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¢&O DE OUTONO? As pulsagoes Dos violdes ? Outonais Fazem o ser Esmorecer, Sempre iguais * E todo arfando Palido, quando Soa a hora, Minha alma invade Velha saudade E apés chora. Se eu assim vago, Vento pressago 4 Me transporta Ao-deus-dara, Semelhante a Félha morta. ® (1) — Traduzido também por Alphonsus Guimaraens (Poesias, Rio, Si- mées, 1955, vol. I, pags. 310-11); também incluida em Obras Primas da Poesia Universal, obra citada, pag. 128; e em Olegirio Mariano, Antologia de Tradutores e Alvaro Lins e Aurélio Buarque de Holanda, Roteiro Literd- rio do Brasil e de Portugal, e em R. Magalhies, Antologia de Poetas Fran- ceses, Rio, José Olimpio, 1956; Guilherme de Almeida, obra citada, 1958 e Ledo de Vasconcelos (ref. in Paul Verlaine e 0 Brasil); por Onestaldo de Fennafort (P. V. Poesias Escolhidas) e pot A. Herculano de Carvalho, Musa de Quatro Idiomas, Lisboa, Atica, s. dj e por Oliveira e Silva, Serenidade ¢ Abismo, Rio, Aurora, 1956. exihtttio Buarque de Holanda, a certa hora, coteja as traducdes entdo que eg er Portugués désse poema. Critica Alphonsus de Guimaraens, duas; por bate de cinco e duas silabas, quando o original € de trés € ponte 2 aver trocado por a claro as rimas abafadas do francés (on — eur). 32 e 60 myeuilerme de Almeida divergéncias de metro, pois quebra no na traducie uae (24a estrofe a cadéncia original, diminuindo uma sflaba por out Tadn® @Precia “soa a hora” comprimido em duas silabas. Louva lado a maior freqiiéncia das nasais; censura na 3.4 estrofe “o 63 fodo wnico da Ultima sextitha em ts periodoe dewlabramento do periode. Gnestaldo de Pennafort pois nela entende ore sheep a adie Se Or eos cama Dare ea “0s versos ese intactas. Intactas, talvez” (Territdrio Lirico, Edicées “ origem divogs, pags. 183 ¢ segs.). Todavia, entendemos que a versio tay Panis quote © encantamento logo no inicio, com rimas inconcebiveis : ‘os longos sons dos violoes mandando o leitor dizer “sées” ou entdo “violons” para que a rima posa realmente existix. A menos que se aceite a simples assonancia, 0 que nao esta no poema original. a : ' ‘© nosso critico ndo apresenta critério bastante uniforme. Censura em Guilherme de Almeida a sinérese em violdes: “Lendo-se esta palavra em duas silabas 0 verso perde o andamento grave ¢ tristonho que The con. yém para ganhar um ritmo precipitado, cm completo desacdrdo, nio somente com a estrofe, mas com o espirito de téda a composicéo". Mas éste ndo & 0 mesmo caso do verso “De ca pra 14”, da traducio de Onestaldo de Pennafort? : Q- Fscutamos, meu velho Verlaine, © “sanglot long” da tua voz. (Olegario Mariano, Téda uma Vida de Poesia, obra citada) E um sonéto “Les Sanglots Longs...”: Lendo éste poema de melancolia Que tanta vez ouvi de ouvido atento, Recompondo 0 passado num momento, Revolvendo do amor a cinza fria... Lias baixinho e em éxtase eu bebia Da tua voz 0 magico instrumento. Um sanglot long de violon no vento © siléncio da noite interrompia. Mas, se na velha pagina relida Um traco de unha inda recorda a vida Que entre nés, impassivel, se interpunha, Na minh’alma também se me afigura Que uma pequena cicatriz perdura Como se fosse aquéle traco de unha... (Olegario Mariano, obra citada, vol. 11, pag. 518). Cruz € Souza nao Ah! Be Plangentes violées dormentes, mornos, 'Ugos ao luar, choros ao vento... Quando © sons dos violdes vio solucando, Evan 2.05 S088 dos violées nas cordas gemem, Rak? dilacerando e deliciando, Sgando as almas que nas sombras tremem. Harmonias que pungem, que Jaceram, Dedos nervosos ¢ digeis que percorien, Cordas € um mundo de dolincias geram, Gemidos, prantos, que uo espago imorrem E sons soturnos, suspiradas magoas, Magoas amargas e melancolias, No sussurro monétono das aguas Noturnamente, entre ramagens frias, Vozes veladas, veludosas vozes, Voltipias dos violdes, vozes veladas Vagam nos velhos vortices velozes Dos ventos, vivas, vas, vulcanizadas, Oh, a tristeza inexprimivel e secreta € solitaria, mas que eu amo e que me inquieta desta agonia esparsal E os bruscos arrepios! — Les sanglots longs... E 0 teu olhar! Primeixos frios! E as folhas mortas do passado! E alguém que chora, como perdido! E a alma que em vao te quer agora! E 0 teu amor que lembra um pouco o desconférto déste outonal languor! (Eduardo Guimaraens, Divina Quimera, Porto Alegre, Globo). Sonéto com o nome de Verlaine de Leopoldo Brigido: Sombra feita de luar e sons de harpas dolentes.. = © mundo espiritual... 6 céu de finas lendas!... Nos teus veros transluz 0 delirio dos poent XE a alma das catedrais em mansas oferendas... “Les sanglots des violons”, erram pelos silentes E sombrios chordes nas solitdrias sendas. HA frémitos de amor, ha vozes transcendentes Na tarde a fenecer envélta em luz e rendas. Nesta tarde outonal eu te sinto os arpejos, ‘Trenos de coragéo em misticos lampejos Refletindo do além sobre o Angelus bendito. ~E ougo assim nesta tarde embebida em absinto ~ Suave ressurreigdo de um grande mundo extinto Na cadéncia brumal pelo espaco infinito. (in Andrade Muricy, Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, Rio, M. E.G, 1952, vol. IIL, pag. 262). Le champ d’hiver se recueille. Ou sont-ils, les violons de Vautomne? Et chaque feuille séche et dit: — “Quel froid! Tremblons!” (Eduardo Guimaraens, obra citada, pig. 265). Tudo nas cordas dos violes ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso. © mesmo processo em “A Harpa”’ Prende, arrebata, enleva, atrai, consola ‘A harpa tangida por convulsos dedos; Vivem nela mistérios e segredos, E berceuse, é balada, é barcarola. Harmonia nervosa que desola, Vento noturno dentre os arvoredos A erguer fantasmas e secretos médos; Nas suas cordas um soluco rola (Cruz e Souza, $40 Paulo, Edigdes Cultura, 1943, tomo I, pag. 154). Em outros poetas: i “Les violons, en sanglotant, sonnent des valses... Mais des violons con- tinuent a pleurer. Ce sont de moroses valses, des valses penulti¢mes peut -étre.” Alphonsus de Guimaraens, in Poesia Francesa de Alphonsus de Guimaraens, Autores € Livros, 18-10-1942. Em Eduardo Guimaraens: “La Guitare 4 mes doigts sanglote. (Divina Quimera, pag. 260). (8) — Em geral, nas tradugées brasileiras, as rimas do 3.° ¢ 6.9 versos cos- tumam ser de sono e abandon. Preferimos fugir um pouco a monotonia da solucéo. Téda esta sextilha aparece em epigrafe a “Sonho de Estacio Morta" de Alceu Wamosy, obra citada, pag. 100. (4) — Nao sei que vento mau turvou de todo o lago... Nao sei que vento mau turvou toda a minha alma. (Alphonsus de Guimaraens, Poesias, vol. I, pags. 46-47). (8) — A “Folha Morta” ficou sendo uma das obsessées de Olegirio Mariano. Outono! Evocagdo de coisas mortas! «-Félha que andaste, asa perdida no ar, Por que fugiste as outras portas E vieste & minha porta agonizar? Ah! folha morta! Assim desiludida, Rolando ao ku do acaso pelo chao, ¥s um farrapo trémulo de vida. Um velho trapo de recordacio... (Téda uma vida de Poesia, vol. 1, Rio, Jose Olimpio, 1 “A vida, que bem me importa? A vida és tu, folha morta. (Obra citada, vol. I, pag. 168). 66. Pensativo os olhos ponho Nas folhas, — vida que vai Levada de sonho a sonho, Em cada folha que cai... (Obra citada, vol. I, pag. 234). E 0 siléncio! E a paixao que at E 0 passado que volta i € traz consigo i i uum aroma secreto © doce a flores morigr T eo (Eduardo Guimaraens, obra citada, pig. 154) . Como saudades numa alma, vai um band De folhas mortas, amarelas, pela tia.” (Eugenio de Castro, obra citada, pag.’ 51), : Vai com seu passo mitido E seu vestido cinzento, Félha séca sélta ao vento. (Fernanda de Castro, Lisboa, Atica, 1955, pag. 65). Ch: Viveste de lutas, doencas, labutas que nunca passaram. Pra la e pra c4 Com risos ¢ prantos, deménios e santos ¢ semelhante 4 folha séca € morta... (Sérgio Milliet, in Paul Verlaine e 0 Brasil, pig. 103). Afirma, a propésito desta cangio, Onestaldo de Pennafort que depois dela o “vent mauvais” e principaimente a “félha morta” tornaram-se um poncif poético de obrigacdo. (Paul Verlaine-Poesias Escothidas, Globo, 1945, pag. 163). & evidente que Verlaine foi decisivo para a propagacao da moda, mas convém frisar que a “folha morta” vem pelo menos do Romantismo, quando mais ndo seja de Lamartine. Vejam-se algumas tradugées brasileiras como “Estancias”: Mas onde éles v4o todos, Caminham como a félha Que o vento dos invernos De rdjo sacudiu. (trad. de Joaquim Serra, in Lamartinianas, 1869, pag. 11.) : riz da . E em “Isolamento” éste momento que talvez seja a grande mau inspiracdo verlainiana: Rio, Dupont & Mendonca, P vida, Quando sécas no outono as félhas caem sem ¥ Da tarde as roja 0 vento 20 longe pelo val Eu sou bem semelhante, folha emurchecida, Oh, leva-me contigo, horrendo vendaval- (trad. de Bi i itada, pag: 3). le Bittencourt Sampaio, obra citada, pag: ardo Guimaraens: 67 © verlainiano “sem causa” do sofrimento em Faw a incrivel tristeza, a tortura sem Causa, por uma divida indizivel, inecrer Pexprimivel como a noite a morbideza nexP ya a minha voz como um longo lament doloroso! : (obra citada, pag: 145). on, ae Oh, a tristeza inexprimivel ¢ secreta ¢ solitaria, mas que eu amo ¢ que me inquicta desta agonia esparsal dem, pag. 182). Que tortura fere, hoje, a vida, de uma antiga dor? Que mai féz, hoje, 0 amor ao meu destino, que apenas Sofro ao recordar o amor? Quaiquer cousa de vago ¢ de divino de amargo e triste sébre mim desceu. (Idem, pag. 188). E 0s siléncios sem causa! E as lagrimas! Nés dois... (Idem, pag. 193). ‘A “Balada Outonal” é muito marcada pelo poema: Ouve a balada embaladora que a chuva canta! Ouve-a que geme ¢, como um treno, soa ¢ treme, sobre a cidade sonhadora. longa e triste, sobre os jardins! E fria, fria! Pranto que os olhos agonia, 1 baixa e triste, triste! E sem razio, sem causa! (Idem, pag. 195). Difusa a influéncia déste ritmo nos poetas de lingua portuguésa: A lua lowa Reluz no Lago... As Aguas doura ‘Timido afago... Graca perene, Flébil volata, ©, de Verlaine, Mandolinat: Vago, tristonho, Beljando a brisa, © azul do sonho nai _ Se evaporiza. Martins Fontes, Poesias, Santos, B. Barros & Comp. 1928, pig. 201- (A mesma coisa em certo momento do “Baile das Willis” do poeta). 68 gm Alphonsus de Guimaraens: Magoas de além De olhos de quem Pede esmolas: Gemidos e ais Das autunais Barcarolas. Cisnes em bando Sonambulando Sobre o mar: Nuvens de incenso No céu imenso, ‘Todo luar: Othos sutis, Ah! que me diz © olhar santo Que sobre mim Volveis assim ‘Tanto e tanto? E que esperanca Nessa romanga Cheia de ais. Othos nevoentos, Noites e ventos Autunais! (Poesias, Rio, Organizacéo Simées, 1955, vol. IL, pags. 123/124). Do mesmo poeta: Da noite pelos ermos Choram violées Séo como enfermos Coragées. (Idem, pag. 296). Em Da Costa ¢ Silva: VESPERAL No eco nostalgico Perde-se apés © acento trigico Da grande voz... A tarde mistica A sombra traz, Muda e eucaristica, A ungéo da paz. Posmas f Vésper... Vemo-la © aéreo véu Rompendo... trémula Brithar no céu, (Poesias Completas, Rio, Edigdes “O Cruzeiro” 1950, pays, 9399, Em Murilo Araujo: ‘A noite odora; é mansa a flora; andam em danca trés virgens, fora, na sombra mansa. Uma, a Esperanca, (implora ou ora...) tem as maos juntas... Outra, que avanga, me beija (e cora...) e faz perguntas. E outra, a Lembranca, silente, chora suas defuntas! Mas quando a aurora aflora, mansa, vao logo embora, vao logo em danga na sombra mansa. (Panorama do Moviment ‘0 Simbolista Brasileiro, por Andrade Muricy, Rio, Departamento de Imp: rensa Nacional, 1952, pags. 167/168). Em Eduardo Guimaraens: Lentas sonatas! Mandolinatas de que a voz trinet Por um momento Sons do “Convento” De Borodine.,, re zi Estes versos sio do Poems em ©, © poeta compds arp egeaait cease Sonho” “Embalo Finebse ee? mpos ainda “L’Eventail”, “Fim ¢ Neste ritmo é que Atos Damasceno Vi Guimaraens”: feira faz a su “Elegia a Eduardo Eu vi o poeta ha rua quieta... 70 A casa antiga, a sombra amiga de dois salgueiros seus companheiros. {in Eduardo Guimaraens, obra citada, pag. 119), Uma sombria Rosa escarlata Em agonia Faz que Ihe bata O coracio... (Manuel Bandeira, Poesias, 64 ed., Rio, José Olimpio, pig. 9%). Num bissexto, Murilo Miranda, esta “Cancio para Verlaine”: ‘Ao vago sonho Abandonado Uma voz ougo Em solidao. ‘A voz do vento Que suave chega Numa palavra $6 de perdio. ‘Ao vago sonho ‘Abandonado Uma voz ouco Em solido, ‘A vor do vento, Que suave chega, Choro em silencio, No coracéo. (in Manuel Bandeira, Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contem- pordneos, Rio, Zélio Valverde, 1946, pag. 183)- Na portuguésa Fernanda de Castro: Alma deserta, neblina densa, flor entreaberta, asa suspensa. Momento vag0» melancolia. ‘Agua de 1ago parada ¢ fia. nm Hora cinzenta de tédio e€ sono. Tristeza lenta de fim de outono. (Asa no Espaco, Atica, 1955, pag. 27). E em Camilo Pessanh; Chorai_arcadas De violoncelo! Convulsionadas, Pontes aladas De pesadelo... De que esvoagam, Brancos, os arcos... Por baixo passam, Se despedacam, No rio, os barcos. Fundas solugam Caudais de chéro... Que ruinas, (oucam)! Se se debrucam, Que sorvedourol... ‘Trémulos astros. Solidées lacustres, = Lemes e mastros... E 0s alabastros Dos balatistres! Urnas quebradas! Blocos de gélo... — Chorai arcadas, Despedacadas, Do violoncelo, (Clépsidra, Lisboa, Edigées Atica, 1956, pags, 108/104), 72 CLASSICOS GARNIER | DA DIFUSAO, EUROPEIA DO LIVRO dirigida por VITOR RAMOS VERLAINE POEMAS © Selecio, traducio, prefacio € notas de JAMIL, ALMANSUR HADDAD | SBD-FFLCH-USP | iii DIFUSAO EUROPEIA DO LIVRO ! Rua Bento Freitas, 362 Rua Marqués de Itu, 79 SAO PAULO 1962

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