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Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 8/12/2009 (20:33) - Página 2- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Enxerto

B2 | Valor | Terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Empresas | Tecnologia&Comunicações
Cinema Safra de títulos populares leva mais de 15 milhões de espectadores às salas de exibição, o dobro de 2008

Filmes nacionais atraem mais público


Gustavo Brigatto Luz, Câmera, Ação de distribuição para América Lati-
De São Paulo Cinema nacional ainda engatinha na conquista do público na da Paramount.
O filme “À Deriva” exemplifica a o
Foi necessária alguma insistên- Total de filmes Filmes nacionais Público total Público de filmes Bilhteria total Bilheteria de filmes comportamento imprevisível do
cia para que Andrea Barata, sócia estreados estreados nacionais - Em milhões Em R$ milhões nacionais - Em R$ milhões público, diz Andrea Barata, da O2.
da produtora O2, conseguisse um Lançado este ano, o drama tinha
248 49 84,4 15,5 737 125,5
ingresso para assistir ao filme chamarizes como o francês Vincent
“Domésticas”, pouco depois de Cassel e o brasileiro Cauã Reymond
seu lançamento, em 2001. “É fil- no elenco. A expectativa era de uma
me nacional”, disse a atendente bilheteria de 200 mil pessoas. “[O fil-
do cinema na ocasião. “Tudo me] tinha todos os elementos para
bem”, respondeu Andrea. “Não 239 40 73,2 7,3 595 dar certo, mas não chegou nem a
58,9
devolvemos o dinheiro se você 2008** 2009*** 2008** 2009*** 2008** 2009*** 2008** 2009*** 2008** 2009*** 2008** 2009***
100 mil”, afirma a executiva. A pro-
não gostar”, prosseguiu a moça da dutora tem lançado de um a dois fil-
bilheteria. Andrea comprou seu mes por ano. Segundo Andrea, a
ingresso e seguiu em frente, mas As dez maiores bilheterias de filmes nacionais* prioridade é privilegiar os projetos
muita gente na fila pode ter sido desenvolvidos internamente, mas as
convencida do contrário. propostas de coprodução têm apa-
O episódio mostra como uma recido constantemente. “Quase to-
certa rejeição ao cinema brasileiro do dia recebemos alguma”, diz.
manteve o espectador afastado Essa demanda tem sido fortale-
das produções nacionais durante cida pela atuação dos estúdios es-
muito tempo, sob a acusação de trangeiros, cujo interesse em in-
que os filmes eram pornográficos vestir no país está aumentando,
e mal acabados ou experimentais principalmente por causa da crise
demais para o público. internacional. “Eles estão vendo
A julgar pelo desempenho que as que a indústria no Brasil está or-
produções nacionais registram este ganizada e que pode haver algum
ano, porém, essa visão está ficando retorno”, afirma Andrea.
definitivamente para trás. Segundo Peregrino, da Paramount, con-
dados da Agência Nacional do Cine- firma o interesse no Brasil, mas diz
ma (Ancine) antecipados ao Valor, a que o país ainda tem muitas bar-
bilheteria dos filmes nacionais acu- reiras, o que está levando o estúdio
mulava até a segunda semana de no- a apostar mais fortemente em pro-
vembro R$ 127 milhões, ou 15,82% Se eu Fosse Você 2 A Mulher Invisível Os Normais 2 Divã duções no México. “O custo no Bra-
do total do mercado. É quase o do-
bro do volume de 2008 e um desem-
6,097 2,325 2,146 1,847 sil é cerca de 40% mais alto e a bu-
rocracia é maior”, diz.
penho muito próximo ao de 2003, o Para Carlos Eduardo Rodrigues,
melhor ano do cinema nacional em dos15,5 milhões de ingressos vendidos para filmes nacionais diretor executivo da Globo Filmes,
sua fase de retomada — o período em 2009*, 12,4 milhões foram para quatro produções
companhia que participa de suces-
inaugurado em 1993 com a edição 0,655 sos como “Normais 2” e “Se Eu Fos-
da Lei do Audiovisual. Naquele ano, se Você 2”, o cinema brasileiro está
filmes como “Carandiru” e “Lisbela e mais organizado em termos técni-
o Prisioneiro” fizeram as bilheterias 0,291 0,270
cos e de distribuição, mas ainda
somarem R$ 135 milhões. falta melhorar o conteúdo. “O ci-
0,136 0,130
Dos 84,4 milhões de ingressos 0,100 nema nacional continua segmen-
vendidos no país até 2 de novem- tado, feito para a própria indústria
bro deste ano, 15,5 milhões, ou O Menino da Porteira Salve Geral Jean Charles O Contador de Histórias O Besouro Verônica e não para o espectador”, avalia
18% do total, foram para filmes na- Rodrigues. “Temos alguns bons ro-
cionais, segundo a Nielsen EDI. O Desempenho do cinema nacional teiristas de cinema, mas essa área
aumento em relação ao ano passa- Nº de lançamentos Receita (em milhões de R$)
precisa ser desenvolvida.”
do foi de mais de 100%. A busca por histórias bem con-
90 150 135,329
Vários fatores são apontados pe- 80 78 79 78 127,211* tadas, com apelo para um público
72
los profissionais do setor como os 70 120 mais amplo, tem sido uma das di-
responsáveis por aproximar o pú- 60 retrizes da Total Filmes. “Se Eu Fos-
49 45
90
blico das produções nacionais. É o 50 se Você 2”, coproduzido pela com-
40
caso da melhoria na qualidade téc- 30 28 30 29 30 60 71,560 65,321 panhia, teve um custo de produ-
21 23 23
nica dos filmes, a organização da 20 18 ção de R$ 5 milhões e rendeu R$ 50
14 30 14,681 40,475
cadeia de produção e um calendá- 10 milhões em bilheteria, diz o pro-
18,616
rio de lançamentos mais ajustado. 0
1995 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09****
0
1995 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09****
dutor Marcos Didonet. Na trama
Todos concordam, no entanto, que Fonte: Nielsen EDI e Ancine *até 2 de novembro **de 4 de janeiro a 30 de outubro ***de 2 de janeiro a 29 de outubro **** de 2 de janeiro a 12 de novembro
estavam retratadas relações fami-
a principal razão não é nenhuma liares, questões sexuais e outros te-
novidade no setor: uma safra de fil- mas que atraem diferentes parce-
mes que caiu no gosto do público. Schroot, executiva comercial da Além de “Se Eu Fosse Você 2”, mes nacionais novos que serão exi- que lida permanentemente com a las do público, além de atores co-
O melhor exemplo dessa ten- Nielsen, colaboraram para o suces- apenas três outras produções tive- bidos em pelo menos uma sala de incerteza em relação ao que vai nhecidos da televisão. “Estamos fa-
dência é “Se Eu Fosse Você 2”. Pri- so do longa o desempenho de seu ram desempenho acima de um cinema do país até o fim de dezem- ou não agradar o público. “Se [o zendo um planejamento maior. Os
meiro do ranking nacional, o filme antecessor, lançado em 2006, e a milhão de espectadores: “Mulher bro, de acordo com a Ancine. sucesso] fosse previsível, Hollywo- roteiros são discutidos e testados.
atraiu um público superior a 6 mi- estreia no mês de janeiro, período Invisível”, “Normais 2” e “Divã”. Is- Essa concentração, no entanto, od nunca teria problemas”, diz Um filme é um produto, tem que
lhões de pessoas. Para Melanie de férias escolares. so em meio a um universo de 78 fil- é considerada normal no setor, Jorge Peregrino, vice-presidente dar retorno”, diz Didonet.
LEO PINHEIRO/VALOR

Produtores querem
aprimorar incentivo
De São Paulo Rodrigues, diretor-executivo da
Globo Filmes, os incentivos ofere-
As políticas de incentivo ao ci- cidos pelo governo deveriam ter
nema nacional são bem-vindas alguma cobrança por resultados
mas precisam ser aprimoradas financeiro ou de premiações in-
na avaliação dos produtores. “O ternacionais dos filmes antes de
sistema atual é daninho”, afirma terem recursos liberados. “Isso
Jorge Peregrino, vice-presidente não impediria ninguém de fazer
de distribuição para América La- cinema, mas ajudaria a melhorar
tina da Paramount. Para ele, a a qualidade dos projetos apresen-
Agência Nacional do Cinema tados”, diz Rodrigues. Desde 2006,
(Ancine) deveria atuar na capi- a produção de filmes nacionais
talização a longo prazo das pro- passou do patamar de 40 por ano
dutoras e não no financiamento para 70. “Fazer cinema é tão com-
de cada projeto apresentado. “A plicado quanto uma obra de en-
indústria fica dependente da genharia. É preciso ter preparo e
boa vontade e do controle do conhecimento para fazer”, co-
governo”, diz o executivo. menta o executivo.
Peregrino acredita ainda que o A Ancine possui dois mecanis-
excesso de dinheiro público colo- mos de liberação de recursos adi-
cado no setor seja um dos respon- cionais para projetos que já rece-
sáveis pelo aumento no custo de beram algum incentivo. O Prê-
produção no Brasil — segundo ele mio Adicional de Renda (PAR) Carlos Eduardo Rodrigues, diretor-executivo da Globo Filmes: os incentivos oferecidos pelo governo deveriam ter alguma cobrança por resultados
até 40% mais caro do que em ou- contempla produtoras, distri-
tros países da América Latina, co-
mo o México. “Quando você tem
dinheiro incentivado demais isso
buidoras e exibidoras de longas-
metragens de acordo com o de-
sempenho das obras no mercado
Cinebiografias podem estimular desempenho em 2010
pode acontecer”, afirma. de salas de exibição. Em 2009, em De São Paulo ção de Daniel Filho. No mesmo Cesar Rodrigues; e o musical in- Carlos Eduardo Rodrigues, di-
Segundo Manoel Rangel, dire- sua quinta edição, o PAR conce- mês está previsto o lançamento do fantil “Eu e meu Guarda-Chuva”, retor executivo da Globo Filmes,
tor-presidente da Agência Na- deu apoio financeiro para mais Se em 2009 foram as comédias documentário “Raul — O início, o de Toni Vanzolini, que teve o ro- tem uma visão um pouco menos
cional de Cinema (Ancine), de 60 empresas, com um valor to- que dominaram a bilheteria do fim e o meio”, de Walter Carvalho e teiro avaliado por Michael Gol- otimista sobre o desempenho do
R$ 150 milhões são disponibili- tal de R$ 9,3 milhões. cinema nacional, em 2010 a ex- Evaldo Mocarzel. “2010 pode ser denberg, roteirista de “Harry Pot- cinema nacional no próximo ano.
zados todo ano para o setor. Em Já no Programa de Incentivo à pectativa é de que as biografias um ano excepcional, do tamanho ter e a Ordem da Fênix” e de “Peter “É um ano fraco de comédias,
2010 o volume deve ser um pou- Qualidade do Cinema Brasileiro atraiam a atenção do público. de 2009”, avalia Jorge Peregrino, vi- Pan”. Outros candidatos a suces- acredito que o desempenho fique
co maior por conta dos R$ 80 (PAQ) a Ancine apoia produtoras A primeira a entrar em cartaz, ce-presidente de distribuição para so são “Bruna Surfistinha — O Do- próximo ao de 2004 e 2005”, diz.
milhões liberados para o Fundo a partir do desempenho dos fil- logo na virada do ano, é a do presi- América Latina da Paramount. ce Veneno do Escorpião”, de Mar- Nestes anos, a receita dos filmes
Setorial do Audiovisual, um li- mes no circuito de festivais nacio- dente Lula, “Lula o filho do Brasil”, Outras apostas para o ano são a cus Baldini, e “O Bem Amado”, de nacionais foi de R$ 102,4 milhões
nha na qual o governo entra co- nais e internacionais. Em 2009, se- dirigida por Fábio Barreto. Em sequência do filme “Tropa de Eli- Guel Arraes. Segundo o portal Fil- e R$ 71,5 milhões, respectivamen-
mo sócio e recebe uma partici- te proponentes foram contempla- abril, está programada a estreia de te”, de José Padilha; a versão brasi- me B, estão programadas pelo te. “Tudo vai depender do desem-
pação no resultado do filme. dos pelo programa, recebendo ca- “Chico Xavier”, que conta a histó- leira do sucesso “High School Mu- menos 38 estreias de filmes brasi- penho do filme do Lula”, comple-
Na avaliação de Carlos Eduardo da um o valor de R$ 100 mil. (GB) ria do médium. O filme tem dire- sic”, da Disney, com direção de leiros até setembro de 2010. ta Rodrigues. (GB)

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