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30 ANOS DE VIGIAR E PUNIR (FOUCAULT)* Juarez Cirino dos Santos Introdugio O objetivo de FOUCAULT, em Vigiar e Punir, & descrever a historia do poder de punir como histéria da prisdo, cuja institui¢ao muda o estilo penal, do suplicio do corpo da época medieval para a utilizag&o do tempo no arquipélago carcerdrio do capitalismo moderno.’ Assim, demonstrando a natureza politica do poder de punir, 0 suplicio do corpo do estilo medieval (roda, fogueira etc.) € um ritual piblico de dominagao pelo terror: o objeto da pena criminal € 0 corpo do condenado, mas o objetivo da pena criminal € a massa do povo, convocado para testemunhar a vit6ria do soberano sobre o criminoso, 0 rebelde que ousou desafiar 0 poder. O processo medieval é inquisitorial e secreto: uma sucessio de interrogat6rios dirigidos para a confisso, sob juramento ou sob tortura, em completa ignorancia da acusago e das provas; mas a execugdo penal € piiblica, porque 0 sofrimento do condenado, mensurado para reproduzir a atrocidade do crime, é um ritual politico de controle social pelo medo.* No estudo da prisdo, a originalidade de FOUCAULT consiste em abandonar 0 critério tradicional dos efeitos negatives de repressio da criminalidade, definido pelas formas juridicas e delimitado pelas conseqtiéncias da aplicagao da lei penal, para pesquisar os efeitos positivos da prisio, como tatica politica de dominagdo orientada pelo saber cientifico, que define a moderna tecnologia do poder de punir, caracterizada pelo investimento do corpo por relagdes de poder, a matriz comum das ciéncias sociais contemporaine: * Trabalho apresentado no 11° Seminério Internacional do IBCCRIM (4 a 7 de outubro de 2005), Si0 Paulo, sp. " FOUCAULT, Vigiar ¢ Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 13-20; ver BARATTA, Criminologia Critica e Critica do Direito Penal. Freitas Bastos, 2* edicio, 1999, p. 191-192; também, CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical. Forense, 1981, p. 50. 2 CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical. Forense, 1981, p. 50-51, ° FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 33-61 * FOUCAULT, Vigiar e Punir. Peixépolis, Vozes, 1977, p. 26-27; comparar BARATTA, Criminologia Critica e Critica do Direito Penal. Freitas Bastos, 2 edig0, 1999, p.192. Desse ponto de vista, o sistema punitivo seria um subsistema social garantidor do sistema de produgio da vida material, cujas_priticas punitivas consubstanciam uma economia politica do corpo para criar docilidade e extrair utilidade das forgas corporais.* A perspectiva hist6rica da pesquisa de FOUCAULT parece assumir que as relagdes de produgdo da vida material engendram as relacdes de dominagdo do sistema punitivo, orientadas para (re)construir 0 corpo como forga produtiva — ou seja, como poder produtivo -, e como forga submetida, mediante constituigio de um poder politico sobre o poder econémico do corpo.® Na linguagem de Vigiar e Punir, as relagdes de saber e de controle do sistema punitivo constituem a microfisica do poder, a estratégia das classes dominantes para produzir a alma como priséio do corpo do condenado — a forma acabada da ideologia de submissdo de todos os vigiados, corrigidos e utilizados na producio material das sociedades modernas.’ Nesse contexto, 0 bindmio poder/saber aparece em relago de constituigdo reefproca: © poder produz 0 saber que legitima e reproduz poder. No estudo de FOUCAULT, a instituigdo da prisio substitui 0 espetéculo punitivo da sociedade feudal, porque a ilegalidade dos corpos da economia feudal de subsisténcia foi substituida pela ilegalidade dos bens da economia capitalista de privago. Na formagdo social erigida sobre a relacdo capital/trabatho assalariado, as ilegalidades sio reestruturadas pela posi¢do de classe dos autores: a ilegalidade dos bens das classes populares, julgada por tribunais ordindrios, € punida com prisio — ao contrério da ilegalidade dos direitos da burguesia, estimulada pelos siléncios, omiss6es ¢ tolerancias da legislagao, imune & punico ou sancionada com multas -, legitimada pela ideologia do contrato social, em que a posigio de membro da sociedade implica aceitagdo das normas e a prética de infragdes determina aceitagdo da punigdo. Neste ponto, 0 génio de FOUCAULT formula a primeira grande hip6tese critica do trabalho, que parece ser o fio condutor da pesquisa descrita no livro, além de vincular Vigiar e Punir a tradigdo principal da Criminologia * MELOSSUPAVARINI, Carcel y Fabrica (ls origenes del sistema penitenciario). Siglo XX1 editors, 1980, 1982, p. 70, corrigem FOUCAULT, mostrando a dsciplina como “téenica de controle da forga de trabalho 1a fbrica redfinida como “economia politica” pura e simples. SBARATTA, Criminologia Critica e Critica do Direito Penal. Freitas Bastos, 2 edigio, 1999, p. 192, critica © conceito de disciplina de FOUCAULT, como “abstracdo histérica”, explicada como estratégia do Poder, a relagdes de produsao”. , Instiutions of social control and capitalist organization of work In B. Fine et alii (Ed), Capitalism and the rule of law. Londres: Hutchinson 1979, p. 90-93. “FOUCAULT, Vigiar e Punir. Peubpolis, Vozes, 1977, p. 28-32. Critica: o sistema penal é definido como instrumento de gestdo diferencial da criminalidade — e nao de supressao da criminalidade.” Il. A disciplina Por que a prisio, em posigdo marginal na sociedade feudal, sem cardter punitivo, ligada a ilegalidades e abusos politicos, insuscetivel de controle e nociva 2 sociedade (custos elevados, ociosidade programada etc), se transforma na forma principal de castigo da sociedade capitalista? A resposta a essa pergunta é a disciplina, 0 conceito fundamental da obra de FOUCAULT - definida por MELOSSI como teoria materialista da ideologia nas sociedades capitalistas.'° A disciplina € a propria (micro)fisica do poder, institufda para controle e sujei¢do do corpo, com 0 objetivo de tornar o individuo décil e itil: uma politica de coer¢io para dominio do corpo alheio, ensinado a fazer 0 que queremos e a operar como queremos. O objetivo de produzir corpos déceis e titeis € obtido por uma dissociagio entre corpo individual, como capacidade produtiva, e vontade pessoal, como poder do sujeito sobre a energia do corpo."" O estudo do conceito de disciplina, como politica de controle e dominio da energia produtiva individual nas sociedades modemas, € estruturado por elementos e principios especificos. Na linguagem de FOUCAULT, os elementos da disciplina so os seguintes: a) a distribuigio dos corpos, conforme fungdes predeterminadas; b) 0 controle da atividade individual, pela reconstrugio do corpo como portador de forgas dirigidas; c) a organizagio da géneses, pela internalizagio/aprendizagem das fungdes; d) a composigao da forgas, pela articulacio funcional das forgas corporais em aparelhos eficientes.'* * FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 69-76; ver CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical. Forense, 1981, p. 57. " MELOSSI, Instiutions of social control and capitalist organization of work. In B. Fine et alii (Ed), Capitalisin and the rule of law. Londres: Hutchinson 1979, p. 92-93, " FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 125 s.; CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical. Forense, 1981, p. 53-54. " FOUCAULT, Vigiar ¢ Punir. Petropolis, Vozes, 1977, p. 125-152; ver CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical. Forense, 1981, p. 54-55. Os principios da disciplina so constituidos pelo método de adestramento dos corpos: a vigilancia hierdrquica, a sano normalizadora e o exame. 1) A vigilancia hierdrquica existe como um sistema de poder sobre 0 corpo alheio, integrado por redes verticais de relagdes de controle, exercidas por dispositivos/observat6rios que obrigam pelo olhar, pelos quais técnicas de ver, operantes sobre a completa visibilidade dos submetidos, produzem efeitos de poder, como ocorre nas fabricas, por exemplo: permite 0 controle continuo dos processos de produgdo e, assim, funciona como operador econémico insepardvel do sistema de produgio, da propriedade privada e do lucro.'? 2) A sangdo normalizadora existe como um sistema duplo de recompensa (promogio) e de punigdo (degradagio), instituido para corrigir e reduzir os desvios, especialmente mediante micro-penalidades baseadas no tempo (atrasos, auséncias), na atividade (desatengao, negligéncia) e em maneiras de ser (grosseria, desobediéncia), fundadas em leis, programas e regulamentos, em que a identidade de modelos determina a identificagao dos sujeitos.'* 3) O exame representa a conjugagio de técnicas de hierarquia (vigilincia) com técnicas de normalizagao (sangao), em que relagdes de poder criam o saber e constituem 0 individuo como efeito e objeto de relagdes de poder e de saber.'* III. 0 panético Na concepgio de FOUCAULT, 0 pandtico € 0 dispositive do poder disciplinar, como sistema arquitetural constitu{do de torre central e anel periférico, pelo qual a visibilidade/separacio dos submetidos permite o funcionamento automético do poder: a consciéncia da vigilancia gera a desnecessidade objetiva de vigilincia. O pandtico de BENTHAM seria 0 principio de nova anatomia politica, como mecanismo de disciplina aplicado na construg%io de um novo tipo de sociedade, em penitencidrias, fabricas, escolas etc., permitindo a ordenacio das multiplicidades humanas conforme taticas de poder, com redugio da forga politica (corpos déceis) e ampliagao da forga til (corpos titeis) dos sujeitos submetidos.'® " FOUCAULT, Vigiar Punir. Petropolis, Vozes, 1977, p. 153-158; comparar CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical. Forense, 1981, p. 54. ' FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 159-164, 'S FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 165-172. * FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 173-199; nesse sentido, MELOSSI, Institutions of social control and capitalist organization of work. In B. Fine et alii (Ed), Capitalism and the rule of law. Londres: Hutchinson. 1979, p. 90-91 1. A Prisio A prisdo 6, na ética de FOUCAULT, a forma de aparelho disciplinar exaustivo do modelo panstico, construido para exercicio do poder de punir mediante supressio do tempo livre — 0 bem jurfdico mais geral das sociedades modernas. Nesse sentido, a prisio é um aparelho juridico-econdmico que cobra a divida do crime em tempo de liberdade suprimida, mas é sobretudo um aparelho técnico-disciplinar construido para produzir docilidade_ e utilidade mediante exercicio de coagio educativa total sobre 0 condenado’” — que a Criminologia Critica ir4 redefinir como instituigdo auciliar (da fabrica), em conjunto com a familia, a escola e outras instituicdes de socializagao.'* O método de ago da prisio, dirigido A recodificagio da existéncia dos submetidos, consiste (a) no isolamento, com ruptura das relagdes horizontais, substitufdas por relagdes verticais de controle hierdrquico, (b) no trabalho, como mecanismo de submissio ao poder e (c) na modulagdo da pena, institufda como valor de troca do crime medido pelo tempo.'? Como se vé, 0 individuo condenado € objeto de relagdes de poder e ponto de incidéncia de relagdes de saber (técnicas de corregio), segundo causalidades psicolégicas da hist6ria individual.” A hist6ria da prisio, local de cumprimento de penas privativas de liberdade (troca juridica do ctime) e de execugio do projeto ténico corretivo de individuos condenados (produgio de sujeitos déceis e titeis) & a histéria de 200 anos de fracasso, reforma, novo fracasso e assim por diante, com a reproposigao reiterada do mesmo projeto fracassado — segundo o célebre isomorfismo reformista, de FOUCAULT. Mais do que isso, 0 sistema carcerrio € marcado por eficécia invertida: em lugar de reduzir a criminalidade, introduz os condenados em carreiras criminosas, produzindo reincidéncia e organizando a delingiiéncia. O estudo dos objetivos da prisiio origina a segunda grande hipétese critica de FOUCAULT, fundada na diferenciagdo dos objetivos ideolégicos e dos objetivos reais do sistema carcerétio: os objetivos ideoldgicos da prisio seriam a repressdo e redugdo da criminalidade, enquanto os objetivos reais da prisio seriam a repressdo " CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical. Forense, 1981, p. 55-56 ' MELOSSI, Institutions of social control and capitalist organization of work. In B. Fine et alii (Ed), Capitalism and the rule of law: Londres: Hutchinson 1979, p.92-94, " Nesse sentido, amibém PASUKANIS, A teoria geral do direto eo marxismo. Perspectiva Juridica, Lisboa, 1972, p. 183 es * FOUCAULT, Vigiar ¢ Punir. Petropolis, Vozes, 1977, p. 207-223. seletiva da criminalidade e a organizago da delingiiéncia, definida como tatica politica de submissio.”! Desse modo, FOUCAULT insere 0 controle da criminalidade no horizonte politico das lutas sociais, desde a exploragdo legal do trabalho, até o regime de propriedade da terra, fazendo pleno emprego de categorias marxistas: a lei penal é definida como instrumento de classe, produzida por uma classe para aplicaco as classes inferiores; a justica penal seria mecanismo de dominagio de classe, caracterizado pela gestdo diferencial das ilegalidades; a prisio seria o centro de uma estratégia de dissociagao politica da criminalidade, marcada pela repressdo da criminalidade das classes inferiores, que constitui a delingiiéncia convencional como ilegalidade fechada, separada e titil, ¢ 0 delingiiente comum como sujeito patologizado, por um lado, e pela imunizagdo da criminalidade das elites de poder econdmico e politico, por outro lado. Assim, o reconhecido fracasso da prisio refere-se aos objetivos ideoldgicos de repressao da criminalidade e de corregiio do condenado, porque os objetivos reais de gestio diferencial da criminalidade constituem incontestavel éxito hist6rico da prisio.” A produgdo da delingiiéncia na linguagem de FOUCAULT - ou a criminalizagdo do oprimido, segundo a Criminologia critica — cumpriria a fungao de moralizar a classe operatia, mediante inculcagZo/aquisig¢ao de uma legalidade de base: a aprendizagem das regras da propriedade, o treinamento para docilidade no trabalho, a estabilidade na familia, na habitagio etc. Por outro lado, essa criminalidade de repressdo, localizada nas classes oprimidas da populacio, realizaria o papel de ocultar a criminalidade dos opressores, com suas leis tolerantes, tribunais indulgentes e imprensa discreta.> Em definitivo, a teoria politica da criminalidade desenvolvida por FOUCAULT repudia o conceito de natureza crimindgena de determinados individuos, para mostrar 0 crime como jogo de forgas, no qual a posicio de classe produz 0 poder e a prisdo. A imagem de um julgamento que coloca juiz e réu frente frente € antoldgica: se 0 magistrado tivesse tido a infancia pobre do acusado, poderia ser o réu em julgamento; se o réu fosse bem nascido, poderia estar no lugar do juiz.* 2. Sociedade carceraria ® FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 228-239, ® FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 241-248; ver CIRINO DOS SANTOS, A criminologia radical, Forense, 1981, p. 56-57. 2 Ver BARATTA, Criminologia Critica e Critica do Direito Penal. Freitas Bastos, 2 edigio, 1999, p. 190. * FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 251-254, A sociedade panstica, protegida pelo encarceramento e existente como arquipélago carcerdrio, produz 0 criminoso dentro da lei, introduzido em carreiras criminosas pelo processo pedagégico das prisdes, coldnias penais e outras instituigdes de controle — em perspectiva convergente com o labeling approach. O poder de punir é legitimado pela identificagdo das fungdes de punir, curar e ensinar, que fundamenta as tarefas judiciais de medir, avaliar e distinguir 0 normal do patol6gico. A formagio de saber na tessitura carceréria da sociedade, como método de tornar iitil e décil necessario 4 economia do poder, mostra as ciéncias humanas como produtos de modalidades especificas de poder: relagées de poder produzem saber; areas de saber reproduzem 0 poder. A. prisio, instituigio central de dispositivos/estratégias de poder, seria indispens4vel, poderia ser abolida? RADBRUCH dizia que no precisamos de um Direito Penal melhor, mas de algo melhor do que o Direito Penal”®, Indiferente & discussdo sobre a natureza punitiva (retribuigdo) ou corretiva (prevencao) da prisio, ou ao controle da prisio por juizes, psiquiatras, administradores ou guardas, FOUCAULT conelui: € preciso constituir algo diferente.” IV. Conclusées As conclusdes deste trabalho, apresentadas ao longo do estudo das contribuigdes fundamentais de Vigiar e Punir para a ciéncia contemporinea do controle social, podem ser assim resumidas: 1. A pesquisa dos efeitos positivos da prisio, produzidos mediante o investimento do corpo por relacdes de poder e definidos como estratégia das classes dominantes para criar docilidade e extrait utilidade das forgas corporais, indica 0 modo de atuacio da ideologia de submissdo de todos os vigiados, corrigidos e utilizados na producio material das sociedades modernas. 2. A definigao do sistema penal como instrumento de gestéo diferencial da criminalidade pela posi¢éo social do autor, que concentra a repressfio nas camadas sociais subalternas e garante a imunidade das elites de poder ® FOUCAULT, Vigiar ¢ Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 257-266. 2*RADBRUCH, Filosofia do direito. Coimbra, Arménio Amado Editor, 1961, v. Il, p. 97. * FOUCAULT, Vigiar e Punir. Petr6polis, Vozes, 1977, p. 267-269, econdmico e politico, representa conquista definitiva da Criminologia Critica contempordnea. 3. O conceito de disciplina de FOUCAULT, definido pelas técnicas de controle e sujeigao do corpo com 0 objetivo de tornar o individuo décil e itil, capaz de fazer 0 que queremos ¢ de operar como queremos, representa uma teoria materialista da ideologia nas sociedades capitalists, implementada com 0 objetivo de separar 0 poder do sujeito sobre a capacidade produtiva do corpo, necessério para a subordinacdo do trabalho assalariado ao capital. 4. O estudo da prisdo, local da troca juridica do crime (retribuigio equivalente) e do projeto de corregdio de condenados (sujeitos déceis e titeis) = com 200 anos de isomorfismo reformista, com fracasso, reforma e reproposigéo do projeto fracassado — aprofunda a distingdo entre objetivos ideolégicos ¢ objetivos reais da instituigdo: os objetivos ideoldgicos da prisio seriam a repressdo e redugdo da criminalidade; os objetivos reais da prisio seriam a repressao seletiva da criminalidade e a organizagao da delingiiéncia, definida como tatica politica de submissio. 5. © controle da criminalidade aparece no contexto politico da luta de classes das sociedades modernas, mareado pelo fracasso dos objetivos ideologicos de repressio da criminalidade e de correco do condenado, que encobre 0 éxito histérico dos objetives reais de gestio diferencial da criminalidade: a lei penal € instrumento de classe, produzida por uma classe para aplicago as classes inferiores; a justiga penal constitui mecanismo de dominagao de classe, caracterizado pela gestéo diferencial das ilegalidades; a prisio € a instituicio central da estratégia de dissociagao politica da criminalidade, com repressdo da criminalidade das classes inferiores e imunizagao da criminalidade das elites de poder econdmico e politico.

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