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Análise de Redes

Texto original: “Introduction to Social Network Methods”


de Robert A. Hanneman,
Department of Sociology – University of California, Riverside.

Tradução/compilação: Ana Cristina B. Martes e Mauricio C. Serafim.

Curso: Introdução às Ciências Sociais – EESP / FGV


Iniciaremos esta apostila com uma pergunta direta e simples: o que o estudo de redes sociais traz de
novo? As ferramentas de pesquisa para análise de redes são as mesmas utilizadas pelas Ciências
Sociais convencionais, como por exemplo o uso de questionário para coleta de dados. Entretanto, os
objetivos e ênfases mudam.

Vamos comparar a análise de dados tradicionais com a análise de redes.

Diferença entre análises convencionais e a análise de redes:

Para fazer análise de redes, usamos matrizes. Imagine uma matriz, na qual indivíduos são linhas e
variáveis são colunas:

Idade (anos) Gênero


Maria 16 Feminino
Sérgio 18 Masculino
Francisco 15 Masculino

1) Análises convencionais relacionam indivíduos (linhas) e variáveis (colunas),


2) resultando desta relação os atributos individuais. Exemplo: relaciono Maria à variável idade e
obtenho como resultado: Maria tem 16 anos. Depois eu comparo este atributo com o de outros
indivíduos, considerando a mesma variável: Sérgio tem 18 anos e Francisco, 15 anos. Posso
fazer a mesma coisa com a variável gênero, para os três.

O que há de diferente entre este tipo de matriz, que você já está acostumado(a) a ver, e a análise de
redes?

¾ Cada célula do quadro da análise de redes descreve uma relação entre os atores e não uma
comparação entre atributos;

Duas diferentes ênfases:

1) Na análise de rede vê-se como cada ator está localizado ou imerso (embedded – lembre-se do
Granovetter) na totalidade de uma rede.
2) Na análise de rede você tem acesso à estrutura de dados de modo holístico, inter-relacionando
células e, portanto, observando a relação de cada um dos atores (indivíduos ou organizações)
entre si. A partir destas inter-relações individuais emerge um padrão da rede.

• Os atores são descritos por suas relações não por seus atributos, procurando-se ver a estrutura
de conexões – e não os atributos individuais apenas – na qual o ator está imerso Portanto, a
análise de rede focaliza as relações entre os atores e não entre atores individuais e seus
atributos.

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Foco: nós (atores) e laços (relações)

Unidade de análise: relações

Atores (ou nós) – como selecioná-los?

Quando você define uma relação a ser estudada, amizade por exemplo, em uma amostra na qual se
encontra o indivíduo X, as pessoas que X definiu como amigas entram imediatamente na amostra. Ou
seja, não há uma “independência amostral” do indivíduo, pois uma vez definida sua entrada, os demais
que ele indicou devem necessariamente compor a amostra.

Pode-se dizer que a análise não tende a trabalhar com amostras estatísticas, mas com todo o universo.
Mas, então, como definir as fronteiras da população a ser estudada?

1) A priori – as fronteiras são criadas e impostas pelos próprios atores (nós) Ex: membros de uma
classe, Clube, etc. Nestes casos, trata-se de uma ação social padronizada, institucionalizada,
identificada pelos próprios participantes;

2) Demográfica ou ecológica – as fronteiras são identificadas contatando-se as pessoas numa área


espacial delimitada ou estabelecendo-se algum critério externo, pelo próprio pesquisador. Ex:
famílias que ganham mais de um milhão de dólares por ano (trata-se de uma agregação abstrata
imposta pelo observador, mais do que uma ação social padronizada, como no primeiro caso)

Modalidade e níveis de análise

O analista de redes pode focalizar múltiplos níveis de análise simultaneamente, isto é, pode estar
interessado em responder como um indivíduo está imerso dentro de uma estrutura e como a estrutura
emerge de relações (micro) entre partes individuais. Assim, é possível mapear relações multimodais
(redes dentro de redes). Ex: classes, dentro de escolas, escolas dentro de distritos, distritos dentro de
cidades, e assim por diante.

As relações (ou laços)

Descrever um conjunto de atores por variáveis (idade e gênero, como no nosso primeiro exemplo
de matriz) é diferente de descrever uma rede. No caso das redes identificamos relação ator por ator
e não ator por variável. O que descrevemos, então, é um tipo de relação indivíduo-indivíduo e não
indivíduo-atributos.

Quando você define um grupo, este grupo desenvolve uma série de relações. Para fazer a análise de
rede, você deve selecionar a(s) relação(ões) específica(s) que você quer analisar. Há duas formas de
selecionar relações e mensurá-las:

1) Para redes completas. (full network method) – Redes completas requerem o máximo de
informação, são de difícil execução: Uma das possibilidades é a de se trabalhar com a
técnica “Bola de Neve (snowball): começa-se com um ator e a cada um deles é
perguntado o nome ou conjunto de relações com os demais atores.
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• Limitações: i) atores isolados não são encontrados / incorporados por este
método; ii) não há um meio de garantir que serão encontrados todos os
indivíduos conectados de uma dada população. O início da rede é
fundamental.

2) Redes parciais (Egocentric networks) – começa-se a pesquisa com uma coleção de nós
(egos) e identifica-se os nós com os quais estão conectados (é semelhante ao snowball,
mas este começa com apenas um ego). É um método mais focalizado no indivíduo do
que na rede como um todo e se subdivide em dois tipos:
1) Egocêntrica com outras conexões. Exemplo: começa-se com um conjunto
aleatório de alunos e pede-se a eles para declararem conexões de amizade para, a partir
daí, estabelecer o conjunto das redes de amizade de uma classe.
2) Egocêntrica apenas ego. Não se estabelece relações entre os próprios nós, mas
apenas entre o ego e os nós.

OBS: A análise de rede pode trabalhar com relações múltiplas e com escalas para medir de
relações. Mas, este já seria um passo avançado demais para os nossos propósitos neste breve
resumo.

Análise de rede: vantagens do método formal

A idéia básica das redes é muito simples: uma rede social é um conjunto de atores (ou pontos) e nós
(ou agentes) que podem ter relacionamentos (ligações ou laços) uns com os outros. Uma rede pode
ser composta por poucos ou muitos atores, e pode conter um ou mais tipos de relações. Para
analisar redes, usamos matrizes e recursos gráficos.

Razões para o uso de técnicas matemáticas (matrizes) e gráficas em análise de redes sociais:
1) permitem representar as descrições dessas redes de forma compacta e sistemática e facilitam a
manipulação de dados (por meio do computador) de forma mais rápida e acurada, do que de
forma manual;
2) as representações matemáticas permitem descrever estruturas e compará-las, com o uso de
computador. Ex: estrutura de mercado de produtos agrícolas entre Brasil e Japão (fluxo
comercial entre 2 países);
3) estas estruturas e sua matemática trazem informações diferentes daquelas que poderíamos ter
apenas com palavras. Comparados à descrição verbal, permitem a visualização direta de
padrões de modo mais rápido e fácil.

Uso de gráficos para representar redes sociais

Há dois tipos de ferramenta matemática que permitem a representação dos padrões de relações
entre atores sociais: gráficos e matrizes (tabelas).

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Uso de gráficos para representar relações sociais

™ Exemplo de gráfico binário

Pergunta: Você compra produtos de C, A, B e D?


Resposta: sim ou não (binário)

Gráfico 1 – Relações de Compra

A B

C D

Este é um exemplo binário e direcionado (com flechas que apontam uma direção). O que importa é
saber se o laço (a relação de compra, no caso do exemplo) existe ou não.
A flecha representa uma escolha feita (nenhuma flecha representa ausência de escolha).

• Nomeação:
- Cada pessoa é chamada “ego” (nó ou ator). No exemplo acima: A,B,C, D.
- Outros (nós ou atores) são chamados “alters”
- “Simplex” - Descreve apenas um tipo de laço ou relação. É o exemplo do gráfico acima,
sobre relação de compra. Estruturas sociais, no entanto são “multiplex”, ou seja, apresentam múltiplos
tipos de laços entre atores sociais (não vamos tratar de multiplex nesta apostila)

OBS: lembre-se de que não há necessariamente reciprocidade nas relações que você deseja estudar.

Uso de matrizes para representar relações sociais

O que é uma matriz?

Colunas e linhas forma a estrutura de uma matriz. Por exemplo, uma matriz i por j (i x j) significa que
temos i linhas e j colunas. Os elementos de uma matriz são identificados por seus endereços (cada
célula é um endereço).

A matriz mais simples é a binária, isto é, quando o laço está presente, o número 1 é colocado na célula;
quando está ausente, coloca-se o número 0.

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™ Exemplo de matriz binária

Pergunta: Você já contratou, ao menos uma vez, A,B,C ou D como consultor?


Resposta: sim ou não (binário)

Matriz binária - Contratação para consultoria


A B C D
A -- 1 0 0
B 1 -- 1 1
C 1 0 -- 1
D 0 0 0 --

Gráfico de representação da matriz acima

A B

C D

Este é o ponto inicial da maioria das análises de rede e, neste caso, a matriz é chamada de “matriz
adjacência”, porque ela representa quem está próximo ou adjacente num “espaço social” mapeado pelas
relações que nós desejamos avaliar. O preenchimento de uma matriz deve começar pelas linhas. As
linhas representam os senders (aqueles que, no gráfico, o laço / linha não termina em flecha). Os
targets, por sua vez, são o alvo das setas:

Sender Target

Isto significa que o elemento i, j não é o mesmo que o elemento j, i quando não há reciprocidade entre
os nós / atores.

Quando i = j (ex: A em relação a si mesmo) tem-se uma parte da matriz chamada de diagonal principal.
Pode-se deixar em branco, quando o dado não for relevante.

Propriedades básicas das redes e atores

Atributos pessoais e comportamentos dependem -- e podem ser compreendidos, através das diferentes
nas maneiras como os indivíduos estão conectados.

Conexão significa que estes indivíduos recebem informações e podem ser mais influentes e / ou mais
influenciados pelos outros, aos quais estão conectados. Ex: doenças e rumores se espalham mais
rapidamente quando há maior taxa de conexão.

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Entre uma análise com foco no indivíduo e uma análise com foco na população total, há um outro nível
de análise que é a composição de redes / conexões.

• Quanto maior o grau de conexão de um indivíduo, maior é a capacidade de mobilizar


recursos (capital social) e maior é a capacidade de trazer perspectivas múltiplas e diversas
para solucionar problemas.

Diferentes conexões podem nos dizer muito sobre a estrutura social.

™ Exemplo: Elites e massas - 1) elites interconectadas se distinguem da massa de pessoas, massas


estas que demonstram possuir um pequeno número de conexões entre si; 2) ausência de
conexões entre elites e massas.

Exercício I
1) Identifique a população;
2) Identifique a rede;
3) Identifique elites e massas

O que segmentos e classes sociais nos revelam, em termos de redes, não diz respeito apenas ao número
de conexões existentes, mas também se os membros de uma determinada classe conseguem superar,
através destas conexões, constrangimentos ou se tais conexões provem oportunidades (distância).

™ Exemplo:
Em uma rede direcionada, simples e binária, qual é o ator mais conectado e o menos
conectado? Há ou não reciprocidade entre eles? Alguns são mais senders do que
receivers? Há um grupo mais no centro da conexão e outro mais periférico?

Quais são os atores que estão nesta condição: identifique-os.

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Exercício 2

Conexões (díades e tríades)

Como analisar conexões? Qual é o número de conexões possíveis ou, de fato, presentes? Tamanho da
população é um dos pontos críticos da análise sociológica. O grau em que um ator é incapaz de chegar
ao outro, é indício de isolamento. Mas o fato de um ator não estar em contato com outro, pode não ser
apenas fruto de um fator psicológico, mas sócioestrutural. Se temos dois atores (A e B) relacionando-
se e constatamos que A envia mais não recebe (é apenas um sender) e B recebe mas não envia (é um
target) isto evidencia uma relação assimétrica. Então, as relações diádicas são muito importantes na
análise das conexões. Laços assimétricos podem indicar instabilidade na relação. Uma rede com
predominância de laços recíprocos, pode ser mais estável do que uma com predominância de relações
assimétricas (não recíprocas).

Tríades permitem o alcance maior de um conjunto de possibilidades de relações. Há 64 relações


possíveis entre atores, inclusive a existência de um terceiro excluído. Os pesquisadores de pequenos
grupos sugerem que todas as formas fundamentais de relações sociais podem ser observadas em
tríades.

Tamanho, densidade e grau

Algumas características das conexões são: tamanho, densidade e grau.

Tamanho das conexões: se sua classe tivesse 300 alunos, seria mais difícil manter o mesmo número de
conexões que atualmente ela possui. Tamanho da rede significa o número de atores conectados.

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Densidade de laços/conexões: é a proporção de todos os laços que poderiam estar presentes e que de
fato estão (pode ser medido em porcentagem). Por exemplo: numa tríade há 64 potenciais relações.

Exercício 3

Numa população de 10 pessoas, 5 estão conectadas. Qual é a densidade?

Grau (degree) de pontos: indica quantas conexões um ator possui.

Por exemplo, considere a seguinte matriz, com o seu respectivo grafo:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 -- 1 0 0 1 0 1 0 1 0
2 1 -- 1 1 1 0 1 1 1 0
3 0 1 -- 1 1 1 1 0 0 1
4 1 1 0 -- 1 0 1 0 0 0
5 0 1 1 1 -- 0 1 1 1 1
6 0 0 1 1 1 -- 1 0 1 0
7 0 1 0 1 1 0 -- 0 0 0
8 1 1 0 1 1 0 1 -- 1 0
9 0 1 0 0 1 0 1 0 -- 0
10 1 1 1 0 1 0 1 0 0 --

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Para dados assimétricos, a soma das conexões de um ator a outro é chamado de out-degree do ponto.
Por exemplo, o ator número 1 envia informações para outros 4 atores (é um sender). O out-degree é
usualmente uma medida de quão influente o ator pode ser.

Podemos também ver os atores como receptores de informação. A soma de cada coluna na matriz é o
in-degree do ponto, isto é, o quanto outros atores mandam informações ou mantém laços com aquele
ator que estamos focando. Atores que recebem muitas informações de outros atores pode indicar
prestígio ou poder (“conhecimento é poder”), mas também pode sofrer fadiga de informação. Por
exemplo, o ator recebe informações de todos os outros atores.

Para dados simétricos, não há diferenciação entre out-degree e in-degree, tendo, portanto, apenas graus.

Exercício 4

A matriz do exemplo acima, qual o in-degree e out-degree do ator 2?

Terminamos aqui nossa apresentação. Mas, você poderá acessar o site da UCINET1 e obter
informações mais complexas e mais completas sobre análise de rede. Imagine o potencial que este
instrumento de pesquisa e análise pode significar na sua formação acadêmica e no seu trabalho,
qualquer que venha ser. Boa sorte!

1
Borgatti, S.P., Everett, M.G. and Freeman, L.C. 2002. Ucinet for Windows: Software for Social Network Analysis. Harvard,
MA: Analytic Technologies. Um dos sites possíveis para fazer download é http://www.analytictech.com/downloaduc6.htm.
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