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ANTONIO S. A. GUIMARES.

PRECONCEITO DE COR E RACISMO NO BRASIL

vivenciados por seus atores. Tais noes, inteiramente conceituais, no


mais das vezes foram tecidas a partir de significados historicamente precisos, que socilogos ou historiadores pretendem, para fins tericos ou
polticos, generalizar para alm do tempo e da circunstncia em que foram efetivamente usados na vida real. Ao fazer isso, expomo-nos seja ao
anacronismo histrico (ao risco de imputar indevidamente sentidos e
significados aos sujeitos passados) seja ao estruturalismo mais rido (isto
, ao risco de privar a anlise social da compreenso do significado cultural de seus objetos); mas, no faz-lo, nos expe igualmente, pois podemos pretender ser meros reconstrutores mentais de pocas mortas,
como se isto fosse possvel, como se no estivssemos todos muito bem
fincados em nossos atualssimos interesses. Pois bem, caminhando sobre esta lmina fina, que separa anacronismo de relativismo, que me
moverei.
Vou tratar do preconceito de cor e racismo no Brasil restringindo-me
poca moderna, que comea com a gerao de 1870, nas escolas de direito, do Recife e de So Paulo, e nas escolas de medicina, da Bahia e do
Rio de Janeiro. Tal recorte no arbitrrio: tem a ver com a minha compreenso do que seja o racismo moderno. Sigo o que apreendi com Louis
Dumont (1966) e Collete Guillaumin (1992), entre outros, para quem
o discurso sobre a diferena inata e hereditria, de natureza biolgica,
psquica, intelectual e moral, entre grupos da espcie humana,
distinguveis a partir de caractersticas somticas, resultado das doutrinas individualistas e igualitrias que distinguem a modernidade da Antiguidade ou do Medievo e, no nosso caso, do Brasil colonial e imperial.
Sem minimizar a importncia poltica da hierarquia e da desigualdade
sociais entre os povos conquistadores e conquistados, entre senhores e
escravos, na histria do Ocidente, mas antes para maximiz-la, acredito
que o distintivo no racismo moderno seja justamente a idia de que as
desigualdades entre os seres humanos esto fundadas na diferena bio-

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