homens moderados, e para que mais moderados se tornem os
que ainda no sejam, deve-se aquiescer e conservar o seu amor, que o belo, o celestial, o Amor da musa Urnia; o outro, o de Polmnia, o popular, que com precauo se deve trazer queles a quem se traz, a fim de que se colha o seu prazer sem que nenhuma intemperana ele suscite, tal como em nossa arte uma importante tarefa o servir-se convenientemente dos apetites da arte culinria, de modo a que sem doena se colha o seu prazer. -O motivodisso que nossa antiga natureza era assim e ns ramos um todo; portanto ao desejo e procura do todo que se d o nome de amor. Anteriormente, como estou dizendo, ns ramos um s, e agora que, por causa da nossa injustia, fomos separados pelo deus. -Mas no entanto, o Amor, tu reconheceste que, por carncia do que bom e do que belo, deseja isso mesmo de que carente. -Primeiramente ele sempre pobre, e longe est de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas duro, seco, descalo e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, s portas e nos caminhos, porque tem a natureza da me, sempre convivendo com a preciso. Segundo o pai, porm, ele insidioso com o que belo e bom, e corajoso, decidido e enrgico, caador terrvel, sempre a tecer maquinaes, vido de sabedoria e cheio ele recursos, a filosofar por toda a vida, terrvel mago, feiticeiro, sofista. -Pois assim tambm com o amor mltiplo. Em geral, todo esse desejo do que bom e de ser feliz, eis o que o supremo e insidioso amor, para todo homem, no entanto, enquanto uns, porque se voltam para ele por vrios outros caminhos, ou pela riqueza ou pelo amor ginstica ou sabedoria, nem se diz que amam nem que so amantes, outros ao contrrio, procedendo e empenhando-se numa s forma, detm o nome do todo, de amor, de amar e de amantes. -deve ele amar um s corpo e ento gerar belos discursos; depois deve ele compreender que a beleza em qualquer corpo irm da que est em qualquer outro, e que, se se deve procurar o belo na forma, muita tolice seria no considerar uma s e a mesma a beleza em todos os corpos; e depois de entender isso, deve ele fazer-se amante de todos os belos corpos e largar esse amor violento de um s, aps desprez-lo e consider-lo mesquinho; depois disso a beleza que est nas almas deve ele
considerar mais preciosa que a do corpo, de modo que, mesmo
se algum de uma alma gentil tenha todavia um escasso encanto, contente-se ele, ame e se interesse, e produza e procure discursos tais que tornem melhores os jovens.