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Capitulo | A Terra em conjunto e a litosfera ‘A Terra em conjunto Forma. — A Terra é aproximadamente um elipsdide de rotagdo com didmetro equa- torial de 12.756.776 metros e com diame- tro polar de 12.713.824 metros. Esta exa- tiddo deve-se aos dados fornecidos por 13 satélites artificiais, que forneceram 46.500 medidas. O erro destas medidas foi de 8 metros a mais ou a menos. A maior eleva- Go é a do monte Everest, no Himalaia, com quase 9.000 metros, e a maior depressiio foi encontrada no oceano Pacifico, na fossa das Filipinas, com cerca de 11,000 metros. Se a Terra fosse representada por um esterdide de Idm de didmetro, essa diferenga maxi- ma de elevacdo (20.000m) seria apenas de 0,157mm. A diferenca entre os dois diame- tros seria de 0,3 milimetros, indicando que a forma & quase uma esfera perfeita Densidade. — Determinando-se direta- mente a densidade das rochas que ocorrem com maior freqiiéncia na crosta terrestre, acha-se um valor médio de 2,76. No entan- to, medindo-se a densidade global da Terra, achou-se um valor médio de 5,527. Essa discrepfncia de valores leva a con- clusfio de que a densidade da Terra deve ser maior no seu interior, seja por diferen- ¢a de constituicio ou pela maior compaci- dade da matéria como conseqiiéncia da alta pressdo reinante. Volume. — Gracas 4 observagdo da som- bra da Terra sobre a Lua, nas ocasides de eclipse, os antigos gregos ja sabiam da for- ma esférica do nosso planeta. Com base neste conhecimento o volume da Terra pode ser calculado ha mais de 2.000 anos, 0 que foi feito por ERATOSTENES (276-194 a.C.), filofoso e astrénomo grego. Num trabalho que demonstrou alto grau de argucia para a época, observou e mediu o dngulo formado pelos raios solares e um fio de prumo em Alexandria na mesma hora em que os raios atingiam o fundo de um pogo em Siena, a0 meio-dia, no dia mais longo do ano. Em Siena, portanto, os raios solares eram para- Ielos ao fiode prumo. Como vemos na fig. 1-1, © ngulo medido em Alexandria corresponde ao arco relativo a distincia entre ambas as cidades. Sabendo-se que essa distancia ¢ de 5,000 estédios (medida antiga correspon- dente a 185m) e admitindo-se a Terra como esférica, a circunferéncia da Terra ¢ igual a distancia multiplicada por 360° e dividi- . da pelo Angulo medido em Alexandria, Seu erro foi de apenas 14% do valor calculado pelos métodos modernos. Um século mais tarde, PossipONio, filésofo grego, realizou nova medida, aplicando o mesmo método. Seu erro foi maior, para menos, motivando mais tarde 0 erro de Colombo, que pensou ter descoberto o caminho ocidental para a india, quando estava no continente ame- ricano. i 1 0'689mg m Frasco esférico de mercirio 5000g m Esjera de chumbo 5775 kg Fig. 1-2 Determinagdo da massa da Terra feita por Jolly, por meio de pesagens com ¢ sem uma grande esfera de chumbo sob um dos pratos da balanga. ‘A constante gravitacional, ou de propor- cionalidade, da lei de Newton: F= Kae esté implicita na experién- cia citada. Esta constante corresponde a atragio mitua de 2 massas unitirias de 1g, cujos centros de gravidade esto distancia- dos de um cm, no sistema CGS. Comparando-se o resultado de JoLty com o valor de atrago de massas unitarias, no sis- tema CGS, tem-se: K=6,47 x 10-*d . cm?/g? (sendo d= dina e g = grama). Processos mais precisos dio o valor de K = 6,664 tora Modernamente, esses valores sto deter- minados por diversas maneiras, usando-se apartlhos de’ grande sensibilidade, como a balanca de torcaio para a avaliagao de mas- sas, ¢ péndulos para a avaliagdo da atragdo gravitativa. Estes oscilam no vacuo, reduzin- do-se ao minimo 0 atrito, e a freqiiéncia das oscilagdes, que € medida com grande exatiddo por meio de cronémetros, varia diretamente com a forga atrativa da gra- vidade. Estudos sobre a propagago das ondas sismicas ¢ as analises de meteoritos, leva- ram & conclusio de que a gravidade aumenta em profundidade, porém de maneira irregu- lar e descontinua (vide pag. 15). A idéia atual sobre a constituigéo do globo é de que a Terra se compée de diferentes camadas con- céntricas com propriedades fisicas caracte- risticas. Gravidade e isostasia. — Se a Terra fosse homogénea, perfeitamente esférica ¢ imével, valor da forga de gravidade (g) seria igual em todos os pontos da superficie. Pas- semos a estudar as causas que interferem na variagéo do valor dessa forga, que varia com a latitude e com a altitude. Sendo a Terra sujeita a um movimento de rotagdo sobre si mesma em torno da li- nha dos pélos, um corpo qualquer situado em sua superficie toma parte neste movi- mento ¢ é sujeito a uma forga centrifuga que tende a afasta-lo do eixo. O peso de um corpo no equador resulta, pois, da diferenga entre a atragdo terrestre e a forga centrifu- ga maxima no equador e nula nos pélos. Assim, ama tonelada no pélo ira pesar 995 quilos na regiéo equatorial. A Terra nao é perfeitamente esférica, como ja referimos; sendo achatada nos pé- los, estes se situam mais préximos do cen- tro da Terra, determinando um maior valor de (g). Embora o efeito seja muito menor que o primeiro, ambos se somam. Como conseqiiéncia da lei de NewTon, © valor de: (g) varia com a altitude. Essa variagao, contudo, mostra valores aparen- temente discrepantes dos valores esperados. Se a Terra fosse homogénea, (g) seria maior nas regides montanhosas, onde a massa‘das 13 Massa. — A massa do globo terrestre é caleulada pelo principio de Isaac NewTon (1642-1727), que diz: a matéria atrai a ma- téria na razdo direta das massas e inversa do quadrado da distancia. Este enunciado foi demonstrado experimentalmente por von Jotty, em 1878, na cidade de Munique, equilibrando massas de uma tonelada a mesma altura e observando o desequilibrio quando as massas foram postas em niveis diferentes. Em outra experiéncia, JoLLy equilibrou um vaso esférico com Skg de merctirio em uma balanga de alta preciso. A seguir, co- locou sob 0 merctirio uma grande esfera de chumbo, de 5.775kg, como mostra a figura 1-2. A atragfo miitua, exercida por essas massas, cuja distancia de seus centros se acha indicada, corresponde 4 0,589mgf (ou 0,577 dina), peso este necessdrio para res- tabelecer o equilibrio da balanga. Esta atra- do se da proporcionalmente em todo o Universo, de acordo com a lei gravitacional de NEWTON. Tomando-se os dados obtidos por JOLLY e estabelecendo-se uma proporgdo direta com a atragdo exercida pela Terra sobre um grama, sabendo-se o valor desta atracao, que corresponde ao valor de g, tem-se 0 se- guinte, em unidades CGS: 5.0008 x 5.775.000g (56,86em)* (atragdo na experiéncia de JoLLy) M x 1g 0577 dina Sendo o raio da Terra expresso em cm e ‘Ma sua massa em gramas, seu valor é cal- culado a partir da proporcdo citada: Portanto 5.000g x 5.775.002 x 980,665 3.233em™ ae Mx Ig x 0,577d “Fx 107m De onde 4x 10!em? x 3.000g x 5.775.000g x 980,665d 3.233em? x 1g x 0,577d 12 (636.000.000em)} prumo em Alexandria Mar Mediterraneo Alexar Centro daTerrae centro do arco AB Fig. Ll Medigo do volume’ da Terra por Eratéstenes (seg. Gilluly er al.) ,665d aap | 980 (atragao de 1g pela Terra) 6 x 107g = 6 sextilhdes de toneladas. montanhas faria aumentar a gravidade, des- contando-se previamente o efeito da altitu- de, que pelo afastamento da massa do cen- tro da Terra, faria com que (g) fosse di- minuida. Os resultados das medidas gravimétricas mostram que a gravidade apresenta valores diferentes conforme a natureza topografica da regio, sendo maiores as anomalias nas regides de grandes montanhas. Nos oceanos e nos platés continentais ¢ homogénea e, embora pareca estranho, possui um valor maior que o medido nas regides de grandes elevagdes. Dever-se-iam esperar resultados contrrios pela menor densidade da agua e pela maior massa existente nas montanhas, mesmo fazendo-se 0 desconto do efeito da maior altitude, que faz aumentar a distén- cia ao centro da Terra (principio de New- Ton). Além do valor de (g), foram verifi- cadas diversas anomalias com o Angulo de desvio do fio do prumo préximo as mon- tanhas. Esse Angulo é menor que o calcula- do em fungao da massa da montanha. Em outras palavras, a montanha nao atrai o péndulo como deveria atrair e, em certas regides, como no golfo de Biscaia, o pén- dulo desvia-se para o mar, em vez de des- viar-se para os Pireneus. Esse fenémeno foi observado em 1749 por BOUGUER na costa do Peru, e mais tarde por George Everest na india, enquanto fazia o levanta- mento geodésico pormenorizado daquele pais. Tendo notado discrepancias entre cer- tos valores de arcos medidos por processos astronémicos e pelo fio de prumo, John Pratt calculou o desvio ocasionado pela atragio do Himalaia, a fim de fazer as de- vidas corregées, notando que 0 desvio cal- culado deveria ser de 15 segundos, e na rea- Tidade era trés vezes menos, ou seja, 5 se- gundos, Aventou ele a seguinte teoria: os continentes com suas elevagdes seriam cons- tituidos de rochas mais leves ¢ 0 substrato dos oceanos, de rochas mais pesadas. Da-se © nome de isostasia (do grego isos, igual e stasis, equilibrio) ao estado de equilibrio dos blocos continentais sidlicos que flutuam no substrato mais denso do manto, obede- cendo ao principio de AxquIMEDES. O plano de ajustamento isostatico situar-se-ia a cer- ca de 50km de profundidade. A fig. 1-3 nos da uma idéia da concepgdo de PRATT; os blocos menos densos emergem mais do que os mais densos e de maior massa. As areas montanhosas seriam, pois, formadas de ro- chas menos densas que as constituintes dos fundos ocednicos. Na mesma época 0 astrénomo inglés G. B. Ary comenta sobre a veracidade dessa hipétese, alegando que, se fosse construida uma montanha artificial do tamanho do Hi- ‘Continente Plataforma continental Sima D=3,2 Airy Fig. 13 Os esquemas mosiram diferentes concepgdes de Pratt de Aity sobre o equilibrio isostatico dos bloces continentais malaia, no haveria rocha alguma que re- sistisse a tal pressio. A base seria esmagada pelo peso das rochas superpostas. E indispensdvel, pois, a existéncia de um substrato mais denso, no qual flutuam as grandes montanhas, como vemos na figura 1-3. Por esta razdo, Amey sugeriu um meca- nismo diferente a este equilibrio: considerou a crosta constituida de blocos da mesma densidade; quanto mais alto for 0 bloco de sial, maior sera a sua raiz mergulhada no substrato constituido pelo sima. Uma ima- gem similar fornecem os blocos de gelo, boiando na Agua. Quanto mais espessos, mais emergem, ¢ também mais imergem na ~ Agua. Deve aqui ser lembrado que o sima se comporta como um corpo sélido gragas A pfessdo reinante (fig. 1-6). Possui, con- tudo, a suficiente plasticidade para permitir © reajustamento isostitico através do tempo geolégico. A teoria de Airy é atualmente aceita co- mo a mais plausivel. Nos dias de hoje, po- demos observar diretamente os efeitos da isostasia na peninsula da Escandindvia, onde se verifica um levantamento de cerca de um metro por século, como conseqiiéncia do alivio de grandes massas de gelo que cobriam toda aquela area ha poucos milé- nios atras. Voltaremos a este topico quando abordarmos a epirogénese, isto é, formagdo dos continentes. Constituigdo interna do globo terrestre, — ‘As observagdes da densidade e da gravida- de do globo terrestre mostram que o inte- rior e a crosta devem possuir uma consti- tuigdo diferente. Observagdes sismolégicas e dedugdes baseadas em estudos de meteori- tos indicam que a Terra € constituida de varias camadas. J& em meados do século xvi, Athanasium KIRCHER, matemitico ¢ arquedlogo alemao, tecia consideragdes so- bre a estrutura interna do globo terrestre. Baseou-se na observagdo dos vuledes da Itdlia, imaginando-os relacionados ao inte- rior do globo terrestre, como ilustra a Pran- cha 1. Propagagio de ondas sismicas. — Propa- gam-se em todas as diregdes, por meio de vibragdes de naturezas diversas e de dife- rentes' velocidades, das quais umas seguem a superficie, outras penetram no interior do globo e voltam a superficie, depois de per- correrem um trajeto em profundidade, que sera tanto maior, quanto mais distante se situar o ponto de sua origem do local de sua emergéncia. S40 amortecidas no seu percur- $0, de modo que somente os fortes tremores de terra atingem pontos muito distantes. Nos liquidos, s6 um tipo de onda pode propagar-se, a onda longitudinal (tipo so- nora); nos sdlidos, além das ondas longitu- dinais, propagam-se ainda as ondas trans- versais (tipo onda luminosa). Assim, a constatagéo da propagacio de movimentos vibratérios através da Terra por- ondas transversais ja € um indicio de que o cen- tro do globo se comporta como um s6lido. Os trabalhos sismolégicos culminaram por atribuir ao globo estrutura em camadas concéntricas. ‘As ondas longas que se propagam atra- vés da superficie do globo fornecem também indicagdes preciosas sobre a litosfera. As- sim, so mais rdpidas nos fundos oceanicos do que através dos continentes, indicando que 0s respectivos substratos sio de natu- reza diversa. Com efeito, tudo sugere que 05 fundos oceanicos sejam constituidos pre- dominantemente de basalto (vide também Terremotos). Meteoritos. — So corpos metilicos ou rochosos ou ambos, juntos, caidos na super- ficie terrestre, vindos dos espagos interplane- tarios. Eram os tnicos corpos extraterrestres acessiveis & pesquisa direta (vide Prancha 2). Ha constante penetragdo de material césmico na atmosfera terrestre, proveniente das regides extrateluricas. So corpos peque- nos que atingem a camada atmosférica com alta velocidade, sendo freados pelo atrito do ar. Pela diminuigdo da velocidade, a energia cinética transforma-se em energia térmica e luminosa. O superaquecimento pode mes- 15 mo determinar a volatilizagao total do me- teoro, se sua massa for de pequenas di- menses (entre 0,3 e 0.5mm). Sendo cor- pos maiores, atingem a superficie terrestre como meteoritos. O calor produzido pelo atrito com a atmosfera chega a fundir par- cialmente as partes externas do meteorito, formando-se comumente uma crosta de ma- terial vitrificado. Esta crosta, geralmente de coloragéo escura nos meteoritos liticos, va- tia ao redor de 0,5 a poucos milimetros de espessura. Podem exibir estrias produzidas pelo atrito intenso com a atmosfera. Quanto a origem dos meteoritos, nao exis- te uma resposta definitiva. No entanto sua composicio quimica e mineraldgica sugere fortemente uma origem a partir de um tinico corpo situado dentro do sistema solar, sendo grande a probabilidade de serem derivados do cinturdo de asterdides, entre Marte e Jupiter. Segundo a lei de Bode (astrénomo alemao do século 18), deveria existir um pla- neta entre Marte e Jupiter. Nao se sabe se existiu ¢ se desintegrou, ou se ja era desin- tegrado desde o inicio. E mais provavel a primeira hipétese, pois os meteoritos side- riticos indicam um resfriamento muito lento; portanto a partir de um corpo de grande ta- manho, Além disso, todos os meteoritos apresentam uma idade de 4,5 bilhdes de anos. Admite-se que a quantidade de poeiras me- teoriticas que caem sobre a superficie ter- restre seja da ordem de I a 10 mil toneladas por dia. Existem meteoritos de até 90 toneladas. Na colecdo do Museu Nacional, 0 maior deles € 0 chamado Bendengé, encontrado junto ao riacho do mesmo nome em 1784, perto do rio Vasa-Barris, Bahia. Foi des- ctito e analisado pelo famoso quimico, naturalista e médico W. H. WOLLASTON (1766-1828). Pesa 5.360kg, possui densi- dade 7,7 e compde-se de 95,1% de ferro, 3,9% de nfquel. Mais tarde, A. B. Pais LEME verificou a existéncia de troilita (sulfeto de ferro), sob a forma de inclusdes, além de tragos de Zn, Cr e Ge, ¢ carbonetos. Entre os meteoritos podem distinguir-se trés grupos: 1) Sideritos ou meteoritos metalicos, com- postos de ferro metilico com cerca de 8% de niquel. 2) Assideritos ou aerolitos, ou meteori- tos rochosos, que apresentam princi- palmente silicatos e quantidade va- ridvel de ferro metalico 3) Litossideritos, que representam um gru- po intermediario entre os dois prime’ ros. Fig. 1-4 Grifico que compara a litosfera com os meteoritos, no que diz respeito a concentragio de atomos segundo 0s seus niimeros atdmicos. Note-se que as linhas cheias ligam os elementos de V1. par, que, fem média, apresentam usa concentragdo cerca de dez vezes maior que a dos elementos de .\.4. impar (lignaos pelas linhas pontilhadas) (seg. Goldschmidt, mod.) Atualmente (1980) acham-se cataloga- dos 1944 meteoritos, dos quais 765 foram observados na ocasiio da sua queda, en- quanto que os demais foram encontrados 20 acaso. Entre os primeiros 93% per- tencem & categoria dos assideritos, 5,6% sideritos e os restantes so os mencionados litossideritos, Entre os meteoritos encon- trados ao acaso 50% sao sideritos ¢ litos- sideritos, pelo fato de serem mais resistentes ao intemperismo. Os minerais que costu- mam predominar nos meteoritos assideri- ticos sfo a olivina e piroxénios rémbicos, minerais instaveis A superficie, que em pouco tempo se decompée e desta maneira desfiguram os caracteres dos meteoritos, impossibilitando 0 seu reconhecimento. Os assideritos possuem uma composicéo similar as rochas ultrabésicas (gabro-peri- dotiticas). Admite-se que estas rochas cons- tituem as camadas internas da crosta, en- quanto que para os sideritos nao existem rochas similares na Terra. Por este motivo, hig. Constituigao do globo terrestre. parece plausivel que 0 niicleo do globo ter- restre possua uma constituicaéo semelhante a dos sideritos. Por outro lado, sao fre- giientes certos meteoritos liticos que ern nada se assemelham as rochas da crosta terrestre. Trata-se de um importante grupo denominado de condritos, cuja principal caracteristica é a existéncia de glébulos de dimensdes variadas esparsos na massa do meteorito. Tais glébulos, muitas vezes for- mados de olivina em disposigéo radial, nao so encontrados em nenhuma rocha terres- tre conhecida, Muito embora haja teorias sobre a sua origem, nao se conhecem ao certo as causas da sua formaciio. Os meteo- ritos liticos que no se mostram com esta citada textura sfo clasificados como acon- dritos, muitos dos quais apresentam grande semelhanca com certas rochas olivinicas da litosfera terrestre. Existe, no entanto, um tipo de acondrito constituido essencialmen- te de augita, que € um piroxénio célcico. Manto superior Esp, 25 a 90 km Sima Esp. 5a 10 km 7 Denomina-se angrito, pelo fato de ter caido em Angra dos Reis, no ano de 1869. Além dos 93% de augita, contém olivina, troilita e tracos de apatita. S6 se conhece esse exemplar mencionado, que se assemelha as rochas gabricas. Existem meteoritos que revelam ter sido afetados pelo calor césmico, apresentando- se como que metamorfizados. Podem, em certos casos, evidenciar fenémenos de com- presséio, que imprimem ao meteorito 0 as- pecto denominado brechado, por analogia com as brechas, que sao rochas constituidas de fragmentos angulosos cimentados. Tal € © caso de um meteorito cafdo no sul do Estado de Mato Grosso em 1956, estudado e descrito por S. E. do AMARAL. Constitui-se essencialmente de olivina, possuindo 15% de ferro-niquel sob a forma de pequenos corpos milimétricos irregula- res, uniformemente espalhados pela massa fragmentada e endurecida do meteorito. Trata-se de um tipo relativamente raro, pela estrutura e compacidade. Em resumo, admite-se que o globo ter- restre € constituido de camadas concéntri- cas, de constituigdo quimica e fisica dife- rente em cada camada (fig. 1-5). A crosta superior, também chamada crosta continen- tal, € formada de rochas graniticas, caracte- rizadas pelos elementos Si e Al, por isto chamada Sial. Sua espessura varia de 25 a 90 km, sendo mais espessa nas regides montanhosas originadas de geossinclinais, A crosta inferior, também chamada crosta ocefnica, possui uma constituicao basfitica com predominancia dos elementos Si e Mg, chamada por isto Sima. Sua espessura nas areas oceanicas é de apenas 5 a 10 km. Nao existe o sial nos oceanos, salvo a pou- ca distancia dos blocos continentais. As ilhas oceanicas sao de natureza basiltica. Gaidechdh Buckingion | Rtmann ae a ag Fig. 1-6 As iterentes interpretagSes segundo diversos autores sobre a constituigio do globo terrestre, 18 TABELA 1-1 Estrutura geral do globo terrestre idade Ponmit [Dexonnags aes] Gonsuptotioigin | Dottie | Tempe | Meet, dade em km camadas ratura em kmis Sial (@ranodiorito sobre- 25-99 | Crostasuperiot | posto a gramultos bisios 27 800° 5,6 ene a intermedirios) 5-10 Crosta inferior | sima (basalto) 3,0 1.000° 68 ocefinica Descontinuidade de Mohorovicic Zona de transigdo mais fluida, ou astenosfera, a 100 - 150 km de profundidade Manto externo | Peridotito contendo minerais 400 de alta pressdo (granada) 33 82 1.050 Manto médio | Peridotito com ferro e sulfeto 2900 Manto interno _| — similar a certos meteoritos 3,5 | 2.000° 13,6 Descontinuidade de Wiechert-Gutenberg Fe-S-Ni 5.155 Niicleo externo | Lfquido (Suposta fonte do oul 3.000° 81 | ‘campo magnético terrestre) | . Ls cerca de | 6.370 Niicleo interno | (Similar aos sideritos) 12a | S000 12 Sélido 7 | ‘A crosta perfaz 0,7% da massa total da Terra. E a sede dos fendmenos geoldgicos relacionados a dinamica interna, como mo- vimentos tectdnicos, sfsmicos, magméticos, metamérficos, etc. Sua zona inferior passa gradativamente para as zonas superaqueci- das, mas sujeitas a pressGes hidrostaticas considerdveis, que impedem a existéncia de uma fase liquida. No caso de um evento tecténico que produza atrito e conseqiiente elevacio de temperatura, ou no caso de haver maior formagio de calor pela radioa- tividade, dar-se-4 a fusio e a conseqiiente formagiio de magmas. Estes poderao formar corpos rochosos em profundidade (fenéme- nos pluténicos) ou serem expulsos & super- ficie (fenémenos vulc&nicos), ‘As camadas inferiores nao so acessiveis a quaisquer observagdes diretas, recebendo por isso interpretac6es varias (fig. 1-6). O manto externo, ou manto superior, € 0 res- ponsdvel pelas grandes perturbagées (falha- mentos, dobramentos, rupturas, terremotos, magmatismo, etc.) verificadas na crosta, gra- cas sua lenta movimentaco horizontal de 2a 6 cm/ano acima da zona mais fluida, ou astenosfera, Todo o manto perfaz 68,3% em massa da Terra, enquanto que 0 niicleo externo perfaz 31% e 0 interno, 1,7%. A tabela 1-1 mostra resumidamente 0 que foi explicado. "Temperatura no interior da Terra. — Ti- neis e sondagens mostram que a tempera~ tura aumenta progressivamente para o inte- rior da Terra, De um modo geral, até uma profundidade de 10 a 20 metros, a tempera~ tura 6 influenciada pela média anual, ¢ dai para baixo, aumenta continuamente, Desig- na-se grau geotérmico o ntimero de metros em profundidade na crosta terrestre neces- sérios para haver o aumento de temperatura de 1°C. O valor normal € de 30 m, existin- do, porém, variagSes muito grandes. No Brasil, onde se conhecem poucos dados neste sentido, sabe-se que a temperatura no fundo da Mina de Morro Velho, com apro- ximadamente 2.500 metros de profundida- de, é de cerca de 64°C (nao considerando a refrigeracio artificial usada na mina). Descontando-se a temperatura média anual 19 de 18° temos um aumento de temperatura de 46° em 2.500 metros. O grau geotérmico 6 neste caso, 2.500 dividido por 46 = 54 metros. Em uma sondagem em Cururu, na ilha de Marajé, foram encontradas as seguintes temperaturas: 146°C em 3.021m de profundidade 176°C em 3.845m de profundidade 178C em 3.872m de profundidade Sendo em volta de 25° a temperatura mé- dia da superficie, obtemos um valor de 25 metros para o grau geotérmico naquela re- gido. Nas areas afetadas por vulcanismo recen- te, gracas a maior proximidade do magma, © grau geotérmico é menor. Tal foi consta- tado na regidio sudoeste da Alemanha, onde os eventos vulcnicos datam do Tercidrio superior. Foi determinado o valor de 11 me- tros apenas para o grau geotérmico desta Area. Por outro lado, nas areas ja cicatriza- das e estaveis desde o Pré-cambriano Infe- rior, 0 grau geotérmico é maior, O valor maximo conhecido localiza-se no sul da Africa ¢ no escudo canadense, onde se de- terminou um grau geotérmico de 125 me- tros. Em geral a elevagdo da temperatura é menor nas regides geoldgicas antigas, esta- veis, como no complexo brasileiro, ou nos escudos cristalinos constituidos de rochas de-idade geolégica muito antiga e sem per- turbagdes tecténicas recentes. Em zonas de idade geolégica mais jovem, sujeitas a per- turbagées tecténicas, 0 magma geralmente atinge niveis superiores na litosfera, deter- minando nessas regides um aumento mais rapido da temperatura em fungéo da pro- fundidade. Deve ser lembrado que as medi- das térmicas conhecidas atingem somente a profundidade de cerca de 6.000 metros (em sondagera) e ndio é provavel que a elevagdo da temperatura seja continua até o centro da Terra (fig. 1-7). Se assim fosse, esta seria de 180.000°C, e, no entanto, o mais pro- vavel € que a temperatura no centro da Ter- 20 800° 1000 400600" Skm_ Ho g 120 Fig. 1-7 Elevagdo da temperatura ¢ da pressio em fungio da profundidade na crosta terrestre ra seja aproximadamente igual a tempera- tura da superficie solar, que é de cerca de 6.000°C. Por motivos nao discutiveis aqui chega-se as cifras provaveis da fig. 1-7. Calcula-se pelo grau geotérmico e pela condutibilidade térmica das rochas que a perda de calor anual pela superficie terré tre é ao redor de 75 cal/em?. A Terra, pro- vavelmente, ja estaria completamente con- solidada e fria se 4 sua reserva térmica ini- cial no fosse sempre adicionado o calor proveniente de outras fontes como, por exemplo, da desintegracdo radioativa. Em base no teor de elementos radioativos das rochas, tais como urdnio, tério e potdssio, calcula-se a quantidade de calor produzida Tapers 1-2 Caloris desprendidas por unidade de volume, nas diferentes rochas Tipo de Rochas Calfanojm* Granito .. . 40 Basalto. os . 10 Peridotito.s........ 5 Sedimentos 10 a 30 anualmente por m? de rocha. Assim na ta- bela 1-2 podemos ver a variagdo da quan- tidade de calor produzida pelas diferentes rochas. ‘Assim, o calor produzido pela desinte- aco radioativa de uma regio granitica com 18km de espessura compensard a per- da térmica da Terra. Contudo, devido aos poucos conhecimentes que possuimos sobre 2 distribuigo dos elementos radicativos, anto na crosta como nas partes mais pro- fundas da Terra, existem ainda grandes in- tezas sobre 0 comportamento térmico do bo. A pagina 278 acham-se mencionados os trabalhos e estudos que vém sendo exe- cutados em diversas partes do mundo vi- sando 0 aproveitamento energético do calor errestre, o que possivel nas regides afe- adas por vulcanismo ou por intrusdes igneas no muito profundas. Magnetismo terrestre. — Ha séculos o homem usa a bitssola, aproveitando-se do fato de o globo agir como um grande ima, cujo pélo norte se acha hoje na Baia de Baffin. O campo magnético na superficie terrestre ¢ dividido em dois componentes: o horizontal ¢ o vertical. Assim, uma agulha magnética & atraida pelos pdlos magnéticos da Terra e é também atraida para o inte- rior do globo terrestre. Quanto maior for 4 proximidade do plo, maior sera esta for- ca de atragéo. No equador magnético as forgas exercidas pelos Polos Norte e Sul so iguais e contrarias, portanto se anulam, ha- vendo, pois, somente a componente horizon- tal. Aia agutha permanecerd em posicdo horizontal e, nos pdlos, em posigao vertical. Nas regides intermedidrias, o Angulo forma- do pela agulha com o plano horizontal, seré tanto maior quanto mais proxima a agulha estiver do pdlo e a este Angulo da-se o nome de inclinagdo magnética. O desvio sofrido pela aguha magnética em relagdo @ linha NS geogréfica € chamado declinagéio mag- nética. A Terra é um ima fraco. Um globo cons- tituido de ago magnetizado do mesmo ta- manho que o globo terresire teria a sua in- tensidade magnética 7.000 vezes maior. ‘A causa ea sede do magnetismo terrestre s&o ainda discutidas. As teorias mais mo- dernas sugerem um campo elétrico formado pela defasagem, ocasionada pela rotagao da Terra, entre a parte interna liquida (envol- torio do nucleo) e o manto inferior sélido. As correntes elétricas geradas desta maneira determinariam os campos magnéticos terres- tres, por sua vez orientados segundo 0 eixo de rotacao do planeta. Sabemos, contudo, que algumas causas que fazem variar 0 magnetis- mo localizam-se na crosta, provocando as anormalidades regionais e locais, por campos de indugao secundaria. Medidas magnetomé: tricas locais indicam estas anormalidades, po- dendo-se por este motivo deduzir diversos dados sobre a constituicgo do substrato; co- mo a localizagao de jazidas, as perturbagdes estruturais, etc. Os minerais que possuem ferro bivalentes séo mais ou menos magnéti- cos, dependendo da quantidade de Fe biva- lente e as rochas ricas nestes minerais (anfi- bolios, piroxénios, biotita, cromita, glauco- nita, etc.) apresentardo maior poder mag- nético, que pode ser registrado em apare- ihos de alta sensibilidade, denominados magnetémetros. Quando tais rochas sio atingidas por descargas elétricas, 0 seu po- der magnético pode tornar-se muitas vezes superior ao valor normal, causando fortes desvios na bissola, o que fara um observador incauto cometer grandes erros ao mapear a regido afetada. A agulha &, pois, submetida a duas forcas: a vertical, que determina a inclinagdo, © a horizontal, que orienta ‘a agulha rumo ao pdlo magnético. Dé-se © nome de declinagdo magnética a esse des- vio que a agulha magnética sofre em rela- gao a linha WS verdadeira. Este desvio, re- sultado de forgas que se compdem, varia com o lugar e também com 0 tempo. Deno- mina-se isogdnica a linha que une os pontos de igual valor para a declinagdo magnética. ‘Uma dessas linhas (passando pelo interior de Mato Grosso e por Buenos Aires) pos- sui o valor zero, isto 6, ai a agulha aponta 21 aco Declin 1500 1550 1600 1650 1700 Rio de Janeiro 1750 1800 1850 1900 1950 Fig. 1-8 Variagio da declinago magnética no Rio de Janeiro e Sao Paulo, de 1550 a 1979. para o norte verdadeiro, na época atual G. Went calculou os valores da declina- go antiga para Sdo Paulo, tendo encontra- do os seguintes angulos (fig. 1-8): em 1550 cerca de 8° para E em 1932 cerca de 11° para W em 1976 a declinagdo em So Paulo foi cerca de 15°W. De alta importancia para os estudos geo- l6gicos € o magnetismo remanescente, con- servado numa rocha, mesmo depois de ter mudado o campo magnético terrestre, que por sua vez, varia no decorrer do tempo geoldgico. Tal recebe o nome de paleomag- netismo, Durante a cristalizagdo de uma ro- cha magmatica rica em minerais passiveis de se magnetizar, com a magnetita ¢ ou- tros silicatos que contenham ferro bivalente, ou ainda, durante a sedimentagdo de detri- tos que contenham estes minerais citados, verifica-se a iso-orientacdo preferencial de- les segundo a linha norte—sul da época em que a rocha se formou. Pela mudanga da posicdio do campo magnético terrestre tor- na-se possivel o conhecimento do magnetis- mo fossilizado na rocha antiga, desde que ela contenha os citados minerais magnéti- 22 cos. Por meio de instrumentos de grande sensibilidade executa-se um grande nimero de medidas a fim de ter-se um valor médio, e desta forma pode-se proceder a um levan- tamento das antigas posicdes dos polos mag- néticos, 0 que se acha ilustrado na figura 16-11. Idade da Terra. — O problema da idade da Terra vem sendo especulado desde os remotos tempos dos antigos filsofos hindus, que consideravam a Terra como eterna. Em 1654, um arcebispo irlandés calculou, ba- seando-se em dados biblicos, uma idade de 4,004 anos antes de Cristo, tendo-se a Ter- ra formado no dia 26 de outubro, as 9 ho- ras! Os sedimentos glaciais ndo-consolida- dos, espalhados por grande area da Europa, eram interpretados como depésito do dilti- vio da Biblia. Somente em fins do século Xvi, com as idéias de HUTTON, comega- ram a cogitar de dados mais cientificos ¢ menos misticos. Muitos séculos antes, con- tudo, HEROpoTO (450 a.C.) ja fizera con- sideragdes sobre o tempo geolégico, obser- vando a deposigdo dos sedimentos do rio Nilo ¢ 0 conseqiiente crescimento do seu delta, que teria levado muitos milhares de anos para ter-se formado, segundo aquele filésofo. ‘As estimagoes sobre a idade da Terra ba- searam-se, durante muito tempo, em extra- polacdes sobre a velocidade de fenémenos geoldgicos atuais, transferindo-se seus resul- tados para o passado. Todas estas extrapo- lagdes foram sempre das mais inseguras, pela precaridade das premissas ¢ pela sua extrapolagiio sobre um tempo demasiada- mente longo. Por estas razdes, possuem hoje apenas interesse histérico. Citaremos apenas alguns métodos: 1) Pumcup, em 1860, partiu da hipotese de que todos os sedimentos so formados pelo transporte fluvial dos detritos origina- dos da desagregacdo das rochas primaria- mente existentes na crosta terrestre, Conhe- cendo-se o volume das: aguas fluviais ¢ a quantidade média anual de detritos levados em suspensao, ¢ sabendo-s ainda a quanti- dade de sedimentos j4 formados sobre toda a Terra, ter-se-ia 0 tempo total gasto para a deposigio. Por este calculo a idade ava liada foi de 60 a 90 milhdes de anos. Em 1910 De GEER usou 0 mesmo mé- todo para 0 cdleulo da idade da tltima gla- ciagdo contando o niimero de camadas exis- tentes nos varvitos (vide Glaciagao) forma- dos em lagos glaciais da Europa do Norte, obtendo uma cifra de 7 a 8 mil anos para © término da tltima glaciagio na Suécia. 2) John Jory (1899) retomou a possi- bilidade de calcular a idade da Terra em func&o da quantidade de cloreto de sédio existente na Agua dos oceanos, partindo da premissa da auséncia deste sal nos mares inicialmente formados no nosso planeta. Sa- bendo-se a quantidade média anual que os rios levam aos mares, saber-se-ia 0 tempo necessario para formar toda a massa de NaCl que existe hoje em dia nas Aguas oced- nicas. A cifta obtida por Joy foi de 100 a 200 milhdes de anos. A precariedade des- te método consiste no fato seguinte: as ema- nagdes vulefnicas so ricas em iontes de cloro e sédio, 0 que conduz suposigao da existéncia priméria destes elementos nas .guas inicialmente formadas na Terra. Além disto, as aguas dos rios atuais so mais ricas em carbonatos e sulfatos do que em clore- tos, 0 que néo explica 0 aumento gradativo em NaCl, como imaginou o citado cientista. 3) Lord KELVIN em 1862 tentou o cil- culo baseado no resfriamento do globo ter- restre. A sua perda térmica ter-se-ia inicia- do a partir de uma temperatura inicial de 3.900°C. Admitiu o citado fisico que a per- da se deu de modo constante, 0 que 0 le- vou a uma cifra de 20 a 40 milhées de anos. Mas com a descoberta posterior da radioatividade verificou-se que esta perda térmica nao € constante, devendo ter softi- do modificagées pelo aumento da tempera- tura, gragas as reagdes de desintegragdio que libertam calor. Com o advento dos estudos modernos: (BoLtwoop, 1905) sobre a radioatividade, tornou-se possivel a determinagao do tempo que leva para dar-se a transmutagao de um elemento em outro, o que se di pela mu- danga do mimero atémico, com perda de elétrons, mais particulas do proprio nucleo do Atomo e energia, sob a forma de radia- Oes (andlogas aos raios X e calor). Exis- tem elementos que se transformam em fra- do de segundo, enquanto que outros levam milhares de anos para se transformar. So estes que interessam 4 Geologia. Fato im- portante & que as condigdes de alta tempe- ratura e presséo ndo modificam o ritmo da transformagdo, 0 que permite a avaliagdo da idade de rochas submetidas inicialmente Aquelas condigdes. Fala-se em meia vida de uum certo elemento com base no seguinte motivo: tanto faz que se parta inicialmente de um grama ou de alguns quilos de um elemento que se inicie no seu proceso de desintegragéio, porque os atomos se vio de- sintegrando em todas as partes do corpo 23 inicial, tenha ele o peso que tiver. Uma vez percorrido um tempo 7, denominado meia vida, a metade da massa inicial estar trans- formada em outra. Apos 27, a metade res- tante do elemento original desintegra-se no- vamente, remanescendo apenas uma quarta parte do original, e assim por diante. Por isso, 0 calculo é feito em base da meia vida do elemento, cuja transformagio obedece a uma funcdo exponencial do tempo. Sao di- versos os elementos que se acham em con- tinua desintegragdo, transformando-se em outros. Como método comum, até hé pou- co tempo foi usada a transformacdio de um dos isétopos do uranio, 0 de peso atémico igual a 238, em chumbo de peso atémico 206, mais hélio. A meia vida do uranio é de 4,6 x 10° anos, 0 que quer dizer que, decorrido este tempo, restard apenas a metade dos atomos de uranio do mimero original, enquanto o resto se transformou. Exemplificando: de 1 grama de uranio obtém-se, depois de 1 x 4,6 x 10° anos, 0,5g U, 0,43g Pb e 0,07g He. Depois de 2 x 4,6 x 10° anos, 0.25g U, 0,65g Pb e 0,10g He. Uma vez conhecida a velocidade com que se processa esta desintegragéo, sabe-se que um grama deste urdnio produz anualmente 1/7.600.000.000 gramas de chumbo. A samarskita, que ocorre nos pegmatitos de Divino de Uba, Minas Gerais, possui um teor tal em Pb e U, que permite 0 calculo de 360 milhdes de anos, segundo analise de C._N. FENNER. ‘A andlise quimica destes isdtopos de ura- nio e chumbo é bastante delicada e onerosa, exigindo uma técnica altamente especializa- da. Hoje em dia sao preferidos métodos di- ferentes, mas baseados no mesmo principio. O mais usual é 0 método do potassio-argo- nio, que se baseia na desintegragdo radio- ativa de um is6topo do potissio, de peso atémico 40, que se transforma em argénio 40, sendo a meia vida de 1,3 bilhdo de anos. Como esta transformacdo se vem pro- cessando uniformemente desde os primor- dios da formagaéo da Terra, a relacdo dos 24 is6topos de potissio se mantém constante para um determinado tempo geolégico. O que vai variar com o tempo é a quantidade relativa de argonio 40 em relagdo aos de- mais is6topos. Quanto mais antigo for o mineral potassico (os que mais se prestam a determinagdo so as micas, os anfibélios € certos feldspatos), maior a quantidade de argénio em relagdo A de potassio 40, A quantidade total de potissio é dosada por fotometria de chama. Sabendo-se que a per- centagem atual do potassio 40 € de 0,0117% em relacio ao potassio total, seja qual for a idade do mineral, calcula-se a quan- tidade deste is6topo-chave. Para a deter- minagdo do conteiido de argénio 40, fun- de-se uma massa conhecida da mesma amos- tra analisada para potissio em meio herme- ticamente fechado, com ultra-alto vacuo. Desta maneira 0 argénio radiogénico (ou seja, 0 resultante da desintegragao radioati- va do potissio 40) é recolhido num tubo de vidro, onde é misturado com uma quan- tidade conhecida do isétopo 38 do argénio, que se presta como padriio. Gragas a dife- renga de massa entre ambos, 0 desvio so- frido no campo magnético do espectrégrafo de massa seré diferente, e caracteristico para 08 dois tipos, podendo ser medida a relagdo quantitativa entre ambos por comparagio. A partir da relagdo entre 4+” © K#? assim determinados, e sabendo-se a constante de desintegragio do K*°, pode-se calcular a idade mineral, ou seja, 0 tempo relativo & cristalizagdo do mineral, seja a partir do magma, seja por processo metamérfico. Muito embora a técnica seja precisa, hd casos em que os resultados sfio duvidosos. E © caso das rochas magmiticas passiveis de recristalizago metamérfica, podendo dar-se a neoformagao de minerais potissicos lon- go tempo apés a formagio da rocha, ou no caso de rochas muito antigas, nas quais par- te do argénio radiogénico tenha escapado por difuso. Este método, devidamente mo- dernizado, permitiu a datagdo recente das amostras coletadas na Lua, sendo portanto valido para idades de 3,5 a 4,5 bilhdes de anos, ¢ vem sendo aplicado no Brasil, fato © método Rb-Sr baseia-se na desintegra- a ser referido logo adiante. A fig. 1-9 ilus-, go radioativa do isotopo 87 do Rb, que se tra os resultados preliminares de varias da-' transforma em Sy*7, sendo a meia vida de tages realizadas no Brasil meridional. De- 50 bilhdes de anos. Gragas a este elevado vemos dar énfase a inexisténcia de grandes valor da meia vida, 0 método é empregado diserepancias em relagdo aos estudos mais satisfatoriamente em rochas antigas. Para as antigos, antes do advento desta citada tée- mais jovens, de poucas dezenas de milhdes nica. de anos, a preciso diminui, A amostra é Sedimentos gonduanicos do datados pela radivatividade 4e A Rochas atatinas VV Basaltos , WE ouartzo-Pérfiro ++ Embasamento cristalino Idade em mithées de anos [TTF dade em mithdes de anos Varias determinagoes Uma determinacao isolada Fig. 1.9 Idades absolutas de rochas igneas € metamérfieas Uo Brasil meridional. Dados recentes sobre as idades de rochas granitico-gndissicas do embasamento eristalino pré-devoniano, de quartzopérfiros de paleo: 26ico inferior dos basaltos efusivos da Bacia do Parand e de algumas ocorréncias de rochas alcalinas do Creviceo Superior (seg. Amaral, Bartorelli, Cordani, Freitas, Kawashita, Minioli ¢ outros). 25 previamente atacada por processos quimi- cos ¢ as solugdes contendo os ions de RE e Sr vio a um novo tipo de espectrémetro de massa, de fonte sdlida, que mede a quan- tidade dos isétopos que interessam na da- taco por principio andlogo ao do argénio. Sao adicionadas massas conhecidas dos ci- tados elementos, mas de composigao iso- tOpica diferente, que se prestam como pa- drio a fim de ser-calculada a quantidade relativa entre eles. Por meio deste método foi determinada a idade em que se proces- sou 0 metamorfismo de certas rochas do Nordeste brasileiro, datando de 500 milhées de anos. Existem ainda outros elementos, cuja ve~ locidade de desintegragao conhecida permi- te 0 cilculo da idade das rochas, como por exemplo o t6rio 232, que se transforma em chumbo 208, sendo a meia vida de 13.9 bi- Ihdes de anos. Em base nestes calculos, admite-se que as rochas mais antigas foram formadas ha 4,5 bilhdes de anos, e que a Terra tenha uma idade de cerca de 5 bi- Ihdes de anos. Se um homem caminhasse com passos de um metro, € se cada passo correspondesse a mil anos, apés 2 passos estaria na época de Jesus Cristo; mais mil ¢ poucos metros encontrar-se-ia com os pri- meiros homens existentes sobre a face da Terra. Teria de caminhar 600 quilémetros para chegar A idade dos mais antigos re- gistros da vida no nosso planeta, ou seja, 0 inicio da era Paleozdica. Para chegar aos primérdios da formagio da crosta da Terra, sua caminhada seria de 4.500 quilémetros (dando-se uma idade de 4,5 bilhdes de anos para as rochas mais antigas). Para a determinagio da idade de ach: dos arqueolégicos de natureza organica ¢ usado um is6topo radioativo de carbénio, de peso atémico 14. Este is6topo é forma- do pelo bombardeamento de raios césmicos no nitrogénio das camadas superiores da atmosfera. Este € logo combinado com o oxigénio, e 0 CO, resultante entra numa proporgao conhecida nos tecidos vivos. Ten- co 0 carbénio 14 uma meia vida de 5.568 26 anos, transformando-se novamente em ni- trogénio, torna-se possivel a determinacao da idade de achados organicos recentes, sob ‘© ponto de vista geoldgico. Sua exatidao declina rapidamente a partir de cerca de 20 mil anos. Em novembro de 1963 foi instalado no. antigo Departamento de Geologia ¢ Paleon- tologia da Faculdade de Filosofia, Ciéncias e Letras da Universidade de Sao Paulo um laboratério de geocronologia, hoje, Centro de Pesquisas Geocronolégicas, do Instituto de Geociéncias, onde j foram efetuadas diversas determinagdes de rochas da América do Sul. Devemos tal iniciativa 4 colabora- cao da Universidade da California, subven- cionada pela National Science Foundation, pelo Conselho Nacional de Pesquisa e pela Fundago de Amparo a Pesquisa do Estado de Sao Paulo. Coube a orientagdo inicial ao Prof. Dr. John H. REYNOLDS, que for- mou entre nés uma equipe especializada nesta complexa técnica, hoje; sob, a orienta- cdo do Professor Doutor Umberto CoRDANI. Os métodos de trabalho so dois: 0 mé- todo potassio-argénio e 0 rubidio-estréncio. Quando os resultados de ambos coincidem, a determinagdo pode ser considerada como precisa. Citaremos algumas das determinagoes ja realizadas, que julgamos as de maior impor- tancia geolégica. Em primeiro lugar, as ro- chas basilticas, que ocupam extensa drea do Brasil meridional, com espessura que po- dem atingir até mais de um quilémetro. Em algumas dezenas de determinagées foi obti- da a idade média de 120 a 130 milhdes de anos, incidindo no periodo cretaceo inferior esta atividade magmatica. Os macigos alca- linos apresentam idades diferentes entre sie certa heterogeneidade mesmo dentro do proprio macigo, sugerindo a existéncia de mais de uma fase magmatica, mas sempre dentro do mesmo periodo geolégico, Assim, © de Pocos de Caldas, mG, possui a idade de 60 a 80 milhdes de anos. O de Itatiaia, 65 milhdes de anos e o de Sao Sebastiao, 80 milhdes de anos, Segundo a escala geoldgi- ESCALA GEOLOGICA DO TEMPO Eras Periodos Epocas ' eee Caracteristicas | [Quatemario | Holocene 11,000) | Homem. Glaciaglo no he- | Pleistoceno 1,500,000 nisfério norte | Cenozdiea Plioceno 12,000.00 Terciario Mioceno 23,000,000) | Oligoceno 35.000.000} | Mamiteros ¢ fanerégamas Eoceno 55.000.000 Paleoceno 70.000.000 Creticeo 135.000.000 Mesozéica rissico 190.000.000 } ] Répieis gigantescos ¢ coni- Tridssico 230,000,000, feras Permiano 280,000.00 ; Carbonitero 350.000,000f | Anfibios ¢ cripiogamas Devoniano Peixes, vegetagdo nos conti Paleozdica -400,000.000 — ~ Situriano 440,000,000) | Invertebrados ¢ grande mi- Ordovieiano 500.000.000 mero de fésseis, vida Cambriano 570.000.000} aquatica Pré-cambriano Restos raros de bactérias, superior Algonquiano fungos. ulgas. esponias (Proterozsica) crustaceose celenterados Pré-cambriano mais de dois | Evidéncias fossiliferas raras, médio bithdes bactérias © fungos (2) Pré-cambriano Arqueano + 4.5 bilhdes) inferior Unicio da (Arqueozoica) Terra) ca do tempo (ver acima) estas atividades magmiticas restringem-se ao fim da era me- sozdica ¢ inicio da cenozéica. Ja as ativi- dades magmiticas das ilhas Fernando de Noronha e Trindade sto mais recentes, A primeira iniciou-se ha 11,8 milhdes de anos (Plioceno) e a segunda ha 3,3 milhdes de anos. Importincia dos isotopos nos estudos geo- logicos. — Nestes tltimos 30 anos vém-se aprofundando cada vez mais os estudos so- bre 0 comportamento dos isstopos nas ro- chas, nos meteoritos, nas Aguas, na atmos- fera e ainda nos seres vivos. Siio muitos os problemas geol6gicos que vém sendo escla- recidos gragas a tais estudos, além dos jé citados, referentes ds idades das rochas ou dos achados arqueolégicos que contenham carbénio, ou ainda do estudo do calor inter- no da Terra. A literatura j4 conta com li- vros-textos especializados sobre 0 assunto (ver referéncia bibliografica no fim do ca- pitulo). Entre os diversos exemplos citare- mos a importancia da relagdo entre os isb- topos 16 € 18 do oxigénio existente no car- bonato de calcio (quer organico, quer inor- ginico), relagio esta que diz da temperatu- 27 ra da dgua onde se deu a formagao do cal- cario. Continuando, a relagdo entre os is6- topos 13 e 18, do carbénio e oxigénio, res- pectivamente, encontrada em calcarios, po- derd dizer se estes se formaram em ambien- te marinho ou continental, independente de sua idade geoldgica. Por outro lado, os teo- res de tritio na Agua do subsolo poderiio di- zer da idade geoldgica da Agua. Sabe-se que a agua subterrdnea existente em certas areas do Saara é em parte proveniente de chuvas caidas ha dezenas de milhdes de anos, pois foram datadas como sendo de idade tercié- tia. O estudo do teor de tritio artificialmen- te produzido por uma usina atémica nos Estados Unidos da América permitiu a con- clustio de que 50% das chuvas que se preci- pitam na Bacia Amazénica provém da eva- poragio continental (evapotranspiracio), sendo o restante proveniente da evapora- Go ocednica. Como tltimo exemplo ci- taremos 0 estudo da relaco entre os is6topos 12 e 13 do carbénio, que podera dizer se um eventual resto carbonoso sem estrutura ou forma caracteristicas € de origem mineral ou organica. Tal estudo esclareceu a origem or- ganica de pequenos corpos globdides grafito- sos encontrados em rochas pré-cambrianas da peninsula escandinava. A crosta Denomina-se crosta & parte externa con- solidada da Terra. Nas regides continentais a crosta é formada de duas zonas, a supe- rior, denominada sial (gragas 4 predomi- nancia de rochas graniticas, ricas em silicio ¢ aluminio), e a zona inferior, na qual se supée haver predominancia de silicatos de magnésio ¢ ferro, de onde vem o nome de sima. Segundo estudos modernos, baseados em dados indiretos fornecidos pela geofisi- ca, a espessura da crosta (sial mais sina?) varia de 35 a 50km, Nas margens dos con- tinentes o sial granitico se adelgaga até de- saparecer, motivo pelo qual tudo indica que 28 © substrato dos oceanos é constituido pelo sima, © que se acha ilustrado nas figuras 13-21 e 13-22. Mais adiante voltaremos a este assunto com mais pormenores. Tapeta 1-3 Composicio mineralégica média das rochas ‘magmticas (seg. CLARK © WASHINGTON) Feldsparo 59.5% Quartz. 12.0%, Piroxénios ¢ anfibalios 168%, Mica. 38% Minerais acessbrios 70% Dedicar-nos-emos neste capitulo apenas 4 crosta externa, Esta casca fina, envolven- te do globo terrestre, é a sede principal dos fendmenos geolégicos observaveis, enquan- to que a zona de transigo para a crosta interna & 0 foco das atividades magmaticas e tecténicas profundas. Tudo indica que a crosta nao existe nos demais planetas, segundo observagdes sismicas realizadas, 3 superficie da Lua e Marte. Constituigao litolégica da crosta externa. — A crosta terrestre € constituida de ro- chas, isto 6, agregados naturais de um ou mais minerais.{incluindo vidro vulednico materia orginica). Distinguem-se 3 grandes grupos de rochas, segundo sua génese: ro- chas magmiticas, metamérficas ¢ sedimen- tares. O estudo sistematico das rochas & 0 objeto da Petrografia. Realizando um ba- lango da percentagem das rochas magmati- cas (mais as metamérficas) e sedimentares na constituicdo da crosta terrestre, diversos estudiosos chegaram aos seguintes resul- tados: Tapeta 1-4 Proporeio aproximada das rochas que ocorrem na crosta (seg. A. POLDERVAART) Sedimentos| 62% Grenodioritos, granitos e gnaisses 383% Andesito 01% Diorito 95% Basaltos 45.8% As rochas de origem magmatica (poden- do ter sido transformadas em metamorficas) constituem cerca de 95% do volume total da crosta, mas ocupam apenas 25% da sua superficie, enquanto que as rochas sedimen- tares mais as metassedimentares contribuem apenas com 5% do volume, mas cobrem 75% da superficie da crosta (fig. 1-10). Re- presentam uma delgada pelicula externa des- ta casca (que por sua vez é bastante delga- da, relativamente ao tamanho da Terra), de- nominada litosfera. ‘Apesar da existéncia de grande variedade de rochas magmiticas (cerca de 1.000), poucos so seus principais minerais consti- iuintes e, também, poucas as rochas que possuem importancia na constituigo geral da crosta. A fig. I-Il e as tabelas 1-3 e 1-4 mostram os prineipais constituintes minera- légicos e litolégicos da crosta. Estes dados referem-se a toda a crosta. Contudo, se analisarmos os continentes ¢ regides ocednicas separadamente, chegare- mos a resultados de grande interesse no es- tudo da derivagdo das rochas magmaticas. Assim € que 95%, das rochas intrusivas per- tencem a familia dos granitos e granodiori- tos que se acham localizados nos continen- tes e 95% das rochas efusivas sfo baséalti- Rocha sedimentar Rocha ignea Relaco segundo volume cas. A composicdo sidlica das rochas intru- sivas continentais e a composic&o basiltica das rochas magmiaticas ocednicas indicam também que os continentes so constituidos essencialmente de material granitico (sial). No fundo dos oceanos, ao contrario, parece faltar por completo esta crosta sidlica, pr dominando 0 sima. Fortalecendo essa hip6- tese, deve ser lembrado o interessante fato de que a maior parte dos vuledes localizados no mar ou préximo ao mar produzem lavas basdilticas, que, pelo seu extravasamento cal- mo, parecem provir de grandes profundezas. Além disso, devemos também considerar os grandes derrames basilticos ocorridos nas regides continentais. Pelo tipo de atividade magmitica-(auséncia de fendmenos explosi- vos, derrames calmos e consecutivos) e pelo grande vulto da massa de lava (650.000km$ no hemisfério sul — vide Vulcanismo), tudo leva a cter tratar-se de grandes fendas deno- minadas gedclases na crosta sidlica, fazendo com que 0 sima se extravase vindo de gran- des profundezas. Entretanto, a grande pre- dominancia das rochas intrusivas continen- tais é de natureza granitica. Os basaltos se originaram de regides profundas da crosta, a partir de rochas derivadas do manto su- perior, enquanto que os granitos se origi- Relac&o segundo 4rea Fig. 1-10 10 litologica da crosta terrestre, segundo volume © segundo area 2 = ley fai oe 38 82 $00 aaa 80- Ortoclasio y 2 / £60. Quartzo 240- é Fig naram a partir da transformagéo em pro- fundidade de rochas que ja estiveram a su- perficie, ¢ que se transformaram em sedi- mentos. Estes foram se acumulando em gran- des espessuras, sofreram aquecimento, gran- des pressdes, transformaram-se em rochas metamérficas e, posteriormente, em granitos, seja por refus&io, seja por metamorfismo granitizante. Esses fendmenos realizam-se nos geossinclinais, assunto a ser abordado no capitulo dedicado a orogénese. Constituigo quimica da crosta. — Para © caleulo da constituigo quimica da crosta é necessirio 0 conhecimento da composigio e volume das diferentes rochas. Tenta-se realizar este balango por varios meios. CLarK e WASHINGTON, por exemplo, tira- ram a média ponderada de numerosas and- 30 (iets) Plagioctésio g 28 329 2 az 808 6 Yo oa / _/ Calico) Lu [As principais rochas magmaticas e sua composigio mineraldgica (seg, Adams) lises de rochas e chegaram aos resultados expressos na coluna 1 da tabela 1-5. Tamera 1-5 Composisio quimica da crosta_ terrestre em segundo peso e volume i 1 W 1 ° 46,4 91,77 Si 24 0.80 Al 73 0.76 Fe SI 0.68 Ca 37 148 Na 19 1.60 K : 25 aid Me 21 24 036 Tow! | 985% | 97.7% | 99,79% T— Segundo Clark. I — Segundo Lenz. (do Uilito de Barra Bonita, Parané), IIT Em volume. Existem no Sul do Brasil rochas sedimen- s de origem glacial denominadas tilitos gue possuem uma composi¢ao quimica mi semelhante aos valores achados pelos au- ores citados na tabela 1-5. A andlise da co- una 1 é de um tilito de Barra Bonita, Pa- ana, descrito por LeINz. O tilito € uma ro- 2 formada pelo acimulo de fragmentos rochosos transportados pelas geleiras, que, Gesgastando uma grande parte da superfi- cie terrestre e misturando este material, pro- Guzem desta maneira uma amostra média proximada da crosta terrestre. Avaliando- se ainda o espago que os elementos ocupam na crosta terrestre, chega-se a resultados surpreenderites. Este célculo do volume que cada elemento ocupa é baseado no seu did- metro atémico, estando representado na co- luna mf, Notavel € 0 fato de o oxigénio ocupar mais de 90% do espago, deixando apenas pouco mais de 8% para todos os elementos restantes. Estes 8 elementos basicos perfazem, as- sim, 98,5% do peso da crosta. A maioria dos metais uteis ao homem océrre apenas em quantidades minimas. Estes so explo- raveis apenas em lugares onde sao enrique- cidos gracas a diferentes processos geoldgi- cos, como diferenciacéo magmittica, sedi- mentagGo, decomposigéo quimica diferen- cial € outros que serio abordados nos de- vidos capitulos. A tabela 1-6 complementa a tabela 1-5, nos dando uma idéia da quantidade de alguns dos elementos menores e elementos tragos mais conhecidos na litosfera, em gra- mas por tonelada. Tapeta 1-6 Quantidade média em partes por milhdo dos elementos quimicos menores ¢ elementos tragos mais conhecidos da litosfera Ti -4400 | Ni —80 | Br —16 H -1400 | Cu-70 | sb -17 P -11890 | w -6 | Hg-os Mn—1000 | Li —65 | Bi — 0.2 s - 520 | N ~46 | Cd -o5 c - 320 | ce -46 | Ag-ot cl - 314 | sn —40 | se — 009 Rb - 310 | Co-23 | Pt — 0,005 F -— 300 | Pb —16 | Au 0,005 St - Mo — 15 Ba — Th - 12 Zr = C- 7 cr - Be — 6 v - Ar — 5 Zn - u-4 B-3 BIBLIOGRAHA RECOMENDADA. Fiiiece, S, “Geophysik I", in Handbuch der Physik, vol. XLVII, Springer-Verlag, Berlim, 1956. GoLpscHMipT, V. M., Geochemistry, The Clarendon Press, Oxford, 1954, Gomss, C, B., KBIL, K., Brazilian Stone Meteorites, Ed, Edgard Bliicher Ltda, 1979. Ket, K., “Météorite Composition”, in K. H. Webe- Port, Handbook of Geochemisiry, vol. 1, p. 78, Springer-Verlag, Berlim, 1969. Lareirre, P., Introduction & Pétude des roches métamor- phiques et des gites métaliféres, Masson & Cie., Paris, 1987. Masox, B. York, 1962. Nistor, H. 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