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Tempo da viagem e tempo na obra "Viagem As ruinas. ‘Ordem do tempo 2 Capitulo 4 - Meméria, histéria, present As ciises do regime moderno. Aaascenséo do presentismo. As fendas do present... Meméria € HISIONG......-sesseseseenne Histérias nacionais. ‘Comemorar... aon O momento dos ‘Licux de mémoire”. Capitulo 5 ~ Patriménio e presente... Historia: de uma nogGo. Os Antigos, Roma a A Revolugdo Francesa... Rumo a universalizacéo. CO tempo do meio ambiente Conclusio— A dupla divida ov o presentsmo do presente... O autor. 113 122 133 136 140 149 157 170 183 185 193 195 201 209 220 231 238 247 261 263 PREFACIO Presentismo pleno ou padrdo?! Publicada em 2003, esta obra falava de “crise” do tempo, mas evidencemente nio da crise em que estamos mergulhados desde 2008. Longe de mim a ideia de me atribuir uma capacidade profética (mesmo retrospectiva)! Mas, entre a crise, primeiramente financeira, {que se alastrou a partir dos Estados Unidos, e um mundo em que, reinando absoluto, o presente se impde como tinico horizonte, iio é dificil perceber algumas correlagdes. Que palavras ouvimos desde 2008? “Crise”, “recessio”, “depressio”, mas também “mu- tagio (profanda)” e até “mudanca de época”. “Nada mais seri como antes”, alguns proclamaram rapidamente. “Porém, as coisas retomario (subentendido, como antes!), proclamaram os outros (ou 0s mesmos) com igual vigor; percebem-se algumas recuperagdes, retomada esté proxima, jé se vé uma saida, no, a recessio ainda jo terminou ou esté recomecando, mais ameagadora ainda e, de todo modo, o desemprego deve (ainda) aumentar, e 0s tinicos pla- nos possiveis sfio os de demissdes coletivas”. Na Europa, culpam-se agora os déficits piblicos, a0 passo que a especulagio financeira "© thio original dese posi €“Pascotme plein os par dfn?” Se pin” &evidente— ple, "urdu no 0 & "pao" rv, aq, come adtive que &misito wad er inguagem da Inormitica (hy du) ou seems auncla de outro rope o presentimo fanconara como lo Ajadecennos 0s colegas Matheus Perera (UFO), Jose Oto Nogsers (U8), Fernando Niolaat (UERGS), Mateos Veneu (Cas Rui Habe) , principlmente, a Eliane Mivik (PUIG), que wager a Fula que apeesemtanos para telo do novo prefico © que ailcala yor rang Haro, bent come noe ans et vrs outa quetes 9 logo {Nowa do revo geal). Reon of NerOROMOK: EDEN IAEA 00 TS segue seu rumo (0 que haveria de mais presentista do que essa es- peculagio?). Ao imediatismo do tempo dos mercados no podem se ajustar nem o tempo da economia nem mesmo 0 tempo politico ou, antes, os tempos politicos. Aquele, imperioso, dos calendirios eleitorais; aquele, conhecido desde a noite dos tempos, que consiste em “ganhar tempo” (decidindo adiar a decisio); aquele, recém- -chegado, mas nio menos exigente, da comunicacio politica (que tem por unidade de célculo o tempo midistico), em virtude do qual os dirigentes politicos devem “salvar”, por exempla, 0 eure ou 0 sistema financeito ~ digamos, a cada dois meses ~ ou pelo menos proclamé-lo. E, mais profindamente ainda, as velhas democracias representativas descobrem que elas no sabem muito bem como ajustar os modos e os ritmos da tomada de decisio a esta tirania do instante, sem arriscar comprometer aquilo que, justamente, cons- tituiu as democracias. Encheram nossos ouvidos com o mau capitalismo financeiro (de visio curta), em oposicio ao bom capitalismo industrial dos administradores de outrora ou de pouco tempo atris. Contudo, desde que os historiadores se debrugaram sobre a histéria do ca- pitalismo, eles tém reconhecido sua plasticidade. Se h4 uma certa unidade do capitalismo, da Itélia do século XII até 0 Ocidente de hoje, cla deve ser creditada, em primeira instincia, 4 sua plastici- dade a toda prova, concluia Fernand Braudel: 3 sua capacidade de transformagio ¢ de adaptagio. Para ele, que distinguia economia de mercado e capitalismo, este vai sempre onde est 0 maior hucro: “Ele representa a zona do alto lucro”. Considerando a histéria do capitalismo desde a Idade Média, 0 historiador belga Henri Pirenne se espantara com a “regularidade realmente surpreendente das fases de liberdade econémica e das fases de regulamenta¢io”. Marc Bloch acrescentava, em uma conferéncia de 1937, que, desde a abolicio das dividas na Atenas de Sélon (no século VI a.C.), “o progresso ‘econémico consistia em uma sequéncia de bancarrotas". Sein quetce Wansformiat este picficio em uma exposigao sobre a crise atual, constatamos que, uma vez superada as pressas a crise financeira de 2008, reinou e reina por toda parte uma extrema dificuldade para enxergar além. Mais se reage do que se age. Presi = Psi revo cu nono? Razio do valor tranquilizador de uma formula como “a retomada” (retomar significa, de fato, repartir de onde se estava), diretamente ligada a nossa incapacidade coletiva de escapar ao que agora é usual chamar, na Franga, de “court-tenmisme”, ou seja, a busca do ganho imediato, que eu prefiro denominar “presentismo”. O presente ‘inico: o da tirania do instante ¢ da estagnagio de um presente perpétuo. © que o historiador pode propor? A “retomada” nao faz evidentemente parte de seus atributos. Todavia, ele pode convidar a um desprendimento do presente, gragas a pritica do olhar dis- tanciado, Isto é, a um distanciamento. O instrumento do regime de historicidade auxilia a criar distincia para, ao término da ope- racio, melhor ver o proximo. Este era, em todo caso, o projeto ¢ 0 desafio de minha proposta? ‘A hipétese (0 presentismo) ¢ © instramento (0 regime de historicidade) so solidarios, completam-se mutuamente. O re- gime de historicidade permite formular a hipdtese ¢ hipdtese leva a elaborar a nogio. Pelo menos de inicio, um no anda sem 0 outro. “Por que, perguntaram-me, preferir 0 termo regime a0 de forma (de historicidade)”? E por que “regime de historicidade” em vez de “regime de temporalidade”? Regime: a palavra remete a0 regime alimentar (regimen, em latim, diaita, em grego), a0 re- xgime politico (politeia), a0 regime dos ventos ¢ ao regime de um motor, Sio metiforas que evocam ‘reas bem diferentes, mas que compartilham, pelo menos, o fito de se organizarem em torno das nogdes de mais e de menos, de grau, de mescla, de composto & de equilibrio sempre provisorio ou instivel. Assim, um regime de historicidade é apenas uma maneira de engrenar passado, presente ¢ futuro ou de compor um misto das trés categoriais, justamente como se filava, na teoria politica grega, de constituigo mista (mis turando aristocracia, oligarquia e democracia, sendo dominante de fato um dos trés componentes) + Ver HARTOG, Panos Sar la notion de régime historic, Entreten avee F. Hang, Ie DILACROIX, Chistin; POSSE, Frangls GARCIA, Patick (Dir). Miao, Pari: La Décoverte, 2909, p 138151 ecu HCO: ESN SERENA 0 HO “Historicidade”, por qué? De Hegel a Ricoeur, passando por Dilthey e Heidegger, o termo remete a uma longa ¢ pesada histé- ria filos6fica. Pode-se enfatizar seja a presenga do homem pa mesmo enguanto histéria, seja sua finitude, seja sua abertura para © futuro (como ser-para-a-morte em Heidegger). Retenhamos aqui que 0 termo expressa a forma da condi¢io historica, a maneira como um individuo ou uma coletividade se instaura e se desenvolve no tempo. E legitimo, observario, falar de historicidade antes da formacio do conceito moderno de historia, entre 0 fim do século XVIII € 0 inicio do século XIX? Sim, se por “historicidade” se entender esta experiéncia primeira de estrangement, de distincia de si para si mesmo que, justamente, as categorias de passado, presente e futuro permitem apreender e dizer, ordenando-a e dando-lhe sentido, Assim, remontando bastante, até Homero, é a experiéncia que Ulisses faz diante do bardo dos feacios cantando suas faganhas: ele se encontra repentinamente confrontado com a incapacidade de unir 0 Ulisses glorioso que ele era (aquele que tomou Troia) 20 ndufrago que perdeu tudo, até seu nome, que ele é agora, Falta-lhe justamente a categoria de pasado, que permitiria reconhecer-se neste outro que é, no entanto, ele mesmo. E também, no inicio do século V, a experiéncia (diferente) relatada por Santo Agastinho, Langado em sua grande meditacio sobre o tempo, no livro XI das Confissdes, cle se encontra inicialmente incapaz de dizer, no um. tempo abstrato, mas esse tempo que é ele, sob esses trés modos: a meméria (presente do passado), a atengio (presente do presente) € a expectativa (presente do futuro). Podemos nos servir da nogio de regimes de historicidade antes ou independentemente da formulagi0 posterior do conceito modemo de histéria, tal como a delineou bem o historiador alemo Reinhart Koselleck. Falar de (regimes de) temporalidade em vez de historicidade teria © inconveniente de convocar 0 padrio de um tempo exterior, como em Fernand Braudel, cujas diferentes duragdes se medem todas em relagio a um tempo “exégeno”, o tempo matemitico, o da astro— nomia (que ele também chama de “tempo imperioso do mundo”). Definamos 0 que é € 0 que nio é 0 regime de historicidade. Ele nio é uma realidade dada. Nem diretamente observivel nem Prscn ~ Pesnu reno cu nto registrado nos almanaques dos contemporineos; é construido pelo historiador. Nio deve ser assimilado as instincias de outrora: um regime que venha suceder mecanicamente a outro, independen- temente de onde venha. Nao coincide com as épocas (no sentido de Bossuet ou de Condorcet) no se calca absolutamente nestas grandes entidades incertas ¢ vagas que sio as civilizagdes. Ble é um artefato que valida sua capacidade heuristica. Nogio, categoria formal, aproxima-se do tipo-ideal weberiano. Conforme domine a categoria do passado, do futuro ou do presente, a ordem do tempo resultante nao sera evidentemente a mesma. Por essa razao, certos comportamentos, certas agdes, certas formas de historiografia sio mais possiveis do que outras, mais harménicas ou defasadas do que outras, desatualizadas ou malogradas. Como categoria (em conteiido), que pode tomar mais inteligiveis as experiéncias do tempo, nada o confina apenas ao mundo curopeu ou ocidental. Ao contrério, sua vocagio é ser um instrumento comparatista: assim 0 6 por construgio. © uso que proponho do regime de historicidade pode ser tanto amplo, como restrito: macro ou micro-histérico. Ele pode ser um artefato para esclarecer a biografia de um personagem histérico (tal como Napoleio, que se encontrou entre o regime moderna, trazido pela Revolugio, e o regime antigo, simbolizado pela escolha do Império e pelo casamento com Maria-Luisa de Austria), ou a de um homem comum; com ele, pode-se atravessar uma grande obra (literéria ou outra), tal como as Mémoires d’outre-tombe de Chate- aubriand (onde ele se apresenta como o “nadador que mergulhou entre as duas margens do rio do tempo”); pode-se questionar a arquitetura de uma cidade, ontem e hoje, ou entio comparar as grandes escans6es da relagio com o tempo de diferentes sociedades, prOximas ou distantes. E, a cada vez, por meio da atengo muito particular dada aos momentos de crise do tempo ¢ As suas expressies, visa-se a produzir mais inteligibilidade. Resta dissipar, na medida do possivel, alguns mal entendidos; indir presentismo e presente. ismo no provém ipso facto de o se deve co em primeiro lugar, A proposta da hipétese do pres um inimigo ou de um denegridor do presente, Nao estamos nem no registro da nostalgia (de um regime melhor) nem naquele da deniincia. Tampouco no de uma mera aquiescéncia 4 ordem pre- sente do tempo. Falar de um presente onipresente nio dispensa, pelo contririo, de se interrogar sobre possiveis saidas do presen- tismo. Em um mundo dominado pelo presentismo, o historiador fem um lugar ao lado daqueles que Charles Péguy chamava de “sentinelas do presente”; mais do que nunca. A.construcio do neologismo “presentismo” deu-se, de inicio, em relagio & categoria de futurismo (0 faturo comandava). Pars mim, arriscar a denomina¢ao presentismo era primeiramente uma hip6tese. Nosso modo de articular passado, presente e futuro ndo tinha algo de especifico, agora, hoje, que faria com que nosso presente diferisse de outros presentes do passado? E minha resposta foi sim, parece-me que hi algo especifico. O que levou & pergunta seguinte, que eu ainda ndo formulava nestes termos no livro: esta- mos lidando com um presentismo pleno ou padrao? Sera somente um momento de pausa, de estase, seguido de um futuro mais ou menos “glorioso”, de tipo futurista — ja que as probabilidades de voltar a um regime de tipo “passadista” (no qual o passado co- manda) sio limitadas? -, ou esse presente onipresente (como se diz onivoro) no qual nos encontramos é um presentismo pleno? Em outras palavras, seri um modo inédito de experiéncia do tempo e © delincamenio de um novo regime de historicidade, sobretudo. para um mundo ocidental, que, durante dois séculos, caminhou ¢ fez 0s outros caminharem para o futuro? Ainda nio sabemos, Longe de ser uniforme e univoco, este presente presentista & vi- venciado de forma muito diferente conforme o lugar ocupado na sociedade. De um lado, um tempo dos fluxos, da aceleracio e uma mobilidade valorizada e valotizante; do outro, aquilo que Robert Castel chamou de précariat, isto é, a permanéncia do transitério, um presente em plena desaceleragio, sem passado — senio de um modo complicado (mais ainda para os imigrantes, os exilados, os deslocados), e sem futuro real tampouco (0 tempo do projeto nio * [Bitwiat na obra de Case, em osetico de wid peazato, Agraego 20 colegn Henrique Nard, do Insta de Picclogia da UPRGS, « ex-orentando do prfeoos Cael s ‘explicagio prec. (Noes da revs geal} 14 Prd = Pusan ni oy Hondo esti aberto para cles). O presentismo pode, assim, ser um hori vonte aberto ou fechado: aberto para cada vez mais accleracio mobilidade, fechado para uma sobrevivéncia didria e um presente estagnante, A isso, deve-se ainda acrescentar outra dimensio de osso presente: a do futuro percebido, nio mais como promessa, mas como ameaga; sob a forma de catistrofes, de um tempo de catistrofes que nés mesmos provocamos. Deste modo, a crise na qual estamos nos debatendo, hesitantes, demanda aprofindar a reflexio. Certamente 0 presentismo nie basta para dat conta dela (e nao pretende isso), mas talvez ele venha resaltar 0s riscos e as consequéncias de um presente onipresente, Onipotente, que se impée como tinico horizonte possivel e que valoriza 56 0 imediatismo. Longe de toda nostalgia ¢ das afirma- §0es peremptorias, minha ambi¢do ontem, assim como hoje, era dledicar-me, juntamente com outros e com algumas quest3es de historiador, a entender a conjuntura. Para passar, segundo a bela formula de Michel de Certeau, da “estranheza do que se passa hoje" 4 “discursividade da compreensio”, Enfim, aquele que quiser fazer uma experiéncia presentista basta abrir os olhos, percorrendo estas grandes cidades no mundo Para as quais 0 arquiteto holandés Rem Koolhaas prope o con- teito de “Cidade genérica”, associado a0 de Junkspace. Nelas, 0 Presentismo é rei, corroendo o espago e reduzindo o tempo, ou © expulsando, Liberada da servidio a0 centro, a cidade genérica nfo tem historia, mesmo que busque com afinco se dotar de um bairro-alibi, onde a hist6ria & resgatada como uma apresentacio, com trenzinhos ou.caleches. E se, apesar de tudo, ainda existit tum centro, ele deve ser, “na qualidade de lugar mais importante” simultaneamente “o mais novo e © mais antigo”, “o mais fixo e © mais dindmico”. Produto “do encontro da escada rolante e da reftigerasio, concebido em uma incubadora de placas de gesso”, 0 Junkspace ignora o envelhecimento: s6 conhece a autodestruigio a renovacao local, ou entdo uma precariedade habitacional ultrar- ripida. Us aeroportos se tornaram os baitros-modelo da Cidade genérica, seniio work sempre in progress de sua realizagio (“Pedimos esculpas pelos transtornos momentaneamente ocasionados...") ecu ¢ HeroncmA: sng F DomeNON TAO Bairros sempre em movimento, em transformagio, inventando INTRODUCAO percursos cada vez mais complicados para seus habitantes tem- pordrios. Os aeroportos sio os grandes produtores de junkspace sob a forma de bolhas de espacos em expansio ¢ transformaveis. E desse espago no poderiamos nos lembrar, pois “sua recusa em Ordens do temi po, se cristalizar Ihe garante uma amnésia instantinea”.4 Mas pode-se : de historicidad viver em uma cidade presentista? regimes de historicidade Setembro de 2011 Ninguém duvida de que haja uma ordem do tempo, mais precisamente, ordens que variaram de acordo com os lugares e as épocas. Ordens tio imperiosas, em todo caso, que nos submetemos a elas sem nem mesmo perceber: sem querer ou até nio querendo, sem saber ou sabendo, tanto elas siio naturais. Ordens com as quais entramos em choque, caso nos esforcemos para contradizé-las, As relagdes que uma sociedade estabelece com o tempo parecem ser, de fato, pouco discutiveis ou quase nada negocidveis. Na palavra ordem, compreende-se imediatamente a sucessio ¢ o comando: os tempos, no plural, querem ou nao querem; eles se vingam também, restabelecem uma ordem que foi perturbada, fazem as vezes de justiga, Ordem do tempo vern assim de imediato esclarecer uma express talvez de inicio um tanto enigmitica, regimes de historicidade. No inicio do século V a.C., o fildsofo grego Anaximandro jé empregava essa expresso, justamente para indicar que “as coisas que sio [...] se fazem justiga e reparam suas injustigas conforme a ordem do tempo”.* Para Herédoto, a histéria era, no fundo, o in- tervalo ~ contado em geragdes — que fazia passar de uma injustiga §i sua vinganga ow a sua reparagio. Investigando, de alguma forma, (0s momentos da vinganga divina, o historiador é aquele que, gragas seu saber, pode reunir e desvendar as duas extremidades da cadeia. *Anuximano, Fragment, 1.1, “Pos dande a geriio par o sees, & par onde também a upc ae ers segs © neces; pois conceem eles mesmo jai e deeréacia wns oa ordenagio do tempo” (SOUZA, Jo Cavalcante [Sel]. + KOOLHAAS, Rem. junopa meer elite par ub Pac: Pay, 2018, p49, 82,86, 95, ral pears Ponelonm).poiy

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