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Materiais de Construcao Argamassas Ana Paula Ferreira Pinto Augusto Gomes Joao Bessa Pinto 2013 5. ‘AP. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 ~ “Argumassas’ Argamassas Introdugéo Al Conceitos gerai 3 2.1. Generalidades 3) 2.2, Definigdes gerais ........ oliset ts 4 2.3. Conceito de: baridade, massa volimica, absorgao de agua 4 2.4. Campos de aplicagéo 6 Composi¢ao da argamassa .. 8 31. Generalidades : 8 3.2. Estudo de Feret 8 3.3. Formulagdo da COMpOSIGAO ......snsennnsensenen . Sea eee 3.4. Trago : BD rete lren ce et ts ne ae 3.5. Conversao de tragos em volume em tragos em massa 13 3.6.1. Argamassas de um sé ligante 13 3.5.2. Argamassas bastardas ae : ene Produgao de argamassas . a 15 4.1. Generalidades . 15 4.2, Amassadura Manual ....o.o.cnesennee Secon noem 15 4.3, Amassadura mecanica 7 4.4, Vantagens e inconvenientes dos processos de amasSadUra ...c.ccwnnnnen 17 Caracteristicas das argamassas 2 19 5.1. Generalidades 19 5.2. Caracteristicas no estado fresco ..... 19 5.3. Caracteristicas no estado endurecido ....... 20 Aplicagao das argamassas .. 24 6.". Generalidades i et amen alee 6.2. Rebocos..... i = eat dae 24 6.3. Juntas .... Se : 28 6.4. Assentamento de pavimentOS .......nnsnnsnnnennnnnnninnnnnennnnennn 29 AP. Ferra Pinto, Augusto Gomes, Bossa Pint, 2013 ~ “Angamassas’ 1. Introdugao A utilizagéo de argamassas remonta as primitivas civilizagoes humanas que as ter8o utlizado sob a forma de barro misturado com agua na construgao dos seus abrigos. Mais tarde, a descoberta do fogo tera Permitido descobrir 08 efeitos do calor nas propriedades das argilas e dos calcérios, evidenci designadamente, as suas caracteristicas aglutinantes, em contacto com a agua. do, Igualmente importante no desenvolvimento dos ligantes, ¢ 0 contacto do Homem com certas rochas vuleanicas que, adicionadas na argamassa Ihe conferem propriedades hidrdulicas. Vitruvio (séc. | A.C.) € Plinio (séc. | D.C.) relatam o emprego de argamassas hidraulicas nas construges da sua época. Mas, ainda que conhecidos desde cedo os seus efeitos, o desconhecimento das causas da hidraulicidade das argamassas perdurou até ao séo. XIX, quando Vicat demonstrou existir uma relagio entre Caracteristcas hidraulicas das argamassas e a presenga de argila nos calcarios que constiuiam as ‘matérias primas ou a mistura de pozolanas na cal aérea Paralelamente, os avangos tecnolégicos proporcionados pela revolugo industrial conduziram a um forte desenvolvimento e aperfeigoamento dos métodos e das técnicas de transformagao dos materiais de que resultou 0 fabrico corrente e, de certa forma, controlado de novos materiais de construgo, nomeadamente dos ligantes hidraulicos artifciais e, especialmente, do cimento ‘Até essa época, a cal aérea, simples ou misturada com pozolanas e © gesso eram os principais ligantes conhecidos ¢ utiizados. Porém, a partir do momento em que passou a ser possivel produzir industrialmente a cal hidraulica e, principaimente, 0 cimento, isto é, desde meados do séc. XIX, que se ‘comegou a incrementar 0 seu uso e, @ medida que as suas propriedades iam sendo cada vez mais rente a conhecidas € 0 seu custo se tornou mais competitivo, este ultimo material tem vindo progressi Substituir a cal aérea e a cal hidraulica, como ligante, no fabrico de argamassa para a construc&o. Esta tendéncia viria mesmo a acentuar-se nas ultimas décadas, época em que as cais praticamente deixaram de se utilizar, cedendo, por inteiro, 0 seu lugar ao cimento e, em menor escala, aos ligantes sintéticos, descobertos e desenvolvidos a partir de meados século XX. A exclusividade conferida a estes ligantes retirou importancia ao uso das cais e, mais importante do que isso, provcou um hiato na transmisséo dos conhecimento relatives ao seu emprego na corstrugao, situagao que, nos ultimos anos, tem sido motivo de inumeros estudos sobre as suas vantagens € inconvenientes relativamente a outros ligantes @, mercé do desconhecimento que ainda se verifica nesta matéria, tem originado algumas polémicas em volta do seu comportamento, sobretudo, quando, utlizados em acgées de recuperagao de edificios antigos. As alteragées socio-econémicas dos uiltimos anos, a importancia que as sociedades modemnas atibuem & reservagao de valores relacionados com o ambiente e relevancia cultural associada a preservagao de sos e materiais tradicionais ¢ de edificios histbricos, tém vindo a abrir caminho ao emprego crescente dos ligantes antigos, em particular das cais aérea hidrdulica, Unicos ligantes que, na recuperacdo de A. . Ferreira Pin Augusto Gomes, Besse Pint, 2013 “Argamassas determinados edificios, so capazes de satisfazer as exigéncias que critérios internacionais, consensualmente aceites, recomendam para essas situagdes ‘Assim, 20 contrario do que sucedia no inicio do século passado em que era evidente o desejo de ‘empregar de forma generalizada o cimento, tido como um material de “Iuxo", hoje, no inicio do século XXI, assiste-se a uma vontade crescente de recuperar as técnicas de fabrico e de aplicagao das argamassas de cal, na recuperagao, restauro ou reabiltacao de elementos de construcao de edificios antigos. Actualmente, 880 produzidos diversos tipos de argamassa, que se apresentam sob diferentes formas, oferecendo propriedades quimicas e mecanicas especialmente adaptades @ grande variedade de construgdes e obras de engenharia civil No presente documento pretende-se de uma forma abrangente abordar, sob 0 ponto de vista técnico, os conceitos fundamentais relacionados com as matérias primas, confecco, aplicagao e caracterizagao das argamassa de utilizag4o mais corrente que correspondem a argamassas de ligante inorgénico, em que os ‘agregados so agregados finos pétreos, vulgarmente referidos como areias. Neste documento, consideraram-se argamassas tradicionais aquelas em que os ligantes s8o 0 gesso, a cal aérea, a cal hidrdulica € © cimento, simples ou associados ou que, adicionalmente, contenham Pozolanas A consideragao do cimento como ligante tradicional resulta de serem suficientemente conhecidas as suas propriedades e 0 seu comportamento e de jé ser utilizado na construgao ha mais de 100 anos. A. Penteira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pino, 2013 ~ "Argamassas 2. Conceitos gerais 2.1. Generalidades Argamassa é uma mistura de um ou mais ligantes orgénicos ou inorganicos, agregados, adigbes e/ou adjuvantes, em que: + Agregados — material granular que néo intervém na reacgao de endurecimento da argamassa; + Adigbes — material inorganico finamente moido, que pode ser adicionado @ argamassa com o objective de obter ou melhorar propriedades especificas; + Adjuvante — material adicionado em pequenas quantidades com 0 objectivo de modificar propriedades da argamassa fresca ou endurecida, [Nas argamassas de ligante inorganico, da associagao da agua com o ligante, este hidrata-se, endurece e aglutina os agregados e confere coesao e resisténcia ao material que dai resulta. ‘As areias funcionam como 0 esqueleto da argamassa e, a0 mesmo tempo que concorrem para 2 sua Compacidade e resisténcia, contribuem ainda para reduzir a retracgéo da mistura. ‘A agua, elemento fundamental no fabrico das argamassas, a0 reagir com o ligante, promove a sua hidratagac pondo em evidéncia as suas propriedades aglutinantes. Para que a argamassa_possa ser utiizada em obra, a agua de amassadura & sempre superior & que é necesséria para hidratar 0 ligante, acrescida da que se destina a molhar a areia de modo a que esta seja aglutinada pelo ligante, Este excesso de agua, porém, influencia negativamente a resisiéncia, a compacidade e aumenta o volume de vazios. O ligante, por sua vez, a0 hidratar-se, adquire propriedades de aglutinante e funciona como uma espécie de cola que aglomera os diversos constituintes da argamassa ¢ promove a sua ligago aos suportes em que é aplicada ‘Ao proceder-se 4 preparagdio € confecgao das argamassas, ¢ impossivel obter-se uma mstura de compacidade perfeita, pelo que nas pastas ficaré sempre retido ar, razo pela qual se pode afimar que este elemento ¢ também um dos constituintes das argamassas Quanto a composigao do ligante, as argamassas podem dividir-se em dois ipos: + Amamassa de um s6 ligante, cuja designagao decorre do ligante utlizado, como por exemplo, argamassa de cimento, argamassa de cal, etc; + Amgamassas bastardas, quando na sua composigao entram mais que um ligante, como por exemplo 0 estuque (gesso e cal) AP. Ferra Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pint, 2013 ~ “Argamassas 2.2. Definigdes gerais ‘AS definigées que se seguem correspondem as adoptadas pelo EMO, European Mortar Industry Organization: ‘Argamassa industrial - argamassa doseada e misturada em fabrica. Pode apresentar-se 2m "po", requerendo apenas a adig&o de agua, ou em “pasta’, ja amassada fornecida pronta a aplicar. ‘Argamassa industrial semi-acabada — argamassa pré-doseada, a modificar em obra. ‘Argamassa pré-doseada- componentes doseados em fébrica e fornecidos para obra, onde ‘sero misturados segundo instrugbes e condigbes do fabricante, ‘Argamassa pré-misturada - componentes doseados e misturados em fabrica, fornecidos @ obra, onde serao adicionados outros componentes que o fabricante especifica ou também fornece. ‘Argamassa feita em obra (tradicional) ~ argamassa composta por constituintes “tradicionais” (por exemplo: ligantes, agregados e agua), doseados misturados em obra ‘Argamassa em pasta (fresca) — argamassa doseada, misturada e amassada, pronta a aplicar. Argamassa hidraulica ~ argamassa que contém um ligante mineral hidraulico, que endurece com agua. ‘Argamassa em dispersdo ~ Argamassa de ligante (s) organico(s), na forma de polimeros em dispersao ‘aquosa, com aditives organicos, agregados minerais e/ou cargas finas. A mistura est pronta a aplicar. ‘Argamassa de resina reactiva ~ mistura de resinas sintéticas, cargas finas e/ou agregados minerais e aditivos organicos que endurecem por reacgéo quimica. Os componentes pré-doseados so embalados prontos a misturar. 2.3. Conceito de: baridade, massa voltimica e absor¢ao de agua Para melhor compreensao do texto dos pontos seguintes interessa conhecer o significado de alguns dos vocabulos que a partir de aqui, se comegargo a utilizar, ao longo da exposi¢&o. Sem entrar em detaihe na sua definigdo, tentar-se-6, de uma forma simples e répida, neste ponto, abordar ‘a nogdo elementar de : baridade, massa voliimica e absorcao da agua. Baridade ‘A baridade & uma grandeza fisica a que, de acord com a NP-955, de 1973, também se pode chamar massa volimica aparente e & dada pelo quociente da massa do agregado, pelo volume por este ocupado, ‘em condigbes de compactagdo definidas. A baridade pode ser determinada para agregados secos ou para agregados himidos. A.D rca Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 ~ “Argamassas” Em ambos os casos, a determinacao da baridade de uma areia é feita enchendo um recipiente de massa & volume ccnhecidos, com areia sob determinadas condigdes e pesando 0 recipiente cheio, mas enquanto a ‘obtencao da baridade dos agregados secos exige 2 sua prévia secagem em estufa, na determinagdo da baridade de agregados com determinado teor de agua, a areia no precisa de ser seca. Nestas condigées sendo: m1- massa do recipiente; m2- massa do recipiente cheio com a areia pacidade do recipiente; A baridade € dada pela expressao: (m2-m1)/ v5 Embora dependendo da compactagao, as baridades dos materiais constituintes das argamasses sao da seguinte ordem de grandeza Gesso- 400 kg/m? CalAérea- 600 kg/m® Cal Hidraulica - 700 kg/m? Cimento- 1300 kgim® Aveia - 1200 a 1700 kg/m? Por seu lado, a massa volumica, invaridvel para o mesmo material, toma os seguintes valores: Gesso- 2650 kg/m’ Cal Aérea - 2200 kg/m’ Cal Hidraulica- 2900 kg/m? Cimento - 3100 kgim® Areia - 2600 kg/m’ Massa volimica Fisicamente, massa volimica € a relag4o entre a massa de um corpo € 0 volume por ele ocupado. No caso dos agregados, porém, a massa vollimica refere-se s particulas individuais e ndo @ massa agrupada em conjurto. Na sua determinagao nao se entra, pois, em linha de conta com 0 ar contido entre as particulas 0 qual é ‘etirado para 0 caloulo do volume, ANNP-954 de 1973, fixa trés tipos de massa volimica: 1. Massa vollimica do material impermeavel das particulas, que é dada pelo quociente da massa de areia seca pelo volume do material das particulas mais o dos poros destas, nos quais a ‘gua néo penetrou ao fim de 24 horas de imersao; 2. Massa volimica das particulas saturadas, que ¢ dada pelo quociente da massa de areia mais, da agua por esta absorvida em 24 horas de imersao, pelo volume do material das particulas mais 0 de todos os seus poros; [A.P. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 -“Argamassas 3. Massa volimica das particulas secas, que 6 dada pelo quociente da massa de areia seca, pelo volume do material das particulas mais o de todos os seus poros. Resumidemente, pode dizer-se que, para a sua determinagao introduz-se uma determinada quantidade de areia, prenarada sob certas condigdes descritas na NP-954, num baldo, o qual é depois cheio com agua até cerca de 90 % da sua capacidade. Por agitagao ¢ retirado todo 0 ar contido entre as particulas de areia completa-se o enchimento com agua Deste modo sendo: m1 - massa da areia com as particulas saturadas sem agua superficial; m2 - massa do baldo com a areia e agua; m3 - massa da areia seca m4 - massa do balao com agua; Amassa limica do material impermeavel das particulas saturadas é dada por: yi m3 / (m3 + m4 - m2); ‘A massa voliimica das particulas saturadas ¢ dada por: ya = mt / (mt +m4-m2); ‘A massa volimica das particulas secas € dada por: ys = m3/ (m1 +m4-m2). ‘A massa vollmica da areia da regio de Lisboa 6, aproximadamente, 2600 kg/m? e, dado que esta areia tem uma absorcao insignificante, na pratica, aquele valor pode ser tomado insdistintamente para cada uma das massas voldmicas definidas. Em face das nogées apresentadas, verifica-se que enquanto a massa vollmica de uma dada areia & invariavel, a sua baridade depende do grau de compactagao, do arranjo das particulas ¢ da percontagom ‘em que ocorrem as suas diversas dimensoes. Absorcao de ag ‘Segundo a NP-954, a absoreao de agua é a massa de agua que a areia seca é capaz de absorver em 24 horas de imersao, expressa em percentagem da massa de areia seca ‘A sua de:erminagao pode fazer-se aquando da realizagao do ensaio para a determinagao ca massa volimica ¢, tendo presente o significado das letras e indices, entdo explicitado, a absorgao da agua é dada, em oercentagem, pela expressao: a = ((m1 - m3)/m3) x 100. 2.4. Campos de aplicagao ‘Sao muito diversas as aplicagbes das argamassas, materiais que, 56 por si, se podem constituir como um elemento de construgio, como no caso dos rebooos (sequéncia de camadas de argamassa aplicadas num Suporte), ou incorporarem a sua confecgéo, como por exemplo no caso das argamassas de assentamento Utilizadas na construgao de paredes de aivenaria AP Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 ~ “Argamassas Das suas aplicardes, todavia, pela sua relevancia, destacam-se as seguintes: a) revestimento de pisos, paredes (Fig,2) e tectos; b) assentamento de alvenarias (Fig.1) ¢ cantarias; ©) refechamento de juntas; 4) assentamento de ladrilhos e azulejos, Fig.4; €) assentamento de placas de pedra, 1) assentamento de maniihas e tubagens; g) betonithas (be‘onitha - camada de argamassa aplicada in situ, directamente sobre 0 suporte, aderente ow flutuante, ou sobre uma camada intermédia ou isolante, para obter um ou mais objectivos: atingir um nivelamento estabelecido, servir de base para acabamento final ou constituir a superficie de acabamento), Fig.3; h ') Reparagées. ‘exeougao de remates e acabamentos; Fig.1 - Argamassa de assentamento de _Fig.2 - Argamassa de reboco (projectado) alvenaria Fig.3 - Argamassa para regularizagao de _Fig.4 ~ Cimento cola no assentamento de avimento (betonilha) azulejos AP. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 ~ “Argamassas” 3. Composigao da argamassa 3.1. Generalidades Até a0 inicio do século XIX, na confeceao da argamassas recortia-se, normalmente, a conhecimentos empiricos acumulados ao longo de geragées. Foi Vicat, em 1828, que verificou a existéncia de uma relagdo entre a compacidade e a resisténcia mecdnica e que estas caracteristicas estavam associadas a uma determinada proporeao entre a areia e a cal na argamassa. Ao mesmo tempo, apontou as vantagens. de misturar areia fina com areia grossa e de reduzir a quantidade de agua da amassadura. Sera, porém, Feret, em 1892, quem primeiro estabelece uma lei que relaciona a resisténcia com a compacdade nas argamassas, a qual, nos seus tragos gerais ainda hoje se mantém valida, 3.2. Estudo de Feret A granulometria dos agregados tem a maior influéncia sobre a qualidade das argamassas, no que respeita & compacidade, impermeabilidade e resisténcia mecanica. A presenga de uma granulometria adequada permite minimizar o volume de vazios da argamassa e deste modo reduzir a quantidade de ligante e a producao de uma argamassa mais compacta a menor custo. ‘A Fig. 5 apresenta 0 diagrama triangular de Feret. Neste diagrama encontramos nos vertices as letras G, Me F, que designam respectivamente uma areia de graos grossos, uma areia de gros médios e outra de gros fines que definem os lados f, m e g. Os lados deste diagrama encontram-se dividimos em 100 partes iguais. © ponto P, presente no interior do diagrama, com as coordenadas triangulares 50, 30 e 20, corresporde @ mistura das trés areias numa proporgéo de:50% de gréos finos, 30% de graos médios 20% de g'dos grossos. Para a obtengao das coordenadas do ponto P so tragadas paralelas aos lados do triéngulo, determinando (05 segmentos 11, m1 e g1, sendo fi + m1 + g1 =100. Fig. § ~ Diagrama triangular de Feret AP. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 ~ "Argamassas’ ‘A compacidade de uma areia é dada pela relagdo entre o volume unitario real dos seus gros e o volume unitario da soma dos volumes unitarios dos gros (s), dos vazio (v) e da agua (a). A deteminacao experimental da compacidade de todos os pontos do diagrama de Feret e das linhas que correspondem a pontos de gual compacidade encontram-se representadas na Fig.6. A andlise da Fig. 5 permite verificar que a composi¢ao granulométrica que apresenta 0 minimo volume de vazios, ou seja a maxima compacidade, correspondem aquela que so constituidas apenas por gros {gr08s0s e finos, na proporedo aproximada de 2/3 de grossos e 1/3 de finos, nao contendo gréos médios. {As granulometrias que epresentam maiores valores de volume de vazios s80 aquelas em que todos os {r80s apresentam dimensao uniforme. A compacidade de uma argamassa (p) € obtida garantindo uma adequada granulometria para os agregados finos e dosagem de ligante e é avaliada pela percentage do volume real dos materiais sélidos existentes na unidade de volume da argamassa, ou seja: p=c+a Num volume unitario de argamassa, temos: C+ A +a +V= 1, sendo C- soma dos volumes dos gréos de cimento contidos na unidade de volume da argamassa; ‘A~ soma dos volumes de graos do agregado; a - volume de agua de amassadura: V-volume de vazios A resisténcia de uma argamassa @ compresséo depende da dureza da areia, do ligante, da composi¢ao granulométrica do agregado, da quantidade de agua de amassadura, da dosagem de ligante e do seu modo de fabrico, Feret propos uma formula, que se apresenta em seguida, para a resisténcia a compressao das argamassas aos 28 dias (kgf.cm*). Nesta formula € possivel verificar que, para uma dada quantidade de areia, a resisténcia da argamassa cresce com a dosagem de ligante, no) 1-A em que: ‘C- soma dos volumes dos gréos de cimento contidos na unidade de volume da argamassa (cm*); ‘A~soma dos volumes de graos do agregado (om*); K - coeficiente definido em fungdo do tipo de ligante (cimentos portland: K=2,22; cimentos aluminosos: K=2,96). 5; cimentos de escbrias: Sendo: C+A+a+V= 1, ouseja:C+a+V=1-A AP. Rerera Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pint, 2013 ~ “Argamassas”” No caso de uma argamassa plastica o volume de vazios corresponde ao volume de agua de amassadura (Va) e entdo: C + a= 1- A, logo: a Ge re ic Ry =k 2 a (esa) Esta formula permite verificar que a resistencia da argamassa cresce ao reduzir-se a Agua de amassadura para a mesma dosagem de ligante. De outra forma, a variagdo da quantidade de agua e de ligante , na mesma proporeao no € responsavel por alteragdes na resisténcia da argamassa. Razo pela qual se afirma que a resisténcia da argamassa depende da relacao a/C. Sendo: C+A+a+V= 1, ouseja:C+a+V=1-A No caso de uma argamassa em que se utilize 0 minimo de agua de amassadura que corresponde aos valor minimo do volume de vazios existente na mistura agregadotcimento, temos: 2 c 1 R,, =k| ———_] =k ——_, i (eraey) Esta formula permite verificar que quando V se anula é indtil reduzir a quantidade de agua pois a resisténcie ndo sera incrementada, Sendo: p = C +A, temos: A= p -C logo’ 2 c ei (euees 1=p+e Esta formula permite verificar que para igual dosagem de cimento a resistencia cresce quando a compacidade cresce 3.3. Formulagéo da composicao A formulagéio das argamassas € um processo complexo que deve ter em conta a satisfa¢ao das ‘exigéncias funcionais que se the colocam, assim como os elementos de construgdo em que v8o ser incorporadas. Por outro lado, a qualidade das argamassas relaciona-se intimamente com as matérias primas que as constituem e com a proporgao de cada uma delas na mistura. Assim, a formulago das argamassas requer cuidados especiais, no que se refere a: + adequada escolha e dosagem das matérias primas; 10 AP. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bess Pinto, 2013 ~ “Argamassas” + Satisfagdo dos requisites relativos aos elementos de construgéio em que v8o ser aplicadas, + Satisfagao dos seguintes objectivos essenciais: + ottengdo de valores minimos para a porosidade, permeabilidade, capilaridade e retraccao; + obtengao de valores maximos de compacidade; + obtengao de adequadas caracteristicas mecdnicas; + obtengao de adequada durabilidade. Para a sua confeceao interessa, por isso, conhecer as quantidades em que cada um dos constituintes ‘entram na mistura. Assim, estabelecer a composi¢ao de uma argamassa é fixar as quantidades de: = ligante ou ligantes; + ereia ou areias; agua; + edjuvante e /ou aditivo = volume de vazios: Entéo, abstraindo 0 adjuvante e 0 aditivo, a unidade de volume de argamassa ¢ igual 4 soma dos volumes de ligante (), de areia (A), de agua (a) e de ar (v), ou seja 1eI+Ataty A semelhenga do que acontece no beto, as quantidades deveriam ser determinadas ¢ medidas em peso, Por conduzir a composi¢bes mais rigorosas. Este modo de formular a composig&o € mais complexo, € ouco expedito em obra. Por outro lado, as argamassas ndo se colocam as mesmas exigéncias que aos, betées, ncmeadamente, no que se refere a resisténcia. Nestas condigbes, nas obras correntes, desde que avaliadas com 0 devido cuidado, a medi¢ao dos constituintes em volume parece ser suficiente, Importa, no entanto, alertar para um conjunto de regras basicas a observar: + maximo de compacidade e de resisténoia obtém-se em argamassas com apenas gros grossos e finos, sem gros de tamanho intermédio; + amethor proporeo € a que contém, em volume, 2/3 de gr80s grossos e 1/3 de gros finos: + no existem argamassas de compacidade igual a um, pois @ agua e os vazios ocupam sempre, pelo menos, 1/4 do volume da argamassa, isto é, as argamassas terdo cerca de 25% de volume ‘ocupado por vazios; + aresisténcia depende da relagao 4gualligante, diminuindo aquela, quando este cresce; + para igual dosagem do ligante, a resisténcia cresce quando a compacidade cresce também. 3.4, Trago Existem variados métodos para formular a composigao das argamassas. A forma mais precisa para definir ‘a composizdo é a que consiste em indicar 0 peso de cada componente por metro cubbico de argamassa No entanto, este modo de formular a composigdo € pouco adequado em obra uma vez que requer equipamentos e cuidados desajustados do quotidiano do estaleiro. " AP. Ferra Pino, Augusto Gomes, Bessa Pint, 2013 ~ “Argumassas”” Deste modo, na obra, normalmente utllizam-se processos que, embora menos rigorosos, s8o mais expeditos e de mais facil controlo, Um dos processos expeditos utilizados em amassaduras de dimensao razoavel pode ser a indicagao da quantidade de areia por cada saco de ligante. Todavia, 0 método mais antigo de formular composigo, e, porventura, o mais utiizado nos estaleiros é 0 da proporcionalidade entre o ligante e o inerte. Este metodo, provavelmente anterior aos romanos tem a vantagem de poder ser empregue por pessoal nao especializado e com recurso a equipamento rudimentar, pois apenas requer a utllizagao de um recipiente para medir quantidades das diversas materia prima que entram na composi¢ao. Na base desta formulagao esta 0 conceito de trago, definido como sendo a relagdo entre as proporgées das quantidades de ligante e de areia que entram na composi¢ao da argamassa. Usualmente, pera a sua designagéo geral adopta-se uma relagdo do tipo 1 : p, em que p identifica a proporeao de areia e se toma a parte de ligante igual & unidade. Assim, uma argamassa de cal aérea de trago 1 : 3 teré na sua composig4o uma parte de cal aérea, em cada trés partes de areia. Porém, nas argamassas bastardas a designagao deve contemplar também as proporgées em que os varios ligantes entram na composigao, pelo que assumira a forma 1: m:n... p, em que se toma a parte de um dos ligantes igual & unidade, as letras m.n..., indicam as proporcdes dos restantes ligantes € p representa a proporgao de areia, Entdo numa argamassa bastarda de cimento e cal, 0 trago 1 : 1 : 6 designa uma composi¢ao composta por uma parte de cimento, uma parte de cal e seis partes de areia. Em qualquer das situagSes descritas, como se pode observar, a definicéo inequivoca da composigo obriga 4 explicitagao dos ligantes da argamassa. Por outro lado, apesar desta prética de formulago se referir na generalidade dos casos a proporgdes em volume, ultimamente em determinadas situagdes, alguns autores adoptam este método para definir a composiggo em peso. ‘A medigac das quantidades em peso é mais precisa e deve ser utilizada em operagdes que envolvam rigor ou que, pela sua natureza, sejam complexas ou de grande responsabilidade. ‘Ao especificar a composigao pelo traco é, portanto, conveniente precisar a base da medigao (volume ou peso) € os ligantes presentes. Exemplos: + Tragoem volume 1 : 1:6 (cimento : cal hidréulica :areia) + Tragoem volume 1 :3 (cal aérea : areia) 12 ‘AP. Ferreira Pint, Augusto Gomes, Bess Pint, 2013 ~ “Argumassas” Refira-se, por fim, que embora no seja corrente, hd autores que defendem a inclusdo da agua de ‘amassadura na designago do trago, podendo, deste modo, o trago ser indicado da seguinte forma: ‘Trago em volume 0,8: 1: 1:6 (gua : cimento : cal hidraulica : areia). 3.8. Conversdo de tragos em volume em tragos em massa 3.5.1. Argamassas de um sé ligante Este modo de formular a composi¢ao ja foi abordado, no entanto, convém referir que a um determinado trago em volume corresponde sempre uma composigSo em massa. Tal correspondéncia ¢ normalmente feita através do conhecimento da massa especifica ou da baridade, embora nas situag6es correntes a recorra a esta grandeza por ter em conta os vazios existentes nos intersticios do material Nestas condigées, torna-se facil transformar um trago em volume, num trago em massa, pois: ‘massa = volume x baridade Exemplo: ‘Transformar o trago 1: 3 (cal aérea, areia) em volume para o seu equivalente em massa Resolueao: ‘Trago Volumétrico : 1:3 , ou seja: Veal / Var Mas: ‘Veal = Massa de cal /Baridade da cal ~ Meal/ beal ‘Vareia = Massa de areia/Baridade de areia = Marea /bareia nto: Veal/Vareia ~ (Mcal/ beal) (Marcia / bar (Mcal x. bareia )/ (Mareia x beal) = 1/3 ‘ou seja : Marcia ~ 3 (bareia / beal ) x Meal e admtindo que: bareia = 1600 kg/m? bal = 600 kg/m? substituindo tem-se: Mareia = 3 x ( 1600 / 600 ) Meal ou Mareia = 8 Meal ‘Trago em massa: 1: 8 (cal, areia) E evidente que estas relagdes s6 stio validas quando se mantém constante a baridade, isto é, quando ndo se alteram as condigdes de compactagio dos constituintes da argamassa. 13 ‘AP Ferreira Pint, Augusto Gomes, Hessa Pato, 2013 - “Argamassas” 3.5.2, Argamassas bastardas © proceso ¢ idéntico ao descrito para as argamassas de um s6 ligante, tendo presente, que, neste caso, © ligante 4 a soma de dois ligantes diferentes, ‘Assim, nuna argamassa bastarda de cimento e cal aérea, 0 trago 1 : 1 : 6 (em volume) corresponde ao trago 2: 6 ou 1: 3 (em volume), que indica, respectivamente, as proporgbes de ligante e de areia, Também a transformagao do trago em volume para 0 equivalente em massa se opera da mesma forma, ‘com a diferenga de que aqui é necessdrio obter previamente a baridade do ligante (mistura de cal com o 2 cient): baridade do “igante"= $s, xb;, sendo =n? de ligantes; Pia proporgao do ligante i; by ~ a baridade do ligante i igo em volume: 1:1 : 6 (cimento, cal, areia) para o seu equivalente em massa Resoluea Proporgao cimento = proporgdo da cal = 0,5 Baridade do ligante = 0,5 baridade do cimento + 0,5 baridade da cal Baridade do ligante = 0,5 x 1300 + 0,5 x 600 = 950 kg/m? Asrestantes fases do processo so em tudo idénticas as descritas, no ponto anterior, 14 ‘AP. Perera Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pint, 2013 ~ “Argamassas 4, Produgdo de argamassas 4.1, Generalidades AA produgdo das argamassas deve ser realizada com 0 maximo cuidado de modo a obter-se uma mistura homogénea e intima de todas as matérias primas. Durante as operagdes de fabrico, todas as particulas de areia devem ser completamente envolvidas pela pasta. As argamassas tradicionais utilizadas na construgo podem ser confeccionadas por processos manuais ou ‘mecénicos e, embora, hoje em dia, devido a escassez de recursos humanos e ao elevado ritmo que 0 crescimenio social tem imposto a construcdo, praticamente sé se utilize 0 processo de fabrico mecanico, tendo em vista os objectives deste trabalho, abordar-se-4o os principios gerais que enfomam as amassaduras mecénica e manual Antes, potém, interessa definir 0 conceito de amassadura, termo ja varias vezes utilizado a0 longo do texto. Adaptando as argamassas a terminologia regulamentar portuguesa dos betdes, amassadura ¢ a quantidade de argamassa amassada num ciclo de operagSes de uma betoneira. Esta definic&o, como se Ve, pressupde a via mecanica para a realizagao da amassadura, mas por analogia, no caso de se recorrer a0 proceso manual, a amassadura correspondera 4 quantidade de argamassa amassada de cada vez, num amassadoiro. Nos pontes seguintes descrevem-se as principais operag6es a efectuar para confeccionar as argamassas @ indicam-se os principais utensilios e ferramentas utilizadas. 4.2, Amassadura manual Para a realizagao da amassadura manual utiizam-se os seguintes utensils e ferramentas: esténcia, pa, enxada, pildo, colher de pedreiro, baldes para a areia, para a agua e para a massa. fabrico manual das argamassas comporta as seguintes etapas + Posicionamento da estancia ou amassadoiro em local predefinido, em zona que nao perturbe a movimentacao de pessoas, de materiais e de equipamentos no estaleiro e ao abrigo do vento e des chuvas. Preferencialmente, os amassadoiros devem colocar-se em areas cobertas. + Aimazenagem das matérias primas em zona proxima da confecgao + Madigo dos constituintes, em volume, utlizando baldes ou outra medida de capacidade cenhecida, como referencia; + Mstura a seco da areia e do ligante, respeitando o traco pretendido, em quantidades adequadas a0 desenvolvimento dos trabalhos, seguida da formagao de um monte com uma cratera ro meio; + Inirodugao da agua na cratera e mistura manual, utiizando pas e enxadas, até se conseguir a homogeneidade e consisténcia pretendidas; 15 ‘A. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bess Pinto, 2013 ~“Argamassas”” A mistura é feita com pas e enxadas, comegando de dentro para fora com movimentos que alargam a cratera e obrigam a agua a entrar em contacto com a mistura areia — ligante. Depois de completa a mistura, 0s movimentos prosseguem na procura de uma boa homogeneizagao e uniformidade da massa e, ‘se necessério, junta-se-Ihe mais 4gua por forma a obter e manter a trabalhabilidade desejada No caso das argamassas bastardas, deve proceder-se previamente 4 mistura dos ligantes, visto que, por terem finuras diferentes, no caso de se introduzirem separadamente, exigiriam mais tempo para se obter a mistura homogeneizada. Numa altura em que se procuram recuperar os métodos tradicionais, utllizados desde ha séculos, na construgao, parece oportuno e interessante, pela riqueza de pormenores que encerra, transcrever-se 0 processo descrito pelo Tenente Luiz Augusto Leitéo, no “Curso Elementar de Construcg6es”, da Escola Central da Arma de Engenharia, em 1896 reparasito a bragos tem lugar geralmeme sobre estrados de madeira denominados amassadoiros, e, conforme 0 ‘ypo de argamassa a preparar e o estado dos materiais que hao de entrar na mistura, assim se regularé a marcha da operagao. Para as argamassas ordinirias de cal e areia ter-se-hé de distinguir dots casos: ow a cal foi extima pelo processo ordinrio e esté por conseguinte em pasta, ou por qualquer dos outros processos que a reduziram a pé. Ne primelro ‘caso, 0 operdrio, munido de uma enxada, bate muito bem a pasta de cal sem the adicionar mais agua, dando por indo este primeiro trabatho quando a cal tenha adquirido fluides precisa para que a areia se the incorpore facilmente. Se a cal tem estado muito tempo nas fossas ou se foi mal extinta, ndo se poderé geralmente prescindir da digo de mais alguma dgua. A manipulacdo da pasta executa-se muito methor com o pildo, que é uma simples maga de forro com o peso de 4 quilogramas. Logo que a cal esté suficientemente fluida, junta-se a areia na proporedo conveniente, € operaese com a ensada a ‘mistura intima dos sols elementos da argamassa. Se a cal esté em pé, estende-se no amassadoiro com a areia na roporgto do trazo adoptado, e, depots de mexida e tragada a seco com a enxada e com o pildo, deta-se-Ihe com um regador a agua necesséria & formacdo da pasta, continuando a amassadura até que a cal ¢ a areia estejam completamente misturadas. Com a face exterior do ferro da enxada comprime-se a massa de modo a ‘rtura-la, exercendo esse esforgo do bordo junto do qual se trabalha para o centro do amassadoiro, e com a face oponta, a que ‘fica voltada para 0 cabo da ensada, puxa-se do centro para o bordo a poreo comprimida a fim de a sujttar a nova compressa. A quantidade de dgua deve ser a absolutamente indispensivel; a operagdo ter de ser euldadosameme vigiada para se evitar 0 emprego de agua em excesso, que facilita 0 trabalho em prejuizo das qualidades da cargamassa ‘Se, na preparagdo da argamassa com cal em pasta, a areia a empregar estiver mothada, toma-se apenas metade ou tum tergo da cal a misturar e substitui-se a que falta com cal extinia em pé, a fim de que absorva a dgua da areia. A qwantidade de dgua necesséria para o fabrico de uma argamassa com a devida consisténcia pode ser determinada em sum ensaio prévio. Em vez de se executar a bragos a preparacdo da argamassa, pode-se empregar os pés, como na formagio da pasta ara 0 fabrico do tijolo, metendo-os primeiramente em um banho de alcatrdo que os preserva da causticidade da cal. 16 AP. Fereia Pino, Augusto Gomes, Besa Pin 2013 ~ “Argamassas’ O método tem a vantagem de denunciar pelo tacto a existéncia na mistura de fragmentos encruados ou recosidos, que devem sor separados da massa. Este processo ndo é usado entre nés. Nas argamassas de cal ¢ pozzolana, a preparagdo realiza-se por sistema igual ao adoptado para as argamassas ordindrias, mas se a argamassa leva também areia, mistura-se primeiro a cal ¢ a pozzolana até formarem wma pasta consistente » homogénea, e junta-se depois a areia ¢ a agua indispensdvel d sua completa incorporagao, As argamassas de cimento romano ou de cimento Portland com areia fazem-se misturando a secco e na devida percentagen os dois materiais,e s6 de pois de intimamente misturados se thes jumta a agua necessdria, operando a triturago com a maxima rapidez. Com 0 cimento de presa répida, a sua mistura com a areia ¢ feita & cother. No fabrico das argamassas de cal, areia ¢ cimento, prepara-se, primeiro a argamassa ordindria de cal ¢ areia de modo que a pasta fique um pouco fluida, e, operando depois por pequenas poredes d’ esta pasta, jumu-se-the a ‘quantidade de cimento correspondente.” 4.3. Amassadura mecanica Para a realizago da amassadura mecnica utllizam-se os seguintes utensilios e ferramentas equipamentos: pa, enxada, colher de pedreiro, baldes para a areia, para a agua e para a massa, carrinho de m&o, betoneira, misturadora (em laboratério) © local para a instalagAo da betoneira deve ser abrigado do vento e das chuvas e, tal como no caso da ‘amassadura manual, néo deve perturbar o movimento das pessoas, dos materiais e dos equipamentos do estaleiro, Instalada a betoneira, @ amassadura deveré compreender as seguintes operagées: + introdugao de uma parte da dgua, de modo a molhar as paredes do tambor, visto que, ao deitar- se 0 ligante, parte dele ficaré agarrado as paredes ou perde-se consoante a betoneita estiver hdmida ou seca, respectivamente; + armazenagem das matérias primas, junto ao local da confeccao; + medigao e introdugao dos constituintes: ligante e areia; + introdugo do resto da agua; ‘+ mistura das matérias primas até se obter @ consisténcia pretendida e uniformidade na cor da massa. Eventualmente, se necessario, poderd juntar-se-the mais alguma agua para ajustar a consisténcia, tendo em atencao que a agua em excesso prejudica 0 comportamento da argamassa 7 AP. Fercia Pino, Augusto Gomes, Besa Pint, 2013 ~ “Argmassas 4.4, Vantagens e inconvenientes de cada um dos métodos de fabrico As principais _vantagens que se podem apontar a cada um dos processos de amassadura sao as que a seguir se indicam. ‘Amassadura mecanica + Garante uma melhor homogeneidade da massa em cada amassadura e ao longo da producao; + Se se tornar necessario proceder a correcgdes nas quantidades dos constituintes no decurso da amassadura, aquelas fazem-se sentir em toda a massa produzida; + Nocaso de tal se tornar necessario, a quantidade produzida por amassadura é constante; + Reduz a possibilidade de haver perdas de matérias primas, nomeadamente dos materiais de elevada finura, como alguns ligantes, durante a massadura, por influéncia do vento, ‘Amassadura manual No caso de obras de recuperagdo de edificios antigos, a amassadura manual de argamassas de poderd reconstituir de forma mais aproximada a consisténcia e uniformidade das argamassas utilizadas ‘quando da sua construgao; As argamassas de cal aérea produzidas numa amassadura podem ser aproveitadas durante vérios dias sucessivos, bastando, para 0 efeito, ajustar a quantidade de agua e reamassar a pasta. ‘Sendo maiores as probabilidades de erro na amassadura manual, a argamassa_produzida apresentara ‘maior variabilidade de caracteristicas e de composigo, inconveniente que, adequadamente controlado, se pode transformar em vantagem, na recuperagao de paramentos antigos, uma vez que dai podem resultar manchas e alteragoes superficiais de aspecto, que acentuam a autenticidade da intervenco. 18 AP. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bess Pinto, 2013 ~ “Argamassas Propriedade de argamassas 5.1. Generalidades ‘A qualidade e o comportamento das argamassas sao avaliados por uma série de propriedades, que devem ser controladas durante o fabrico, a aplicagao e apés 0 seu endurecimento. Embora saindo do alcance deste trabalho o seu tratamento exaustivo, importa identificar as principais Caracteristicas que podem condicionar o comportamento em servigo das argamassas. Destas, realgam-se as que a seguir se indicam. A-NO ESTADO FRESCO + Massa volimica; + Trabalhabilidade; + Consisténcia e plasticidade; + Retengdo de agua; + Trabalhabilidade; + Arincluido; + Consisténcia; + Tixotropia; B - ESTADO ENDURECIDO + Resistencia mecanica; + Aderéncia; + Capacidade de deformacao, + Permeabilidade; + Retraceao; + Fissuragao. 5.2. Caracteristicas no estado fresco MASSA VOLUMICA ‘A massa volimica ¢ a relacao entre a massa de argamassa introduzida num recipiente proprio, sob determinadas condigbes de compactacao e o volume do recipiente. Em argamassas correntes, quanto maior for a massa vollmica, menor sera a quantidade de vazics e, por ‘consequéncia melhores serdo as caracteristicas resistentes e de impermeabilidade. TRABALHABILIDADE © conceito de trabalhabilidade esta associado ao conjunto de propriedades de aplicagéo de uma ‘argamassa, que caracterizam a sua adequagao ao uso, ou seja 4 maior ou menor facilidade com que a 19 A.P. Pereira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 ~ “Argumassas” argamasse é fabricada, transportada e aplicada em obra. Na pratica, pode dizer-se que uma argamassa tera uma boa trabalhabilidade se, embora nao sendo fiuida, apresentar as seguintes caracteristicas + permitir a penetracao de uma colher de pedreiro; + no aderir & colher; + tiver uma boa coesdo; + permanecer hiimida 0 tempo suficiente para ser transportada, espalhada e sarrafada; + manter consisténcia adequada até receber o tratamento superficial previsto. CONSISTENCIA E PLASTICIDADE S80 duas caracteristicas que se relacionam com a trabalhabiidade e que, de uma forma sinsética se definem do seguinte modo: + Consi ia € a propriedade pela qual a argamassa tende a resistir as deformagoes que Ihe S80 impostas. A consisténcia corresponde @ fluidez de uma argamassa fresca que pode ser clessificada em seca, plastica e fluida, + Plasticidade é a propriedade que permite a argamassa deformar-se sem rotura, sob a acgo das forgas que sobre ela actuam e manter a deformago apés ter cessado a aplicacao da acco. A consisténcia e a plasticidade dependem do teor de ar, da quantidade de égua, da natureza e dosagem dos ligantes © da energia fornecida na amassadura. AR INCLUIDO ( ar incluido corresponde @ quantidade de ar contido numa argamassa. TIXOTROPIA AA tixotropia de uma argamassa corresponde a variagéo da consisténcia da sua consisténcia por aogao de um movimento ou forea de agitagao RETENGAO DE AGUA Capacidade da argamassa fresca para reter a agua de amassadura quando exposta @ suc¢ao do suporte, permitindo 0 desenvolvimento adequado da presa e endurecimento. 5.3. Caracteristicas no estado endurecido RESISTENCIA MECANICA E a propriedade que permite as argamassas, no estado endurecido, suportar os esforgos mecanicos que sobre ela actuam. 20 ‘A-P. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bess Pinto, 2013 ~ “Argamassas ADERENCIA E a propriedade que permite as argamassa absorver tensdes normais ou tangenciais na superficie da interface com a base. No fundo, é esta propriedade que permite & argamassa “agarrar-se” & base. CAPACIDADE DE DEFORMAGAO Esta propriedade permite as argamassas deformarem-se, sem roturas, por meio de microfissuras que néo ‘comprometem a sua aderéncia, estanquidade e durabilidade. PERMEABILIDADE. CAPILARIDADE. POROSIDADE. COMPACIDADE Segundo RILEM, permeabilidade é a propriedade que identifica a maior ou menor facilidade com que a argamassé se deixa atravessar pela agua. A passagem da agua pode ocorrer por: infitragao, sob presso, capilaridade ou difusdo do vapor de agua Porém, COUTINHO define-a como sendo a propriedade que as argamassas tém de se deixarem atravessarem por gases e fluidos, actuando na superficie sob pressao. Nas argamassas ¢ importante a permeabilidade 4 agua, a qual depende fundamentaimente dos seguintes factores: 1) tpo de ligante; ii) dosagem da agua; ill) dosagem do ligante; iv) granulometria da areia; v) cura; A permeatilidade a agua é mais elevada em argamassa de gesso e de cal do que nas de cimerto, dado que geraimente cresce com a dosagem da agua e, até certo valor, diminui com a dosagem de ligante. Relativamente & sua variago com a granulometria, Coutinho verificou que as argamassas com areias grossas a que faltam elementos de dimenséo inferior a 0,3 ou 0,6mm so as que apresentam menor permeabilidade, mas s6 quando a dosagem de cimento é suficiente, No caso de a dosagem de cimento ser insuficiente, estas argamassas tém maior permeabilidade que as confeccionadas com areia fina. A adigéo de pozolanas em argamassas de cal ou de cimento pode reduzir a sua permeabilidade. ‘Também uma cura cuidada pode tornar a argamassa mais impermeavel. A capilaridade é um fenémeno que se manifesta pela subida do nivel de um liquido na argamassa depois de aplicada, através dos capilares (canaliculos muito finos) existentes na estrutura do material. Esta subida do liquido deve-se principalmente @ diferenga de presséo existente entre a superficie livre do liquido e a superficie do mesmo liquido no interior do capilar. ‘A absorgo capilar aumenta quando a relago all também cresce © quando ¢ elevada a proporgao de elementos finos dos inertes; 2 ‘AP. Ferra Pint, Augusto Gomes, Bessa Pato, 2013 ~ “Argumassas ‘A absorgao capilar tem tendéncia a diminuir com o grau de finura do ligante, com a idade da argamassa, ‘com a durego da cura humida e com a compacidade. A utilizagao de adjuvantes hidrofugos ¢ introdutores de ar pode reduzir significativamente este fenmeno que, tal como a permeabilidade, na generalidade das utilizagSes, prejudica 0 comportamento das argamasses. ‘A compacidade e a porosidade séo duas caracteristicas intimamente relacionadas, assumindo-se uma ‘como complementar da outra ‘A porosidade €, correntemente, definida como a relagao entre o volume de vazios e o volume total do sélido, enquanto a compacidade ¢ a relagao entre o volume de sélidos e volume total. S40 portanto duas grandezas fundamentais, baseadas em conceitos fisicos contrérios, mas matematicamente complementares. Isto quer dizer que se a porosidade de uma argamassa for de 30%, a compacidade sera de 70% e que nessa argemassa a proporcao de materiais sdlidos ¢ de 70%, enquanto o volume de vazios ¢ de 39%. ‘A generalidade dos aspectos relacionados com estas grandezas, assim como os factores que as influenciam tém sido tratados ao longo dos diversos temas apresentados, ndo se justificando a sua repetigao reste ponto. Sera impottante referir, no entanto, que, na formulagao das argamassas, geralmente, so considerados objectives fundamentais a atingir a redugdo ao minimo de porosidade e a obtengao da maxima ‘compacidade possivel RETRACCAO. FISSURAGAO_ Trata-se de um termo amplamente usado ao longo do trabalho, mas que, pela sua importancia no comportamento da argamassa, urge clarficar melhor. Genericamente, a retracgao é uma diminuiggo do volume aparente de um sdlido ¢ mede-se numa dada direceao, pelo quociente entre a variagdo de comprimento, nessa direc¢ao, e 0 valor desse comprimento, antes de ocorrer aquela variagao. E portanto uma grandeza adimensional, mas que se pode medir em percentage ou em permilagem AAs principais causas da retracgao 880 as seguintes: + assentamento dos materiais que compdem a argamassa e evaporagao da agua superficial; + redugdo de volume, decorrente da hidratacao do ligante: + evaporacdo da agua excedentaria da massa; + redugdo de volume em resultado de reacgdes relacionadas com a hidratagao continua da argamassa; + carbonatago da cal apagada existente nos ligantes; © principal efeito da retracco manifesta-se pela ocorréncia de fissuras nos elementos confeccionados com a argamassa. 22 A.P Ferrera Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pint, 2013 ~ “Argamassas’ Ora, 0 aparecimento de fissuras, para além de debiltar 0 proprio elemento e a sua ligagao com 0 que Ihe fica adjacente, favorece a permeabilidade e a percolacdo da agua entre os materiais © afecta a durabilidact © aspecto das pecas em que se verifica. Os principais factores que influenciam a retrac¢do so a espessura da argamassa; quantidade de agua da amassadura, a natureza do ligante; a dosagem do ligante; a natureza e granulometria da ar @ durago da cura; ambiente (humidade e temperatura) Refira-se, por fim, que em ambientes com elevado teor de humidade, em vez de retraceo, as argamassas podem softer expansao, Fig.6. 23 ‘AP. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bess Pato, 2013 ~ “Argamassar’ Aplicacao das argamassas 6.1. Generalidades ‘Sendo diversas as aplicagdes das argamassas, s4o também distintos os métodos para a sua colozagao na obra, assim como as exigéncias funcionais que se Ihe colocam. Em qualquer situagSo, todavia, o bom desempenho das argamassas anda associado & sua compatibilidade com os elementos de constiugdo em que vai ser aplicada ou que vai ligar. , entio, recomendavel que as suas caracteristicas mecanicas, fisicas, quimicas e geométricas se ajustem as dos elementos a que se ligam. Parece, assim, evidente que uma argamassa para o refechamento de juntas devera ser diferente da que Se utiliza para construir um reboco e esta sera distinta da que se prevé empregar no assentamento de ladriihos, por exemplo. Isto €, a formulagSo da argamassa deverd ter em conta o elemento de construgao ‘onde vai ser incorporada, a sua func&o e a sua localizac&o no edificio. Por outro lado, as caracteristicas dos elementos de construgao de edificios antigos requererdo argamassas diferentes das que se aplicam em edificios novos. Compreende-se, desta forma, quéo dificil ¢ estabelecer uma receita absoluta para a formulacdo da argamassa destinada a ser aplicada em certo elemento de construgéo, Nao obstante, nos pontos seguintes, ainda que de forma sintética, procurar-se-Ao estabelecer referéncias Para determinados tipos de aplicagéo de argamassas. No que se refere a aplicagao, no ambto deste trabalho, apenas se focaré 0 caso dos rebocos por ser a utllizagdo mais corrente das argamassas tradicionais. 6.2. Rebocos ‘Sem entrar em detalhe sobre as suas exigéncias funcionais, pode dizer-se que os rebocos deverao responder aos seguintes requisitos essenciais + aderéncia ao suporte; + flexibilidade compativel com os movimentos do suporte; * contribuigao para a impermeabilidade da parede; + resistencia mecanica adequada e protec¢ao da parede de deterioragdes provocadas por agentes exteriores, EXECUCAO DO REBOCO Processo manual Pelos processos tradicionais @ impossivel satisfazer integralmente as exigéncias enunciadas ro ponto anterior com a realizapao de uma Unica camada de reboco. Com efeito, para se obter boa aceréncia, compacidade ¢ trabalhabilidade pareceria sensato recorrer-se a argamassas ricas em ligante, situag3o 24 AP. Ferra Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2013 ~ “Argamassas’ que, em alternativa, favoreceria a fissuraco, por retrac¢o, Por outro lado, o recurso a argamassas pobres em ligante para diminuir a fissurago, pode prejudicar a aderéncia e a trabalhabilidade. Para obviar estas contradigbes, ¢ corrente realizar os rebocos por camadas, normalmente recorrendo a trés camadas, com a seguir se indica. © salpisco, chapisco ou crespido destina-se a garantir a aderéncia do revestimento aos suporte (paramento da parede). Deve ser aplicado de forma vigorosa contra o paramento da parede, em camada fina, rugosa e fiuida, com forte dosagem de ligante. Admite-se que esta camada tenha uma composigéio. proxima do trago 1: 2. ‘A camada de base, constituindo-se como 0 corpo do revestimento, deverd assegurar a reguiarizagao superficial e verticalidade dos paramentos e contribuir para a impermeabilizacao das paredes. Complementarmente, devera aderir perfeitamente ao salpisco. Esta camada devera ser langada vigorosamente contra 0 salpisco e, apertada a talocha, nfo deverd apresentar uma superficie demasiadamente lisa. A sua espessura n3o devera ultrapassasr os 15 mm, Sendo certo que, nos casos em que tenha de se ultrapassar aquele valor, terdo de se realizar duas camadas, recomendando-se, porém, que a espessura total ndo exceda os 20 mm, Quando, devido a itregularidades da parede se tora necessério exceder os 2 cm, antes da aplicagao do reboco, executar- se-d um encasque da parede A dosagem de ligante da camada de base deve ser inferior 4 do salpisco ‘A camada de acabamento, nao obstante ter essencialmente fungSes decorativas, devera também contribuir para a impermeabilizag3o da parede e possuir boa resisténcia aos choques. A sua execugao ser condcionada pelo acabamento pretendido, devendo empregar-se argamassas mais poores em ligante que as das camadas interiors do revestimento. Proceso necanico Os rebocos podem também realizar-se por projec¢o, com recurso a equipamentos mecanicos ~ maquinas de projectar, Figs.7 e 8. Estas maquinas so constituidas, fundamentalmente, por uma cuba, onde & Introduzido 0 produto e se prepara a mistura deste com a agua, uma bomba e um compressor. A mistura da agua pode ser feita manual ou automaticamente pela maquina. O raio de acgao das maquinas de rojectar pode ir até 40m, na horizontal, sendo possivel elevar a mistura até cerca de 30m de altura. Esta técnica, tanto pode ser aplicada com argamassas pré-doseadas, isto é, argamassa prontas e Preparadas em fabrica, as quais, em obra apenas necessitam do trabalho de incorporagao da agua e da ‘sua mistura com ela, como com as argamassas doseadas em obra. No caso de se utllizarem argamassas pré-doseadas, 0 reboco pode ser feito através da execugao de uma Unica camada, projectada directamente sobre 0 suporte. Esta, porém, n3o deve ter espessura superior a 20mm, Quando a espessura do reboco ultrapassar aquele valor, toma-se necessario aplicar uma segunda camata, que, contudo, $6 deve ser projectada depois de 2 consisténcia da a camada anterior o permitit. No entanto, 25 A.P-Fercra Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pint, 2013 ~ “Argamassas para os rebocos comerciais correntes, os fornecedores recomendam que a segunda camada se aplique, no maximo, nas 24 horas seguintes a aplicago da primeira demao. Embora permita outros tipos de acabamentos finais, os mais compativeis com 0 proceso $80 o talochado @ 0 esponjado. Fig.7~ Maquina de projecco de argamassa Fig.8 ~ Projecyao de reboco \Vantagens e inconvenientes de cada u n dos processos Em obras novas ou em edificios antigos sem valor histérico, a aplicagdo por projecgéio apresenta vantagens, relativamente a aplicagao manual: + confere maior uniformidade as superficies; + permite dosear a quantidade de agua de uma forma mais rigorosa; ‘+ assegura maior homogeneidade nas misturas; + aumenta a produtividade, pois permite um maior rendimento, + minimiza os desperdicios; + dispensa a operago de ‘aperto” contra a superficie onde aplicada, visto que a pressao de rojeceo é suficiente para garantir esse efeito; * pode permitir dispensar a camada de aderéncia ou salpisco; + teduz de forma signficativa a fissuragao. Todavia, pelas suas caracteristicas, este processo exige conhecimento e pratica de utlizagdo do equipamento, de forma a poder assegurar-se a constancia das propriedades da argamassa, nomeadamente a homogeneidade e a consisténcia e ainda um controlo rigoroso sobre a quantidade de ‘gua, o tempo de amassadura e a pressao de aplicac&o. A consisténcia e a espessura da parede so dois factores muito importantes para garantir que 0 material colocado néo caia, por excesso de peso ou por deficiencia ou excesso de agua na mistura. Por outro lado, neste tipo de aplicagao, ¢ fundamental ter em atengo 0 tempo disponivel para a trabalhabilidade da argamassa, de acordo com as condigées de temperatura e de humidade do local de aplicagao, uma vez que a argamassa pode, sob determinados condicionalismos, iniciar a presa dentro das mangueiras de aplicacao. 28 ‘AP. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bess Pinto, 2013 ~ “Argumassas” Acresce que é fundamental que a argamassa projectada seja acabada imediatamente a seguir a sua aplicago, operago que, por isso, necessita de ser muito bem planeada para evitar manchas e *remendos' em resultado de uma secagem antecipada da mistura. Em edificios de valor histérico, a aplicagao manual, sobretudo em rebocos de cal ou de argamassa bastarda, ¢ © Unico processo que reproduz a textura e a “patine’ decorrente do envelhecimento proprias dos paramentos destes edificios e que Ines devolve a sua personalidade propria. Acrescente-se que nas argamassas pré-doseadas, normalmente, utilizam-se adjuvantes de origem sintética que, por ainda se desconhecer 0 seu comportamento no futuro, devern ser proibidos no Patriménio de Valor Histérico, FERRAMENTAS £ EQUIPAMENTOS: Depois de amassada, a argamassa é aplicada fazendo uso dos seguintes equipamentos, utensilios e ferramentas: estancia, talocha, balde, conjunto de réguas metalicas ou de madeira e desempenadeira, carrinho de mo, esponja, ferro de juntas. Na aplicagao por projeccao € necessario recorrer a um sistema de bombas misturadoras e de projecgo. TRAGOS A “Chambre Syndicate Nationale de Fabicants de Chauex Grasses et Magnésiennes” propte, na execigao de rebocos, 0 uso de argamassas com os tragos indicados no quadro seguinte. Quadro -Tragos volumétricos de argamassas para rebocos ‘Suporte Suporte Calaérea | Cimento | Cal hidréulica Arela Salpisco Beto ou Perpianho de Pedra Alvenaria | Acabamento 5. de fedrae de | Base Tijoto ‘Acabamento Base dose ‘Acabamento 2 1 729 ‘+ Entre paréntesis, indicam-se tracos aconsethados para argamassas de cal aérea. Por seu turno, um fabricante nacional de cal propée a adopeao dos seguintes traces: + reboco de paredes expostas & chuva e acabamentos de paredes rugosos -1: 0,8: 4 2 4,5 (cimento, cal hidratada areia); + revestimentos exteriores a7 AP. Fereira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Paw, 2013 ~ “Angamassas =1: 4; 5.26 ( cimento, cal hidratada, areia) + rebocos interiores = 1:2: 8 a9 ( cimento, cal hidratada, areia) ‘Também as normas briténica 8S 6262 e DIN 1850 recomendam tragos que variam entre 1:0,25:3a4e 4:2: 9.11 (cimento, cal aérea, areia), Em regra, a generalidade dos autores aconselha argamassas bastardas em que a relagdo areia / ligante mais frequente 6 de 2,523 Porém, em edificios antigos ¢, sobretudo, sobre suportes de alvenaria pobre, de madeira e de taipa ¢ conveniente reduzir ou até eliminar o cimento, Em experigncias realizadas recentemente, sobre paredes de alvenaria de pedra de edificios antigos, tém- Se obtido resultados satisfatorios com tragos de 1: 3 (cal aérea, areia) ou de 2; 0.5: 7 (cal aérea, cimento, areia) No caso do estuque é usual a seguinte dosagem. esbogo - 1:2 a 2,5 (cal aérea, areia fina), estuque ~ 2: 1 ( cal aérea, gesso). Mau grado estas indicagées, sugere-se que, antes da aplicagéo corrente de determinado re2oco, se experimente varios tragos de referencia, julgados adequados, sobre o paramento a revestir, escolhendo-se © que manifestar melhor comportamento, 6.3. Juntas Embora sejam diversas as fungdes das juntas, em ultima andlise, estas devem assegurar a ligaco entre 08 elementos, assegurando a estabilidade da construgao. Genericamente, as juntas devem ser estanques, assegurar a transmisséo dos esforgos, absorver deformagdes € eventuais irregularidades dos elementos que ligam e contribuir de forma positiva para 0 aspecto das construcées. Relevante para a concepgao das juntas é a fungo € o comportamento do elementos que ligam: as juntas de ligagéo de pecas resistentes séo distintas das juntas entre elementos de revestimento, pois enquanto Inestas pode ser importante a libertago de tensdes e a absorcao de deformagées, naquelas, a resistencia mecéinica ¢ exigéncia fundamental. Refira-se ainda que a formulagao das argamassas devera também atender as caracteristicas da obra, as Quais, entte outras classificagses, poderdo determinar a sua diviséo em obras novas e obras de recuperagao, Perante esia diversidade de tipos de juntas e das correspondentes fungdes, tomna-se dificil prescrever uma receita absoluta para a composig&o das argamassas utilizadas na sua execu4o. 28 AP. Ferreira Pino, Augusto Gomes, Bess Pinto, 201; Argamassas” Mau grado estes condicionalismos, 0 bom senso recomenda que as juntas entre pegas estruturais, sobretudo, se localizadas em elementos verticais, deverdo possuir resisténcia capaz de absorver e transmitir sem rotura, os esforgos induzidos pelas pecas estruturais que ligam, pelo que a sua composi¢éo tera de ser formulada com matérias primas criteriosamente escolhidas, com ligantes de boas Caracteristcas resistentes e com dosagens tais que permitam obter boas resistencias sem fissurar No caso do refechamento de juntas em edificios antigos, antes da aplicagao da argamassa, proceder-se-a 4 lavagem e limpeza da junta e ao seu pre-humedecimento. Em tratamentos profundos de juntas pouco espessas, normalmente aplicam-se injecgdes de caldas de cal hidraulica ou de cal aérea e de cal hidraulica e, no caso de se pretender impermeabilizé-las, adiciona-se- the bentonite, Em obras expostas, poderao empregar-se argamassas hidraulicas com tragos 1: 2, 1:3 e 2:3. Em outras situag6es, publicagées ligadas a fabricantes de cal, recomendam a utllizagSo de argamassas bastardas com dosagens proximas do trago 1: 1: 5 ou 2: 1: 7: a 9 (cal aérea, cal hidrdulica, areia) 6.4, Assentamento de pavimentos AS argamassas também podem ser utiizadas no assentamento de alvenarias, de cantarias, de azulejos, de telhas de manilhas, de revestimentos de piso e na construgao dos proprios revestimentos de piso. Tradicionalmente, até ao inicio do século XX, as argamassas hidraulicas eram sobretudo usaas nas construgdes em contacto com a agua ou com terrenos huimidos. ‘Ale essa epoca, no assentamento de alvenarias e de cantarias, as misturas mais comuns eram as ‘correspondentes aos tragos 1: 1, 1: 2 € 2: 3; porém, no assentamento de telhados recomendava-se o trago 1: 3.Tragos idénticos aos recomendados para as paredes eram utilizados no assentamento de pavimentos. O assentamento de azulejos requer argamassas mais pobres que podem ser formuladas com o trazo 1:4. Com 0 decorrer dos anos, a cal aérea cedeu lugar a cal hidrdulica e ao cimento, de tal modo que FARINHA ¢ REIS (1992) propdem os seguintes tragos: + alverarias de pedra ~ 1: 4 a 5 (cimento, areia); + alverarias de tjolo ~ 1: 6 (cimento, areia); + forro de cantaria- 1: 2 (cimento, areia fina); + moszicos ~ 1: 6 a 8 (cimento, areia); + azulejos - 1:7 (cal hidraulica, areia) ou 1:2:8 (cal aérea, cimento, areia); + manihas de grés ~ 1:3 (cimento, areia). Nos pavimentos, exigéncias de resistencia e de durabilidade aconselham a adopedo de argamassas hidraulicas, esquarteladas, com tragos proximos de 1:2 a 4. 29

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