Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
ENQUADRAMENTO
O desmembrar desta Unidade Especial, com uma identidade e memória muito específica,
veio anular toda a coesão, entusiasmo e motivação muito próprias, de centenas de militares
que diariamente lutavam nas estradas de Portugal, contra um dos mais graves problemas de
segurança interna com que o país se depara, a sinistralidade rodoviária.
Com as alterações preconizadas através do documento legal supra citado, no que à vertente
da fiscalização, ordenamento e disciplina do trânsito diz respeito, nomeadamente com a
extinção da Brigada de Trânsito, podemos afirmar que o tão desejado melhoramento do
enquadramento orgânico e funcional está muito longe de vir a ser conseguido,
demonstrando a todos aqueles que defendiam que a Brigada de Trânsito, assim como a
Brigada Fiscal, eram unidades redundantes na estrutura de forças da Guarda Nacional
Republicana, estavam completamente enganados.
As alterações preconizadas foram de tal ordem que actualmente não existe um controlo
nacional sobre esta área, tanto mais que no Comando Operacional da GNR, toda esta
vertente passou a ser tratada com uma certa “ligeireza”, uma vez que esta matéria não é
trabalhada, nem ao nível de Direcção, nem de Divisão independente, encontrando-se
“dispersa” e a ser trabalhada juntamente com muitas outras matérias operacionais.
PROPOSTAS
As proposta que seguidamente apresentamos, mais do que tentar corrigir erros do passado,
mesmo que recentes, permitem encontrar, na nossa óptica, uma solução equilibrada para a
falta de coordenação e de comando unificado com que se depara actualmente a vertente da
segurança e fiscalização rodoviária.
Numa primeira análise, somos obrigados a perceber, que só é possível obter um controlo
total sobre toda esta área, se este controlo for efectuado por uma só força de segurança nas
vias estruturantes do país.
Foi nesse sentido que esta associação teve conhecimento que a Guarda, em sede de revisão
da LOGNR, apresentou à Tutela a seguinte propostas: “ Para garantir o cumprimento da
missão de segurança, controlo do tráfego e fiscalização rodoviária, de forma integrada,
permanente e geograficamente ininterrupta, nas infra-estruturas constitutivas dos eixos da
Rede Nacional Fundamental (RNF) e da Rede Nacional Complementar (RNC), incluindo
os respectivos acessos, tais vias são atribuídas à responsabilidade da GNR, em toda a sua
extensão.”
Contudo, tal proposta veio a merecer apenas acolhimento parcial na Portaria n.º 340-
A/2007, de 20 de Março, que estabeleceu, no seu parágrafo 5.º, que, “Para garantir o
cumprimento da missão de segurança, controlo do tráfego e fiscalização rodoviária, de
forma integrada, permanente e geograficamente ininterrupta, nas infra-estruturas
constitutivas dos eixos da rede nacional fundamental e da rede nacional complementar, tais
vias são atribuídas à responsabilidade da GNR, em toda a sua extensão, fora das áreas
metropolitanas de Lisboa e do Porto”, não ficando claro, face ao teor do n.º 6 da
referida Portaria, qual o critério de repartição de responsabilidades em matéria de trânsito,
nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Com a publicação da Portaria 778/2009 de 22 de Julho, estas áreas vieram a ser distribuídas
pela GNR e PSP, contudo, este diploma legal criou um grave problema no que respeita ao
cumprimento da missão de segurança, controlo do tráfego e fiscalização rodoviária, de
forma integrada, permanente e geograficamente ininterrupta, uma vez que veio quebrar a
continuidade dos policiamentos, nomeadamente nos itinerários que integram a Rede
Nacional de Auto-Estradas.
Importa, ainda, salientar que as auto-estradas vêm assumindo nos últimos anos um papel
cada vez mais importante no deslocamento de grupos de marginais e delinquentes,
possibilitando-lhes maiores raios de acção para a prática criminosa e constituindo rápidos
itinerários de fuga, factor que desaconselha, também, o fraccionamento de
responsabilidades naquelas vias, pela maior facilidade de accionamento e coordenação dos
meios de combate ao crime se estes estiverem a cargo de uma única Força de Segurança;
O balanceamento de meios, ao longo das auto-estradas, numa lógica nacional, para além
das vantagens enunciadas, permitirá, ainda, racionalizar o esforço, reduzir os encargos
associados à duplicação de meios e estruturas, evitar a sobreposição de acções de
fiscalização, pelas Forças, aumentar a eficácia da acção policial, acorrer às situações de
emergência com maior rapidez e accionar, através de um comando único, de forma mais
rápida e eficaz, as respostas às situações críticas ou de emergência, como, por exemplo,
implementar um plano de desvio do trânsito para itinerários alternativos, na sequência de
congestionamentos e/ou cortes de trânsito resultantes de acidentes ou catástrofes naturais.
1
Alteração à alínea b) do nº2 do art. 3º LOGNR (Atribuições), cuja redacção deverá passar a
ser a seguinte:
(…)
(…)
Inclui-se assim, à responsabilidade de uma só Força de Segurança, mesmo dentro das áreas
metropolitanas de Lisboa e do Porto, a Rede Nacional de Auto-Estradas, a qual, sem
qualquer lógica operacional, foi repartida através da Portaria 778/2009 de 22 de Julho, com
grave prejuízo para a fiscalização, controlo e coordenação da circulação rodoviária, e por
conseguinte, para o aumento da sinistralidade automóvel.
2
A segunda alteração que propomos é referente à estrutura interna do Comando
Operacional da GNR, que consta no nº1 do art. 3º do Decreto Regulamentar nº19/2008,
de 27 de Novembro, com ref. art. 32º LOGNR, incluindo neste uma Direcção de Trânsito,
como inicialmente veio a ser sustentado em Resolução de Conselho de Ministros
nº44/2007, de 19 de Março, onde foram fixadas as linhas de orientação da reforma da
Guarda Nacional Republicana.
(…)
A terceira alteração que urge efectuar é ao art. 42º da LOGNR (Unidade Nacional de
Trânsito), cuja redacção é bastante “infeliz” e muito limitativa para uma Unidade que se
queria operacional, de âmbito nacional e dotada da maior especificidade e valências
técnicas. A este propósito, veja-se o contemplado no nº 2 do supra referido art. 42º, onde
se refere que a UNT, “….pode realizar directa e excepcionalmente acções especiais de
fiscalização….”.
Esta alteração passa por alargar a estrutura orgânica desta unidade, dotando-a de
subunidades que lhes permitam uma coordenação e controlo nacional sobre o trânsito e
sinistralidade rodoviária.
Neste sentido, e tendo também em conta o referido em supra 1, deverá esta Unidade passar
a contemplar na sua estrutura orgânica, todos os postos de trânsito das auto-estradas, bem
como os demais destacamentos de trânsito, que pela sua especificidade, tenham
responsabilidades primárias de fiscalização e controlo das auto-estradas, como por
exemplos, o DT Carcavelos, DT Carregado e DT Porto.
Esta alteração permitirá, como já foi referido, um controlo nacional, sob um comando
único.
Neste artigo, importa ainda retirar a componente de formação inicial, a qual se deverá
manter na Escola da Guarda, a unidade de instrução por excelência.
Face ao exposto, a nova redacção que propomos para o artigo 42º da LOGNR, é a
seguinte:
4
A quarta alteração que propomos, no seguimento do referido no ponto anterior, prende-se
com a estrutura orgânica da UNT, a qual deverá incrementar a estrutura existente,
passando as suas subunidades a destacamentos de acção e conjunto, bem como abarcar os
destacamentos e os postos de trânsito das auto-estradas, acrescentando ainda, à semelhança
do que existia na extinta Brigada de Trânsito, um órgão de estudos e de planeamento, o
qual será a base de sustentação de toda a doutrina, análise e interpretação da actividade
rodoviária desenvolvida pela Guarda nesta matéria.
Face ao exposto, a nova redacção que propomos para o artigo 7º da Portaria 1450/2008 de
16 de Dezembro, é a seguinte:
Artigo 7.º
1
A exclusividade implica a alteração ao art.º 5.º do DL n.º 44/2005, de 23 de Fevereiro, que tange quais
as entidades competentes para a fiscalização do cumprimento das disposições do Código da Estrada e
legislação complementar, deverá tal alteração prever que nas auto-estradas a incumbência da fiscalização
seja exclusiva da UNT
Anexo IV
Dispositivo da UNT
2
È importante que através deste Centro, sejam aproveitados o know-how, os conhecimentos, a
experiência, as estatísticas e as análises de casos concretos, reunidos pelo efectivo da Guarda
especializado em trânsito, no sentido de se produzirem estudos, estratégias e recomendações que
contribuam para a melhor compreensão do fenómeno e para a redução da sinistralidade automóvel.
3
Esta atribuição, além de ser norteada pelos princípios que presidiram à reestruturação orgânica e
territorial das Forças de Segurança (“fazer mais e melhor com menos”), vem ultrapassar inúmeras
dificuldades de articulação que têm vindo a ocorrer entre a Guarda e a PSP, em matéria de fiscalização,
ordenamento e disciplina da circulação rodoviária.
CONCLUSÃO
Defende que neste momento, a ampliação da estrutura orgânica da UNT, é solução que
melhor interpreta “o conceito de segurança e circulação rodoviária enquanto realidade
global e materialmente distinta, garantindo, na íntegra, o cumprimento da missão de
segurança, controlo do tráfego e fiscalização rodoviária, de forma integrada, permanente e
geograficamente ininterrupta”, sob um Comando Único.
Por último uma breve referência a avaliação técnico profissional, os militares da UNT,
devem ser sujeitos a avaliação técnico-profissional anual a definir por despacho do General
Comandante.
O Presidente da Direcção
José O’Neill