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EXCELENTISSIMO JUIZ DE DIREITO DA COMPETENCIA DELEGADA DA COMARCA DE TERRA RICA ESTADO DO PARANA EMENTA: PREVIDENCIARIO. CONCESSAO DE BENEFICIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PARTE AUTORA, (nacionalidade), (estado civil), (profissao), portador(a) do documento de identidade sob 0 n.2..., CPF sob 0 n.°..., residente e domiciliado(a) na rua.., bairro.., cidade.., estado.., CEP..., vem a presenca de Vossa Exceléncia propor a presente AGAO JUDICIAL PARA CONCESSAO DE BENEFICIO Pasta) I NC) contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pessoa juridica de direito publico, na pessoa do seu representante legal, domiciliado na rua..., bairro. cidade..., estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz. A Parte Autora, na qualidade de trabalhador(a) rural, requereu em... (data do requerimento administrativo) a concessio do beneficio de aposentadoria por idade rural na agéncia da Previdéncia Social da sua cidade Entretanto, o beneficio restou indeferido pelo INSS, sob a alegagao de que nao foi comprovado o exercicio de atividade rural, bem como nao foi aleancada a caréncia minima exigida em lei. ‘Todavia, a Parte Autora preenche todos os requisitos necessarios a concessao do benelicio. Desta forma, a limitagao apresentada pelo INSS nao se justifica, razo pela qual busca o Poder Judicidrio para ver seu direito reconhecido. A Parte Autora desenvolveu atividade rural, em regime de economia familiar, na localidade de... (local onde foi exercida a atividade rural), permanecendo na lavoura no periodo de... (data do inicio da atividade rural) (data final da atividade rural), cultivando... (descrever as atividades desenvolvidas na lavoura). O conceito de regime de economia familiar esta disciplinado pelo § 12 do art. 11 da Lei n.® 8.213/91, que dispoe: Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que 0 trabalho dos membros da familia é indispensavel a. propria subsisténcia e € exercido em condicées de miitua dependéncia e colaboraca . sem a utilizacdio de empregados. Como prova do exercicio de atividade rural, foram juntados ao requerimento administrativo os documentos abaixo relacionados, os quais nao deixam divida de que efetivamente trabalhou na lavoura. Documento Observacao Data judicial juntam-se, ainda, os seguintes documentos: A fim de corroborar as assertivas contidas na presente agao Documento Observacao Data Deste modo, os documentos apresentados, tanto na ceara administrativa, quanto os agora anexados, revelam de maneira satisfatéria que a Parte Autora trabalhou, juntamente com outros membros de sua familia, em regime de economia familiar para sustento proprio e de seus entes mais préximos. DA_RELATIVIDADE DA COISA_JULGADA - SECUNDUM EVENTUM PROBATIONES E essencial manifestagao do Estado de Direito que as relacdes juridicas sejam regidas de modo a assegurar as pessoas condigdes de planejarem suas vidas com razoavel grau de previsibilidade e confianga na ordem juridica. Reconhecer o papel fundamental da coisa julgada nao conduz, todavia, a ideia de que a decisao judicial contra a qual nao cabe mais recurso seja imutavel independentemente das nulidades processuais que concorreram para sua formacdo ou do inequivoco e inescondivel error in judicando que manifesta. Neste sentido, demonstram nao ser absoluta a eficdcia da coisa julgada as excegées previstas na legislagao processual civil (CPC, art. 485) a sélida doutrina da relativizagao da coisa julgada: Nao ha uma garantia sequer, nem mesmo a da coisa julgada, que conduza a invariavelmente e de modo absoluto 4 renegacao das demais ou dos valores que elas representam. Afirmar o valor da seguranea juridica (ou certeza) ndo pode implicar desprezo ao da unidade federativa, ao da dignidade humana e intangibilidade do corpo etc. E imperioso equilibrar com harmonia as duas exigéncias divergentes, transigindo razoavelmente quanto a certos valores em nome da seguranca juridica, mas abrindo-se mao desta sempre que sua prevaléncia seja capaz de sacrificar o insacrificavel. Nesta perspectiva metodolégica e levando em conta as impossibilidades juridico-constitucionais acima consideradas, conclui-se que é inconstitucional a leitura classica da garantia da coisa julgada, ou seja, sua leitura com a crenca de que ela fosse algo absoluto e, como era habito dizer, capaz de fazer do preto branco e do quadrado redondo. A irrecorribilidade daqueles resultados substanciais politica ou socialmente ilegitimos, que a Constituico repudia. Dat a propriedade e a legitimidade sistematica da locugdo, aparentemente paradoxal, coisa julgada__inconstitucional (DINAMARCO, Candido. Relativizar a coisa julgada material, REPRO 109/28, 2003, P.6.) Diante do acima exposto, ¢ inaceitavel a situagao de denegacao da protecdo social a quem dela necessita € a ela faz jus, que por razées diversas, nao conseguiu lograr éxito em comprovar 0 fato constitutivo do seu direito. Se, a titulo ilustrativo, 0 pedido de concessao de beneficio de auxilio-doenca foi julgado improcedente porque nao foi constatada incapacidade para o exercicio da atividade habitual do segurado no primeiro processo, nada obsta seja o pedido renovado, desde que tenham sido modificadas as circunstancias de fato. Na hipétese de alteragdo da causa de pedir, a repeti¢do do pedido nao encontra obstaculo na coisa julgada. E isso prescreve o processo civil comum. Da mesma forma, se é negada judicialmente a concessio de aposentadoria espontanea (por tempo de contribuicao, idade ou especial), nada impede seja o pedido renovado, uma vez suscitada a ocorréncia de novos fatos, como, por exemplo, o superveniente cumprimento do periodo de caréncia ou do requisito especifico exigido para a concessao da prestagao reivindicada. Enquanto o proceso civil se mostra exuberante no que conquista de mais clevada seguranca com o instituto da coisa julgada, 0 direito processual previdenciario é guiado por um principio fundamental de que o individuo ndo pode ser separado de seu direito de sobreviver ela solidariedade social por uma questdo formal. Nao é adequado que se sepulte, de uma vez por todas, o direito de receber protecao social em funcao da certeza assegurada pela coisa julgada, quando a pessoa, na realidade, faz jus a prestagdo previdencidria que Ihe foi negada judicialmente O processo previdenciario pauta-se pelo comprometimento, a todo tempo, com o valor que se encontra em seu fundamento: @ proteedo social do individuo vulnerdvel, essa essencial dimensao de liberdade real e dignidade humana. Em relacdo a este valor, € de se reconhecer, a seguranca contraposta deve ser superada como um interesse menor. E preciso reconhecer: Tao digna quanto a liberdade fisica é a liberdade de que Roosevelt denominou “liberdade das privacées”. Dai falar-se em liberdade real, que s6 pode ser exercida pela pessoa com recursos minimos para sobreviver, planejar sua vida e dela fazer algo valioso. A seguranca social atua justamente ai, como instrumento de combate & marginalizagao e a pobreza. Conduzindo assim o pensamento, pretende-se sustentar que o direito individual fundamental a seguranca social € de fato indispensavel para o exercicio das liberdades individuais negativas e nada deve em importancia ao direito fundamental da liberdade fisica. Por essa razao, nao sera adequadamente servido pela exclusiva movimentagao do modelo do processo civil classico. A coisa julgada ndo deve, ademais, significar uma técnica formiddvel de se ocultar a fome e a inseguranca social para debaixo do tapete da forma processual, em nome da seguranca juridica. Tudo 0 que acontece, afinal, seria “apenas processual, mesmo que seus efeitos sejam desastrosos para a vida real”, Ndo ha inseguranca em se discutir novamente uma questéo brevidencidria a luz de novas provas, como inexiste inseguranca na possibilidade de se rever uma sentenca criminal em beneficio do réu. Observe-se, de outro lado que, “Em sede de repercussdo geral, o Supremo Tribunal Federal ja decidiu que “ndo devem ser impostos Obices de natureza processual ao exercicio do direito fundamental 4 busca da identidade genética, como natural emanacdo do direito de personalidade de um ser, de forma a tornar-se igualmente efetivo o direito a igualdade entre os filhos, inclusive de qualificacées, bem assim o principio da paternidade responsdvel”. (RE 363889, Rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, j. em 02.06.2011, DJe-15.12.2011). 2. No caso, a improcedéncia do pedido na acdo primeva de investigacdo de paternidade nao decorreu da exclusdo do vinculo genético por prova bericial, mas sim por insuficiéncia_de elementos para _o reconhecimento ou a excluséo da paternidade, motivo pelo qual a condicdo de pai ndo foi cabalmente descartada naquele feito” (AgRg no REsp. 1215172/RS, Rel. lin. Luis Felipe SalomGo, Quarta Turma, 05.03.2013, DJe 11.03.2013) Em outras palavras, “Nao implica ofensa a coisa julgada material 0 ajuizamento de nova agao para investigar a paternidade mediante utilizagao de exame de DNA, nas hipéteses em que a acao anterior teve o pedido julgado improcedente por falta ou insuficiéncia de provas, sem que tenha sido excluida a possibilidade de existéncia de vinculo genético (...) Precedentes deste Tribunal ¢ do STF (RE 363.889/DF)”. (STJ. Quarta Turma. REsp. 1223610/RS; Rel. Min. Maria Isabel Gallotti; DJe 07.03.2013) Mutatis Mutandis, 0 que justifica a possibilidade de limitacao dos efeitos da coisa julgada em materia previdencidria é justamente a natureza do direito que se encontra em jogo, isto é, a fundamentalidade do bem da vida para 0 individuo em sua elevada relevancia para a sociedade. Mais ainda: nao se pode esquecer que o individuo agravado com a sentenga de nao protecao se presume hipossuficiente (em termos econémicos € informacionais) € sofrendo ameaca de subsisténcia pela auséncia de recursos sociais. Seria minimamente adequada a sentenca que impée ao individuo a privacdo perpétua de cobertura previdenciéria a que, na realidade, faz jus? Em nome do qué, exatamente? Enquanto o processo civil classico aponta para o fechamento preponderante indiscutivel da coisa julgada, o processo previdenciario busca apoiar-se no principio constitucional do devido processo legal com as cores especificas da nao precluso do direito previdenciario. O principio da nao preclusao do direito previdéncia social com a consequente desconsideragao da eficacia plena da coisa julgada foi objeto de louvavel posicionamento assumido pela 5. Turma do TRF da 4. Regiéo ainda no ano de 2002: O principio de prova material é pré-condigéo para a propria admissibilidade da lide. Trata-se de documento essencial, que deve instruir a peticao inicial, pena de indeferimento (CPC, art. 283 c.c 295, VI). Consequentemente, sem ele, 0 proceso deve ser extinto sem julgamento do mérito (CPC, art. 267, I). E assim deve ser, porque o direito previdenciario nao admite a preclusdo do direito ao beneficio, por falta de provas: Sempre ser possivel, renovadas estas, sua concessdo. Portanto, nado cabe, na esfera judicial, solucdo diversa, certo que 0 Direito Processual deve ser enfocado, sempre, como meio de para a realizacao do direito material. (IRF4 - 5. T. - AC 2001.04.01.075054-3 - Rel. Antonio Albino Ramos de Oliveira - DJ 18.09.2002). Com base nesse entendimento, a 5. Turma vinha entendendo que Nos casos em que o segurado nao prova as alegacées, deve o feito ser extinto sem julgamento do mérito. Tem-se admitido a propositura de nova demanda ainda que uma outra, anteriormente proposta, tenha sido julgada improcedente, adotando-se, desse modo, em tema de Direito Previdenciario, a coisa julgada secundum eventum probationes. (TRF$ - 5 Turma. - AC 2001.70.01.002343-0 - Rel. Paulo Afonso Brum Vaz - DJ 21.05.2003). Neste sentido, cumpre notar decisao da 3. Segao do STJ que, ainda que nao alcance os termos propostos neste texto por intermédio de suas exatas premissas, culminou por denegar o direito previdenciario, resguardando, contudo, a possibilidade de novo ajuizamento da demanda: Dessa forma, nao tendo o requerido produzido nos autos prova da sua condicao de desempregado, merece reforma 0 acérdao recorrido que afastou a perda da qualidade de segurado e julgou procedente o pedido; sem prejuizo, contudo, da promogao de outra acao em que se enseje a producdo de prova adequada. (STJ, 3 Secdo, PET 7.115, unanime, Rel. Min. Napoleao nunes Maia Filho, j. 10.03.2010, DJ 06.04.2010). A coisa julgada, em matéria previdenciaria, deve-se dar, assim, secundum eventum probationis, sendo possivel nova discussao da matéria ligada a concessao ou revisao de determinado beneficio previdenciario quando a pretensao foi originalmente recusada por insuficiéncia de provas, Isto porque o direito fundamental a previdéncia social é orientado pelo principio fundamental de que o individuo nao pode ser separado de seu direito de sobreviver pela solidariedade social por uma questao formal. © conceito de documento novo deve ser compreendido em uma perspectiva ampla, levando-se em conta a necessidade da protecdo social e dos inaceitaveis efeitos reais que emanam de uma decisao denegatéria de beneficio previdenciario para a pessoa que dele necesita. Seria desproporcional impor ao individuo agravado com a sentenga de nao protegao e que se presume hipossuficiente em termos econémicos € informacionais sofrer perpetuamente os efeitos deletérios da decisao denegatéria, cuja injustica resta manifesta. Em suma, o caso concreto é passivel de aplicacao da relatividade da coisa julgada, pois novos elementos ingressaram no mundo juridico, com possibilidade de nova analise do juiz a quo. Dessa forma, o entendimento majoritario da jurisprudéncia admite nova anilise do processo em questao com julgamento de mérito ao fim. 2.1 INICIO DE PROVA MATERIAL Considerando a dificuldade de se obter documentos para provar a atividade rural, situagao inerente 4 condicao simpléria da vida no campo, a jurisprudéncia dominante tem mitigado a exigéncia probatoria aceitado diversos documentos como inicio de prova material, desde que contempordneos aos fatos alegados: 10 Neste sentido: 2, Em conformidade com a Stimula n® 149 desta Corte, exige-se inicio razoavel de prova material para a comprovacdo de tempo de servigo rural. 3. Certidéo de Casamento, Titulo do INCRA ow Escritura Publica, contemporaneos aos fatos alegados, em que conste a profissao de agricultor do mesmo ou do seu conjuge, é aceito nesta Corte, como inicio de prova material, suficiente, para comprovar 0 labor agricola em determinada época. 3. A simbiose do inicio de prova material com a seguranca das provas testemunhais, suprem a caréncia exigida pela legislacdo previdenciaria. 4, Recurso Especial que se nega provimento. (STJ, REsp 586923, 6! Turma, Min. Paulo Medina). Também acerca do tema, a Lei n.2 8.213/91 define quais documentos que servem para a comprovagao da atividade rural: Art. 106. () Paragrafo tinico. A comprovacéo do exercicio de atividade rural referente a periodo anterior a 16 de abril de 1994, observado 0 disposto no § 3° do artigo 55 desta Lei, far-se-A alternativamente através de: Il - contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural: Ill - declaracéo do sindicato de trabalhadores rurais, desde que homologada pelo INSS; IV - comprovante de cadastro do INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar: V - bloco de notas do produtor rural. A jurisprudéncia do Tribunal Regional Federal da Quarta Regiao reconhece que qualquer dos documentos arrolados no art. 106 da Lei n.° 8.213/91 serve, por si s6, como prova da atividade rural. Aduz, ainda, que a relagdo nao é taxativa, mas exemplificativa, podendo ser aceitos outros documentos. Os documentos arrolados no art. 106 da L. 8.213/91 bastam, por si 86, para comprovar a atividade rural. A relagdo, entretanto, ndo é taxativa de modo que outros documentos ali nao relacionados poderdo também servir para a comprovagdo do labor ruricola. Para que fique caracterizado o inicio de prova material, néo € necessario que os documentos apresentados comprovem, ano a ano, u © exercicio da atividade rural, seja porque se deve presumir a continuidade nos periodos imediatamente préximos, seja porque é inerente a informalidade do trabalho campesino a escassez documental. E firme o entendimento jurisprudencial de que os documentos apresentados em nome de terceiros (pai, filho, marido, esposa) sio habeis A comprovacdo do trabalho rural desenvolvido pelos outros membros do grupo que labora em regime de economia familiar. (TRF4, AC 2001.04.01.033315-5, 5% Turma, Des. Néfi Cordeiro, sem grifo no original) Dessa forma, resta demonstrado que a Parte Autora cuidou de juntar o inicio de prova material para o periodo postulado, que podera ser complementada pela prova testemunhal, em atengao ao principio da livre valoracao da prova. PRR AOE VIS EU MINN DIED BYP MUAIN LABORADO A posicao dos Tribunais é pacifica no sentido da desnecessidade de se apresentar um documento para cada ano que se deseja provar, até porque a dificuldade de encontrar tais provas seria imensa, ¢ impossivel para grande maioria daqueles que trabalharam na area rural. Veja-se: A atividade rural, em regime de economia familiar, & comprovada mediante inicio de prova material, que nao precisa abarcar todo 0 periodo (ano a ano) nem estar exclusivamente em nome proprio, contanto que seja corroborado por prova testemunhal idonea. (TRF 48, - AC 2004.70.00.043221-7 — Rel. Des. Fed. Otavio Roberto Pamplona ~ DJU 14.06.2006 - p. 525, sem grifo no original) Ainda: A qualidade de segurado especial, na condicio de porcenteiro, é comprovada, principalmente, pela prova testemunhal. Para a caracterizagao do inicio de prova material, nao se exige que os documentos reflitam a situacao de fato, objeto de prova, ano a ano (precedente desta corte - AC 200070010004338, DJU de 3. 7- 2003). 12 (TRF 48. - AC 2002.70.02.001562-7- Rel. Des. Fed. Luis Alberto D Azevedo Aurvalle - DJU 14.06.2006 - p. 564, sem grifo no original). Muito mais razoavel € a interpretacao apresentada pelo Magistrado Federal, Doutor Hildo Nicolau Peron da Justica Federal de Santa Catarina, proferida nos autos n. 2002.72.00.059944-2: Ora, é preciso ter presente que a profissao que o cidadao declara na fase de producao de um desses documentos ¢ a que estava exercendo no presente e, provavelmente, num passado e num futuro préximos. Pois, sé em caso de rara coincidéncia acontece de a profissio declarada coincidir com 0 primeiro dia da producdo do documento ou findar no tltimo dia do ano civil. Afinal, uma declaracao de exercicio da profissio de lavrador constante de um documento sinaliza muito mais que aquela profissao ja vinha sendo exercida — portanto, seu valor nao pode ser apenas daquele dia para diante, mas também para 0 passado. Assim, forca é se admitir que ao documento de uma data se possa admitir para alguns anos antes e para alguns anos depois, porque profissées, como a do agricultor, gozam de certa estabilidade. Essa qualificacdo profissional dificulta que migrem para outras atividades porque seus conhecimentos so pouco aproveitados em outras areas de trabalho urbano, Assim, muito embora a Parte Autora nao tenha juntado documentos dando conta da sua profissio para cada ano cuja averbagao persegue, aqueles que acostou, por si, sao suficientes a demonstrar o periodo laborado em regime de economia familiar. VALIDADE DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS EM NOME DE) ‘ERCEIROS Em razao do conceito de regime de economia familiar, 0 Colendo Superior Tribunal de Justica ja firmou entendimento no sentido de que os documentos em nome dos parentes podem ser aproveitados pelos demais familiares como inicio de prova material para efeito de comprovagao da atividade rural. Veja-se: 13, 2. Os documentos em nome do pai do recorrido, que exercia atividade rural em regime familiar, contemporaneos a época dos fatos alegados, se inserem no conceito de inicio razoavel de prova material. (STJ, REsp. 426571, 6* Turma, Min. Hamilton Carvalhido) Ainda sobre 0 assunto, o Egrégio Tribunal Regional Federal da Quarta Regiao ja sumulou a questao: Stimula n® 73: Admitem-se como inicio de prova material do efetivo exercicio de atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do grupo parental. Destarte, tendo em vista os imimeros documentos juntados com a presente, os quais qualificam diversos parentes da Parte Autora como lavradores, devem tais provas serem consideradas documentos habeis a demonstrar 0 periodo laborado na area rural. Assim, por qualquer Angulo que se analise a questao, resta demonstrado o direito da Parte Autora de obter o reconhecimento do exercicio de atividade rural € consequentemente a concessao do beneficio de aposentadoria por idade rural REQUISITOS _NECESSARIOS PARA _ CONCESSAO. -OSENTADORIA POR IDADE RURAL Os requisitos para a concesséo da aposentadoria por idade aos trabalhadores rurais sao: a) idade minima de 60 anos para 0 homem e de 55 anos para a mulher (Lei n.* 8.213, art. 48, § 1%); b) exercicio de atividade rural, ainda que de forma descontinua, no periodo imediatamente anterior ao requerimento do beneficio, em numero de meses idénticos 4 caréncia deste (Lei n.° 8.213, art. 143), independentemente de recolhimento de contribuicées previdenciarias. Para verificacao do tempo (n.° de meses) a ser comprovado, deve-se considerar a tabela constante do art. 142 da Lei n.* 8.213/91, levando-se em 14 conta 0 ano em que o segurado implementou as condic6es necessarias para inativacdo, ou seja, idade minima e tempo de trabalho rural. Ano de implemento das_|Meses de atividade rural condicées exigido 1991 60 meses 1992 60 meses 1993 66 meses 1994 72 meses 1995 78 meses 1996 90 meses 1997 96 meses 1998 102 meses 1999 108 meses 2000 114 meses 2001 120 meses 2002 126 meses 2003 132 meses 2004 138 meses 2005 144 meses 2006 150 meses 2007 156 meses 2008 162 meses 2009 168 meses 2010 174 meses 2011 180 meses Na aplicagao dos artigos 142 143 da Lei, deve-se atentar para os seguintes pontos: a) ano-base para averiguagao do tempo rural; b) termo inicial do periodo de trabalho rural correspondente a caréncia; € ¢) termo inicial do direito ao beneficio. Geralmente, 0 ano-base correspondera aquele em que o segurado completou a idade minima, desde que, até entao, j4 disponha de tempo rural suficiente para o deferimento do beneficio. Em tais casos, 0 termo inicial do periodo a ser considerado como de exercicio de labor rural, contado 15 retroativamente, é a data do implemento do requisito etario, mesmo que o requerimento administrativo seja_formalizado _posteriormente, em homenagem ao principio do direito adquirido (Constituigdo Federal, art. 5.%, XXXVI; Lei de Beneficios, art. 102, §1°). Todavia, se o segurado, completando a idade necessaria, permanecer exercendo atividade agricola até a ocasiao em que preencher 0 numero de meses suficientes para concessao do beneficio, tanto 0 ano-base para a verificacdo do tempo rural quanto 0 inicio de tal periodo de trabalho, contado retroativamente, sera o da data da implementacao do tempo equivalente a caréncia. A titulo de exemplo, se 0 segurado tiver completado a idade minima em 1997 e requerido o beneficio na esfera administrativa em 2001, deverd comprovar 0 exercicio de trabalho rural em um dos seguintes periodos: a) 96 meses antes de 1997; b) 120 meses antes de 2001, ou c) periodos intermediarios (102 meses antes de 1998, 108 meses antes de 1999, 114 meses antes de 2000) - vide tabela do art. 142 da lei 8.213/91. A disposigao contida no art. 143 da Lei n.® 8.213 - ou seja, a de que o exercicio da atividade rural deve ser comprovado no periodo imediatamente anterior ao requerimento do beneficio -, deve ser interpretada em favor do segurado. Tal regra atende as situacdes em que ao segurado é mais facil ou conveniente a comprovacao do exercicio do labor rural no periodo imediatamente anterior ao requerimento administrativo; entretanto, a sua aplicacao deve ser relativizada, em face do disposto no art. 102, § 1°, da Lei, ¢, principalmente, por forca da garantia constitucional do direito adquirido. Com efeito, e considerando que, no caso, a Parte Autora nasceu em... (data de nascimento), tendo completado... (60 anos mulher/65 anos 16 homem) anos de idade em... (ano que completou a idade necessaria para a aposentadoria), a caréncia exigida conforme o disposto no art. 142 da Lei n.? 8.213/91 corresponde a... (verificar na tabela prevista no artigo 142 da Lei n. 8.213/91 0 numero de meses de contribuicdo necessdrios de acordo com 0 ano que completou a idade para a aposentadoria) meses de contribuigao. Logo, preenchidos os requisitos necessdrios a concessio do beneficio de aposentadoria por idade rural, ou seja, idade minima e caréncia, faz jus 4 Parte Autora ao deferimento da benesse. Neste sentido caminha a jurisprudéncia patria: PREVIDENCIARIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS. COMPROVACAO DO LABOR RURAL DURANTE 0 PERIODO DE CARENCIA. CUSTAS PROCESSUAIS. Para a comprovacdo do tempo de atividade rural, com vistas & obtencao de aposentadoria por tempo de servico/contribuicao, faz-se necessario inicio de prova material, nao sendo admitida, via de regra, prova exclusivamente testemunhal (art. 55, § 3°, da Lei n.* 8.213/91; Stimula 149 do STJ} Se 0 conjunto probatério é suficiente a formacdo de um juizo de certeza acerca do labor rural da parte autora durante o periodo equivalente a caréncia, impée-se a manutencdo da sentenca que reconheceu a procedéncia do pedido de concessio do beneficio de aposentadoria rural por idade. [1 (TRF4, AC n. 0005625-22.2012.404.9999, 6* Turma, Juiza Vivian Josete Pantaletio Caminha, julgado em 06/06/2012) PREVIDENCIARIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. REQUISITOS LEGAIS. COMPROVACAO. 1, Procede o pedido de aposentadoria rural por idade quando atendidos os requisitos previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1° ¢ 142, da Lei n® 8.213/1991. 2. Comprovado o implemento da idade minima (sessenta anos para o homem e de cingtienta e cinco anos para a mulher), € 0 exercicio de atividade rural por tempo igual ao mimero de meses correspondentes & caréncia exigida, ainda que a comprovacdo 7 seja feita de forma descontinua, ¢ devido o beneficio de aposentadoria rural por idade a parte autora 3. Considera-se comprovado 0 exercicio de atividade rural havendo inicio de prova material complementada por prova testemunhal idénea, sendo dispensavel o recolhimento de contribuicées para fins de concessio do beneficio. L..] (TRF4, AC n, 0019773-72.2011.404.9999, Juiz Rogerio Favreto, 5* Turma, julgado em 12/07/2012, sem grifo no original). Portanto, o indeferimento por parte do INSS nao encontra amparo na lei, sendo devida a concessao do beneficio de aposentadoria por idade rural. Diante do exposto, requer: 1. A citagao do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, na pessoa do seu representante legal, para que responda a presente demanda, no prazo legal, sob pena de revelia; 2. A concessao do beneficio da justica gratuita em virtude da Parte Autora nao poder arcar com o pagamento das custas processuais € honorarios advocaticios sem prejuizo do seu sustento ou de sua familia, condicao que expressamente declara, na forma do art. 4° da Lei n* 1.060/50; 3. A condenacao do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS para conceder o beneficio de aposentadoria por idade rural, bem como pagar as parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo, monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratérios, ambos incidentes até a data do efetivo pagamento; 4. A condenagao do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS para arcar com as custas processuais € honordrios advocaticios; 18. 5. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente a documental e testemunhal. Da-se a causa o valor de R$... (valor da causa) Pede deferimento. (Cidade e data) (Nome, assinatura e ntimero da OAB do advogado) Rol de documentos: 19

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