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0 Antigo e 0 Moderno A PRODUCAO DO SABER NA AFRICA CONTEMPORANEA PAULIN J. HOUNTOND JI corg.s 15. Localizar o género no discurso do desenvolvimento Mathiba Phalane p, 243-252 “Pe edigdes pedago 15, Localizar o Género no Discurso do Desenvolvimento Manthiba Phalane Universidade de Limpopo, Africa do Sul Ligar o discurso de desenvolvimento as questdes de género A desigualdade de género mina a eficacia do discurso e das politicas de desenvolvimento de varias maneiras relevantes, Em Africa, este debate mantém-se ainda na periferia da discussao politica e da tomada de decisdes, tanto no plano nacional, como no plano internacional. Por um lado, a relutancia dos decisores politicos em lidar com esta questao advém do facto dela afectar as normas societais, as tradigdes culturais ou regionais. Por outro lado, essa relutancia advém da ignorancia, real ou dissimulada, da natureza das disparidades de género, se nao mesmo da indiferenga relativamente a importancia do bem-estar das mulheres nas perspectivas de desenvolvimento dos paises. As feministas comprometidas com o discurso do género e do desen- volvimento tém vivenciado diferentes experiéncias, em fun¢io do posi- cionamento material, politico e discursive nos respectivos paises. E, portante, dificil para estas feministas instrufdas, que trabalham para a defesa das politicas de género, imprimir um sentido de urgéncia aos debates politicos e influenciar a produgao de propostas legislativas, uma vez que a tinica mulher africana retratada nas declaragoes e consti- tuicdes dos varios paises como tendo ‘voz’ é uma mulher de ascendéncia humilde, perpetuamente pobre, gravida e sem poder. Isto explica as frequentemente limitadas identidades sociais, politicas e de investigagao disponiveis para as mulheres africanas, num mundo dominado pelas instituigdes de desenvolvimento e pelas redes nacionais e internacionais de investigadores e activistas das questées de género. Deve lembrar-nos, igualmente, a constante relevancia'dos posicionamen- tos geo-politicos para a forma como os debates acerca da investigagao, as LecaleareGinere na OicrtedoDevamuelamento —MawthibePhalone 43 das iniciativas e dos actores do desenvolvimento pretendem que esses discursos sejam conceptualizados. Estes sao habitualmente ignorados porque sio observados através de estereétipos rigidos e distorcidos. Os debates acerca do género e do desenvolvimento em Africa, particu- larmente ao Sul do continente, tendem a negligenciar o facto de a igual- dade de género constituir uma questo nuclear do desenvolvimento e de ser, por si sé, um objectivo de desenvolvimento. Tem a capacidade de fortalecer o crescimento dos paises, reduzir a pobreza e influenciar uma governanga eficaz, Esta negligéncia é parcialmente ilustrada por trés aspectos que constituem o foco dos debates, Em primeiro lugar, é ilustrada pelo facto dos “arquitectos” de todos os documentos que existem sobre as questdes do desenvolvimento em Africa serem quase exclusivamente homens (considerados como “a primeira gera¢ao" na luta pelos direitos). Isto também explica porque razdo essas declaragées centram as suas preocupagdes sobretudo ao nivel do Estado (outra instituigao patriarcal) e nao em aspectos do desenvolvimento mais relacionados com o género. As declaragées exis- tentes duplicam outros instrumentos legais de Ambito internacional, no campo dos direitos humanos, e seguem um discurso altamente sexista acerca das geragdes de direitos humanos e desenvolvimento (Tamale & Oloka-Onyango, 2000). Sobrepondo-se ao campo dos direitos humanos edo desenvolvimento encontramos intelectuais masculinos que apoiam 0 paradigma da geracao e atribuem prioridade aos debates acerca dos direitos civis e politicos - uma arena que os homens dominam 4 custa da exclusao das mulheres. Nao obstante o seu importante contributo para a primeira geragao de direitos e para as politicas de género e de desenvolvimento no nosso continente, é digno de nota que nenhuma das declaracées africanas releva as verdadeiras causas das desigualdades, assentes sobretudo numa divisao do trabalho pelo género. Outra omissao comum nos debates académicos é abrangéncia da ordem patriarcal que predomina em muitos estados africanos, apesar dos sistemas de quotas que vigoram em varios governos. Este tipo de questdes explica a falta de atengao rela- tivamente a desigualdades de género especificas como 0 assédio sexual oua violéncia sobre as mulheres, muitas vezes retratada como um mero problema doméstico, Em segundo lugar, a “segunda geragio de direitos” centra-se sobre- tudo em questdes como a satide, a habitagao, a educacio e o servico social em geral. Estes so aspectos do desenvolvimento que afectam as mulheres de forma bem mais adversa do que os homens. As grandes limitagées destes debates repousam no facto de a sua origem estar nos contextos econdmicos e sociais ocidentais e nas concepgdes que dat 344 Pain| Movrtondl(O199 Olga o Mader. APrdtodasaberna Area Contemporines emergem acerca do género e do desenvolvimento, ou das mulheres no desenvolvimento, Isto levanta até mesmo um problema relativamente & expressao “mulheres no desenvolvimento’, 0 problema nao ¢ tanto as “mulheres”, como a discriminagao contra as mulheres, nem a integraco das mulheres no desenvolvimento. O problema é atacar as estruturas assimétricas através das quais as mulheres so integradas e que as impe- dem (bem como a sociedade em geral) de protagonizar um desenvolvi- mento bem sucedido que combata eficazmente a sua pobreza. 0 trabalho das mulheres nem sequer é reconhecido nas estatisticas das economia mundial (um facto frequentemente declarado por politicos e investigadores). A investigagdo revela que apenas 50% das mulheres sao economicamente activas, apesar do facto de todas das mulheres trabalharem 14 ou mais horas por dia, quando comparadas com as 8 a 10 horas de trabalho atribufdas aos homens. Reconhecer estas reali- dades desiguais é uma questao de honestidade intelectual tanto para os investigadores como para os decisores politicos. Finalmente, em terceiro lugar, aquela negligéncia é também ilustrada pelas posigdes que se assumem quando os debates chegam a chamada "terceira geracao de direitos”, centrada nas questdes da paz, da polui do direito ao desenvolvimento econdmico - a jurisprudéncia da questao torna-se confusa (Tamale & Oloka-Onyango, 2000). 0 que deveria ser relevante tanto para os investigadores, como para os decisores politicos e para os proprios estados, é que sem uma anilise adequada das raizes da opressao patriarcal, que podem ser encontradas na mais pequena unidade da organizacao social - a familia, focar a atenco unicamente no desenvolvimento apenas produzira reformas limitadas. 0 argumento na base dos pontos anteriores é 0 de que quando os princfpios basicos do género sio justapostos com os principios patriar- cais e os princfpios do estado, no seio dos debates académicos e dos de- cisores politicos, as claras contradigdes entre estes principios tendem a dissimular-se. Desta forma, a promogao do género através de um discur- so do desenvolvimento constitui uma parte importante de uma estraté- gia de desenvolvimento que permitira a “todas as pessoas’, mulheres e homens, escaparem da pobreza e melhorarem os seus padroes de vida. Nao tem havido falta de envolvimento reflexivo com 0 discurso do género e do desenvolvimento, tanto na investigagao, como na publica- go e no activismo (Kabber, 1994; Goetz, 1997; Miller & Razavi, 1998). Mama (1996b) levou a cabo a mais abrangente revisao de investigacio africana sobre género e estudos das mulheres. A sua revisdo revela-nos uma série de desenvolvimentos em varias disciplinas, bem como uma vasta variedade de tematicas em ambitos como as mulheres, politicas e estados, estudos culturais, trabalho e economia. 25. Lecaluar Gero Oconee Desemslvinento Month Plone 345 Antologias organizadas por Jackson e Pearson (1998) e por Molyneux € Razavi (2002) reflectem de forma critica na mudanga das ortodoxias € em questées de posicionamento e representacao, trazendo a colagao varios exemplos de movimentos de mulheres em Africa. A riqueza e © volume de investigacao tém aumentado de forma dramatica devido também ao crescimento e sofisticacao da literatura sobre as experién- clas de género e 0 desenvolvimento (Macdonald, 2003; Rai, 2003; Kabeer, 2003). A meta-andlise de Lewis (2002), subsequente ade Mama (1996b), revela também os debates e as tematicas presentes na literatu- ra, destacando diversos modelos teéricos e abordagens metodolégicas, Para além de variadas discussdes e comparacdes de Ambito regional ¢ conceptual Ao nivel nacional, uma escalada das organizagées feministas em todo mundo tornou-se particularmente evidente a partir dos anos de 1970, O alargamento dos movimentos das mulheres, a nivel internacional, Proporcionou um férum para as mulheres africanas se organizarem contra as insuficiéncias do desenvolvimento, dos seus pontos de vista Por outro lado, a intervencao das mulheres africanas ao nivel interna- cional, a partir dos anos de 1980, despertou-as para a necessidade de fazerem ouvir as suas preocupagoes especificas no seio dos movimentos das mulheres, tanto ao nivel nacional como internacional. A Association of African Women for Research and Development (AARWORD) foi a primeira associagao a possibilitar as investigadoras eacadémicas africanas trabalharem sobre questées de género e desen- volvimento. O objectivo desta organizagao era definir a agenda do femi- nismo em Africa através da criagdo de condigdes para que as mulheres africanas se envolvessem tanto na investigagao como no activismo, Durante 0 perfodo declarado pela ONU como o Segundo Perfodo de Desenvolvimento, foram envidados esforsos intencionais no sentido de ampliar 0 compromisso das mulheres com o discurso do desenvolvimento, Esse compromisso enfatizava a equidade, a redistribuicao ¢ a necessi- dade de ir ao encontro das necessidades das pessoas. Isto coincidiu com a agenda feminista transformadora a nfvel internacional, no que toca a0 género e desenvolvimento, Entre outros, o trabalho de Boserup nos anos de 1970 proporcionou a abertura de novas vias no que diz respeito ao papel das mulheres no desenvolvimento econémico. Esses trabalhos forneceram 0 enquadramento necessario a0 vigoroso surgimento do movimento Women in Development (WID), o que conduziu a declaragio da Década das Mulheres (1976-1985) pela ONU. A influéncia de inictativas e declaracGes como Women in Development (WID), Gender and Development Network (GAD), Domestic Abuse Women's Network (DAWN), Association for Women’s Rights in Development 446 Paula Howrtongi (Org) OAntigo eo Mace APredugte do Saberne Aca Contemporinee (AWID), Committee on the Elimination of Discrimination Against Women (CEDAW), a 4 conferéncia mundial das mulheres, organizada pelas Nages Unidas, em Pequim, no ano 1995, seguida de outra na mesma cidade, em 2000, ou ainda a cimeira de Nairobi, em que se desenharam estratégias enquadradas numa visdo da mulher para o ano 2000, entre muitas outras iniciativas, criaram um novo espaco politico para o tra- balho feminista no 4mbito do género e desenvolvimento. O contributo destas organizagoes e dos espacos politicos criados proporcionou a luta pela emergéncia de vozes criticas, pela representacao e pela reivindica- do de recursos, pelas mulheres e para as mulheres. Elas exigiram o seu envolvimento no contetido e nos processos das politicas de desenvolvi- mento. Mas apesar de todos os progressos registados desde a primei- ra cimeira das mulheres no México, em 1975, a verdade é que estes foruns vém destacando uma deterioracao das condiges das mulheres nas maior parte dos pafses africanos, bem assim como noutras parte do mundo, como tem sido evidenciado igualmente pelos relatérios do Banco Mundial. Assim, perante estes relatérios, torna-se pertinente questionarmos qual é hoje o estado da questo em Africa relativamente as discussdes em torno do discurso do género e do desenvolvimento. Os debates actuais revelam um discurso marcado pelo dominio da proclamada defesa do género, tanto no plano militar como civil, tanto na pré como na pés independéncia, porém, com muitas pessoas entre o piibico em geral, académicos e feministas a partilharem um sentido de desilusao relativa- mente Aquilo em que o discurso se tornou. O resultado desta situagao tem sido um sentimento de frustragao com © essencialismo e a generalizacao que se abateram sobre a investiga 40 e os debates, simplificando-se anélises e colando-se as politicas de género e de desenvolvimento a slogans simplistas e redutores. Outro problema que tem emergido é 0 dilema colocado pela distingao entre as estruturas nacionais e as organizagGes independentes. Estas questoes sdo complexas e levantam a controvérsia sobre aquilo que o género eo desenvolvimento significam realmente para nds e aquilo que poderiam ou deveriam significar. As tensdes no seio daquelas estruturas e organizagdes tornam-se evi- dentes na prevaléncia de representacdes erréneas de Africa e das vidas das mulheres africanas que podem ser encontradas nos estudos e na literatura ocidental (Ogundipe-Leslie, 1994; Pereira, 2002). Muitas, independentemente dos posicionamentos politicos, s4o apenas guiadas pelos interesses de pesquisa das entidades financiadoras. O que justi- fica o escrutinio minucioso destas organizagoes é a reivindicagdo que fazem de alguns paradigmas como “os” que resporidem de forma mais 15 Lecalaar9Génere na DconceDesemelvmenta Month Phalane 247 adequada, em Africa, aos problemas de desenvolvimento relacionados com o género, Estes foruns podem ser criticados por apresentarem abordagens tanto superficiais como instrumentalistas ao estudo das mulheres e ao desen- volvimento. O seu resultado é uma proliferacdo de materiais "dispontveis” e"relevantes” que acabam por marcar, de forma instrumentalista, a agen- da do "desenvolvimento" das mulheres africanas (Lewis, 2002). Isso é& bem visivel na forma como as declaragSes e as resolugdes politicas sobre as mulheres e o desenvolvimento que tém lugar nessas “reunides” t&m sido bem sucedidas em influenciar os acordos produzidos através da insergao nesses documentos de alguns aspectos relativos As mulheres e ao desenvolvimento. A insergao desses aspectos nos acordos alcangados repousa habitualmente na apresentagao de factos refinados acerca das mulheres africanas, que proporcionam ento uma base adequada para a definigo de compromissos de género nessas declaracdes com vista a0. estabelecimento de aliancas estratégicas entre investigadores, decisores Politicos, activistas e redes de trabalho sobre questdes de género. Em todo o compromisso que parece existir em torno da equidade social, a maioria das declaracées tomaram como “adquirida’ a concep- tualizagao econémica ocidental do desenvolvimento e das realidades sociais de mulheres africanas (Soetan, 2001; Phalane, 2004; Moolman, 2005), Desta forma, ignoram frequentemente a prevaléncia das gritan- tes desigualdades de género e desenvolvimento entre o Norte e 0 Sul. As preocupacies relativas aos género e ao desenvolvimento no estio a ser articuladas de uma forma clara como seria ‘suposto que fossem. Quando a conceptualizagio da questdes de género caminha ao contrario das necessidades das mulheres, e sao essas concepgdes que emergem e enformam as questées centrais, ent&o aquilo a que da origem sao referén- cias a silvicultura, como-atestam os projectos em desenvolvimento no Quénia ou na Tanzania (Mwateba, 1997), ou outros semelhantes a sul do continente e na Africa do Sul (Phalane, 2004). Dado 0 exposto, é natural que nos Preocupemos com uma questo: como 6 que a conceptualizagao do género no seio do desenvolvimento se veio a tornar em algo diferente de localizar 0 género e o desenvolvi- mento na investiga e no campo politico? Um tema recorrente diz respeito 4 maneira como as discussdes politicas em torno do género e desenvolvimento acabaram reduzidas a meros Pprocedimentos "técnicos”. As discussdes sobre género e desenvolvimento tornaram-se a-histori- cas, apolfticas e descontextualizadas. E evidente que esta situagao mantém intactas as desiguais relacdes de poder. 0 que podemos desde jé afirmar é que perante um ambiente que privile- gia um pragmatismo urgente, as questdes do desenvolvimento intelectual 44d Pain. HoutondifOrg)_OAngow o Madero. Product de aberne Aca Contemporbee & e a necessidade de construgao de uma cultura intelectual critica, capaz de exercer alguma influéncia sobre os estados e as entidades financia- doras de projectos ligados ao género e desenvolvimento, tém sido ra- zoavelmente desconsideradas. Esta desconsideracao acontece quando os investigadores e os decisores politicos reivindicam espaco politico baseados numa abordagem de cima para baixo no que toca tanto a investigacao como As recomendagées daf resultantes relativamente as questdes de género e desenvolvimento. Mas acontece também quando 0s politicos aderem a uma agenda para as questdes de género que, no que toca a definigao de objectivos e de planos de formacio, é moldada por compromissos e credenciais externas definidas no areépagos inter- nacionais. Quando o discurso do género e desenvolvimento acaba representado a guisa de abordagens, ferramentas, enquadramentos e dispositivos, estes instrumentos tornam-se, em boa verdade, os substitutos de verda- deiras mudangas mais profundas, tanto no que diz respeito aos objecti- ‘vos como aos resultados. Assim, as intervengdes nas questdes de género associadas as correntes externas dominantes devem tornar-se numa arma de arremesso contra os burocratas e os decisores politicos nos governos. A distancia entre os mundos descritos por estes individuos e as verdadeiras relages entre homens e mulheres é com frequéncia par- cial, a favor dos primeiros. Isto é particularmente evidente nas formas como determinadas leituras das questées de género e desenvolvimento se tornaram parte do discurso que suporta as receitas habitualmente usadas pelos decisores politicos e pelos governos em Africa, ndo obstan- te o quao desarticuladas possam estar as suas referéncias eurocéntricas das realidades, das experiéncias de vida e do desenvolvimento das mulheres africanas. Solidariedade entre as diferengas: Para uma perspectiva de futuro Os estudiosos envolvidos na tematica do género e desenvolvimento afirmam que devemos reconhecer e abracar a existéncia de simplifi- cagdes de modo a formar aliangas estratégicas e fazer alguns progres- 0 na arena intensamente politica da definicao de politicas. Tal requer vigilncia e posigdes fortes em debates e na investigacao, de maneira a evitar que as mulheres sejam representadas como vitimas subvalori- zadas ou “herofnas” apenas para manter os discursos suficientemente abertos para captar nuances, ambiguidades e complexidades nas vidas e op¢des das mulheres. 1s LocalzaroGéneo ne iconedaDeremckinenio Monta Plane 243 No entanto, uma perspectiva amplamente partilhada é 0 reconheci- mento da enorme lacuna entre as aspiragdes feministas de transforma- 540 social e os ganhos limitados, embora importantes, que foram alcan- sados, Tal indica o quao diferente tem sido a compreensio do discurso do género e desenvolvimento, bem como as politicas implementadas. ‘Também realca diferentes compreensées das formas como as instituicdes influenciam os resultados, assim como diferentes visdes das armadilhas compromissos do envolvimento politico. Deste modo, é essencial que os actuais debates ea investigacao foquem ©s motivos estruturais por detras das politicas anti-género e desenvolvi- mento, O motivo 6 que aquilo que frequentemente definimos como “lacunas” no género e “diferengas” no desenvolvimento, nos debates na definicao de politicas, raramente so coincidéncias, mas, em vez disso, Parte integrante de um padrao global. A razao para tal consideragao nos debates deve focar os mitos e fabulas que emergem quando a investiga- gao é levada para o desenvolvimento. E imperativo constatar que os tipos de nogées generalizadas que sao conceptualizadas na teoria e na pritica como mitos de género, sao parte do problema, porque constituem ideias que por vezes a sociedade aprecia. Sao ideias que muitas vezes nos ajudam a dar uma direc¢ao ao nosso trabalho e servem para repre- sentar as nossas convicgdes enquanto feministas envolvidas no desen- volvimento, Os investigadores e decisores tém de estar cientes do quao essencial ¢ aatencao a dindmica do género para superar obstaculos de desenvolvi- mento em Africa, uma vez que a integracao dos conceitos de género e desenvolvimento nem sempre é bem compreendida, Este 6 um desafio intelectual que vai transformar a andlise do desenvolvimento e a acco para clarificar o que realmente significa uma perspetiva de género. Deve comesar por abordar questées conceptuais para demonstrar a razo para aplicar uma perspectiva de género no discurso de desenvolvimento. Aeducacao precisa, desde cedo, de ter uma componente metodolégica significativa do discurso de género e desenvolvimento. As nossas crian- as devem ser desde logo iniciadas na disciplina da légica formal e no Pensamento relativamente ao discurso de género e desenvolvimento, Nao se esta aqui a contemplar que se moldem as mentes com factos cientificos ou informagao estatistica do mundo como a fornecida pelo Banco Mundial ou o FMI. 0 que é necessério é um tipo de formagao especifico que abarque o discurso do género e desenvolvimento em si- multaneo, Deverd ser 0 tipo de formagao que ira produzir mentes vidas e capazes de testar reivindicagoes e teorias em relacao a factos observa- dos e ajustar as crengas as evidéncias (Wiredu, 1997). Tal formacao em torno de discussdes de género e desenvolvimento ira produzir mentes capazes de andlises légicas das declaragdes efetuadas no Ambito dos 3p —_ Paulin Mourad (Ors)_OAnige eo Madero, AProdigh de Saber ns Arica Cntemporines discursos correntes sobre o desenvolvimento. Estas so mentes total- mente conscientes da natureza e valor de uma avaliacao rigorosa do sucesso de tais declaragdes. Nao é provavel que tal formacao desincen- tive a superstigao. Em vez disso, tendera a questionar 0 autoritarismo no qual se baseia, Conclusées Defendemos aqui que o discurso sobre o género e desenvolvimento tem de ser cada vez mais direccionado para a heterogeneidade das mulheres, uma vez que estas nao sdo um grupo homogéneo em qualquer sociedade. A classe, a raga, a religiao, a idade, a etnia, etc, sao algumas das estratificagdes que interagem com o género para conferir as mulheres diferentes identidades que resultam em diferentes realidades. £ através da descoberta de novas formas de trabalhar com a diferenca e de expandir as possibilidades para desenvolver formas de solidarie- dade adequadas & criacao de novas aliancas de influéncia e acco que servem de ponte entre antigas divisdes, que o envolvimento feminista com o discurso de desenvolvimento pode comegar a satisfazer alguns dos grandes desafios que todos enfrentamos atualmente. Bibliografia Basu, A. (Ed) (1995). The Challenge of Local Feminisms: Women’s Movements in Global Perspective, Boulder: Westview Press, Boserup, E. (1970). Woman's role in Economic Development. London: Allen and Unwin. Goetz, A. M. (Ed.) (1997). Getting Institutfons Right for Women in Development. London: Zed Books. Jackson, C. & Pearson, R. (Eds.) (1998). 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