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opressão
Planos de Aula
SAO PAULO - SP
Universidade de São Paulo
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Discutir sobre o preconceito e suas raízes na cultura brasileira partindo da abolição no Brasil;
Aprender sobre o que o Código penal diz sobre racismo. Discutir o artigo 5º da Constituição
Brasileira.
Orientações ao professor
• Converse com os alunos que o disparador para a discussão do tema em pauta serão
alguns vídeos de uma campanha chamada: Onde você guarda o seu racismo, que
demonstra vários depoimentos sobre racismo.
• Levante com os alunos filmes, músicas e livros que conhecem que abordam o tema,
estimule que as fontes de pesquisa sejam utilizadas. Para tal, professor, tenha uma lista
para repertoriar os alunos. Seguem algumas sugestões.
Estimule os alunos a lerem as histórias sobre o tema, jornais e trocarem suas
impressões sobre os mesmos.
Caso seja possível, utilize os recursos de internet para enriquecer as pesquisas, troca de
e-mail para uma entrevista com algum pesquisador sobre discriminação racial, um
advogado que pode esclarecer dúvidas legais, etc.
É fundamental que o professor assista novamente cada um dos filmes elencados pelos
alunos para análise. Faça um registro de suas impressões e reflexões para se necessário
fortalecer o debate entre os alunos.
Seqüência didática:
A abolição: parte I
3. Faça uma seleção de filmes e peça para em casa o aluno assistir e relatar por escrito, como o
racismo e o preconceito se manifestam no filme. Como os alunos poderão escolher filmes
diferentes, isso pode estimular uns aos outros a também assistirem o filme relatado pelo colega.
Depois na sala de aula, peça para os alunos que assistiram aos mesmos filmes se reunirem e
debaterem no pequeno grupo, seus registros e relacionar com os termos estudados na pesquisa.
Os alunos devem posteriormente socializar a opinião do grupo e suas reflexões com a classe toda.
4. Peça para os alunos fazerem uma pesquisa de quantos empregados domésticos há nas novelas
e quantos destes são negros e produzam uma tabela e um gráfico; Debata sobre a situação do
negro no mercado de trabalho. Os alunos podem pesquisar artigos sobre o assunto na Internet e
socializar as descobertas.
6. Apresente o 5º Artigo da Constituição Brasileira e discuta seu significado para nossa sociedade.
http://www.culturabrasil.org/artigo5.htm
8. Tocar a música- Dias Melhores do grupo Jota Quest e conversar com os alunos sobre medidas
efetivas que eles podem adotar para combater o racismo na escola e na comunidade.
10. Divida a classe em grupos e peça que cada equipe prepare uma forma de denunciar o
preconceito, podem ser elaboração músicas ou paródias, representação de trechos de filmes, peça
teatral, uma poesia, etc.enfim um Festival contra o preconceito. Convide a comunidade e faça
uma ciclo de debates entre a comunidade escolar e do entorno.
Dica: Caso o professor queira pode publicar um blog sobre o tema no qual os alunos podem ser
responsáv eis por alimentar as informações.
Sugestão de filmes que abordam a t em ática estudada:
1. Homens de Honra
4. Quase Deuses
5. La Amistad
6. Crash no limite
8. Cronicamente inviável
9. Malcolm X
Músicas
É imprescindível que o professor assista ao filme antes de indicá-lo para verificar se ele
é apropriado para seus alunos.
Fazer uma pesquisa prévia sobre quantos alunos conheciam sobre: Os termos estudados; Os
artigos do Código Penal e da Constituição Brasileira Realizar um debate sobre o tema e perceber o
quanto os argumentos dos alunos apresentam conteúdos mais concisos.
Planos de Aula
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BELO HORIZONTE - MG -
ESC FUND DO C PEDAG DA UFMG -
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
• Exprimir, por meio de exemplo, o conceito de cultura como algo dinâmico e plural.
-Vídeos
-Aula dialogada
-Áudio
-Leitura de Texto
-Interpretação de texto
- Produção de texto
- Revistas, papel manilha, tesoura, cola...
Desenvolvimento
1º passo:
a) O professor prepara a turma para assistir o vídeo sobre a diversidade da cultura brasileira,
disponível nos recursos educacionais.
2º passo:
- O Sr.Antônio Grassi faz um comentário sobre a cultura brasileira: "A primeira impressão é que
nós não conhecemos o nosso país". O que ele quis dizer com este comentário?
-O jovem Calebe Pimentel ,de Porto de Galinhas, faz uma denuncia séria sobre os hábitos dos
brasileiros afirmando que passamos a maior parte do nosso tempo de lazer em frente à TV. Você
concorda com ele? Por que?
- O que, na sua opinião, Rubens Alves, escritor brasileiro, quis dizer quando afirmou "Isto aqui é
uma Arca de Noé".
b) O professor coloca no quadro as afirmativas abaixo, propondo que a turma faça uma análise
das mesmas, argumentando contra ou a favor.
3º passo
b) Como cada um de vocês completaria essa frase? Ouvir as ideias dos alunos e o professor faz
os comentários necessários que enriquecerão os conhecimentos da turma.
c) O professor prepara a turma para ouvir um o áudio, disponível nos recursos educacionais,
sobre a história do Boi Bumbá e das festas juninas.
d) Após ouvir o áudio, o professor reforça com a turma as informações, valorizando a participação
do branco, índio e do africano na construção da nossa identidade cultural.
e) A partir do áudio, identificar qual foi, na história do Boi Bumba, a influência do:
- Branco - ( no enredo)
- Negro - ( no ritmo)
- Índio - ( na dança)
4º passo:
5º passo
a) O professor distribui uma cópia do texto "A diversidade cultural no Brasil" e faz uma leitura
oral, procurando comentar, coletivamente, parte a parte do texto.
b) Após a leitura, o professor propõe a leitura das imagens que acompanham o texto.
O Brasil, por apresentar uma grande dimensão territorial, configura uma vasta diversidade
cultural no seu povo. Os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos
foram os primeiros responsáveis pela disseminação cultural no Brasil. Em seguida, os imigrantes
italianos, japoneses, alemães, árabes, entre outros, contribuíram para a diversidade cultural do
Brasil .
Aspectos como a culinária, danças, religião, são elementos que integram a cultura de um povo.
O Centro-oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas Cavalhadas e Procissão do Fogaréu,
no Estado de Goiás, o Cururu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária é de origem
indígena, e recebe forte influência da culinária mineira e paulista. Os pratos principais são:
galinhada com pequi e guariroba, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal
- como o Pintado, Pacu e Dourado.
As representações culturais no Norte do Brasil estão nas festas populares como o Círio de Nazaré,
Festival de Parintins a maior festa do boi-bumbá do país. A culinária apresenta uma grande
herança indígena, baseada na mandioca e em peixes. Pratos como otacacá, pirarucu de casaca,
pato no tucupi, picadinho de jacaré, mussarela de búfala. As frutas típicas são: cupuaçu, bacuri,
açaí, taperebá, graviola, buriti
No Sudeste, várias festas populares de cunho religioso são celebradas no interior da região. Festa
do Divino, festejos da Páscoa e dos santos padroeiros, com destaque para a peregrinação a
Aparecida (SP), congada, cavalhadas em Minas Gerais, bumba meu boi, carnaval, peão de
boiadeiro. A culinária é muito diversificada, os principais pratos são: queijo minas, pão de queijo,
feijão tropeiro, tutu de feijão, moqueca capixaba, feijoada, farofa, pirão, etc.
Churrasco Gaúcho
7º passo
a) Dividir a turma em grupos para que, a partir das informações do texto trabalhado no item
anterior, os alunos completem a tabela abaixo.
OBSERVAÇÃO: Como são inúmeras as contribuições de cada região, o grupo preencherá a tabela
com sugestões de sua preferência.
c ) A partir das discussões dessa aula, propor que o grupo crie uma propaganda sobre a
diversidade cultural brasileira, para ser colocada em uma revista especializada em turismo.
Recursos Educacionais
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/recursos/18074/prof_gente_brasileira_p05_folguedo
s_dancas_e_musicas_bumba-meu-boi_e_festa_de_sao_joao.mp3
Vídeo de Parintins
http://www.youtube.com/watch?v=8CXDhC8B5Q8&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=tSymFN8Yd5s
Recursos Complementares
http://video.google.com.br/videosearch?q=diversidade+cultural+do+brasil&hl=pt-
BR&emb=0&aq=f#q=diversidade+cultural+do+brasil&hl=pt-BR&emb=0&aq=f&start=40
http://video.google.com.br/videosearch?q=diversidade+cultural+no+brasil&hl=pt-
BR&emb=0&aq=f#q=diversidade+cultural+no+brasil&hl=pt-BR&emb=0&aq=f&start=30
Avaliação
A participação e aprendizagem dos alunos serão avaliadas durante o desenrolar das atividades
propostas.As idéias desenvolvidas durante as aulas serão avaliadas nas atitudes dos alunos nos
trabalhos de grupos, nas discussões e na participação das interações em sala de aula. A produção
da propaganda será um instrumento com o qual o professor poderá avaliar a aprendizagem dos
alunos
Planos de Aula
A professora usará um telefone de lata para chamar a atenção dos alunos para a comunicação
entre Luci personagem brasileira e Xhosa menino africano que mora na Namíbia . Após os alunos
perceberem que escutamos o que o outro diz no telefone de lata, a professora contará a história e
mostrará cartazes com as ilustrações do livro. A menina Luci atira um telefone de lata no telhado,
um tempo depois começa a se comunicar com Xhosa um menino africano que conta a ela como
vivem os africanos, seus hábitos,costumes, suas histórias... Luci passa então, a se interessar pelo
continente africano e começa juntamente com seus pais(Ilda e Luiz) a pesquisar sobre a sagrada
mãe África.
2) Produção textual: Os alunos produziram uma história coletiva para o menino Xhosa como é
viver no Brasil, o que as crianças gostam de brincar, o que fazem nas horas de folga, como
estudam nas escolas, o que aprendem, que animais temos aqui...
2.1) objetivos: Produzir um texto coletivo para comunicar-se com o menino africano;
Ler o texto para os colegas para que cada grupo compreenda o que contou e corrija
coletivamente as ideias;
3.1) objetivos:Compreender que as frases são cadeias linguísticas, compostas por sequencias de
palavras, através das quais transmitimos nosso pensamentos
4) Sistematização:
4.3) organização dos materiais:Cada grupo receberá fichas com um grupo de palavras;
4.4) desenvolvimento: Cada grupo receberá uma ficha com um conjunto de palavras e deverá
descobrir qual é a palavra intrometida:
mesa,velho,livro,cadeira
africano,ferro,sofá,porta maravilhoso
escova,caneta,porta,brasileira
óculos,africano,pente,escova
a)O que as palavras intrometidas de cada grupo africano, brasileira, velho e maravilhoso têm em
comum?
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Preconceito racial
Objetivo
Mostrar que existe um racismo velado no Brasil e que a imagem dos negros nos livros ainda é
inferiorizada perante o branco. Aumentar a auto-estima dos alunos afro-descendentes, despertar
a turma para a diversidade da raça humana e promover o respeito pelas diversas etnias.
Como chegar lá
Faça um levantamento dos heróis e heroínas conhecidos pelo grupo. Provavelmente os de cor
branca serão maioria. Em seguida apresente personagens negras de livros e filmes (como o
desenho animado Kiriku e a Feiticeira, disponível em fita VHS) e pessoas notórias que sejam
representadas de maneira positiva. Discuta os motivos dessa diferença, peça pesquisas em
jornais e revistas que comprovem a discriminação
Dica
Não chegue com discurso pronto sobre o racismo. Deixe os alunos concluírem que o preconceito e
a discriminação existem, sim, no Brasil e que precisam ser combatidos. Ao falar da cultura
africana e dos rituais, prepare-se para enfrentar o preconceito religioso
O povo negro é discriminado em todos os cantos do planeta onde os brancos são maioria. E a sua
sala de aula, professor, será território neutro? Por mais que você se preocupe em tratar todos da
mesma maneira, os negros continuam sendo discriminados. Quer ver como? Pense nos livros que
a turma lê. Eles mostram famílias negras de classe média, felizes e bem-sucedidas? Têm
príncipes, reis e rainhas que não sejam brancos? Você não acha isso um problema? Então
imagine o que significa ser despertado para o prazer da leitura sem ver sua raça representada de
forma positiva nas páginas dos livros.
"Lendas, contos da carochinha e mitologias ajudam as crianças a construir sua identidade. Num
processo de transferência, os pequenos se colocam no lugar dos heróis e vivenciam as sensações
dos personagens", explica Taicy de Ávila Figueiredo, pedagoga e professora de Educação Infantil
em Brasília. Sentimento de inferioridade e auto-rejeição são as conseqüências mais comuns na
auto-estima de quem não se reconhece nas histórias contadas na escola. "Todos querem ser
aceitos por seu grupo, pela sociedade. Muitos alunos passam a se enxergar como brancos",
explica Ana Célia Silva, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia
(UFBA).
Você deve estar se perguntando como fugir dessa questão, já que as histórias consagradas do
mundo de faz-de-conta são européias. A sugestão é entrar no universo de lendas e histórias da
África, do Oriente, dos índios... Veja como a professora Maria Cecília Pinto Silva, da Escola
Municipal de Educação Fundamental General Esperidião Rosas, em São Paulo, conseguiu plantar
uma semente contra o racismo em uma atividade interdisciplinar para as turmas da 4a série. O
projeto ganhou o prêmio Educar para a Igualdade Racial, do Centro de Estudo das Relações de
Trabalho e Desigualdades (Ceert).
Experiência prática
Diagnóstico/Objetivos
Após presenciar diversas atitudes racistas, a professora elaborou um projeto para despertar o
respeito às diferenças. Pediu à classe que desenhasse os heróis preferidos, já prevendo o
resultado. A maioria citou personagens brancas. Ela aproveitou os dados e ensinou, nas aulas de
Matemática, como elaborar gráficos. Veja o resultado: 94% de personagens brancas, 4% de
orientais e 2% de negras.
Problematização
Maria Cecília apresentou o herói Kiriku, do filme Kiriku e a Feiticeira. O desenho animado se passa
na África e todas as personagens são negras. A turma assistiu ao filme, reescreveu a história e a
sinopse e fez resenhas. Em seguida a professora pediu um exercício de comparação com os
contos de fadas tradicionais e o levantamento das características desse gênero literário. Para
começar, lançou a pergunta: por que não vemos personagens negras em outras histórias? Os
alunos conseguiram se lembrar de algumas, como o Negrinho do Pastoreio, o Zumbi e Tia
Nastácia. Qual a diferença entre eles e Kiriku? "Ele é um herói, professora", responderam. Bingo!
A próxima atividade foi de leitura de livros cujas personagens principais são negras, como Luana,
de Aroldo Macedo. Em seguida as crianças pesquisaram em jornais e revistas reportagens sobre
racismo, enquanto Maria Cecília mostrava fotos e histórias de grandes ícones brasileiros negros,
como o professor Milton Santos.
Desdobramentos
"Não quero desenhar nem ouvir falar em orixás", reclamaram alguns evangélicos na aula de
Ciências de Maria Cecília. O preconceito religioso é outro desafio a ser enfrentado na escola.
Algumas crianças não queriam participar dessa etapa do projeto. Durante essa difícil tarefa, o
aluno Kaled Abidu El Carim Abou Nassif, libanês e muçulmano, pediu espaço para contar a versão
da religião de Maomé para a criação do mundo. Como a cultura islâmica está em evidência, os
colegas estavam cheios de perguntas. Depois dos orixás, anjos e Alá, os alunos conheceram
histórias de Tupã e tiveram contato com as lendas indígenas. "Estão vendo? Não somos e não
precisamos ser todos iguais", disse a professora, explicando que conhecer é muito diferente de
convencer.
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Lutar contra o preconceito é uma decisão que precisa ser encampada pela coletividade, não é
uma responsabilidade só de quem é discriminado. "Se a construção da auto-imagem do jovem
em nosso país prevê que o negro se sinta submisso e o branco, superior, sempre haverá
problemas para a sociedade como um todo", analisa a consultora educacional Isabel Santos, do
Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades, o Ceert. Para combater essa triste
realidade, a instituição está promovendo o prêmio Educar para a Igualdade Racial, que valoriza
iniciativas criativas, desenvolvidas dentro da escola, com o objetivo de promover a pluralidade
cultural e acabar com o racismo (confira o regulamento no site www.ceert.org.br).
Pluralidade Cultural
Como chegar lá: Procure em sua disciplina elementos que propiciem o desenvolvimento de
atividades ligadas ao tema. Fique atento ao que acontece na sala de aula, na escola e na
comunidade e que se caracterize como estereótipo, discriminação ou preconceito. Identifique
outros elementos na mídia. Os dois caminhos facilitam a discussão em classe
Dica: Todos nós temos uma históriade vida, com características pessoais e crenças arraigadas.
Analise-se e verifique se suas posições têm por base a justiça e a ética. Não tenha medo de
trocar idéias com os colegas, pois o tema é delicado mesmo
Ações que valorizem as diferentes etnias e culturas devem, sim, fazer parte do dia-a-dia de todos
os colégios. Mas isso não é tudo. É preciso que os alunos aprendam a repudiar todo e qualquer
tipo de discriminação, seja ela baseada em diferenças de cultura, raça, classe social,
nacionalidade, idade ou preferência sexual, entre outras tantas. "A Pluralidade Cultural é uma
área do conhecimento", lembra Conceição Aparecida de Jesus, uma das autoras dos Parâmetros
Curriculares Nacionais de 5ª a 8ª série, que têm um capítulo inteiro dedicado ao tema. Pedagoga
e consultora, ela ensina a incluir o tema no planejamento. "Cultive o hábito de ouvir as pessoas e
desenvolva projetos pedagógicos com propostas que tenham por base questões presentes no
cotidiano das relações sociais." Quem adota essa prática com estudantes que sofrem com o
preconceito garante: a agitação da turma diminui, todos se aproximam do professor e os
mecanismos de ensino e aprendizagem são facilitados.
Nesta reportagem, você vai conhecer o que quatro escolas vêm fazendo para valorizar a
Pluralidade Cultural: na periferia de São Paulo, jovens de 5ª a 8ª série de dois colégios
localizados bem perto um do outro estão aprendendo a se conhecer melhor e descobrindo que o
preconceito faz parte da vida de todos; numa escola comunitária de Salvador, cujos alunos são
em sua maioria negros, a questão racial perpassa todo o currículo, da pré-escola à 4ª série; em
Campo Grande, uma instituição particular leva as crianças de Educação Infantil e da 1ª série a
conhecer a realidade de índios e estrangeiros, como os muitos paraguaios que moram na cidade.
Conhecer a si mesmo
Para estudar as facetas da discriminação racial na escola, a antropóloga Ana Maria de Niemeyer
tocou, de novembro 1997 a dezembro de 2001, um projeto de pesquisa que envolveu dez
educadores de duas escolas paulistanas, separadas por poucos quarteirões, em que negros e
mestiços são a maioria da clientela. Orientados por Ana, os professores aplicaram diversas
técnicas em sala de aula. Uma delas, oferecida como atividade extra-curricular, era a oficina de
vídeo. "Os jovens escreviam o roteiro e trabalhavam como atores, produtores e câmeras", conta
Maria José Santos Silva, coordenadora do trabalho. Um dos vídeos produzidos mostra a história
de um menino branco que não deixa o colega negro participar de uma partida de futebol. Exibida
para toda a comunidade, a fita serviu de mote para discussões.
No decorrer do projeto foram surgindo pistas sobre como o problema da discriminação era visto.
"É consenso, na comunidade, que o negro só é aceito por seu esforço individual, nunca por ação
do grupo", enfatiza Ana. Redações escritas por estudantes de 6ª série indicaram problemas com a
auto-imagem. "Um deles terminou uma história dizendo que o personagem, negro como o próprio
aluno, fez uma plástica para ficar branco."
Márcia Lucas leciona Língua Portuguesa na Escola Estadual Doutor Francisco Brasiliense Fusco,
que fica no pedaço mais pobre da rua, bem perto de uma favela. Disposta a provocar uma
reflexão sobre a condição de vida da garotada e melhorar a auto-estima ela propôs a produção de
auto-retratos. "No começo, eu só recebia desenhos com tons bens claros", recorda a professora.
Questionados, os meninos e meninas diziam que não gostavam da própria cor. "Eu os elogiava e
destacava a ação de personalidades negras no cenário mundial."
No ano passado, além do auto-retrato, ela pediu que os estudantes de 8a série escrevessem uma
auto-descrição, com características físicas e psicológicas. Os textos foram embaralhados e
redistribuídos. "Na dinâmica, cada jovem tinha de ler a redação em voz alta e descobrir a quem
ela se referia", explica Márcia. Nem sempre a aparência descrita era fiel à realidade. "Alguns
negros se definiam como morenos, o que rendia uma repreensão dos colegas." Márcia, que se
definiu como negra para a turma, mediava os debates. "Dias depois, ao refazer a tarefa, vários
alunos assumiram sua cor", comemora.
Na vizinha Escola Municipal de Ensino Fundamental Ministro Synésio Rocha, que fica mais longe
da favela e, por isso, é considerada melhor que a Francisco Brasiliense Fusco, o professor de
Geografia André Semensato ampliou o espectro original do projeto. "Depois de estudar com a
turma de 6ª série a formação do povo brasileiro, resolvi discutir outros tipos de segregação, além
da racial", relata. No ano seguinte, o livro 12 Faces do Preconceito, de Jaime Pinsky, serviu de
inspiração para o trabalho com a garotada, já na 7ª série. "Após observar a charge que abria
cada capítulo da publicação, eles pesquisaram, na biblioteca e na internet, os temas que mais
lhes interessavam", afirma Semensato, que fez tudo em dupla com a responsável pela sala de
informática, Ana Pens. "No final, a garotada transformou a pesquisa em um arquivo de
PowerPoint, para apresentar ao resto da escola", relata a professora. A discriminação contra
judeus, mulheres, idosos, jovens e homossexuais foi discutida em classe. "Todos passaram a se
policiar e a toda hora questionavam se determinada atitude era preconceituosa ou não", festeja
Semensato. "Foi importante eles perceberem que, apesar de ser vítimas de racismo, muitos
discriminavam os homossexuais", completa a coordenadora Maria José.
Os povos da cidade
Gente que nasceu na Escócia, na França, no Japão e no Paraguai foi até a sala de aula. Elina
Souza, assessora de Língua Portuguesa da Gappe, integra a grande colônia paraguaia na capital
sul-matogrossense. "Esse povo exerce enorme influência na nossa cultura", enfatiza Stael. Como
todos os outros visitantes, ela levou roupas e objetos típicos para mostrar às crianças, fotos de
locais turísticos e a receita de um prato, que foi preparado e saboreado e ensinou uma música e
uma dança.
Na 1ª série, a professora Adriana Godoy estabeleceu um paralelo entre a vida das crianças de
antigamente e de hoje e entre as que residem em Campo Grande e em outras localidades.
"Perguntei aos pequenos se os índios que moram aqui na cidade têm os mesmos costumes que
eles." A resposta devia vir na forma de desenhos que mostrassem as hipóteses da turma sobre
como é a casa, a alimentação, os brinquedos. A maioria acreditava que os índios viviam de tanga,
tomavam banho no rio e se alimentavam de peixes. O próximo passo foi ir até uma aldeia terena.
"Quando viram que eles vão à escola, onde têm acesso a computador, e gostam dos mesmos
desenhos animados e dos mesmos doces, meus aluninhos ficaram muito surpresos", lembra
Adriana.
Ela teve o cuidado de explicar que nem todos os índios são como esses terena, que deixaram a
zona rural em busca de trabalho na cidade. Os mais velhos permanecem no campo. Foi fácil
compreender a lição já que todos estão acostumadas a vê-los no mercado e na feira vendendo
produtos agrícolas e artesanato. De volta à sala de aula, hora de revisar as hipóteses iniciais e
chegar a novas conclusões. "Eles compreenderam as condições de vida daquele povo e, como
resultado, passaram a respeitar as diferenças", afirma Adriana. Para a consultora Conceição, a
experiência é positiva, pois "ajuda a diminuir o preconceito contra os índios, muitas vezes vistos
como preguiçosos."
Comunidade envolvida
O objetivo da Escola Comunitária Luiza Mahin, que oferece classes da pré-escola até a 4ª série
em Salvador, é levar as crianças a construir uma boa imagem de si mesmas e a resgatar a
influência da cultura africana na construção da identidade brasileira uma proposta pedagógica
condizente com a realidade da clientela, majoritariamente negra. "Alguns chegam aqui se dizendo
brancos, mas logo percebem que, na verdade, não o são", afirma a coordenadora pedagógica
Jamira Munir. Essa descoberta se dá, por exemplo, durante a produção da árvore genealógica de
cada aluno. "No início dessa tarefa, pergunto quem é negro e poucos alunos levantam a mão",
afirma Diva de Souza, professora da 4ª série.
Durante o trabalho, ela mostra que é preciso levar em consideração outras características além
da cor da pele. "Falo do cabelo crespo, dos lábios grossos e do nariz achatado e eles começam a
se enxergar como negros." Paralelamente à conscientização, Diva eleva a auto-estima da turma,
citando artistas, políticos e líderes comunitários afro-descendentes. "No final, quando pergunto
quem é negro quase todos erguem o braço."
A consultora Conceição garante que atividades como essas, cada vez mais comuns em escolas de
todo o país, logo estarão fazendo toda a diferença. "Os alunos vão passar a cobrar de todos os
professores uma posição firme contra os preconceitos e a favor do respeito às diferenças. Isso
ainda vai se transformar numa boa epidemia."