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As principais falhas na educaçã o em Portugal

Muito se discute sobre a educação em Portugal. Todos os anos novos decretos-lei são

aprovados e são comuns (talvez mais comuns do que seria razoável) as reformas que modificam

radicalmente o sistema educacional do país. No entanto, as críticas não cessam de existir. Isso deve-se à

ineficácia sistemática desses decretos-lei e reformas em resolver três problemas principais: A falta de

conhecimentos base que permitam aos estudantes aprender com eficácia a matéria leccionada em cada

disciplina do seu ano de escolaridade, a falha surpreendente que existe na cultura geral desses mesmos

alunos e a inadequação dos conteúdos lectivos constantes dos programas de cada disciplina durante o

ensino obrigatório e os conhecimentos necessários para o sucesso no mercado de trabalho ou ensino

superior.

O primeiro e, possivelmente, mais grave problema de entre os três, é a inexistência de bases


que possibilite a compreensão dos conteúdos estudados pelos alunos de cada disciplina e ano lectivo.
Esta situação, virtualmente, não deveria existir: Os programas de cada disciplina são pensados tendo em
conta os conteúdos leccionados em anos anteriores, com a excepção óbvia dos programas relativos ao
1º ano de escolaridade obrigatória. Se um estudante transitou de ano, parte-se do princípio que
aprendeu tudo aquilo que lhe era exigido no ano anterior. Infelizmente, na realidade, isso nem sempre
acontece: Especialmente durante os primeiros anos de escolaridade, é raro um aluno não transitar para
o ano seguinte, mesmo que seja nítido que não possui as capacidades requeridas para esse efeito. Como
consequência, conforme os anos vão passando, mais difícil será para esses alunos ficar a par da matéria.
Obviamente um professor, com mais outros tantos alunos e um programa extenso para ensinar, não
terá possibilidade de ajudar a colmatar as falhas na educação de um ou mais alunos que não deveriam
estar naquele patamar de dificuldade, apesar das tentativas de muitos.

Outro problema que beira o absurdo é a falta de cultura geral que a maioria dos alunos
demonstra, devido, entre outros motivos, à comunicação deficiente entre os sistemas familiar e escolar,
que não se mostram minimamente preparados, na maioria dos casos, para estimular a curiosidade,
cidadania e raciocínio independente nos jovens; à ramificação que surge cada vez mais cedo no percurso
escolar desses jovens - resultado de um mercado de trabalho que ao longo dos anos tem atribuído
sucessivamente mais valor à especialização em áreas muito particulares de cada sector do
conhecimento, especialmente dentro das ciências exactas – e que leva muitas vezes a que áreas fulcrais
para o desenvolvimento de um indivíduo responsável e preparado para exercer os seus direitos e
deveres de cidadão, como teoria política, conhecimento básico das leis do país e fundamentos da
história de várias artes, não sejam sequer abordadas ao longo do percurso escolar da grande maioria
dos alunos.

Por último, e em estreita ligação com os outros problemas, está a discrepância entre o que se
aprende no ensino obrigatório e as competências requeridas para o êxito a nível académico de nível
superior ou no mercado de trabalho. Numa abordagem bastante resumida e simples do assunto: Muito
do que se aprende no ensino básico é inútil e deixa-se por aprender muito do que faz falta (as tais
competências transversais abordadas anteriormente). Um exemplo flagrante disto sucede na área de
Ciências e Tecnologias do ensino secundário, em que apesar de a grande maioria dos alunos ter como
futura escolha um curso prático, relacionado com ciências exactas, engenharias e novas tecnologias, não
existe como obrigatória nenhuma disciplina que ensine o uso dessas mesmas novas tecnologias, vitais
para o sucesso dos alunos que optarem por essas áreas e, nos dias de hoje, para a generalidade dos
novos trabalhadores (para além da constatação, quase risível, de que o “Tecnologias” em “Ciências e
Tecnologias” não está presente na realidade da educação).

Todos estes problemas têm, no entanto, solução. No caso da primeira questão, a única solução
é o abandono do facilitismo em relação a alunos que, por qualquer razão, não atingiram o patamar
requerido para a passagem para uma nova etapa. Deve-se perder o medo de reprovar alunos, já que
isso, apesar de desagradável, revela-se bastante mais eficaz do que transitá-los sem os conhecimentos
necessários para um percurso regular nos anos que se seguem. Só assim se acabará com as sucessivas
gerações de alunos que abandonam o ensino, obrigatório ou superior, com as capacidades de escritas
de um adolescente de 12 anos e totalmente dependentes de calculadoras. Já em relação à segunda
falha, apenas a criação de mais disciplinas transversais às diferentes áreas de estudo pode colmatá-la.
Só assim se acabará com a quantidade alarmante de indivíduos que completam a sua educação com
conhecimentos incrivelmente especializados em determinadas áreas sem que, no entanto, tenham as
bases necessárias para, por exemplo, exercer o seu direito de voto de forma informada e
fundamentada. Para finalizar, em relação à terceira grande carência do sistema educacional português,
uma maior colaboração entre os órgãos encarregados de gerir os ensinos secundário e superior e os
maiores empregadores a nível nacional é a única maneira de optimizar esta situação, eliminando o que é
irrelevante de forma a abrir espaço para aquilo que deveria ser aprendido durante a escolaridade
obrigatória como forma de preparação para níveis superiores de educação e/ou para o mercado de
trabalho. Só assim se eliminarão as dificuldades experimentadas pelos alunos e novos trabalhadores que
sentem dificuldades em encontrar real relação entre todos os anos dispendidos na escolaridade
obrigatória e as competências que lhes são exigidas para o sucesso futuro.

Ana Rita Gomes, nº 3, 12ºA


Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro
2009/2010

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