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Os peixes não falam, e agora debaixo d’água não vais ouvir nenhuma palavra,

nem murmúrio, mas talvez haja um peixe que murmure, que você escute como
uma criança chora, baixinho, ou um adulto chora, o mar inteiro escuta, você
escuta o peixe e parece que vem do mar inteiro. Embaixo da água não tem
cheiro, para a gente, mas tem peixe que fareja, tem tubarão que sente cheiro de
sangue de gente de longe. E você sabe como é cheiro de ferro que o peixe sente
embaixo da água salgada.(?)

Quando a âncora é levantada, ou melhor, a ancora está sendo levantada e um


tubarão mediúnico, como é capaz talvez haja, que quem sabe todo tubarão
martelo é clarividente, sentiu cheiro de gente de muito longe quando a âncora
estava sendo levantada. E um peixe que sai do cardume porque vê um ser
gigante, que os outros não vêem mas que existe de fato, um grande casco cinza
metálico, pesado. Você sabe quem sustenta, flutuando sobre a água, tão enorme
fardo? Gigatoneladas de granadas estão sendo produzidas e preparadas. O som
que se escuta é o de um torpedo, que vem de muito longe, muy lejo.

Não desconfiavam os tristes e alegres marinheiros tomando vinho do porto e se


refrescando no Tejo, que a navegação que eles inventaram tomaria tamanha
proporção. O cheiro que o peixe, de nome popular peixe espada, que nadava tão
rente ao navio sentia, é um cheiro que a você seria insuportável {mas que para
ele ainda não tem significado}: o cheiro da morte. Mas o peixe espada, na
época, não sabia: este peixe não morre vive sempre errante, a não ser que seja
de morte matada. Mas quem vê, debaixo d’água, esta com a vida bem viva ( a
água vive {em} com um olho d’água, quem não vive é a água viva, esta só
persiste só existe, só se agarra, matem-se coesa, uma geleca d’água, pra ser
despedaçada e espalhada na praia, e então viver, sim, agora sim viver, para
sempre separada, em muitos pedaços, separada, desconexa, desamparada, sem
recursos, sem esperança, com baixíssima probabilidade de um dia viver-morrer
de novo junta, individua, unidade, (não ser mais singulares afastados).

A água do mar enquanto viva, ou a água viva no mar, sente, ou pensa (porque
existe), que é uma coisa louca, que é uma complicada brincadeira, que é uma
eternidade muito rápida, que nada nada, que um mundo não é tudo, que saber
vai ser sempre como morrer na estrada.

Uma caravela se estende imensa em comprimento de alcance dessas suas coisas


tentaculares se arrastando angulares na corrente, ela não tem cheiro {ou cheira
a éter?} (contra ela um tubarão é indefeso) não tem medo (só no fundo de seu
coração de vento) e nem cérebro: é um só nervo com um só receptáculo.

A medusa é vermelha, a medusa queima, assusta, corrói, machuca: a medusa


mata. E tem aquela {outra} verde e azul, transpa, rente, uma geléia azul sutil e
monstruosa (só é um sendo o outro e vice versa), pisa numa e você nunca será o
mesmo não por causa de veneno, mas pela textura, a sensação, os aspectos.
Além dos peixe espada haviam os peixes gêmeos e também a bela peixa rubala
grávida {e a prenha esturjona}. Todos próximos a enorme placa entortada, cova
arredondada de ferro que se extrai da montanha. A essência, a brutalidade, a
matéria prima base sofisticada, o duro da pedra, a montanha transportada e
flutuando no muito distante {mar Adriático} (que merda rimada): o casco do
navio, com algumas cracas (cracas novas, pioneiras, revolucionarias, cracas
duras e certeiras). Todo aquele ambiente e nenhuma palavra {peixe não fala}.

A âncora pendurada ( a âncora é muito maior que você, e a corrente, que na


água a suspende, tem cada anel, cada degrau, cada parte fractal maior que o seu
fêmur, maior que o seu baço). O navio manobra, se movimenta em um giro
comandado pelo capitão. Quem viu o radar já sabe, já não sabe porque trabalha,
passa as coordenadas coordena a tentativa (desesperada). O homem ao leme
sacou tudo, é um desenganado, já sabe o futuro mas pilota o barco e o sente
parte sua, ciborgue. Quem esta no navio, lá dentro, em uma cabine, tem gente
jogando xadrez, tem uma menina fumando um baseado.

Debaixo do mar a explosão é precedida pela chegada, a aparição continua e


desenfreada do torpedo (quilos e quilos e quilos de granada).

Ele vem, o torpedo, rápido: sabe seu rumo, acertaria o alvo mesmo sem
tecnologias, sem sistemas avançados. É um torpedo raro, de raça criada por
alquimistas malvados, um torpedo mal, predestinado. O torpedo esta conectado
a internet, o torpedo tem conexões USB e wireless. O torpedo é poderoso (não
paga impostos, não é chateado), o

Antes da explosão, nenhuma palavra os peixes não falam. O peixe espada ouviu
o zumbi(do)eletrônico (conectado), zumbido. A rubala não TVE medo, os
gêmeos fecharam os olhos {e se olharam}, a caravela pressentiu sua eternidade
de pedaços (viva, despedaçada boiando em vários mares, a enorme caravela ia
viver, ia sentir saldades).

O peixe espada virou Baiacu e chorou, (ponha a cabeça na água, ouça ele chorar,
desgraçado) o baiacu e o zumbido, o baiacu é feio mas fareja bem, cheira a metal
fundido.

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