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DIDÁTICA

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Didática
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Sumário

A DIDÁTICA COMO OBJETO DE ESTUDO NO CONTEXTO


EDUCACIONAL E A CONSTRUÇÃO DA PRÁXIS EDUCATIVA ○ ○ ○ ○ 07

RESTROSPECTIVA HISTÓRICA DA DIDÁTICA E AS INFLUÊNCIAS


SOCIOPOLÍTICAS NO PROCESSO EDUCATIVO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

Origem da Didática ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
Evolução Histórica da Didática ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 09
A Didática como ato Político Ideológico ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 13
Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 17

AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 20

Tendência Liberal ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 20
Pedagogia Liberal ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 20
Tradicional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 21
Tendência Progressista ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 22
Renovada Não-Diretiva ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
23
Tecnicista
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 23
Tendência Pedagógica Progressista ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 24
Libertadora ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 25
Libertária
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 26
Crítico social dos conteúdos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 26
Sócio-Interacionista ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 27
Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 28

O PLANEJAMENTO E A AVALIAÇÃO NA PRÁTICA


PEDAGÓGICA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 30

O PLANEJAMENTO COMO ELEMENTO POTENCIALIZADOR E ORGANIZADOR


DO TRABALHO PEDAGÓGICO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 30

Fundamentos Teóricos e Práticos do Planejamento ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 30


O que é planejar? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
Porque planejar? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
Para que planejar? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
Quem faz o planejamento? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
Como fazer o planejamento ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
Características do Planejamento ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 32
Adequação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 32
Exeqüibilidade ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 32
Flexibilidade ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 32

3
Fases do Planejamento 32 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Preparação 32 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Desenvolvimento 32 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Aperfeiçoamento 32 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Didática Tipos de Planejamento 32 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Plano de curso 32 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Plano de unidade 33 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Plano de aula 33 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Etapas do Plano de Disciplina 33 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Conhecimento da realidade (sondagem) 34 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Elaboração dos objetivos 34 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Seleção e organização dos conteúdos 34 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Operacionalização dos conteúdos 35 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Planejamento de ensino e interdisciplinariedade: um processo integrador


entre a educação, escola e prática docente 35 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Planejamento: ação pedagógica essencial 36 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Planejamento de ensino e interdisciplinaridade 39 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

É Hora de Trabalhar ○ 40
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 41

Processo Histórico da Avaliação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 41


Avaliação Educacional no Contexto Autoritário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 43
Modalidades de avaliação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 44
Avaliação Somativa ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 46
Avaliação Educacional para Humanização ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 46
Verificação ou Avaliação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
47
É Hora de Trabalhar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 50
Atividade Orientada ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 53
Glossário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
54
Referências ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 55

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Apresentação da Disciplina

A construção dessa disciplina pretende viabilizar ao aluno


noções básicas de didática, na medida em que buscam apresentar,
com clareza e simplicidade de vocabulário, os conceitos
fundamentais para a compreensão da realidade e dinâmica na
prática e teoria educativa. Neste sentido, ela apresenta-se como
um instrumento para o aperfeiçoamento da percepção de cada um
acerca do processo educacional.
Através da Didática oportunizaremos ao educador conceber
os pressupostos sociopolíticos, bem como debater os desafios e
conscientizá-los enquanto profissional de ensino competente,
tecnicamente e comprometido politicamente com o exercício
pedagógico crítico e construtivo.
Salienta-se, também, que através da Didática será
oportunizado aos participantes o estudo acerca das diferentes
tendências pedagógicas presentes na história da educação,
determinando a compreensão de homem e de mundo de cada
período analisado.
Por fim, a Didática deve questionar por que educar, por que
ensinar, o que ensinar, a quem ensinar, quando ensinar, como
ensinar e com que ensinar, despertando a consciência crítica em
relação à vida inserida em uma estrutura social, sendo modificada
e modificando-a. Enfim, contribuindo com a transformação mútua,
educador e educando.

Profª Edleide Carvalho

5
Didática

6
A DIDÁTICA COMO OBJETO DE
ESTUDO NO CONTEXTO EDUCACIONAL E
A CONSTRUÇÃO DA PRÁXIS EDUCATIVA

RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA DIDÁTICA E AS


INFLUÊNCIAS SOCIOPOLÍTICAS NO PROCESSO EDUCATIVO

Origem da Didática

A Didática deriva-se da expressão grega ---------------------(techné didaktiké),


que se traduz por arte ou técnica de ensinar. Enquanto adjetivo derivado de um verbo, o
vocábulo referido origina-se do termo -----------(didásko) cuja formação lingüística - note-
se a presença do grupo-------(sk) dos verbos incoativos - indica a característica de realização
lenta através do tempo, própria do processo de instruir.
Alguns teóricos marcaram época com suas obras: Hugo de San Víctor - Eruditio
Didascalia - no século XII, de Juan Luis Vives - De Disciplinis - no século XVI, e de Wolfgang
Ratke - Aporiam Didactici Principio – que estão associadas aos primeiros tratados
sistemáticos sobre o ensino.
É, entretanto, com Commenius, através de sua Didáctica Magna, escrita no século
XVII e considerada marco significativo no processo de sistematização da Didática, que
esta se populariza na literatura pedagógica. Sua obra deve ser analisada no contexto em
que surgiu: o Renascimento e a Reforma Religiosa.

João Amós Commenius, nasceu em 28 de março


de 1592, na Morávia, região pertencente à antiga
Boêmia, hoje República Tcheca. Filósofo e teólogo,
começou a lecionar em 1614. Em sua primeira grande
obra, Didática Magna, concluída em 1632, estão
reunidas muitas idéias que contribuíram para reformas
educacionais em diversos países da Europa. Faleceu
aos 78 anos, em Amsterdã, na Holanda.
(Nova Escola, 2003, p. 66)

Sendo considerado o criador da Didática moderna e um dos maiores educadores


do século XVII, Commenius pregava uma teoria humanista e espiritualista da formação do
homem, embasado no respeito ao estágio de desenvolvimento da criança no processo de
aprendizagem, a construção do conhecimento através da experiência, da observação e
da ação, bem como uma educação fundamentada no diálogo. Abordava, também,
a importância da necessidade da interdisciplinaridade, da afetividade do educador e de
um ambiente escolar arejado, bonito, com espaço livre e ecológico. Estão, ainda, entre

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as ações propostas por Commenius: coerência de propósitos
educacionais entre família e escola, desenvolvimento do raciocínio lógico e
do espírito científico e a formação do homem religioso, social, político, racional,
afetivo e moral.
Didática A partir de 1628, Commenius percorre a Europa, após ser expulso de
sua terra natal em função da guerra político-religiosa, e dá continuidade aos
seus projetos científicos e educacionais, alimentando e divulgando seu sonho reformista
por meio da Pansophia para promover a harmonia entre os indivíduos e as nações. Esta
educação, idealizada por Commenius, constitui uma forma de organização do saber, um
projeto educativo e um ideal de vida, desejo e possibilidades de ensinar tudo a todos, uma
educação universal. Neste período, Commenius desenvolveu, então, suas principais idéias
sobre educação e aprofundou um dos grandes problemas epistemológicos do seu tempo –
que era o do método.

Seu método didático constituiu-se basicamente de três elementos: compreensão,


retenção e práticas.

* qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação


prática, no seu uso definido;

* ensinar as coisas em seu devido tempo;

* deve ensinar-se de maneira direta e clara;

* não abandonar nenhum assunto até sua perfeita compreensão;

* explicar primeiro os princípios gerais;

* tudo o que se deve saber deve ser ensinado;

* dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas;

* ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas.

Em sua Didática Magna (1657) ele elabora uma proposta de reforma da escola e
do ensino lançando as bases para uma pedagogia que prioriza a “arte de ensinar” por ele
denominada de “Didática”, em oposição ao pensamento pedagógico da época, que era
voltado para a educação sistemática, privilegiando alguns, cumprindo a função conservadora
da instituição social.

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“A arte de ensinar é sublime, pois
destina-se a formar o homem, é
uma ação do professor no aluno,
tornando-o diferente do que era
antes.”

Commenius apontava a necessidade da constante busca do desenvolvimento do indivíduo


e do grupo, pois o autoconhecimento desperta a autocrítica levando a uma melhor vida
social.
Salientava a importância da educação formal de crianças pequenas e preconizou a
criação de escolas maternais por toda parte, pois deste modo às crianças teriam
oportunidades de adquirir, desde cedo, as noções elementares das ciências que estudariam
mais tarde. Defendia a idéia de que a aprendizagem se iniciava pelos sentidos, pois as
impressões sensoriais obtidas através da experiência com objetos seriam internalizadas
e, mais tarde, interpretadas pela razão.
Sua proposta pedagógica dirige-se, sobretudo, à razão humana, convocando-a a
assumir uma atitude de pesquisa diante do universo e de visão integrada das coisas. O
homem deve ser educado com vistas à eternidade, pois, sendo Espírito imortal, sua educação
deve transcender a mera realização terrena.

Evolução Histórica da Didática


O estudo da evolução da didática tem como objetivo promover uma visão crítica do
processo histórico-educacional, ampliando conhecimentos e compreensão acerca de
aspectos, procedimentos, execução e efetivação da prática educativa na modernidade.

E como se deu essa


evolução?

Para responder essa pergunta é necessário um olhar crítico quanto ao contexto


histórico socioeconômico, político e educacional (a didática estava inserida no decorrer
dessa evolução) para possibilitar a compreensão do passado com o presente. Perceber
os caminhos e descaminhos da Didática que contribuíram para destoá-la da sua origem
divulgado por Commenius por um determinado período.

1549 a 1930
Primórdios da Didática: Compreendendo o papel da disciplina antes da sua
inclusão nos cursos de formação de professores a nível superior:

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Vamos falar de uma didática histórica brasileira.
Entre 1549 e 1759, a sociedade era de economia agrário-exportadora
e dependente, explorada pela Metrópole e a educação não tinha valor social
importante. Contudo, nesse período colonial os jesuítas eram os principais
Didática educadores e sua função educativa era voltada para a catequese e instrução
dos índios.

“A ação sobre os índios se resume na cristianização e na pacificação,


tornando-os dóceis para o trabalho”.
(Maria Lúcia Aranha, 1996).

Segundo Aranha, existiam duas formas de educação: a dos catequizados e a dos


instruídos. Na primeira, a didática se resumia a compreensão do português; para os filhos
dos colonos, os jesuítas criaram três cursos: letras humanas, filosofia e teologia.
Os jesuítas utilizavam o “Ratio Studiorum” que enfocava instrumentos e regras
metodológicas em que o mestre prescrevia o método de estudo, a matéria e o horário. As
aulas eram ministradas, de forma expositiva e repetitiva, visando à assimilação e estimulando
a competição.

Primeira compilação de
regras de estudo para normatizar
o trabalho desenvolvido nos
colégios jesuítas, em 1599,
descrevendo procedimentos para a
elaboração de planos, programas e
métodos de estudo, delimitando
tempos e espaços de trabalho e de
convivência.

A ação pedagógica jesuítica abalizada pelas formas dogmáticas de pensamento


contra o pensamento crítico, privilegiava o exercício da memória e o desenvolvimento do
raciocínio. Essa didática vai imprimir profundas marcas na cultura brasileira, pois dessa
forma não se poderia pensar em uma prática pedagógica e muito menos em uma Didática
que buscasse uma perspectiva transformadora na educação.
Vale salientar que, após o movimento pedagógico dos jesuítas, não existiu nenhum
outro movimento de força modificativa na educação.
Com a criação de uma nova organização instituída por Pombal, provocou-se um
retrocesso no processo pedagógico. Nessa ação pombalina, professores leigos começaram
a ser admitidos para as “aulas régias”.
Em 1870 com a expansão cafeeira e a modificação de um modelo econômico agrário-
exportador para urbano-comercial-exportador, o Brasil inicia seu período de “iluminismo”.
No ano de 1890, é aprovada a reforma de Benjamin Constant sob a influência do
positivismo. No âmbito educacional, o ensino religioso nas escolas públicas é extinto e o
Estado assume a laicidade e a escola passa a difundir uma visão burguesa com a intenção
de garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. Nesse período,
a Didática visa garantir aos futuros educadores orientações necessárias ao trabalho docente.
A atividade docente é compreendida de forma autônoma face à política, dissociada das
questões entre escola e sociedade fragmentando teoria da prática.

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A partir de 1930
Surgimento da Didática nos cursos de formação de professores

Durante a revolução de 30, em meio às transformações sociais - políticas e


econômicas sofridas pela sociedade brasileira, o âmbito educacional passa por profundas
mudanças. A primeira delas é a constituída por Vargas na criação do Ministério de Educação
e Saúde Pública organizando o ensino comercial, adotando o regime universitário e
implantando a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo,
que surge como o primeiro instituto de ensino superior que funcionava de acordo com o
modelo Francisco Campos.
Essa modificação sofrida pela sociedade brasileira, em decorrência da crise mundial
da economia capitalista, dá origem à Didática como disciplina dos cursos de formação de
professores a nível superior. Segundo o art. 20 do Decreto-Lei nº 1190/39, a Didática passa
a ser reconhecida como curso e disciplina, com duração de um ano, acentuando seu caráter
prático-teórico do processo ensino-aprendizagem.

1945 a 1960
Predomínio das novas idéias e a Didática

Momento de aceleração e diversificação do processo de substituição de importações


e à penetração do capital estrangeiro na economia brasileira. Nesse contexto, o Decreto-
Lei nº 9053 desobrigava o curso de Didática sob a vigilância da Lei Diretrizes e Bases, Lei
4024/61, o esquema de três mais um foi extinto pelo Parecer nº 242/62, do Conselho Federal
de Educação. A Didática perdeu seus qualificativos geral e especial e introduziu-se a Prática
de Ensino sob a forma de estágio supervisionado.
Nesse mesmo período, é celebrado um convênio entre o MEC/Governo de Minas
Gerais – Missão de Operações dos Estados Unidos criou-se o PABAEE (Programa
Americano Brasileiro de Auxílio ao Ensino Elementar), voltado para o aprimoramento dos
professores do Curso Normal. Tal fato marca início de uma tecnologia educacional importada
dos Estados Unidos de caráter multiplicador.
Em decorrência disso, a Didática passa a desconsiderar o contexto político-social
no processo de ensino, acentuando um enfoque renovador tecnicista.

Período Pós 1964


Os descaminhos da Didática

Instalou-se no país um movimento que alteraria a ideologia política, modificando


através de um projeto desenvolvimentista que objetivava acelerar o crescimento
socioeconômico do país, mudando a forma de governo e conseqüentemente a educação,
que passa a contribuir com tal projeto na preparação adequada de recursos humanos (mão-
de -obra) necessários para o crescimento econômico e tecnológico da sociedade.

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Esse movimento é tratado como marco histórico, pois a Pedagogia
Nova entra em crise e suas articulações passam a ser assumidas pelo grupo
militar e tecnocrata. A partir daí, essa pedagogia embasa-se na neutralidade
científica inspirando-se nos princípios da racionalidade, eficiência e
Didática produtividade. Então, instalou-se na escola a divisão de trabalho sob a
justificativa de produtividade.
O acordo feito entre o MEC/USAID marcou o sistema educacional, sustentando as
reformas do ensino superior e do ensino médio. Além disso, pelas influências dos professores
americanos, foi implantada a disciplina “Currículos e Programas”, pelo Parecer 252/69 e
Resolução nº 2/69, do Conselho Federal de Educação, nos cursos de Pedagogia,
provocando a superposição de conteúdos da nova disciplina com a Didática.
A Pedagogia Tecnicista enfoca o papel da Didática no desenvolvimento de uma
alternativa não psicológica, trazendo uma perspectiva ingênua de neutralidade científica,
tendo como preocupação básica a eficácia e a eficiência do processo de ensino. Logo, os
conteúdos dos cursos de Didática passam a centrar-se na organização racional do processo
de ensino, no planejamento didático formal e na elaboração de materiais instrucionais, nos
livros didáticos descartáveis, o professor torna-se mero executor de objetivos instrucionais,
de estratégias de ensino e de avaliação, desvinculando a teoria da prática. Vê-se então,
neste período, a Didática assumindo um discurso reprodutivista. Diante disso, a Didática é
questionada e surgem movimentos reivindicando sua revisão apontando-a a novos rumos.

A década de 80
Momento atual da Didática

Será que agora ela se


reencontra? A situação socioeconômica
do Brasil nesta época passava por
problemas como: a alta elevação da
inflação e desemprego, agravando a
situação com o crescimento da dívida
externa e pela política recessionária.
Instala-se uma Nova República e o
governo civil da Aliança Democrática
finda a ditadura militar conservando,
ainda, alguns aspectos desse regime.
Os professores se empenham
para reconquistar os direitos e deveres de participarem na definição da política educacional.
Ao mesmo tempo, fora realizado a I Conferência Brasileira de Educação, marco importante
na história da educação brasileira, pois constituiu um espaço para se discutir e disseminar
a concepção crítica da educação.

A Didática assume a função de clarificar o papel sociopolítico da educação,


da escola e do ensino. Seus pressupostos enfocam uma Pedagogia Crítica que
trabalha no sentido de ir além dos métodos e técnicas, procurando associar escola-
sociedade, teoria-prática, conteúdo-forma, técnico-político, ensino-pesquisa e
professor-aluno. Em seu âmbito pedagógico, passa a auxiliar no processo de
politização do futuro professor despertando-o quanto à ideologia que inspira a
natureza do conhecimento. Assim, a Didática crítica supera o intelectualismo formal
do enfoque tradicional e recupera seus prestígios no âmbito educacional.

12
A Didática como ato Político Ideológico

Como a Didática desenvolve na sua prática uma educação voltada a


despertar uma consciência política-ideológica?

A Didática após passar por encontros e desencontros busca superar-se de uma


prática instrumental para uma construção questionadora.
Então a disciplina didática assume o papel de ser altamente questionadora da
realidade educacional, da escola, do professor, do ensino, do conteúdo, das metodologias,
da aprendizagem, da realidade cultural, da política educacional, que investiga o universo da
educação, busca saber encontrar novos processos.
O objeto da Didática é o ensino que se propõe estabelecer os princípios para orientar
a aprendizagem com segurança e eficiência. A Didática pretende orientar o agir do professor
e do aluno na sua ação de ensinar, de educar e de aprender. Ela deve se pôr a serviço do
educando como uma totalidade pessoal.
Ela deve ser capaz de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar,
considerando quem são os alunos e porque o fazem, quando e onde e com que se ensina.
A vida se caracteriza por contínuas e constantes decisões. A pessoa decide sobre si
mesma e sobre os outros. É grande a responsabilidade da pessoa quando a sua decisão
vai determinar novas atitudes, comportamentos e maneiras de agir, de viver e pensar. A
Didática deve ajudar o educador a tomar sempre as melhores decisões sobre tudo que vier
a interferir na formação do educando, como uma totalidade pessoal e social. Requer a
capacidade de refletir com sabedoria para escolher entre as várias alternativas a mais
segura e real. A Didática toma decisões sobre a educação, o educando, o ensino, o professor,
as disciplinas, os conteúdos, os métodos e técnicas e a comunidade escolar, isso porque é
completamente educativa.

O que ensinar? O que deve ser ensinado para que o aprendizado seja útil à
vida? Será que todas as crianças são iguais e necessitam aprender as mesmas coisas?
Quais os critérios e qual o referencial para selecionar conteúdos?

Para se ensinar é necessário que seja significativo e que surjam da própria realidade
em que a criança vive. “Deve-se deixar jorrar nos programas, conteúdos, métodos utilizados,
no clima de trabalho, nas pessoas presentes. Saber criar um meio de vida e não só idéias,
onde todos encontrarão a força de crescer” (Etave, 1972, p. 92)
O conteúdo deve ser educativo e formador de personalidades. A dimensão da pessoa
não se limita ao intelectual, ela também é emoção, sentimentos e habilidades, daí é dever
do ensino se ocupar da formação da pessoa como um todo.
O professor necessita selecionar conteúdos que não sejam alienantes e
mistificadores.

Por que ensinar? Será que o professor sabe realmente por que
ensina? Será que o aluno entende por que está estudando?

Toda ação didática precisa estar imbricada com os objetivos, e a eficiência da ação
educativa, vai depender do conhecimento e da plena conscientização que os indivíduos
envolvidos no processo educativo têm dos objetivos, dos resultados e propósitos que se
deseja alcançar. Porque são eles quem determinam à conduta, e os processos de ensino.

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Como ensinar?

Ensinar o docente a se organizar a empregar métodos e técnicas


Didática adequadas aos objetivos dos educandos é fator decisivo no processo ensino
aprendizagem. O ensino não pode ser uma ação causal, tem de ser uma ação
lógica e estruturada.

Quando ensinar?

A necessidade do redimensionamento da formação do educador tem por fim


despertar a consciência crítica acerca da educação e do papel exercido por ela na sociedade,
levando em consideração os limites e possibilidades da ação educativa em relação aos
determinantes socioeconômicos e políticos que configuram determinada formação social.

Com que ensinar?


Os meios e recursos para ensinar auxiliam o professor e aluno no processo ensino-
aprendizagem. Refere-se aos diversos tipos de componentes do ambiente de aprendizagem
que dão origem à estimulação para o indivíduo. Antes de planejar o ensino deve ter claro os
objetivos, pois são eles que vão possibilitar análise dos procedimentos, conteúdos e todas
as possibilidades humanas e materiais.
Esses meios despertam o interesse e provocam a discussão e debates,
desencadeando perguntas e gerando idéias. Os recursos são elementos indispensáveis
para desempenhar um bom ensino.

Onde ensinar?
A escola é o único local que se aprende?
Escola para os gregos, o étimo, SKOLÉ, designava o tempo liberto de ocupações,
que podia ser dedicado livremente à amizade e à cultura do espírito. Lugar onde os discípulos
se reuniam para ouvir um mestre e discutiam idéias em busca do saber.
“As escolas serão verdadeiros recreios, casas de delícias e encantos”, segundo
Commenius.
A escola é uma das muitas condições para se aprender, mas não única, pois a
aprendizagem ocorre em qualquer lugar, a todo o momento, pois estamos em constante
relação com todos e com tudo.
O ensino fundamenta-se na estimulação. Ensinar é organizar as condições externas
para que se processe a aprendizagem. Uma dessas condições é o educador.

O que é ser educador?

É aquele que desperta consciências adormecidas, ajuda a abrir caminhos, promove para a
ação desencadeadora de liberdades, do pensar e de auto-realização em busca da verdade.
Assim, a atuação do educador deve se basear na observação diária dos interesses e
necessidades emergentes em seu grupo de alunos, bem como em seu conhecimento sobre
as especificidades de cada estágio de desenvolvimento.

14
Qual o papel da didática na formação do educador? O que seria
formar o educador?

Seria criar condições para que o sujeito se prepare filosófica, científica, técnica e
afetivamente para o tipo de ação que vai exercer. É o desenvolvimento de uma atitude
dialeticamente crítica sobre o mundo e sua prática educacional. O educador nunca estará
definitivamente [pronto], formado, pois que a sua preparação se faz no cotidiano, na mediação
teórica sobre a sua prática. A sua atualização ocorrerá pela reflexão constante acerca de
sua prática. Compreender globalmente na totalidade, o seu objeto de ação.
“Formar” é um termo altamente autoritário e propiciador de uma “educação bancária”,
de acordo com Paulo Freire, quando existe alguém que é formado e alguém que é o formador,
processa-se uma relação autoritária do segundo sobre o primeiro.
Formar o educador seria auxiliar o sujeito a adquirir uma atitude crítica frente ao
mundo habilitando-o a agir junto a outros seres humanos num processo efetivamente
educativo.
Para assumir um papel significativo na formação do educador, a didática deverá ser
um elo fundamental entre as opções filosófico-político e epistemológica de um projeto
histórico de desenvolvimento do povo, exercendo o seu papel específico e apresentar-se
como tradutor de posicionamentos teóricos em práticas educativas.
O processo educacional e, conseqüentemente, a formação de educadores, é vista
quase que exclusivamente como uma dinâmica de interação humana, uma organização
sistemática e intencional de diferentes componentes de um sistema ou na linha da
conscientização, com características eminentemente político-sociais.
A educação é um processo multidimensional, pois apresenta uma dimensão humana,
técnica e política-social. Estas dimensões precisam caminhar juntas entre si de forma
dinâmica e coerente. Desta forma, a formação dos educadores também vai adquirir uma
perspectiva multidimensional.
Outra questão a ser analisada é a relação entre teoria e prática.

A teoria e a prática, no geral, são bastantes dissociadas


porque, na maioria das vezes, a realidade não permite a aplicação
do conteúdo aprendido.
Existe uma grande distância entre os conhecimentos
adquiridos durante o curso e o que o aluno encontra na prática,
sendo necessário uma revisão constante daquilo que é ensinado, a
fim de garantir a aplicabilidade da teoria na prática.

Esta questão afeta a todas as áreas do conhecimento, porém é mais problemático e


incidem diretamente nas áreas que atuam sobre a prática social.
Para melhor compreender a questão da teoria e prática é necessário conhecer o
sentido etmológico destas duas palavras. Ambos têm origem da Grécia. “Teoria” significava
a viagem de uma missão festiva aos lugares do sacrifício. Daí o sentido de teoria como
observar, contemplar, refletir. “Prática”, significa “práxis”, “práxeos”, tem o sentido de agir, a
ação interna consciente.

15
Há várias formas de se conceber a relação entre teoria e prática, uma
delas é a visão dicotômica, que se centra na separação de ambas. Nesta
visão é assumida uma posição dissociativa. Aqui a teoria e prática são
componentes isolados e opostos. Frases como: “na prática a teoria é outra”,
Didática “uma coisa é a teoria, outra, é a prática”, representam muito bem a
fragmentação entre elas.
Partindo deste princípio, corresponde aos “teóricos” pensar, elaborar, refletir, planejar
e, aos “práticos”, executar, agir, fazer. Cada um tem a sua lógica própria e devem manter-se
separados. A prática deve ser uma aplicação da teoria, pois a mesma não inventa, não cria,
as descobertas vem sempre da teoria.
Essa concepção é uma visão associativa que parte do positivo-tecnológica. Essa
teoria é “saber para prever, prever para prover”.
A Ciência tem por fim a previsão científica dos fatos com o objetivo de fornecer à
prática um conjunto de regras e normas para exercer domínio, manipular e controlar a
realidade natural e social.
Percebe-se, então, que nesta perspectiva a prática está direcionada desde fora pela
teoria. É enfatizado no planejamento, na racionalidade científica, na neutralidade da ciência,
na eficiência, no encaminhar a teoria como forma privilegiada de guiar e orientar a ação.
Diante desta postura, a tecnologia se destaca como elemento mediador. Refletindo assim
uma postura de domínio, explicitando uma separação do trabalho intelectual e manual dentro
de uma sociedade que está separada por classes.
Já a visão de unidade centra-se na integração entre teoria e prática. A prática é a
fonte da teoria da qual se nutre como objeto de conhecimento, interpretação e transformação.
Nesta perspectiva, o progresso do pensamento humano se dá a partir das necessidades
práticas do homem, da produção material de sua existência e expressa o modo pelo qual a
teoria e a prática se unem e se fundem mutuamente.
A unidade entre teoria e prática pressupõe necessariamente a percepção da prática
como “atividade objetiva e transformadora da realidade natural e social e não qualquer
atividade subjetiva, ainda que esta se oculte sob o nome de práxis, como faz o pragmatismo”.
(Id.,p. 234). A prática se firma tanto como atividade subjetiva, desenvolvida pela consciência,
como processo objetivo.
A partir dessa caracterização, acredita-se que a visão de unidade expressa a síntese
superadora da fragmentação entre teoria e prática.

16
Atividades
Complementares

1. Com base nos seus estudos, faça uma pesquisa aprofundada sobre João Amós
Commenius (Didática Magna), para identificar seus estudos e contribuições para a
construção da Didática. Resuma em 2 páginas.
(A questão visa que o discente se aprofunde acerca da origem da Didática, pois
João Amós é considerado o pai da Didática).

17
Didática

18
2. O objetivo de estudo da didática é o processo de ensino-aprendizagem. Com base
nos estudos do Bloco Temático 1, faça um texto crítico com a sua compreensão sobre o
assunto “A didática como objeto de estudo no contexto educacional”. (A questão visa
perceber se o aluno compreendeu o conteúdo e se ele tem habilidade de construção de
análise crítica).

3. Faça uma linha do tempo, analisando situações socioeconômicas e políticas,


destacando as características da didática em cada período da retrospectiva histórica da
mesma. (Espera-se que o aluno construa a linha do tempo destacando em cada período
fatos que contribuíram para o avanço ou desencontros da didática).
Orientação para a elaboração: fazer uma pesquisa histórica aprofundada com base
nos estudos através do módulo, identificando os períodos, a situação político-
socioeconômica , educacional e as características da didática.

Exemplo da tabela para construção da linha do tempo

Situação socio-
Período Educação Características
econômica
da Didática
e política

4. De acordo com os estudos realizados acerca do conteúdo “A Didática como ato


político ideológico”, faça um quadro de tirocínio com o tema “O educador.”
1-Objeto (o que é), 2-Finalidade (para que é), 3-Justificativa (por quê?), 4-Método
(como é), 5-Recursos materiais (com que) e Humanos (com quem).
(Espera-se que o discente redija os conceitos com bases na metodologia científica
(ex. o que é ser educador, para que o educador...).

19
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Didática

Tendência Liberal

Estudaremos, neste bloco, a construção da práxis educativa, ou seja, vamos abordar


as diversas tendências pedagógicas que pretenderam dar conta da compreensão e da
orientação da prática educacional em diversos momentos e circunstâncias da história da
didática.

Para refletir...
Será que você sabe a importância desse
conhecimento na sua prática educativa?

Esta discussão é bastante relevante, pois permite a cada professor reconhecer e


situar-se teoricamente sobre suas opções, bem como articular ou redefinir nova perspectiva,
bem como analisar e avaliar sua prática de sala de aula.
Assim, temos duas principais tendências pedagógicas existentes no Brasil: a
conservadora e a progressista, classificadas em liberais e progressistas mediante os
critérios que adotam em relação às funções sociais e políticas da escola, e as respectivas
pedagogias que se manifestam na prática docente.
Na prática, essas tendências mesclam-se constantemente, e uma não afasta a
possibilidade da outra. De acordo com FOERSTE (1996, p.16), “uma tendência não elimina
a outra, o surgimento de uma nova corrente teórica não significa o desaparecimento de
outra, a definição de um perfil predominante em uma concepção não descarta a possibilidade
de outras formas de manifestação consideradas próximas entre si”.

PEDAGOGIA LIBERAL

A pedagogia liberal idealiza a escola como preparadora dos indivíduos para o


desempenho de papéis sociais, fazendo uso de suas aptidões e adaptação às normas
vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual. Difunde-

20
se a idéia de igualdade de oportunidades, embora não leve em conta a desigualdade de
condições,
Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional e, por
razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada,
o que não significa a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na
prática escolar.

TRADICIONAL

A tendência tradicional predomina há quatro séculos e meio de existência da nação


brasileira que sempre se caracterizou pelo intelectualismo. Podemos dizer que essa
tendência dominou fortemente no Brasil até 1930. É marcada pela concepção do homem
em sua essência natureza, sua realização como pessoa através do seu próprio esforço.

A pedagogia tradicional preocupa-se com a universalização do conhecimento. O


treino intensivo, a repetição e a memorização são as formas pelas quais o professor, aqui
considerado detentor do saber, transmite os conteúdos a seus alunos, que são agentes
passivos deste processo. Os conteúdos são verdades absolutas, dissociadas do cotidiano
do aluno e de sua realidade social.

Os métodos baseiam-se tanto na exposição


verbal como na demonstração dos conteúdos, que
são apresentados de forma linear, ignorando as
experiências trazidas pelos alunos, tornando a prática
pedagógica estática, sem questionamentos da
realidade e das relações existentes, sem pretender
qualquer transformação da sociedade, daí deriva o
caráter abstrato do saber.

A avaliação do aluno é feita através de provas escritas, orais, exercícios e trabalhos


de casa com uma enorme carga de cobrança e até mesmo punições, valoriza os aspectos
cognitivos superestimando a memória e a capacidade de retorno do que foi assimilado.
A aprendizagem, nessa tendência, torna-se artificial. Memorizar para “ganhar nota”
e não estudar para abstrair o conhecimento, estimulando a competição entre os alunos que
são submetidos a um sistema classificatório.
A escola nesta tendência se institucionaliza a partir do Renascimento e da idade
moderna, com o sistema de internatos, com disciplina rigorosa e vigilância constante,
marcando, sobretudo, a escola secundária burguesa que objetiva a formação humanista.
A escola é marcada pelo conservadorismo cultural, inspirando-se no passado para
resolver os problemas do presente, enfatiza muito a experiência social e cultural que é
transmitida sem considerar as capacidades e habilidades individuais.
Ao refletir sobre a pedagogia tradicional, percebe-se que ela continua forte e
persistente na grande maioria das escolas e universidades, onde os alunos acabam
percebendo que o curso que freqüenta não possui uma linha definida e coerente, provocando,
em alguns, uma grande frustração. Na atualidade, vemos profissionais da educação, de

21
curso universitário, ensinando da forma como lhe foi ensinado, sem
questionamento e análise sobre sua prática pedagógica.

Didática TENDÊNCIA PROGRESSISTA

No final do século XIX surge um movimento educacional conhecido


como escola nova, cuja proposta é indicar novos caminhos à educação como, por exemplo,
o aspecto filosófico e social. No Brasil, o movimento da escola nova só começou no século
XX, com diversas reformas no ensino público, suas idéias ficam mais claras no ano de
1932, num manifesto dos pioneiros da educação nova, Anísio Teixeira e Lourenço Filho.
Esse manifesto foi muito importante na história da pedagogia brasileira por representar a
tomada de consciência da discrepância entre a educação e as exigências do
desenvolvimento, pois os manifestantes tinham plena convicção de que a educação é
fundamental para a evolução econômica e acréscimo de riqueza de uma sociedade. Tal
manifesto surgiu quando ocorria conflitos entre os adeptos da escola renovada e os católicos
conservadores. Aos olhos da Igreja católica o manifesto representava uma heresia ao dizer
que “é dever do Estado tornar a educação obrigatória, pública, gratuita e leiga”.
Diferentemente da escola tradicional, esta nova proposta de educação é voltada
para a pedagogia da existência, ou seja, o individuo é único, diferenciado, vive e interage
em um mundo dinâmico.

A tendência liberal renovada manifesta-se por meio de duas


versões: renovada progressivista ou programática, que tem em Anísio
Teixeira seu principal expoente; renovada não-diretiva, com Carl Roger
como elemento de destaque, o qual enfatiza também a igualdade e o
sentimento de cultura como desenvolvimento de aptidões individuais.

Na concepção renovada progressivista, cabe à escola adequar as necessidades


do indivíduo ao meio social em que está inserido, tornando-se mais próxima da vida. O
processo de aprendizado é baseado na construção e reconstrução do objeto, numa interação
entre estruturas cognitiva do indivíduo e estruturas do ambiente. Trata-se de “aprender a
aprender”, onde a aquisição do saber assume maior importância do que o próprio saber.
Assim, aprender torna-se uma atividade de descoberta, uma auto-aprendizagem, sendo o
ambiente apenas o meio estimulador.
A socialização assume também algumas características. A primeira é a dinâmica, ou
seja, o indivíduo socializado não é passivo, mas reage de alguma forma às informações
que lhe são transmitidas; não existe um domínio absoluto do processo por parte da
sociedade.
O processo do conhecimento é deveras importante cujo método é o aprender fazendo,
através de experimentos, pesquisas, descobertas, adequando-as às experiências do aluno
e às etapas do seu desenvolvimento. O conteúdo precisa ser compreendido e não decorado
promovendo desafios cognitivos e situações problemas, estimulando a reflexão.
O professor, aqui, é o facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento livre e
espontâneo do indivíduo promovendo uma relação positiva e instalando uma “vivência
democrática”, preparando-o para a vida em sociedade.
A avaliação representa apenas uma das etapas do aprendizado. Aprender é uma
atividade de descoberta e auto-aprendizagem. A avaliação flui e se torna eficaz na medida

22
em que o professor valoriza os esforços empreendidos e participação no processo de sala
de aula.
Esta tendência teve grande penetração no Brasil na década de trinta para o ensino
de Educação Infantil e ainda influencia, na atualidade, muitas práticas pedagógicas.

RENOVADA NÃO-DIRETIVA

Já a concepção renovada não-diretiva relega à escola o papel de formar atitudes.


Para isso, esta deve estar mais preocupada com os aspectos psicológicos do que com os
aspectos pedagógicos ou sociais. A idéia de uma boa educação passa pelo propósito de
favorecer a pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal no sentido de
bem estar próprio e do seu semelhante, onde o centro da atividade escolar não é o professor
nem os conteúdos disciplinadores, mas sim o aluno ativo e curioso, visando formar sua
personalidade através da vivência de experiências significativas.
Na concepção renovada não-diretiva os conteúdos são dispensáveis, prioriza-se o
desenvolvimento das relações e da comunicação, visando facilitar meios para que os alunos
construam seu próprio conhecimento.
Não existe uma metodologia definida, e sim um empenho do professor em desenvolver
meios próprios que facilitem a aprendizagem do educando, utilizando técnicas de
sensibilização que favoreçam o diálogo.
O professor assume o papel de facilitador e especialista em relações humanas.
A aprendizagem baseia-se na busca da auto-realização e capacidade de transformar
suas próprias percepções. Desta forma a avaliação escolar torna-se desnecessária.
Essa pedagogia apresenta-se mais democrática que a tradicional, baseada na crença
de que a relação entre as pessoas pode ser mais justa e sem divisão de classes sociais.
Assim como a pedagogia tradicional, ela também está presente em nossos dias.

TECNICISTA

Vamos verificar se você


aplica essa tendência na sua
prática em sala de aula.

A pedagogia tecnicista aparece nos Estados Unidos na segunda metade do século


XX e é introduzida no Brasil entre 1960 e 1970, onde proliferou o que se chamou de
“tecnicismo educacional’, inspirado nas teorias behavioristas da aprendizagem e da
abordagem sistêmica do ensino, buscando adequar a educação às exigências da sociedade
industrial e tecnológica”.
Esta educação atua no aperfeiçoamento do sistema capitalista que é ordem social
vigente, articulando-se diretamente com o sistema produtivo cujo interesse é produzir
indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, onde é valorizado, nesta perspectiva,
não o professor, mas sim a tecnologia. O professor passa a ser um mero especialista,
sendo,apenas, um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno.

23
Você já deu atenção e observou
como as escolas passam o
Didática conhecimento para os educandos?

A prática escolar nessa pedagogia tem como função especial adequar o sistema
educacional com a proposta econômica e política do regime militar, preparando, dessa
forma, mão-de-obra para ser aproveitada pelo mercado de trabalho. É nesse período que o
espírito crítico e reflexivo é banido das escolas. Para esta tendência, o ensino é um processo
de condicionamento através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter, sendo
o conteúdo as informações objetivas que possam proporcionar, ao fim do processo, a
adequada adaptação do indivíduo ao trabalho.
Os conteúdos de ensino desta tendência são baseados em informações e princípios
científicos de leis, estabelecidos e ordenados numa seqüência lógico-psicológica, ou seja,
eles devem ser mensuráveis eliminando qualquer sinal de subjetividade. Sendo assim, os
conteúdos devem estar embasados na objetividade do conhecimento.
Seus métodos são programados por passos seqüenciados, empregada na instrução
programada, nas técnicas de micro ensino, multimeios, módulos inclusive a programação
de livros didáticos.
Evidencia-se na relação professor-aluno que o professor administra as condições
de transmitância da matéria. O aluno recebe, aprende e fixa não participando do programa
educacional e a comunicação entre ambos é puramente técnica, tendo objetivo de garantir
a eficácia da transmissão do conhecimento.
A avaliação se baseia na verificação do cumprimento dos objetivos propostos. No
que diz respeito ao ensino-aprendizagem na tendência tecnicista podemos mencionar a
ausência de fundamentos teóricos em detrimento do “saber construir” e saber exprimir-se.
Ou seja, é um processo de sujeição através do uso de reforçamento das respostas que se
pretende obter visando o controle da conduta individual diante de objetivos preestabelecidos.
A orientação sobre esta tendência pedagógica foi dada para as escolas pelos
organismos oficiais durante os anos 60 e perduram até hoje, em muitos cursos, com a
presença de manuais didáticos com caráter estritamente técnico e instrumental.
Segundo José Carlos Libâneo, deduz-se que as tendências pedagógicas liberais,
ou seja, a tradicional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca assumiram
compromisso com as transformações da sociedade, embora, na prática, procurassem
legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista.
Já as tendências pedagógicas progressistas, em oposição às liberais, têm em comum
a análise crítica do sistema capitalista.

As Tendências da Pedagogia Progressista

Como essa tendência surgiu? Qual ideologia ela


dissemina na sociedade?

A tendência progressista é o resultado da inquietação de muitos educadores


que, a partir da década de 60, suscitam uma discussão e questionamentos em relação ao
rumo que vem tomando a educação, principalmente à escola pública, no que diz respeito à
real contribuição desta para a sociedade.

24
Essas discussões têm contribuído para mobilizar novas propostas pedagógicas que
apontam para uma educação conscientizadora do povo e para um redimensionamento
histórico do trabalho escolar público, democrático e de toda a população (FUSARI e
FERRAZ, 1992, p. 40).
Segundo LIBÂNEO, o termo progressista é tomado emprestado de Snyders e utilizado
nesses estudos para: Designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das
realidades sociais, sustentam implicitamente às finalidades sociopolíticos da educação.
Evidente que a pedagogia não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista;
daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais (1989,
p. 32).
Nesta proposta a atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e
políticos e em ações sobre a realidade
social imediata; analisam-se os
problemas, os fatores determinantes e É oportuno mencionar que existia,
no Brasil dos anos 60 a 64, uma grande
estrutura-se uma forma de atuação
movimentação em torno da promoção da
para que se possa transformar a
cultura popular, que procurava resgatar a
realidade social e política. Apresenta- verdadeira cultura não-dominante, a cultura
se, pois, como um instrumento de luta do povo. É em meio a esta efervescência
dos professores ao lado de outras nacionalista e ideológica que surge a
práticas sociais. pedagogia libertadora. Entre outras, surge
também a libertária e o crítico-social dos
conteúdos.

LIBERTADORA

Essa tendência tem sua origem ligada diretamente com o método de alfabetização
de Paulo Freire. Nessa concepção, o homem é considerado um ser situado num mundo
material, concreto, econômico, social e ideologicamente determinado. Sendo assim, resta-
lhe transformar essa situação. A busca do conhecimento é imprescindível, é uma atividade
inseparável da prática social, e não deve se basear no acúmulo de informações, mas, sim,
numa reelaboração mental que deve surgir em forma de ação, sobre o mundo social.
Assim, a escola deve ser valorizada como instrumento de luta das camadas populares,
propiciando o acesso ao saber historicamente acumulado pela humanidade, porém
reavaliando a realidade social na qual o aluno está inserido. A educação se relaciona
dialeticamente com a sociedade, podendo constituir-se em um importante instrumento no
processo de transformação da mesma. Sua principal função é elevar o nível de consciência
do educando a respeito da realidade que o cerca, a fim de torná-lo capaz para atuar no
sentido de buscar sua emancipação econômica, política, social e cultural.
Os conteúdos de ensino são tirados da problematização da experiência de vida dos
educandos, os conteúdos trazidos de fora dessas experiências são considerados como
invasão cultural, se for preciso trabalhar com textos de leitura serão redigidos pelos
educandos com auxílio do educador.
A metodologia aplicada ocorre através de diálogos engajando os sujeitos do ato de
conhecer: educador-educando-educador mediatizando o objeto a ser conhecido. Desta
forma, preferência neste método o trabalho de grupo de discussão definindo conteúdo e a
dinâmica das atividades.

25
O professor nesta tendência mantém uma relação de igualdade com
os alunos adaptando-se às suas características e ao desenvolvimento próprio
de cada grupo, permanecendo vigilante para assegurar ao grupo um espaço
humano que possibilite sua expressão evitando a neutralidade.
Didática Contudo, a aprendizagem é motivada a um senso crítico de
conhecimento pelo processo de compreensão e reflexão por meio de
representações da realidade concreta, ou seja, a motivação se dá a partir da codificação
de uma situação problema.

LIBERTÁRIA

Vamos a
agg or
oraa v er como essa tendência
ver
atua no meio social?

A pedagogia libertária procura a independência teórica-metodológica. Dá maior


ênfase às experiências de autogestão (sem qualquer forma de poder), à prática da não-
diretividade, (o professor não dirige, mas cria as condições de atuação do aluno) e à
autonomia (excluída qualquer direção de fora do grupo). Espera-se, assim, que a escola
exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e
autogestionario. Constitui-se em mais um instrumento de luta, ao lado de outras práticas
sociais, pois não tem como institucionalizar-se na sociedade capitalista.
Nessa concepção, a idéia de conhecimento não é a investigação cognitiva do real,
mas, sim, a descoberta de respostas relacionadas às exigências da vida social. Essa
tendência acredita na liberdade total; por isso dá mais importância ao processo de
aprendizagem grupal do que aos conteúdos de ensino. O conteúdo e o método têm objetivos
pedagógicos e também político. As matérias não são exigidas, são um instrumento a mais
dentro do processo de vivências, de atividades e a organização do trabalho no interior da
escola, ressaltando que os alunos têm liberdade de trabalhar ou não.
A ênfase na aprendizagem informal vivenciada em grupos de discussão, cooperativas,
assembléias, e a negação de toda forma de repressão, visam favorecer o desenvolvimento
de pessoas mais livres e motivadas na satisfação de suas aspirações e necessidades.

Na relação professor aluno, embora


diferentes, o professor se coloca à disposição,
sem impor suas idéias e concepções. Seu
papel é de orientar, se misturando ao grupo
para refletirem coletivamente.

Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária está Maurício Tragtenberg,


que evidencia que o homem cria a cultura na medida em que, integrando-se nas condições
de seu contexto de vida, reflete sobre ela e dá respostas aos desafios que encontra.

CRÍTICO SOCIAL DOS CONTEÚDOS

A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos surge no final dos anos 70 e início dos
80. Difere das duas progressistas anteriores pela ênfase que dá aos conteúdos, confrontando-
os com a realidade social, bem como a ênfase às relações interpessoais e ao crescimento

26
que delas resulta, centrado no desenvolvimento da personalidade do indivíduo, em seus
processos de construção e organização pessoal da realidade.
Compreende que não basta ter como conteúdo escolar às questões sociais atuais,
mas é necessário que o aluno possa se reconhecer nos conteúdos e modelos sociais
apresentados para desenvolver a capacidade de processar informações e lidar com os
estímulos do ambiente buscando ampliar as experiências e adquirir o aprendizado.
Sendo a escola parte integrante do todo social deve servir aos interesses populares
garantindo um bom ensino, preparando o aluno para o mundo, proporcionando-lhe a
aquisição dos conteúdos concretos e significativos, fornecendo-lhe instrumental para a sua
inserção no contexto social de forma organizada e ativa.
Neste contexto o professor é o mediador, cuja função é orientar, abrir perspectivas
numa relação de troca entre o meio e o aluno, a partir dos conteúdos.
Os métodos desta tendência buscam favorecer a coerência entre a teoria e a prática,
ou seja, a correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos. A princípio o
professor busca verificar o que o aluno já sabe, pois o conhecimento novo se apóia numa
estrutura cognitiva já existente, ou verificar a estrutura que o aluno ainda não dispõe para
que haja uma compreensão tanto do aluno como do professor e, através da disposição de
ambos, possa se fazer aprendizagens significativas. A aprendizagem se dá quando o aluno
ultrapassa sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora.

SÓCIO-INTERACIONISTA

Para Vygotsky, as funções psicológicas superiores, que são


características do ser humano, por um lado, estão ancoradas nas
características biológicas da espécie humana e, por outro, são
desenvolvidas ao longo de sua história social. É o grupo social que
fornece o material (signos e instrumentos) que possibilita o
desenvolvimento das atividades psicológicas. Isso significa que se
deve analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos
indivíduos a partir da interação destes com a realidade.
Ainda, segundo Vygotsky, para que o indivíduo se constitua
como pessoa, é fundamental que ele se insira num determinado
ambiente cultural. As mudanças que ocorrem nele, ao longo de seu
desenvolvimento, estão ligadas à interação dele com a cultura e a
história da sociedade da qual faz parte. Por isso, e de acordo com os conceitos desenvolvidos
por Vygotsky, o aprendizado envolve sempre a interação com outros indivíduos e a
interferência direta ou indireta deles.
Esse enfoque é completamente diferente do enfoque de Piaget. Formado em Letras
e em Psicologia, Vygotsky elegeu a linguagem como objeto de estudo. Para ele, a linguagem
tinha papel fundamental na mediação entre as relações sociais e a aprendizagem. O objeto
de estudo de Vygotsky era o desenvolvimento humano, a partir do processo histórico que o
indivíduo estava vivendo.

27
Atividades
Complementares
Didática

1. Escolha 01(um) dos contribuidores de uma das Tendências Pedagógica Liberal e


faça uma pesquisa biográfica, destacando sua importância para a educação.

2. Escolha 01 (um) dos contribuidores de uma das Tendências Pedagógica


Progressista, e faça uma pesquisa biográfica, destacando sua importância para a
educação.

3. Após estudo das Tendências Pedagógicas, construa um quadro comparativo entre


as mesmas (Progressista e Liberal), abordando:
a. o papel da escola; c. metodologia; e. pressupostos da aprendizagem;
b. conteúdo de ensino; d. relação professor-aluno; f. contribuidores;
g. avaliação.

Relação
Tendência Papel da Conteúdo Metodo- Aprendi- Contri-
Professor Avaliação
Liberal Escola de Ensino logia zagem buidores
Aluno

Tendência Relação Aprendi- Contri-


Papel da Conteúdo Metodo-
Professor Avaliação
Progressista Escola de Ensino logia zagem buidores
Aluno

28
4. Após a construção deste quadro, reflita sobre sua prática para situar-se em qual ou
quais das tendências você aplica ou aplicaria na sua práxis docente. Depois de refletir
construa uma dissertação de, no mínimo, 30 linhas evidenciando a sua escolha e explicando
o porquê da mesma.

29
O PLANEJAMENTO E A AVALIAÇÃO
Didática NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

O PLANEJAMENTO COMO ELEMENTO POTENCIALIZADOR E


ORGANIZADOR DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Fundamentos teóricos e práticos do planejamento


O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar
sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de toda pessoa. Em nosso
dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas
nem sempre as nossas atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação,
uma vez que já pertencem ao contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de
atividades que não estão inseridas em nosso cotidiano, usa-se os processos racionais
para alcançar o que se deseja.
O homem primitivo, no seu modo e habilidade de pensar, imaginou como poderia
agir para vencer os obstáculos que se interpunham na sua vida diária. Pensava as estratégias
de como poderia caçar, pescar, catar frutas e de como deveria atacar os seus inimigos.
A história do homem é um reflexo do seu pensar sobre o presente, o passado e o
futuro. O homem no uso da sua razão sempre pensa e imagina o seu “quê fazer”, o ato de
pensar não deixa de ser um verdadeiro ato de planejar.
Algumas pessoas planejam de forma sofisticada e altamente científica, obedecendo
aos mais rígidos princípios técnicos e seguindo os esquemas sistêmicos que orientam o
processo de planejar, executar e avaliar. Outros, que nem se quer conhecem a existência
das teorias sobre planejamento, os fazem sem muitos esquemas e dominações técnicas;
contudo, são planejamentos que podem ser agilizados de forma simples, mas com bons e
ótimos resultados. Pode-se deduzir, então, que é impossível se livrar do ato de planejar
mesmo que não se consiga executar.

Planejar é ...
Um processo que “visa dar respostas a um problema,
estabelecendo fins e meios que apontem para a sua superação de
modo a atingir objetivos previstos, pensando e prevendo
necessariamente o futuro”, mas considerando as condições do
presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os
pressupostos filosóficos, culturais, econômicos e político de quem
planeja e com quem se planeja”. (Padilha, 2001, p.63).

“Um processo de previsão de necessidades e racionalização


de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos
disponíveis, a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos
determinados e etapas definidas, a partir do conhecimento e avaliação
cientifica da situação original”.(Martinez e Oliveira Lahone, 1977,
p.11).

30
O que é planejamento de ensino?
Significa estabelecer um conjunto de ações que visam a sistematização do trabalho
docente.

Por quê?
Desde o início do século, com as exigências da sociedade industrial, o movimento
da escola nova sensibilizou os professores para a importância do planejamento;
Houve necessidade desde os setores mais simples aos mais complexos da atividade
humana de planejar, diante das exigências de desenvolvimento científico e tecnológico do
mundo moderno.

Para quê?
ara
Para fugir da rotina, da repetição mecânica dos cursos e das aulas;
Para evitar a improvisação o que pode provocar ações soltas, desintegradas;
Para garantir:

 a eficiência, eficácia e efetividade do processo ensino-aprendizagem;

 a continuidade do trabalho do professor;

 o cumprimento da programação estabelecida;

 a distribuição racional do tempo disponível;

 a seleção cuidadosa dos objetivos, dos conteúdos, assim como de metodologia,


recursos e procedimentos de avaliação;
 o conhecimento por parte dos alunos, das metas do trabalho do professor.

Quem faz?
O professor ou os professores da mesma disciplina e os alunos.

Como fazer?
De acordo com dados diagnósticos;
De modo participativo entre os interessados: professores e alunos. Se os alunos
não puderem participar no primeiro momento, que sejam consultados, ou apresentado aos
mesmos o plano, para que eles indiquem sugestões, tornando o instrumento real.

31
Características do Planejamento
Adequação à realidade
O diagnóstico dará condições a esta qualidade: avaliação constante
Didática desde o primeiro momento para reestruturar sempre que necessário.

Exeqüibilidade
O plano deve ser real, concreto, realizável, a ponto de ser possível executá-lo
integralmente, dentro das condições previstas. Não se concebe um trabalho burocrático
apenas para apresentar aos superiores ou para constar de exigências outras.

Flexibilidade
O planejamento é concebido com dinamismo próprio, de natureza dialética. Posto
isto, a avaliação constante e permanente deve permear todo processo para que sejam
efetuadas estruturações desejadas. Não se concebe algo estático, imutável.

Fases do Processo de Planejamento

Preparação
Previsão de todas as etapas que concorrem para assegurar a sistematização do
trabalho docente, visando o alcance do objetivo do ensinar, que é o aprender.

Desenvolvimento
Execução do plano onde o professor e o aluno são o alvo desta atuação, visando
sempre o ato de ensinar e o ato de aprender.

Aperfeiçoamento
A avaliação deve estar presente desde o primeiro momento, tomando maior corpo
no final do processo, no sentido de análise sistemática dos resultados, proporcionando
reestruturação do planejamento, caso os objetivos não tenham sido alcançados.

Preparar bem o trabalho docente significa


apenas elaborar um bom plano?

Junto a um plano eficiente, estarão envolvidos outros componentes que vão do preparo
do professor quanto ao domínio do conteúdo à sua postura enquanto educador, ao seu
compromisso como cidadão, à sua metodologia, às relações que ocorrem na sala de aula
com seus alunos. Logo, a questão do planejamento não pode ser entendida de modo
desvinculada da realidade, da competência técnica e do compromisso político do educador
e ainda das relações entre escola, educação e sociedade.

Tipos de Planejamento
Plano de curso
O plano de curso é a previsão para o professor em geral do trabalho a ser realizado
no ano letivo.

32
Plano de unidade
O plano de unidade constitui parte do plano de curso. Cabe ao professor dividir
racionalmente, o conteúdo programático em unidades, tendo em vista o assunto e o método
de ensino a ser usado. A realização dos objetivos de cada unidade deverá possibilitar o
alcance dos objetivos previstos no plano de curso.

Plano de aula
O plano de aula é a previsão de atividades que professor e alunos devem realizar
durante o período escolar diário. Apesar do plano de unidade deixar bem claro o conteúdo
que será desenvolvido, as atividades, o material didático, o plano de aula é indispensável.
O professor tem necessidade de refletir sobre o sentido de cada aula, seus objetivos
imediatos, rever seu conteúdo, conferir o material a ser utilizado.
As aulas constituem-se de um conjunto significativo divididos em partes proporcionais,
com início, meio e fim; podem comportar com conteúdo de uma subunidade, parte dela ou
de uma unidade, dependendo da extensão dessa e do período de aula. Os planos de aula
deverão ser sempre flexíveis.

Plano de disciplina e as etapas para sua construção:

33
Conhecimento da realidade (Sondagem)

É tentar conhecer a fundo uma situação concreta e real sobre qual


situação se deve atuar. Esse procedimento dá condição de realizar um
Didática diagnóstico de todos os fatores que interfiram, positiva ou negativamente, sobre
o comportamento de seus alunos e possibilita também professor e aluno se
conhecerem.

Elaboração dos objetivos

Os objetivos indicam as linhas, os caminhos e os meios para toda a ação. A partir do


conhecimento da realidade escolar e da realidade da clientela, o primeiro passo a ser dado
no processo de planejamento é definir os objetivos gerais e específicos das disciplinas.

Características dos objetivos:

clareza – é fundamental e necessária para que o objetivo se torne algo concreto,


inteligível e possível de ser trabalhado e avaliado. Deve ter clareza na sua expressão,
comunicação, elaboração e construção;

simplicidade – é uma exigência da própria realidade concreta dos alunos, dos


professores e das escolas não deixando de transmitir as profundas idéias e os mais
importantes valores;

validade – quando os objetivos são válidos e útil de forma explícita e clara,


demonstrando consistência e profundidade no seu contexto e conteúdo;

operacionalidade – é algo que se quer alcançar através de uma agir possível,


concreto e viável;

observável – quando no final da ação pode-se perceber os resultados podendo ser


verificado em longo, médio ou curto prazo.

Os níveis dos objetivos podem ser:

gerais – amplos e abrangentes (observáveis a longo prazo);

específicos – são concretos e delimitados (observáveis a médio e a curto prazo);

operacionais – torna o específico mais completo e detalhado, para ser mais bem
trabalhado e avaliado.

Seleção e organização dos conteúdos

Devem ser significativos e realistas para serem trabalhados em sala de aula.

34
Critérios para seleção e organização:

 significação: deve condizer com a realidade pessoal, social e cultural do aluno e expressar
os verdadeiros valores existenciais;

 adequação às necessidades sociais e culturais: os conteúdos devem refletir os


amplos aspectos da cultura, tanto no passado, quanto no presente e
possibilidades futuras, atendendo as necessidades sociais e individuais do
aluno;

 interesse: deve refletir os interesses dos alunos e resolver os seus problemas;

 validade: é necessário selecionar conteúdos que sejam válidos para toda vida do indivíduo;

 utilidade: levar a atender diretamente o problema do uso posterior do conhecimento


em novas situações;

 possibilidade de reelaboração: possibilita ao aluno realizar elaborações e aplicações


pessoais a partir daquilo que aprendeu;

 flexibilidade: os conteúdos devem ser estabelecidos de maneira flexível possibilitando


alterações se for necessária.

Operacionalização dos conteúdos

Seleção dos recursos


Os recursos servem para despertar o interesse, provocar discussão e debates que
auxilia o professor e o aluno na interação do processo ensino-aprendizagem.
Seleção e procedimento da avaliação
Os instrumentos e os meios para avaliação devem ser adequados aos objetivos e
que atendam as condições intelectuais, emocionais e as habilidades psicomotoras dos
alunos, é fundamental que os alunos possam verificar e perceber com clareza o porquê das
avaliações, como serão avaliados e quais critérios serão utilizados na avaliação da sua
aprendizagem.

Planejamento de Ensino e interdisciplinaridade: um processo


integrador entre educação, escola e prática docente

Atualmente, na prática pedagógica, o processo de planejamento do ensino tem sido


objeto de constantes questionamentos quanto à sua validade como efetivo instrumento de
melhoria qualitativa do trabalho do professor.
Os motivos das indagações são diversos, mostrando-se em diferentes níveis na
prática do educador.

35
Com o cotidiano escolar, percebe-se, de início, que os objetivos
educacionais propostos nos currículos dos cursos apresentam-se confusos e
desvinculados da realidade social. Os conteúdos trabalhados são definidos
autoritariamente, sem a participação dos professores na escola. Desse modo,
Didática podem apresentar-se sem elos significativos com as experiências de vida
dos alunos, seus interesses e necessidades.
Observa-se, também, que os recursos disponíveis para melhora dos trabalhos didáticos
são utilizados de forma inadequada, usada simplesmente para ilustração de aulas, ou seja,
professor utiliza a metodologia de transmissão de conhecimentos, sem espaço para
discussão ou debates dos conteúdos. Dessa maneira, o aluno torna-se mais passivo que
ativo, bloqueando sua criatividade e liberdade de questionar.
Sendo assim, o planejamento do ensino tem-se apresentado como desvinculado da
realidade social, caracterizando-se como uma ação mecânica e burocrática do professor,
contribuindo pouco para levantar a qualidade da ação pedagógica desenvolvida no meio
escolar.

Para refletir...
Ao fazer referência ao planejamento de ensino no âmbito
escolar, passa-se a idéia de um processo onde são definidos os
objetivos, o conteúdo programático, os procedimentos de ensino,
os recursos didáticos, a sistemática de avaliação da aprendizagem,
bem como a bibliografia básica a ser utilizada no decorrer de um
curso ou disciplina de estudo. Logo, este é o planejamento padrão
utilizado pela maioria dos professores que valorizam a eficiência
do ensino desenvolvido pela educação tecnicista.

Considerando que o processo de planejamento visto sob uma perspectiva crítica de


educação para transformação passa a extrapolar a simples tarefa de se elaborar um
documento contendo todos os componentes tecnicamente recomendáveis.

Planejamento: ação pedagógica essencial

O planejamento dirigido para uma ação pedagógica crítica e transformadora,


possibilitará ao educador maior segurança para lidar com a relação educativa que ocorre
na sala de aula e na escola em geral. Sendo assim, o “planejamento adequado” e seu
resultado “o bom plano de ensino”, se traduzirá pela ação pedagógica direcionada de forma
a se integrar dialeticamente ao concreto do educando, visando transformá-lo.
Segundo SAVIANI (1984, p.9), a escola existe “para propiciar a aquisição dos
instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência), bem como o próprio
acesso aos rudimentos desse saber”. Os conteúdos que formam esse saber elaborado
não poderão ser visto de maneira estática e acabado, uma vez que são conteúdos dinâmicos,

36
articulados dialeticamente com a realidade histórica. Desse modo, além de transmitir a
cultura acumulada, ajuda na elaboração de novos conhecimentos.
A concepção de produzir conhecimentos significa refletir constantemente sobre os
conteúdos aprendidos, procurando analisá-lo por diversos ângulos, para desenvolver a
curiosidade científica de investigação da realidade.
O planejamento do ensino não poderá ser visto de forma mecânica, separada das
relações entre escola e realidade histórica. Sendo assim, os conteúdos trabalhados precisam
estar relacionados com a experiência de vida dos alunos. Esta relação torna-se condição
necessária para que ocorra a transmissão de conhecimentos e sua reelaboração, visando
à produção de novos conhecimentos. Esta reelaboração consiste em aplicar os
conhecimentos aprendidos sobre a realidade com o objetivo de transformá-la.
Observa-se que a tarefa de planejar passa a existir como uma ação pedagógica
essencial ao processo de ensino, ultrapassando sua concepção mecânica e burocrática no
desenvolvimento do trabalho docente.

Planejamento do ensino: um
processo integrador entre escola e
contexto social.

Uma nova alternativa para um planejamento de ensino globalizante seria a ação


resultante de um processo que integre escola e contexto social, consistida de forma crítica
e transformadora. Sendo assim, as atividades educativas seriam planejadas tendo como
objetivo a problemática sociocultural, econômica e política do contexto onde a escola está
inserida. Por essa ótica, o planejamento estaria visando à transformação da sociedade,
buscando tornar as classes mais justa e igualitária.
Esta proposta basea-se nos princípios do planejamento participativo, caracterizado
pela união de todos os segmentos da atividade humana com atitudes globalizantes
procurando resolver problemas comuns.

De acordo com a etimologia da palavra,


participação origina-se do latim
“participatio” (pars + in + actio) que
significa ter parte na ação.

Observa-se que, esta forma de ação, propicia uma relação entre pessoas que
discutem, decidem, executam e avaliam atividades propostas coletivamente. Logo, a partir
desta convivência, o processo educativo passa a desenvolver mais facilmente seu papel
transformador, provocando a discussão, a reflexão, o questionamento, conscientizando as
pessoas dos problemas coletivos, despertando-as a lutar para melhorar sua condição de
vida.

37
Você sabia ?
De acordo com SNYDERS, (1974), os alunos possuem uma
experiência que não deve ser ignorada pela escola, como
Didática experiências de situações de vida, relações pessoais, como
também, uma gama de informações e conhecimentos, embora
de forma fragmentada e dispersa. Dessa maneira, a
identificação dos temas ou problemas de interesse do educando
constitui fator importante na escolha do material, da realidade
a ser estudada no decorrer do processo de ensino.

O resultado desse primeiro momento do planejamento seria um diagnóstico sincero


da realidade concreta do educando, desenvolvida de forma consciente e comprometida
com seus interesses e necessidades. Portanto, a escolha dos objetivos a serem alcançados,
a sistematização do conteúdo programático e a situação dos procedimentos de ensino a
serem utilizados, consistem ações necessárias para a segunda etapa do planejamento.
Vale salientar que um processo de ensino transformador não poderá deixar-se guiar
por objetivos que visam somente a simples aquisição de conhecimentos. Logo, na definição
dos objetivos, será necessário a especificação dos diferentes níveis de aprendizagem a
serem atingidos.

Paulo Freire (1987) diz: se educadores e educandos exercessem o


poder de produzir novos conhecimentos a partir dos conteúdos impostos pelos
currículos escolares, estariam realmente concretizando seu poder de contribuir
para a transformação da sociedade. Porquanto, a organização dos conteúdos
estará intimamente relacionada com o objetivo maior da educação escolar,
que é proporcionar a obtenção do saber sistematizado (ciência), tido como
instrumento fundamental de libertação do homem (SAVIANI, 1984).

Partindo do princípio de que a reelaboração e produção dos conhecimentos visam a


aprendizagem em diferentes níveis, a norma utilizada na escola dos procedimentos de ensino
será a criatividade. O trabalho do educador neste momento será, articular uma metodologia
de ensino que se caracterize pela variedade de atividades que estimulem a criatividade
dos educandos, sendo a participação dos alunos de grande relevância.
Desse modo, a avaliação nessa visão de planejamento, onde valoriza a criatividade
dos alunos, terá o caráter de acompanhamento desse processo, num julgamento conjunto
de educadores e educandos. A preocupação deverá ser com a qualidade da reelaboração
e produção de conhecimentos empreendida por cada educando e não na quantidade de
conteúdos assimilados.
Contudo, como a educação pretendida através da ação, o planejamento deverá ser
integrador em toda a sua extensão. A partir daí, é que proporcionará um ensino voltado para
a formação crítica, questionadora e atuante.
Diante do exposto, concebe-se que a visão de planejamento do ensino aqui
demonstrada, justifica-se pelo fato de que, como a educação, a ação de planejar não pode
ser encarada como uma atividade neutra. Por outro lado, a opção do educador por um
ensino crítico e transformador só se concretizará através de uma sistemática de planejar
seu trabalho de forma participativa e problematizadora, que permita dar oportunidade aos

38
educandos de reconstruir os conteúdos do saber sistematizados e produzir novos
conhecimentos.
Portanto, o professor deverá utilizar o planejamento de ensino como uma ação
pedagógica consciente e comprometida com a totalidade do processo educativo
transformador, o qual, emergido do social, a ele retorna numa ação dialética.

Planejamento de ensino e interdisciplinaridade

O planejamento elaborado e executado numa perspectiva interdisciplinar proporciona


a integração entre disciplinas “devolvendo a identidade das mesmas fortalecendo-as” e
evidenciando uma mudança de postura na prática pedagógica, num processo que pode ir
da simples comunicação de idéias até a união recíproca de finalidades, objetivos, conceitos,
conteúdos, terminologia, procedimentos, dados e formas de organizá-los e sistematizá-los
no processo de elaboração do conhecimento. Tal atitude embasa-se no reconhecimento da
provisoriedade do conhecimento, no questionamento constante das próprias posições
assumidas e dos procedimentos adotados, no respeito à individualidade e na abertura à
investigação em busca da totalidade do conhecimento. Refere-se à criação de movimentos
que propiciem o estabelecimento de relações entre as mesmas, tendo como ponto de
convergência a ação que se desenvolve num trabalho cooperativo e reflexivo. Assim, alunos
e professores, sujeitos de sua própria ação, se engajam num processo de investigação,
redescoberta e construção coletiva de conhecimento. Ao compartilhar idéias, ações e
reflexões, cada participante é, ao mesmo tempo, “ator” e “autor” do processo.

Saiba Mais...
Mais...
A interdisciplinaridade é a reunião das contribuições de todas as
áreas do conhecimento. É um termo que não tem significado único, possui
diferentes interpretações, mas em todas elas está implícita uma nova
postura diante do conhecimento, uma mudança de atitudes em busca da
unidade do pensamento. Desta forma, a interdisciplinaridade difere da
concepção de pluridisciplinaridade ou multidisciplinaridade, as quais
apenas justapõe conteúdos. A partir desses referencias, é importante que
os conteúdos das disciplinas sejam vistos como instrumentos culturais,
necessários para que os alunos avancem na formação global e não como
fim de si mesmo.

A interdisciplinaridade favorecerá que as ações se traduzam na intenção educativa


de ampliar a capacidade do aluno de expressar–se através de múltiplas linguagens e novas
tecnologias; posicionar-se diante da informação; interagir de forma crítica e ativa com o
meio físico e social.
Concebemos, então, a interdisciplinaridade como campo aberto para que, de uma
prática fragmentada por especialidades, possa-se estabelecer novas competências e
habilidades através de uma postura pautada em uma visão holística do conhecimento e
uma porta aberta para os processos transdisciplinares.
Tem-se então o desafio de assegurar a abordagem global da realidade, através de
uma perspectiva holística, transdisciplinar, onde a valorização é centrada não no que é
transmitido e sim no que é construído. Assim, a prática interdisciplinar se envolve no processo
de aprender a aprender.

39
#
Didática
[ Agora é hora de
TRABALHAR ]
1. Conforme o que foi estudado, construa um plano de aula. Segue exemplo abaixo.

Colégio:
Coordenação Pedagógica:
Disciplina: Prof.:
12345678901234567890
12345678901234567890
PLANO DE AULA
12345678901234567890
12345678901234567890
1234567890123456789
1234567890123456789
1234567890123456789
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
1234567890123456789
1234567890123456789
1234567890123456789
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
3.Método (introd.12345678901234567890
1234567890123456789
1234567890123456789
1234567890123456789
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
4.Recursos 1234567890123456789
1234567890123456789
1234567890123456789
7.Observa-
12345678901234567890
1.Finalidade 12345678901234567890
2.Conteúdo 12345678901234567890
desenvimento 12345678901234567890
1234567890123456789
5. Avaliação 1234567890123456789
6.Bibliografia 1234567890123456789
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890 12345678901234567890
12345678901234567890
12345678901234567890 materias 123456789012345678912345678901234567891234567890123456789
e conclusão) 12345678901234567890
1234567890123456789
12345678901234567890 1234567890123456789
1234567890123456789
1234567890123456789 ções
1234567890123456789
1234567890123456789

1.1 Objetivo
geral: 3.1Introdução

1.2 Objetivo 3.2 Desenvol-


específico: vimento

3.3 Conclusão

2. Com base nos estudos e pesquisas feito no decorrer do módulo, construa um plano
de disciplina.

40
AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Como avaliar?
Quem avaliar?
O que é avaliar?

Por que
avaliar?

Para que Com


avaliar? o que
avaliar?

Fazendo uma retrospectiva sobre seu processo de formação, você lembra


como era avaliado? Concorda com os meios que eram utilizados? Qual a sua
visão atual sobre a avaliação, fazendo um paralelo da sua época com a atual,
será que houve mudanças?

Para refletir...
Esses e outros questionamentos importam para que o
educador, enquanto profissional da educação, oportunize com
clareza o ato de avaliar, numa ação coerente com a realidade
escolar na qual está inserido, sendo ele, o avaliador e o avaliado,
pois, sua prática pedagógica demonstra sua flexibilidade ou
rigidez diante do fator principal na educação que é a realidade.
O que devemos compreender é que a avaliação deve estar
coadunada com a realidade do educando e da escola, assim
sendo, o processo de ensino-avaliado da aprendizagem
demonstrará sucesso.

Processo Histórico da Avaliação

Para abordarmos esse tema na contemporaneidade, é necessário fazermos uma


viagem no processo histórico educacional, descobrindo o ponto inicial e/ou surgimento da
avaliação para que tenhamos clareza e compreensão do porque o processo avaliativo
“aterroriza” os indivíduos quando avaliados.
Ao estudarmos o bloco temático 2, podemos verificar o surgimento das tendências
pedagógicas dos séculos passados num processo de cristalização da sociedade burguesa.
A pedagogia jesuítica nas normas para orientação dos estudos das escolas nas classes

41
inferiores ou superiores definiam com rigidez os procedimentos a serem
levados em conta no ensino eficiente preferenciando provas e exames.
A pedagogia Comeniana desenvolveu-se insistindo na atenção especial
que deve dar a educação como centro de interesse da ação do professor,
Didática mas não abstrai também do uso dos exames como meio de estimular os
alunos ao trabalho intelectual da aprendizagem. Ele dizia que o aluno não
deixaria de se preparar para os exames finais do curso superior se soubesse que o exame
para colocação de grau seria “pra valer”. Segundo ele, o medo é um excelente fator para
manter a atenção dos alunos, então, os mesmos aprenderiam facilmente, sem fadiga e em
menos tempo.
Estamos mergulhados nos processos econômicos, sociais e políticos sob a
hegemonia da pedagogia tradicional da sociedade burguesa que insurgiu e enraizou-se
traduzindo a sua essência. Com o passar do tempo, a sociedade burguesa melhorou seus
mecanismos de controle destacando a seletividade escolar e seus processos de formação
das personalidades dos educandos. O medo e o fetiche são mecanismos indispensáveis
numa sociedade que opera nos subterfúgios.
Ao longo da história de educação moderna e de nossa prática educativa, a avaliação
da aprendizagem escolar por meio de exames e provas foi se tornando um fetiche ganhando
foros de independência da relação professor-aluno.
As provas e os exames são realizados conforme o sistema de ensino e o interesse
do professor. Muitas vezes, não considerando o que foi ensinado como se nada tivesse a
ver com a aprendizagem.
O medo é um fator importante no processo de controle social, pois gera a
dependência, modos permanentes e petrificação de ações.

O medo está ligado ao desconhecido. Ele é gerado pelo pensamento que


quando não está certo de estar seguro o projeta gerando submissão.

O castigo é um instrumento gerador do medo. Hoje sendo utilizado de forma mais


sutil – o psicológico. A ameaça (previamente) é um tipo de castigo psicológico e as nossas
instituições de ensino adotam esse tipo de avaliação da aprendizagem.

A pedagogia do exame traz conseqüências: pedagógicas, psicológicas e sociológicas.

1
A conseqüência pedagógica centralizada nas provas e exames, deixa de cumprir
a sua real função, que seria auxiliar a construção da aprendizagem de forma satisfatória
secundarizando, assim, o significado do ensino.

2 Na conseqüência psicológica, a sociedade, através do sistema de ensino e


dos professores, desenvolve formas de ser da personalidade dos indivíduos que aceitam
as suas imposições, utilizando a avaliação da aprendizagem de modo fetichado porque
tem utilidade para desenvolver a autocensura, que é a forma como os padrões externos
cerceiam os sujeitos, sem que a coerção externa continue a ser exercitada.

42
3
Na conseqüência sociológica, a sociedade é estruturada em classes e, portanto,
de modo desigual, logo a avaliação pode ser posta sem dificuldade a favor da
seletividade, assim a avaliação está mais articulada com a reprovação do que com a
aprovação.

No Brasil a avaliação da aprendizagem está a serviço de uma pedagogia dominante


que serve a um modelo social dominante, podendo ser identificado como social liberal
conservador, originado da estratificação dos empreendimentos transformadores que
culminou na Revolução Francesa. As pedagogias hegemônicas, que se definiram
historicamente nos períodos subseqüentes à Revolução, estiveram e ainda estão a serviço
desse modelo social. Concomitantemente, a avaliação educacional em geral e a
aprendizagem em específico, contextualizada dentro dessas pedagogias estão
instrumentalizadas pelo mesmo entendimento teórico prático da sociedade.
A prática da avaliação escolar, dentro do modelo liberal conservador, obrigatoriamente
será autoritária, exigindo controle dos indivíduos, seja pela utilização de coações explícitas
ou por diversas modalidades de propaganda ideológica.
Enquanto a avaliação permanecer atrelada a uma pedagogia ultrapassada, a
desistência ao estudo permanecerá e o aluno, o cidadão, o povo brasileiro continuará
escravo de uma elite intelectual, voltada para os valores da matéria e ditadura, fruto de uma
democracia opressora.

Avaliação Educacional no Contexto Autoritário

Você tem idéia de como


se processa uma
avaliação autoritária?

Pode-se caracterizar a avaliação como um juízo da


qualidade do objeto avaliado, implicando em tomada de
posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou transformá-lo.
Segundo Luckesi, (1978), a avaliação é definida como:
um julgamento de valor sobre manifestações relevantes
da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão. Após
afirmativa de Luckesi, faremos uma análise dessa frase.
É preciso compreender que a frase exprime três
elementos que oportunizam uma prática escolar baseada em
atos arbitrários e autoritários. Contudo, dentre os três, um tem
maior poder de impacto possibilitando ao professor enquanto
“detentor” do conhecimento utilizar em suas ações educacionais
um tipo de avaliação que lhe dê uma maior autoridade.

43
Salienta-se a importância de conhecer conceitos acerca da avaliação
do ponto de vista de outros autores:

 a avaliação educativa é um processo complexo, que começa com


Didática a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios para obter
evidencia de resultados, interpretação dos resultados para saber em
que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo de
valor.(Sarrabbi, 1971).

 é um processo contínuo, sistemático, compreensivo, comparativo, cumulativo,


informativo e global, que permite avaliar o conhecimento do aluno.(Juracy C. Marques,
1956).

 a avaliação significa a uma dimensão mensurável do comportamento em


relação a um padrão de natureza social ou científica. (Bradfield e Moredock, 1963).

Conforme os conceitos acima expressos, ficou evidenciado que os autores


consideram-na como um processo e não como condição que produz dinamismo à prática
escolar, pois diagnóstica uma situação e permite modificá-la de acordo com as necessidades
detectadas. Pode-se também relacionar como dificuldade a ausência de orientação na
elaboração de um programa de avaliação.
Enquanto a avaliação estiver voltada para o aluno, sem haver um despertamento,
uma conscientização para as necessidades de uma nova metodologia e uma inclusão da
própria escola neste processo, a qualidade do ensino permanecerá comprometida.

Evidencia-se, portanto, a necessidade de se questionar: O que


deve ser avaliado? Quando fazer a avaliação? Quem deve fazer a
avaliação? Que instrumental pode ser usado para coletar e registrar
informações? O que se pode fazer com as informações obtidas?

Porquanto, uma vez contestado este fator, passamos a ter professores e a escola no
papel de investigadores da melhor situação para avaliar, as mais eficientes formas de coleta
e sistematização dos dados, sua compreensão e utilização além do processo mais eficiente
de capacitação dos professores em avaliação.
Segundo Bloom, a avaliação escolar está pautada em modalidades de avaliações
que são seguidas na prática docente por profissionais de educação.

Modalidades de avaliação

Quais os tipos de avaliação que você conhece?


Você recorda com que tipos de avaliação lhe avaliaram
no decorrer do seuprocesso de construção do conhecimento?

Avaliação Diagnóstica
Visa determinar a presença, ou ausência, de conhecimentos e habilidades, inclusive
buscando detectar pré-requisitos para novas experiências de aprendizagem. Permitindo

44
averiguar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem. Normalmente se faz quando
o aluno chega à escola, em geral no início do ano letivo, durante as primeiras semanas para
observar e conhecer características relevantes do aluno; chegada de novo aluno para saber
onde enturmá-lo e como recuperar a falta de base ou de pré-requisitos; no início de cada
unidade para provocar interesse pelo tema e identificar o que já sabem sobre o assunto.
Podendo ser feita em qualquer momento que o professor ou a escola detectarem problemas
graves de aprendizagem, motivação e aproveitamento.
Alunos e professores, a partir da avaliação diagnóstica de forma integrada, reajustarão
seus planos de ação fazendo uma reflexão constante, crítica e participativa.

Como avaliar diagnosticamente?

* Entrevistas com alunos, ex-professores, orientadores, pais e familiares;

* Exercícios ou simulações para identificar colegas com quem o aluno se relaciona


melhor;

* Consulta ao histórico escolar/ficha de anotações da vida escolar do aluno;

* Observações dos alunos, particularmente durante os primeiros dias de aula;

* Questionários, perguntas e conversa com alunos;

* Testes padronizados (tipo prontidão, ritmo de leitura e nível de conhecimento de


línguas).

Avaliação Formativa ou Processual


É realizada com o propósito de informar o professor e o aluno sobre o resultado da
aprendizagem, durante o desenvolvimento das atividades escolares. Localiza deficiências
na organização do ensino-aprendizagem de modo a possibilitar reformulações no mesmo
e assegurar o alcance dos objetivos.
É denominada formativa porque demonstra como os alunos estão se modificando
em direção aos objetivos.
A avaliação formativa ou processual pode ser feita de maneira contínua e informal,
no dia-a-dia da sala de aula, e pode também ser feita em oportunidades regulares, incluindo
o uso de instrumentos mais formais como sabatinas, testes, provas, apresentações de
relatórios de trabalhos, competições e jogos.

Quando realizar e como avaliar?

* Diariamente: ao rever os cadernos, o dever de casa, fazer e receber perguntas,


observar o desempenho dos alunos, nas diversas atividades de classe;

* Ocasionalmente: por meio de provas ou outros instrumentos, mais ou menos formais,


para aferir a aprendizagem e outros desempenhos dos alunos;

* Periodicamente: utilizando testes ao final de cada sub-unidade, unidade, projeto,


bimestre ou semestre.

45
Par
araa que a
avv aliar?

Didática * Para corrigir rumos, rever, melhorar, reformar, adequar o ensino de


forma que o aluno atinja os objetivos de forma de aprendizagem;

* Obter as evidências que descrevem o evento que nos interessa;


Estabelecer critérios e os níveis de eficiência para comparar os
* resultados.

Avaliação Somativa
É uma decisão que leva em conta a soma de um ou mais resultados. Normalmente
refere-se a um resultado final – uma prova final, um concurso, um vestibular. Nas escolas, de
um modo geral, a avaliação somativa é a decisão tomada no final do ano para deliberar
sobre a promoção de alunos.
É usada, tipicamente, para tomar decisões a respeito da promoção ou reprovação
dos alunos que não obtiveram êxito no processo de ensino-aprendizagem.

Como avaliar?
av
Existem três formas mais usadas de avaliação somativa:

* uma prova ou trabalho final;

uma avaliação baseada nos resultados cumulativos obtidos ao longo do ano letivo;
*
* uma mistura das duas formas acima.

Avaliação Educacional para Humanização

“ Ser mestre é educar, e educação é


sinônimo de: fé, amor, sabedoria, ação,
participação, construção, transformação,
problematização, criação e realização.


(Ilza Martins Santanna, 1995).

46
A avaliação educacional em geral e a avaliação da aprendizagem escolar em
específico são meios e não fins em si mesmas, estando deste modo delimitadas pela teoria
e prática que as circunstancializam .
Entende-se que a avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim
dimensionada por um modelo teórico do mundo e da educação, traduzido em prática
pedagógica.
A atual prática da avaliação escolar estipulou como função do ato de avaliar a
classificação. Esta se constitui num instrumento estático e frenador do processo de
crescimento. Esse fato se revela com maior força no processo de obtenção de médias de
aprovação ou médias de reprovação. Para um verdadeiro processo de avaliação, não
interessa a aprovação ou reprovação de um educando, mas sim sua aprendizagem e,
conseqüentemente, o seu crescimento.
O ideal de avaliação na prática pedagógica escolar é a com função diagnóstica, ela
constitui-se no momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação, do
crescimento para a autonomia e competência e habilidades, portanto, ser inclusiva, enquanto
não descarta, não exclui, mas sim convida para a melhoria, visando a transformação do
indivíduo conseqüentemente da sociedade.
Essa prática não significa menor rigor na prática da avaliação, mas um rigor técnico
e científico. Nesta visão, garante ao professor um instrumento mais objetivo de tomada de
decisão. Em função disso, sua ação poderá ser mais adequada e mais eficiente na
perspectiva da transformação, pois “avaliar é movimento, é ação e reflexão”.

Para refletir...
Eu sou
sou,, tu és
és,,
nós somos humanos!

Verificação ou Avaliação

Nesse texto, far-se-á uma análise crítica da prática avaliativa, identificando-a com o
conceito de verificação ou avaliação dando possibilidades de encaminhamentos coerentes
e consistentes acerca do assunto.
Verificação surge do latim: verum facere – e significa “fazer verdadeiro”. O processo
de verificar configura-se pela observação, obtenção, análise e síntese dos dados ou
informações que delimitam o processo ou ato com o qual se está trabalhando. Já a avaliação,
também se origina do latim: a-valere que quer dizer “dar valor a...”. Esse ato implica coleta,
análise e síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma
atribuição de valor ou qualidade.
Verificação e avaliação da aprendizagem representam dois aspectos do mesmo
fenômeno, que é o de saber como se está efetuando a aprendizagem comportamental do
educando e resultante do processo ensino-aprendizagem.

47
Avaliação é o processo de ajuizamento, apreciação,
julgamento ou valorização do que o educando revelou ter apreendido
durante um período de estudo ou de desenvolvimento do processo
Didática ensino-aprendizagem. Sendo assim, não pode haver avaliação, sem
que antes tenha havido verificação. Verifica-se antes de avaliar.

Verificação é um processo de constatação, de contagem; logo, é um processo


quantitativo. É a fonte que fornece dados a respeito da aprendizagem efetivada pelo
educando.
Na prática do aproveitamento escolar, os professores realizam, basicamente, os
seguintes procedimentos: medida do aproveitamento escolar, transformação da medida
em nota ou conceito e utilização dos resultados identificados.

Medida do aproveitamento escolar

A medida é uma forma de comparar grandezas, tomando uma como padrão e outra
como objeto a ser medido, tendo como resultado a quantidade de vezes que a medida
padrão cabe dentro do objeto medido.
Nas instituições, os resultados da aprendizagem são obtidos, de início, pela medida,
variando a especificidade e a qualidade dos mecanismos e dos instrumentos utilizados
para obtê-la. Os professores utilizam como padrão de medida o acerto de questões e a
medida dá-se com a contagem dos acertos do educando sobre um conteúdo, dentro de um
certo limite de possibilidades equivalente à quantidade de questões que possui o teste,
prova ou trabalho dissertativo. Em um teste com dez questões, o padrão de média é o
acerto e a extensão máxima possível de acertos é dez. Em dez acertos possíveis, um aluno
pode chegar ao limite máximo dos dez ou a quantidades menores. A medida da
aprendizagem do educando está relacionada à contagem das respostas certas que lançadas
sobre um determinado conteúdo que se esteja desenvolvendo.
Normalmente, na prática escolar, os acertos nos testes, provas ou outros meios de
coleta dos resultados da aprendizagem são transformados em “pontos”, o que não altera o
caráter de medida. Logo, o padrão de medida passa a ser pontos. A cada acerto
corresponderá um número de pontos previamente estabelecidos.
Os professores, em suas aulas, para coletar os dados e proceder à medida da
aprendizagem dos educandos, apropriam-se de instrumentos que variam da observação
até sofisticados testes, gerados segundo normas e critérios técnicos de elaboração e
padronização.

Saiba Mais...
Mais...
Após leitura e compreensão do texto, cabe questionar
se o processo de medir utilizados pelos professores na sua
prática, tem as qualidades de uma verdadeira medida.

48
Transformação da medida em nota ou conceito

Nessa conduta, o professor no aproveitamento escolar utiliza a conversão da medida


em nota ou conceito. A transformação dos resultados medidos em nota ou conceito ocorrerá
através de estabelecimento de uma equivalência simples entre os acertos ou pontos obtidos
pelos educandos e uma escala anteriormente definida de notas ou conceitos. Exemplo: o
resultado MS = Médio Superior; SS = Superior; ME = Médio; MI = Médio Inferior; IN =
Inferior e SR = Sem rendimento ou Muito Bom, Bom, Regular, Inferior e Péssimo.
Para compreender como se dá esse processo: para uma prova de dez questões, a
correspondência a cada questão vale um décimo da nota máxima, que seria dez. Logo, um
aluno que acertou oito questões obtém nota oito. A transformação de acertos em conceitos
poderia ser feita na seguinte forma: SR (sem rendimento) = nenhum acerto; IN (inferior) =
um ou dois acertos; MI (médio inferior) = três ou quatro acertos; ME (médio) = cinco ou
seis acertos; MS (médio superior) = sete ou oito acertos; SS (superior) = nove ou dez
acertos.
Notas e conceitos, em princípio, anunciam a qualidade que se atribui à aprendizagem
do educando, medida sob a forma de acertos ou pontos. No caso das notas, a média é
facilitada pelo fato de estar operando com números, transformando indevidamente símbolos
qualitativos em quantitativos; no caso dos conceitos, a média é obtida após a conversão
dos conceitos em números. Exemplo: S representa a nota dez e MS à nota oito.

Na sua opinião é cabível a transposição da avaliação


qualitativa para a quantitativa?

Utilização dos resultados


Nesse momento com o resultado em mãos, o professor tem diversas possibilidades
de utilizá-lo, tais como:

registrar simplesmente num diário de classe ou caderneta de alunos;

atentar para as dificuldades e desvios da aprendizagem do educando, ajudando a


superar na construção efetiva da aprendizagem;

oferecer ao educando, caso ele tenha obtido uma nota ou conceito inferior, uma
“oportunidade” de melhorar a nota ou conceito.

Se o educando possui uma nota ou conceito de reprovação diante dos dados


verificados, poderá ocorrer simplesmente um registro no diário ou ele terá uma
“oportunidade” para melhorar seu conceito. Porém, não é para que o educando estude a
fim de aprender melhor, mas estude “tendo em vista a melhoria da nota”.

Estudar para melhorar a nota, não possibilita uma


aprendizagem efetiva?

Quanto a estar atento às dificuldades do educando, esta não tem sido conduta habitual
dos educadores nas escolas, normalmente preocupam-se com a aprovação ou reprovação
do indivíduo. E nas ocasiões em que se possibilita uma revisão dos conteúdos é para
“melhorar” a nota do educando e, conseqüentemente, aprová-lo.

49
Propõe-se que a avaliação do aproveitamento escolar seja praticada
como uma atribuição de qualidade aos resultados da aprendizagem dos
educandos, tendo por fim seus aspectos essenciais e, como objetivo, uma
tomada de decisão que direcione o aprendizado e, concomitantemente, o
Didática desenvolvimento do educando.
É importante que tanto a prática educativa como a avaliação sejam
direcionadas com um determinado rigor científico e técnico, para que se tornem um
instrumento subsidiário e significativo em prol do desenvolvimento do educando.

#
[ Agora é hora de
TRABALHAR ]
1. Escolha uma série do ensino fundamental das séries iniciais, selecione um conteúdo
da disciplina que desejar e crie uma avaliação com 05 (cinco) questões, sendo que (02)
duas com questões subjetivas e (03) três com questões objetivas. Não esqueça de colocar
os critérios avaliativos.

50
2. Após estudo acerca da avaliação e reflexão do texto abaixo, produza um texto com
duas páginas no mínimo, apontando qual a melhor forma de se avaliar para se obter uma
aprendizagem satisfatória do conhecimento.

PORTAS

Se você abre a porta, você pode ou não entrar em uma nova sala.
Você pode não entrar e ficar observando a vida.
Mas se você vence a dúvida, o medo, e entra, dá um grande passo:
Nesta sala vive-se.
Mas também tem um preço...
São inúmeras outras portas que você descobre.
Às vezes, quebra-se a cara; às vezes, curte-se mil e uma.
O grande segredo é saber quando e qual a porta deve ser aberta.
A vida não é rigorosa, ela propicia erros e acertos
Quando com eles se aprende.
Não existe a segurança de acerto eterno.
A vida é generosa.
A cada sala que se vive, descobrem-se tantas outras portas. E a vida enriquece quem
se arrisca a abrir novas portas.
Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas
portas.
Mas a vida também pode ser dura e severa. Se você não ultrapassa a porta, terá
sempre a mesma porta pela frente e a repetição perante a criação, e a monotonia
monocromática perante a multiplicidade das cores, e a estagnação da vida.
Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens...

Içami Tiba

3. A avaliação é um assunto muito polêmico no meio acadêmico. O como avaliar é


historicamente marcado pela pedagogia utilizada pelos jesuítas no início da história da
Didática, antes já visto no bloco 1. Hoje, vários teóricos trazem novas perspectivas sobre o
ato de avaliar. Então, pesquise um téorico que demonstre nos seus estudos esta nova
perspectiva.

51
4. Após informações acerca do assunto Planejamento de Ensino, vamos
agora, sistematizar esses conhecimentos. Faça uma dissertação com o tema
“O planejamento como ato político pedagógico” É necessário estar bastante
Didática evidente na dissertação, como e porquê o planejamento é um ato político
pedagógico.

52
Atividade
Orientada

Etapa 1
Refletindo sobre a história da didática, faça um diagnóstico da educação
do período moderno, seus pontos positivos e negativos. Construa um quadro
comparativo.

Etapa 2
Dando continuidade à primeira etapa, construa um texto fazendo um paralelo
com a educação atual.

Etapa 3
Desenvolva uma proposta sobre suas perspectivas de uma educação futura
e sua atuação como educadora dentro de um processo didático transformador.

53
Glossário
Didática

FETICHE - como uma “entidade” criada pelo ser humano para satisfazer uma
necessidade, mas que se torna independente dele e o domina universalizando-se.

LAICIDADE – deriva-se de laico que significa leigo. DICIONÁRIO COMPACTO DA


LÍGUA PORTUGUESA, (com as regras do jogo do dicionário). Editora Rideel Ltda.

PANSOPHIA – Ciência Universal; todo o saber. BIOGRAFIA DE COMMENIUS.


Disponível em: [http://www.novaescola.com.br/index.htm/ed 166_out03/html]. Acesso em 02.
jan. 2004.

RATIO STUDIORUM – Manual de ensino que os jesuítas utilizavam para catequizar


os índios. A DIDATICA. Disponível em: [www.pedroarrupc.com.Br/glossarioltm-71k]. Acesso
em 02 jan.2004

54
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Didática
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WACHOWICZ, Lílian Anna. O método dialético na didática. 3 ed. São Paulo: Papirus editora,
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56
Anotações

57
Anotações
Didática

58
Anotações

59
Didática

FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ftc.br/ead

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