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Maturidade do governo eletrénico: andlise de experiéncias estaduais' Ciro Campos Christo Fernandes 1. Introdugao Como 0 alinhamento estratégico entre o programa e a administragio publica afeta 0 avango ¢ a trajetdria em diego & maturidade do governo eletrénico? Esse trabalho analisa as experigncias de programas de governo eletrnico em administragdes plblicas estaduais do Brasil identificando diferengas de trajet6ria e de maior ou menor avango realizado. Focaliza os estados de Alagoas, Minas Gerais, Parand Pernambuco e Sio Paulo. Trata-se de pesquisa de caso voltada para a comparacio entre experiéncias e prescrigaio de medidas para 0 sucesso do governo eletronico entendido como transformagio da administragio publica impulsionada pela plena assimilago das potencialidades das novas tecnologias da informatica. 1.1. Contextualizagio As Tecnologias da Informagio — TI tém sido componente conspicuamente presente nas experiéncias recentes de reforma administrativa em todo 0 mundo (OCDE, 1998). A variedade de aplicagdes da informatica na administragZo piiblica contempla a realizagio de transagdes por meio de sistemas de informago e bancos de dados, 0 apoio ao proceso decis6rio, a comunicagio em rede, o controle, registro e identificagio de pessoas e a automagio de escritérios (SNELLEN, 2000). Os potenciais de transformagio da TI sobre a administragio publica podem ser vislumbrados no seu impacto potencializador de muitas das idéias-forga que nortearam os experimentos reformistas ao longo dos anos 80. Temas como o aumento da eficiéncia, a descentralizac30, a melhoria dos servigos e a focalizagZo no cidadio, bem como suas implicagdes no redesenho dos processos e das organizagdes apresentam ampla area de contato com as novas possibilidades tecnolégicas no campo da informatica (SCHEDLER e SCHARF, 2000; FERNANDES, 2004). Embora o tema do governo eletrOnico seja percebido sob escopos mais ou menos abrangentes, sua premissa é a aplicagdo da TI como componente intrinseca a novos modelos de gestio e de governanga, Em seu sentido usual, refere-se & oferta de servigos e informagdes ao cidadio por meio de um novo e inovador canal — a Internet. A definigdo mais ampla inclui a utilizagZo da TI na integragdo de processos, transagdes e operagdes intemas da administragio publica e também no relacionamento com a sociedade utilizando meios de comunicagio eletronicos. " Trabalho elaborado para apresentago em seminétio de pesquisa do curso de doutorado em Administrago da EBAPE-FGV. Esta versio, conclufda em janeiro de 2007, contém na integra os instrumentos de pesquisa utilizados, Uma versio modificada foi publicada em coautoria com Luiz Antonio Joia (veja FERNANDES e JOLA, 2012). Abordagens prescritivas enfocam © governo eletrénico como associado a transformagio da administrago publica viabilizada por meio da aplicagio das novas tecnologias. Uma definigdo que sintetiza esses atributos € a que identifica 0 governo eletronico com a aplicagio da TI na administrago publica combinada com a mudanga organizacional, a introdugo de novos processos democriticos e 0 fortalecimento das politicas piblicas (CEC, 2003). Os modelos de governo eletrénico propugnam um leque de aplicagdes da TI baseadas na interligagio entre sistemas, processos, unidades organizacionais e instituigdes Essas tecnologias so percebidas como viabilizadoras de uma revolugao na prestagao de servigos ao cidadao, da mudanga em profundidade da estrutura organizacional dos governos, dos processos de trabalho e dos mecanismos de decisio e de controle (UK- POST, 2000; OCDE, 2003). De uma forma geral, as experiéncias de governo eletrénico sio mais reconhecidas pela presenga de servigos na Intemet, aspecto de alta visibilidade e que parece se constituir em meio para a obtengio de resultados palpaveis de forma rapida e pouco onerosa. Entretanto, a escalada pela simples colocagio de um mimero crescente de servigos na Internet nao deve ser dissociada da preocupagio com a sua qualidade, abrangéncia e adequagio as necessidades do cidadao. O governo eletrénico contém o potencial de transformar a forma de prestagio de servigos ao cidadio e — numa perspectiva mais avangada — a relagio politica entre ambos (BURN & ROBINS, 2003). Mas, 0 governo eletrénico se depara com as caracterfsticas de insularidade funcional que sio tipicas da administragZo publica. Os potenciais integradores das novas tecnologias podem ser neutralizados pela conformagio institucional da administragao ptiblica (MARCHE & MCNIVEN, 2003). No Brasil, 0 governo eletronico ingressou na agenda de politicas do governo federal desde 2000, incorporando uma visio avangada da aplicacio estratégica da TI na construgao da sociedade da informay (FERNANDES e PINTO, 2003). Uma longa trajet6ria anterior est associada com a organizagdo e desenvolvimento da TI no setor plblico, gerando um legado tecnolégico e institucional que acarreta obsticulos a avangos nessa area, sobretudo a verticalizago e especializagao funcional do setor, reforgada pela tecnologia obsoleta de processamento centralizado de dados (SAUR, 1997). Nos estados brasileiros, o governo eletrOnico representa agenda ainda em processo de assimilago, embora com diversas experiéncias recentes em andamento. Levantamento realizado em 2003 evidenciou que a gestio de TI nos estados caracterizada pela descentralizagio, com acentuada autonomia, de forma que os posicionamentos estratégicos so adotados isoladamente em cada 6rgio ou entidade (PNAGE, 2004). Essa situagdo configura um quadro de fragmentago e de auséncia de uma politica coordenada e abrangente. Nio obstante, a oferta de servigos e informagdes na Internet é preocupagio ja amplamente disseminada, embora adotando formatos ainda incipientes. Pesquisa realizada em 2006 indica que houve substancial avango nos dois iltimos anos no sentido da implementagio de politicas, estruturas organizacionais e projetos identificados com o conceito de governo eletrénico (FUNDAP, 2006). Esses projetos contemplam em especial a criagio de portais unificados de servigos e informagies. 1.2. O problema e as questées da pesquisa Essa pesquisa analisa a implementagdo do governo eletrOnico como construgio realizago de estratégias para a transformagio da administracio publica, focalizando as trajetdrias e os niveis de desenvolvimento alcangados em diregio a um modelo prescritivo. A abordagem que seri adotada contempla a comparagio entre experiéncias com base em parimetros sistemdticos para a avaliago do seu nivel de desenvolvimento e a identificagio e andlise dos fatores organizacionais que afetam 0 seu avango. Ditos avangos conformam trajetorias que podem se diferenciar conforme escolhas adotadas ao longo do processo de implementacio, refletindo as circunstancias que envolvem a definigZo de estratégias e 0 concomitante alinhamento da administragi0 publica como organizagio complexa e diferenciada. De forma especifica, 0 entendimento dos diferentes niveis de avango das experiéncias de governo eletrdnico depende de forma crucial do alinhamento estratégico entre os programas de governo eletrdnico e a administragio ptiblica como um todo. Dessa forma, o problema da pesquisa pode ser assim formulado: como o alinhamento estratégico entre o programa e a administragdo piiblica afeta o avango e a trajetéria em diregio A maturidade do governo eletr6nico. 1.3. Objetivos 0 objetivo da pesquisa foi desenvolver um quadro de referéncia e aplicé-lo & anilise comparada de experiéncias de implementagio do governo eletrénico. Como objetivos intermediarios sio indicados os seguintes: + Aperfeigoar a anilise do desenvolvimento do governo eletrénico por meio do refinamento para a aplicago na pesquisa de um modelo integrador das dimensoes da estrutura organizacional, da estratégia e dos servigos, sistemas e infraestrutura de TI. + Identificar e analisar os fatores que afetam o desenvolvimento do governo eletrénico e a conformagio de trajet6rias de maturagio. + Elaborar recomendagdes para a remogio de obstaculos e 0 avango em diregao a0 amadurecimento. do governo eletrénico como. transformagio da administrago publica. O escopo da pesquisa foram as experiéncias de implementago do governo eletrOnico em administragdes piiblicas estaduais, desde 0 marco inicial como manifestagio de intengo até a sua situago atual. A pesquisa focalizou os programas de governo eletrénico, sua insergdo institucional e alinhamento estratégico. As experiéncias selecionadas so: Parana, Sao Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Alagoas. 1.4. Relevncia do tema As experiéncias de governo eletrénico so aplicagées avangadas de TI no contexto de alta complexidade das organizagdes piiblicas, propiciando rico campo para a investigacio dos fatores e impactos da informética nas organizagées. Para a compreensio dos processos de implementagio de programas dessa natureza é necessério considerar de forma integrada, as dimens6es organizacionais que envolvem a assimilagio da TI. Conforme sera discutido no referencial teérico, as abordagens sobre a relagio da TI com a mudanga organizacional podem ser proveitosamente aplicadas ao estudo de casos em governo eletronico. A necessidade de oferecer indicagdes prescritivas gerou diversos modelos para a andlise comparada de experiéncias, baseados em parimetros de maturagZo ou desenvolvimento (ACCENTURE, 2002; PWC, 2002; UN/DPEPA-ASPA, 2002). Esses modelos podem ser aprimorados para incorporar de forma mais consistente as dimensées ¢ fatores organizacionais e particularmente, a perspectiva estratégica, considerando que se trata de experiéncias longitudinais de maturagio prolongada (DAVISON et al., 2005). A pesquisa possibilitara o estudo e aprimoramento desses modelos e sua aplicagio a estudos de caso. Indicagées prescritivas extraidas dessa pesquisa serio oportunas e relevantes no contexto de elevado interesse em torno do governo eletrénico nas administragdes ptiblicas (PNAGE, 2004; FUNDAP, 2006). No caso das experiéncias brasileiras, ha escassa pesquisa sobre o governo eletrénico. Uma iniciativa precursora realizada por Afonso e Fernandes (2001) levantou e classificou experiéneias de governo eletronico no Brasil, baseando-se na complexidade dos servigos oferecidos na Internet 1.5. Hipéteses de pesquisa A pesquisa analisa a implementagio de programas de governo eletrdnico e suas trajet6rias considerando 0 nivel de desenvolvimento alcangado ¢ os fatores que afetam a maturagdo dessas experiéncias. E premissa que a maturidade est associada a0 grau e intensidade em que os projetos e iniciativas de governo eletrénico implicam em transformagio de estruturas e processos da administragao publica. As hipéteses de pesquisa consideram que dita maturidade depende da capacidade de dar sustentago a um processo transformador, 0 que supée o alinhamento entre estratégias e estruturas da administragio publica e do programa de governo eletrénico. Entio, 0 avango depende do alinhamento estratégico envolvendo esses quatro dominios: estratégia da administragdo publica, organizacio da administragao publica; estratégia de governo eletrénico e organizagao e sistemas do governo eletrénico. Os ajustamentos podem se dar sob diferentes configuragdes com suas implicagdes, a cada estigio de desenvolvimento do governo eletrénico. E também premissa que esses estagios possam ser delineados de forma prescritiva como niveis de assimilagao dos impactos da TI na forma de crescente integragio entre pessoas, processos, estruturas e entidades da administragdo publica. O sucesso ou nao em remover obsticulos que se manifestam na forma de desajustes é circunstincia crucial a ser equacionada a cada estigio percorrido de desenvolvimento. Sucessivos estigios vencidos e sua configuracio conformam trajet6rias distintas em diregio & maturidade do governo eletrdnico. Fatores organizacionais relacionados A estrutura_organizacional, pessoal, recursos financeiros, sistemas e equipamentos, capacidades técnicas, afetam o sucesso do alinhamento estratégico e conseqiiente avango no desenvolvimento do governo eletrénico. 2, Referencial te6rico referencial te6rico foi construido a partir da exploragao dos avangos da pesquisa sobre a relacio da TI com a mudanga organizacional no refinamento da andlise comparada das experiéncias de governo eletronico. Em particular, as abordagens da construgio e sustentac%o da estratégia em organizagdes complexas se prestam & aplicagio no estudo do desenvolvimento do governo eletrénico. Assim, sto analisados os modelos de desenvolvimento e maturidade do governo eletrénico e a tentativa de construgdo de sucedineos de maior complexidade conceitual e analitica: os modelos de andlise integradores dos aspectos de estratégia organizacional com a introdugio das inovagdes em TI. Esse trabalho adota 0 modelo de alinhamento estratégico do governo eletrénico, de Davison et al (2005), 0 qual foi refinado com a elaboragao de constructos para sa operacionalizagaio nessa pesquisa de caso. 2.1. Governo eletrénico e mudanca organizacional O governo eletrénico representa uma aplicag&o avangada da TI com penetragao sob patamares inéditos em todas as dimensdes da administrago publica. Potencializa os impactos de transformago que ja eram objeto de intensa pesquisa na érea organizacional. A sua implementagdo implica necessariamente a transformagio da administragio publica em diregio a niveis de integrago de seus processos e estruturas que no podiam ser alcangados anteriormente irrupgio das novas tecnologias da informacio. Entretanto, nao ha determinismo tecnoldgico, mas abertura de possibilidades de mudanga organizacional em diregio a estruturas e formatos de maior flexibilidade. Os aspectos de coordenagao e de alinhamento estratégico ganham forte centralidade para a compreensio e a proposi¢io de recomendagées de natureza prescritiva sobre as experiéncias de transformagio organizacional associadas com o desenvolvimento do governo eletrénico. Abordagens baseadas na anilise das estratégias e objetivos das organizagdes identificam na TI um instrumento selecionado pela organizagao com vistas ao atendimento a suas necessidades. A aplicagdo de tecnologias da informagio pode concorrer para a mudanga em processos e a transformagiio da organizagao, desde que orientada para atender as necessidades percebidas de atingimento dos objetivos metas institucionais (DAVENPORT, 1994; HAMMER e CHAMPY, 1993). A mesma abordagem é encontrada na literatura aplicada & area ptiblica com conclusdes semelhantes: a integragio entre sistemas e infra-estrutura de tecnologia da informagiio ao proceso de gestio é essencial para a efetividade de resultados reflete a visio estratégica que orienta a organizagio (KRAEMER e DEDRICK, 1997). ‘A premissa de que a organizacio seja sempre regida por estratégias e objetivos Linicos, definidos de forma nio-conflitiva ¢ internamente homogénea desde logo tem sido questionada nos estudos organizacionais, inclusive na literatura sobre aplicago da TI. A identificagio das necessidades da organizagio esti longe de ocorrer de forma nio problemitica: diversas pesquisas focalizam a politica dentro da organizago, os interesses e intengdes dos participantes e sua implicago sobre a difusio de inovagdes em TI. Esses trabalhos indicam a necessidade de considerar fatores de natureza politica no contexto organizacional (MARKUS e ROBEY, 1988). 2.2. Modelos de maturidade baseados no desenvolvimento dos servicos Os estudos voltados para a anilise da maturidade dos projetos ¢ experiéncias na area de governo eletronico focalizam em geral o desenvolvimento dos servigos oferecidos a0 piblico. Esses modelos consideram tio somente o desenvolvimento dos servigos, deixando de dar conta dos processos decis6rios e dos arranjos organizacionais que afetam de forma decisiva a criagio, desenvolvimento e manutencio desses servigos. ‘A conquista de avangos na elaboragao estratégica, no planejamento, na constituigio de uma estrutura organizacional, na obtengo de recursos de toda ordem (orgamento, pessoal, informagées, competéncias técnicas e de gestio, dentre outros) para a avaliagio de experiéncias de implementagio do governo eletrénico. 0 estudo de benchmarking em goveno eletrdnico realizado pelas Nagdes Unidas (UN/DPEPA-ASPA, 2002: 8-21), adota um modelo analitico baseado em estigios de maturidade”, os quais so definidos a partir da andlise do grau de desenvolvimento da gestio das informagdes ¢ da interatividade dos servigos disponibilizados na Internet. io estabelecidos cinco estagios evolutivos de governo eletrénico: Emergente: a presenga do governo na Internet se dé por meio de pequeno niimero de sites oficiais, sendo a informagao limitada ¢ estatica. Destacado: 0 contetido e as informagdes passam a ser atualizados com maior regularidade. Interativo: os usuérios podem baixar formulirios, contatar_ funcion: encaminhar solicitagdes ou agendar contatos. modelo foi adaptado de elaboraco anterior elaborada pela Deloitte (2000) para a discussio prospectiva do desenvolvimento de modelos de governo eletrénico calcados na centralidade do cidadio, Transacional: os usuérios podem pagar por servigos e conduzir transagdes financeiras online. Continuo: ha total integracZo entre as fungGes informatizadas e os servigos, cortando as fronteiras administrativas e departamentais. Para avaliar a maturidade dos servigos, a metodologia da Accenture (2002: 4-5), enfoca 0 nivel de completeza com que cada servigo é oferecido, entendido como 0 nivel em que 0 mesmo se aproxime de um relacionamento transacional efetivo, entre © usuario e a agéncia, que permita a comunicagio ativa e personalizada entre ambos. Assim, siio definidos trés niveis de maturidade de servico Pablico (relacionamento passivo/passivo): 0 usuétio no pode se comunicar eletronicamente com a agéncia governamental, sendo que esta se comunica com ele somente por meio da informaco que esteja publicada em site da Internet. Interativo (interaco ativo/passivo): o uswirio pode se comunicar eletronicamente com a agéncia governamental, mas esta ndo necessariamente estabelece um relacionamento de comunicagio direta com ele, ‘Transacional (interacio ativo/ativo): o usuério pode se comunicar eletronicamente com a agéncia governamental, sendo que esta pode responder diretamente a ele, em meio eletronico. Um modelo de estégios do governo eletrénico que confere énfase a0 desenvolvimento dos aspectos de transformagio das estruturas organizacionais e dos processos € adotado por Heeks (2001). Nesse modelo, o estagio superior é claramente associado a processos e servicos redesenhados, estruturas redesenhadas com base em processos e/ou em perfil da clientela e a priticas de consulta e transparéncia no proceso decisério. So os seguintes os estagios: Automagéo: a informatizagio esté restrita a servigos singulares, mantidas as estruturas organizacionais convencionais, sendo que o foco dos projetos de governo eletrdnico é a melhoria da eficiéncia, com énfase no fortalecimento de controles top- down. Informatizagao: os projetos de informatizacio buscam a integragdo entre servigos e © fortalecimento das areas de linha no atendimento, que evolui para a focalizagio da qualidade do servigo e a aproximago com 0 cidad3o-usuério; as_estruturas organizacionais tendem a assumir conformaro “achatada”, com redugdo de niveis hierarquicos. ‘Transformagio: a completa re-engenharia de processos e de servigos passa a ser objeto dos projetos e agdes, ao lado da disseminagao de estruturas redesenhadas com base no perfil e nas necessidades dos clientes; 0 ativo engajamento dos cidadios buscado, na definigio de prioridades, na tomada de decisbes e no desenvolvimento de comunidades, © modelo de anilise de programas em governo eletronico adotado pela Price Waterhouse & Coopers (PWC, 2002: 93-102), define niveis de maturidade que sio graduados segundo duas classificagdes: as aplicagdes que sejam habilitadoras a0 governo eletrénico e as que sejam transformadoras. No primeiro caso, ha mudangas meramente evolutivas nos processos existentes enquanto no segundo, hé mudanga “revolucionaria’, com impacto sobre o negécio do governo. O modelo pretende oferecer uma referéncia de andlise comparativa para experiéncias nacionais que sio comparadas visando a construgio de um benchmark, Assim, 0 modelo compreende quatro niveis de maturidade das aplicagdes de governo eletrénic Nivel 1: a Internet € utilizada como mero canal adicional aos tradicionais, sendo que 608 processos continuam a ser realizados preponderantemente de forma tradicional. Nivel 2: a integragdo em meio eletrénico permite que os mesmos servicos passem a ser realizados de forma encadeada, com impactos favoraveis em redugio de tempo, de custos e de maior colaboragdo entre os Srgiios. Nivel 3: a transformagio da organizacio e dos priprios limites e relacionamentos entre 0 govemno, seus clientes e fornecedores conduz & integragdo entre os servigos, com base nas demandas dos clientes, inclusive por meio de uma maior interpenetrago com provedores privados de servigos. Nivel 4: ha uma alteragio fundamental no papel e nas atividades do governo, que implica em redefinigio das suas fungdes e no desenvolvimento de novos modelos de negécios governamentais, baseados em ampla convergéncia com o setor privado e na oferta de novos tipos de servigos ao cidadao. © Quadro 1 sintetiza os parimetros ¢ niveis de desenvolvimento adotados pelos modelos analisados. Quadro 1 Sintese dos modelos de anélise adotados e respectivos parametros, para comparacio entre servicos e/ou projetos de governo eletrénico Modelo UNIDPEPA- | Accenture | Heeks (2001) ) PWC (2002) ASPA (2002) (2002) Pardmetros | Interatividade —|Interatividade | Tntegragao com |Insergao do como usuério |com ousuétio | outros servigos | servico na organizacao: Integrago com Impacto da J unicidade, outros servigos informatizagao_ | exclusividade nos processos € Gestio dos estruturas Integrago com contetidos outros servigos Impacto da informatizagio nos processos & estruturas Niveis/ Emergente | Pablico ‘Automagio [Nivel T Estagios {passivolpassiv Destacado °) Informatizagao | 04 5 Interativo Interativo Transformagao {ativorpassivo) Nivel 3 ‘Transacional ° Transacional Continuo {ativo/ativo) Nivel 4 Como parimetros utilizados para a comparacio entre servigos e entre projetos de governo eletrénico, podem ser identificados nos modelos examinados, em primeiro lugar, o grau de interatividade dos servigos, em particular, 0 nivel em que o servigo apresente caracteristicas de personalizago e de interacfo ativa entre agéncia e cidaddo. Em segundo lugar, a resolutividade, entendida como capacidade de integrar todas as instancias, processos e informagdes requeridas para o atendimento a demanda do cidadio. Como atributo mais geral, relacionado ao escopo do processo de informatizagao, ha modelos de anélise que consideram 0 impacto dos projetos de governo eletrOnico sobre a estrutura organizacional e sobre a gestio como um todo, de forma que pardmetro de andlise é a intensidade da transformagio associada com a informatizagdo: se restrita a processos e/ou servigos isolados ou se contemplando a integracfio entre os mesmos e no limite, a sua transformagio pelo redesenho de estruturas e processos. 10 2.3. Modelo integrado de maturidade baseado no alinhamento estratégico do governo eletrénico O modelo integrado elaborado por Davison, Wagner e Ma (2005) procura conjugar elementos dos modelos de maturidade com a abordagem do alinhamento estratégico da TI de Henderson ¢ Venkatraman (1993). Essa tiltima representa uma aplicagio a0 campo da TI da teoria do ajustamento entre a estratégia da organizagio e sua estrutura interna, cuja referéncia clissica é o trabalho de Chandler (1962). Assim, além do ajustamento entre a estratégia da organizagio e sua estrutura interna e igualmente requerido o ajuste entre a estratégia de TI e a estrutura organizacional e a gestio de TI. O imperative desse duplo ajustamento supde a capacidade da organizagZo em coordenar e construir apoio internamente para a sustentagZo de um direcionamento coerente da organizagio, alinhando a drea de TI com a estratégia geral. A aplicagZo dessa abordagem na andlise do governo eletrOnico permite focalizar a TI inserida no contexto organizacional. O modelo integrado é uma extensio da formulagio de Henderson e Venkatraman para a TI focalizada no seu escopo mais abrangente e profundo, como governo eletrOnico. A Figura | sintetiza os relacionamentos e componentes que constituem esse modelo. Government Domain ernment Domain lexternal Goverment €— Government Services. —D] _eGgvermment Strategy irateny fi lignment Government ‘Strategy Alignment eGovernment ‘Transformation Transformation + e — + Goverment ‘eGovernment {internal | Infrastructure, | eGovernment Services —>| Infrastructure Processes, Culture and Processes Source: Henderson and Venkatraman (1993) © modelo supde quatro dominios em relagdo aos quais € necessério assegurar o alinhamento estratégico como condicZo para a sustentagio da coeréncia estratégica da organizag’io como um todo: (i) a estratégia do governo, que se refere as definigdes amplas adotadas que conformam o seu posicionamento estratégico; (ii) a infraestrutura, processos e cultura organizacional, que compreende as definigdes adotadas com relagio a arranjos e configuragdes internas que apdiam o posicionamento escolhido e refletem a cultura governamental prevalecente; (iii) a estratégia de TI, que se refere as definiges adotadas para o escopo da TI, capacidades sistémicas e governanga de TI; e (iv) a infraestrutura e processos de TI, compreendendo as definigdes pertinentes aos arranjos e configuragdes que determinam os dados, aplicagdes e infraestrutura tecnolégica utilizado para a prestagdo dos servigos de governo eletrnico. O ajustamento estratégico (strategic fit) 6 a varidvel central que indica o alinhamento que compreende diversos cruzamentos envolvendo as estratégias geral e de governo eletrénico e as componentes organizacionais: infraestrutura e processos do governo como um todo e de Tle ainda, cultura organizacional A aplicagio dessa abordagem a trajet6rias altemativas de desenvolvimento do governo eletronico é 0 avango contido no modelo integrado de Davison, Wagner ¢ Ma. Esse modelo incorpora analiticamente diversas _combinagdes entre 0 desenvolvimento dos servigos de governo eletrOnico, objeto dos modelos de maturidade e da construcio e implementagio de uma estratégia no contexto complexo do governo. Assim, os autores sugerem cinco estagios de maturidade do governo eletrénico, sob diferentes configuracées e trajetérias alternativas. A Figura 2 apresenta as seqiiéncias possiveis de trajetéria entre os referidos estagios e para cada um deles, representados nos quadrados, a matriz. de alinhamentos entre estratégia geral, estratégia do governo eletrOnico, infraestrutura de governo e infraestrutura de governo eletrOnico: cada dominio citado € representado pelo pequeno quadrado escurecido dentro da matriz, Figura 2 1: Government “Rhetoric” =a 2a sence 2: ovement wg 2e:spst Vision Yision Focus = Plan ‘Automation > -Atgnment Se 4: eGovernment Inepraton Weak Alignment > ~Prefernea Path “> __— Less Preferred Path 5: Goverment Transfonnation Fonte: Davison et al. (2005) De uma forma geral, 0 modelo procura refletir a complexidade e as defasagens que possam se verificar entre estrutura e estratégia, considerando que, em organizagdes complexas, uma drea com caracterfsticas e recursos especificos como a responsavel pela condugio do governo eletronico esta organizada e é conduzida com certa autonomia em relagio ao governo como um todo. Os estagios de maturidade podem se encadear sob diferentes seqiiéncias e conduzir a configuragdes especificas de alinhamento entre estrutura e estratégia. O estagio 1 representa a explicitagiio da intengo de implementagio de uma politica de governo eletrdnico sem que estejam configurados uma estratégia ou planejamento nesse sentido. Os autores definem como “estégio retérico” evidenciado pela presenga de site na Internet com nivel de desenvolvimento de seus servigos ainda incipiente. O estégio 2 € definido pelas alternativas de engajamento inicial no govemo eletrénico seja pela construgo de uma visio estratégica de governo (2a), pela construgio de uma visio estratégica do governo eletrénico (2b) ou pelo imediato desenvolvimento de sistemas ou projetos de governo eletrénico (2c). Enquanto as duas primeiras alternativas refletem um caminho de maior convencionalismo pautado pela seqtiéncia racional-formal a tltima reflete a opcZo pela implementago sem uma estratégia previamente delineada. O estégio 3 admite configuragées muito diferentes determinadas pela trajetéria precedente, em cada caso. As trajet6rias que se iniciarem pela construgio da visio estratégica de governo (2a) podem sequencialmente avangar no sentido da realizagZo de um planejamento estratégico de governo com seu desdobramento na area de governo eletrénico (3a) ou seguir um caminho menos desejavel, embora mais plausivel, de imediata implementagio de servigos de governo eletronico (3b). Nesse caso, a consecugao de avangos sera afetada negativamente pela emergéncia de um gap entre a estratégia de governo ¢ a tentativa de desenvolver sistemas e aplicagdes de governo eletronico sem uma adequada compatibilizagdo com essa estratégi As trajet6rias iniciadas com o delineamento de uma visio estratégica especifica de governo eletronico (2b), por sua vez, podem avangar seja em diregdo a insergZo dessa visto numa visio estratégica do governo como um todo (3a), a ser delineada, seja 2 implementagio de servigos de governo eletronico (3c). Ambas so consideradas pelos autores como diregdes desejéveis porque proporcionam ajustamentos, no primeiro caso entre estratégias e no segundo, entre estratégia e estrutura. Finalmente, as trajet6rias que prescindiram de uma visio estratégica iniciando-se 0 governo eletrdnico como iniciativas orientadas para a introducZo de sistemas e inovagdes em TI (2c), podem evoluir para a construgao de uma estratégia de governo eletrdnico (3b), porém comandada pela area tecnol6gica. Essa seria uma trajet6ria desejavel, & qual se contrapée a alternativa desfavordvel do desalinhamento com o planejamento do governo como um todo (3b). Vale destacar que o gap gerado nessa trajet6ria pode se originar seja de uma visio estratégica que no incorpora o tratamento do governo eletronicoe consequentemente, uma visio e planejamento especificos para a TI, compativeis com os seus requisitos e potenciais (trajet6ria 2a-3b), seja da implantagZo de sistemas e servigos e seu avango desguarnecido de uma formulagio estratégica de governo eletrdnico adequada (trajet6ria 2c-3b). 13 estégio 4 representa uma confluéncia na qual é alcangado o pleno alinhamento entre as estratégias de governo e de governo eletrOnico com as estruturas e sistemas de governo eletrénico (4). Possibilita a integragio entre servigos e uma forte colaboragao entre os érgios, embora ainda sem acarretar uma mudanga de estruturas € processos no back office mais ampla e profunda. O estagio 5 culmina a transigao a0 governo eletronico, com a transformagio de estruturas conduzindo a um redesenho organizacional orientado para a integragao avangada com pleno aproveitamento das potencialidades da TI (5). Diferentes trajet6rias so delineadas, com vantagens e desvantagens associadas a cada uma, A primeira, conformando o modelo “estrategicamente alinhado” obedece & seqiiéncia racional-formal, na qual © planejamento precede a ago, reduzindo riscos de desalinhamentos. Mas, incorre em possiveis problemas de tempo prolongado requerido para a implementagio e de erros, decorrentes da rigidez ¢ limitado aprendizado no proceso, A segunda é 0 modelo no qual a TI assume a lideranga do processo, favorecendo a consisténcia técnica e foco dos projetos, mas incorrendo em maior dificuldade de captagio dos apoios necessarios de stakeholders no Ambito do governo como um todo. A terceira trajet6ria é a conduzida pela operacionalizagio de projetos e obtengio de resultados imediatos, proporcionando efeitos demonstrativos positivos, porém permanecendo vulnerdvel ao desalinhamento com as estratégias setoriais ¢ global e & falta de apoio por stakeholders. Eventualmente, poder tornar necessério o redesenho de aplicagdes depois de iniciada sua implementagio, O modelo integrado se presta A comparagio e prescrigdo para a estratégia e 0 planejamento do governo eletrénico. E ferramenta relevante para a identificagao de avangos, hierarquizando as experiéncias e os acontecimentos a elas associados. A comparago é metodologia recomendavel para a compreenstio de experiéncias dessa natureza, porque possibilita a identificagdo e validagdo cruzada de fatores que sejam explicativos de avangos ou fracassos verificados. 2.4. Categorizagio de inovacées em experiéncias de governo eletrénico A operacionalizagio do modelo integrador descrito no item 2.3 se ressente da necessidade de elaboragio de constructos que orientem a coleta de evidéncias para a sua aplicagdo. Essas evidéncias devem ser categorizadas com base nas dimensdes basicas que conformam aquele modelo e sua evoluc%o longitudinal. Para a construgao dessa categorizagio considera-se nesse item um trabalho de levantamento de inovagdes em governo eletrénico nas administragdes ptiblicas estaduais, recentemente realizado (FUNDAP, 2006). Esse trabalho fornece um amplo conjunto de inovagdes que foi classificado para fins de andlise e comparagio. Essa categorizaco é apresentada como subsidio para a aplicagio do modelo integrador aos casos de governo eletronico estaduais. O Ievantamento foi realizado mediante consulta aos governos estaduais solicitando a indicagio — a seu critério — dos principais avangos obtidos na gestio publica desde 2003, classificados em 6 temas, um dos quais governo eletronico. De um total de 19 estados que encaminharam respostas, 12 incluiram em seus relat6rios avangos do governo eletrénico. Essas informagées foram analisadas e agrupadas com base em categorizaco construfda indutivamente, que resultou no delineamento dos seguintes pardimetros para a andlise e comparaco de inovagdes em governo eletronico: - assimilagao do conceito de governo eletrénico na formulagio da politica de TI; ~ centralidade estratégica e transversalidade de implementagio da politica, considerando a estrutura organizacional adotada para o governo eletronico; - nivel de desenvolvimento da oferta de servigos e informagdes por meio eletrdnico, considerando em especial a utilizagao da Internet; = nivel de aplicagio das tecnologias da informagio nos processos ¢ rotinas da administragio publica para o seu desenvolvimento e integragio, aproveitando os potenciais da TI, = avango na construgio da infra-estrutura do governo eletrOnico, contemplando o ‘acesso e a utilizacio de equipamentos e programas e a comunicacio entre drgios e entidades por meio de infovias. Embora sem pretender rigor e exaustividade, essa categorizagZo fornece relevante indicagZo atualizada de tendéncias do governo eletronico em um grupo diversificado e importante de estados, que se presta & construgio de constructos mais préximos & realidade dessas experiéncias, com vistas A sua comparago. Essa categorizagio e as inovagdes a elas associadas que foram informadas pelos estados so apresentados no Quadro 2. Ressalte-se que as informagdes apresentadas referem-se somente a experiéncias iniciadas no periodo dos atuais governos estaduais, desde 2003. Assim, deixam de ser considerados avangos que tenham ocorrido anteriormente a essa data. Quadro 2 Pardmetros de andlise e avangos emergentes na experiéncia dos estados em governo eletrnico Parametro /Avangos informados Estado Visio estratégica ¢ planejamento global de Tecnologia da Informacao. ‘Assimilagio de uma perspectiva abrangente de governo eletrOnico: | Distrito Federal infra-estrutura, sistemas, bancos de dados e informagdes, servigos, | Pernambuco processos ¢ estruturas organizacionais, pessoal, gestio de Paraiba conhecimento, Parand Incorporagio do tema da inclusio digital. Bahia Parana Roraima Exploragio dos nexos com politicas mais amplas: politica Pernambuco industrial, sociedade da informagio, politica cientifica e tecnol6gica. Coordenagio dos investimentos em Tecnologia da Informagio: Distrito Federal orgamento de TI. Minas Gerais* Criagao ou fortalecimento de estrutura organizacional para coordenacao do governo » Realizou diagnéstico de necessidades em TI. 4 Foi prevista a realizagio de plano diretor de TI. Pardmetro /Avancos informados Estado eletronico Criagio de estruturas © mecanismos de coordenagao e articulagio: comités inter-setoriais; insergio no niicleo central do governo; Distrito Federal Pernambuco estruturais matriciais de coordenagio sobre os 6rgiios e entidades; | Roraima conselhos governo-sociedade. Santa Catarina Sio Paulo Revisio do papel das empresas piblicas de informatica: Parana transformagio em autarquia; agencificagZo; reposicionamento Paraiba estratégico. Pernambuco ‘Adogio de formatos de parceria, de terceirizagio e de investimento_| Bahia compartilhado (PPP); Espirito Santo Pernambuco Expansao desenvolvimento da oferta de servicos € informagoes ela Internet Criagiio de canais de entrada tinicos e/ou integrados: portais de servigos e informagdes unificados; portais modulados por clientela (governo, cidadio, servidor ptiblico, empresdrios). Distrito Federal Minas Gerais Paraiba Pernambuco Roraima So Paulo Tocantins Fixagio de padres de servigo, design e operagao de sitios na Internet: normas (decretos); instincias de coordenaco; Distrito Federal Minas Gerais Transparéncia governamental: publicagao de informagoes orgamentérias, financeiras e de contratagdes na Internet; comunicagao institucional; ouvidorias e comunicagaio com 0 piiblico por meio da Internet e outros canais. Goids Parana Construgao da infra-estrutura do governo eletronico e integracao de dados de sistemas € bancos Criagdo, aperfeigoamento ou fortalecimento de sistemas corporativos de apoio a gestio. Bahia Espirito Santo Minas Gerais Paratba Pernambuco Santa Catarina Roraima Sio Paulo ‘Tocantins Criagao de sistemas de informagao gerencial para apoio ao processo, decisério, Bahia Parana Criagio de sistemas de controle de despesas. Bahia Espirito Santo Parané Criagio de sistemas de apoio & gestao de politicas setoriais. Espirito Santo Paratba Pernambuco Parametro /Avangos informados Estado Tocantins Crescimento da informatizagio dos servidores piblicos: nimero de__| Pernambuco computadores: acesso a Internet; uso de e-mail. ‘Acesso a redes: construgao de infovias (Intranets) integradoras. Pernambuco Parafba Gestao de seguranga da informagio. Minas Gerais 2.5. Refinamento do modelo ¢ sua operacionalizacio na pesquisa Como propésito fundamental dessa pesquisa, pretendeu-se refinar e tornar operacionalizavel o modelo integrador para a andlise do governo eletronico. Para tanto, recorreu-se a categorizagao de evidéncias baseadas nos avangos verificados nas experiéncias brasileiras de governo eletrOnico objeto do item 2.4 procedendo a sua combinacZo com os estigios de maturidade delineados no modelo (item 2.3). Organizada na forma de questdes, essa categorizagao é apresentada no subitem 2.5.1. Essas questées e sua associacio com os estigios e configuragdes de governo eletrdnico orientaram 0 trabalho de coleta de informagdes, especialmente as entrevista As configuragdes de desenvolvimento do governo eletrdnico sugeridas por Davison et al. (2005) sto particularizadas como conjuntos de evidéncias tipicas, baseado nas evidéncias previamente categorizadas e corroborado por novas informagdes coletadas na pesquisa. Essa descrigdo das configurages como tipificagio é apresentada no subitem 2.5.2. Finalmente, a mesma particularizacio € realizada para as trajet6rias entre os estégios de governo eletronico, ampliando a tipificagio sugerida para apoiar a anilise das situagdes de avango de uma configuragio associada a um estigio para outra, em estigio de desenvolvimento superior. A categorizagio de trajet6rias € apresentada no subitem 2.5.3. Embora as evidéncias da pesquisa nfo tenham fornecido uma diversidade de configuragdes de governo eletrénico congruente com todas as configuragées e alternativas de trajet6ria delineadas, conforme apresentado nos resultados (item 4) considera-se que o framework desenvolvido seja itil para a pesquisa de casos adicionais. 2.5.1, Evidéncias de desenvolvimento do governo eletrénico © Quadro 3 apresenta para cada estigio de maturidade do governo eletronico, inclufdas suas possiveis configuragdes alternativas, um rol de questées que focaliza a eventualidade de evidéncias discriminadoras. A proposigio dessas_possiveis evidéncias considerou as experiéncias em curso e suas tendéncias, no contexto da administracio publica estadual. As questées e sua categorizagio fundamentaram a elaboragao do roteiro de entrevista utilizado na pesquisa (veja item 3 e Anexo 1). Quadro 3 Categorizacio de questdes para coleta de evidéncias das experiéncias de governo eletrénico Evidéncias (Questoes) Ha definigao (intengao) estratégica sobre o governo como um todo? Hi definicdo (intengao) estratégi sobre governo eletrénico? Hi sites e servigos informativos na Internet? ca 2a. Vi io estratégica 2b. Visio de governo eletronico 2c, Foco em sistemas Ha uma visdo estratégica sobre 0 governo como um todo? Ha uma visio estratégi governo eletrénico? Hi sites e servigos interativos na Internet? Hé integragao de sistemas em Ambito setorial” Ha Intranets setoriais? Ha utilizagao de comunicagao eletrénica (e-mail) setorizada? Ha descentralizagio e autonomia na gestio de TI? sobre 0 3a, Planejamento estratégico de governo 3b, Desajustamento entre estratégia e governo eletrdnico 3c. Governo eletrénico automatizador Ha planejamento de objetivos metas de governo? Qual o seu alinhamento com 0 governo eletrénico? Ha planejamento de objetivos e metas de governo eletrénico? Qual 0 seu alinhamento com 0 governo? Ha instancia de coordenagao do governo eletrénico? Ha iniciativas de coordenagao de gastos em TI? Ha portal unificado de governo eletrénico? Ha integragao de istemas em curso, ultrapassando limites setoriais? Hé Intranet de governo em implantagao? Hé utilizagao de comunicagio eletrénica (e-mail e outros) ultrapassando limites setoriais? 4. Governo eletronico integrador Hi alinhamento entre estratégia de governo, de governo eletrénico ea estrutura e sistemas de governo eletrénico? Ha instancia de coordenagao de Estagio/Configuragoes Evidéncias (Questoes) ‘governo eletrOnico inserida no nivel estratégico de governo? Ha coordenagao dos gastos em TI? Ha alinhamento estratégico das empresas publicas de informatica? Ha padrdes de servicos eletrénicos? Ha servigos eletrénicos integrados envolvendo sistemas e setores? Ha istemas integrados entre setores? Hé infovia de governo? Hé Intranet de governo? Hé comunicagiio eletrénica (e-mail ¢ outros) de governo? Ha transagdes internas ¢ externas com certificacao digital? 5. Governo eletronico transformador Tdem 4a. Idem 4b. Hi reestruturacdo de érgaos orientada pela integragao entre processos por meio da TI? Ha integragao entre servigos de balcdio unificado (SAC) com o governo eletrénico? Ha formas e arranjos organizacionais virtuais (redes) em politicas e/ou dreas estratégicas? Hi servigos eletrénicos resolutivos com automagio do back office? Ha transagdes eletronicas internas € externas juridica e administrativamente reconhecidas? Hi Intranet de governo com servigo de telefonia incorporado? Ha substituigao de midias e meios de comunicagao por ferramentas virtuais (video-conferéncia e workplace; e-work groups; consulta piblica eletrénica; eventos jo eletronica, eletrénicos; publicac: etc.) 2.5.2. Configuracdes de desenvolvimento do governo eletrénico A. categorizagao das evidéncias da pesquisa procurou particularizar as quatro componentes da matriz. estratégica delineada no referencial te6rico para possibilitar a investigagio da sua manifestago nos casos analisados. Essa particularizagio se baseou em levantamento dos avangos verificados nas experiéncias estaduais de governo eletrénico no Brasil (FUNDAP, 2006) e nas préprias evidéncias colhidas nas entrevistas e exame de documentos dos cinco casos. Dessa forma, as configuragdes de estagios de maturidade do governo eletronico podem ser caracterizadas de uma forma geral conforme a descri¢Zo apresentada no Quadro 4. As configuragdes so baseadas na elaboragdo de Davison et al. (2005), a partir das quais sio detalhadas evidéncias tipicas que no seu conjunto compéem um quadro descritivo genérico. O primeiro estgio evolutivo de maturagio assume a configurayéo do governo eletrénico como simples “retorica” e no como politica piiblica efetiva. O segundo estigio pode assumir trés configuragdes: visio estratégica de govemno; visio de governo eletrénico ou foco em sistemas. O terceiro estagio também admite tés configuragdes: planejamento estratégico de _governo; desajustamento entre a estratégia de governo e 0 governo eletrénico ou governo eletrénico automatizador. O quarto estégio € 0 do governo eletrdnico integrador. O estdgio culminante é o do governo eletrénico transformador. Quadro 4 Evidéncias tipicas das configuracées dos estagios do governo eletrénico Estagio/Configuragdes Evidéncias Tipicas Tniciativas como a criagao de sites de servigos 1. “Retorica” informagGes na Internet ocorrem de forma isolada por iniciativa dos érgaos e entidades ou como simples divulgacdo institucional do governo. A organizagdo e forma de atuagao da area de tecnologia da informagao é ainda tradicional, inserida como ferramenta ou servigo técnico especializado. © governo tem uma visao estratégica claramente 2a, Visio estratégica de formulada e conhecida que identifica, dé unidade e governo direciona a administragio publica para a transformacio da infra-estrutura, processos e cultura. Mas, nio esta incorporado a essa visio 0 aproveitamento dos potenciais do governo eletrOnico. Hi uma visio estratégica sobre o governo 2b. Visio de governo eletrnico, mas ela nio esté apoiada numa visio do eletronico governo como um todo. A implementacZo do governo eletrénico é obstaculizada pela falta de alinhamento estratégico do governo como um todo. Projetos e iniciativas tipicos do governo eletronico 2c. Foco em sistemas so implementados de forma setorizada: sites de 20 Estagio/Configuragdes Evidéncias Tipicas ‘Servigos e informagoes na Internet; intranets; correio eletrOnico (e-mail) e sistemas e bancos de dados setoriais. Nao ha uma visio estratégica do seu alinhamento com 0 conjunto da administragio piiblica e com a politica do governo. Esses projetos si limitados na sua abrangéncia e efetividade devido & falta de coordenagio e integracZo entre os Grgios e entidades. 3a, Planejamento estratégico de governo planejamento de objetivos e metas do governo inclui o governo eletr6nico. Esse planejamento expressa uma visio estratégica e tem efetividade na sua implementagdo, resultando em um programa de governo eletronico alinhado com as prioridades do governo como um todo. 3b, Desajustamento entre estratégia e governo eletronico ‘A deficiéncia de visio estratégica e planejamento da politica de tecnologia da informagZo acarretam a implementagdo de projetos nessa area sem 0 aproveitamento dos potenciais integradores transformadores do governo eletronico. Constata-se © desalinhamento entre a visio e o planejamento do governo e os projetos ¢ iniciativas em tecnologia da informagio. Essa situagZo pode ser atribufda seja & visio estratégica do governo como um todo, seja & condugio setorizada dos projetos na érea de tecnologia da informagio. 3c. Governo eletrénico automatizador Hi uma politica de governo eletronico apoiada em visio estratégica e planejamento da tecnologia da informago. No ambito dessa politica, hé uma implementagdo parcial ou mesmo obstaculizada, de projetos abrangentes na sua formulaga0, com impactos potenciais vislumbrados, sobre o conjunto da administrago publica: portal unificado de servigos e informagdes; integragdo de sistemas e bancos de dados; intranet de governo (infovia), e comunicagao eletronica (e-mail e outros). A implementagdo dessa politica é limitada pelo seu insulamento na area de tecnologia da informagio, sobretudo devido & falta de visio estratégica e planejamento do governo como um todo. 4. Governo eletrénico integrador ‘A politica de governo eletronico é apoiada em visio estratégica e planejamento da tecnologia da informagio, em alinhamento com a visio e 0 planejamento do governo em seu conjunto, Ha uma 21 Estagio/Configuragdes Evidéncias Tipicas implementago avangada dos projetos de governo eletrénico mencionados com relagiio ao estégio 3c, impulsionada pela coordenagio e colaboraciio entre 0s 6rgiios e entidades. Referidos projetos geram impactos sobre 0 conjunto da administragio publica, particularmente: fixagio de padrdes de prestagao de servigos eletrOnicos; servigos eletronicos integrados envolvendo sistemas e setores; sistemas integrados entre setores; infovia e intranet de governo e comunicacio eletrénica (e-mail e outros) disseminada em toda a administragao ptiblica. 5. Governo eletrénico transformador A politica de governo eletrOnico e a politica do governo no seu conjunto alinharam suas visdes estratégicas e seu planejamento, implementando projetos de alta relevancia para o desempenho global do governo com aplicacio intensiva da tecnologia da informagao. Ditos projetos implicam em reestruturagio de drgiios e entidades orientada pela integracdo entre processos. Um conjunto expressivo de projetos tipicos de governo eletronico est em implementago avangada abrangendo em sta maioria ou no seu conjunto: integrago entre servigos de balcio unificado (SAC) com 0 governo eletrOnico; formas e arranjos organizacionais virtuais (redes) em politicas e/ou areas estratégicas; servigos eletrOnicos resolutivos com automagio do back office: transagdes eletronicas internas e externas juridica e administrativamente reconhecidas; intranet de governo com servigo de telefonia incorporados e substituigdo de midias e meios de comunicagio por ferramentas virtuais de comunicagao (video-conferéncia; e-workplace: e- work groups; consulta piblica eletrénica; eventos eletrOnicos: publicagao eletronica, etc.). 2.5.3. Trajet6rias de desenvolvimento do governo eletronico © encadeamento temporal entre as configuragdes de estgios resulta em alternativas de trajetér s de maturagio do governo eletrénico, conforme a descrigdo apresentada no Quadro 5. A construcdo do quadro descritivo das trajet6rias procurou ir além da elaboragao de Davison et al. (2005) ao categorizé-las de forma mais precisa, com vistas a tornar factivel a sua operacionalizagao na pesquisa. Foram sistematizadas 11 trajetérias alternativas que se distribuem pelas quatro seqiiéncias nas quais pode haver o avango de um estagio para o subseqiiente mais avangado. Entdo, a partir do estagio de simples “retorica’, 0 governo eletrénico pode ser inserido na agenda governamental como parte de uma visio estratégica de governo (trajetéria 1-2a); como uma visio estratégica formulada para 0 governo eletrénico (trajetéria 1-2b); ou como um conjunto de projetos e agdes implementados com componentes de governo eletrénico implementados isoladamente (trajet6ria 1-2c). avango a partir da insergao na agenda para a conformagio de planos e projetos de governo eletrnico pode se dar sob diferentes trajetérias: a insergdo do governo eletrénico como programa do planejamento de governo a partir de uma visio estratégica de governo (trajetéria 2a-3a) ou de uma visio estratégica de governo eletrOnico (trajet6ria 2b-3a); a implementagio de projetos e agdes de governo eletrdnico desconectada do planejamento do governo como um todo, devido a falta de uma visio de governo eletronico (trajet6ria 2a-3b) ou pela auséncia de visio e planejamento do governo como um todo (trajet6ria 2c-3b); e finalmente, a implementagio do governo eletrénico como um programa estruturado, a partir de uma visio estratégica do tema (trajet6ria 2b-3c) ou de um avango em projetos e agdes de governo eletrénico para sua disseminago horizontal, embora sem o respaldo num planejamento global de governo ou da area de tecnologia da informagio (trajet6ria 2¢-3e). As trajet6rias entre as configuragdes do estigio 3 ¢ 4 e entre 0 estigio 4 e 5 no admitem alternativas: trata-se de avancar, na primeira situago, de projetos ou de um programa de governo eletrénico em implementagio para a geragdio de impactos na integracZo entre os Srgios, entidades e dreas de governo, impulsionada pela tecnologia da informagao (trajet6ria 3-4). A integragio avancada, com a transformagio em estruturas e processos que resulte em novas conformagdes organizacionais assinala a passagem para 0 estigio de maior maturidade do governo eletronico (trajetéria 4-5), Quadro 5 Evidéncias tipicas das alternativas de trajet6rias de maturagio do governo eletrénico Avango de Alternativas de Evidéncias Tipicas Estagio Trajet6ria O governo decide pela formulagio de uma visio estratégica transformadora, Da“retérica” paraa | mas no ha intengio de adogo do visio estratégica de governo eletrdnico. As atividades e governo projetos na drea de tecnologia da informagio se mantém no modelo Avango de Estagio Alternativas de Trajet6ria Evidéncias Tipicas Daretérica” para a insergao do governo eletroni na agenda governamental co Seqiiéncia de trajetéria 1-2 Trajetoria I-2a tradicional. Iniciativas de oferta de servigos e informages na Internet continuam a ocorrer de forma isolada e esporddica, Da“retérica” paraa visio estratégica do governo eletronico Trajetria 1- 2b A intengao de adogao do governo eletrénico se explicita em instancias ou Srgios de direcdo estratégica da administracao, conduzindo a decisio pela formulagio de uma visio estratégica de governo eletrénico. Es visio permanece circunscrita as dreas envolvidas com a transformagio da gesttio da tecnologia da informa Da“retérica” parao “foco em sistemas” ‘Trajetéria 1-2c Iniciativas esporadicas e isoladas| avangam para a implementagio de projetos e ages do governo eletrénico, por iniciativa das areas de tecnologia da informagio ou de érgios e entidades com capacidade empreendedora e recursos, Da visio estratégica de governo para 0 governo eletronico inserido no planejamento estratégico Trajet6ria 2a-3a ‘A visio estratégica transformadora requer a incorporagio da tecnologia da informagdo como componente potencializador da integragio e transformacio de estruturas e processos. Consequentemente, o planejamento estratégico de objetivos e metas inclu um conjunto de projetos de governo eletrdnico, alinhados com as prioridades do governo. Da visio estratégica de governo para 0 planejamento estratégico desconectado dos projetos e iniciativas de governo eletronico Trajet6ria 2a-3b A visto estratégica transformadora no assimila os potenciais da tecnologia da informagio. O planejamento estratégico no inclui projetos de governo eletrOnico com centralidade prioridade, Projetos e iniciativas em tecnologia da informagio sio formulados em alinhamento com o planejamento de governo, porém sem uma visto avangada, permanecendo aquém de seus potenciais transformadores. A visio estratégica do governo Avango de Estagio Alternativas de Trajet6ria Evidéncias Tipicas Da insergiio na agenda governamental para o planejamento e implementagio de projetos de governo eletrénico Seqiténcia de trajetéria 2-3 Da visio estratégica de governo eletronico ara o governo eletrOnico inserido no planejamento estratégico Trajetéria 2b-3a eletronico impulsiona e influencia a construgao de um planejamento estratégico de governo abrangente e transformador. Consequentemente, 0 planejamento estratégico de objetivos e metas de governo é alinhado a visio do governo eletrénico. Da visio estratégica de governo eletronico ara o governo eletronico automatizador Trajet6ria 2b-3c Do “foco em sistemas” para o governo eletrénico automatizador Trajet6ria 2c-3c A visto estratégica do governo eletrOnico orienta a formulaco e implementagao de projetos de governo eletrOnico. Esses projetos so conduzidos por instincias e mecanismos de coordenagio e articulagio entre Orgiios e entidades que sao circunscritos a drea de tecnologia da informagao. ‘A aluuagio de areas de tecnologia da informagio ou de 6rgios responsaveis por projetos de informatiza¢io com impactos horizontais promove o avango para o governo eletronico como politica e planejamento emergente, embora sem respaldo no planejamento do governo como um todo. Essas areas e/ou érgios fortalecem a sua insergio no governo com a formulagao de um planejamento estratégico para a tecnologia da informago que incorpora as concepgdes do governo eletrnico. Os projetos sto cada vez mais formulados e implementados em alinhamento com um planejamento abrangente do governo eletrdnico, mas essa politica permanece circunscrita. Do “foco em sistemas” paraa implementagio de projetos e iniciativas de governo eletrdnico ‘A aluagio de areas de tecnologia da informagio ou de orgios responsaveis por projetos de informatizacio possibilita o avango dos projetos para a incorporagio das concepgdes do governo eletronico, mas o planejamento do governo e suas prioridades sio Avango de Estagio Alternativas de Trajet6ria Evidéncias Tipicas Trajetoria 2e-3b “Obsticulos a projetos com essas caracteristicas. Assim, sua atuagao tende a0 empreendedorismo, com a ocupagio de espacos e mobilizagao de apoios e recursos para viabilizar projetos com impactos horizontais sobre o conjunto da administragao piblica. Diversamente da trajet6ria 2a-3b os projetos incorporam uma visio avangada da tecnologia da informagao que nao encontra respaldo no planejamento do governo como um todo. Do planejamento e implementagio de projetos de governo eletronico para o governo eletronico integrador Trajetria 3-4 ‘A implementagio com resultados de um conjunto estruturado de projetos em governo eletronico é viabilizada pelo planejamento estratégico de governo seu desdobramento em um programa de governo eletrénico (trajetéria a partir de 3a) ou pelo avango de programas de governo eletrénico quando ganham influéncia sobre o planejamento e organizagZo do governo como um todo (trajet6ria a partir de 3c). Esses projetos dependem da coordena colaboracZo entre os érgios, entidades e reas de governo, o que impoe a constituicdo de instncias de condugiio estratégica do governo como um todo e do governo eletronico. Na primeira situagdo descrita, ha uma atuago bem sucedida das instancias pré-existentes de coordenagio estratégica de governo. No segundo caso, a coordenagio do governo eletronico consegue romper insulamento e explorar os desdobramentos dos projetos iniciativas de tecnologia da informagio para a obtengio de impactos em nivel estratégico. Isso resulta na estrutura de um planejamento do governo como um todo e suas instancias de coordenagio. A mesma trajet6ria pode ocorrer a partir do ajustamento entre 0 26 Avango de Alternativas de Evidéncias Tipicas Estagio Trajet6ria planejamento de governo e os projetos na drea de tecnologia da informagao (trajet6ria a partir de 3b). ‘A transformagao em estruturas © Do governo Trajet6ria 4-5 processos é viabilizada de forma crucial eletronico pela implementagio dos projetos do integrador para 0 governo eletrOnico. As instincias de governo eletrénico coordenagiio estratégica de governo e do transformador governo eletronico tendem & convergéncia e as dreas de tecnologia da informacio atuam cada vez mais interpenetradas com a gestio. As agendas de modemizagio e inovagio da gesto e de governo eletronico também convergem. Os potenciais integradores da informatica so utilizados como relevantes facilitadores das mudangas na gestio. 3. Metodologia Essa pesquisa € um estudo de caso miiltiplo voltado para aplicagaio de um modelo de andlise do desenvolvimento do governo eletrOnico ao estudo da trajetéria de cinco estados brasileiros: Alagoas, Minas Gerais, Parand, Pernambuco e Sio Paulo, Com relago aos seus fins, trata-se de pesquisa explicativa, voltada para a busca de fatores e relagdes causais que expliquem a resisténcia aos sistemas informatizados na administragio publica (VERGARA, 2000). O método hipotético-dedutivo € 0 que se afigura adequado ao problema: trata-se de estudar experiéncias com vistas a sua comparacZo e progressiva validagio ou aperfeigoamento de teorias explicativas que fornegam recomendagées prescritivas aos implementadores de sistemas. Com relago aos meios, a pesquisa é um estudo de caso muiltiplo focalizando cinco experiéncias de governo eletrénico, conforme mencionado. A op¢io pela estratégia de pesquisa de caso se fundamenta na multidimensionalidade, complexidade e riqueza de fatores e circunstincias que afetam a implantagio de sistemas informatizados nas organizagdes (YIN, 2001). As experiéncias estaduais de governo eletrdnico se apresentam sob diferentes estigios de desenvolvimento, conforme marco analitico preliminarmente delineado. estudo de caso miiltiplo propiciara a comparagio e identificagio de fatores criticos ao desenvolvimento dessas experiéncias, inclusive da associagio entre esses fatores e os estigios de governo eletronico. 27 ‘A pesquisa recorreu a fontes documentais e a pessoas vinculadas aos érgios responsaveis pela conducio dos programas de governo eletrdnico, em cada caso. Entrevistas semi-estruturadas foram realizadas, com um roteiro de questdes sugestivo, aberto as preferéncias e énfases de cada entrevistado (veja Anexo 1). Foram entrevistados 8 dirigentes diretamente envolvidos com a formulagio e implementagio da politica de governo eletrénico em cada estado (veja Anexo 2), entre outubro e dezembro de 2006. As entrevistas foram presenciais, por telefone e por e-mail, conforme a conveniéncia de acesso. Um registro escrito foi gerado pelo pesquisador apés cada entrevista e validado junto 2 fonte. No caso de Alagoas, a entrevista foi respondida por escrito pelas duas fontes, com base no roteiro de questées e complementada por entrevista telefnica. Além disso, foi examinada documentagio coletada diretamente pelo pesquisador ou mediante indicagiio dos entrevistados. Os cuidados de validagio da pesquisa incluiram a busca de consisténcia entre as hipsteses eo marco analitico com as questdes objeto do roteiro de entrevistas. As evidéncias das entrevistas foram sempre que possivel validadas por meio da sua confrontagio com a evidéncia documental. A pesquisa pretendeu fornecer evidéncias para a replicarao dita “literal” das abordagens sob exame (YIN, 2001: 123-127). O tratamento dos dados foi orientado pela analise iterativa a luz das dimensdes, fatores e evidéncias sistematizados no marco teérico. 4. Descrigao dos casos A descrigao dos casos € baseada nas evidéncias obtidas por entrevistas ¢ andlise de documentagio dos cinco estados pesquisados e objeto dos subitens que se seguem: Alagoas, Minas Gerais, Parana, Pernambuco e Sio Paulo. As evidéncias foram sistematizadas na forma de narrativa que procura reconstituir a seqiigncia de desenvolvimento do governo eletrénico e possiveis nexos causais ou de inter-relago emergentes na andlise dos casos que sejam pertinentes para a anilise de resultados da pesquisa, apresentada no item 5. 4.1, Alagoas O Orgio de informatica publica do estado foi precursor na criagiio de um site de servigos e informagées de governo, como iniciativa isolada, em 1996, que incorporava uma visio embriondria de governo eletrOnico. A partir de 2001, inicia a implantago de uma infovia para atender aos Orgios e entidades da administragZo estadual. A expansdo da infovia é conjugada & oferta de servigos de rede, em especial © de e-mail, 0 que leva A disseminago da micro-computagao (PC) e do acesso & Internet entre as secretarias estaduais. A formulago de uma visio de governo eletrdnico no Estado emerge por iniciativa dos dirigentes e técnicos desse drgio que a0 longo de 2003 advogam com sucesso a sua insergdo no planejamento plurianual para o perfodo 2004-2007. 28 O governo eletrénico é inserido como ago que compée um dos eixos basicos do planejamento de governo, voltado para a introdugao de inovagdes na gestio. Uma estrutura de coordenagio inter-setorial € criada em 2004, articulando as secretarias com atuagio transversal ¢ atribuindo ao érgio de informatica um papel chave na formulagio e implementagio técnico-operacional dos projetos e agdes. As areas de apoio em tecnologia da informagio de todos os érgios e entidades sio também vinculadas a uma estrutura de coordenagio, submetida ao comando estratégico do governo eletrénico. A expansio da infovia ganha impulso com a sua conformagao institucional como infovia do governo, de uso obrigat6rio, integradora do conjunto de Grgios e entidades. Avangos setoriais importantes sio viabilizados em projetos apoiados na oferta de conexio & Internet: educagio & distancia; gestdo de informagGes gerenciais sobre as escolas; automatizagio e interligago de procedimentos das delegacias de policia e implantacZo de sistema de informagdes em satide valendo-se da interligagZo entre municipios Na area de compras governamentais, o langamento de um portal na Internet se deu associada com a reestruturagio organizacional do setor, por meio da criagio de uma entidade prestadora de servigos de apoio administrativo, em 2005. O estabelecimento de padrdes apoiado em mecanismos de avaliagio e de suporte técnico aos sites governamentais na Internet ocorre a partir de 2006, mas nao foi ainda implementado um portal tinico integrador de servicos e informagées na Internet. 4.2. Minas Gerais © governo eletrénico emergiu como demanda dos dirigentes responsaveis pela elaboragao da visio e do planejamento estratégico do governo, iniciado em 2003. Um diagnéstico contratado junto a consultoria técnica gerou recomendagdes e 0 delineamento das agdes, que sio incorporados ao plano do governo, cuja elaboragZo € concluida ao final desse mesmo ano. O governo eletrénico compée um conjunto selecionado de programas submetidos a um regime intensivo de gerenciamento, a partir do comando do governo, aos quais se atribui elevado valor estratégico. programa € conduzido a partir de uma unidade criada em 2003 na secretaria responsdvel pelas dreas de planejamento, orgamento e gestdo, apoiado por estrutura de coordenagio inter-setorial que retine dirigentes estratégicos de todas as secretarias. Além disso, uma estrutura informal articula com maior intensidade os gerentes das freas de tecnologia da informagio, na forma de forum para intercimbio de informagées e discusso dos projetos de governo eletronico. A implementagio dos projetos de governo eletrdnico durante © perfodo 2003-2006 foi apoiada no peso politico e insergio transversal da secretaria que abriga o programa, num contexto em que foi perseguido o alinhamento dos érgaos e entidades a uma politica de ajuste fiscal apoiada em inovagdes na gestio. A secretaria em questo era também responsavel pela coordenagiio dessa politica. 29 O governo eletrénico registrou avangos na geragao de informacées gerenciais pelos sistemas corporatives para 0 controle de despesas, particularmente na execucio financeira e na folha de pagamentos. A criagio de um portal de compras na Internet, em 2004, ¢ a disseminagio de modalidades de licitagio eletronica e de licitagdes coordenadas entre diversos rgios, possibilitou a unificagio de canais. de relacionamento com os fornecedores € 0 aperfeigoamento dos procedimentos, alcangando parcela expressiva das compras governamentais. Com maior visibilidade, avangos ocorreram também na prestagio de servigos informagées pela Internet, com a criagio, em 2005, de um portal tinico integrador e a fixagdo de padres, normas e metas para todos os sites governamentais, interligados ao portal. A integragio entre as centrais de atendimento telefénico e 0 portal tinico foi outro avango, nesse caso com algum impacto transformador sobre processos de trabalho tradicionais: as centrais foram unificadas e o atendimento reestruturado para utilizar as informagGes do portal, com redugio de despesas e melhoria da qualidade do servigo. 4.3. Parana A politica de governo eletrénico resultou de demanda especifica do governador do Estado, em 2000, que mobilizou dirigentes e técnicos da Casa Civil, da ouvidoria, da secretaria responsdvel pela area de ciéncia e tecnologia e da empresa estadual de informatica, para a elaboragiio da visio e do planejamento do programa. Jé em 2001 © programa ¢ formalizado com a edigio de um decreto estabelecendo diretrizes criando sua estrutura de coordenago. Concomitantemente, € inaugurado o portal unificado de servicos e informagdes do governo na Internet. © goveno eletronico € proposto num contexto de debilidade do planejamento do governo como um todo, evidenciado pela percepgio de fragmentagio e falta de uma visio unificadora ou de prioridades com impacto mobilizador sobre © conjunto da administragio estadual. Essa avaliagio, colhida em entrevista, € respaldada pela inexisténcia de documentagio contendo visio e/ou definigées estratégicas de governo, exceto os planos plurianuais de programagio orgamentaria, obrigatdrios na administragio publica brasileira. Essencialmente, essa situaga0 se mantém ao longo dos dois periodos subseqiientes, desde 1999, a despeito da descontinuidade, devido & mudanga de governador em 2003. O programa é conduzido em nivel estratégico por um comité inter-setorial, a partir da Casa Civil, apoiado em grupos de trabalho e em uma estrutura sistémica de coordenagio de todas as secretarias estaduais, por intermédio dos seus dirigentes executivos. Mas, os trabalhos técnicos e operacionais sao realizados em sua maioria pela empresa estadual de informatica, embora na pratica exerga papel influente na articulagdo e formulagao dos projetos. Essa empresa, que tinha atuagdo continua em governo eletrénico, na forma de iniciativas precursoras de oferta de servigos na Internet, desde 1995, acumulou expertise no tema, passando a ocupar posicio proeminente no arranjo de sustentacdo 30 do programa. Desde 2003, apesar de mantida basicamente a mesma estrutura organizacional do programa, a empresa ganhou maior autonomia e iniciativa na formulagio e implementagao dos projetos e ages, em fungio do esvaziamento das instncias de coordenagio estratégica. Ha expansio e desenvolvimento nos servigos oferecidos na Internet, apoiada em trabalho de articulagao junto aos 6rgios e entidades, realizado pela empresa estadual de informédtica, responsdvel pela atualizagio do portal unificado. A divulgagzo continua de dados e informagées sobre 0 orgamento e as contas piiblicas tém sido realizadas por meio de um sife de transparéncia mantido pelo governo. A gestio dos servicos permanece inteiramente descentralizada e nao se adotou no Parand a fixacio de padrdes ou de mecanismos de acompanhamento e avaliagio. Os avangos obtidos na integragdo entre sistemas so iniciativas setoriais, destacando- se no periodo recente, a integracio entre sistemas da area de arrecadagio e fiscalizagio para o controle sobre a regularidade fiscal do contribuinte, envolvendo os cadastros das areas de fazenda e de transito, Embora dispusessem de uma infra-estrutura de rede unificada, inteiramente provida pela empresa estadual de informatica, a contratagio e utilizagio dos servigos permanece responsabilidade de cada 6rgio ou entidade. A’ contratagio de equipamentos e servicos e a gestio dos recursos em tecnologia da informagio também se mantém inteiramente descentralizada, 4.4, Pernambuco O interesse pelo governo eletronico surge na forma de iniciativas precursoras de oferta de conectividade, servigos de rede, comunicacZo por e-mail e desenvolvimento de sites na Internet, conduzidas pela empresa estadual de informatica, desde 1995. Essa empresa criou uma coordenagéo de Internet na sua estrutura, promoveu treinamentos € eventos de divulgacio, fomentando o interesse das secretarias estaduais pelas novas tecnologias e ferramentas. No perfodo até 1998, expande seus servigos nessas novas atividades e aprofunda a exploragdo das suas potencialidades, com a oferta de acesso publico a Internet, na biblioteca estadual e a informatizagao do distio oficial, com recebimento de matérias por via eletronica e publicago do jomal na Internet, Sao inovagdes que resultaram de projetos desenvolvidos para clientes da empresa, no ambito da administrago publica. O periodo de governo entre 1999 e 2002 € marcado pela construgao de uma visio acompanhada de um planejamento de governo com énfase na reforma do estado, porém sem um tratamento especifico da tecnologia da informacio na formulacio estratégica entdo elaborada. Nao obstante, dirigentes da empresa de informatica se empenharam em desenhar modelos e conquistar a aceitagdo para a estruturagio de um programa abrangente de governo eletr6nico, junto ao alto escalio de governo. © planejamento da transigo para o perfodo de governo subseqiiente - de continuidade, devido & reeleigdo do governador — marca a incorporaco explicita do 31 governo eletrOnico, formalizada como programa, com suas respectivas estruturas de coordenagio e implementago, j4 no inicio de 2003. O programa se insere como componente da modemnizagio da gestio e reforma institucional, ampliando a formulagio adotada no governo precedente e introduzindo com centralidade uma agenda que focalizava a construgio da infra-estrutura de governo eletrdnico e 0 apoio a modernizacio da gestio. A estrutura organizacional adotada abriga 0 programa de governo eletrénico na secretaria responsivel pela reforma do estado, cria instincias de coordenagio estratégica inter-setoriais ¢ de operacionalizagio de projetos © atividades, essas liltimas, envolvendo as areas de tecnologia da informagio das secretarias. Como caracteristica destacivel, a estrutura € criada no bojo de ampla reestruturagio organizacional do Estado, como parte de um novo desenho que procura estabelecer mecanismos de coordenagao transversal entre os 6rgios e entidades. Além disso, a reestruturagdo incluiu a empresa estadual de informatica, transformada em agéncia para assumir novo formato de organizagiio e atuagio, voltado para 0 desenvolvimento de projetos ¢ a contratagao terceirizada de servigos, ao invés da sua prestaciio direta como no modelo pré-existente. Dessa forma, reduziu seus quadros de pessoal e adotou mecanismos de planejamento estratégico e contratualizagio de resultados. A construgio de uma infovia integradora dos érgios e entidades da administragi0 estadual foi projeto prioritario, concluido em 2005 e desde entio gerenciado por meio da contratagio unificada de acesso e servigos de rede, com a introdugio de formato inédito de terceirizagao. Projeto de caracteristicas similares esté em curso para a contratagio de servigos de armazenamento de dados, aplicativos e manutengio de equipamentos. No perfodo de 2003 a 2006, ha avangos setoriais no desenvolvimento de sistemas e de servigos eletrénicos com utilizagio intensiva da Internet e da comunicagio em rede: a informatizagio da drea de transito (Departamento Estadual de Transito) e da Secretaria da Fazenda, a implantagio do agendamento de consulta pela Internet, no Ambito do Sistema Unico de Satide e da matricula escolar, controlada por sistema informatizado Gnico, na rede publica de ensino fundamental. Sistemas corporativs de automagio das atividades administrativas comuns aos Orgios ¢ entidades esto em processo de atualizagao tecnolégica, nas areas de folha de pagamentos, controle de pessoal e compras, inclusive com criagio de servigos acesso a informagées na Internet. No caso das compras governamentais, a criagio de um portal na Internet impulsionou mudangas mais profundas, tansformando procedimentos tradicionais, com a disseminagio de modalidades eletronicas de licitago e servigos aos fornecedores governamentais. De uma forma geral, a prestagdo de servigos na Intemet por meio de sites governamentais mantém a descentralizagio e conseqiiente dispersio de iniciativas. Nao hé avango em diregio a criagdo de um portal unificado de servigos e informagdes. Da mesma forma, as iniciativas de integragao entre sistemas ainda sio pontuais, embora com inovagdes importantes como a implantago de um sistema de gestio integrado para informagdes gerenciais. 4.5. Si Paulo Desde 1995, emerge uma estratégia de goveno com forte direcionamento para ajuste fiscal, a qual impulsiona projetos e iniciativas na drea de gestio que exigem coordenagio e transversalidade, abrangendo 0 conjunto da administraga0 publica estadual. A implementagio dessa estratégia gera a demanda por sistemas de informagio e de controle com requisitos avangados de aplicagio de tecnologia da informagio. Entretanto, nfo havia uma visio estratégica do governo eletronico naquele momento. O planejamento e a construgo de estruturas organizacionais compativeis com uma insergio estratégica da tecnologia da informagio sto postergados por um perfodo prolongado. Assim, em Sio Paulo 0 governo eletronico € implementado por meio de arranjos informais e sua estruturagio como programa se 4 somente em 2003. No period 1995-1998, so implementados projetos com impacto critico sobre desempenho do ajuste fiscal, porque potencializam a integra¢do e controle sobre 0 conjunto da administragdo estadual. Um sistema de informagdes estratégicas apoiava a coordenagio de projetos e agGes prioritirias, sob condugio direta do governador. Outros sistemas so desenvolvidos para o controle sobre despesas de pessoal e de terceirizagio e para o cadastramento de iméveis e de ages governamentais, por municipios. Essas iniciativas foram viabilizadas ainda sem o aproveitamento dos recursos da Internet, operando sob uma infra-estrutura tecnolégica aquém das suas necessidades. Na rea da fazenda, importante avango setorial foi alcangado nesse perfodo com a informatizacio da arrecadacio e da administragao financeira. Por outro lado, a inovago na prestagio de servigos ao cidadio é introduzida na forma de experiéncia muito bem sucedida, porém apartada do aproveitamento dos novos recursos da tecnologia da informagio e comunicagio: a unificagdo de servigos de atendimento em um tinico esparo fisico (projeto denominado “Poupatempo”) néo foi associada com a informatizag3o de procedimentos, nem com a utilizagZo dos canais eletronicos da Internet. A construco de uma infra-estrutura de infovia com servigos de rede e a subseqiiente unificago da contratago e gestio dos servicos se dé no perfodo 1999-2002 Também nesse periodo, a criago de leildes eletrénicos na Internet, associado a outras ferramentas de apoio as compras governamentais, desencadeou mudangas nos procedimentos das licitagdes governamentais em todos os érgios e entidades. A criagao de sites governamentais ndo teve expresso como marco inicial do governo eletrénico, mas a oferta de servigos informagées pela Internet se disseminou 33 amplamente, embora sem estruturas de acompanhamento e avaliagio sistemdtica. A criagio de um portal unificado com recursos avangados de organizagio da informago e navegaciio substituiu em 2005 o portal anterior, operado por simples redirecionamento. Entre 1995 e 2002. as iniciativas do governo eletrénico foram conduzidas por equipe de miiltipla origem institucional, constitufda no Ambito da Casa Civil, posteriormente convertida em secretaria de governo e gestdo. Essa equipe se beneficiou da facilidade de articulago com 0 conjunto da administrago publica, do acesso privilegiado ao governador e do apoio técnico da empresa estadual de informatica. A preocupagZo com criagio de uma estrutura formal surge com o progressivo afastamento e falecimento do governador, durante 0 perfodo 1999 a 2001. O governador se envolvia diretamente e exercia lideranga pessoal sobre os projetos de governo eletrénico. No entanto, o programa e sua estrutura organizacional so implantados somente em 2003, com a criagdo de uma instancia de coordenagio inter-setorial que resultava da transformagio de estrutura originalmente voltada para as agGes estratégicas em qualidade da gestio. Dessa forma, a condugio estratégica unifica 0 governo eletrénico com a agenda de inovagdes em gestio. A equipe técnica que atuava informalmente foi absorvida no novo arranjo, encampando instancias pré-existentes de coordenagio de tecnologia da informagio, estruturada em moldes tradicionais. Avango importante foi a criagdo de cargos em nivel estratégico nas estruturas de todos os drgios e entidades para a conducio de projetos em tecnologia da informagio, dando capilaridade & operacionalizagio dos projetos e agdes de governo eletronico. Apesar da inserciio e abrangéncia dessa estrutura, os dirigentes entrevistados constatam uma disputa emergente pela condugiio do programa envolvendo a busca por ampliacZo de espago de atuagZo e influéncia, por parte da empresa estadual de informatica. Essa evidéncia indica um possivel enfraquecimento dos nexos entre 0 governo eletronico e a estratégia do governo no seu conjunto, do que resultara eventualmente uma atuacZo mais auténoma da empresa e consegtiente insulamento do programa na area de informatica. 5. Anilise dos Resultados As configuragdes € trajetérias percorridas pelo governo eletrnico nos estados pesquisados so bastante variadas, conforme demonstrado no Quadro 6. © Quadro indica também o nivel de maturidade alcangado por cada estado, conforme elaboragao a partir do modelo de Davison et al (2005). Os subitens que se seguem, focalizam os casos de Alagoas, Minas Gerais, Parané, Pernambuco e Sio Paulo. A andlise dos resultados da pesquisa considera a categorizacio das evidéncias, cuja fundamentagio é apresentada no referencial te6rico que orienta a pesquisa. Procurou- se confrontar as evidéncias dos casos com as evidéncias tipicas sistematizadas no Quadro 4, para cada configurago e no Quadro 5, para as alternativas de trajet6ria. Quadro 6 Configuragies € trajetérias de governo eletrénico nos estados pesquisados Caso Configuracio ‘Alagoas T 2e 3e a Ret6rica | Focoem —_| Governo Governo sistemas | eletronico eletronico automatizador_| integrador 3a 4 Planejamento | Governo estratégica | estratégico de _ eletrdnico de governo_| governo integrador Parand T 2b 3e Ret6rica | Visio de | Governo governo | eletrénico eletrénico _| automatizador Pernambuco [1 2e 3b a Ret6rica | Focoem —_| Desajustamento | Governo sistemas | entre estratégia | eletrénico © governo integrador eletrénico ‘Sio Paulo 3b a Desajustamento | Governo estratégica | entre estratégia | eletrénico de governo |e governo integrador eletronico Nivel de 1 2 3 1 3 Maturidade 1, Alagoas Ha registro de iniciativas esporddicas de criagio de sites na Intemet, desde 1996, revelando um estégio inicial (“retérica”) de governo eletrénico. A implantarao da infovia e de servigos de rede, a partir de 2001, estabelece uma forma de atuagao inovadora do 6rgio de informatica estadual, voltada para projetos transversais focados no cliente. Nesse sentido, demarca a evolugo para 0 estégio de “foco em sistemas” (2c). A formularo pelo orgéo de informatica, de uma visio estratégica de governo eletrénico e o empenho na sua assimilagao pelo planejamento do governo como um todo indicam 0 avango para o estagio subsequente, do “governo eletrénico automatizador” (3c), ao longo de 2003 A incorporagio do goveno eletrénico ao planejamento estadual ¢ concomitante criagdo de suas estruturas de coordenagao estratégica, marcam a transigi0 para 0 “govemo cletrénico integrador” (4). Projetos que dependem de coordenario inter- 35 setorial como a criagio de portal de compras unificado, padronizagio dos sites governamentais e a consolidagio da infovia, estio associados a este estagio, em Alagoas. 5.2. Minas Gerais Nao foram colhidas evidéncias de um estdgio precursor (1) em Minas Gerais. O governo eletrOnico emerge ao longo de 2003, em decorréncia da necessidade, percebida durante a discussio da visio estratégica do governo, de enfocar a tecnologia da informagao e seu potencial. Configura-se nesse breve periodo 0 estégio de “visto estratégica de govemo” (2a) cuja dinémica se encaminha para a incorporagio de projetos de governo eletrOnico ao planejamento de agdes prioritérias do governo, como requisito de viabilizagio daquela visio. Entretanto, hé simultaneidade temporal entre a construgdo da visio estratégica de governo, a realizagio de um diagnéstico da area de tecnologia da informagio, o planejamento estratégico de governo e o deslanche dos projetos prioritirios. Sendo assim, o estagio de “planejamento estratégico de governo” (3a) nfo se insere sequencialmente e é dificilmente distinguivel do estégio precedente (2a). Da mesma forma, 0 governo eletrénico integrador (4) jé se delineia desde 2003, com a criacio das estruturas de coordenagio e do programa de governo eletronico. Evidéncias de implementagio de projetos apoiados na integragio entre Grgios e entidades sto identificadas depois de 2004, com o portal unificado de informagGes e servicos e 0 portal de compras governamentais. 5.3. Parana Desde 1995, havia iniciativas precursoras da empresa estadual de informatica, em especial a criagdo de site na Internet. Em 2000, criagdo de uma politica de governo eletrénico € demandada pelo governador, porém desconectada de uma visio ¢ planejamento de governo. Essa situaro configura um estagio de “viséo de goveno eletrénico” (2b) que no caso do Parana ndo consegue influenciar a construgdo de um planejamento mais abrangente. A implantagio de um portal unificado de governo, ja em preparagio pela empresa estadual de informatica, ocorre simultaneamente a criagio do programa de governo eletrdnico e da sua estrutura de coordena\ 2001. O estagio de “governo eletrdnico automatizador” (3c) se delineia a partir de entio, com certo enfraquecimento da coordenagio estratégica, a0 longo do periodo subsegiiente. A debilidade do planejamento de governo tem levado a atuagio mais autGnoma da empresa estadual de informatica, acentuando o insulamento do governo eletrénico. A implementagio de projetos integradores como © portal unificado e a infovia se revela aquém do seu potencial, possivelmente em virtude da falta de capacidade de coordenagio sobre 0 conjunto do governo (veja item 4.3). 5.4, Pernambuco 36 Iniciativas precursoras ocorriam desde 1995, com intensa atividade da empresa estadual de informatica que evolui de projetos isolados e experimentais, associados a ‘um primeiro estagio de governo eletrénico (“retérica’) para a efetiva disseminago de modelos, servigos ¢ ferramentas tipicos do governo eletrnico. O avango a0 estagio do “foco em sistemas” (2c) pode ser associado a implementagao de projetos avangados de servigos eletrdnicos, evidenciada pela informatizagio de transagies da publicagio do diario oficial. Entretanto, nio é possivel delimitar com preciso o inicio desse estgio. A atuagio da empresa permanece insulada, mas no periodo de governo entre 1999 e 2002, seus dirigentes advogam a necessidade de um programa de governo eletrénico num contexto no qual o govern construfa uma visio estratégica e um planejamento voltado para a reforma do estado. Entio, esse period esti associado com a configuragéo de “desajustamento entre estratégia ¢ governo eletrénico” (3b) cuja caracteristica central parece ser a disputa e eventual resisténcia & assimilago do governo eletronico no nivel de decisio estratégico. A partir de 2003, a criag%o do programa e de estruturas para sua coordenagdo e a subseqiiente reestruturagdo da drea de tecnologia da informagio no conjunto da administrarao estadual, configura uma sélida emergéncia do estagio de “govemo eletrénico integrador” (4). Porém, o perfil dos avangos verificados desde entio indica certa prevaléncia de agées de construcio de infra-estrutura em relagio aos desenvolvimentos em servigos de governo eletrOnico. A maturagZo dessa experiéncia 0 avanco ao estagio subseqiiente requerem o aproveitamento da infra-estrutura instalada no desenvolvimento dos servigos de governo eletronico. 5.5. Sio Paulo Nao ha um estagio precursor configurado na trajetéria de Sio Paulo, porque a assimilagZo das novas tecnologias de informagiio e comunicagiio e em especial da Internet, ocorre de forma defasada em relagZo a necessidades advindas de uma forte visdo estratégica e planejamento de governo. No perfodo 1995-1998, essa visio estratégica emerge ao mesmo tempo em que sio implementados projetos em tecnologia da informagio de importincia critica para 0 desempenho do governo, porém sem uma visio e planejamento de governo eletronico. Ao longo de todo esse perfodo, os projetos de sistemas de informagio e controle e de comunicagio em rede sio implementados por meio de um arranjo informal e sem um horizonte estratégico em tecnologia da informagio. Nao obstante, os projetos so bem sucedidos, mas 0 estado nao avanga de forma planejada na construgio da infra-estrutura, sistemas servigos de governo eletronico, a despeito de muitas realizagGes setoriais Assim, 0 estagio de “desajustamento entre estratégia e governo eletrénico” (3b) se configura desde 1995 ¢ ¢ indistinguivel do seu estagio precedente (“visdo estratégica de governo” — 2a) porque a implementagio dos projetos e agdes prioritérios ocorreu desde 0 infcio do governo, nesse mesmo ano. A criagio do programa de governo eletrénico e sua convergéncia com o programa de modernizagao da gestio ocorreu em 2003, no terceiro governo de continuidade. Configura-se entio 0 estagio de 37 “govemo eletrénico integrador” (4). O periodo prolongado de desalinhamento indica a efetividade do arranjo informal adotado, mas acarretou baixo aproveitamento estratégico das sinergias entre agdes inovadoras em gestio e governo eletrénico, evidenciado na criagio e disseminayao do “Poupatempo” desconectado da Intemet Alem disso, debilitou a condugao estratégica do governo, com o avango dos projetos em governo eletrénico sem sustentagio institucional para sua continuidade em longo prazo, gerando disputas pelo seu controle percebidas recentemente, em 2005. 6. Conclusdes Esse estudo de caso foi uma tentativa de aplicagio de framework abrangente para a anilise do desenvolvimento do governo eletrénico, incorporando componentes fatores relacionados com a estratégia e a estrutura organizacional. As evidéncias colhidas corroboram a hipétese de que a construgio de visio estratégica, planejamento e estruturas organizacionais de coordenago acompanham experiéncias de governo eletrénico que avangam até a implementagio de projetos avangados Esses projetos dependem de coordenagio e colaboragao entre os rgios e entidades a0 mesmo tempo aprofundam a integrago entre eles e com seus clientes, usudtios de servicos ou informagées. O contraste entre 0 caso do Parana e dos demais estados & evidéncia nesse sentido: somente esse estado nfo avanga até 0 estagio alcangado pelos demais (‘governo eletrénico integrador”) em certa medida devido a debilidade da estratégia do governo no seu conjunto, O alinhamento entre estratégia e governo eletronico como fator eritico para 0 avango a estdgios superiores de maturidade é constatado nas trajet6rias de Pernambuco e Si0 Paulo, embora com desfechos bem sucedidos. As circunstncias nos dois casos so diferentes, indicando que desalinhamentos podem advir tanto da caréncia de apoio em nivel estratégico para o aprofundamento ou viabilizagao de projetos de governo eletrdnico ja em implementagio (caso de Pernambuco) quanto da acomodagao com arranjos informais para a condugio do governo eletronico, a revelia das instancias de coordenagio e planejamento (caso de Sio Paulo). © modelo delineado no referencial te6rico se revelou eficaz na sistematizagio de diferentes encadeamentos assumidos pela formulacZo de visio e de planejamento, criago de estruturas organizacionais ¢ implementagZo de projetos. Os casos apéiam a premissa de que nao ha seqiiéncias lineares e de que parece muito rara a trajet6ria supostamente ideal, baseada num encadeamento formalista e racional. Dita trajet6ria, que supe uma seqiiéncia visio-planejamento-organizagio-implementagi0 foi encontrada somente no caso de Minas Gerais, mas com esses estdgios quase simultneos ou mesmo fundidos. Isso remete para relevante constatagio da pesquisa, que de certa forma indica um viés formalista na construgao do modelo de maturidade adotado: em todos os casos, constatou-se a quase impossibilidade de delimitar a passagem entre os estigios do segundo nivel (‘visto estratégica’, “visto do govemo eletrénico” e “foco em sistemas”) e do terceiro (“planejamento estratégico”, “governo eletrénico 38 automatizador” ou “desajustamento entre estratégia e govemo eletrénico”). Na verdade, o ripido transcurso até 0 estagio 4 ¢ talvez.o mais interessante resultado da pesquisa. De um lado, indica que estilos de decisiio com caracteristicas de agilidade, informalidade e foco em resultados sio mais comuns na administragio piiblica brasileira do que sugerido pelo senso comum, De outro, reforga a suposicio de que obstéculos de implementag&o sejam o fenémeno mais freqiiente, que responderia pelos seus problemas de desempenho. Resta considerar que o proprio framework fica fragilizado na sua capacidade de categorizar e identificar fatores que afetem a trajetéria do governo eletronico, porque se concentram no estigio 4 as provaveis diferencas em desempenho e talvez os obstéculos mais importantes A maturagdo dessas experiéncias. Um eventual aperfeigoamento desse framework deveria, portanto, proceder 20 desdobramento analitico do “govemo eletrénico integrador”, em busca de fatores que possibilitem a comparagdo de experiéncias situadas nesse mesmo estigio. Como inferéncias sobre os casos e respectivas trajet6rias, que podem inspirar outras pesquisas ou o aprofundamento dessa, verifica-se que as diferentes configuragdes assumidas em cada estigio influenciam as subseqtientes, de formas distintas. Assim € que 0 governo eletrOnico apresenta mais forte direcionamento a projetos voltados para a infra-estrutura — especialmente a construco de infovias — nos casos originados do estégio de “foco em sistemas”: Alagoas e de forma mais caracteristica Pernambuco. Nos dois casos, a empresa ou drgio responsavel pela informatica piiblica exerceu um papel chave na emergéncia da politica de governo eletrénico. Os casos originados de necessidades estratégicas de governo resultaram em rapida implementagio dos projetos, cujos resultados eram reputados como criticos para desempenho global dos governos: em Sio Paulo isso é percebido com clareza, mas também ocorreu em Minas Gerais, com projetos que geram redugio de custos e melhoria de controles e gestio. Questo sugerida pela anilise dessas experiéncias é 0 quanto a “queima de etapas” em Minas Gerais ou a implementarao agilizada por arranjos informais de Sao Paulo, fragiliza a consolidagio em longo prazo do governo eletrénico. © caso originado da construgio de uma visio de governo eletrénico que nao “contamina” a estratégia do governo como um todo — exemplificado pelo Parana — evoluiu no muito favoravelmente, como programa insulado que nao alcanga 0 estigio de “govemo eletronico integrador” (4). O impacto da fragilidade estratégica do governo sobre essa trajetéria ja foi mencionado. Sua provavel evolugo sera em direco a uma re-captura pela empresa publica de informatica, da qual jii se colhem indicios. A emergéncia do programa a partir da area de tecnologia da informagao é portanto, circunstancia & qual pode ser atribuida a tendéncia ao insulamento e maior dificuldade em conferir amplitude estratégica ao programa 39 7. Bibliografia ACCENTURE. (2002). 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Maturidade do Governo Eletrénico nos Estados/Ro 6. Anexo 1 -o para entrevistas Quando 0 governo do estado se interessa pelo governo eletronico? Quando esse interesse resulta em ages ou decisdes a respeito? Considerando como marco inicial o perfodo desde o infcio do governo eletrdnico, ha uma estratégia e planejamento do governo como um todo? Em caso afirmativo, qual(is) 0(s) documento, evento e/ou instancia de governo onde essa estratégia e esse planejamento esto explicitados ou podem ser percebidos? b. Se ha mudangas em relagZo a esse aspecto ao longo do perfodo, indique quais foram e suas circunstancias? Que agdes ou decisdes marcam o inicio do governo eletrénico como politica do governo do estado? a. Considera que 0 governo eletrdnico no estado teve inicio a partir de um planejamento global de governo, de um planejamento da area responsivel por Tecnologia da Informagao — TI ow por iniciativas isoladas de oferta de servigos e informagdes na Internet? b. Quando sio criados os primeiros sites governamentais na Internet? €. Que Grgios da administragio estadual foram responsiveis pela iniciativa? Considerando como marco inicial o perfodo desde o infcio do governo eletrdnico, ha uma estratégia e um planejamento do governo eletrénico? Em caso afirmativo, qual(is) o(s) documento, evento e/ou instancia de governo onde essa estratégia e esse planejamento esto explicitados ou podem ser percebidos? b. Se ha mudangas em relagio a esse aspecto ao longo do perfodo, indique quais foram e suas circunstincias? Considera que na estratégia e no planejamento do governo como um todo, estejam definidos papéis, objetivos e metas para o governo eletrénico? (desdobramento da questo 2) Em caso afirmativo, qual(is) 0(s) documento, evento e/ou instancia de governo onde essa estratégia e esse planejamento esto explicitados ou podem ser percebidos? b, Na sua avaliagdo, 0 cumprimento desse papel e dos objetivos e metas afetam de forma decisiva o desempenho do governo como um todo? Considera que 0 papel, os objetivos e as metas atribufdos ao governo eletrdnico so satisfalérios? Ou seja, realizam os potenciais do governo eletronico para o desempenho global do governo? Como € coordenado o governo eletrdnico no estado? a. Quais os drgiios e instancias relevantes para essa coordenagio? b. Como € a sua insergao na cadeia de comando do governo estadual? €. Como foi a coordenagio desde o inicio do governo eletronico: que avangos ou mudangas de importancia ocorreram? d. Ha algum programa ou meta especifica do governo estadual que dependa de forma crucial do governo eletronico? 4B e. Hi algum episédio importante que evidencie essa dependéncia? £. © desempenho do governo eletronico tem sido satisfatério para 0 cumprimento dos objetivos de governo? g. De forma especifica, como os projetos na area de portais e servigos de Internet, sistemas e infra-estrutura de comunicagdes afetam as prioridades de governo? h. Quais as evidéncias ou exemplos ilustrativos nesse sentido? 7. Como tem sido ao longo do perfodo desde 0 infcio do governo eletronico a oferta de servigos e de informagGes por meio de sites na Internet? Houve crescimento no mimero de sites e de servigos? b. Qual a participagio dos érgios e entidades da administragZo publica na manutengio de sites na Internet e na oferta de servigos e informagées? 8. Ha portal unificado de governo eletrénico? (desdobramento da questo 6) a. Quando foi criado e qual rgio tem sido responsivel pela sua manutengio? b. Todos os servigos e informagdes oferecidos nos sites dos drgios e entidades da administragio estadual estio interligados ao portal unificado? ¢. Hi algum érgio ou érea que nao esteja integrado ao portal? d. Como o portal assegura a atualizagio e a qualidade dos servigos informagdes? H4 mecanismo ou sistema de avaliagao dos servicos? HA diretrizes, iniciativas ou mecanismos para o desenvolvimento dos servigos e informagdes oferecidos no portal? 9. Como tem sido o desenvolvimento e utilizagio de sistemas informatizados na administragao piiblica estadual? (desdobramento da questo 5) HA diretrizes ou iniciativas de integragio entre sistemas? Em caso afirmativo, como é conduzida? Qual a instancia ou érgio responsavel? Que avangos considera destacdveis em relagio a integragZo de sistemas, nesse perfodo? e. Ha sistemas integrados entre setores? £, Ha servigos eletronicos integrados envolvendo sistemas e setores? 10. Como tem sido 0 desenvolvimento e utilizagZo de Intranets na administragZ0 piiblica estadual? (desdobramento da questo 5) HA iniciativas para a utilizagZo de Intranets na comunicagio e na rotina dos érgios e entidades? b. Quais os drgiios e entidades com Intranets? ©. Qual o nivel de utilizagao de comunicagio eletronica, especificamente de e-mail, pela administragio estadual? d. Como tem sido a disseminagiio da comunicagao eletrOnica ao longo do perfodo desde o inicio do governo eletronico? e. Ha transagdes internas e externas com certificaco digital? f, Ha uma Intranet unificada, abrangendo o conjunto da administraio estadual? g. Ha infovia de governo? e, WL 12. 13. 14, Com relacdo a gestdo de TI no estado, como sio prestados os servigos nessa rea? (desdobramento da questo 5) |. Ha um ou mais 6rgios ou instancias responsaveis pela prestagZo de servigos? b. De que forma as secretarias, autarquias e outras entidades do estado ‘mantém seus servicos, infraestrutura e equipamentos de TI? Como se dé a alocagao de recursos do orgamento para as despesas de Tr Ha experiéncias que destacaria, no estado, de mudangas em processos ¢ em estruturas dos 6rg’ios que tenham sido orientadas por diretrizes ou modelos do governo eletronico? Em caso afirmativo, quais so? Quando tiveram inicio e qual o seu estagio atual de desenvolvimento? b. Ha algum caso de reestruturacZo de Grgios orientada pela integragio entre processos por meio da TI? Ha integracio entre servigos de balcio unificado (a exemplo dos SAC) com o governo eletronico? d. Ha formas e arranjos organizacionais virtuais (redes) em politicas e/ou reas estratégicas? Com relagZo ao desenvolvimento dos servigos eletrénicos, ha servigos eletrdnicos que sejam resolutivos, com automagio do back office? (desdobramento das questdes 7 e 8) a. Em caso afirmativo, quais sio? Quando tiveram inicio e qual 0 seu estagio atual de desenvolvimento? b. Ha transagdes eletrOnicas intemas e externas juridica_e administrativamente reconhecidas? Com relagio & utilizago da infra-estrutura de comunicagdes do governo eletrdnico, a administragZo ptiblica estadual utiliza a Intranet de governo com servigo de telefonia incorporado? (desdobramento das questdes 9 € 10) HA substituigiio de mfdias e meios de comunicagio por ferramentas virtuais, a exemplo de: videoconferéncia; e-workplace; e-work groups; consulta publica eletronica; eventos eletrénicos; publicagZo eletrdnica, ete? Anexo 2 Quadro Entrevistas realizadas FontelCaso TocaliData Fangio Relevancia Parana ‘Alexandra Cunha Em ide Ex-coordenadora do | Acompanhou a trajetoria, outubro de | programa da politica 2006, por telefone. ‘So Paulo Roberto Meta Agune Siio Paulo, em 19 de outubro de 2006, Ex-coordenador do programa. Superintendente da FUNDAP. Acompanhow a wayevaria da politica ‘Maria Luiza (Lai) Pascale Siio Paulo, em “Trabalha na Fundap. Pariicipou da equipe do 19 de outubro, e-gov na Casa Civil. de 2006. Representava SP no Conipa. Pernambuco Toaquim Castro EmiSe2sde | Secretirio de Dirigente chave na ‘outubro de Administragio implementagio da 2006, por politica telefone, Minas Gerais ‘Marconi Martins de Lata Belo Superintendente da | Responsavel pela Horizonte,em | Superintendéncia _ | condugo da politica em 28 de Central de nivel estratégico dezembro de | Governanga 2006. Eletrénica Fernanda Girio Belo Horizonte, em 28 de dezemibro de 2006. Diretora da Diretor Central de Gestio do Minas OnLine Dirigente chave dos projetos de servigos eletrénicos na Internet. ‘Alagoas, Robério José Rogério dos Santos Emde novembro de 2006, por e- mail e telefone, Presidente da ITEC. Dirigente com atuagio relevante na formulacio da politica e coordenagio de projetos. Thiago Avila Emde novembro de 2006, por e- mail e telefone, Diretor de Tecnologia da Informagio do Instituto de Tecnologia em Informatica e Informagio do Estado de Alagoas ~ ITEC. Dirigente com atuagio relevante na formulacio da politica e coordenagio de projetos. Resumo Como o alinhamento estratégico entre o programa e a administragao publica afeta 0 avango € a trajet6ria em dirego 4 maturidade do governo eletrOnico? Esse trabalho analisa as experiéncias de programas de governo eletrénico em administragdes piiblicas estaduais do Brasil identificando diferengas de trajetéria e de maior ou menor avanco realizado. Focaliza os estados de Alagoas, Minas Gerais, Parand, Pernambuco e Sio Paulo. A pesquisa modelou e aplicou um framework abrangente para a andlise do desenvolvimento do governo eletrOnico, incorporando componentes e fatores relacionados com a estratégia e a estrutura organizacional. As evidéncias colhidas coroboraram a hipdtese de que a presenga de visio estratégica, planejamento e estruturas organizacionais de coordenagio acompanha as experiéncias que avancaram até a implementagio de projetos de governo eletrénico com maior complexidade. Constatou-se ainda que o alinhamento entre estratégia € governo eletrdnico é fator critico para o avango a estigios superiores de maturidade, mas, nem sempre se verifica um encadeamento linear e seqiiencial entre as etapas de visio, planejamento, organizagao e implementagao do governo eletronico.

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