se, a este respeito, que o primeiro artigo ali referido foi já analisado na
aula n.º 3.
______________________________________________________________________
26.09.2008
Sumário: Continuação da aula anterior.
O problema do dever de obediência ao Direito. Análise e debate a partir de textos
previamente seleccionados*.
*Críton, de Platão.
Excerto de A Theory of Justice, de John Rawls, Cambridge, Harvard University Press,
1971 (cap. 55 a 59, inclusivé).
15
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Letter from Birmingham Jail, de Martin Luther King, Jr., texto escrito em 1963 e
republicado por exemplo em Philosophy of Law (8.ª ed.), de Joel Feinberg e Jules
Coleman, Belmont, Wadsworth Publishing, 2007, pp. 231-240.
Nota: quanto ao aspecto aburdado na última aula sobre a vinculação a certos ideias
através das escolas públicas, ver o artigo da “Sábado” disponibilizado pela professora.
“Criton”de Platão
Obra de Platão;
Criton era amigo/dsicípulo de Sócrates que vai vistá-lo à cela para lhe propôr um
plano de fuga ( uma vez que este tinha sido condenado).
Coloca-se a questão de saber se ele deve fugir ou nao:
o A maioria, ou seja Criton e os discípulos de Sócrates, acham que ficariam
mal visto se não fizessem nada pa ajudá-lo;
o Sócrates reconhece que a sentença é injusta mas, se desobedecesse seria
injusto da parte dele porque estaria a minar as leis com as quais ele próprio
condordou, mesmo que de forma tácita, ao viver naquela cidade e educando
lá os seus filhos.
o Criton acaba por concordar com ele.
Quanto à aplicação das várias teorias sobre a vinculação do cidadão à lei, ou
seja, teoria da obrigação, teoria do fair play/contrato e teoria utilitarista ( ver
aula de dia 19.9.2008), toda se aplicariam apesar de a teoria do contrato ser a
que mais se evidencia.
Sócrtaes refe a possibilidade de caos que se instalaria caso ele fugisse- teoria
utilitarista.
A permanência num determinado país implica uma adesão volunntária, tácita, á
legislação desse pais. Sócrates nunca tinha saído da cidade, a não ser para
assistir a jogos, e criou lá os seus filhos, aceitando por isso estes leis.- teoria do
contrato.
16
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Actualmente, é possivel submeter-se uma juridição de forma alternativa, ou
seja, deslocar-se livremente e ficar-se onde quiser, mas já parece impossível
escapara a todos as legislações, mesmo no caso de apátridas.
Sócrates defende que é em situações extremas, como esta, que se mostra a
fidelidade aos seus ideais, dái que acaba por ficar preso e ser executado.
Questão: haverá possibilidade de furgir (sendo esta uma forma clandestina, e não
pública, de se defender) sem perder a face?
Trata-se de um sacrifício da parte dele para mostrar a injustiça da lei.
No caso de Ltuher King, pelo contrário, propõe uma desobediência pública.
17
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Na sociedade norte-americana o contrato social tem um grande valor devido à
Declaração da Independência, que estipula a igualdade entre todos os homens, ou seja,
todos os homens nascem iguais. O único problema será o de saber se esta ideia
contratualista continua presente na sociedade maericana de hoje.
• Martin expressa uma grande desilusão com a sociedade e também com a Igreja
pela posição que teve face a este caso.
o Os cidadãos devem abster-se de violar a lei porque isso acabará por prejudicar
também os outros cidadãos:
Direitos Naturais: não depende da aceitação do homem; dever de obedecer ao
direito positivo.
Vs
Obrigações: fundado nos actos voluntários das próprias pessoas, daí a
necessidade de retribuirem.
o Saber se em alguma altura o cidadão poderá não respeitar o direito: para ele, há
aqui um conflito de deveres entre dever natura de obediência à lei e defesa da
liberdade jurídica.
o Teorização da desobediência civil: propõe um modelo que parte de uma
sociedade de base justa, onde todos aceitam uma legitimidade constitucional. É
isto que leva á desobediência quando as pessoas consideram que determinada lei
vai contra a sua ideia de Justiça. Deixa de fora os modelos de tirania. No enanto,
qualquer actuação vai depender dos limites ao poder da maioria.
o Parte de uma sociedade quase justa em que os pontos de injustiça vão ser
esporádicos – sociedade democrática. Assim, esta teoria só se aplica a este tipo
de sociedades. No entanto, ele admite que exista desobediência civil noutros
tipos de sociedades.
o Qualquer teoria da desobediência tem de desobedecer a 3 objectivos:
i. Distinção em relação a figuras muito próximas: clarificação da própria
questão. A figura que ele mais desenvolve é a objecção de consciência.
ii. Procura da justificação da desobediência civil como válvula de escape.
iii. Explicação do papel da desobediência civil tendo em conta que a
organização do seu processo se deve ao facto de viver numa sociedade
livre.
18
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Próxima aula: Para as aulas mais próximas, sugere-se a leitura dos textos incluídos na
Bibliografia específica (barra horizontal) C - Liberdade e limites da intervenção do
Estado, pela ordem que dali consta.
______________________________________________________________________
29.9.2008
Sumário: Continuação da aula anterior. Algumas reflexões em torno da figura da
desobediência civil.
Corolários da definição:
o Se um cidadão pretende que o Estado mude determinada lei porque a considera
injusta à comunidade em que se insere, o cidadão pode não violar aquela lei
concreta mas sim outras menos gravosas (cometer outro tipo de incumprimento
como as leis de transito, fiscais, etc), ou seja, violar outra lei e não contra aquela
que se esta a protestar.
o A desobediência civil: violação consciente e prepositada.é diferente da situação
em que o cidadão entende que uma lei é inconstitucional e infringi-a para
testar a sua eficácia isso não se enquadra com desobediência civil. Esta numa
situação de dúvida. Na desobediência civil o indivíduo tem consciência. Por
outro lado a desobediência civil é um acto político porque é justificada por
princípios públicos e políticos (não são morais pessoais ou religiosos).
o É um acto público, não pode ser um acto clandestino pois não será um apelo à
maioria. Tem que ser deliberado e feito em praça publica. Pela mesma razão tem
que ser um acto não violento em função da sua própria natureza. O objectivo é
apelar à maioria, fielao direito ,pois viola-se uma lei para proteger uma lei
considerada um bem jurídico maior. Logo tem cariz público e não violento,
apela à maioria para que tome consciência da injustiça que esta a ser praticada.
Haverá possibilidade de retirar a ilicitude a esse acto se se cumprisse os critérios
acima descritos. Esta não violência expressa a sinceridade com que se apela à
maioria, dái também que se aceita as consequências da acção porque se respeita
o Direito.
19
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
- Protesto: na sua forma mais gravosa já não há confiança no Direito. A
desobediência civil é uma forma de protesto mas ainda dentro do sistema apesar
de já se encontrar na fronteira do ordenamento juríridco.
- Teste à constitucionalidade;
- Objecção de consciência: não cumprimento de uma posição legal mais ou menos
directa. Exemplo TJ em saudar a bandeira; soldado obedecer a uma ordem
injusta ou contraria à moral. Objecção de consciência não é um apelo ao
sentimento de justiça da maioria – objector de consciência menos optimista – ele
ate pode achar que aquela norma é contra a princípios mas no caso esta apenas a
tentar esquivar-se a uma norma que o repugna - a intenção não é chamar
atenção da maioria a um problema ou chamar atenção politica. Tem a ver com
crenças religiosas, valores morais, etc. Na objecção de consciência há um
incumprimento a uma ordem legal- nestas casos, há forma das autoridades
exigirem o cumprimento da obrigação.
Problema: quando os princípios invocados , para além de não serem politícos,
estão em frontal desacordo com os princípios políticos do ordenamento jurídico
em causa.
- Rawls explica que uma comunidade quase justa e democrática abomina
naturalmente o recurso à guerra ou à força. – Pacifismo
- Desobediência Civil é diferente da Objecção consciência
Muitas vezes, a desobediência civil é fundada em princípios não políticos e não
recorre às vias normais de protesto.
20
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Justificação da desobediência a nível internacional: há necessidade dos cidadãos se
juntarem e voltarem auma forma original, sem definições de principios regentes da
comunidade. Assim, tentariam encontrar os princípios de justiça e, a partir dai, realizar a
interesses de todos.
Para que os representantes dos vários Estados defendessem também os princípios de
justiça, é igualmente necessário que estes sejam colocados no mesmo estado original e
que crie os princípios basilares. Pretende-se assim eliminar as diferenças históricas dos
povos.
21
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Do ponto de vista das pessoas colocadas nessa posição original, estes devem definir a
forma exacta como se articulam os princípios que definiram e a hierarquia entre eles.
Necessitam encontrar princípios básicos que permitam resolver situações injustas.
Será que reconheceriam a desobediência civil como um desses princípios? O autor
entende que sim.
Rawls salienta que a teoria constitucional que formula, assenta sempre numa
sociedade justa.
Sendo certo que mesmo numa sociedade democrática quase justa se a desobediência
civil conduzir a uma rotura da ordem constitucional a culpa será da maioria politica
porque ao fazer lei afastavam-se da base essencial daquela comunidade – a
responsabilidade não será do cidadão mas sim da ordem politica que não se portou à
altura do consenso social.
Próximas aulas: até que ponto se pode estender o poder estatal. Evitar que o cidadão,
através da legislação, cause danos aos outros, a si próprio e impedir que o Estado
imponha uma certa perspectiva.
Discussão do texto “Libertanism and Legal Paternalism” de John Hospers pelos
alunos.
_____________________________________________________
2.10.2008
Sumário: Continuação da aula anterior.
22
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
O problema da liberdade e dos limites da intervenção estatal em democracia. Análise e
debate a partir de textos previamente seleccionados*.
* Excertos de On Liberty, de John Stuart Mill, 1859 (partes dos caps. I e II e todo
o cap. IV).
Libertarianism and Legal Paternalism, de John Hospers, in The Journal of Libertarian
Studies, vol. IV, No. 3 (Verão de 1980).
Beyond the Harm Principle, de Arthur Ripstein, in Philosophy & Public Affairs 34, no.
3, Blackwell Publishing, 2006.
Paternalism, Gerald Dworkin, in Morality and the Law, Richard A. Wasserstrom (ed.),
Belmont, Wadsworth Publishing, 1971.
“On Liberty”,
de John Stuart Mill
• Publicado a 1º
vez em 1859, é um autor utilitarista; viveu na Grã-Bretanha na época vitoriana.
• Formula esta
teoria dos direitos à luz dos utilitaristas, mas ainda assim formula o princípio do
dano.
• Tenta-se
formular um princípio de interferências por via legal como por interferências
poprulares, um castigo popular. Por um lado não é uma doutrina de contrato
social. É um autor utilitarista – a acção moral correcta é a acção que vai
maximizar a utilidade neste caso a felicidade, a acção moralmente correcta é
aquela que vai maximizar a felicidade da comunidade.
• A partida parece
paradoxal que um utilitarista defenda limites destes porque uma lei que impeça o
indivíduo de se prejudicar a si próprio pode por em causa a felicidade.
• Estes não são
limites como direitos naturais, estes limites à intervenção estatal surgem na
sociedade, não lhe são prévios. Um Estado justo vai reconhecer determinados
direitos justos ao cidadão, a democracia não é a salvaguarda da justiça e contra
tirania porque a maioria pode escolher reprimir uma minoria.
• O autor formula
o princípio do dano, mas o que é dano? É entendido em sentido estrito ou mais
amplo? Pode considerar-se a mera injúria que alguém sente a ver alguém a
actuar de forma diferente? Existe sempre um risco de a maioria querer oprimir
uma minoria e têm de ser tomadas precauções contra isso
• O facto de uma
pessoa tomar certas atitudes pode trazer desvantagens em relação aos outros,
23
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
mas isso não pode é ser entendido como um castigo popular, pode haver um
afastamento do convívio mas isso é entendido como uma consequência natural.
• O autor faz
ainda alguma salvaguarda, por exemplo em relação as crianças que ainda não
estão formadas e não podem conformar os seus próprios actos.
• O autor admite
ainda que em determinados casos a pessoa, por determinados actos voluntários,
pode ter-se colocado numa posição social que causa dano a sociedade – posição
social ou contratual. Um acto que parece não causar dano a ninguém pode ser
reprovado.
• Por outro lado
também é necessário intervir quando o agente não está informado dos seus actos
ou das suas consequências; só se o indivíduo estiver totalmente informado é
que o Estado perde a sua legitimidade para intervir.
• Levanta-se ainda
o problema do consentimento prestado por um cidadão adulto livre e
esclarecido.
• Perspectiva da
liberdade de expressão: uma verdade que resiste ao teste dificilmente se poderá
provar se é ou não verdade – se é repetida como um dogma perde-se a certeza da
sua verdade.
• Quanto ao
paradoxo: o florescimento de formas de vida diferentes são um factor de
utilidade por comparação e concurso se chegar à solução correcta. Por outro lado
o calculo utilitarista da felicidade total ser a soma da felicidade individual, e
porque as pessoas que estão de fora podem, por vezes, não saber tomar a decisão
correcta. Assim a avaliação pode muitas vezes falhar e assim o Estado não deve
intervir quando não é afectado directamente- este é outro dos pontos frágeis
da teoria de John Stuart Mill, para alem da definição do dano).
______________________________________________________________________
3.10.2008
Sumário:
Continuação da aula anterior
Nas ultimas aulas estivemos a ver que num Estado de Direito Democrático há uma
presunção de liberdade e em que casos essa presunção pode ser iludida, a partir de que
momento a intervenção do Estado deixa de estar de acordo com a sua legitimidade.
24
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
“On Liberty”
de John Stuart Mill (continuação)
John Stuart Mill apresenta uma teoria do dano com algumas excepções, não se visa
apenas o corpo e os bens da pessoa, mas admite também que alguns danos sociais, não
tem que ser um dano directo e visível, admite por exemplo danos difusos. Por outro
lado nem sempre a mera circunstância da existência de um dano justificaria a
intervenção, sendo o autor utilitarista a restrição deveria ser ponderada – se o dano
que se pretende evitar é menor do que aquele que é provocado pela restrição o estado
deve abster-se de agir.
Se a conduta em causa for meramente ofensiva não poderá ser legitimada a restrição.
Nos textos da aula de hoje, vamos alem do princípio do dano e tenta formular uma
teoria liberal: a função última da sua teoria é evitar uma ditadura da maioria.
Encontramos assim um princípio da soberania individual – cada um de nós deve ter
liberdade para prosseguir os seus próprios fins e não os fins alheios.
À partida parece uma ideia razoavelmente positiva todavia tem que ser ressalvado que
nem sempre o dano é um critério necessário e suficiente. Nos casos em que não há
dano há autores que admitem ser legítimo o estado agir, por outro lado por vezes há
dano e não parece legitimo a actuação do Estado – por exemplo: concorrência leal, há
dano mas não é legítimo o Estado intervir. Nesse sentido o critério do dano é
frequentemente criticado, nem sempre o dano é a única consideração necessária que tem
que ser relevada.
Por outro lado há autores que afirmam que o Estado está legitimado a intervir contra
actos contrários à moral dominante – moralismo legal.
Há outros autores que falam em princípio da ofensa: actos ofensivos ainda que não
danosos legitimam o estado a intervir.
25
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
• Actividades
danosas do próprio cidadão: suicídio, eutanásia, desportos perigosos
o Efectivamente o
autor critica a posição libertária mais radical que se baseia num dano efectivo e
identificável; faz desde logo as mesmas ressalvas que Stuart Mill, ainda que de
uma forma mais desenvolvida:
- Crianças que
ainda não têm a sua personalidade formada
- Senilidade,
quando as pessoas estão demasiado velhas para compreender o alcance
dos seus actos; tem mais perigos porque não se pode estabelecer uma
idade a partir da qual a pessoa deixa de poder estabelecer os seus
objectivos e prossegui-los.
- Condição médica
ou psiquiátrica de deficiência psicológica
o Os objectivos a
longo prazo devem prevalecer sobre o curto prazo mas não podem ser
simplesmente presumidos, mas sim certos e esclarecidos.
o Algumas
decisões têm consequências de tal forma perigosas ou irreversíveis que impedi-
lo de toma-las é a melhor actuação para garantir que possa no futuro vir a tomar
essa decisão.
Mas isto não quer dizes que isto se traduza numa imposição legal. Aqui
pretende-se garantir a liberdade e em ultima analise essa liberdade terá que ser
uma restrição a ela própria, a liberdade tem que ser uma escolha a todo o
tempo, logo por exemplo ninguém pode abdicar totalmente da sua liberdade, é
absolutamente inalienável: por exemplo não pode existir um contrato de
escravatura.
o É uma espécie de
gestão de negócios em nome dos interesses do agente, mas não pode em
momento algum ultrapassar esse limite, quanto mais voluntaria for a acção do
indivíduo menos justificável será a actuação doe estado.
o Porem quanto à
voluntariedade o autor admite que por vezes a decisão não é completamente
livre mesmo sem existir coacção física e directa; não podem haver pressões,
incluindo pressões sociais, mas não qualquer forma de pressão (grande
fragilidade desta posição)
26
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
o Por outro lado
ele refere-se também ao consentimento livre e esclarecido, se a pessoa estiver
completamente informada acerca das consequências da sua acção o Estado deve
abster-se de agir.
O paternalismo
deve apenas existir para ajudar as pessoas a prosseguir os seus próprios
objectivos (a longo prazo) mesmo que naquele momento a pessoa queira
uma coisa diferente (curto prazo).
“Beyonde the
harm principle” de Arthur Ripstein
Princípio do dando, normalmente liberal,com limiteações face à minoria, justificando-se
outro tipo de intervenção que visasse perseguir os mesmos objectivos desse indivíduo a
longo prazo.
Próxima aula: Para as aulas mais próximas, sugere-se a leitura dos textos incluídos na
Bibliografia específica (barra horizontal) sob o tópico D - Liberdade de Expressão.
______________________________________________________________________
6.10.2008
Sumário:
Continuação da aula anterior.
27
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
“Offense to
the Others”, de Joel Feinberg
O autor admite ainda depois, que os defensores do princípio do dano possam optar por
outra estratégia: proibir as pessoas de entrar em casa alheia seria proibir um dano
futuro. O autor faz um paralelo com a condução sob efeitos do álcool e medidas anti-
poluição; mas é diferente ate porque a condução sob efeito do álcool é só por si
arriscada e na sua grande maioria vai redundar num dano; por outro lado, quanto á
poluição, varias descargas poluentes têm como consequência um dano agregado – na
caso concreto entrar em casa alheia não é só por si uma actividade perigosa, e não
provoca um dano agregado, não é por varias pessoas entrarem em casa alheia que se vai
verificar um dano.
Neste caso não existe dano, logo, neste exemplo não se pode falar no princípio do dano.
Se o dano fosse perspectivado no sentido de a violação reiterada da propriedade mesmo
que não danosas poderia por em causa a utilidade da própria propriedade.
28
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Em suma para o autor qualquer tentativa de adequar este exemplo ao princípio do dano
irai falhar; faz ainda a ressalva: dentro do pressuposto liberal de que ele parte não se
pode justificar a proibição como forma de prevenir outro tipo de ilícitos, por exemplo
por muito provado que a posse de armas propícia ao homicídio não se pode proibir as
armas só por essa razão.
Relação com os impostos: será ilegítimo o estado cobrar impostos para o cidadão para
prosseguir fins que não aqueles que o cidadão estabeleceu para si próprio? É esta a
consequência da argumentação do autor? A este respeito o autor afirma que os
impostos são essenciais para a criação e manutenção das instituições necessárias para
garantir o respeito pelo princípio da soberania e desde logo a sua teoria regula relações
entre os indivíduos e não entre eles e o poder público.
O autor considera que este princípio da soberania em relação ao princípio do dano é
mais cabal e permite explicar melhor.
Paternalism,
Gerald Dworkin
O autor começa por dizer que o princípio de Stuart Mill não é simples nem unívoco:
I. A auto-defesa da
comunidade por vezes justifica a intervenção estatal
II. O bem-estar do
indivíduo não é só por si legitimadora da intervenção.
29
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Por paternalismo entende intervenção do Estado nos interesses e bem-estar da pessoa;
ao longo da história várias leis paternalistas foram promulgados (por exemplo
obrigatoriedade de usar capacete), mesmo esse tipo de legislação pode ser entendida
com outros laivos (o comportamento de uma pessoa pode afectar outras pessoa):
1. Leis que punem
o suicídio.
2. Leis que proíbem
as mulheres e crianças de trabalhar em certas condições
3. Leis que regulam
o uso de certas substancias que apenas provocam efeitos no próprio indivíduo
4. Leis que exigem
licença para a pratica de uma profissão
5. Leis que obrigam
as pessoas que fazer descontos para a Segurança social
6. Leis que proíbam
jogam
7. Sanções
criminais para certo tipo de conduta: forma mais indirecta
Leis que regulam
os tipos de contrato considerado valido (por exemplo contrato de
escravatura não é valido). O contrato de escravatura deveria ter uma lei
associada ao princípio da invalidade e, como tal, sujeito a sanção?
Situações em que
o consentimento da vitima não é considerado como causa de exclusão de
homicídio (homicídio)
Leis que obrigam
a transfusão de sangue mesmo contra a vontade das pessoa. É uma
situação que que pode ir contra o Direito à liberdade religiosa. O Estado
não deve intervir em comportamentos pessoais.
Internamentos
compulsivos.
Leis que exigem
uma taxa de juro: não têm de ser necessariamente paternalista. Isso
poderia ir contra a vontade da pessoa em contrair um empréstimo.
Exemplo- posse
de arma: aumenta a possibilidade de tragédia, mas será que isso é
suficiente para fundamentar a proibição de uso/porte de arma?
______________________________________________________________________
9.10.2008
30
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Sumário: Continuação da aula anterior.
Paternalism,
Gerald Dworkin
(continuação)
Crítica à perspectiva de Stuart Mill- aquele princípio de Stuart Mill como princípio
único e simples, não seria para este autor um princípio simples e a liberdade tera emtao
2 princípios:
- existe danos mas não há motivos suficientes para a intervenção;
- a liberdade restringida nunca seria motivo para intervenção. Com fundamento único
no bem-estar do indivíduo nunca haveria legitimidade para actuar.
Preservação do
dano para terceiros, assim o estado não estaria legitimado para intervir quando
está em causa o própria indivíduo. Porém para o autor este princípio uno
esconde dois princípios:
Auto-defesa
O bem estar do
individuo só por si não é suficiente
Restrições ao direito laboral: direito a ferias por exemplo não pode ser alienado ou
limitação horária máxima não é puramente paternalista porque a decisão de instituir
31
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
um máximo de horas seria tomada pela colectividade como boa, mas a partir do
momento em que 90% das pessoas aderirem há uns 10% que serão mais procurados
pelas entidades patronais porque estão dispostas a trabalhar mais tempo.
Por exemplo um grupo de lojas, 90% decide tirar folga ao domingo, os outros 10%
teriam muitos benefícios em abrir a sua loja pois atraem para si todos os clientes, assim
a intervenção do estado seria legitimada pela necessidade de dar força legal a uma
decisão previamente tomada pela comunidade.
A força coerciva externa: seria eficaz para que o indivíduo conseguisse atingir os seus
interesses. Quando aplicada ao plano económico, a sua teoria seria muito mais eficaz, a
falta de fundamento de Mill seria uma presunção ilidível uma vez que o seu argumento
( argumento de Mill) não seria utilitário ( ou seja,o acto correcto seria aquele que
maximizasse a utilidade total). Nalguns casos, pareceria que a felicidade total seria
maximizada pela utilidade geral. Por outro lado, o cálculo utilitarista era dificil de fazer
porque a sociedade não conhece as circunstâncias pessoais de cada um.
Dworkin diz que, apesar da tentativa de conjugar as duas situações, isso nunca será
possível. Faz por isso um princípio mais geral do que o utilitarista, regulando esse
princípio a partir daquela maisunica expeção que é o contrato de escravatura, partindo
de um conjunto utilitarista:
a) Maximizar o
valor utilitarista da sociedade;
b) Fazer da parte
individual um valor absoluto.
32
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Consentimento efectivo, actual mas prestado de forma antecipada: por exemplo Ulisses
pede aos companheiros para o amarrarem ao navio para quando ouvir as sereias não se
atirar ao mar. Ou por exemplo legislação fiscal.
Os indivíduos estão conscientes das suas propensões irracionais, por isso, poderiam
entender adoptar determinadas politicas de segurança social mesmo que contra a
vontade instantânea de determinadas pessoas. Por outro lado isto pode ser um cheque
em branco e o poder político tem que ser minimamente controlado. É difícil distinguir
o que os seres humanos admitiriam ou não, muitas vezes há divergências, diferenças de
avaliação que implicam que nem sequer haja consentimento antecipado.
Situações :
Quando está em
causa o bem vida em princípio há consentimento; excepto casos em que as
pessoa colocam ideais religiosos acima da sua saúde
Quando as
considerações pareçam incorrectas á maioria torna-se mais difícil justificar a
intervenção.
Critérios orientativos:
Natureza das
decisões (se são ou não irreversíveis), se for irreversível há indicio de
justificação de intervenção legislativa paternalista
Condição
sociológica/psicológica extrema; talvez um agente racional não defendesse uma
proibição absoluta mas estabelecer pelo menos um período no qual a pessoa
fosse obrigada a ponderar a sua decisão.
E necessário ter em conta a natureza do acto, a sua importância e a importância da sua
restrição e o seu peso (proibir totalmente ou obrigar a pessoa a tomar determinadas
cautelas)
Dois princípios:
1. Ónus da prova da
parte das autoridades/daqueles que pretendem a intervenção de demonstrarem a
natureza do dano e a probabilidade de ocorrer
2. Princípio da
alternativa menos restritiva.
Síntese:
- Intervenção
paternalista para levar o indivíduo a prosseguir os seurs objectivos mesmo que a
longo prazo- posição de Ronald Dworkin
33
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
- As pessoas vão
mandatar outras pessoas para decidir por si. Será possivel que as pessoas
concedam esses mandatos mas, o autor também considera que tal possa trazer
dificuldades, uma vez que os mandatários poderiam tomar decisões diferentes
daquelas que as pessoas desejavam.
- A pessoa está
habilitada a decidir perante as situações concreta sendo que, por isso, poderá
tomar decisões irracionais quanto ao futuro.
- Há situações que
não se pode prever o que vai acontecer.
Liberdade de expressão
A liberdade de expressão tem ou não que ter limites? Sim, sobretudo no que concerne à
vida privada das pessoas. Exemplo: bom nome, expressão de ideais políticos.
Tem de haver uma averiguação casuística para limitação da liberdade de expressão, por
exemplo, número estado de sítios ou de emergência. A própria sociedade e as pessoas
em si devem ser tidas em conta na questão da restrição da liberdade de expressão.
Exemplos:
Filme
pronográfico sadomasoquista;
Criação de um
partido político que coloque em risco o desenvolvimento da pessoa humana ou
da sua autodeterminação.
34
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
10.10.2008
Sumário: O problema da liberdade de expressão como instância específica do
problema da liberdade e dos limites da intervenção estatal em democracia. Análise e
debate a partir de textos previamente seleccionados*. *Excerto de Offense to Others, de
Joel Feinberg, vol. 2 da obra The Moral Limits of the Criminal Law, Oxford, Oxford
University Press, 1985. Excerto de A Matter of Principle, de Ronald Dworkin,
Cambridge, Harvard University Press, 2000.
Offense to
Others, de Joel Feinberg
Distinguir dano de ofensa:
O que o autor tenta fazer é analisa o que uma série de medidas desagradáveis podem
representar para o homem médio- exemplo: vergonha,timidez,gozo...
Esta situação não se basta com o princípio do dano. O facto de me sentir ofendido não
pode ser considerado propriamente um dano. De acordo com o princípio da ofensa a
intervenção seria mais eficaz para prevenir a ofensa, sendo apenas um meio idóneo mas
também eficaz.
Começa por notar que a ofensa é menos séria que o dano, sendo que a natureza das duas
coisas é diferente e, por isso, a lei não deve considerar as ofensas como tão sérias-
exemplo: caso em que uma ofensa pode ser prevenida por uma providência cautelar,
deveriamos optar por soluções diversas das estipuladas pela legislação criminal. Deve
preferir-se sempre o Direito de mera ordenação social.
Entende que a ofensa traduz uma ofensa menos grave, devendo em certos casos
justificar-se o carácter danoso ou o carácter ofensivo.
Considera que o legislador tem tendência para punir uma ofensa as gravosa do que um
dano e dá como exemplo o Código Penal de Nova Iorque.
Parte de um pressuposto de nuissance, uma ofensa que não é suficiente para justificar a
intervenção estatal.
35
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
O dano que é pressuposto na responsabilidade civil deve ser encarada no nosso
ordenamento de forma ampla.
______________________________________________________________________
13.10.2008
Sumário: Continuação da aula anterior. Exercício de escrita dialéctica, sob a forma
de trabalho de grupo. Nota: Este exercício constitui uma primeira aproximação ao
último ponto do programa (IV - Direito e Retórica), no âmbito do qual, evidentemente,
se não poderá deixar de fazer alusão a esse outro binómio conexo, que une Direito e
Dialéctica.
Offense to
Others, de Joel Feinberg
(continuação)
Dois campos presentes no texto:
i. Offensive
nuissance: estados que nos afectam;
36
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
ii. Privação: netes
caso, o que se exige é uma limitação de fronteiras.
Outro argumento: de que forma é que estas condutas vão afectar a privacidade dos
sujeitos passivos. A privacidade surgiu para abranger situações em que os nomes e
imagens eram usadas de forma abusiva mas depois alargou-se a outras situações; porem
mesmo a nível jurídico puramente técnico é muito abrangente:
16. 10.2008
Sumário:
Continuação do exercício da aula anterior.
______________________________________________________________________
37
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
17. 10.2008
Sumário: Continuação do exercício da aula anterior.
Próxima aula: Na medida em que se revelou necessário utilizar pelo menos uma parte
da aula da próxima segunda-feira para terminar o exercício de escrita dialéctica iniciado
esta semana, será conveniente que todos os alunos tentem preparar até lá as objecções e
respostas a desenvolver pelo seu grupo.
Sugere-se também a todos os que ainda não o fizeram que leiam o segundo texto
elencado na bibliografia sob o tópico D - Liberdade de Expressão, bem como os textos
relativos ao tópico E - Igualdade.
______________________________________________________________________
20. 10.2008
Sumário:
Finalização e correcção do exercício escrito de dialéctica realizado pelos
alunos nas aulas anteriores.
______________________________________________________________________
23. 10.2008
Sumário:
Continuação da análise e debate iniciados na aula n.º 12 (o problema da
liberdade de expressão como instância específica do problema da liberdade e dos limites
da intervenção estatal em democracia).
Exposição da pornografia:
Quanto à pornografia infantil levanta-se a distinção entre pornografia real ou feita com
desenhos animados onde não há verdadeiramente um dano para uma criança real.
Texto propriamente dito: o autor propõe-se a analisar o direito que cada cidadão tem
em fazer algo socialmente errado – por exemplo alguém que advoga o preconceito
racial, nos EUA não é criminalizado porque está ao abrigo da primeira emenda.
A vontade da maioria iria a favor da censura, mesmo para as pessoas que são
consumidoras regulares da pornografia. Assumindo que a pornografia seria
moralmente errada haverá mesmo assim um direito legal á pornografia – parece que
ninguém vê um direito participar na politica pelo simples facto de não poder produzir
ou consumir pornografia, como acontece com os discursos de ódio, são portanto coisas
diferentes.
38
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
1) Estratégia baseada em objectivos da própria sociedade (espécie de utilitarismo):
mesmo que seja mau para a sociedade como um todo as restrições seriam ainda piores,
em ultima analise a utilidade final seria mais prejudicada com a proibição
2) Estratégia baseada em direitos: mesmo que se prove que a pornografia é nociva
para a sociedade a sua proibição iria violar os direitos dos produtores e consumidores.
Em seguida o autor procura saber qual a estratégia que subjaz ao relatório que está a
comentar.
O relatório em algumas situações, como a pornografia infantil ou do sexo ao vivo, é a
favor da completa proibição; por outro, defendem-se meras restrições para situações
como a exibição de pornografia em público ou classificação dos filmes ou outros
exemplos.
O relatório começa por fazer alusão ao princípio do dano – nenhuma conduta deve ser
suprimida a menos que cause dano alguém, é uma teoria atractiva mas torna-se
complicado de definir o dano (interferência directa ou mera ofensa)
O relatório distingue diferentes formas de pornografia como a pornografia infantil e o
sexo ao vivo e para o autor esta distinção não é justificada, porque este tipo de
pornografia não é mais nociva que as outras.
É relativamente fácil distinguir com palavras sexo ao vivo de outras formas de material
pornográfico.
Proibição completa do sexo ao vivo: a mera ofensa sentida não é suficiente para
justificar a proibição, mas ao proibir está a considerar o sexo ao vivo como
objectivamente degradante, e portanto parece que remontaria ao segundo critério –
poluição cultural , maior do que as outras formas, mas ao mesmo tempo o relatório
admite que é rara a organização destes espectáculos e quando é a sua assistência é
reduzida. Pode, porém, haver uma peça teatral em que se queira integrar uma cena de
sexo ao vivo sem que a peça no seu todo possa ser negativa para a sociedade, logo não
há nenhuma razão legítima para a proibição completa do sexo ao vivo, eventualmente
ate pode ser uma contribuição valiosa para o desenvolvimento humano.
39
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
empíricos que provem que há pessoas que se sentem mais ofendidas com a exibição
pública do que com a certeza que as pessoas o fazem em privado, ele não nega que
assim seja mas faltam dados empíricos. Por outro lado é o próprio relatório que diz que
a mera ofensa não deve ser tomada em conta logo neste ponto o relatório é incoerente.
O autor encontra uma falha intrínseca no relatório, a visão que defende as proibições
é a única que não pode ser testada, ou seja a tese de Stuart Mill é incompleta.
______________________________________________________________________
24. 10.2008
Sumário: O problema da igualdade. Análise e debate a partir de textos previamente
seleccionados*.
*Equality as a Moral Ideal, de Harry Frankfurt, in Ethics 98 (Outubro de 1987),
Chicago, University of Chicago, 1987, pp. 21-43.
Excerto de The Morality of Freedom, de Joseph Raz, Oxford, Clarendon Press, 1986,
pp. 217-244.
Igualdade
Equality as a
Moral Ideal, de Harry Frankfurt
Cap. I: O autor considera que só por si a desigualdade não tem desvalor moral.
Fala-se de qualidade económica: doutrina da suficiência é diferente de doutrina da
igualdade.
Cap. II: começa por adiantar todas as testes que os defensores do igualitarismo dão
porque cada pessoa deve estar em situação de igualdade com os outros.
Critica a utilidade marginal dos bens.
Critica também a posição de Dworkin uma vez que este defende que o problema é o
facto de as pessoas não terem dinheiro e não te em conta a desigualdade como sendo o
prblema principal.
40
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
económicos, mas nunca se chegaria ao ponto de recusar dinheiro porque isso seria
irracional, apenas se deixa de preocupar activamente.
Princípio da suficiência serve para criar artifícios, ou seja, a sua própria comodidade-
não dar o peixe mas sim ensinar a pescar (posição de um aluno).
Nota: Temos de ter em conta que há pessoas que só têm os recursos que acham
realmente necessários e se sentem felizes assim, chegando a um ponto da vida em que
deixam de procurar activamente mais dinheiro. No entanto, as pessoas não rejietam o
dinheiro- chamada de atenção da Professora.
Nota: todos estes temas tratam do mesmo que o manual “Tratado da Injustiça”
41
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
*Um bom sumário (ainda que de nível não universitário) dos conceitos essenciais pode
ser encontrado, por exemplo, em IV - O Universo da Lógica da obra Rumos da Filosofia
- 11º Ano, de Alfredo Reis e Mário Pissarra, Lisboa, Edições Rumo, 2002 (p. 11 a 208).
Para uma análise mais aprofundada, cfr., por exemplo, A Rulebook for Arguments, de
Anthony Weston, 3.ª ed., Indianapolis, Hackett Publishing Co, Inc, 2001 (link da
Amazon Reino Unido), ou An Introduction to Formal Logic, de Peter Smith,
Cambridge, Cambridge University Press, 2003 (link da Amazon do Reino Unido)
______________________________________________________________________
27. 10.2008
Sumário: Aula dedicada ao filme “Manderlay” (2005), de Lars von Trier.
Notas: este filme constitui a segunda parte da trilogia “USA - Land of Opportunities“,
iniciada em 2003 com Dogville.
Próxima aula: A aula de quinta-feira (ou pelo menos uma parte significativa da
mesma) será dedicada à análise e debate do filme “Manderlay” (2005), de Lars von
Trier.
Sugere-se aos alunos que, entretanto, façam a sua própria reflexão acerca da obra. Isso
implicará procurar respostas para as seguintes perguntas, entre muitas outras: qual será a
mensagem que o realizador pretende passar com a história da plantação de Manderlay e
o papel que Grace teve no seu destino? Concordam com essa visão? Que eventos da
História recente poderiam ter estado na mente de Lars von Trier quando construiu a
metáfora de Manderlay?
Alguns contributos interessantes podem ser recolhidos em críticas disponíveis na
Internet. Alguns exemplos:
- o artigo “Von Trier’s Brechtian Gamble“, de Jayson Harsin, na revista online Bright
Lights Film Journal;
- o artigo “Manderlay: the danger of do-gooding“, de Philip Cunliffe, na revista online
Sp!ked;
- o artigo “Liberty? No thanks“, de Gary Younge, na versão online do The Guardian;
Mais opiniões podem ser encontradas na entrada respectiva de The Internet Movie
Database (IMDB).
______________________________________________________________________
42
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
31. 10.2008
Sumário:
43
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
sua conhecida ideologia e posicionamentos doutrinários –, isso é o positivismo:
se o Estado cria uma lei, cria uma verdade. E como tal, essa verdade deve ser
defendida até que outra verdade – muitas vezes oposta! – tome seu lugar, em
nova atividade legislativa estatal. Nisso reside a essência do contra-senso
juspositivista, e os exageros kelsenianos, autêntico produto da filosofia liberal
do século XVIII.
Professora: até que ponto esta querela pode influenciar na opinião que temos da
existência ou não da Natureza human- esta é a questão principal.
Os direitos humanos acolhem a versão normal e actualizada do
jusnaturalismo, ou seja, o paradigma dos direitos humanos é uma versão actual
do jusnaturalismo.
Tudo vai depender da opinião que temos quanto a estas duas teorias- questão de
EXAME.
• Natureza
humana: o que é que o Direito significa para nós;
• Linguagem:
- Factor distintivo
do Homem;
- “natureza
humana”- é o que existe em comum entre os seres humanos e o distingue
dos animais.
• Racionalidade
(“seres pensantes”) do Homem distingue-o dos animais uma vez que estes vivem
por instinto de sobrevivência.
44
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
• Jusnaturalismo,
também depende da opinião que tivermos, mas o facto desta perspectiva ser
acolhida pelos direitos humanos pode influenciar.
Por não assentar em valores palpáveis e claramente definidos, tem uma base
móvel de valores, ou seja, vai depender da perspectiva actual sobre as coisas.
Apesar da varição de valores, existem alguns princípios (princípios primários)
que são aceites de modo quase universal, e outros são mutáveis (princípios
secundários).
Há quem não concorde com isto. Por exemplo: o princípio da igualdade, é um
valor essencial, considerado primária, que foi e continua a ser alterado
(exemplo: escravidão). Existe realmente um conjunto de valoress
essenciais(exemplo: vida, justiça, ect), mas que se encontram em constante
progressão. Aliás, a perspectiva que actualmente a maior parte dos seres
humanos tem deste valores essenciais devem-se auma evolução que eles
sofreram (exemplo: evolução do princípio da igualdade face às mulheres). A
teorização dos valores é realmente antiga (antiguidade clássica) mas a
capacidade de compreensão, interiorização e aceitação desses valores foi
mudando ao longo dos tempos.
• O jusntauralismo
defende uma perspectiva mais natural do Direito. A filosofia actual do Direito
volta aos princípios básicoos mais antigos. Mesmo as normas positivadas
(juspositivismo) acaba por absorver ideias e princípios do Direito natural.
• Há realmente um
Direito natural, no qual assentam os princípios básicos. No entanto, continua a
ser necessária a definição de regras que disciplinem essa natureza humana
(juspositivismo).
• Nazimo: foi o
teste de fogo destas duas doutrinas- haverá legitimidade para o julgamento
desses actos? Com base em que leis/normas é que se pode julgar os nazis pelos
crimes praticados contra os judeus, uma vez que não havia nenhuma norma que
previa a punição daqueles actos (genocídio)- Professora.
As Leis de Nuremberga apenas por nome e por denominação existiram como
'Leis,' pois que, na realidade, constituíram-se crimes. Tal como Kelsen observa,
45
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Lei de caráter geral não é Lei, pois não faz uma conexão de atos, assim como
Hans Kelsen observou e teorizou que o homem só é socialmente livre se é
socialmente responsável, e não está submetido a Lei da causalidade, mas
somente à imputação. Além de tudo, Direito é Direito, Direito não é anti-Direito,
isto é, não se pode imputar a culpa e responsabilidade a uma teoria jurídica por
fatos causados por entes anti-jurídicos que invalidaram o Direito, como se
caracteriza o nazismo, stalinismo e outras ditaduras assassinas do século XX.
Jusnaturalismo serve como fundamento do Direito positivo. Os nazis infrigiram
sempre normas de Direito Natural, no qual se baseiam a maioria das normas de
Direito Internacional.
• Artigo 10º/3
CC:“dentro do espírito di sistemas”, ou seja, ir buscar as leis ao Direito Natural.
O jusnaturalismo é o que permite resolver casos de lacuna da lei em que nem
sequer é possível recorrer aos casos análogos. Foi isto que aconteceu no caso do
nazimos.
• A maioria das
opiniões dos alunos vai no sentido de acolhimento de uma via média entre as
duas doutrinas, entendendo que uma deve completar a outra.
• Quanto ao caso
nazi, a única solução seria mesmo o recurso ao Direito Natural uma vez que,
internamente, o regime era lícito e este era o grande problema. Do ponto de vista
internacional, o julgamento de Nuremberga foi lícito.
A nível interno, a aplicação do Direito Natural como agora é entendido será mais
difícil por terem sido adulteradas e por estarem claramente contrárias ao Direito
Positivo.
• O jusnaturalismo
não nega o respeito pelas normas positivias desde que estas não violem as
normas de Direito Natural- Professora considera que a convergência das teorias
é muito difícil.
• O que teria
acontecido aos nazis se tivessem ganho a guerra? Teriam certamenete julgado os
vencidos com base nas suas leis internas (alemã) e provado que ela era justa.
Direitos dos animais: Paulo Rangel defendeu que os animais não devem ter direitos
por serem simples coisas.
O animal está definido como “coisa móvel” no CC.
Dever dos homens em tratar bens os animais Vs direitos dos animais.
46
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
3. 11.2008
Sumário:
Análise do
livro1 do manual “Filosofia do direito”
Uma das principais criticas que se faz ao direito é que é uma linguagem muito
complexa de difícil compressão ate porque o desconhecimento da lei não aproveita a
ninguém porem o direito por definição para prosseguir os seus objectivos tem de
recorrer a uma linguagem técnica de recorte muito definido para evitar as múltiplas
interpretações. Ainda assim por mais precisa que seja a norma há sempre alguma
margem de discricionariedade deixada ao aplicador da norma em geral que ao utilizar
essa margem está a criar direito, mais do que mera aplicação. Isto pode ser encarado de
forma mais optimista ou negativista, porque o aplicador pode aproveitar essa margem
para distorcer a norma original e proceder outros interesses, porem é também uma
garantia de justiça, pois o direito tem que ser adaptado ao caso concreto; a constatação
desta liberdade não invalida que haja um preceito, uma base mínima, que á partida não
poderá ser distorcida, a margem de discricionariedade só existe para alem desse núcleo
essencial.
47
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Semiótica jurídica: relação entre o significado e o significante – plano simbólico ou
icónico e ainda em termos linguísticos. Assim quais são os símbolos do direito?
Geralmente a mais comum é a balança.
Os gregos e os romanos tinham diferentes divindades para a justiça, mas parece que
a venda não teria sido uma característica essencial, esta significa a imparcialidade, mas
quando a justiça não está vendada pode significar a necessidade de ter em atenção o
circunstancialismo do caso concreto. A justiça grega é mais especulativa enquanto que
a romana se preocupava com a solução e deixa a outrem o elemento coactivo da
execução, e por isso prescinde da espada. Por outro lado na grega pode haver um
grande número de julgadores enquanto que nos romanos havia uma figura única – o
pretor – e por isso a balança romana tem um fiel ao meio.
Os cultores de uma determinada área de estudo têm de fazer uma reflexão de segundo
grau, têm de reflectir sobre esse própria ciências – a isto chama-se a epistemologia –
teoria do conhecimento, estuda as diferentes ciências e as suas relações entre si, o
direito tem uma dimensão artística, técnica e : isso reflecte-se na epistemologia.
48
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
a. Função religiosa,
jurídica e política (prosseguida pelo clero)
b. Função bélica em
geral (prosseguida pela nobreza)
c. Função da
produção de riqueza. (prosseguida pelo povo)
Com o tempo a religião separa-se da função jurídica e política, com a criação da
filosofia.
Os romanos aproveitaram a teoria grega e aplicaram sobre ela o seu sentido prático, os
gregos ensaiavam na pratica as suas teorias mas os espíritos são diferentes, os gregos
mais teóricos e os romanos mais práticos.
A perspectiva jusnaturalista romana era espontâneo e não fanática, parte do princípio
de natureza das coisas. Foi sofrendo modificações ao longo do tempo com a evolução
histórica do império romano. Assim quando se pensa no direito romano uma pessoa
leiga pensa em “dura lex sed lex”, mas isto é jus positivismo puro e duro, este é um
provérbio da fase de decadência do direito romano, em ultima analise quando o império
começou a cair o direito foi utilizado como tábua de salvação, mas com características
mecânicas sem margem para interpretações.
O direito romano não é um direito estático, aquilo que hoje é promovido como sendo
um importante dialogo pela sociologia e pelo direito já era promovido pelos romanos.
O direito também tem determinados mitos, que congregam uma tomada de posição
acerca de o que é o direito: mito da Antigona e mito do mercador de Veneza.
Em relação ao primeiro, Antigona era filha de uma relação incestuosa entre Édipo e a
mãe. Édipo ao saber que a mulher era sua mãe abdicou do trono. Após a morte do irmão
Antigona quis sepulta-lo e fê-lo mesmo contra a lei o que lhe valeu a pena de morte. –
Este mito tem por base saber se o facto de existir uma lei positiva contraria à lei
natural nos desvincula desta ultima, e não tanto em saber se ficamos desvinculados
ao direito positivo por este ser contrario á lei natural.
O direito nasce da aliança entre a filosofia grega e o génio prático dos romanos – surge
então o jurista. Durante a idade média há uma confusão entre direito, religião e moral,
contrariamente á Grécia antiga.
49
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Goliardos: surgiram na Idade Média; eram estudantes religiosos que andavam de terra
em terra (intelectuais do contra) a fazer critica social satirizando o estado e o costume
social, todavia a irreverência e o seu espírito critico são indispensáveis a um verdadeiro
jurista.
______________________________________________________________________
6. 11.2008
Sumário:
Análise do
livro 2 do manual “Filosofia do Direito”
O jurista deve procurar a verdade sem curar os interesses sociológicos que possam
existir. Tal aptidão advém então do nosso passado.
Professor Paulo Ferreira da Cunha faz uma análise de várias carreiras jurídicas.
50
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Sociologia: ciência que estuda o homem em sociedade; está emcríse, sendo que os
juristas têm alguma alguma desconfiança/desdem; técninca de observação e
qualificação da população.
Factores de crise:
- Imprecisão
conceptual;
- Condução de
investigações sem resultados práticos;
- Contaminação
sociológica que afectou a cadeira (sociologismo: partir da tese para os resultados
quando devia acontecer o inverso).
Limites da sociologia:
- Ciencia
descritiva e não normativa ou prescritiva- os sociólogos devem apresentar
modelos e propostas mas mais do que isso, a sociologia é o domínio do ser
enquanto o Direito é o domínio do “dever ser” pelo que, havendo relação, ela
não dever ser directa. Os factos sociológicos, apesar de importantes, não podem
ser confirmados pelo Direito uma vez que este deve prosseguir também outro
tipo de fins- Professor Paulo Ferreira da Cunha chama a isto sociologismo.
- Ordem e
desordem social: para que o Direito cumpra o seu objectivo e o prossiga
correctamente, deveria haver uma partilha desses mesmos fins.
- Anomia:
sociedade sem regras, sem valores, em que há uma perda dos laços entre os
cidadãos. Neste sentido, a sociedade poderia começar a perder-se, correndo
vários riscos nomeadamente de se instalar a injustiça, fazendo perigar a
democracia e o Direito.
51
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
3) Elitismo:
superiordade de uma classe social.
Fala-se depois nos riscos que estes vícios do pensamento poderiam trazer- exemplo:
maiorias Vs minorias.
Poderia originar um pensamento único, e as pessoas poderiam ter medo de dar a sua
opinião para não ferirem susceptibilidades, canalizando-se e limitando-se o pensamento
das pessoas
Professor Paulo Ferreira da Cunha afirma que se é verdade que estes pensamentos
acarretam riscos, o contrário também acontece, caindo-se na relativização,dando
importância apenas a certos aspectos, ou seja, ao tentar evitar cair neste tipo de
pensamento também podemos cair número relativismo completo.
Tudo isto influência obviamente a prática do Direito, tendo grande importância no que
diz respeito às querelas.
52
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
normas muçulmanas e as normas ocidentais já que as primeiras se caracterizam bastante
por um fundamento religioso.
Exemplo: divório é repudidado.
Questão da pós-modernidade.
Há uma certa tendência para rotular épocas e civilizações. A questão é: fará sentido
individualizar a nossa era como sendo distinta da idade moderna e a idade média que
precederam a nossa, tendo em conta as características da nossa era?
Pontos discutidos:
• Politicamente
correcto, no sentido de as pessoas terem uma opinião e de dá-la sem terem medo
de que essa opinião seja contestada; sentimento de liberdade para opinar.
• Perda de valores;
• 25 de Abril;
• Princípio de
fraternidade.
Professor Paulo Ferreira da Cunha diz que não deve ser posto em causa
determinados canônes culturais porque a própria história prova a sua grandiosidade, não
devendo por isso serem contestados.
______________________________________________________________________
7. 11.2008
Sumário: Continuação da aula anterior.
O SER DO DIREITO
1. Noção de Direito (o Direito como Arte da Atribuição, do Concreto, da Justiça e do
Rigor).
2. Acepções do Termo Direito.
O MODO-DE-SER DO DIREITO
1. Direito Natural e Direito Positivo.
2. Pluridimensionalidade (fenoménica e funcional) jurídica.
Nota: a Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 291
a 312 do Livro Filosofia do Direito, do Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha).
53
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Ideia de pós-modernidade: existirão indícios que distinguam esta era da modernidade?
Pessoa como:
A. Problema
fisosífico: quando é que determinado ser humano reúne as características
necessárias para ser considerado pessoa;
B. Problema
jurídico: quando é que a pessoa em sentido filosófico reúne as condições para
ser pessoa jurídica.
Exemplo:
• Direito dos
animais:
• Bioética: saber
quando o feto se torna pessoa e merece protecção jurídica;
• Fim da vida:
pessoa em estado vegetativo;
• Experiência de
laboratório;
• “utopias” criadas
pelos filmes- problema da personalidade jurídica dos robôs: até que
ponto poderão eles ser desenvolvidos (inteligência artificail).
A forma como se distingue Homem de Pessoa vai influenciar o Direito vigente. Houve
3 grandes fases:
54
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
1) Personalidade
jurídica lançada pelos romanos;
2) Cristianismo com
raizes das civilizações gregas e romanos- ideia de persondalide jurídica;
3) Personalidade
política lançada pelas revoluçoes liberais.
Será ou não possível este novo paradigma jurídico que consiga conciliar estes dois
pólos, ou tender-se-á sempre para um destes dois?
Direito em sentido normativo: o Direito é uma imposição geral; normas que guiam o
Estado e a sociedade.
55
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Direito em sentido subjectivo: o Direito é uma situação jurídica que possibilita a alguém
ser titular de vários poderes. É um Direito de cada um.
Direito em sentido objectivo: Realismo Vs Nominalismo. Clássicamente identifica-se
com a realidade justa, ou seja, é a culminação do sentido normativo e subjectivo
Direito em sentido tautológico: local em que a justiça é prestada.
Direito em sentido epistemológico: determinada área do saber.
Direito em sentido patrimonial: o Direito corresponde ao conjunto de património de
determinado agente.
56
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Factos: Direito radica em factos, pressupondo determinados factos e outros factos com
consequências jurídicas ou outros factos que são eles próprios consequência jurídicas.
Direito transforma em matéria jurídica tudo aquilo em que toca.
Valor: quando o Direito liga os factos entre si e lhes dá consequências jurídicas, fá-lo
através de valorações.
Valor heterónomamente determinado: o Direito não se deve esgotar número puro
sociologismo, podendo, por exemplo, haver um valor negativo.
O valor que o Direito constroi para a realidade é um Direito próprio.
Norma: facto filtrado axiológicamete pelo Direito. Relação que se entende como justa
entre o valor que o Direito dá ao facto e o facto em si.
Se um determinado comportamento se enquadra no conteúdo de uma norma, o resultado
previsto realizar-se-á.
Texto: factos e normas de Direito que se manifestam em texto. A norma é o que é
traduzido em linguagem. O Direito e a norma não se esgotam no texto, é a própria
relação justa.
Relação entre a linguagem e o Direito é actualmente muito estudada nos EUA (questão
de Direito como literatura).
Funcionalidade do Direito:
- as categorias e as
normas jurídicas exmprime-se de forma abstracta, sendo a dever do julgador
interpretá-las- o Direito tem de qualificar os comportamentos e factos sociais.
- Direito tem a
função de dirigir: as normas prescrevem determinados comportamentos. Isto
pode ser feito de forma mais ou menos vinculativa ou mais ou menos rigorosa-
exemplo: recomendação, sanção.
- Função de
decidir:
i. Direito decide
quem e o que vai medir (factos e agentes);
ii. Decisão do
próprio caso concreto: em que medida aquele facto se aplica a
determinada norma.
Manual “Filosofia do Direito”- páginas 313 a 480 ( 313 a 354 são as mais importantes).
• Judicialismo Vs
normativismo.
• Jusnaturalismo
Vs juspositivismo.
• Pensament
dogmático...
57
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Ver bibliografia específica.
______________________________________________________________________
10. 11.2008
Sumário: CORRENTES DO PENSAMENTO JURÍDICO
1. Positivismo (ou Monismo) Jurídico.
1.1 Noção, Raízes e Formas.
1.2 O Juspositivismo Historicista.
1.3 O Juspositivismo Sociologista.
1.4 O Juspositivismo Legalista.
1.5 Desfazendo Equívocos.
2. Jusnaturalismos (ou Pluralismos Jurídicos).
2.1 Jusnaturalismo lato sensu.
2.2 Jusnaturalismo stricto sensu.
2.3 Realismo Clássico.
2.4 Jusnaturalismo Positivista.
2.5 Jusracionalismo.
3. Pensamento Tópico, Canónico e Dogmático. Judicialismo e Normativismo.
3.1 Da Dialéctica do Direito Autónomo ao Dogmatismo do Direito Servil.
3.2 Bases do Pensamento Tópico-Problemático em Aristóteles.
3.3 Pensamento Tópico-Problemático e Pensamento Sistemático ou Dogmático.
3.4 Pensamento Canónico.
3.5 Judicialismo e Normativismo.
3.6 Síntese e sentido das Oposições.
Resolução de uma hipotética pergunta de exame (comentário crítico a um texto).
Nota: a Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 313
a 333 do Livro Filosofia do Direito, do Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha. A
hipótese de questão de exame que foi resolvida nesta aula consta dos Desafios (barra
horizontal) sob o n.º 5.
58
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Título 3, Livro II “ correntes do pensamento jurídico” do Manual
“Filosofia do Direito”
(página 313 a 333)
Dicotomias:
1.
Monismo jurídico: posição que reduz a ideia de Direito ao conjunto de normas e regras
que regulam as situações do dia-a-dia.
Chama-se de monismo (do grego monos, "um") às teorias filosóficas que defendem a
unidade da realidade como um todo (em metafísica) ou a identidade entre mente e corpo
(em filosofia da mente) por oposição ao dualismo ou ao pluralismo, à diversdiade da
realidade em geral. No monismo um oposto se reduz ao outro, em detrimento de uma
unidade maior e absoluta.
As raízes do monismo na filosofia ocidental estão nos filósofos pré-socráticos, como
Zenão de Eléia, Parmênides de Eléia. Spinoza é o filósofo monista por excelência,
pois defende que se deve considerar a existência de uma única coisa, a substância, da
qual tudo o mais são modos. Hegel defende um monismo semelhante, dentro de um
contexto de absolutismo racionalista. O filósofo brasileiro Huberto Rohden é um
grande teórico e defensor do monismo.
Em filosofia da mente, monismo é, no mais das vezes, materialismo sobre a natureza da
mente.
Nota da Professora: todos os naturalistas são pluralistas. Todas as pessoas que tenham
questões de justiça ou ética seriam jusnaturalistas “lato sensu”. Pelo contrário, no caso
do jusnaturalismo “stricto sensu”, temos todas as correntes que seguiram o
jusnaturalismo mas não de uma forma tão extensiva e geral.
Realismo clássico:
• Dentro da querela dos Universais;
• Advém da Escola Clássica do Direito Natural;
• Difere do jusnaturalismo dos países esacndinavos e americanos- realismo
escandinavo e norte-americano.
• Aristóteles --» Romanos --» S. Tomás de Aquino.
Jusnaturalismo Clássico:
Tem uma visão do Direito bastante objectiva;
Vai de encontro à visão de: a justiça é a constante e perpétua vontade de atribuir a cada
um o que é seu.
Títulos Naturais
Positivistas
2.
Judicialismo: dá-se mais importante ao papel do aplicador do Direito.
Normativismo: forma de encarar o Direito com preferência pelas normas positivas.
3.
60
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Pensamento tópico-problemático: idealiza-se na conjunção da tópica e da dialéctica; é
uma forma de pensamento que utiliza a tópica ou seja, um conjunto de lugares comuns
(exemplo; direitos fundamentais) que adquiriram uma importância para os juristas. Esta
seriam então a conjunção entre tópica e dialética que advém de Aristóteles.
Este pensamento decorre de um pensamento canónico que é um pensamento evolutivo.
Nota 2: Professor Paulo Ferreira da Cunha parte de Aristóteles para dizer que a há
coisas que vão para além do que se considera como dogmas já presentes na consciência
comum.
Pensamento dogmático/sistemático
Comentar o texto de Dworkin à luz das três dictomias ( número EXAME, pretende-se
que um exercício destes ocupes 3 a 4 páginas).
1º passo- organizar tópicos para comentar:
- Caracterizar o pensamento de Dworkin e relacionar com o de outros autores que
vão no mesmo sentido ( no nosso caso, apontariamos Ulpiano).
- Opôr o pensamento do autor ao de outros autores- no caso, o pensamento de
Dworkin que é juspositivista vai contra o pensamento de Professor Paulo
Ferreira da Cunha que é jusnaturalista.
- Falar um pouco de cada uma das dicotomias.
61
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
- Dar a nossa opinião, ou seja, neste caso deveriamos dizer que se achavamos
deviam ou não fazer justiça.
______________________________________________________________________
13. 11.2008
Sumário: SABERES E VIVÊNCIAS (breve recapitulação)
1. O Direito e os Saberes, o Saber do Direito
2. Epistemologias.
3. Fiosofia do Direito.
4. O Direito face a outras vivências.
PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS DA FILOSOFIA DO DIREITO:
TEORIAS
1. As Teorias: entre Fé e Desencanto
2. Em demanda da Justiça
3. Positivismo e Pluralismo na Jusfilosofia Contemporânea
4. Direito Natural, entre Filosofia e Política: Estado da Arte
5. Breve Balanço
O DIREITO E A JUSTIÇA: REVELAÇÕES, INTERPRETAÇÕES E PEDAGOGIA
NOTA: a Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 337
a 417 do Livro Filosofia do Direito, do Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha. Como
elemento adicional de apoio para o estudo dos monismos e pluralismos na filosofia
contemporânea, sugere-se (por exemplo) a I parte (What is the Law?) de Philosophy of
Law - An Introduction (2.ª ed.), de Mark Tebbit, Nova Iorque, Routledge,
2005. Finalmente, no que à filosofia do direito lusa concerne, recomenda-se desde logo
a súmula elaborada pelo Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha no artigo Da Filosofia
Jurídica Contemporânea em Portugal, in Revista Telemática de Filosofía del Derecho,
nº 6, 2002/2003, pp. 21-38 (link).
Matéria necessária para o EXAME. É preciso saber quais os autores de cada corrente.
62
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Teoria do direito como comando: não é uma teoria original mas vai ser
frequentemente identificada com o positivismo
Fonte do poder legal – soberania na posse de um indivíduo ou grupo de pessoa que não
recebe comando de mais ninguém e a quem a comunidade tem o hábito de obediência e
estes comandos seriam o direito. Alem disso, a sua violação traria como consequência a
ameaça de uma sanção. Este entendimento. É um soberano que não responde perante
ninguém, não há nenhuma ideia de moralidade na comunidade.
Surge depois uma nova corrente muito específica do direito norte-americano – realismo
norte – americano por volta de 1890. Este realismo não se confunde com a escola
clássica do direito natural (tal como o realismo escandinavo), não se funda numa ordem
superior mas é quase uma terceira via – tem uma grande influencia nas décadas de 20 e
30 mas não se pode dizer que seja uma corrente unitária, uma dos primeiros autores foi
o juiz a que se refere o texto da aula passada. Aqui o diz-se que as teorias ensinadas nas
escolas não reflectiam o dia a dia dos Tribunais e tenta-se trazer á luz o processo de
argumentação do juiz. Outros autores vêm desenvolver estas bases. Esta é uma corrente
céptica e anti-positivismo – é um monismo que nega que das regras se possa extrair o
direito, este só pode ser retirado da analise do dia a dia nos Tribunais – o direito não são
as normas mas unicamente as próprias decisões do juiz, tudo o resto seriam meras
fontes mas não faziam parte da própria natureza do direito.
Também houve quem dissesse que o direito seriam as profecias das decisões do juiz,
era um juízo de prognose – Homes. Não se pode estudar unicamente o Law in bocks; o
direito não deve ser encarado com precisão cientifica. Os seres humanos querem encarar
o direito desta forma pela necessidade psicológica de encontrar um consolo de
segurança jurídica mas este consolo seria inalcançável e mesmo que o fosse não seria
desejável. Rejeitava-se totalmente a ideia de que o direito não deve ser aplicado como o
processo lógico-dedutivo.
Esta teoria só faz sentido nos países anglo-saxónicos pelo que na Europa não colheu.
Kelsen: refinou a teoria pura do direito; pretendia refinar o objecto do se estudo; pura
porque se tentava purificar o objecto, reduzindo-se ao especificamente jurídico
afastando-se das outras influências, fossem elas políticas, religiosas ou morais, e por
outro lado procurava também purificar a própria aplicação. Surge então uma estrutura
piramidal de normas, porem aparece de imediato o problema de saber qual é grande
norma – ele concebe uma grande norma cuja existência só pode ser encarada como mera
hipótese, sem poder ser validada ou questionada, não é a afectiva constituição de um
pais mas é um pressuposto que não pode ser positivado, está nas margens do direito
positivo.
63
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
É possível um positivismo alternalivo – separa o positivismo do direito como forma
redutora de sujeito a um comando apoiado por uma sanção – há muitas áreas do direito
que não podem ser concebidas como comandos por exemplo as normas de controlo da
legalidade de contratos – a violação dessa norma é normalmente uma invalidade jurídica
que não pode ser encarada como sanção, e faze-lo seria um artificialismo; a função
destas normas seria atribuir poderes e não conformar o comportamento dos seus
destinatários.
64
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
_____________________________________________________
14. 11.2008
Sumário: Aprofundamento das questões introduzidas nas aulas anteriores: debate a
partir de textos seleccionados*.
Realização de um comentário escrito sobre a questão a dignidade da pessoa humana e
sua relação com o problema ontológico do direito.
*Natural Law: The Legacy of Greece and Rome, de Rufus Fears, in Common Truths -
New Perspectives on Natural Law, de Edward B. McLean (ed.), Wilmington, ISI
Books, 2000, pp. 19-56.
3. Theories of Natural Law in the Culture of Advanced Modernity, de Alasdair
MacIntyre, in Common Truths - New Perspectives on Natural Law, de Edward B.
McLean (ed.), Wilmington, ISI Books, 2000, pp. 91-115.
NOTA: A actividade descrita no último ponto do sumário foi realizada apenas na aula da
Turma 2, tendo vindo substituir um debate mais extenso sobre os textos citados,
atendendo ao número relativamente escasso de alunos presentes.
• Isidoro de
Sevilha: fez igualmente uma tripartição e fala do ius gentiu e do ius naturale
mas enquanto princípios derivados da natureza, afastando-se da ideia do direito
comum aos animais e às pessoas.
• Idade Média- S.
Tomás de Aquino: faz uma tripartição do Direito falando de 3 tipos de leis: lex
naturalis, lex positiva e lex humana. No entanto, este autor ligava o Direito à
Religão, sendo este aspecto considerado negativo.
66
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Hart: apesar de juspositivista tem uma ideia do Direito Natural como um conjunto de
regras que deve estar na consciências de cada um.
Um legislador também deverá estar limitado a algumas ideias naturais.
A afirmação “uma leia substancialmente injusta ainda pode ser lei” mostra que este
acabou por abandonar os ensinamentos da Escola Clássica do Direito Natural.
______________________________________________________________________
17. 11.2008
Sumário: Monismos e Pluralismos na Jusfilosofia Contemporânea - continuação.
A querela entre H.L.Hart e Lon L. Fuller (análise a partir de textos seleccionados*).
*Positivism and the Separation of Law and Morals, de H.L.Hart, in Harvard Law
Review, vol. 71 (1958), pp. 593-629.
Positivism and Fidelity to Law - A Reply to Professor Hart, de Lon L. Fuller, in
Harvard Law Review, vol. 71 (1958), pp. 630-672.
NOTA: uma interessante análise, em língua portuguesa, da teoria de Hart é feita no
artigo Um Modelo de Positivismo Jurídico: O Pensamento de Herbert Hart, de Sheila
Stoltz, in Revista Direito GV 5, vol. 3 N. 1, Jan.-Jun. 2007, pp. 101-120 (link). A
recomendação, que se corrobora e se agradece, foi feita pela aluna Carolina
Santos. Aproveita-se também para relembrar que a obra O Conceito de Direito, de H. L.
Hart, está publicada em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian (5.ª edição,
Lisboa, 2007).
67
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Há 3 teorias distintas mas que tinham sido confundidas e analisadas como um todo:
1. Tese da Separação do direito da moral – valida para Hart
2. Tese do estudo analítico dos conceitos legais para se perceber o direito
3. Teoria do direito como comando – Hart não considera valida, não toma a parte
como um todo, não é essencial ao sistema monista, jus positivista.
É a teoria dos comandos que eles critica mais: os comandos seriam jurídicos se fossem
legais (emanados por um soberano aceite pela comunidade e que não responde perante
ninguém) – risco de este esquema ser inadequado, tal como Hart vem criticar, à
primeira vista pareceria que o erro é separar o direito da moral, Hart porem afirma que
a teoria direito é inadequada porque esquece alguns elementos característicos do direito
– o legislador cria o direito com base em alguns princípios fundamentais. Há regras
primárias e secundárias (sendo que as ultimas apenas afectam o estatuto das normas
primarias – o que confere o cariz autoritário), porem a teoria do comando falha neste
ponto visto que as regras secundárias não podem ser encaradas como comando e esta
teoria não o consegue explicar.
Numa democracia do tipo americana o soberano é o povo o que quer dizer que o povo
está a obedecer a si próprio – é um hábito de obediência a si próprio e isso não faz
sentido.
Carácter de algumas normas de certas áreas do direito – áreas do direito que não
pretendem influenciar um comportamento, não são comandos; é o caso dos contratos ou
normas testamentárias – estas normas não impõem ou proíbem um comportamento,
apenas põe um meio á disposição do destinatário da norma, e isto não seria assimilável
ao entendimento de norma como comando.
Formalismo: ideia associada ao normativismo (a aplicação das normas deve ser feita de
forma fechada). Esta critica pode ser dirigida ao formulador do direito mas também ao
juiz.
- Se dirigida ao filósofo: o filósofo está enganado não sua teorização do direito,
Hart acha que Austin não sofrem deste mal, eles não seriam excessivamente
formalistas, Austin em certos casos incentivava a adaptação do direito e criticava
os recursos a analogia. Os juízes deviam recorrer em última analise recorrer a
um critério utilitarista. (critica: alguns teóricos conceberam o direito como um
sistema fechado em que se poderiam obter as decisões através de um sistema
lógico-dedutivo, porém Hart considera que não há formalismo excessivo)
- Se dirigida ao juiz: o juízes faziam o juízo excessivo da lógica para chegar ás
decisões judiciais de forma automática. Sempre que um juiz perante os factos da
vida estivesse a utilizar a lógica é porque já concluiu que esse caso da vida cabe
68
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
na norma e uma fase previa de definição. Hart não considera esta fase de
definição uma verdadeira decisão. Porem em casos de penumbra raramente se
poderia chegar á decisão final sem ter em conta a teleologia da própria norma –
recorria-se ao critério de interpretação do homem médio.
As críticas ao formalismo não conseguem refutar que o direito seja algo separado da
moral.
É certo que para certos autores o direito é uma criação puramente volunatria dos seres
humanos , mas isto não significa que eles recusassem as regras morais – obrigação
moral dos destinatários de resistir a uma norma injusta e contraria á moral – porque se
separa direito e moral cria-se esta válvula de escape; as normas morais não são
rejeitadas apenas não são consideradas normas jurídicas.
Alguns juristas alemães alteraram a sua posição positivista por culpa do nazismos –
moralidade minimamente humanitária que faria parte integrante do direito e uma lei que
contrarie esse mínimo de legalidade nem sequer chaga a ser lei.
Porém para Hart este é um entendimento algo ingénuo porque não parece ser
concebível que as pessoas deixam de aderir a um certo regime (nazi) por ser positivista
ou naturalista,
Os juristas alemães não estariam a ir ate ao fim da linha – bastaria que dissessem que
em ultima analise revela a moral em caso de flagrante desencontro.
De seguida Hart analisa uma questão que foi julgada: esposa de um soldado que
denuncia o marido por ser contra o regime nazi – no fim da guerra a senhora foi julgada
por uma lei que punia os actos pelos quais alguém priva outrem da liberdade – a
senhora para se defender disse que se limitou a fazer uma denuncia de uma coisa que na
altura era efectivamente um crime – os Aliados porem dizem que aquela norma nazi não
era valida – Hart diz que a solução foi boa mas o caminho pelo qual se chegou lá foi
muito insensata e apresenta alternativas:
Abdicar de punir a senhora ou aplicar retroactivamente uma lei penal que dissesse que
quem colabora com o regime nazi seria punido – o resultado pratico seria o mesmo
(condenar a senhora, mas Hart diz que a transparência seria muito maior se
aplicássemos a lei retroactivamente. Concordar com o raciocínio dos juízos é perpetuar
a utopia de que os valores são sempre conciliáveis e nunca é preciso escolher de entre
dois males o menor. Ao arranjar uma forma artificial de agradar a todos sem escolher de
entre os dos males estar-se-ia a violar a natureza da decisão e com isso a diminuir a
transparência do sistema.
Hart conclui portanto que as criticas deitariam por terra as teses utilitaristas mas não a
base central de separação de direito e moral, que continua em vigor.
Fará essa separação sentido em todos os sistemas jurídicos?
Há determinadas coisas da natureza humana que devem modelar o pensamento do
legislador (o engenheiro tem que considerar as leis da física, e da mesma forma o
legislador tem que considerar a natureza das pessoas e as suas relações) – este conteúdo
69
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
mínimo reduz-se ás regras que proíbem a violência e as regras que estabelecem a
propriedade.
Por exemplo se no futuro as pessoas tivessem carapaças (e por isso fosse invulneráveis)
e se alimentassem exclusivamente de ar – o conteúdo mínimo de direito positivo seria
alterado; mas nós somos vulneráveis aos ataques das outras pessoas e há também
escassez de recursos pelo que tem que haver um conteúdo mínimo de propriedade -
regras fundamentais sem o qual o sistema jurídico não cumpre as suas funções, sendo
que estas regras seriam coincidentes com as regras morais mas isso seria contingente –
no mundo das carapaças as regras morais poderiam continuar a proibir o roubo e as
agressões mas o direito positivo deixaria de o proibir pois não faria sentido.
Conteúdo verdade: Hart não admite que uma norma deixe de ser norma por ser injusta
mas admite que as normas têm que ser gerais para serem normas jurídicas e nesse
sentido haveria um eco de justiça – justiça na administração e não na própria norma.
Os sistemas têm uma moralidade própria – qualidades de feitura das leis e tudo se
resuma a uma questão de grau (nunca são completamente alcançáveis), mesmo num
sistema jurídico iníquo tem que haver uma conjunção mínima entre direito e moral –
critérios mínimos (efectividade, transparência por exemplo)
______________________________________________________________________
20. 11.2008
Sumário: Direito Natural, Religião e Razão. Direito Natural e statu quo. Direito
Natural, Estado e Liberdade Individual. Análise e debate a partir de textos
seleccionados*.
*Excerto de The Ethics of Liberty, de Murray N. Rothbard, Nova Iorque, NYU Press,
2003.
70
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
24. 11.2008
Sumário: INICIAÇÃO FILOSÓFICA À METODOLOGIA JURÍDICA:
MEMÓRIA E DIREITO
1 - Mitologias, Géneses, Destinos
2 - Diálogos, Escritos e não Escritos
3 - Memória e Lei
4 - Memória e Método Jurídico
5 - A Luta pela Memória. Dos Mnemones aos Juristas.
RETÓRICA E HERMENÊUTICA NAS ORIGENS DO DIREITO
1 - História Grega
2 - Metodologia Romana
DA HERMENÊUTICA JURÍDICA: FUNDAMENTOS, DESAFIOS E FASCÍNIOS
1 - introdução Epistemológica.
2 - Fascínios Hermenêuticos.
3 - Desafios Hermenêuticos.
4 - Fundamentos Jurídico-Hermenêuticos
5 - Novos Fascínios, Novos Desafios: Reforma Legislativa ou Reforma das
Mentalidades?
NOTA: Os conteúdos programáticos aqui expostos integram-se já no tópico IV -
Retórica e Direito. A Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as
pp. 481 a 549 do Livro Filosofia do Direito, do Prof. Doutor Paulo Ferreira da
Cunha.
Vamos entrar agora no quarto tópico – questões de metodologia jurídica, de uma forma
filosófica – a proposta de metodologia jurídica é uma decorrência da filosofia do direito.
Evolução histórica
Dois binómios:
71
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Direito/Memória
Direito/História
Na época do feudalismo, caracterizada pela relação entre senhorias e feudais, a lei era
encarada como um tópico obrigatório de cumprimento das normas.
Actualmente, o Direito e a memória encontram-se em crise.
72
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
O Direito precisa de uma memória, embora a curto prazo, mas que diga respeito a
acontecimentos históricos ocorridos há pouco tempo.
Julgamento: confronto entre a memória dos factos da vida e dos factos padrão.
Para além disto, há uma segunda relação de cariz mais metodológico entre direito e
memoria; se o direito pretende efectivar a justiça tem que reconstituir os factos
relevantes.
Há portanto a memória dos factos padrão, mas por outro lado há memoria dos factos
efectivamente sucessivos.
Questão da prova: esta tem uma relação evidente com a memória porque pretende
reconstituir os factos relevantes e traze-los à luz do aplicador de direito.
73
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Com a evolução histórica a técnica vai evoluindo e dá-se uma especialização –
notários, tabeliães por exemplo.
Memória jurídica: evolução de uma memória legal para uma memória fixada em
textos legais.
Esta relação entre Direito e memória pode sofrer alguns desvios consoante os sistemas
jurídicos de que estejamos a falar – nos sistemas de Common Law esta relação entre
memoria e direito é diferente, mas ainda assim intima e importante.
Hermenêutica
Natureza humana, mas o homem porque tem livre arbítrio pode ou não conformar-se
com essa natureza humana e por isso é que tem que haver normas para sancionar o
homem que age de forma contrária.
74
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
• Quando o aplicador do direito (função decisória) há uma dialéctica e um
exercício de retórica (persuadir a comunidade da correcção da decisão)
A verdadeira hermenêutica nem pode ser uma interpretação ingénua e literal nem a
aplicação de uma tabela de interpretação. Qualquer uma destas soluçoes iria contra o
grande objectivo do Direito que é a obtenção da Justiça.
75
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Artigo 9º/1 CC: a interpretação não deve restringir-se à letra da lei, deve, pelo
contrário, ter-se em conta o pensamento e a interpretação dada por quem a escreveu e
por cada pessoa. Assim, Professor Paulo Ferreira da Cunha quer dizer que se deve
partir da norma 4 e chegar-se às normas 3,2 e 1 -» vai de encontro a um realismo norte-
americano.
Professor Paulo Ferreira da Cunha fala também da norma 0, que resultaria do artigo
10º CC: na casa de caso análogo, deveria recorrer-se ao “espírito do sistema”, ou seja,
ao Direito Natural. Aquilo que está ainda antes da sociedade, o que muitas pessoas
chamam de direito natural ou ordem natural das coisas que determina a conformidade.
Nesta norma, o legislador não poderá seguir uma realidade estática mas sim uma
realidade dogmática.
76
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Estes artigos do CC não seriam uma verdadeira norma do Direito Civil mas sim um
Direito Constitucional que seria feito numa porposta de revisão. O Professor Paulo
Ferreira da Cunha propõe que se faça aqui uma revisão destes artigos assim como dos
usus, costumes e da equidade.
Por outro lado, defende que deveria haver um reconhecimento explícito da pessoa do
Juiz- importância da objecção de consciência do juiz.
Finalmente, para ele, a ignorância da lei deveria ser revista.
Faz-se uma ressalava a falta de preparação dos juristas, fazendo uma abordagem de qual
seria a melhor preparação.
______________________________________________________________________
27. 11.2008
Sumário: Continuação da aula anterior: debate em torno dos problemas da
Hermenêutica Jurídica.
POR UMA RETÓRICA JURÍDICA:
1- Sentidos da Retórica Jurídica.
2 - Retóricas, Tópica e Dialéctica Jurídicas
3 - Da Dialéctica
4 - Da Tópica.
NOTA: A Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 551 a 568
do livro Filosofia do Direito, do Prof. Paulo Doutor Ferreira da Cunha.
77
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Jusnaturalismo: uma coisa pré-existente pode ser considerado como um dogma. Esta é
uma das críticas ao jusnaturalismo, a da existência de uma realidade sobrenatural, mas é
mais um dogma que uma verdadeira realidade- ver norma 0.
O domínio das artes oratórias é essencial no mundo dos juristas. É pouco provável
interromper as alegações de um colega para dizer que cometeu uma falácia, mas é
essencial saber encontrar essas falácias e critica-las.
A retórica permanece ainda um pouco negligenciada, desde logo porque há negligência
da própria língua. Não vamos aqui leccionar um curso de retórica mas vamos expor as
fases que devemos ter em conta ao organizar um discurso, aplicando a casos concretos.
A retórica jurídica está muito próxima com a retórica geral e caracteriza-se pela
existência de um tópica especifica atinente ás questões do direito.
4 grandes campos:
i. Retórica em sentido lado;
ii. Retórica em sentido estrito;
iii. Tópica jurídica;
iv. Dialéctica jurídica.
78
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Dialéctica jurídica (remissões para os textos de Hard e Fuller): há ali uma dialéctica-
diálogo referidos em contraposição de dois monólogos.
Pertence ao cerne do Direito. Para que o Direito permaneça actual é preciso que haja
litígio.
Fazer relevar este conceito e preterir o conceito de dialéctica é errado.
A dialéctica foi se esbatendo ao longo dos tempos. Michel Valley tentou recuperar a
dialéctica do gregos e dos romanos.
A dialéctica é elegida pelo Direito como um método essencialmente jurídico. O seu
usso no Direito tem de ser entendida de uma forma hábil uma vez que o Direito visa dar
soluções concretas. Este aspecto tem de ser tido em conta para que seja respeitada a
verdade formal.
A constante e perpétua vontade de alcançar a Justiça de Ulpianos traduziu a ideia de
que a solução para o Direito seria a de encontrar um método específico para resolução
dos problemas. O Professor Paulo Ferreira da Cunha fala aqui de um Direito Natural
contraposto à dialéctica.
Se concebermos o Direito Natural numa perspectiva mais dinâmica, entao a dialéctica
terá uma perspectiva mais natural.
A dialéctica actual não envolve os dogmas de cariz social a que o Direito Natural
estava relacionado.
Tópica jurídica: é o essencial dos argumentos que usamos para tentar convencer as
pessoas.
São argumentos usados quer de uma forma dialogal quer de uma forma argumentativa.
São lugares comuns, plausiveís e aceutáveis por todos os juristas.
Pode ser encarada como argumentos agrupados; encarada como método ( parte da
formação de um consenso entre itervenientes, que resulta da experiência).
É um método que procura soluções para os problemas jurídicos sem que tal resulte
numa casuística redundante.
Todo o que se pode argumentar pode ser encarado como uma tópica (exemplo: dura lez
sed lex). O positivismo e o jusnaturalismo também podem ser encarados como tópicas.
Sao os juristas que, através da sua experiência, adquirem esses argumentos.
Pode também ser encarada como uma doutrina, a qual tem em conta dadps adquiridos.
A preferência dada pelos autores a um ou outro tem a ver com a noçao que se pretende
transmitir.
A designação “retórica” é preferida porque é associado a sofistica. No entano, ha
autores que preferem o termo “dialéctica”, como Michel Valley e outros que preferem o
termo “retórica”, como é o caso de Francisco Puy.
Por seu lado, Professor Paulo Ferreira da Cunha prefere a designação retórica-
dialéctica por não aceitar os dois conceitos em separado.
79
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
28. 11.2008
Sumário: Da Tópica (continuação).
5 - Porquê Retórica Jurídica?
RETÓRICA E ANTI-RETÓRICA
1 - Retórica e Anti-Retórica.
2 - Anti-retórica da Definição de Retórica.
3 - Valorações da Retórica: Retórica Branca e Retórica Negra.
4 - O Género Primitivo como Argumento Legitimador (breve remissão).
5 - Efeitos da Retórica/Anti-Retórica Jurídica.
NOTA: A Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 569 a 580
do livro Filosofia do Direito, do Prof. Paulo Doutor Ferreira da Cunha, e as pp. 7 a
51 do livro Manual de Retórica & Direito, da Prof.ª Doutora Maria Luísa Malato e do
Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha.
Francisco Puy: privilegia a tópica- é para ele uma base essencial quer enquanto
dialéctica quer enquanto retórica.
Para priveligiar um discurso temos dir de encontro aos dados que a tópica fornece.
A retórica jurídica é só uma forma de retórica geral que se constrói de acordo com os
tópicos. Só por isso é que o Professor Paulo Ferreira da Cunha constrói uma
disciplina a que ele chama Retórica e Direito.
Retórica e Direito.
Dialéctica e Direito Natural: é uma associação tendencial. Não era de estranhar ver o
jusnaturalismo associado a um pensamento dogmático.
Professor Paulo Ferreira da Cunha analisa esta relação:
80
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
• Tem a ver com a tomada de posição do jurista que acha não conseguir chegar a
um certo patamar.
• O jusnaturalista admite que existe um Direito Natural, e daí que se ache que o
pensamento jusnaturalista tende a ser um pensamento mais dogmático.
• O que separa o Direito Natural do jusnaturalismo é essa humildade do homem: o
homem pensa que é através do pensamento tópico-prblemático/dogmático que
conseguirá alcançar esse patamar mais alto. O jusnaturalismo é mais tópico-
problemático porque admite que a razão é a única forma do homem atingir o
Direito Natural.
A tópica jurídica inclui tópicos para cada fonte legal. Por isso, temos:
1) Tópica de fonte legal: uso da tópica enquanto produto do seu estudo; tenderá a
vê-la de forma diferente do que as outras pessoas não a usaram nunca.
2) Tópica jurídico-legal: argumentos que derivam de textos legais e que seriam
plausiveis e aceitáveis; para além disso, cabem aqui os argumentos tendentes
como a norma jurídica, mas também cabem outros argumentos. A tópica seria
uma resistência contra a ideia de “dura lez sed lex”.
3) Tópica judicial: tópica reforçada pela força judicial e vai de encontro com um
roteiro mais actual para aplicação do Direito a um caso conreto.
4) Tópica historico-geográfica: deriva de um Direito que já não é vigente mas que
ainda tem uma força considerável. Possui um sentido positivo e outro negativo,
que é um reflexo daquilo que o Direito deve ser.
Cada vez mais assistimos à apropriação pelo Direito de formas jurídicas, nomeadamente
com o movimento dos “Critical Legals Studies” que pretendia endurecer uma forma de
pensar à sociedade.
O Direito deve apropriar-se de certas formas da sociedade e adequa-las a situações
justas, sendo que isto não quer dizer “socialmente aceitável”, ou seja, devemos recorrer
à justiça no seu sentido mais puro.
A importância da tópica jurídica decorre da sociedade. O poder sindical deve estar apto
a ser funcionalizado pela sociedade.
81
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
EUA teve como objectivo convencer a sociedade das injsutiças. Conta a história na
primeira pessoa.
Temos também a tópica feminista da Dra Clara Sotto Mayor que propunha uma
mudança no sistema jurídico.
Retórica
A retórica geral pode ser estudada pelo jurista uma vez que esta não dá resposta a tudo e
por isso não corrompe.
Retórica/Sofistica: não tem fronteiras morais, podendo ser usada para o bem e para o
mal; é um discurso vazio.
A retórica pode ser levada a um espoente máximo, assim como quando alguém pretende
negar a filosofia já está a filosofar. Com a retórica acontece o mesmo: dizendo que esta
é um discurso vazio, para convencer o público disso, é impossível não usar a retórica
A retórica foi se desmembrando ao longo do tempo, sendo por isso impossível definina-
la, podendo apenas caracteriza-la em 5 niveis:
1) Invenção: fase de recolha de argumentos (exemplo: uma bibliotecária conhece
todos os livros da sua biblioteca sem nunca os ter lido todos); o orador vai,
aproveitando o que conhece do mundo, ao sitio onde pode procurar os elementos
que necessita
2) Disposição: organização dos elementos que o orador recolheu, seguindo
critérios para próprios (exemplo: hierarquias, etc).
3) Elocução: elaboração do discurso propriamente dito, ou seja, construção/arranjo
dos argumentos.
4) Memória: memorização do discurso, isto é, o minimo de conhecimento do
discurso elaborado.
5) Acção: representação do discurso.
Com o decorrer do tempo a retórica foi perdendo alguns dos seus elementos essencias
como a lógica, a dialéctica, a poética, a grammaisatica e a estilística. Algumas destas
compuseram-se em arte própria.
82
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
• Técnica: relacionada com uma vertente pedagógica, a retórica pretende ensinara
escrever,a pensar..
• Código de Poder: criar e reforçar as malhas da supra e infra-ordenação social e
as malhas da justiça e injustiça.
A retórica será tanto mais eficaz quanto mais despercebida passar, porque consegue-se
convencer melhor uma pessoa se ela não perceber que a estão a tentar convencer.
A mensagem a que se pretende chegar visa comover o público. Nessa medida, o uso da
retórica torna o público cada vez mais exigente.
*Mito de Antígona:
Filha de Édipo e Jocasta, que tinham mais três filhos, Etéocles, Ismênia e Polinice. Foi
um exemplo tão belo de amor fraternal quanto Alcestes foi do amor conjugal. Foi a
única filha que não abandonou Édipo quando este foi expulso de seu reino, Tebas, pelos
seus dois filhos. Seu irmão, Polinice, tentou convencê-la a não partir do reino, enquanto
Etéocles ficou indiferente com sua partida. Antígona acompanhou o pai em seu exílio
até sua morte. Quando voltou a Tebas, seus irmãos brigavam pelo trono.
Polinice se casa com a filha de Andrastos, rei de Argos, e junto com este arma um
ataque contra Tebas, que é chamado de expedição dos "Sete contra Tebas" onde
Anfiarus prevê que ninguém sobreviveria, somente o rei de Argos. Como a guerra não
levou a lugar nenhum os dois irmãos decidem disputar o trono com um combate
singular, onde ambos morrem. Creonte, tio deles, herda o trono, faz uma sepultura com
todas as honras para Etéocles, e deixa Polinice onde caiu, proibindo qualquer um de
enterrá-lo sob pena de morte. Antígona, indignada, tenta convencer o novo rei a enterrá-
lo, pois, quem morresse sem os rituais funebres, seria condenado a vagar cem anos nas
margens do rio que levava ao mundo dos mortos, sem poder ir para o outro lado. Não se
conformando, ela enterra Polinice com as próprias mãos e é presa enquanto o fazia.
Creonte manda que ela seja enterrada viva. Sua irmã Ismênia tenta defendê-la e se
83
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
oferece para morrer em seu lugar, algo que Antígona não aceita, e Hêmon, seu noivo e
filho de Creonte, não conseguindo salvá-la, comete suicídio.Ao saber que seu filho
havia suicidado Eurídice, mulher de Creonte, também se mata.
84
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
No quinto estásimo o coro recorre a Dionísio, patrono de Tebas, para que ele restaure a cidade. O
desfecho trágico apresentado no êxodo é típico sofocliano, com diversas mortes. Mesmo tendo sepultado
ele mesmo o sobrinho há muito morto, Creonte terá que viver com o peso da morte de Antígona, que já
havia se matado quando ele fora buscá-la, com o suicídio de seu filho Hêmon, ao saber da morte da
amada e com o suicídio da própria esposa,Eurídice, ao receber a notícia da morte do filho querido.
TPC: Como já foi explicado nas aulas, a apreensão dos conteúdos programáticos
integrados sob o tópico IV - Retórica e Direito irá ser testada através da preparação e
declamação de um pequeno discurso de defesa de uma personagem histórica ou
ficcional. Assim sendo, solicita-se aos alunos que comecem desde já a pensar na
personagem da sua eleição: alguém que entendam ter sido injustiçado (pela História,
pelos seus pares, não forçosamente através de uma decisão de âmbito jurídico - mas
com preferência para uma injustiça que nunca tenha chegado a ser cabalmente
corrigida) e para cuja apologia sintam uma especial motivação. Será conveniente que se
debrucem sobre personagens plausivelmente conhecidas de toda a turma.
O discurso será redigido por escrito numa das aulas, pretendendo-se também que pelo
menos alguns dos trabalhos sejam efectivamente dramatizados. De qualquer forma,
convirá que todos ponderem desde já os argumentos a utilizar e comecem a delinear
mentalmente a sua defesa, também em função dos conteúdos que vamos abordar nas
próximas aulas.
A preparação deste exercício pode implicar algum trabalho de investigação, o qual,
todavia, deverá servir essencialmente como inspiração e motivação. Não se pretende
uma resenha de todos os factos (históricos ou ficcionais) que rodeiam uma determinada
personagem, embora estes devam evidentemente estar subjacentes ao discurso
elaborado. A redacção deverá ser feita na primeira pessoa, podendo o discurso
propriamente dito ser precedido de uma brevíssima introdução do seu autor
apresentando a personagem escolhida e as razões pelas quais entende ter sido ela alvo
de uma injustiça.
85
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
4. 12.2008
Sumário: RETÓRICA E COMUNICAÇÃO: AS PARTES E O TODO
1 - As partes da Retórica.
- As Ideias e os Factos.
- Os Actores da Comunicação.
2 - Os meios da Retórica: logos, ethos, pathos.
- Razão, Modo de Ser, Paixão.
3 - Os tipos de discurso: Argumentação, Tempo e Lugar.
- Os Géneros.
ANÁLISE DAS PARTES DA RETÓRICA
1 - Invenção.
- As Provas.
- A Tópica.
A maior parte das classificações tem origem em Aristóteles mas há autores que não o
fazem.
86
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
científico é deitada por terra. O Professor Paulo Ferreira da Cunha dá
exemplos de questões que aproximam a retórica do Direito:
a) selecção dos factos feito pelo homem;
b) linguagem, na medida em que esta é a forma de expressão que temos. as
suas limitações são as limitações gerais
Um cientista não é um observador neutro porque faz uma determinada selecção de
factos – fragmentos do real que já passaram pelo perigo dessa selecção muitas vezes
com base em pré-conceitos
Além disso muitas vezes um facto confunde-se com o seu signo, por exemplo entre os
esquimós há dezenas de palavras para expressar neve.
Elementos da retórica:
• Orador, emissor ou destinador
• Auditório, receptor ou destinatário
• Discurso, mensagem ou texto que se pretende transmitir
• Situação, contexto em que o orador fala e que a mensagem é transmitida
3 meios da retórica:
• Meios racionais (Loghos), argumentos lógicos que podem ser conjugados. É
uma função mais racional do discurso.
• Meios centrados no carácter do orador – meio termo entre o racional e o
passional
• Meios centrados nos sentimentos do auditório, de ordem passional, apelo a
determinadas instancias não relacionadas com a lógica, ou seja do foro
emocional.
Um auditório pode gostar de ser provocado – pelo que por vezes pode querer invocar
sentimentos negativos, embora este seja um caso raro.
Géneros da retórica:
1. Género judicial – retórica forense, ligado á razão e no que diz respeito aos
efeitos está mais ligado ao efeito de ensinar e daí que seja mais exigente
87
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
apelando a motivos racionais e tendo como problema central o justo e o injusto.
Na maioria dos casos referimo-nos a factos passados,
2. Género deliberativo com dimensão emocional mais forte porque se exercita
perante um auditório, aqui temos em conta factos futuros é em regra uma
decisão política pelo que se fala no útil e no inútil. Efeito de comover
3. Género panegírico – comunidade ecléctica a quem se dirige um discurso em
que a função passional assume um carácter ainda mais passional – efeito do
agradar. Este género vive do presente ou pelo menos de uma recreação dele.
• Fase da invenção: realça-se muito a ideia de que esta invenção não é mais do
que uma descoberta de argumentos pré-existentes na mente do orador. É a base
cronológica mas também a base de toda a argumentação lógica.
A ideia de tópica radica muito nesta fase da invenção.
• Prova em sentido retórico tem uma extensão mais lata. sem sentido jurídico,
serão aqqueles elementos com os quais se pretende determinar a ocorrência de
factos
Provas extrínsecas: são aquelas que são exteriores ao orador – leis em vigor,
relatos das testemunhas ou o costume
provas intrínsecas: raciocínio do autor na medida em que ele contrói um
dterminado silogismo.
• Tópica seria o conjunto de lugares argumentativos que à partida, serão aceites
pelo público.
• Raciocínio – mecanismo lógico que nos permite chegar aquilo que
desconhecemos a partir daquilo que já conhecemos:
Indução: base do empirismo, diligencia cientifica por definição –
acumulação de formulações particulares e a partir dai formula-se uma teoria
geral
Dedução: diligencia privilegiada da lógica porque parte do geral para o
particular – retirar o máximo proveito dos factos que conhecemos. É uma
exploração do conhecimento que tenho para me concentrar num
determinado prisma
exemplo: “todos os homens são mortais; Sócrates é homem; Sócrates é
mortal.”
Inferência mediata – informação extraída de uma única premissa
Inferência imediata – informação extraída de duas ou mais premissas –
silogismo:
Oposição
Conversão
…
4 tipos de proposição: ver quadro página 92 do Manual
A – proposições universais afirmativas – Todo o Homem é justo
88
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
E – proposições universais negativas – Nenhum Homem é justo
I – proposições particulares afirmativas – Algum Homem é justo
O - proposições particulares negativas – Algum Homem não é Justo
As proposições subalternas:
Da proposição geral deduz-se a verdade da proposição particular
Da falsidade da proposição geral não se pode concluir nada em relação á
particular.
exemplo: A e I- se afirmamos que algum homem é justo não podemos afirmar
que algum homem não é justo nem que todos os homens são justos!
89
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
5. 12.2008
Sumário: A Tópica (continuação).
- A Definição.
- Os Argumentos Legítimos.
- Os Argumentos Ilegítimos.
- A Ilegitimidade de Alguns Argumentos de Opinião.
- Os Géneros Literários e os Argumentos.
- A Complexidade Argumentativa.
- Controle da Legitimidade.
NOTA: A Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 93 a 126
do livro Manual de Retórica & Direito, da Prof.ª Doutora Maria Luísa Malato e do
Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha.
Silogismos especiais:
o Entimema- duas acepções:
a) dialéctico: permissas deduzidas;
b) lógico: permissas subentendidas- exemplo: “Penso logo existo”- é uma
permissa que traduz o facto de todos pensarmos e como tal existirmos. a
vantagem de subentender uma permissa é ela poder ser refutada.
o Epiquerema: amplificação do silogismo clássico- um dos argumentos que o
orador vai usar vem munido de uma prova. exemplo: o imperador é um tirano;
todos os tiranos usam da força; logo, o imperador usa da força.
A refutação do silogismo:
1ª permissa: o imperador é um tirano
2ª permissa: o imperador é um tirano porque rege o império sem atender à
vontade dos cidadãos.
Conclsuão: podemos derrubar o tirano.
Este subentendimento de conclusões pode acelarar o discurso e como tal ter muitos
interesses.
90
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
se a mulher for bela, o marido terá ciúmes;
se a mulher for feia não gostará o seu marido dela;
logo, não deveria casar.
Este é um exemplo que o Professor Paulo Ferreira da Cunha considera ser uma
falácia porque, desde logo, alguém pode não ser belo ne feio.
Tópica
Como conteúdo do pensamento.
3 regras:
i. É um conceito que se pretende aproximar daquilo que se quer definir, depois de
se encontrar o género próximo, tenta se descobrir a espécie.
ii. Convirá complementar a descrição com uma definiação analítica.
iii. Devemos identificar as características comuns à ideia de sapato.
O argumento pode ser externo a uma questão e ainda assim ser tido em conta. A
argumentação não é válida enquanto falácia.
Argumentos de autoridade- exemplo: eu tenho razão porque aquele senhor disse isto e
aquilo. O que está em causa é partirmos da ideia de que aquela pessoa tem mais
conhecimento que nós e por isso tem mais razão.
91
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
No caso do Direito, os acórdãos são aqueles meios mais prováveis de conhecer e de
dizer o Direito, mas tal não quer dizer que é legítimo porque foi o tribunal que o
proferiu.
Analogia é também uma forma válida e efica de tirar conclusões.
Muitas vezes, a circunstância e o fim em que o argumento é usado pode levar a falácias
e a um argumento ilegítimo. Se um dilema parte de uma permissa falaciosa então aquele
argumento é ilegítimo.
Argumento Legítimo:
a) Argumento
b) Argumento de contradição;
c) Argumento de discrepância: se uma proposição é falsa, entao a sua contrária é
verdadeira.
Argumentos Ilegítimos:
Sofismas materias: raciocinando bem sobre dados incorrectos. Derivam da deturpação
do raciocínio dedudtivo ou do raciocínio indutivo.
Sofismas formais: raciocinio errado sobre dados correctos. Sob o mesmo som e grafia,
as palavras podem esconder significados diferentes.
Há uma série de lógicas, regras de influência mediata que podem ser preteridos-
exemplo: todas as rosas têm espinhos, ou ouriço cacheiro não é uma rosa, logo, o ouriço
cacheiro não tem espinhos. Temos uma aparência lógica mas não temos uma verdadeira
dualidade.
Falso dilema- exemplo: ou és por mim ou és contra mim.partindo daqui temos um falso
dilema e afastamos a ideia de um terceiro imparcial.
Se partimos de definições incorrectos obetermos raciocínios incorrectos.
Todos os silogismos seriam em princípio uma forma de preterição uma vez que, no
fundo, o que se faz na dedução é partir do princípio que aquilo existe.
Outro sofismo possível é aquele que confunde uma relação de pura sucessão com uma
relação de causalidade.
Exemplo: partir do pressusposto que uma coisa existe por causa de uma primeira coisa.
A mera sucessão não tem forçosamente que se identificar com a causalidade.
Podemos pegar numa causalidade e tal não ser correcto.
Exemplo: aquele sítio é perigoso porque muitas pessoas morrem la.
92
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Háum sofisma que pressupõe que há um todo que parte para o particular- exemplo: uma
comunidade não tem que reproduzir o carácter de uma pessoa particular.
Argumento de opinião:
Da força: a motivação para aceitar o argumento tem a ver com a coacção/ameaça-
argumento externo.
Da recompensa: dar a uma criança uma coisa em troca dela fazer alguma outra coisa. É
também ilegítimo.
Sobre a pessoa: usados na política ou em geral- igualmente ilegítimo.
Assim como o argumento da autoridade pode ter eficácia, também o argumento sobre a
pessoa pode ser eficaz em determinada causa/situação concreta. Neste sentido, um
argumento sobre a pessoa pode ter alguma eficácia.
Nota: Tal como prometido, aqui ficam as hiperligações para alguns dos muitos recursos
interessantes que a Internet oferece, no que à Retórica concerne:
- Eristik, de Schopenhauer, traduzido para o inglês como The Art of Controversy, e
referido no Manual de Direito & Retórica (cfr. p. 117), com alusão ao título português
A Arte de Ter Razão, exposta em 38 Estratagemas. Este último título diz tudo, mas
convirá notar o cariz irónico por detrás da aparente intenção pedagógica do autor.
93
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
- Fallacy Files. Numa das secções poderão treinar a vossa capacidade de identificação
das falácias a partir de exemplos reais, extraídos de obras de vários autores e de
discursos históricos. Da autoria de Gary N. Curtis.
- Silva Rhetoricae (The Forest of Rhetoric), um precioso guia para a compreensão da
Retórica clássica preparado pelo Dr. Gideon Burton da Brigham Young University.
______________________________________________________________________
11. 12.2008
Sumário: 2 - Disposição.
- As Partes e as Funções do Discurso.
- O Diálogo.
- A Fundamentação do Argumento: Coerência, Exemplos e Autoridades.
- A Extensão das Partes.
3 - Elocução.
- As Virtudes do Discurso.
- A Clareza e a Vernaculidade.
- A Água Clara das Fontes Bibliográficas.
- A Disposição na Elocução.
- A Necessidade e o Ornato.
- Os Diferentes Tipos de Ornato.
- Da Forma ao Conteúdo: figuras que se baseiam nas características formais da palavra
ou da frase (similicadência, cláusula, aliteração, antanáclase, paranomásia, derivação,
anáfora, epífora, epanalepse, anadiplose, gradação, polisíndeto, assíndeto, inversão,
reticência, zeugma, quiasmo).
- Do Conteúdo à Forma: figuras que se baseiam nas características semânticas da
palavra, da frase ou do discurso (metáfora, metonímia, hipálage, sinédoque, perífrase,
metalepse, eufemismo, disfemismo, personificação, interrogação retórica, evidência,
antonomásia, hipérbole, litote, ironia, apóstrofe, antítese, oxímoro, antecipação,
preterição).
NOTAS:
1. A Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 127 a 182 do
livro Manual de Retórica & Direito, da Prof.ª Doutora Maria Luísa Malato e do Prof.
Doutor Paulo Ferreira da Cunha.
2. Para apoio ao estudo das figuras de retórica analisadas na aula de hoje, sugere-se,
além do manual de base e dos recursos abaixo já listados, as seguintes páginas, ricas em
exemplos:
- Glossário de Retórica, da Universidade de Kentucky;
- E-Dicionário de Termos Literários, coordenado por Carlos Ceia;
- Introducing Philosophy 21: Rethoric, por Paul Newall.
Chama-se a atenção dos alunos para as eventuais diferenças de classificação entre os
autores.
94
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Tarefas retóricas:
Invenção.
Disposição: tarefa que envolvia a organização das ideias, é uma parte com uma
proximidade muito grande com a que lhe antecede e com a que vem depois:
Invenção exposição
Quando prepara o texto propriamente dito já é disposição elocução.
Ordem natural: quando se segue o encadeamento cronológico de ideias mas há
também uma ordem artificial.
A repartição mais comum divide em 5 partes cada discurso. Porem o Professor Paulo
Ferreira da Cunha divide em 3 partes mais simples, introdução, desenvolvimento e
conclusão porque isso corresponde melhor às expectativas naturais de quem vai ouvir.
Numa primeira fase o orador tem que chamar a atenção do auditório e apresentar as
linhas principais da sua argumentação. Nesta fase é normal tentar captar a atenção do
publico, empatia com alguma historiazinha ou uma anedota.
No desenvolvimento tem que conter em si a narração, a confirmação e a digressão.
Na narração procura-se expor os factos, os lugares e os intervenientes.
Na confirmação adianta-se as provas dos factos (intrínsecas e extrínsecas)
Para este efeito quando o orador recolhe os argumentos deve assentar e 3 grandes tipos
de prova:
1º) Raciocínio lógico (prova intrínseca)
2º) Exemplo que rebatem o raciocínio lógico (prova extrínseca?
3º) Autoridades – lei, jurisprudência, os autores, as máximas – prova extrínseca
95
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Quanto à extensão das partes do discurso, o desenvolvimento terá por natureza se ser
maior que a introdução e a conclusão, mas não há nenhuma regra de ouro.
96
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
o Derivação: emprego de uma palavra no mesmo período son diferentes formas
gramáticas, com prefixos ou sufixos diferentes.
o Anáfora: repetição de uma parte de frase por exemplo nos versos seguintes para
enfatizar a quantidade ou qualidade da coisa repetida
o Epifora ou epistrofe (contrario da anáfora) a repetição é no fim.
o Eparalepse: repetiçao textual de uma parte da frase num lugar diferente da frase;
no mesmo período aparece o mesmo grupo de palavras no inicio e no fim
o Anadiclose: repetiçao do ultimo membro de uma frase no inicio da frase
seguinte
o Gradação: distribuição progressiva ascendente ou descendente, para criar um
clímax ou um anti-clímax
o Polissimico: emprego repetido e intencional de conjunções coordenativas que
ligam uma serie de palavras… cria a expectativa de uma lista que nunca vai
acabar
o Assindoto: falta de ligação entre palavras ou orações prescindindo da conjunção
(ao contrario da anterior)
o Inversão: alteração da ordem sintáctica ou morfológica – anástrofe e hipérbato.
o Reticencia: omissão de um ou mais sintaticos com o efeito de enfatizar
determinado pensamento, para criar um sentimento de cumplicidade com o
auditorio.
o Zeugma: omissão de um ou mais elementos da oração que já foram
anteriormente expressos.
o Quiasmo: posição entrecruzada de elementos correspondentes em grupos que
entre si se correspondem.
97
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Personificação: transporta elementos dos seres humanos para objectos
inanimados.
Interrogações retóricas com o objectivo de realçar a evidencia da resposta.
Evidência: descrição entusiástica de uma coisa ou acção que em regra está
ausente.
Antonomásia: substituição de um nome próprio por uma perífrase por um nome
comum ou o contrario.
Hipérbole: um exagero.
Litote: afirmar algo indirectamente por negação do contrario.
Ironia: vocabulário num sentido diverso do mais evidente – diz-se o contrario
daquilo que se pretende dizer.
Apóstrofe: interpelação do orador a alguém.
Antítese: utilização de dois conceitos contrários.
Óximoro: pretende resolver o paradoxo propondo uma síntese.
Antecipação: prever as refutações do adversário.
Preterição: renunciar voluntariamente á expressão de determinados argumentos.
98
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
12. 12.2008
Sumário: 4 - Memória
5 - Acção.
Início da preparação do discurso de defesa de uma personagem histórica ou ficcional, a
apresentar à turma na aula seguinte.
NOTA: A Bibliografia correspondente a esta aula abarca, grosso modo, as pp. 183 à
219 do livro Manual de Retórica & Direito, da Prof.ª Doutora Maria Luísa Malato e do
Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha.
Será que faz enquadrá-lo na retórica ou não? A fase da disposição saber se na fase da
acção o orador não precisa de as reproduzir de forma concatenada.
Há uma memória que nasce connosco e uma memória que tem que ser treinada.
Devem utilizar-se as técnicas de memorização.
É importante ter um esquema mental muito bom para conseguir estas mnemónicas.
Professora: aconselha a que não se leia um texto corrido quando se faz apresentações.
99
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
TPC: Como prometido, ficam aqui algumas sugestões para as primeiras frases do
exórdio dos vossos discursos, que só deverão usar em último recurso e na medida em
que se adequem ao personagem escolhido. Os excertos abaixo listados servirão também
para se aperceberem do estilo pretendido e para treinar o reconhecimento das figuras de
retórica utilizadas. No Manual, encontramos esta matéria nas páginas 195 a 233 e 287 a
308.
“Pessoas do século XXI: ouvi, se isso vos der prazer, a minha história, que nenhum
prazer me deu vivê-la. Os meus tempos e os meus pares me injustiçaram, porquanto…”
“Ó almas caridosas que assim se prestam, X anos/séculos depois, a emprestar os vossos
ouvidos e os vossos corações a estoutra alma perdida, que deixou este vale de lágrimas
sem nele encontrar justiça!“
“Eis que aqui me apresento, perante vós, com o ferrete da condenação gravado a ferro
e fogo na minha fronte, tão visível hoje como o era há X anos/séculos atrás; ousando
apenas esperar que o tempo haja suavizado o vosso julgamento, e que entre as
maravilhas destes novos tempos possa contar-se também uma capacidade renovada
para fazer justiça àqueles a quem a infâmia da História lha negou.”
“A História recorda-me como pecador. Pecador serei, que de entre as já fracas
dádivas com que me bafejou a sorte não se encontrava de facto a santidade. Mas não
devem também os pecadores ter uma oportunidade de defesa? Não merecerá mesmo o
maior dos criminosos enfrentar as acusações dos seus algozes e contrapor-lhes as suas
razões?“
“Tempos houve em que eu, jovem como vós, acreditava na Justiça. Os meus ideais eram
nobres e as minhas acções leais. E o que recebi por tanto empenho? Contra as minhas
palavras - pedras. Contra os meus desvelos - desvarios. Contra a minha alegria -
grilhões.”
“Jovens aprendizes de jurista: é a Justiça a vossa profissão, e Justiça foi o que eu não
pude colher na minha passagem por este mundo. Por ter ousado ____________, sofri a
intolerância e a perfídia dos meus contemporâneos, e acabei
“Que belo dia está! Foi num dia solarengo como este, há muitos anos atrás, que as
nuvens negras da injustiça ensombraram pela primeira vez a minha existência.”
100
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Regra moral base: “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”
Qual é o ponto intermédio entre moral e ética, ou seja, o ponto ideal onde estas duas se
cruzam? Onde termina um e começa o outro?
O Direito não deve contrariar a moral, deve haver um acordo em relação às questões
morais
Teoria pluralista (ambos devem coexistir) e teoria monista (o Direito separa-se da
Moral).
Até que ponto é exigível ao cidadão ir contra a sua moral? O Direito foca-se em
questões organizacionais. A moral pode ter essas questões implícitas em si de acordo
com essas regras organizacionais.
Até onde deve o Direito reflectir? O Direito é realmente confirmado por uma moral,
mas por uma moral mmaisinima, ou seja, o mínimo ético. O Direito não é de modo
nenhum ua moral armada, nem é política moral. É inconcebível um Direito imoral.
Assim, não há moral dominante mas à moral natural ou comum.
O Direito não deve obrigar ninguém a dar uma prenda de aniversário, por exemplo.
101
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
Virtude: dimensão objectiva de procura da Justiça.
Principais vícios:
Ambição: vício e virtude.
______________________________________________________________________
15. 12.2008
Sumário: 5 - Acção (continuação).
Apresentação dos discursos preparados pelos alunos.
Análise (do ponto de vista da Retórica) e declamação de um excerto do exórdio
do Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira.
Nota: Recomenda-se aos alunos que obtenham o sermão completo (a Porto Editora
disponibiliza-o gratuitamente aqui) e treinem, quer a declamação do mesmo, quer a
identificação das figuras de retórica ali utilizadas.
Próxima aula: Para a aula de quinta-feira, sugere-se aos alunos a leitura das páginas 15
a 190 do livro Filosofia Jurídica Prática, do Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha.
102
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
______________________________________________________________________
18. 12.2008
Sumário: A dimensão prática (por contraposição às dimensões metafísica e
metodológica) da filosofia jurídica: brevíssima exploração e debate em torno do
binómio Ética e Direito.
NOTA: A Bibliografia correspondente às questões debatidas nesta aula abarca, grosso
modo, as pp. 13 a 190 do livro Filosofia Jurídica Prática, do Prof. Doutor Paulo
Ferreira da Cunha.
Estrutura do EXAME:
Grupo I: perguntas directas;
Grupo II: perguntas de reflexão crítica acerca de execertos de textos, onde devemos
falar dos temas abordados nas aulas e dar a nossa opinião;
Grupo III: perguntas práticas sobre o tópico da Retórica e do Direito.
- Duração de 3horas:
- Não tem limite de linhas mas é nos dado uma estimativa do que a Professora
espera que façamos;
- Não é de consulta.
Nota: ver o blog do Professor Paulo Ferreira da Cunha, onde podemos encontrar
vários exames, e o blog da Dra Clara Calheiros.
Nota 2: a Professora aconselha a ler bem os sumários para ver o que nos é exigio e
treinarmos todos os exercícios aí indicados
103
Apontamentos de Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica
FDUP 2008/2009 1º Semestre
Bruno Lázaro
104