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A Carga da Consoladora

(Mavesper Cy Ceridwen)
Eu, que sou a Senhora da Vida, distribuo entre meus dons a
mortalidade. Beno que faz conhecer as delcias e os prazeres da
carne, a maldio dos que adoecem, sofrem e morrem.
Me encontro nos gritos de dor, nas lgrimas impotentes, no medo e da
desesperana. Sou a fome de quem no pode mais engolir, sou o delrio
dos dementes, sou o terror dos desenganados que se substitui pela
resignao dos moribundos.
Posso te tocar de muitas maneiras ao longo da vida, quando fao
sofrer seus filhos pequenos, seus animais de estimao, seus pais
idosos, seus amigos e amores a quem a sade surpreendeu por ser to
fugaz.
Se eu ainda no me aproximei de voc, no se iluda, seu tempo chegar.
E voc me odiar e amaldioar como todos fazem. Voc me temer e
erguer seu grito de revolta e fria. O que eu mais escuto "por
que?". "Por que eu? Por que assim? Por que agora?"
Sou chamada de injusta e terrvel, sou a vil temida pelos mais
corajosos.
Sou a Inimiga, a Maldita, a Impiedosa.
Serei mesmo?
assim que humanos me vem mas s enquanto no compreendem a
sabedoria dos ciclos.
Sou a foice que corta ou fere, mas essa a compaixo suprema. Sou a
dor, mas tambm o descanso. Sou o medo mas tambm o reconhecimento da
imortalidade de Tudo.
Recolho gritos de dor e consolo a Terra que chora. Firo e curo, em
uma dana infindvel de vida que se torna morte, s para tornar a ser
vida.
Eu, que fao a dor, tambm a extingo. Eu, que fecho os olhos do
moribundo abro meu ventre para que, uma vez mais ao se fazer carne
ele conhea o toque do ser amado, os perfumes, os arco-ris, os
campos floridos e pores-de sol. Para que uma vez mais tenha por teto
o ce estrelado, se banhe em cachoeiras e viaje rpido pelo mundo e
saboreie vinhos e iguarias.
A ele eu concedo o Dom de ser mortal, ensinando que ele pode ver o
eterno retorno nos olhos das novas geraes.
No sou M. Minha carga a infinita doura, desfazendo o que no
mais tem foras para continuar, acolhendo em meu abrao todos os que
sofrem.
Nunca me temas, pois sou Eu a nica Senhora da Vida, presente em
todos os seus sorrisos. Enxugue suas lgrimas e deixe que eu as chore
por voc.
Eu, que escuto o choro do mundo, velo por voc.

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