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Bela Feldman-Bianco (Org) eee J CONTEMPOR? # Jel / Jeremy Esta antologia fol organizada com o objetivo de vestigasées sobre problemas pertinentes as socieda: des contempordneas, Embora soja dirigida a estu- diosos e estudantes de diversas disciplinas, a sua ’ publicagdo visa também contribuir para reflexdes metodolégicas no émbito da antropologia brasileira. global Universitaria A636 Bela Feldman-Bianco (Org) romupeu com a Igreje. A fé crist do regente envolve-s em dificuldades ‘ccm a maioria dos sous siditos, que so pagfos. Ele vem tentando escapar dessas dificuldades 30 fundar e dirjgit uma Igreja Nacional Zolu — uma clivagem nova produzida pela clivagem dominante, ape- sar de nfo reconhecer que estd fazendo isto, de acordo com os movi: mentos fundamentais. 34 Discuti isso em African Political Systems, op. cit. p. 50. © Study of CultureContact, op. % Vide meu artigo em African Political Systems e 05 capitulos inicisis deste enssio. Infelizmente néio posso dar nenhume estatistica 97 Vide acima, pp. 46, 48. %8 Wiicheraft, Magic and Oracles among the Azande, op. cit, Vide acima também pp. 47-48 % Vide meu artigo em Ajrican Political Systems, op. elt. A ANALISE SITUACIONAL E 0 METODO DE ESTUDO DE CASO DETALHADO * 1. Van Velsen © trabatho de campo etnogréfico € orientado, mas nao ne- cessariamente determinado, pela visio teérica do antropdlogo. Como regta, 0 leitor de monografias etnogréficas nunca pode ter certeza sobre que tipo de material foi realmente coletado e tegis- trado pelo antropélogo em-seus didrios de campo, Entretanto, as evidéncias existentes indicam que antropSlogos com formagso te6rica contrastante coletam diferentes tipos de material e usam Imétodos variados para coletélo. Isto se aplica particularmente f trés escolas sucessivas da antropologia inglesa, com as quais me preocuparei aqui, que rotwlei de “préestruturalista”, “estru- turalista” © “pdsestruturalista”. Neste ensaio eu me restringitei a0 método que Gluckman denominou de extended-case method (@ método de estudo de caso detalhado), mas que prefiro chamar, por razées vévias, de “anélise situacional” (Van Velsen, 1964: xxv), Isto se refere a coleta efetuada pelo etnégtafo de um tipo especial de informagdes detathadas. Mas isto também implica ‘© modo especifico em que esta informagio € usada na andlise, sobretudo a tentativa de incorporar conflito como sendo “‘nor- mal” om lugar de parte “anormal” do processo social. + Do original em inglés: “The Extended-Case Method and Situational Ana lysis” in The Craft of Social Anthropology, (ed.) A.A. Epstein (Londres: Tavistock Publications Limited, 1967), pp. 12152. ‘Tredugdo de Trith G. Freudenhein. 345 A escola estruturalista Os ant préestruturalistas interessavamn-se por cos- tures om sh Contes que ocorriam em éreas e periodos dife- rentes eram justapostos © comparados, sem se levar suficiente- mente em considerago 0 contexto social mais amplo de cada instituigio especitica. Nesta busca de material para investigagao, estudiosos percorreram 0 globo através dos tempos, demonstrando diminuta preocupagio com a questo da delimitagio cronolégica espacial, Nesta procura, muitas vezes recorriam a yiajantes, missiondtios, administradores, etc. A coleta de material no se- queria necessariamente a observagéio pessoal do antropélogo. Sir James Frazer representa um exemplo sugestivo desta escola, pois Daseava-se essencialmente em uma correspondéncia volumosa que mantinha com administradores de vérias partes do mundo aa ‘busca de material para seus livros. Existem, no entanto, vérios outros casos mais recentes desta wanderlust antropolégica. Orientagdes ¢ técnicas Houve uma modificagio radical deste mStodo quando os an- ‘tropélogos profissionais comecaram a coletar seus dados através de pesquisa de campo; para eles, & viséo te6rica da coleta do material etnogréfice correspondia simultaneamente a observacdo do comportamento humano em grupos. Sem querer menosprezar © impacto que tiveram em sua época homens como Rivers, Haddon ¢ Seligman, poderia-se dater o desenvolvimento da antropotogia inglesa moderna a partir de Malinowski e Ra¢cliffe-Brown. Ambos publicaram suas primeiras obras significativas em 1922. Enquanto Malinowski punha em prética noves técnieas de pesquisa de campo ¢ de anélise funcional, Radcliffe-Brown tornava-se 0 teé- rico do que muitas vezes € denominado de escola “estruturaliste” Neste tipo de enélise estrutural, a énfase era dada & morfologia social. VariagSes individuais eram negligenciadas em favor de segularidade estruturaj. Os comportamentos ¢ relacionamentos in- terpessoais observados eram abstraidos & forma de relagées estru- turais entre grupos; em seguida, estas relagSes estruturais eram M6 novamente abstrafdas em forma de diferentes sistemas: econdmi- cos, politicos, grupais, etc. Ainda que se admitisse que estes sis- temas fossem interligados, o problema de como lidar com esta interligago numa estrutura analitica nfo foi satisfatoriamente olucionado. Fortes, por exemplo, a0 afirmar em The Dynamics of Clanship among the Tallensi que a afilis¢do em congregagées Tituais se sobrepde parcialmente a afiliagdo em grupos de descen- déncia unilineal, conclui que esta sobreposigdo contribui para a coesio social. Fle ainda afirma que a teia de lagos de parentesco ‘extralinear criada pelo casamento teria o mesmo efeito. Nao des- reve, porém, os processos sociais através dos quais esta cocsio € realmente alcancada, Entretanto, Sommerfelt (1958), a0 analisar alguns casos que Fortes usou para ilustrat os prineipios estrutu- rais, ¢ a0 colocélos novamente em seu contexto situacional, de- monstrou que essas relagdes sobreposias no contribuem neces- sariamente pata a coeséo, nem fotmam uma bese para unta alianga: podem significar nada mais do que neutralidade num conflito arinado. ‘A medida que a pesquisa de campo tomnov-se aceita como método de coleta de material antropoligico, a énfase, que antes se concentrava no estudo das sociedades como um todo, foi gra- dualmente deslocada para comunidades espectticas ou segmentos de sociedades. Desta maneira os antropélogos, particularmente equeles que trabalhavam a partir de um enfoque estruturalista, comegaram a se tornar mais conscientes sobre a nevessidade de delimitac&o, Os limites de suas pesquisas eram geralmente os de uma tibo inteira num momento em especial. Este momento era conetituldo normalmente pelo presente, isto é, pelo presente do etnégrafo. Porém, na realidade, as investigagées tinham, muitas vvezes, como ponto de referéncia o passado, devido ao desejo de se descobrit uma tradiggo mais pura (por exemplo, nao adulterada por contatos europeus). Daf o termo “presente etnogréfico”. Infe- Tizmente esta mistura de material relativa ao pastado e a0 pre- sente néo é sempre adequadamente controlada, desembocando maui- tas vezes numa combinagao feita a0 acaso de informagoes vindas de diferentes periodos e conseqiientemente de diferentes condi- ‘bes sociais, politicas e econdmicas. A “perspectiva estruturalista de referéncia” fornece para For tes (1955:39) 37 LS © procedimento para a investigagso ¢ andlise atrayés do. qual Sister socal pode ser pereebido como uma unidade feta or partes ¢ proveros, que estio vinculedos uns aos outros or tm ntimero limitado de prinipios de ampla validade em Sociedadce homogénese ¢ relativencate estévets. Este trecho resume os aspectos mais marcantes do enfoque estrutural, As andlises estruturais esto principalmente intereasa- das nas relagGes entre posigdes sociais ou de status ¢ néo nas relagoes resis de Tom, Dick e Harry, ou no comportamento de Jack ¢ Jill (RadcliffeBrown, 1952: 192), Existe claramente uma preferéncis por abstragGes em contraposigao as situagies espect- Ficas nas quais estas abstragGes necessariamente esto baseadas. De fato, Redcliffe Brown rejeita enfaticamente os detalhes espe- cfficos (que ele aparentemente equipara 20 singular} do compor- . tamento de Jack e Jill por serem inadequedos para uma “avaliago da forma da estrutura [...] embora possam ser documentados ‘em nossos apontamentos de campo, bem como fomecer ilustragbes para uma descricio geral” (loc. cit). Absixo discutirei os outros dois aspectos de homogeneidade ¢ estabilidade. Por ora, € impor- tante salicntar que as cies dos individuos ficam submersas em principios gerais que tanto podem ser as abstragées do antropé- logé* quanto as afirmagGes dos informantes que obviamente po- dem também constituir abstracées. Este tipo de andlise néo faz concess6es para o fato de individuos defrontarense muitas vezes diante de ama escotha entre padres alternatives. Assim, Evans- Pritchard escreve: és devemos frisar que 9 contradiggo que mencionamos ‘eat no plano abstrato das relagées esteuturals [...] No ee deve super que © comportamento seja contraditério. [...] ‘As vezes podem surgit valores conflitantes na conscigncia do individuo, mas nés devemos nos referir & tensio extrutural (1940:265:266). Portanto a perspectiva estruturalista ¢ que cada individuo fein um status defipide no sistema de parentesco, bem como direi- tos ¢ deveres também claramente definidos em relagio aos seus parentes. Mas particularmente em sociedades tribais de pequena escala, as chances so que intmeras pessoas, ou até mesmo todas 348 1s pessoas, possam reivindicar varias maneiras de se relacionarem genealogicamente com qualquer outra pessoa de uma mesma érea que seja relativamente pequena — por excmplo vilatejos, vi: nhangas, etc. — onde as relagées sociais so muito intensas. Pro- vavelmente, verificaremos que um individuo pode fazer uma es colha com referencia & relagdo especifica de parentesco que deseja utilizar, de acotdo com os seus objetives em ums situscao espe- cifica. Além do mais, contrariamente ao que com freqiiéncis se afirma, ou se infere, em um sistema de parentesco classificatério, © comportamento nfo ¢ determinedo unicamente pelo parentesco. Os individuos defrontam-se, muitas vezes, com escolhas ou até conflitos, no somente dentro do sistema de parentesco (por exem- plo, um grupo de relagées parentais contra outro) como também, por exemplo, entre relages de parentesco e relagtes baseadas em agruipamentos residenciais, Em qualquer sociedade o individuo teré por vezes que optar entre varias normas contraditérias entre si. Assim, a5 normas tele tivas a0 status de um homem como fitho, marido, pai, primelro tministto ou chefe, dificilmente serao compativeis entre si em todos 8 sentidos, Embora etnografias baseadas em uma perspectiva e3- ‘trutural possam mencionar ou sugerir estas contradigées inerentes, tais contradigdes nao so analisadas no mesmo plano que, ou ‘com referéncia a outros dados observados, Ao contrétio, a énfase € dada & uniformidade dos dados, possivelmente entremcada por ‘excegées. Porém, em todas as sociedades existem incongruéncias € contradigdes entre os vérios conjuntos de normas nos diferentes campos de aco. Um problema que os membros de qualquer s0- siedade deve resolver € 0 de viver com estas incougruenclas através da maniputagdo de normas, de forma que as pessoas pos- sam continuar a viver juntas numa ordem social. Por esta ra- 240, isto:constitui um problema que também merece ser estudado pelo antropdlogo. Neste sentido, Turner nos conta como sfo irre concilidveis, entre 0s Ndembu, 08 dois princfpios dominantes que influenciam a moradia nas aldeias, ou seja, a descendéncia materna © os casamentos virilocais. Em conseqiiéncia, os casamentos sfo instiveis ¢ a fissd0 entre as aldeias ¢ freqiente, existindo, além is, um alto indice de mobilidade de aldeias 2 individuos, A idade da estrutura social secular €, porém, contrabalancada 349 ritual # cargo de sssocingées de culto que atusm em diferen- tes aldefas, vizinhangas € até ccoam nas chefias adjacentes de ‘arigem Lunda [...} [0 que preserva assim) os valores comuns dda sociedade Ndembu constantemente na frente dos olhos dos inveterados individualistas que a compbem (1957:xxi). ‘Tumer também verificou que pessoas que, no contexto das relagdes internas da aldeia, “parecem ser excecoes A regra que Pres- ‘ereve que [quando uma aldeia se divide] itmiios uterinos partem juntos”, desempenham uma fungio essencial no sistema social mais, amplo das relagdes entre as aldeias, no sentido de prevenir “a alienago total dos grupos inicialmente fragmentados pela ira”. Neste contexto conclui que “essas aparentes excegdes as regulari- dades estatisticas obtidas das informagGes genealdgicas sobre a fissdo da aldeia provaram ser elas mesmas regularidades num sis- tema de relagées sociais mais amplo" (1957:232). Este tipo de anélise distingue-se dos modelos estruturais clés- pelo tipo de material coletado durante a pesquisa de campo ¢ pelo uso diferenciado desse material, decorrente da propria dife- renga existente em seu enfoque tedrico. Os trabathos de Evans- Pritchard, Fortes, Firth — para mencionar somente alguns ex- poentes do método estrutural — estio claramente bascados num grande ndmero e numa vatiedsde de fatos observados © ages re- gistradas, assim como, presumivelmente, em declaragies de infor- mantes sobre normas ideais de comportamento. Entretanto, estes autores aparentemente observaram ¢ registraram a5 ages © rela- Ges interpessoais a partir da perspectiva dos principios estrutu- rais a serem posteriormente abstraidos dessas informagSes. De qualquer forma, seus trabalhos no contém material que corre- Jacione estudos de casos ilustrando processos sociais. Os eventuais registros acerca do comportamentd’ real das pessoas utilizados nas suas andlises 0, na maioria das vezes, meramente empregados para ilustrar certos aspectos dos modelos abstraidos de material de casos néo publicado, Jé notei que Radeliffe-Brown julgava que as agdes de individuos no deveriam constar de uma monogratia. No entanto, evidenciamos claramente nestes relat6rios etnogrificos a existincia de varigoSes das regularidedes abstraidas © que os autores estavam constientes dessas variagdes. Para citar Radoliffe- Brown novamente: “a forma geral ou normal desta relagSo [estru tura] existente [entre o irmdo da mie e o filho da irma] abstraf- 350 da das variagdes de casos especificos, ainda que levando em con sideragdo estas variagdes” (op, cit.). Mas ele nio esclarece como incorporar essas variagGes ¢ se estas podem ser incorporadas &s normas gerais. EvansPritchard escreve de maneira semelhante: “As redlidades politicas sio confuses e conflitantes [...J nem sempre esto de acordo com os valores politicos” (1940: 138). Infelizmente estes autores ndo indicam a forma em que decidem que os seus modelos representam as regras gerais e que as “varie ges" ou es “reatidedes confusas ¢ conflitantes” so meramente excegdes que tao entram no esquema de suas andlises. O leitor tende a questionar: quito “niio gerais” sfio estas vatiagdes? etc. Se tomarmos os Lakeside Tonga como exemplo verificaremos que tum modelo estrurural nos apresentaria a matrilocalidade © 2 des- cendéncia matrilinear tanto como padrio de residéncia na aldeia quanto como modo de descendéncia, e que trataria como excegio 108 casos de pessoas que nao vivem matrilocalmente ou que ndo se sucedem nos cargos e fungdcs matrilinearmente. Certamente, ‘0s Tonga também salientam que o principio matrilinear e a tesi

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