Vous êtes sur la page 1sur 14
est a Face de Las TINGUAS ELITERATORAS- Fora KE 2008 pp. 45-395 LINGUAGEM E NATUREZA NO PENSAMENTO DE JAKOB BOHME * Falar do pensamento da linguagem de Jekob Bohme (1575-1624) implica refleetit sobre um intrineado contexto de referéncias filoséfieas, que permitem enirever algo acerca dos modos de pensar a linguagem no periodo que medeia centre o renascimento e classicismo iluminista do século XVIII. Estas questOes remetem necessariamente para uma esteira de tradigOes anteriores que, a meu ver, cerecem de alguma dilucidagdo prévia, ainda que de modo sumirio. A exposigio {que se segue no tem um caricter especializado nem exaustivo sobre esta materia, {que se apresenta como um vasto campo de estudo, muitas vezes de dificil ow duvidosa documentagao, exigindo obviamente uma dedicagao mais aprofundada eum trabalho de pesquisa mais anurado do que © que subjaz a este ensaio. Visa-se unicamente propor & consideragdo do lcitor alguns passos de uma possivel investigaco, ainda ‘em curso e, por is80 mesmo, limitada a uma breve enumeragio de coordenadas, porventura até dispersas, que se consideraram historicamente pertinentes pars referencias o pensamenio de Bobme. [Neste contexto, parece-me indispensével comegar por identficar 0 pensamento de Heraclito de Etfeso (séc, V1 aC.) como um das alicerees mais consistentes da filosofia ocidental, nas suas ramificagdes pelas correntes ocultistas. Nao deve ignorar-se a importante influgncia exercida pela filosofia e pela religido do antigo Egipto nao sé na cultura grega pré-socritiea, mas igualmente nas posteriores tradigdes de raiz platénica. Esta tesenBo & desprovida de algumas dividas, incertezas equivocos mas deve ser, contudo, observada e analisada em aspectos que se afiguram praticamente irrefutiveis. Sdo notiveis as equivaléncias que se estabeleceram entre os principais deuses egipcios ¢ gregos (Amon-Zeus; Ptah- * Testo labora & pari da comuniagio apresctads pela autora no Envonto da APEAA [Abril 2002 realizado na Fue, Ler da Universidade de Coimbra FILOMENA AGUIAR DE VASCONCELOS Hefestos; Horus-Apoto; Thot-Hermes; Khonsu-Héracles; ete.) mas, fundamental- mente, deve atender-se 4 repercussio da mistica ocultista egipeia nos mistérios de Eleusis. J4 quase no periodo helenista, a fusio entre Diénisos e Osiris, bem como ‘entre Demétere isis era to assumida que os Ptolomeus chegaram a considerar.se filhos de Dignisos. Toda a doutrina ositiaca perpassa os mistérios gregos, transmitindo a concepeio egipcia de alma ¢ da vida para além da morte. Com feito, o pensamento egipcio envolve a complementaridade dos pélos mistico ¢ Imetafisico na concepeio do homem: este ¢ constituida por um corpo — keht - um espirito ~ka~e uma alma ba; ka éainteligéneia divina que anima todos os seres vivas ¢ ba € a personalidade espiritual, a vontade, a alma humana,' Nos mistérios ‘de Fleusis, por seu tutno, o hontem compde-se de um compo ou imagem — eidolon ~, de um espirito ~ nous ~e uma alma ~ psyche. Nous corresponde ao intelecto e psyche & vontade, Heractito opera uma importante transformagdo da metafisicaexipcia a0 adaptar- ‘he 0s moldes mais rigorosos e abstractos da flosofia grega. Para Heraclito, o mundo ‘io fora criado, mas existe desde sempre e exisird perpenuamente, pois a sua esséneia um etemo devir, um “fluxo' continuo. A célebre doutrina heraclitiana do “fluxo", Pela qual nio podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque as suas éguas esto ‘em constante fluiz, pode implicar, em extremo, a impossibilidade dese estabelecerem

Vous aimerez peut-être aussi