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Federal. Isto porque @ declaragao de culpa de um individuo na seare penal nao retira sua quali- dade de cidadao, devendo ele manter-se integrado as decisées sobre as politicas piblicas, algu- mas das quais seré destinatério direto A repercussao politica da responsabilidade criminal deve limitar-se 20 impedimento ao desempenho de mandatos ele- tivos, incompativeis fisica morelmente com 0 encarcerado Este, todavia, continua detentor dos direitos, garantios © deveres dispostos na Constituigao Federal, integrando uma socie- dade plural da qual emanam os poderes representativos para a gestao de seu destino. * — Advogado. Assessor Judiciério junto 4 1? Camara Criminal do TJMG. Pés-graduan Direito do e@ Especialista en Public pela PUC-MG. 33308 Ee A PENA E A FUNCAO SOCIAL ada vez que cugo uma noticia nos meios de comunicagao sobre estar © sistema prisional brasileiro sa- turado, superlotado e absoluta- mente sem perspective de mudangas num futuro préximo, reflito $0 0 sistema penal vigente, no que tange as penas, ainda funcional. Uma das premissas do Direito Penal 6 2 aplicagao de uma sango como garantia do préprio cidadao. Para que nao seja con fundida a ténue linha que separa a liberdade da impunidade. Tem como funcéo precipua equilibrar uma situago rompida pela prat ca de um delito. E, mesmo assim, com a pro- tecdo estatal para. com a sociedade, um individuo somente seré condenado, efetivamente, quando transitar uma sentenga condenatéria, ¢ ficar comprovado que realmente fora praticada uma “Uma das premissas do Direito Penal é a aplicagao de uma sangdo comogaran- tia do préprio cidadao” conduta lesiva & sociedade. Ao contrério do que muitos pensam, 0 Direito Penal nao é um mero aplicador desordenado de sangdes, mas sim um garantidor * ANTONIO BAPTISTA GONCALVES de liberdedes. Pois 0 homem mé comum sabe quais atos pode praticar e quais ndo so per- representa um grande avango se comparado aos tempos antigos, como na vigéncia do Cédigo de Hamurabi, em que a justica poderia ser classificada como uma reparagao na mesma proporcao do dano causado, ou soja, se uma pessoa roubava, per- dia 2 mao. Ov entao, na epoca dos antigos guerreiros, cujo conceito de justiga era responder a violéncia com violéncia. Como se fosse uma forma de ratificagao de poder. A introdugao do atual sistema Eee carcerério teve origem na Igreja, pois 0 condenado era encami- nhado @ uma cela para expiagso da falta cometida, como uma pe~ niténcia, ou seja, a origem do presidio, também denominado penitenciéria, e seu arranjo inte- rior refletem as celas monasticas que os mosteiros destinavam as penit@ncias.” A situacao tinha © condao de fornecer ao infrator um periodo de reflexdo, para externar todo 0 seu arrependimento e eviter uma nova pratice lesiva, a pena fun- cionava com um bem ao proprio individu. Dai adveio 0 conceito de prisao como uma reparagao & sociedade pelo dano causado & também ao apenado, para rever seus coneeitos e reparar seus orros. A condenacéo, atualmente, nos dias atuais serve como uma com: pensagao @ sociedade pelos danos causados, ou seja, uma jus~ tificagao moral da aplicagao da pena, e uma forma de retornar a0 equilibrio social existente, antes do delito ser praticado Nos dias atuais, o delinquente esté servindo de escape para a sociedade, uma vez que esta justi- fica que a situagao do pais esté ruim, devido aos altos indices de criminalidade; s@ nao houvesse infratores a vida estaria perfeita. Osso muitas vezes motiva dis- redugso da cussdes, como @ meioridade penal, para isolar cada vez mais os infratores da sociedade, como se isso @ man- tivesse “imune” do meio crimi- noso. Entretanto, parece-me ser uma verdade falaciosa, porque dontre os criminosos existem os que praticam delitos por prazer ou por poder; no entanto, 2 grande maioria o faz por necessidade. Soja por nao ter emprego, seia nao ter o que comer, por proprio ou a sua familia, ou por pura falta de consciéncia social © estrutura familiar, inoso estar “0 fato de oc! preso nao restitui o mal causado a pessoa, seja no aspecto moral, ou no econémico” Num rapido exame mental, qualquer minimamente esclarecida iré repudiar praticar pessoa um crime, ao ter a ciéncia de que ficaré preso, longe de seus entes praticamente sem queridos, condigdes de obter um emprogo quando for solto, sem mencionar as agruras que ira sofrer dentro do presidio E, apesar disso, a cada dia temos mais e mais pessoas presas Para os componentes da sociedade & muito mais cémodo atacar as pessoas que se encontram presas, ICP Abril de 2006 - pagina 10 do que procurar solugdes pare modificar a situag8o. Porque como mencionei anteriormente, 0 crimi noso reflete um desabafo social, muitos sao pré-julgados no ambito moral, antes mesmo do efetivo jul gamento. © fato de o criminoso estar preso nao restitui o mal causadoa pessoa, seja no aspecto moral, ou no econémico, mas muitos se conformam, porque “pelo menos este néo iré prejudicar mais ninguém" Mas a reflexéo inicial persiste: 6 atual sistema prisional, no que tange as penas ainda é funcional? 4 0 individuo do con- Se se re vivio social, 0 que na pratice impediré 0 cometimento de uma nova conduta lesiva, por outro lado se proporciona a0 detento, querendo ou nao, um grande aperfeigoamento de seus dotes criminais, 0 qual, mesmo que néo 08 tenha, teré uma grande oportu: nidade de adquiri-los, visto que humanamente impossivel obter= se 9 recuperacao social de quem quer que seja, numa cele - proje: tada para dez, quinze pessoas « que abriga quarenta, cinqilenta, cujas condigdes de convivio $80, péssimas. Também atesta conta um ox-preso a cultura brasileira: um ex-condenado sera morsk mente sempre considerado como alguém Entao como culpado. pode dar emprego a um culpado? Simplesmente é melhor deixé-lo@ margem da sociedade. Seré que a solugao 6 0 sistema prisional? Se fosse, os indices de criminalidade deveriam ester cain do, uma vez que funcionaria como um inibidor: @ pessoa evitaria praticar 0 delito, porque saberia que iria prosa. Mas na pratica néo € 0 que esté ocorrendo Entdo, 0 modelo adotado deve ser modificado, por um mais repressor, coercitivo, que real- mente impega a criminalidade de existir? Talvez até mesmo devéssemos adotar o sistema da pena de morte, como os norte- americanos? Nao, a meu ver, nada disso representa uma solucao saneado- ra do problema, © atual sistema penal brasileiro & eficaz, 0 real problema no é penal, mas sim social. © Direito Penal somente esté sendo questionado porque tem a fungao de ultima ratio, ou melhor, @ ltima alternativa para reparar a impunidade, e, a0 que se dispée, o objetivo esta plena mente sendo aleangedo © que motiva o excesso de lotago - que por vezes desacre dita © préprio sistema prisional, visto que de que adianta prender alguém, se a0 solté-lo este estaré pior, ou ainda, a prisdo nao regen. era ninguém - nada mais é do que a atual situacéo social enfrentada pelo pais. Se a maioria das pessoas tivesse 0 amparo estatal, com ensino educacional__minimo, emprego, concentragéo de renda no to acentuada, sem miséria, a motivacao pare a prética de deli tos seria minima, sendo perfeita- mente suficiente © atual sistema penal brasileiro. Ai, de fato, 0 sis- tema penal teria uma real fungao social. Hoje 0 maximo que o sistema prisional representa é um invélu- cro para separar aqueles que ultrapassem os limites, dos demais Para evitar que o sistema penal alcance a impraticabilidade, ou, num futuro, até mesmo a inuti dade, 0 legislador deve criar uma alternative - j que 0 governo nao © faz de livre e espontinea von- tade - que determine um investi- mento compuls6rio em educagao, moradia e emprego. Nao tenho a esperanca de que se um dia isso ocorrer © Brasil seré 0 melhor pais do mundo, porém 0 nivel de vida aumentaré na inversa proporgéo do indice de criminalidade. Ao invés de os reguledores do direito investirem em leis que visem cada vez mais oprimir as pessoas, na falsa certeza de que isso inibiré 0 crime, devem con- GONZAGA, Sornardina. 0 cieio penal indgena, p38 centrar seus esforgos em gerar medidas legais que obtenham uma receita fixa e permanente para o investimento na base e no social deste pais, pois uma familia que tem o que comer, com emprego © educagéo, nao tem a menor intengao de praticar uma conduta lesiva, exatamente pelo papel inibidor que representa o direito penal. Todavia, a persis- tirem as condigées atuais, que caminho mais prético tera um chefe de familia, ao ver os seus sem ter 0 que comer, sem edu: cagao e sem emprego, senao par- tir para a marginalidade? — chegado 0 momento de o legislador brasileiro revestir os direitos do cidadao e nao oprimi- los mais @ mais, para, como pre- conizam os ditames constitu- cion , proteger o cidaddo e a sociedade que 0 circunda. Mestrando em Filo io Direito - PUCISP. Especialista em International Criminal Law. Terrorism 's / New Wars and ICL's Responses - Istituto Superio| Internazionale di Scienze Criminal Especialista em Direito Penal Econémico Europeu pela Univer- sidade de Coimbra / Pés Graduado em Direito Penal ~ Teoria dos de! Gradvado em Direito Penal Econémico da Fundacdo G niversidade de Salamanca Vargas ~ FGV. Advogado. Cee

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